PAPO DE MULHER > Dia do Trabalhador: Velhas Lutas, Novas Conquistas

Transcrição

1 PAPO DE MULHER > Dia do Trabalhador: Velhas Lutas, Novas Conquistas Numa definição mais ampla, se trabalho é qualquer exercício físico ou mental realizado pelo ser humano, começamos a trabalhar assim que a evolução da nossa espécie nos permitiu refletir e modificar a natureza, a nosso favor. Uma cena do filme 2001: uma odisséia do espaço representa muito bem o começo do trabalho quando um hominídeo descobre que um pedaço de osso pode se transformar em uma arma. Mas o foco desse texto não é essa ideia ampla do conceito de trabalho, mas o que está no senso comum. Falar em trabalho remete quase que automaticamente a emprego, produção, serviço, salário. E para chegarmos às relações de trabalho que temos hoje em dia, o ser humano passou por uma verdadeira aventura. Imaginem, por exemplo, que na antiguidade a principal forma de conceber o trabalho era de forma compulsória, forçada, sem nenhuma recompensa, fosse o indivíduo escravo ou não. Um faraó decide construir uma pirâmide ou um dique para conter as águas do Nilo, e lá vão homens livres deixar suas terras e famílias para trabalhar em nome do rei. As relações atuais de trabalho remetem à revolução industrial, iniciada na Inglaterra, onde o homem passa a negociar a sua força de trabalho em troca de uma recompensa. Até aí tudo bem. O problema foi que o homem passou por um processo de perda do saber sobre a produção. Anteriormente, um artesão possuía o domínio total sobre a produção do seu produto. Com a pressão dos donos das fábricas pela aceleração da produção, foi instituída nas fábricas a linha de produção em série. A partir de então, o indivíduo que antes detinha todo o saber sob o seu trabalho, vai passar a exercer uma função específica, como bater um martelo ou apertar um parafuso, por exemplo.

2 Essa perda do saber gerou, consequentemente, uma perda do poder do trabalhador de reivindicar os seus direitos. Substituir um operário rebelde que reivindicasse melhores salários ou condições de trabalho não seria problema para o dono da fábrica. Afinal, qualquer um é capaz de bater um martelo ou apertar um parafuso. Dessa forma, remuneração e condições de trabalho passaram a ser grandes problemas para os trabalhadores. Os salários eram tão baixos que gestantes crianças e idosos tinham que se submeter ao duro regime das fábricas, que chegavam a exigir até 16 horas de trabalhos diários. Para se ter uma idéia da exploração sofrida pelos operários, donos de fábricas chegavam a vedar as janelas para que os trabalhadores não percebessem o anoitecer, evitando que o ritmo de trabalho diminuísse. As reações não tardaram e se deram de várias formas, até que os trabalhadores perceberam que unidos tinham muito mais força. Surgem então os movimentos grevistas. Todo esse processo está muito bem representado de forma satírica e crítica no filme Tempo Modernos, de Charles Chaplin. A comemoração do dia do trabalhador nasceu de um protesto de trabalhadores em Chicago, nos Estados Unidos, em que dezenas de trabalhadores foram mortas pela polícia em 1886.

3 Aqui no Brasil, sabemos que boa parte da mão-de-obra durante muito tempo apoiou-se basicamente no trabalho escravo ou camponês livre. A sociedade açucareira, principalmente no nordeste, era praticamente desprovida de uma classe média. Só a partir do século XX, as primeiras indústrias começam a se formar em algumas capitais, a maioria delas pertencendo ao ramo fabril. A exemplo do que ocorreu na Europa, os trabalhadores brasileiros também sofriam com as baixas remunerações, jornadas prolongadas e péssimas condições de trabalho. Imigrantes italianos começaram a formar os primeiros sindicatos sob influência dos movimentos anarquistas e socialistas, já bem consolidados na Europa. No fim da década de 10, as primeiras greves ocorreram, com destaque para as de 1917 em São Paulo e Recife, duramente combatidas pela polícia. Na década de vinte, a pressão dos trabalhadores aumentou, assim como a repressão do Estado. O presidente da República, Washington Luís, chegou a afirmar que a questão social era caso de polícia. As coisas começam a mudar com a subida de

4 Getúlio Vargas ao poder, através do golpe de estado conhecido como Revolução de 30. Na Constituição de 1934 foi promulgada uma legislação trabalhista e criado o Tribunal do Trabalho. Em 1939 foi criada a Justiça do Trabalho e, mais tarde, em 1943, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Getúlio Vargas passou, então, a ser aclamado por grande parte da população brasileira como o governante que presenteou os trabalhadores com as leis trabalhistas, sendo, inclusive, chamado de pai dos pobres. A criação dos direitos passou a ser vista como vontade pessoal do presidente. Sua habilidade para usar politicamente esses direitos foi tanta que, após Vargas, o 1º de maio deixou de ser um dia de protestos para ser um dia de celebração liderado pelo governo. Costuma-se esquecer, porém, que as leis e direitos trabalhistas já eram uma reivindicação dos trabalhadores. Lutando por estes direitos, muitos foram presos e alguns chegaram inclusive a perder suas vidas. Dessa forma, o presidente não criou nem presenteou, mas atendeu a um anseio antigo da classe trabalhadora. De lá pra cá, muitas outras conquistas ocorreram, como a

5 legislação trabalhista dos trabalhadores rurais, nos anos 60 e a inserção cada vez mais crescente das mulheres no mercado de trabalho, assumindo posições que eram historicamente ocupadas apenas pelos homens. Porém, ainda há muito que fazer. Mulheres ainda ganham menos que os homens os índios e os nordestinos sofrem com o preconceito. Muita mão de obra barata vem de forma ilegal de outros países, China, Bolívia e viram escravos nas confecções clandestinas, poucas são as denuncias, pois por viverem ilegal no pais, temem por perder sua liberdade. Se é que às tem!!! Em varias fazendas de café ou cana, foram descobertos, muitos trabalhadores, às vezes famílias inteiras, vivendo em estado desumano, e ainda tendo que pagar pela comida e moradia, criando uma divida interminável.

6 Clique na imagem Crianças trabalhando em minas de carvão, em lixões a céu aberto, comprometendo a saúde, colocando a própria vida em risco. Temos muito que comemorar? Sim, mas há que termos um olhar além, para os menos favorecidos, os clandestinos os discriminados, os deficientes que brigam por uma vaga obrigatória em varias empresas que optam por ficar fora da lei ater que contratar um deficiente. Ainda existe muito preconceito Infelizmente! Outra questão é o fator o fator previdenciário, que dificulta a aposentadoria, descanso merecido após uma vida de dedicação ao trabalho. E quando se consegue o benefício, muitos continuam trabalhando, para complementar, pois a aposentadoria, não paga nem os remédios. É fato que, toda essa aventura pelo mundo do trabalho já evoluiu muito com a qualificação do trabalhador que sempre

7 foi peça chave para uma boa condição e remuneração. É nesse contexto que a expansão da rede de ensino técnica e tecnológica federal vem a ser mais uma conquista dos futuros trabalhadores. Os alunos formados pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia saem de seus cursos completamente aptos a entrarem no mercado de trabalho. Além das qualificações técnicas, os alunos também recebem a formação humanista necessária para desenvolver e saber de seus direitos e deveres, noção de cidadania, senso critico para continuar na luta por novas conquistas. A Medicina do Trabalho, Segurança do Trabalho e os Sindicatos, vieram dar o suporte que os trabalhadores precisam, esses órgãos competentes os ajudarão, orientarão e protegerão caso seja necessário. Comemoramos o 1º de Maio com muitas conquistas, E vislumbrando um futuro cada vez melhor! Siga-nos no Twitter Curta nossa página no Facebook (Fonte: