UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

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1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO RELAÇÕES INTERNACIONAIS Perspectiva de Desenvolvimento de Etanol Brasileiro Como Vetor de Alinhamento Político Pautado na Cooperação Internacional Autora: Daniela Missio Orientador: Prof. Dr. Egidio Lessinger BRASÍLIA 2007

2 Daniela Missio Perspectiva de Desenvolvimento de Etanol Brasileiro Como Vetor de Alinhamento Político Pautado na Cooperação Internacional Monografia apresentada ao Curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais. Orientador: Prof. Dr. Egidio Lessinger Brasília

3 TERMO DE APROVAÇÃO Monografia aprovada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Relações Internacionais, defendido e aprovado, em 24 de maio de 2007, pela banca examinadora constituída por: Egidio Lessinger Brasília UCB 3

4 Aos meus pais, pois eu não chegaria aqui se não fosse por todo seu cuidado, dedicação, amor e tempo dispensados a mim. 4

5 AGRADECIMENTOS Sou especialmente grata ao Prof. Egidio Lessinger, que desde o princípio se mostrou solícito, me acolheu como orientanda e demonstrou acreditar em mim, pelas conversas especiais ao longo do curso. Agradeço, sinceramente, a todos os professores que, de uma forma ou de outra, participaram da construção do conhecimento que fundamentou a compreensão de meu objeto de estudo. Agradeço de coração a amiga Djuia Coda, que veio me visitar em Brasília e se dispôs tão incondicionalmente a ajudar, corrigindo e separando livros e artigos sobre o tema, pena que eu quase não os usei. Agradeço aos amigos de longe e aos amigos de perto, cuja recordação ou presença fazem a vida valer a pena. A grande família em Luis Eduardo Magalhães e especialmente aos amigos de Ponta Porã, Campinas e São Paulo, cujas lembranças eu guardo numa caixinha fácil de abrir quando bate a saudade. Não poderia deixar de me lembrar dos funcionários da Universidade Católica de Brasília, e das amizades que construi ao longo dos três anos nesta cidade. Grandes afinidades sem fronteiras como a turma do alemão, a Fabia que tanto me ajudou nesta reta final, a Carol, Sophia, Nobs, Rosana. Espero encontra-los ainda muitas vezes! Por fim e principalmente, agradeço aos meus pais, a quem tudo devo e que tanto se dedicaram para que eu tivesse as melhores oportunidades, sempre oferecendo as melhores condições. Seus exemplos de vida são fundamentais. E aos meus irmãos, pela compreensão e grande amor que oferecem. Muito obrigada! 5

6 RESUMO A presente monografia se propõe a demonstrar como a grande perspectiva de desenvolvimento de etanol brasileiro no mundo pode se tornar um vetor de maior alinhamento político entre o Brasil e seus principais parceiros comerciais. Para tanto, são investigados os principais resultados para o meio ambiente e para a sociedade brasileira decorrentes da produção de etanol em larga escala. Também é analisado como o processo de produção e comércio de etanol estimula a cooperação internacional, trazendo grandes benefícios no que concerne a preocupação com a redução das emissões dos gases do efeito estufa, diversificação das matrizes energéticas e dependência dos combustíveis fósseis. Assim, conclui-se ser imprescindível ao Brasil usar seu potencial regional para instigar uma maior integração especialmente no continente americano. O que resulta em grandes oportunidades de produzir bioenergia em diversos países possibilitando desenvolvimento econômico e social ao mesmo tempo em que o eixo petróleo- Oriente Médio seja balanceado diante da relevância de um novo pólo energético de biomassa nas Américas. Palavras-chave: Energia, etanol, cooperação internacional, mudanças climáticas, sustentabilidade ambiental. 6

7 RESUMEN Está monografía se propone demostrar como la gran perspectiva de desarrollo del etanol brasileño en el mundo puede convertirse en un vector de mayor alineación política entre Brasil y sus principales socios comerciales. Por esto, son estudiados los principales impactos para el medio ambiente y para la sociedad brasileña generados por la producción de etanol en gran escala; también es analizado cómo el proceso de producción y comercio de etanol estimula la cooperación internacional, dando grandes beneficios en lo que concierne a la preocupación en torno a la producción de gases del Efecto Invernadero, la diversificación de las matrices energéticas y la dependencia de los combustibles fósiles. Así, se concluye ser imprescindible para Brasil usar su potencial regional para estimular una mayor integración, especialmente en el continente americano, lo que resulta en grandes oportunidades de producir bioenergía en diversos países, posibilitando el desarrollo económico y social al mismo tiempo en que el eje petróleo-oriente Medio sea balanceado frente a la relevancia de un nuevo polo energético de biomasa en las Américas. Palabras-clave: Energía, etanol, cooperación internacional, mudanzas climáticas, sustentabilidad ambiental. 7

8 ABSTRACT The dissertation aims to demonstrate how Brazil s outstanding developments in the area of ethanol production can become a vector of the major politic alignment between Brazil and its main commercial partners. In order to reach this goal, this work investigates the main impacts of the large scale production of ethanol on the environment and the society. Additionally, it will be analyzed how Brazil s ethanol production and commerce processes stimulate international cooperation, having in mind that the expansive use of ethanol will bring great benefits to the reduction of greenhouse gas emissions, the diversification of the energy matrices and the dependence of fossil fuel. Thus, it can be concluded that it s very essential that Brazil uses it regional importance to instigate a broader regional integration, especially in the American continent. This results in great opportunities to produce bioenergy around the world enabling economic and social development at the same time that the axle petroleum-middle East will loose its relevance, due to the expansion of biomass energy production of the American continent. Key-words: Energy, ethanol, international cooperation, climatic changes, environmental sustainability. 8

9 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas APA - Área de Proteção Ambiental BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento BM&F Bolsa de Mercadorias e Futuros CENAL - Comissão Executiva Nacional do Álcool Cima - Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CO2 - Dióxido de carbono CONAE - Conferência Internacional de Agroenergia EIA - Estudo de Impacto Ambiental FAO - Organização para agricultura e alimentação FAPs - Fundações de Amparo à Pesquisa FIB - Fórum Internacional de Biocombustíveis FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos GEE - Gases do Efeito Estufa GNV - Gás Natural Veicular IAA - Instituto do Açúcar e do Álcool IBAS - Fórum Índia, Brasil, África do Sul ICONE - Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais IEA - Agência Internacional de Energia IEI - Iniciativa Internacional de Energia 9

10 IICA - Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima IES - Instituto de Estudos de Segurança da União Européia MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MERCOSUL - Mercado Comum do Sul MME - Ministério de Minas e Energia OLADE - Organização Latino-americana de Energia ONU - Organizações das Nações Unidas OPEP - Organização dos Países Exportadores de Petróleo OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte PAC - Programa de Aceleração do Crescimento UNICA - União da Indústria de Cana-de-açúcar ZEE - Zoneamento Econômico Ecológico 10

11 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: MAPA DE LOCALIZAÇÃO DAS USINAS NO BRASIL FIGURA 2: O POTENCIAL DE BIOENERGIA NO MUNDO LISTA DE TABELAS TABELA 1: PRODUÇÃO, IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E VARIAÇÕES DE ESTOQUE/PERDAS DE ÁLCOOL ANIDRO NO BRASIL, EM 10³ M³, DE 1987 A TABELA 2: PRODUÇÃO, IMPORTAÇÃO, EXPORTAÇÃO E VARIAÇÕES DE ESTOQUE/PERDAS DE ÁLCOOL HIDRATADO NO BRASIL, EM 10³ M³, DE 1987 A TABELA 3: O MERCADO INTERNACIONAL DE ETANOL LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1: PRODUTIVIDADE DO ETANOL: 1975 A GRÁFICO 2: DEMANDA DE COMBUSTÍVEL PARA VEÍCULOS GRÁFICO 3: ÁREAS AGRICULTÁVEIS NO BRASIL GRÁFICO 4: SÉCULO XXI - O INÍCIO DE UMA NOVA ERA EM ENERGIA GRÁFICO 5: PREÇOS DO DIESEL CRU GRÁFICO 6: EVOLUÇÃO DA SUPERFÍCIE PLANTADA DE CANA-DE-AÇÚCAR POR PAÍS NA AMÉRICA CENTRAL DE 1961 A

12 Sumário TERMO DE APROVAÇÃO... 3 AGRADECIMENTOS... 5 RESUMO... 6 RESUMEN... 7 ABSTRACT... 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS... 9 LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE GRÁFICOS INTRODUÇÃO O PROBLEMA E SUA IMPORTÂNCIA HIPÓTESE OBJETIVOS Objetivo Geral Objetivos Específicos METODOLOGIA REFERENCIAL TEÓRICO REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO MARCO TEÓRICO DESENVOLVIMENTO OS RESULTADOS DECORRENTES DO AUMENTO DA DEMANDA DE ETANOL Os Impactos Ambientais Os Impactos Sociais COMO A PRODUÇÃO E O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE ETANOL REFORÇAM O ELO COOPERATIVO ENTRE O BRASIL E SEUS PRINCIPAIS PARCEIROS COMERCIAIS O Desenvolvimento do Setor de Cana-de-açúcar e Etanol no Brasil Os Motivos Para Cooperar e Buscar Cooperação ENFRAQUECIMENTO DO EIXO PETRÓLEO-ORIENTE MÉDIO COM A OPEP DIANTE DA RELEVÂNCIA DE UM NOVO PÓLO ENERGÉTICO DE BIOMASSA NAS AMÉRICAS A OPEP Pólo Energético Nas Américas CONCLUSÕES REFERÊNCIAS LIVROS TESES E DISSERTAÇÕES PERIÓDICOS DOCUMENTOS ELETRÔNICOS GLOSSÁRIO

13 1 INTRODUÇÃO A energia é certamente um dos problemas que mais preocupam a comunidade internacional na atualidade. De um modo geral, o crescimento econômico e a proteção ao meio ambiente serão os principais motivadores de mudanças e aumento de demanda no setor energético. Por isso, existe uma forte tendência em se priorizar o desenvolvimento de tecnologias energéticas que contribuam para uma maior sustentabilidade ambiental e o uso eficiente e limpo na geração, distribuição e armazenamento de energia. Essa tendência é fruto da crise ambiental e de expressivas alterações no ecossistema que são agravadas pelo excessivo e mau uso dos combustíveis fósseis. Com a combustão do óleo diesel, por exemplo, dióxido de carbono e outros compostos poluentes são liberados na atmosfera, agravando o processo de aquecimento global. Esse alerta atrai o debate e investimentos públicos e privados visando a um ambiente mais seguro e saudável e crescem também as pesquisas para que haja maior eficiência tanto do uso de combustíveis fósseis quanto das fontes alternativas para geração de energia que supra a demanda mundial. Estudos do Bando Mundial e da Agência Internacional de Energia (IEA) demonstram que a matriz energética mundial tem participação total de 80% de fontes de carbono fóssil, sendo 36% de petróleo, 23% de carvão mineral e 21% de gás natural. Apesar da necessidade de aperfeiçoar as alternativas ao petróleo, o estudo ainda aponta que somente cerca de 13% da energia consumida no mundo vêm de energias renováveis, principalmente hidroelétrica e biomassa. (IEA, 2006) Considerando as pressões para a proteção ao meio ambiente, saúde pública e produção de alimentos e dada a premência de identificar fontes alternativas de energia, as melhores perspectivas são para tecnologias envolvendo a produção de biocombustíveis, pois elas representam a melhor saída no momento para os atuais malefícios provocados pela combustão do petróleo e seus derivados. O biocombustível possui um forte apelo social, pois, além de se tratar de uma fonte de energia renovável e limpa que ajuda a reduzir a poluição global, pode colaborar para o aquecimento da economia, gerando empregos e reduzindo os níveis de importações de diesel, garantindo maior segurança no suprimento. 13

14 1.1 O Problema e Sua Importância O cenário dos últimos tempos mostra uma grande dependência energética de combustíveis fósseis no mundo principalmente em relação ao Oriente Médio e em relação ao cartel da OPEP, que dominam 77% das reservas mundiais (FUSER, 2005, p. 44). Essa concentração da matriz energética leva à necessidade do desenvolvimento de alternativas que proporcionem um ambiente de oferta energética mais sustentável política e economicamente. Fatores geopolíticos como a vitória do Hammas nas eleições palestinas e a crise internacional provocada pela polêmica produção de energia nuclear pelo Irã agravam as disputas no Oriente Médio e provocam uma maior e mais complexa extração do petróleo. A crescente demanda de energia também produz fortes impactos sobre os preços, que só tendem a aumentar, e ainda torna o abastecimento mais difícil e menos garantido a médio prazo. Essa expansão da demanda ocorre, pois países em desenvolvimento e com grande potencial de crescimento econômico são considerados energeticamente vulneráveis e tendem a pressionar a demanda atual. Consta no Plano Nacional de Energia que, entre 2002 e 2004, o consumo diário de petróleo no mundo expandiu de 78 para 82 milhões de barris, sendo que a China respondeu por 36% desse aumento e os EUA por 24%. (BRASIL, 2005a) Além disso, a globalização cultural e de mercados também influencia no consumo energético, uma vez que países emergentes também almejam costumes e tecnologias dispendiosas praticados em países ricos. Simultaneamente com o maior crescimento demográfico, essas populações também pressionarão a demanda energética. Sendo assim, em resposta às preocupações com combustíveis fósseis, os países do continente americano, especialmente o Brasil, constituem uma posição essencial na construção de um novo cenário voltado para o desenvolvimento e sustentabilidade de energias alternativas, e o etanol brasileiro representa a alternativa mais visada ultimamente. O Brasil possui a tecnologia, além de disponibilidade hídrica e condições ambientais e geográficas favoráveis para ser o país com o maior potencial para produção de energia renovável e mais limpa. 14

15 É totalmente possível conceber uma integração energética no continente americano, com o entrelaçamento dos interesses públicos e privados nos setor, de tal maneira que fortaleça a região através da produção abundante de energia, assim gerando prosperidade para seus habitantes. Atualmente, somente o Brasil e os EUA detêm a tecnologia necessária para desenvolvimento e implantação de etanol em grande escala, sendo no Brasil feito da cana-de-açúcar e nos EUA, de milho. Mas o Brasil possui as maiores vantagens na produção de etanol e biodiesel desde a etapa de produção ao beneficiamento. Depois de muitos anos de uso em larga escala do etanol como combustível automotivo, são relevantes os conhecimentos adquiridos sobre os impactos ambientais, sociais e econômicos do sistema agro-industrial, o que permite assegurar sua sustentabilidade. Outra vantagem para o país é que a expansão do cultivo da cana-de-açúcar não compromete a produção de alimentos, pois há grandes áreas disponíveis para o cultivo. Além disso, também não compromete biomas importantes para o país e o mundo, já que os canaviais tendem a arrendar grande parte das áreas utilizadas para pecuária extensiva, sem prejudicar a floresta amazônica. Todavia, os biocombustíveis vêm sendo testados atualmente em várias partes do mundo. Países como Argentina, Malásia, Alemanha, França e Itália também já produzem biodiesel comercialmente, estimulando o desenvolvimento em escala industrial. Os europeus estão estabelecendo metas e alocando recursos para energias alternativas. A União Européia (UE) planeja produzir um quarto de seus combustíveis a partir de biomassa até 2030, mas as metas de substituição do diesel são superiores ao incremento da capacidade produtiva dos países que já antevêem a necessidade de importar biodiesel. No Brasil, vai ser obrigatória a adição de 2% de óleo diesel vegetal no óleo diesel de petróleo até 2008 (BRASIL, 2005b). A China, devido a uma oferta muito reduzida de combustíveis fósseis, busca encontrar soluções para sua dependência de petróleo, estendendo seus interesses para o petróleo do Oriente Médio, e também, atuando de modo a estabelecer fornecedores exclusivos, principalmente na África. Segundo Jannuzzi (2003), diretor do International Energy Initiative, a indústria da cana mantém o maior sistema de energia comercial de biomassa no mundo por 15

16 meio da produção de etanol e do uso quase total de bagaço para geração de eletricidade e calor para suas caldeiras. Sua excelente posição competitiva, além dos ganhos ambientais e o fato do etanol de cana no Brasil atingir viabilidade econômica, levam a um grande interesse de países como Japão e Suécia em abrirem seu mercado para importações de etanol. O etanol, ao tempo em que desponta com grandes oportunidades de produção e comércio, e conseqüente geração de emprego, renda e produtos, mostra também a relevância de um novo paradigma no relacionamento econômico e político entre o Brasil e seus parceiros comerciais. A aproximação, principalmente com os EUA, mostra que um novo paradigma de cooperação tende a se estabelecer com a difusão e melhoramento de tecnologias limpas para a produção de energia. Países altamente dependentes da importação de energia, como os EUA, ficam cada vez mais vulneráveis às pressões das nações fornecedoras. Além disso, a crescente dependência aumenta as tensões com outras grandes nações importadoras como China e Índia. Neste sentido, é mais proveitoso que países produtores e consumidores trabalhem em conjunto para reduzir as vulnerabilidades das infra-estruturas e assegurar ações contínuas às políticas para o setor energético doméstico e externo. Desta forma, o Brasil tem um importante papel no cenário internacional com vistas a reduzir consumo de derivados de petróleo, principalmente para meios de transporte e sobretudo valorizando os combustíveis não-fósseis. Tendo em vista que o princípio da paz e cooperação leva a um maior crescimento e fortalecimento das nações, o etanol brasileiro, respeitando esses valores e estreitando as possibilidades de cooperação, naturalmente aumenta a vantagem competitiva do Brasil em diversas áreas: produtiva, comercial e políticodiplomática. Sendo assim, mudanças de cunho social, político, comercial e mesmo jurídico-administrativo começam a ocorrer e tendem a se aprofundar em um mundo globalizado em que o eixo petróleo-oriente Médio perderá relevância diante de um novo pólo energético de biomassa nas Américas. 1.2 Hipótese A substituição de combustíveis fósseis por alternativas renováveis, a exemplo do etanol, intensifica o comércio mundial, promovendo um novo ordenamento 16

17 comercial e político pautado na maior cooperação entre o Brasil e seus principais parceiros comerciais. 1.3 Objetivos Objetivo Geral Analisar as possibilidades de mudanças políticas e econômicas entre o Brasil e seus principais parceiros comerciais, a partir da produção e do comércio de etanol e biodiesel a nível mundial Objetivos Específicos - Considerando o maior apelo aos biocombustíveis, especialmente o etanol de cana-de-açúcar produzido no Brasil, pretende-se fazer uma análise dos possíveis cenários para o meio ambiente e mercados mundiais, com o brusco aumento de demanda de etanol; - Examinar como as atividades de produção e comércio internacional de biocombustíveis podem reforçar o elo cooperativo entre o Brasil e seus principais parceiros comerciais; - Avaliar como a produção e o comércio de biocombustíveis podem estimular a criação de um novo pólo energético nas Américas pautado em bioenergia, em contrapartida ao petróleo com a OPEP na Ásia. 1.4 Metodologia A metodologia a ser aplicada neste estudo será baseada em consultas a fontes primárias e secundárias das áreas como história das relações internacionais, economia internacional, geopolítica, meio ambiente, defesa e segurança, artigos científicos de periódicos especializados, monografias, dissertações e teses, entre outras fontes. As citações, notas de referência, tabelas, quadros, figuras, gráficos ilustrativos e estatísticos, mapas e outros que se fizerem úteis serão apresentados de acordo com a regulamentação atual da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 17

18 O método utilizado será o analítico, empregando a pesquisa bibliográfica que tem a finalidade de pôr o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre o assunto por meio de levantamento de dados e informações já publicados. Essa pesquisa servirá de base para uma avaliação do objeto em estudo. O método analítico propõe o exame acurado dos componentes do objeto em estudo, procurando conhecer os fenômenos que deram origem a este ou que dele sejam explicativos. Assim, a análise particularizada dos componentes do objeto permitirá uma compreensão mais ampla das relações de causa e efeito nesse estudo. A apresentação se iniciará com a explanação da realidade a respeito dos impactos ambientais e sociais que a cultura em larga escala da cana-de-açúcar para produção de etanol envolve. Em seguida, será abordada a barganha política que o Brasil possui por deter grande conhecimento na área dos biocombustíveis, podendo reforçar o elo cooperativo com seus principais parceiros comerciais. Para tanto, fazse necessário descrever como se desenvolveu o setor de etanol e cana no país, para logo mostrar como essa experiência instiga outras nações a buscar parcerias. Finalmente, procurar-se-á mostrar que o etanol constitui, atualmente, a saída mais viável para os problemas energéticos enfrentados no curto e médio prazos. E que se for devidamente explorado seu potencial no continente americano, como indicam as primeiras iniciativas, a maior vantagem será a relevância de um pólo energético com o uso sustentável da biomassa nas Américas, em oposição ao poder de concentração de energia pelos países da OPEP. 18

19 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Referencial Bibliográfico No referencial bibliográfico são apresentados os estudos já realizados por pesquisadores que abordam o tema proposto por esta monografia. Primeiramente, são de grande relevância os livros organizados por Isaisas de Carvalho Macedo e Frank Rosillo-Calle. Aquele, no livro intitulado A energia da Cana-de-açúcar apresenta doze estudos sobre a agroindústria da cana-de-açúcar no Brasil e a sua sustentabilidade. Onde são encontrados os dados mais recentes para descrevera relação da agroindústria da cana com o meio ambiente, a economia e a sociedade (MACEDO, 2007). O segundo com o titulo Uso da Biomassa Para produção de Energia na Indústria Brasileira apresenta detalhadamente como pode-se utilizar a energia da biomassa, e demonstra como ela pode contribuir de maneira significativa para suprir as necessidades no futuro. Especialmente no que se refere a questões relativas a sustentabilidade e as novas tecnologias (ROSILLO-CALLE, 2007). JANUZZI (2003), por sua vez, avalia as atividades recentes de P&D em energia renovável. Ele diz que, no Brasil, há um significativo investimento em pesquisa e desenvolvimento na área de energia e que concessionárias de eletricidade, fundos setoriais de energia, petróleo e gás, além dos tradicionais recursos do sistema público de fomento (CNPq, FAPs, FINEP) têm investido em projetos de P&D em energia. Seu trabalho procura contabilizar a quantidade de recursos aplicados em fontes renováveis e mostra a necessidade de uma prospecção tecnológica ampla para a área de energia, aliada aos esforços de planejamento energético e conclui que a política energética deve assumir cada vez mais um papel de indutor de C,T&I no país. (JANUZZI, 2003, p. 1) LUCENA (2004) fala especificamente sobre o biodiesel, os aspectos tecnológicos, econômicos e o ambiente político que propiciou maior enfoque a este combustível nos últimos anos. Lucena analisa a conjuntura recente do projeto de implementação do biodiesel na matriz energética brasileira, mencionando esse combustível como um forte instrumento político. Ele mostra suas características 19

20 como forma de gerar renda, diminuir a dependência externa da matriz energética nacional e proteger o meio ambiente, além de citar as principais medidas tomadas pelo governo para incrementar o uso do biodiesel no país. No último capitulo de sua monografia, o autor também demonstra os desdobramentos da iniciativa privada que são os maiores produtores e consumidores do combustível no Brasil. A fim de ponderar sobre o etanol brasileiro, utiliza-se a tese escrita por RIPOLI; MOLINA; RIPOLI (2000, p ), que trata do potencial da energia de biomassa da cana-de-açúcar. Os autores defendem que, por ser um país tropical em desenvolvimento e com abundantes recursos de biomassa, o Brasil representa atualmente um potencial para produção de energia através da cana de açúcar. Eles ressaltam que o palhiço (ponteiros, folhas verdes e palhas) e o bagaço da cana têm grande potencial de melhorar a matriz energética brasileira, pois além de ser utilizados na produção de etanol, podem gerar eletricidade ou ser convertidos em álcool carburante, diminuindo a poluição atmosférica. O documento Diretrizes de Política de Agroenergia (BRASIL, 2005b) explica as funções e características da política de agroenergia do Brasil e descreve os cenários e as opções estratégicas quanto ao álcool, biodiesel, florestas energéticas cultivadas e resíduos agroflorestais. Esse documento é importante, pois, mostra que para alavancar o agronegócio, o país necessita de boas políticas públicas. E para tanto, suas diretrizes procuram criar condições para desenvolver e transferir conhecimento e tecnologias que contribuam para a produção agrícola sustentável com finalidade energética e o uso racional da energia renovável, visantdo à competitividade do agronegócio brasileiro e o suporte às políticas públicas (BRASIL, 2005b, 23). Sendo assim, as políticas visam colocar o país como o maior provedor individual de energia renovável no mercado internacional de bioenergia. E a concretização da expansão da agroenergia implica o alinhamento de diversas políticas governamentais, como política tributária, de abastecimento, agrícola, energética, de ciência e tecnologia, ambiental, industrial, de comércio internacional, de relações exteriores, entre outras. Isso significa que o desenvolvimento da agroenergia, no Brasil, promoverá importante aumento de investimentos, empregos, renda e desenvolvimento tecnológico internamente e será uma oportunidade para atender parte da crescente demanda mundial por combustíveis de reduzido impacto ambiental. 20

21 De acordo com um estudo do Instituto de Estudos de Segurança da União Européia (GESOTTO; GREVI, 2006, p. 177), o Brasil se tornará um dos maiores exportadores de etanol, fato que confere ao país um papel-chave na formação do mercado energético da América do Sul. Segundo o IES, isso beneficiara o projeto de um "Anel Energético" que deverá interligar campos de gás no Peru e Argentina com o Brasil, Chile e Uruguai. Em seu livro sobre economia brasileira, LEITE (2004) mostra que o Brasil tem um grande potencial econômico para desempenhar um papel mais ativo no cenário internacional. Mas para tanto, é necessário repensar a inserção externa brasileira, dando maior enfoque, por exemplo, à atratividade de investimentos produtivos, à substituição de importações e à geração de maior valor agregado local, além de ampliação da internacionalização das empresas nacionais e elevação das exportações. O autor alerta para a necessidade de articular os instrumentos político, industrial, comercial e de ciência e tecnologia, para fomentar a reestruturação no sentido de uma inserção mais ativa na economia internacional. Deve-se considerar essa articulação um pré-requisito que viabilize o crescimento sustentável, baseado não só no fortalecimento do mercado interno, mas também na redução da vulnerabilidade externa. Leite vai além, mostrando que é possível diminuir a vulnerabilidade externa, sem gerar outros desequilíbrios econômicos. Contudo, isso implica mudanças significativas que envolvam, por exemplo: capacidade de planejamento e articulação do Estado; diminuição da dependência tecnológica com maiores iniciativas do Estado; uma política externa mais ativa, que inclua mais que atuação em grandes fóruns, como também, maior atuação nas negociações internacionais a fim de ampliar o acesso de produtos, empresas e serviços brasileiros nos grandes mercados. ROMEIRO (2003) propõe um esquema analítico para a economia política da sustentabilidade que é diferente do esquema convencional. O autor admite que o problema da economia da sustentabilidade existe na distribuição intertemporal de recursos naturais finitos, o que pressupõe a definição de limites para seu uso. Diferentemente do esquema convencional que vê um problema na alocação intertemporal de recursos entre consumo e investimentos por agentes econômicos racionais que almejam maximizar sua utilidade. 21

22 Neste caso, segundo o mesmo autor, as ações de Estado seriam necessárias para corrigir as falhas de mercado que ocorrem já que a maioria dos serviços ambientais, como o ar e a água, são considerados bens públicos e não tem preço. Romeiro acredita que devem-se considerar os agentes econômicos em um ambiente de incertezas e riscos de perdas irreversíveis nem mesmo com progresso da ciência. Ele acrescenta que pode-se evitar que a evolução das sociedades, apesar de terem sido marcadas por revoluções (agrícola e industrial), provoquem desequilíbrio ambiental. Isso não pode ser considerado uma regra, pois é possível transformar radicalmente a natureza, como quando se pratica a agricultura, sem, no entanto desrespeitar as regras ecológicas básicas (ROMEIRO, 2003, p.2). CANEPA (2003) explana sobre a economia da poluição que abrange a necessidade de reciclagem dos resíduos gerados pelas atividades humanas. Neste caso, considera-se que o meio ambiente desempenha uma função de fossa de resíduos, pois, com o processo de desenvolvimento, os recursos naturais se tornam escassos. Assim, Canepa faz uma analise das diferentes soluções aceitas pela teoria econômica, para o problema da poluição. Existe a solução de Pigou que propõe ao Estado cobrar taxas pelo uso dos recursos naturais; a solução derivada da análise de custo-efetividade e a de custo-benefício, que envolvem atuação do governo em políticas ambientais, além de dois instrumentos econômicos importantes como o princípio poluidor-pagador e os certificados negociáveis de poluição. PEREIRA; MAY (2003) explicam o papel da economia frente ao problema do aquecimento global. Segundo os autores, existe um efeito estufa natural, que torna o planeta um lugar ideal para o desenvolvimento da vida, e sua intensificação, provocada pela interferência do homem no sistema climática, a partir da era industrial, representa um grave problema para manutenção de um planeta habitável. Sendo assim, cabe a economia do aquecimento global, entre outras atividades, analisar os custos associados às medidas para diminuir o aquecimento global; propor instrumentos econômicos capazes de induzir países, tanto como atores individuais ou em conjunto a abater os gases do efeito estufa (GEE), além de analisar os custos e benefícios de medidas preventivas de adaptação. Os autores ainda analisam a experiência brasileira nesse contexto. Eles mostram que o Brasil apresenta enorme potencial e vantagem comparativa para a implantação de projetos de mitigação de GEE com baixos custos de mitigação, tanto 22

23 na vertente florestal quanto na energética (PEREIRA; MAY, 2003, p. 240). E concluem que, apesar desta vantagem, considerando-se o ponto de vista do bemestar social, os benefícios para o desenvolvimento sustentável nacional se torna mais importante do que a variável custo. 2.2 Marco Teórico No marco teórico são apresentadas as teorias e conceitos nos quais se fundamentam este estudo. Para tanto, os autores clássicos, com realce para os contributos de Adam Smith e David Ricardo, são importantes, pois oferecem o subsídio para uma inserção ideal do etanol no mercado internacional. BAUMANN; CANUTO; GONÇALVES (2004), em seu livro sobre economia internacional, discutem amplamente temas atuais ligados à economia brasileira, desde integração regional, os efeitos do crescimento econômico no comércio internacional e a globalização. Primeiramente, os autores procuram inserir aspectos das relações econômicas internacionais brasileiras em uma perspectiva histórica, logo, expõem as teorias clássicas de comércio internacional para explicar como ele ocorre. Outro enfoque importante dos autores implica em questões sobre os efeitos do crescimento econômico no desempenho econômico externo das nações, além do papel da integração regional neste contexto. Para o presente trabalho, os primeiros capítulos são mais contundentes, pois tratam das principais teorias de comércio internacional. Em relação à teoria do liberalismo econômico, os autores mostram o papel da economia clássica de Adam Smith, o qual mostrou que a iniciativa privada deveria poder agir livremente e que o papel do Estado deveria ser restrito a três funções principais que seriam: defender a nação, promover justiça e segurança e empreender as obras que a iniciativa privada não conseguisse. Smith procurou demonstrar que a riqueza das nações resultava da atuação de indivíduos motivados por seu próprio interesse, que assim, conseguiam promover o crescimento econômico e a inovação tecnológica. Especialmente a livre competição levaria forçosamente não só à queda de preço das mercadorias, mas também a constantes inovações tecnológicas na corrida para reduzir custos de produção e superar os competidores. 23

24 A teoria clássica do comércio internacional baseia-se na teoria do valor trabalho que considera ser o trabalho o único fator de produção. Adam Smith demonstra as vantagens da livre troca, ao ressaltar que uma abertura comercial ao exterior gera ganhos positivos para os países envolvidos na troca e, portanto, também para a economia mundial (já que origina um aumento global de riqueza). Segundo Adam Smith, para que ocorra o comércio internacional basta que os países se especializem de acordo com as suas vantagens absolutas, ou seja, cada país deveria produzir (e exportar) somente os produtos em que tem vantagem absoluta em termos de custos ou produtividade e comprar (importar) aqueles em que os outros são melhores. Os autores também discorrem sobre a teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, desenvolvida em sua obra Princípios de Economia Política e Tributação, de 1817 que é fundamental no contexto deste trabalho, pois constitui a base da teoria do comércio internacional. Ricardo demonstrou que duas nações podem beneficiar-se do livre comércio, mesmo que uma nação seja menos eficiente na produção de todos os tipos de bens do que o seu parceiro comercial, uma vez que nem a quantidade de moeda em um país nem o valor monetário desse dinheiro representava o maior determinante para a riqueza de uma nação. Para Ricardo, uma nação pode ser considerada rica em função da diversidade e abundância de mercadorias que contribuam para a comodidade e o bem-estar de seus habitantes. David Ricardo também procurou mostrar que, mesmo quando um país não consegue ser eficiente na produção de determinados bens, este pode continuar a participar no comércio internacional se produzir e exportar outros produtos que produzisse de forma relativamente mais eficiente. Assim, o modelo Ricardiano é referido como o modelo das vantagens comparativas ou relativas. Tanto para Adam Smith, como também para David Ricardo é a tecnologia dos países que determina os custos unitários ou as produtividades em questão. Sendo assim, o conceito de vantagem comparativa permite determinar padrões de especialização e troca. Será também utilizada a idéia crítica de Kant (ROHDEN, 1997) de que a humanidade caminha constantemente para o melhor e que, para isso, conta com as forças da natureza e da liberdade. Segundo Kant, 24

25 de um lado, esta cooperação entende-se a partir de uma idéia racional de natureza, de origem estóica. De outro, a idéia é que, se o progresso para o melhor não é querido pela via da liberdade, da razão e da paz, a natureza o realizará a custo de muitos males (RHODEN. 1997, p. 35). Na Paz Perpétua, a primeira exigência para que haja paz é que os Estados sejam repúblicas, ou seja, que o povo crie e respeite suas próprias leis, o que na leitura da filosofia política de Kant foi identificado com a concepção contemporânea de democracia. A teoria contratualista de Kant defende a idéia de uma constituição republicana como um contrato onde devem ser fundadas as legislações e direitos do povo. Mais importante para esta pesquisa é a idéia liberal que prevaleceu no mundo pós-guerra Fria de que a questão da segurança é baseada em acordos regionais de segurança coletiva, nos quais devem dominar a interação cooperativa e os mecanismos jurídicos de solução de controvérsias, como a arbitragem, ligados a esforços comuns para garantir a sobrevivência da humanidade e do meio ambiente. Esta idéia de Kant orientava que os problemas como escassez de água, crescimento populacional, migrações e mudança climática, bem como questões econômicas e conflitos nacionalistas não poderiam ser resolvidos pelas estratégias de competição. Segundo NOUR (2003 p. 31), a confiança liberal em estratégias de cooperação e as instituições jurídicas destinadas à segurança coletiva contrapõe-se à perspectiva teórica do realismo clássico, para quem apenas os sistemas de legítima defesa coletiva - ou seja, as alianças militares, como a OTAN e o Pacto de Varsóvia - podem dar conta do problema da segurança. Também se faz necessária a abordagem do pensamento estruturalista de Strauss, na medida em que explora as estruturas de significados dentro de uma cultura. De acordo com a teoria estrutural, estes significados são construídos e repassados através de atividades praticadas habitualmente por uma sociedade (DOSSE, 1994). Após a II Guerra Mundial, o estruturalismo ganhou maior notoriedade na França e foi essa popularidade que o levou a se expandir pelo mundo. O estruturalismo rejeitava a noção existencialista de liberdade humana radical e, ao invés disso, concentrava-se na maneira que o comportamento humano é determinado por estruturas culturais, sociais e psicológicas. A importância dessa teoria está na maneira que aborda as diferenças culturais, pois considera as peculiaridades de cada cultura sua verdadeira contribuição para a humanidade e não somente suas invenções particulares. Assim, 25

26 acredita-se que a civilização implica na coexistência de culturas que oferecem o máximo de diversidade entre elas, consistindo mesmo nesta coexistência. A civilização mundial não será outra coisa que a coalizão de culturas em escala mundial, preservando cada uma delas a sua originalidade" (DOSSE, 1994). 26

27 3 DESENVOLVIMENTO 3.1 Os Resultados Decorrentes do Aumento da Demanda de Etanol Existem atualmente principalmente muitos questionamentos em relação a mudanças na estrutura da matriz energética mundial. Concomitantemente com crescente apelo aos biocombustíveis, depara-se hoje também com uma perigosa reação aos seus benefícios. Há dúvidas, medos e grandes interesses envolvidos com o futuro das energias renováveis. Por um lado, o benefício consiste na produção renovável, ambientalmente correta, que tende a reduzir o aquecimento global e promover o desenvolvimento rural. No entanto, sabe-se que também estão envolvidas gigantes corporações de agrocombustíveis e poderosos empresários em todo processo, o que demanda que suas atividades devem ser cuidadosamente planejadas, acompanhadas e reguladas para que não se construa um cenário prejudicial ao país Os Impactos Ambientais O significativo aumento do uso de biocombustível no Brasil tem um impacto ambiental positivo, uma vez que pode recuperar áreas previamente desflorestadas, propiciar o rodízio e o arejamento de terras dirigidas à produção de alimentos, além de criar empregos. A produção agrícola da cana no Brasil usa baixo nível de defensivo, tem o maior programa de controle biológico de pragas instalado no país e menor índice de erosão de solo, recicla resíduos e participa ativamente de inovações (MACEDO, 2007, p. 75). Nas últimas décadas, a produção tem aumentado, sobretudo por causa do aumento de produtividade devido a pesquisas e não somente pelo aumento de área planada. Esta vantagem se verifica tanto na agricultura quanto na indústria de processamento do etanol e tem origem na experiência acumulada pelo país na produção sistemática ao longo de mais de quarenta anos, conforme mostra o Gráfico 1. 27

28 Gráfico 1: Produtividade do Etanol: 1975 a 2005 Fonte: MME (2004) Muitas vezes, a insegurança acompanha as grandes mudanças que ocorrem em determinado setor. Por isso, se verifica, concomitantemente com a maior utilização dos biocombustíveis, uma grande reação a essa expansão. Existe o receio de que a expansão do cultivo de soja e cana implica devastação do cerrado, substituição danosa da produção de alimentos, e ameaça a diversidade de centenas de milhares de animais e plantas que vivem em ecossistemas, como o do cerrado e o do pantanal. Assim, no auge da inclusão deste processo, é importante estabelecer claramente alguns parâmetros entre o que possa ser realidade e o que se configura mais como mito em relação aos biocombustíveis. Emissões de Gases do Efeito Estufa O uso da energia renovável do etanol possibilita evitar emissões de gases do efeito estufa na atmosfera. Uma maneira consiste no uso de terras já desmatadas e degradadas para plantio. Essa cobertura vegetal adicional que se poderia ter contribui para reduzir os estoques de carbono já livres na atmosfera. 28

29 A poluição atmosférica é um grande desafio para o desenvolvimento sustentável no mundo, pois causa danos variados tanto a saúde humana quanto aos ecossistemas. A chuva ácida, o ozônio troposférico, as partículas finas e os GEE merecem atenção especial no contexto da poluição transfronteiriça. A maior fonte desses problemas é o uso de combustíveis fósseis no transporte, geração de energia e processos industriais. Ou seja, a degradação da qualidade do ar em centros urbanos é um sério problema ambiental que pode ser amenizado em decorrência da agroindústria da cana. Neste contexto, a utilização de combustíveis de origem renovável, como é o caso do uso do etanol puro ou em mistura com gasolina, tem levado a melhorias consideráveis da qualidade do ar nos centros urbanos, pois tem como principais efeitos: reduções nas emissões de CO2, a eliminação de compostos de chumbo e enxofre e emissões menos tóxicas de compostos orgânicos. Segundo André Elia Neto (2007), com a utilização de álcool combustível, o Brasil já conseguiu evitar a emissão de 675 milhões de toneladas de CO2 conforme mostra o Gráfico 2. Gráfico 2: Demanda de Combustível Para Veículos Fonte: MME BEN (2006) 29

30 O gás carbônico, entre outros gases classificados como do efeito estufa, é responsável por impedir o resfriamento natural da superfície da terra, causando um aumento da temperatura e outras mudanças do clima em geral. Sabe-se que existe um aquecimento global natural. Caso ele não existisse, a temperatura média da superfície do planeta seria mais fria do que é atualmente. O problema consiste na maior concentração de gás carbônico na atmosfera, o que intensifica muito o aquecimento do planeta. O aumento de 30% na concentração de GEE desde a era pré-industrial corresponde a um aumento médio de 0,6 grau Celsius da temperatura na superfície da Terra (MACEDO, 2007, p. 92). É urgente a necessidade de uma mobilização internacional que significativamente atue na mudança da matriz energética mundial para mitigar este aumento de temperatura. Segundo previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima, das Nações Unidas, estima-se que, no século XXI, a temperatura media poderá aumentar mais de 3 graus Celsius. O Protocolo de Kyoto é um dos esforços internacionais significativos em prol dessa mudança e espera ter evitado um aumento de até 2 graus Celsius em 2050 (MACEDO, 2007, p. 94). Este protocolo estabelece mecanismos de compensação da redução de emissões entre projetos e entre países. O objetivo é tentar diminuir o custo global da redução das emissões, uma vez que este mecanismo de compensação busca reduzir as emissões nos setores onde os custos sejam menores. A urgência em desacelerar o aquecimento global tende a valorizar o uso de combustíveis renováveis. No setor de cana de açúcar, as condições de produção competem para um resultado extremamente positivo na redução das emissões de GEE. No plantio, colheita, transporte e processamento de cana são consumidos combustíveis fósseis que geram GEE, mas o balanço completo de energia e emissões na produção do álcool de cana e no seu uso como combustível no setor de transporte tem sido positivo. As emissões na produção de açúcar de beterraba (que utiliza carvão ou gás natural) são muito maiores que na produção de açúcar de cana. Isto reflete a superioridade tecnológica na produção de cana como combustível de biomassa no mundo tanto pela relação entre energia consumida e produzida quanto pelo alto coeficiente de redução nas emissões de GEE. 30

31 Ameaça aos Biomas Brasileiros Existe outra preocupação da parte dos ambientalistas que os biocombustíveis irão destruir áreas naturais de biomas importantes como a Amazônia e o Pantanal. Todavia, esta ameaça de devastação não é real, pois percebe-se que o período em que a produção de etanol mais cresceu, também foi o período de maior redução no desmatamento da floresta. Vale destacar que as atuais variedades de cana foram desenvolvidas para condições de solo e clima diferentes dos predominantes na Amazônia e no Pantanal, e estas serão as mais utilizadas em grande escala até os próximos 5 anos. A agricultura no Brasil utiliza hoje apenas 7% da superfície do país, sendo que a cana ocupa aproximadamente 0,8%. A maior parte do território é ocupada por florestas, cerca de 55%, e pastagens, 35% (MACEDO, 2007, p. 121), como pode-se perceber no Gráfico 3. Gráfico 3: Áreas Agricultáveis no Brasil Fonte: Casa Civil Em 1955, a área de cana no Brasil cobria aproximadamente um milhão de hectares, alcançando 1,5 milhão em Este valor permaneceu praticamente constante nos dez anos seguintes, e somente em 1976, com a implementação do Proálcool, a área cultivada voltou a crescer, atingindo o período de maior crescimento. Nas últimas safras (2005/2006), um novo ciclo de expansão vem ocorrendo, atingindo 5,9 milhões de hectares, sendo 4,7 milhões (ou 80%) na região 31

32 Centro-Sul. Esta região produziu, em 2005, cerca de 85% da cana no Brasil, em 238 unidades de processamento de cana (MACEDO, p. 131 a 148). Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE (2006, p. 46), entre agosto de 2005 e o mesmo mês de 2006, a taxa de desflorestamento da Amazônia Legal caiu 30%. Nos 12 meses anteriores, a redução havia sido de 31%, o que totaliza uma redução de 52% na taxa de desflorestamento da Amazônia Legal entre 2004 e Nesse mesmo período, segundo o Ministério da Agricultura pecuária e Abastecimento, a produção total de cana-de-açúcar no Brasil passou de 357 milhões de toneladas na safra 2004/05 para 382 milhões de toneladas na safra 2005/06, ou seja, um aumento de 7%. Em suma, enquanto a produção de etanol teve forte aumento nos últimos anos, o desmatamento do bioma amazônico foi reduzido quase pela metade, indicando ser falacioso o argumento de que há correlação entre aumento da produção de biocombustíveis e desflorestamento (MAPA, 2007, p. 9). A área total de lavouras tem se mantido praticamente estável, mesmo desde a década de noventa, em um período de grande crescimento da cana. Percebe-se que existe a substituição de culturas. No caso específico da cana, na região de São Paulo, a cultura tem substituído principalmente áreas ocupadas com laranja e pastagens. De um modo geral, para avaliar os impactos de mudanças na ocupação do solo, deve-se considerar que a expansão da cana, para os próximos anos, deve abranger a substituição de culturas, com ênfase no oeste de São Paulo, Mato Grosso do Sul e áreas nos Estados de Goiás e Minas Gerais. Ou seja, as grandes plantações e regiões onde a cultura melhor se adapta são em áreas muito distantes dos biomas da região supostamente ameaçada, que configura, atualmente, uma barreira natural. Assim como a menor necessidade de ocupação de áreas agrícolas para aumentar a produção como também a melhor competitividade do setor são resultados da maior produtividade decorrente de desenvolvimentos tecnológicos na produção de cana. Existe também a vantagem de preservação e recuperação de solos agrícolas. Com a incorporação de áreas mais pobres, como é o caso de pastagens extensivas e cerrados muito antropizados, a cana contribui para a recuperação dessas áreas, adicionando matéria orgânica e fertilização químico- 32

33 orgânica, corretivos, vinhaça e palha (que são resíduos do beneficiamento da cana). Isto leva maiores teores de carbono no solo e menor erosão, e contribui para melhorar o condicionamento do solo, incorporando área a porcentagem agriculturável brasileira. A perda de solo por erosão é um sério problema para a agricultura o Brasil, mas no cultivo da cana esta perda é muito menor que em outras culturas. Por outro lado, a cultura da cana-de-açúcar poderia contingentemente causar o deslocamento de outras culturas, considerando que a pressão na demanda por etanol poderia induzir a expansão do cultivo da cana em áreas hoje ocupadas por produção de grande escala, como a soja e a laranja. Este fenômeno, por sua vez, faria com que a soja buscasse espaço nas regiões de fronteira agrícola, mas, além de não haver evidências que demonstrem este deslocamento, ele poderia ocorrer sem que houvesse o comprometimento de ecossistemas sensíveis, ou mesmo, ameaça a áreas de preservação. Segundo dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2007c, p. 6-10), há cerca de 91 milhões de hectares de terras disponíveis e aptas para a agricultura, e cerca de 200 milhões de hectares ocupados com pastagens, dos quais um quarto são áreas de pastagens degradadas. Deve-se considerar também que a pecuária brasileira apresenta tendência e potencial para maior ganho de produtividade, possibilitado a liberação de áreas de pastagens para outras culturas. Portanto, assim sabe-se que existe espaço suficiente para expansões adicionais da cultura da cana de açúcar. E pode-se ainda ser mais otimista ao considerar o progresso técnico esperado para o setor. Tem aumentado a cada safra a incorporação do uso da biomassa da cana para a produção de etanol, como por exemplo, com a queima da palha para gerar energia para as usinas ou a possível transformação dos resíduos da moagem em etanol de segunda geração. Produção de Alimentos Em países desenvolvidos, o debate acerca do conflito entre produção de alimentos e biocombustíveis é muito ativo. Nos EUA, o aumento da produção de etanol de milho vem utilizando cada vez maiores quantidades de grãos, o que impacta diretamente no preço desta commodity, tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacional, afetando até mesmo países vizinhos como o México, que 33

34 tem este alimento como um dos principais em sua alimentação. Na Europa, uma situação semelhante também é observada, pois, lá, o álcool é feito, por exemplo, de trigo e beterraba e vários países, como Suécia e Alemanha cogitam aumentar a produção desses cultivos para produzir fazer combustível da biomassa. Especialmente no Brasil, este contexto é diferente. Tanto a produção de alimentos quanto de biocombustível vem crescendo, o que ocorre com base nos aumentos de produtividade. Da safra de 1990/1991 para a safra 2006/2007 a produção de grãos saltou de 57,9 milhões de toneladas para 130,5 milhões no mesmo período em que a área plantada cresceu bem menos, de 37,9 para 46 milhões de hectares, respectivamente. Isto corresponde a um aumento de produtividade de 85% no referido período (BRASIL, 2007b). O aumento da produção gera maior renda a sociedade, aumentando o consumo alimentar. Além disso, o cultivo da cana usa baixo nível de defensivos; tem o maior programa de controle biológico de pragas do país, o menor índice de erosão do solo e não compromete a qualidade dos recursos hídricos na agricultura. Deste modo, os biocombustíveis oferecem uma oportunidade de reestruturar o setor agrícola, considerando as grandes extensões de terras ainda subutilizadas no hemisfério sul que poderão ser empregadas na produção, gerando empregos, renda e aumentando exportações. É fato que se a demanda por petróleo continuar a crescer, os preços vão aumentar cada vez mais, afetando principalmente os países mais pobres. Se nada mudar, será o aumento do preço de derivados de petróleo que afetará drasticamente o preço dos alimentos no mundo. Pois, quanto mais caros os fertilizantes, por exemplo, menos produtores em países subdesenvolvidos terão a eles acesso. Além disso, o encarecimento no transporte de alimentos também influenciará os preços e reduzirá o acesso à comida para muitos Os Impactos Sociais Responsabilidade Social Não existe dúvida que práticas antigas não satisfazem as exigências da moderna indústria de etanol e o Brasil está comprometido em melhorar continuamente os indicadores econômicos, ambientais, sociais e energéticos da 34

35 produção da matéria prima e do combustível. Mas, por outro lado, também há certo receio de que a vinda de grandes companhias de petróleo e de grãos ligadas ao agronegócio, e que trabalham com grandes economias de escala, passem a controlar a cadeia de valor do biocombustível, fazendo que os produtores se tornem dependentes delas para obter créditos, sementes, insumos, serviços, processamento e em vendas, sendo forçados a trocar um mercado hoje mais livre e competitivo, por um mercado, verticalmente integrado, controlado por grandes corporações. Uma promissora convergência no setor da cana, assim como mostra a tendência em outros diversos setores, aponta em prol de efetivar uma maior responsabilidade social no contexto de seus negócios. Este termo é usado para descrever ações na área de negócios ligados a valores éticos: conformidade legal, respeito às pessoas, comunidade e meio ambiente. Mais especificamente, é o entendimento dos negócios com uma parte integrada da sociedade, contribuindo diretamente para o seu bem-estar, preocupando-se com o impacto social das políticas e praticas dos negócios; os impactos das contribuições voluntárias dos negócios nas comunidades que afetam (MACEDO, P. 202). O uso intensivo da mão-de-obra e o alto poder de irradiação desta atividade nas economias regionais conseguem gerar inserção social e interatividade com as comunidades do seu entorno. No atual processo de expansão, o setor tem ajudado a diminuir os fluxos migratórios para as cidades. Sua inserção competitiva no mercado internacional propicia condições para ampliar trabalhos socialmente responsáveis nas áreas de educação, habitação, meio ambiente e saúde, o que contribui com a melhora da qualidade de vida em centenas de municípios brasileiros. Segundo Maria Luiza Barbosa (2007), da UNICA, seguindo os princípios da responsabilidade social, empresas vinculados ao setor mantêm no Brasil mais de 600 escolas, 200 creches e 300 ambulatórios médicos. Uma pesquisa realizada no Estado de São Paulo, baseada em respostas de 50 empresas sucroalcooleiras, mostra que 34 milhões de pessoas residentes nos 150 municípios na área de influência direta dessas empresas foram beneficias direta ou indiretamente. Dentre outros itens, foi constatado nas organizações que responderam o questionário que 95% das empresas possuem creche ou berçário; 98% possuem refeitório; 86% oferecem alojamento para a mão-de-obra de outras localidades; 90% dos 35

36 trabalhadores são registrados pelas empresas e 10% são terceirizados (BARBOSA, p ). Para aumentar o desempenho do setor, as empresas necessitam do respaldo dos modernos parâmetros na área da responsabilidade social. Maria Luiza (BARBOSA, 2007, p. 228) explica que Empregos a sustentabilidade está à raiz da própria atividade do setor, que é, na essência, um transformador de energia solar em alimentos e energia comercial: o açúcar como alimento, o etanol como combustível para veículos e, ainda, a eletricidade obtida pela queima do bagaço da cana de açúcar. Contando para isso, com a permanente geração, manutenção e melhoria da qualidade dos empregos, da lavoura a distribuição de combustíveis, constituindo estável iniciativa de distribuição de renda. É de grande relevância a influência da agroindústria canavieira na geração de emprego no Brasil. A produção de biocombustíveis é uma oportunidade de se elevar renda, reduzir desigualdades e promover o desenvolvimento do país. Segundo Luiz Antônio Dias Paes (2007), do Centro de Tecnologia Canavieira, estima-se que cerca de um milhão de empregos dependem diretamente do setor sucroalcooleiro, sendo aproximadamente 80% na área agrícola, além de alguns milhões indiretamente, desde a produção de cana-de-açúcar à fabricação de etanol e açúcar. De 2000 ate 2002 houve um crescimento de 18% nos empregos diretos formais no setor. Percebe-se também uma redução nos empregos agrícolas e aumento nos industriais. No Centro Sul, o número de pessoas ocupadas na lavoura da cana somente tem rendimento menor que na cultura da soja, que é altamente mecanizada e com empregos mais especializados. No Norte-Nordeste, os rendimentos na cana são maiores que em culturas como o café, arroz, banana, mandioca e milho, mas se apresentam equivalentes aos da citricultura e também inferiores ao da soja. Em geral, o rendimento das pessoas na região Norte e Nordeste é muito mais baixo que no Centro Sul (PAES, 2007, p ). A advogada Elimara Aparecida Assad Sallum (2007, p ), compara a formalidade nos empregos criados no Brasil. A média brasileira é de 45% de formalidade previdenciária nos empregos, sendo que na área agrícola do setor da 36

37 cana esta porcentagem chega a quase 73%. Ela ainda mostra que no centro sul, a produção de cana tem 85% de formalidade, e em São Paulo chega a atingir quase 94%. Os indicadores de trabalho do setor mostram a diferença de desenvolvimento regional presente o país. As regiões mais pobres têm como característica salários menores e menor utilização de mão-de-obra. Elimara faz estas comparações a fim de mostrar como a produção de cana pode ajudar a mitigar um dos problemas que hoje representa o maior desafio da sociedade brasileira: a desigualdade social. Como a produção de etanol possui reflexos significativos na expansão da renda, na geração de empregos e na geração de excedentes de energia elétrica, se a expansão da produção ocorrer em regiões do Nordeste e Centro Oeste, ela favorecerá a redução das desigualdades no Brasil. Os efeitos diretos e indiretos se concentrarão nos mercados locais, ainda que a região Sudeste tenha bastante influência nos efeitos indiretos e induzidos da cadeia produtiva, visto que esta é a região mais desenvolvida do país. Conforme já citado, a produção de cana-de-açúcar e etanol está bastante concentrada em São Paulo, com tendência de expansão para o Centro Sul do Brasil, destacando o triângulo mineiro, o sul de Goiás e o Mato Grosso do Sul. Contudo, também existem áreas adequadas à expansão da cana-de-açúcar nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte. 37

38 Figura 1: Mapa de localização das usinas no Brasil Fontes: MME, MAPA, UNICA (2007) Vale citar que o Centro de Tecnologia Canavieira, entre outras instituições, avaliou o impacto da colheita de cana mecanizada sobre os empregos demandados. Tem-se que para uma situação hipotética de 100% de mecanização em São Paulo e 50% no restante do país, haveria uma redução de 165 mil empregos em relação aos sistema de queima e corte manual. Apesar de este processo estar em curso, devese considerar também que a utilização da palha como fonte energética, poderá gerar aproximadamente 12 mil novos postos de trabalho, sem computar os empregos indiretos (MACEDO, p. 229 a 231). Considerando o potencial de geração de renda, é de se esperar também um aumento da renda per capita nas regiões mais pobres do país que venham a produzir etanol. Desta maneira, a produção de etanol favoreceria a redução das disparidades regionais da distribuição de renda. Instrumentos de Monitoramento e Certificação Muito importante para que o processo de expansão da agroindústria da cana seja tão favorável quanto possível e coerente com o idealizado, é a eficácia na implementação do Selo Sócio-Ambiental que exige diversos requisitos ambientais e 38

39 trabalhistas e é responsável por garantir plantio e comercialização sustentáveis. Deste modo, o selo indicará quais produtores atendem aos padrões, proporcionando confiança quanto aos requisitos técnicos, sociais e ambientais que podem ser exigidos internacionalmente, e representando critérios úteis à promoção das exportações e à eliminação de barreiras ao comércio. A certificação é essencial na medida em que impede práticas negativas ao meio ambiente, à sociedade e ao homem e projetam uma melhor imagem internacional do Brasil, esclarecendo os supostos riscos decorrentes de uma expansão mundial do consumo de álcool. Especialmente por envolver o posicionamento do Brasil no exterior, a certificação deve ser objeto de um trabalho sistemático das instituições brasileiras, de informação e divulgação do funcionamento da atividade da produção de cana e álcool. Para que se obtenha este selo que esta sendo criado, deve-se suprir uma diversidade de critérios, que, entre outros, inclui: licenciamento e equacionamento dos passivos ambientais e soluções ambientalmente responsáveis; uso racional da água e energia; redução da emissão de gases poluentes e causadores de efeito estufa; processo de expansão dando preferência para áreas já ocupadas, com baixa produtividade e/ou ambientalmente degradadas e adesão à convenção coletiva nacional, que visa estabelecer para os trabalhadores a formalização do trabalho, respeito à legislação e padrões de saúde, transporte etc. Será indispensável exigir a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (matas ciliares, nascentes, topos de morros, contornos de lagos, lagoas etc.) e de áreas de Reservas Legais, por exemplo. As reservas legais correspondem a um percentual do imóvel rural que é destinado para reserva florestal. Normalmente, este percentual é de 20%, mas pode atingir 80% na Amazônia Legal e representa 35% em áreas de cerrados da Amazônia Legal (SALLUM, 2007, p ). Com relação às áreas já ocupadas, o selo deve exigir o reflorestamento. Além disso, já existe maior cautela em relação à ocupação de novas áreas para o cultivo da cana. Medidas como o controle de erosão, redução da sedimentação e manutenção da biodiversidade terão um efeito ambiental positivo, mostrando que o etanol brasileiro também é um agente de reflorestamento e conservação. Há uma 39

40 grande expectativa de que o Selo Sócio-ambiental se torne um diferencial importante para o comercio de etanol, transferindo segurança para os parceiros externos e fortalecendo o processo de construção do mercado internacional deste combustível. Como visto acima, a expansão deverá ocorrer preferencialmente em áreas de pastagens ou já sem a cobertura vegetal original. Mesmo que exista disponibilidade de terras agriculturáveis, a expansão da produção de etanol deve seguir parâmetros de preservação, sustentabilidade e de recuperação desses ecossistemas. Para lograr esse desafio, o Brasil dispõe de instrumentos fundamentais, como o sistema de Zoneamento Econômico-Ecológico, de Análise Ambiental Integrada e de Delimitação de áreas Protegidas. Existe o Zoneamento Agro-Ecológico que também ampara o processo de expansão da produção de etanol. Estes programas visam criar uma política de ocupação de determinado território como a confecção e uso de mapas. Estes mapas possuem descrições e análises da potencialidade para o plantio das principais variedades de cana-de-açúcar e distinguem 4 diferentes tipos de áreas, como (i) Áreas onde já se verifica o plantio de cana-de-açúcar e produção de etanol; (ii) Regiões incentivadas; (iii) Regiões aptas ao plantio, considerando aspectos agroclimáticos, e (iv) Áreas de restrição por questões ambientais ou legais. Outro forte instrumento visando proteger o meio ambiente é a legislação ambiental. São restrições legais ao uso do solo, necessidade de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) para obtenção de licença para atividades de significativo impacto ao meio ambiente. Algumas áreas são consideradas mais sensíveis do ponto de vista ambiental, são as chamas de Área de Proteção Ambiental (APA) e Áreas de Recarga de Aqüíferos. Para o licenciamento ambiental de empreendimentos em APAs a legislação é mais restritiva, visando evitar ou impedir atividades que possam degradar a qualidade ambiental (NETO, 2007, p.78). A legislação ambiental brasileira busca conciliar a conservação e a recuperação ambiental às necessidades humanas. Contudo, a posição do etanol como um produto limpo com produção limpa pode ir além das exigências legais, buscando melhoria ambiental continua do processo de produção. Esta iniciativa é essencial e exigida na posição do país como produtor mais competitivo internacionalmente. 40

41 O setor sucroalcooleiro e Governo devem trabalhar conjuntamente para consolidação de standards e padrões a serem praticados para garantir a credibilidade dos critérios e qualidade adotados em todo processo de produção e industrialização, tanto internamente como no âmbito internacional. Considerando-se também que não existe experiência similar mundial de produção de etanol de cana (pois os países pobres, também colonizados, com base na atividade canavieira, não passaram a produzir etanol), serão as iniciativas brasileiras o ponto de partida mais importante para a discussão de qualquer modelo de certificação do produto. 3.2 Como a Produção e o Comércio Internacional de Etanol Reforçam o Elo Cooperativo Entre o Brasil e Seus Principais Parceiros Comerciais Os Estados devem cooperar uns com os outros para garantir o desenvolvimento e eliminar obstáculos ao mesmo. A comunidade internacional deve promover uma cooperação internacional eficaz visando à realização do direito ao desenvolvimento e à eliminação de obstáculos ao desenvolvimento. O progresso duradouro necessário à realização do direito ao desenvolvimento exige políticas eficazes de desenvolvimento em nível nacional, bem como relações econômicas eqüitativas e um ambiente econômico favorável em nível internacional (ALVES, 2002) O Desenvolvimento do Setor de Cana-de-açúcar e Etanol no Brasil Histórico O crescente interesse na substituição de derivados de petróleo, na redução de emissões de gases poluentes e na mitigação do efeito estufa, tem provocado uma intensa demanda de informações sobre o desenvolvimento do setor de etanol brasileiro. Sendo assim, é importante fazer um breve relato do conhecimento brasileiro nesta área. A cana-de-açúcar (Sccharum officinarum) foi trazida ao Brasil pelos Portugueses no início do século XVI e foi introduzida em duas regiões diferentes, no Nordeste e no Sudeste. A princípio, a primeira região apresentou melhores condições de adaptação ao cultivo do que a região de São Paulo. Este comércio representou o segundo ciclo econômico durante a colonização, após o declínio do ciclo do pau-brasil. No entanto, o cultivo da cana também foi levado ao Caribe por holandeses, franceses e espanhóis, onde obtiveram melhores resultados, o que causou a primeira crise do cultivo da cana no Brasil. Apesar da difícil conjuntura, a 41

42 cultura da cana não foi eliminada do país, pelo contrário, foi possível estabelecer uma base para a agricultura e indústria da cana, que tornou-se uma atividade importante, principalmente na região da Zona da Mata. 1 A economia nacional aprendeu a conviver com as constantes crises e flutuações do mercado internacional de açúcar concomitantemente com outros ciclos econômicos, como do ouro e do café. O cultivo de cana se fortaleceu, principalmente na região Sudeste onde imigrantes vindos da Europa desempenharam um importante papel no desenvolvimento industrial da região. Produção e Consumo: 4 Momentos Apesar de esforçadas iniciativas utilizando álcool combustível como aditivo à gasolina desde 1920, somente a partir de 1931 ele passou oficialmente a ser adicionado àquele combustível, na época, importado. Contudo, a experiência brasileira começa a se destacar com a criação do Programa Nacional do Álcool - o Proálcool, que estabeleceu as condições essenciais para a transformação do setor sucroalcooleiro em uma das mais modernas indústrias de álcool do mundo, com favoráveis efeitos ambientais e econômicos. O Proálcool foi criado como alternativa para as crises do petróleo em 1973 e 1979, e a conseqüente escalada de preços de importação do produto. Esse Programa, administrado pelo Ministério da Indústria e Comércio, através da CENAL - Comissão Executiva Nacional do Álcool tinha como foco principal o atendimento das necessidades do mercado interno e externo e uma política de combustíveis automotivos visando à obtenção de álcool para substituir o petróleo e seus derivados, em especial a gasolina. A base do programa estava na expansão da oferta, incentivando à produção do etanol oriundo da cana-de-açúcar, da mandioca ou de qualquer outra matéria-prima, a fim de introduzir no mercado a utilização da mistura de gasolina com álcool (álcool anidro) e o desenvolvimento de veículos movidos exclusivamente a álcool (álcool hidratado). Em um artigo na revista Política Externa, Antonio José Ferreira Simões define quatro momentos distintos de produção e uso de etanol em larga escala no Brasil. 1 A Zona da Mata é uma área que se estende por 150 quilômetros ao longo da costa nordestina. 42

43 O primeiro inicia-se em 1975, devido às conseqüências do choque de preço do petróleo, em 1973, conjunturalmente com a baixa de preços do açúcar no mercado internacional e o excesso de oferta deste produto no mercado interno. Este período também conhecido como a primeira fase do Proálcool, terminou em 1979, e caracterizou-se por atitudes governamentais que estimularam o setor sucroalcooleiro, que produzia em torno de 625 milhões de litros nas médias dos anos de 1974 e 1975, a atingir a meta estabelecida de 3 bilhões de litros de álcool em O principal instrumento utilizado nesta fase foi a concessão de crédito subsidiado aos projetos aprovados pelos órgãos executivos do programa. Os financiamentos cobriam a até 80% do investimento fixo para destilarias à base de cana-de-açúcar e até 100% dos investimentos na parte agrícola (SIMÕES, 2007, p. 29). Foram de vital importância os incentivos pelo Proálcool ao desenvolvimento tecnológico do setor. Além das políticas de caráter econômico, destacam projetos melhoramento genético da cana-de-açúcar, de pesquisas e inovações tecnológicas. A partir de 1975, os avanços em tecnologia no setor responderam por 33% de aumento em toneladas de cana por ha, 8% de elevação no teor de sacarose na cana e 14% de aumento na eficiência industrial de conversão da sacarose da cana em açúcar e álcool. Foram esforços como estes que proporcionaram avanço como maior competitividade e menor custo de produção. Um segundo momento, de 1979 a 1989, foi quando o Governo lançou a Segunda Fase do Proálcool, marcado pelo segundo choque do petróleo, em 1979 que fez os preços novamente dispararem no mercado internacional. Esta fase é considerada o apogeu do programa e caracterizou-se por uma meta ambiciosa de produzir 7,7 bilhões de litros em cinco anos (UNICA, 2007, p. 22). Nesta etapa, o Governo Federal reformulou aspectos do programa que passou também a incluir medidas de estímulo à demanda, visando à substituição de derivados do petróleo pelo biocombustível. Logo, a produção de etanol hidratado passou a crescer mais do que a do anidro e as vendas anuais de carros movidos exclusivamente a etanol hidratado cresceram tanto que atingiram cerca de 96% dos veículos novos vendidos para o mercado doméstico. Embora o Proálcool não tenha surgido com o propósito especifico de reduzir emissões de poluentes, a combinação de etanol com a 43

44 gasolina ou seu uso exclusivo nos veículos automotores contribuiu para benefícios ambientais importantes. Pode-se observar, na Tabela 1, que a produção de álcool anidro no Brasil apresenta um vigoroso crescimento a partir de Por quase uma década, o país teve de importar o combustível, no mesmo período em que os estoques foram negativos. A produção de álcool hidratado, de 1987 a 2002, é apresentada na Tabela 2, onde se constata uma forte queda no consumo desse tipo de álcool a partir de Tabela 1: Produção, importação, exportação e variações de estoque/perdas de álcool anidro no Brasil, em 10³ m³, de 1987 a Produção Importação Exportação Perdas e variações de estoque FONTE: MME (2003) Tabela 2: Produção, importação, exportação e variações de estoque/perdas de álcool hidratado no Brasil, em 10³ m³, de 1987 a Produção Importação Exportação Perdas e variações de estoque FONTE: MME (2003) Um terceiro momento, de 1989 a 2000, foi marcado pela desestruturação dos incentivos governamentais. Com a ligeira redução dos preços do barril de petróleo no mercado internacional, as decisões referentes ao planejamento, produção e comercialização das atividades do setor foram gradativamente repassadas para a iniciativa privada. Devido ao cumprimento dos objetivos do Proálcool a adição do etanol na gasolina ganhou escala nacional e importância estratégica. Apesar do álcool hidratado como combustível exclusivo cair em desuso com o fim dos subsídios, a mistura de álcool anidro a gasolina foi impulsionada após decisão governamental de estabelecer mistura obrigatória, em Atualmente, a gasolina comercializada no país contém de 20% a 25% de etanol em sua mistura, este 44

45 percentual de adição de álcool anidro a gasolina é fixado pelo Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool - Cima (UNICA, 2007, p. 24). A quarta etapa, desde 2000 ate os dias atuais, foi lançada com a revitalização do Proálcool. A forte desvalorização da moeda nacional e a elevação dos preços do petróleo no mercado internacional, a partir de 2002 levaram a liberalização de preços dos produtos setoriais e a possibilidade de aumento das exportações de etanol. Outra característica importante foi a introdução dos veículos flex-fuel 2 em 2003, que propiciaram um novo incentivo è demanda por álcool combustível. Os veículos flex representaram 78% das venda de veículos novos em (SZWARC, 2007, p. 80). Assim, a dinâmica do setor tornou-se mais dependente dos mecanismos de mercado externo, o que levou a mais investimentos, expansão da produção e modernização tecnológica. De maneira que atualmente o etanol de cana-de-açúcar no Brasil é produzido de modo eficiente e a preços competitivos. Estima-se que o investimento total no Proálcool tenha sido de, aproximadamente, 12 bilhões de dólares desde 1976 e que o programa tenha proporcionado ao país uma economia de cerca de 29 bilhões de dólares em divisas. O investimento teve como resultados a produção duas vezes maior de etanol por hectare e redução do custo (UNICA, 2007, p. 23). O rápido crescimento do Proálcool facilitou a criação de uma grande indústria de álcool no país, que ainda possui um potencial significativo para aumentar sua eficiência energética e reduzir seus custos de produção. A liberalização dos preços da cana e do álcool tem fomentado a materialização desse potencial. Atualidade Especialistas, como o engenheiro Alfred Szwarc, consideram o Brasil um grande laboratório mundial no uso do etanol como combustível automotivo. O desenvolvimento da produção e do uso do etanol no Brasil, desde 1975, revelam-se como a implementação mais importante de um programa de combustível comercial renovável no mundo (SZWARC, 2007, p ). 2 Os veículos flex-fuel tem um sistema flexível de gerenciamento de motores que é capaz de adaptar o motor de um veiculo a exclusivamente com etanol ou gasolina ou qualquer de suas misturas. 45

46 O processo de produção de cana, açúcar e álcool no Brasil apresenta algumas diferenças importantes em relação ao de outros países. Um benefício consiste na possibilidade de produção durante o ano todo, pois existem dois períodos distintos de safra, devido às diferenças geográficas onde se concentram as maiores regiões produtoras, o Centro-Sul e no Norte-Nordeste do país. Outra vantagem mostra que atualmente, desde o plantio à comercialização do produto final, é possível dinamizar todo o processo praticamente sem intervenção ou subsídios do governo. Atualmente, o único incentivo que ainda permanece é o da redução de impostos para os veículos movidos a álcool hidratado, devido a obrigatoriedade da mistura à gasolina. Os produtos da cana-de-açúcar tampouco têm qualquer mecanismo de suporte de preços de políticas púbicas. Esta necessidade desapareceu em virtude dos avanços na competitividade, o que é fundamental para a sustentação do setor. Desde 1999, cabe integralmente ao setor privado a responsabilidade pelas decisões de produção e comercialização dos derivados da cana, açúcar e álcool. Os preços são definidos de acordo com as oscilações de oferta e demanda, respeitando o regime de livre mercado. A organização e gerenciamento do processo, que garantem dar estabilidade à produção e demanda dos produtos do setor sucroalcooleiro também se concentram bastante na área privada, que tem buscado criar instrumentos de mercado, como operações futuras, e abrir novos mercados para o açúcar e para o álcool, através de quebras de barreiras protecionistas. Também há esforços para transformar o álcool em commodity e de buscar a aprovação de projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) que, por exemplo, poderão possibilitar a comercialização de créditos de carbono, por meio da cogeração 3, assim facilitando a aceitação do combustível no mercado internacional. Como a eficiência do setor não resulta da ação do poder público, trata-se, portanto do resultado de uma produção exposta diretamente à concorrência internacional, seja competindo nos mercados mundiais, seja num mercado nacional. O custo de produção do etanol nas usinas mais eficientes é competitivo com o custo internacional da gasolina sem aditivos, e há grande possibilidade de aumento dessa 3 A produção combinada de calor energia elétrica excedentes que provem da queima do bagaço da cana e que são passíveis de serem comercializados. 46

47 competitividade sustentada por investimentos em logística e produção e significativo desenvolvimento e implementação de tecnologias. Considerando que a tecnologia será essencial para os próximos anos, novos processos incluem, por exemplo, a agricultura de precisão, sistemas integrados de colheita, transporte de cana e palha e maior automação industrial além de avanços genéticos. A modificação genética da cana está progredindo rapidamente em escala experimental, incluindo testes de campo. O genoma da cana foi mapeado em 2001 em São Paulo e alguns projetos estão em desenvolvimento em instituições públicas e privadas. A diversificação de produtos é igualmente importante e inclui etanol de segunda geração e produtos da sacarose e alcoolquímica. É importante lembrar ainda que para reforçar essa posição competitiva, ações devem incluir a massiva difusão dessas tecnologias e inovações. Segundo Isaias de Carvalho Macedo, a produção de cana-de-açúcar representa cerca de 25% da produção mundial, que implica em 13,5% da produção mundial de açúcar e 55% da produção de álcool. O número de unidades industriais é de aproximadamente de 350, todas de propriedade privada. A indústria de álcool fornece combustível para o maior programa de conversão de biomassa em combustível liquido do mundo (MACEDO, 2005, p. 248). Mas, essa composição de produtos é afetada por um conjunto de fatores, que incluem, principalmente, a variação no preço internacional do açúcar e do petróleo, o valor da moeda nacional frente ao dólar e outras moedas, e considerações de custos de produção dos produtos. Neste cenário o país se sobressai, pois detém o menor custo de produção, tanto de cana-de-açúcar, quanto de açúcar. Depois de mais de trinta anos, o etanol está consolidado como um combustível renovável, limpo e barato no Brasil. A capacidade instalada para produção de álcool está estimada em 18,2 bilhões de litros ano. As projeções indicam que, até 2010, deverão operar 89 novas plantas, devido investimentos de aproximadamente 10 bilhões de dólares, que produzirão mais 8 bilhões de litros a partir de expansão da área cultivada de apenas 2 milhões de hectares. Para o Programa de Aceleração do Crescimento - PAC serão aplicados, nos próximos quatro anos, R$ 17,4 bilhões na infra-estrutura de combustíveis renováveis. Esse recurso será investido na implantação de 77 usinas de etanol e 46 de biodiesel, além 47

48 da construção de quilômetros de dutos para o transporte dos combustíveis (UNICA, 2007, p.38) Os Motivos Para Cooperar e Buscar Cooperação As Discussões Sobre o Meio Ambiente O modelo de desenvolvimento adotado pelos países centrais gerou impactos ambientais que se sobrepõem aos limites territoriais dos Estados. O professor Wagner Costa Ribeiro (RIBEIRO, 2005, P.12), aponta que: problemas como o avanço da desertificação fenômeno que se caracteriza pelo aumento das regiões desérticas na Terra, diminuindo as áreas agriculturáveis [...] -; o lançamento de gás carbônico na atmosfera principalmente a partir da queima de combustíveis fósseis -; a chuva ácida [...], entre outros exemplos, repercutem não apenas no local onde ocorrem. Eles ultrapassam os limites territoriais das unidades políticas sem respeitar os limites elaborados pela geografia e pela história dos lugares e de quem os habitam. Os fenômenos decorrentes da mudança climática terão um impacto em elementos fundamentais para a vida humana, como a agricultura, o acesso à água, alimentos, a saúde e meio ambiente. As catástrofes previstas também incluem o derretimento das geleiras, que trará o aumento dos níveis do mar e o risco de inundações nos períodos úmidos e redução severa do suprimento de água nos períodos secos, a acidificação do oceano e a proliferação de doenças como malária e dengue. Sendo assim, a partir da crescente consciência de que a crise ambiental é realmente grave e ameaça o planeta, o tema dos biocombustíveis ganhou maior espaço na agenda mundial. Hoje, o maior interesse no uso do etanol como fonte de energia vem da necessidade de substituir uma parcela do petróleo utilizado e de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. A possibilidade de reduzir a poluição local em centros urbanos, com a mistura na gasolina, são razões importantes para esse interesse, que se traduz em incentivo aos países que possuem compromissos de redução de emissões assumidos no âmbito do Protocolo de Kyoto à Convenção sobre Mudança Climática. O trabalho realizado no Brasil é particularmente importante porque mostrou a possibilidade de se atingir níveis de produção muito significativos com custos competitivos. 48

49 Os países desenvolvidos contribuíram com 84% do total de emissões de gases do efeito estufa desde 1800 no mundo. Independentemente do nível discutido como limite para as emissões anuais de GEE, os países desenvolvidos deverão reduzir suas emissões atuais para, entre outros motivos, acomodar o crescimento dos não desenvolvidos, e as diferenças em emissões são grandes. Em 1996, os lançamentos de carbono per capta nos Estados Unidos, por exemplo, foram de 5,37t, sendo que na maioria da Asa e América latina concentraram-se entre 0,5 3 1,0t. Como a evidência dessas mudanças no clima vêm se manifestando de forma cada vez mais danosa e abrangente, se torna latente a necessidade de cooperação entre os países para estabilizar este cenário. O desafio é determinar ações ousadas para alcançar os efeitos desejados. No âmbito econômico, estudos podem proporcionar uma orientação para tomada de decisões efetivas e eficientes para cooperação, como exemplos o mercado de carbono, o suporte para países em desenvolvimento e cooperação internacional para acelerar a inovação e difusão de energia eficiente. O uso de álcool como fonte de energia tem o apoio para se tornar uma forma de utilização de créditos de carbono, uma vez que o ciclo de produção e uso do álcool etílico pode ser considerado neutro em termo de emissões de CO2. Ou seja, o CO2 gerado em qualquer etapa do ciclo de produção terá uma determinada quantidade equivalente absorvida pela cana-de-açúcar durante o seu crescimento. Embora nenhuma região esteja livre da mudança do clima em decorrência da poluição, estima-se que as conseqüências em virtude das mudanças climáticas não afetarão a todos da mesma maneira. Os países periféricos e em desenvolvimento serão mais intensamente afetados, devido sua exposição geográfica, falta de recursos para enfrentar as mudanças, baixa renda da população e maior dependência econômica de atividades sujeitas às mudanças, como a agricultura. Mesmo que não seja ainda possível vislumbrar, à luz dos padrões tecnológicos atuais, uma substituição integral dos combustíveis fósseis por biocombustíveis, estes podem aportar uma contribuição significativa e economicamente viável também para o aumento da segurança de fornecimento, ao contribuir para diminuir a dependência do petróleo, reduzir a pressão da demanda sobre os preços e adiar o esgotamento das reservas. 49

50 As Discussões Sobre Sustentabilidade É impensável discutir a sustentabilidade dos biocombustíveis no mundo sem entrar na questão da eficiência, o que impõe considerar a produtividade por hectare, a baixa dependência de combustíveis fósseis para sua produção e a menor emissão de gases de efeito estufa oriunda de sua utilização. Nesses pontos, a produção brasileira é exemplo para o mundo. Da mesma forma que o país tem know-how para produzir e expandir sua produção de cana-de-açúcar, também tem como fazê-lo seguindo critérios responsáveis. O Brasil empunha a chance de ajustar a criação dessas regras e mostrar ao mundo que a preocupação com os impactos da produção ao meio ambiente é um tema que começa a fazer parte da rotina do produtor brasileiro. Segundo o professor Ribeiro, o conceito de desenvolvimento sustentável procura regular o uso dos recursos naturais por meio do emprego de técnicas de manejo ambiental, de combate ao desperdício e a poluição. Este conceito define que as ações humanas dirigidas para a produção de coisas necessárias a reprodução da vida devem evitar a destruição do planeta. (RIBEIRO, 2005, p. 109). Assistir a uma mudança no modo de vida de populações dominantes no sistema internacional não é uma utopia, mas sim uma necessidade imposta cada vez com mais imponência pela natureza. Isso quer dizer que existe a possibilidade de estabelecer um sistema de gestão do planeta que seja adequado ao de recursos vitais à existência humana. A evolução mundial da produção e uso dos combustíveis no geral construiuse historicamente pela substituição das fontes mais utilizadas naquela conjuntura, por outras mais práticas e rentáveis, por exemplo, houve a substituição da lenha por carvão; de carvão por petróleo, até avançar na procura de alternativas que passaram a priorizar a sustentabilidade do uso da energia, como mostra no Gráfico 4. O uso da diversidade vegetal varia também devido à densidade demográfica e disponibilidade de recursos. Então, considerando a estimativa de que, no ano de 2050, aproximadamente 90% da população mundial estará vivendo em países em desenvolvimento, o cultivo apropriado e mais consciente da biomassa principalmente para suprimento de energia se faz essencial para o futuro. 50

51 Gráfico 4: Século XXI - O Início de Uma Nova Era em Energia FONTES: Nakícenovic, Grübler e MaConald (1998) Frank Rosillo-Calle (2005, p. 419) lembra que a biomassa tem sido a principal fonte de energia para a humanidade desde tempos imemoráveis. Foi com o advento do carvão e do petróleo, no século XX, particularmente a partir da Segunda Guerra Mundial, que a biomassa passou a ser gradualmente substituída, mas ela ainda é a maior fonte de energia em muitos países em desenvolvimento, assim como tem se tornado importante nos países industrializados. Atualmente existe o uso primitivo e o uso moderno da biomassa. O autor afirma que a tendência consiste no seu uso moderno, que leva países desenvolvidos e em desenvolvimento a procurar as aplicações mais avançadas no setor, a utilização de forma renovável e ambientalmente correta. O problema na maneira em que tem se utilizado tradicionalmente a biomassa envolve o consumo não-sustentável e baixa eficiência de conversão, o que não se mantém dentro das demandas atuais. A crescente conscientização da sociedade com a preservação do meio ambiente e o uso sustentável dos recursos naturais se tornaram fatores determinantes para as profundas alterações no setor energético. Nesse sentido, as perspectivas futuras para a biomassa voltam-se claramente para os biocombustíveis, que são os vetores energéticos mais atuais. Existe um potencial considerável para a modernização do uso industrial de combustíveis de matéria vegetal no mundo, especialmente para a geração de 51

52 eletricidade e combustível automotivo. Alguns países possuem maiores dificuldades para desenvolver seu uso eficiente e sustentável, e menor potencial para transformá-las em oportunidade de empreendimentos, pois os projetos para o setor dependem da sustentabilidade ambiental, bem como de algum tipo de garantia de geração de renda, boas condições locais e diversos benefícios; e sua implementação implica em iniciativas políticas e governamentais. Daí deriva um crescente interesse de inúmeros países pela bioenergia que implica principalmente em combinação de considerações políticas, sociais, culturais, econômicas, ambientais e relativas a sustentabilidade. São diversas necessidades, obrigações e pressões que levam nações a convergirem em um esforço para diversificar sua matriz energética. Atitudes aproximam países com objetivos de criar estruturas que contribuam com eficiência, avanços tecnológicos e viabilidade econômica no setor energético. Cooperação e parcerias destacam-se como a mais promissora das estratégias possíveis para acessar as tecnologias necessárias para a ampliação da cadeia, pois contribuem para o desenvolvimento interno de capacidade tecnológica, além de diminuir os custos e os riscos envolvidos na realização de novas atividades que impulsionem o setor. Neste contexto, o Brasil exerce um papel primordial, uma vez que possui o conhecimento e as condições favoráveis relacionadas à produção em grande escala de combustível oriundo da biomassa, podendo assim estimular seus parceiros comerciais no mesmo sentido. As expectativas vividas no Brasil são de grande importância uma vez que seu programa energético nacional inclui densamente o uso sustentável da biomassa. Entretanto, sua implementação depende de alternativas como a viabilização técnica e econômica de alguns novos processos de conversão, ou do aumento da escala e da superação de barreiras tecnológicas que devem ser essencialmente consideradas no planejamento energético dos países. Cabe citar que a União Européia já mostrou interesse em comprar o etanol brasileiro, mas enfatizou que irá exigir padrões que comprovem que a produção é sustentável. Países como Reino Unido, Alemanha e Holanda discutem os padrões que deverão exigir dos exportadores. Vale lembrar que a proliferação de padrões que visam garantir a produção sustentável ou responsável é uma realidade. Exigidos por países e até mesmo por importadores, esses padrões (alguns mencionados no 52

53 capítulo 3.2.3) buscam assegurar uma produção responsável em relação ao meio ambiente, a questões sociais e trabalhistas, à segurança dos alimentos, etc. Ou seja, a energia da biomassa deve ser ambientalmente e socialmente aceitável para que seja assegurada a difusão de seu uso como uma fonte de energia moderna. Neste sentido, a biomassa energética esta gradualmente ocupando uma posição mais central na matriz de suprimento de energia ao redor do mundo. As Discussões Sobre o Mercado É evidente que a expansão econômica mundial tem o desafio de conciliar a crescente demanda por energia de forma sustentável, causando o menor impacto possível ao meio ambiente. Ademais essas discussões, a perspectiva econômica e mercadológica dos combustíveis renováveis e ambientalmente limpos também impulsiona o uso do álcool como fator decisivo na redefinição da matriz energética mundial, aproximando países diversas maneiras. São de essencial importância os esforços conjuntos com vistas à abertura de mercado internacional. Para esta construção deve-se considerar, dentre os principais aspectos a necessidade de mais países produzindo cana-de-açúcar. De tal modo que é fundamental estabelecer parcerias internacionais de acordo com interesses estratégicos e comerciais; associar-se aos grandes consumidores na ampliação do mercado internacional; atuar ativamente na difusão do modelo junto aos países em desenvolvimento; e, ampliar a influência brasileira no exterior com a expansão da cooperação. Essas iniciativas surgem como conseqüência natural da necessidade de substituição da dependência por combustíveis fósseis, impulsionada pela obrigatoriedade de mistura com combustíveis limpos em vários países e da aceitação do etanol como commodity energética. É, portanto necessária uma coordenação de interesses para difundir a produção e o uso de biocombustíveis no mundo. A premissa para que essa expansão tenha sucesso, é a concepção de um mercado firme para o etanol. Para que o seu uso se faça em condições internacionais, não bastam os esforços para produzir o combustível dentro das especificações mais coerentes, deve-se também considerar os mecanismos de mercado que assegurem a estabilidade de preços e garantam o 53

54 abastecimento. Ainda mais, pois nenhum país quer ficar dependente de um único fornecedor. E a criação de um mercado depende da existência de mais países produzindo e de legislações nacionais que tornem o uso do etanol obrigatório. Segundo o ex-ministro da agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues, o desenvolvimento da agroenergia é uma forma de chacoalhar a geopolítica do planeta. Ele explica que, onde há as melhores condições para se produzir cana-deaçúcar e biomassa é nos países tropicais, América Latina, Ásia e África, e o maior consumo está ao norte, criando "um fluxo de recursos de cima para baixo e um fluxo de combustíveis de baixo para cima". Assim, estabelecendo uma nova geopolítica mundial. O momento é promissor ao Brasil, que apresenta a bagagem necessária para impulsionar esse processo (BRAMATTI, 2007). Os países do hemisfério Sul, com vocação agrícola, têm potencial para a produção das matérias-primas necessárias para biocombustíveis e, portanto terão uma oportunidade de produzir riqueza e de desenvolver-se de modo sustentável. Países com longa história de produção de cana-de-açúcar como Haiti e Moçambique, por exemplo, reúnem as condições para tornarem-se eficientes produtores de etanol de cana, sem prejudicar a produção de alimentos ou o meio ambiente. Nesse sentido, o desenvolvimento dos biocombustíveis significa uma chance para que os países no Norte se adeqüem a padrões de consumo mais sustentáveis ao mesmo tempo em que os do Sul têm a oportunidade de reduzir os níveis de pobreza extrema nos quais se encontram centenas de milhões de indivíduos, sobretudo se considerarmos que grande parte da pobreza mundial encontra-se em regiões rurais deprimidas pelos fartos subsídios que os países ricos dão ao seu setor agrícola. Afinal, o desenvolvimento do comércio de etanol promove crescimento econômico, inclusão social e conservação ambiental. Os países ricos podem colaborar para prover essa experiência a regiões com condições geográficas e climáticas comparáveis às do Brasil. Em países pobres, o etanol representa redução dos gastos com a importação de petróleo, criação de empregos, receita de exportação, e estabelecimento de uma nova fonte barata de geração elétrica. Simultaneamente, a produção de biocombustíveis contribui para a geração de 54

55 emprego e o aumento da renda para as populações menos favorecidas e para a retenção dos trabalhadores no campo. A atuação brasileira, em âmbito global, pauta-se em democratizar a produção mundial de energia, com a conseqüente redução de assimetrias e desigualdades entre países consumidores e produtores. O Brasil vem exercendo forte liderança na articulação de ações internacionais de promoção dos biocombustíveis, em vista do reconhecimento técnico e científico conquistado mundialmente. Com o objetivo de criar um mecanismo de coordenação entre os maiores produtores e consumidores de biocombustíveis, Brasil, África do Sul, China, Estados Unidos, Índia e a União Européia lançaram, em março de 2007, em Nova Iorque, o Fórum Internacional de Biocombustíveis - FIB. Os participantes do fórum trabalham em conjunto para que esses combustíveis sejam difundidos mundialmente. Atualmente, a produção de energia concentra-se em cerca de 15 países, ao passo que há potencial para o desenvolvimento dos biocombustíveis em, pelo menos, 120 países (Figura 2). Incalculáveis benefícios resultariam do processo de difusão do etanol, se países das Américas, Caribe, África e Ásia se tornassem, além de consumidores, exportadores. Os biocombustíveis representam uma oportunidade de desenvolvimento de potenciais econômicos, especialmente para países menos desenvolvidos, permitindo maior integração ao comércio internacional. Figura 2: O Potencial de Bioenergia no Mundo Fonte: FAO (2004) 55

56 Apesar da disponibilidade de tecnologia e o know-how necessários para que o etanol venha a ser adotado no plano internacional, é imprescindível que os governos adotem medidas para a inclusão dos biocombustíveis na matriz energética de seus países. Neste sentido, existem perspectivas que muitos países adicionem a mistura de álcool à gasolina e ao diesel, criando oportunidades amplamente favoráveis à expansão do mercado internacional. Muitos definiram metas para a redução de consumo de gasolina e para a utilização de etanol, conforme dados da tabela 3. Tabela 3: O Mercado Internacional de Etanol Fonte: GV Agro, 2007 Portanto, se antes o Brasil se esforçava, muitas vezes sem apoio, em defesa do uso de combustíveis renováveis, buscando com dificuldades se aproximar de alguns países que se dispunham a cooperar nessa área, hoje essa nova circunstância internacional abre outras possibilidades para o país. As ações já não se reduzem a aproximação com alguns poucos interessados para promover e disseminar a utilização dos biocombustíveis, essencialmente o etanol. Uma nova realidade se configura no plano externo caracterizada pelo interesse despertado no mundo pela experiência brasileira na área de biocombustíveis. Prova disso é essa 56

57 grande demanda de países que procuram com o Brasil cooperação técnica em biocombustíveis. Mérito este consolidado através de negociações diplomáticas e acordos bilaterais e multilaterais que visam estreitar a política de cooperação e compromissos internacionais. Iniciativas significativas abrangem organismos internacionais e países que buscam promover o objetivo de incorporar os combustíveis na matriz energética dos países em desenvolvimento, com sua operacionalização por meio de assinatura de acordos. Destacam-se, neste sentido, o Memorando de Entendimento assinado em setembro de 2006, entre os membros do IBAS para Estabelecer uma Força-Tarefa Trilateral sobre Biocombustíveis (BRASIL, 2006a); o Memorando de Entendimento com a Índia, referente à Cooperação Tecnológica na Área de Mistura de Etanol, assinado em abril de 2002 (BRASIL, 2002); os Protocolos de Intenções sobre Cooperação Técnica na Área de Técnicas de Produção e Uso de Etanol Combustível com Belize, El Salvador e Guatemala; o Acordo de Cooperação Técnica entre Brasil e Senegal para a implementação do projeto Formação de Recursos Humanos e Transferência de Tecnologia para Apoio ao Programa Nacional de Biocombustíveis no Senegal, entre outros. Os trabalhos com os EUA destacam-se no sentido de estruturar uma parceria com vistas a trazer um programa de atuação conjunta em terceiros países. Este trabalho abrange a produção local do etanol que proporciona às economias desses países os benefícios do ciclo completo da produção, distribuição e comercialização do produto. Assim, tanto os EUA, como os demais países desenvolvidos que seguirem o exemplo terá um incentivo adicional para cumprir os compromissos de liberalizar o comércio agrícola internacional. Uma vez que a eliminação dos subsídios ao milho norte-americano e à beterraba européia significa uma menor distorção do comércio internacional e mais espaço para produtores de países em desenvolvimento. Adicionalmente, é objetivo do Brasil estimular estudos científicos e inovações tecnológicas que garantam a sustentabilidade no longo prazo da produção de biocombustíveis, como iniciativas de cooperação técnica e de promoção de intercâmbio científico e acadêmico. Como já foi visto, o país também tem defendido a adoção de padrões e normas técnicas internacionais que permitam o 57

58 estabelecimento de mercado global para os produtos da cana. Dos vários países produtores, o Brasil foi o primeiro a ter uma Bolsa com contrato futuro do etanol (BM&F), que é condição essencial para que se tenha uma referência de preços, como ocorre entre outras commodities como o petróleo, gasolina, açúcar, etc. Percebe-se, portanto, que comparado com alternativas energéticas renováveis, o etanol é a opção de aplicação mais imediata e de custo mais competitivo. Embora não seja possível predizer a velocidade e abundância do crescimento da demanda internacional por álcool combustível no futuro próximo, é possível avaliar o aproveitamento potencial de expansão do uso do álcool que requer esforços contínuos de reorganização da produção. As ações de política externa brasileira devem pautar-se pelo objetivo estratégico de manter o país na vanguarda tecnológica dos biocombustíveis. Pois, sendo um país em desenvolvimento que ao longo dos últimos anos foi capaz de planejar, desenvolver e implementar, de forma pioneira, programas de produção e uso de etanol, é necessário continuar se mantendo no centro e à frente das iniciativas nesta área, com capacidade para influir no seu contorno e propósito. 3.3 Enfraquecimento do eixo Petróleo-Oriente Médio com a OPEP diante da relevância de um novo pólo energético de biomassa nas Américas A disputa pelo controle das fontes de energia explica diversos desenvolvimentos na história do homem. Vale lembrar que, na era pré-histórica, os primeiros grupos que dominaram as técnicas de fazer fogo passaram a ter vantagem comparativa importante sobre os demais. Já na era dos hidrocarbonetos, a partir de XIX, a busca pelo controle das fontes de energia passou gradativamente a ocupar mais espaço na política dos Estados (SIMÕES, 2007, P.21). Assim, fica claro que a energia deve ser vista não apenas pelo seu lado econômico e tecnológico, mas, sobretudo pelo seu lado político. A realidade política do tema e sua implicação econômica direta mostram que muitas grandes questões de estratégias internacionais estão relacionadas ou são diretamente resultantes de problema de acesso aos recursos energéticos. A era da pedra não acabou por falta de pedra, dizia o lendário xeique Ahmed Zaki Yamani, ministro saudita do Petróleo e dos Recursos Minerais da e principal 58

59 porta-voz da Opep, quando alertava que a era da pedra acabou quando inventaram alternativas a ela. Igualmente, a era do petróleo não acabará por falta de petróleo (UNICA, 2007) A OPEP Ao final do século XIX o petróleo despontou como uma importante fonte de energia. Durante a maior parte do século XX, apesar do aumento da demanda e conseqüente aumento da produção, o preço do petróleo, controlado pelas grandes multinacionais petrolíferas, foi mantido estável até início da década de 70 (FUSER, 2005, p.31). O primeiro poço de petróleo foi perfurado nos Estados Unidos em 1859, o que marcou o inicio da indústria do petróleo. Após a fase inicial de descoberta duas empresas passaram a dominar o mercado norte-americano e o nascente mercado mundial, a Rockfeller e a Standard Oil, que permaneceram nesta posição ate No entanto, logo, a pressão interna levou a dissolução dessas companhias. A Standard Oil foi dividida em sete empresas, mesmo assim ainda detinha um monopólio (SIMÕES, 2007, P.23). Segundo Simões (2007), a história do petróleo pode ser entendida em três fases. A primeira se inicia com as primeiras descobertas e vai até o primeiro choque do petróleo. A segunda fase vai até 2003, e a terceira chega aos dias atuais. Esta primeira fase é marcada pelo domínio das fontes de suprimento e pela preeminência das sete irmãs como eram chamadas as sete maiores companhias do setor (cinco eram norte americanas e duas européias). Elas controlavam, fora dos EUA e dos países comunistas, cerca de 75% das reservas existentes. Este monopólio colocou as sete irmãs entre as empresas mais rentáveis do mundo. Naquela época havia abundância de petróleo e os preços eram baixos. Mas a instabilidade política na maior região produtora, o Oriente Médio, criou uma série de conflitos que resultou na guerra do Youn Kippur 4. Como resultado do conflito, e no final desta fase, em 1960, foi fundada, na Conferência de Bagdá, a OPEP. A 4 A Guerra do Youn Kippur Ocorreu de 6 de Outubro a 22 de Outubro de 1973, entre Israel e uma coligação entre o Egito e a Síria. 59

60 Organização passou a impor os preços e controlar a produção como forma de pressão política contra Israel e seus simpatizantes. Os membros fundadores foram: Arábia Saudita, Kuwait, Ira, Iraque e Venezuela, países que retinham, e retêm ate hoje, algumas das maiores reservas de petróleo do mundo. A OPEP nasceu com o objetivo de unificar a política petrolífera dos países membros, centralizando a administração da atividade, o que inclui um controle de preços e do volume de produção, estabelecendo pressões no mercado. Assim, os países produtores de petróleo encontraram uma maneira de se fortalecerem frente às empresas compradoras do produto, em sua grande maioria pertencentes aos Estados Unidos, Inglaterra e Países Baixos, que exigiam cada vez mais uma maior redução nos preços do petróleo (SIMÕES, 2007, P.24). A segunda fase começa com o primeiro choque do petróleo, em 1973, quando a organização decidiu boicotar as vendas de óleo cru aos EUA e a Europa. Foi a primeira vez que os países produtores usavam a força do petróleo como arma política. O poder crescente da organização marcou esta fase. As reduções da produção e da exportação fizeram com que o preço do petróleo passasse de US$ 2 a 3, em 1973 para quase US$12 a 13 o barril. Com isso os países exportadores definiram uma nova era para o resto do mundo: a do petróleo caro e escasso. Seis anos mais tarde, em 1979, com o segundo choque do petróleo, as decisões da OPEP levaram o barril a 30 dólares (SIMÕES, 2007, p.24). Esta variação de preços, durante os anos 1960 e 2006, pode ser melhor observada no Gráfico 5. Gráfico 5: Preços do Diesel Cru 60

61 Fontes: BP Statistical Review e Petrobras A terceira fase começa a registrar uma interferência decrescente da OPEP, que passa a influenciar menos os preços do petróleo. O preço se torna mais volátil e a demanda pressiona mais, sobretudo em novas grandes regiões de consumo, como a Índia e a China. Atualmente, os países membros possuem 78% das reservas mundiais de petróleo. Suprem 40% da produção e 60% das exportações mundiais. (SIMÕES, 2007, p. 24). Apesar disso, o acesso às maiores reservas está mais limitado. Em alguns países produtores como Rússia e México prevalece o monopólio estatal e a questão de acesso ao petróleo se torna cada vez mais política. A tendência, com a diminuição do poder de pressão da OPEP, é que o aspecto ambiental, que aparece como forma efetiva de crescente pressão sobre os países desenvolvidos, impulsione o uso do etanol como combustível, principalmente para buscar um equilíbrio no uso de recursos que não estão distribuídos igualmente no planeta. A despeito das novas alternativas, o mundo ainda dependerá muito do petróleo, principalmente do Oriente Médio, que é uma região fragilizada por graves 61

62 crises e problemas. Todavia, essa dependência é gradativamente menor. Por isso, é indispensável a conservação do diálogo e o estabelecimento de uma interdependência mais cooperativa e politicamente responsável com os países que são grandes exportadores. Este caminho deve permanecer aberto para não comprometer os grandes desafios de suprimento energético que a sociedade mundial tem a enfrentar neste século. A questão-chave na indústria energética no início do século XXI é o acesso às reservas. Cerca de 80% das reservas mundiais de petróleo e gás natural estão nas mãos de empresas estatais de petróleo. Como essas empresas trabalham em sistema de monopólio, as demais companhias internacionais (em geral pertencentes ao mundo desenvolvido) não têm acesso a suas reservas. Cerca de 70% das reservas mundiais de petróleo e gás natural estão no Oriente Médio. Alguns autores entendem que o pico da produção de petróleo mundial deverá ser atingido nesta década. Outros insistem que isso só ocorrerá dentro de 20 ou 30 anos. Após o pico, a produção tenderá à diminuição. A maioria das companhias de petróleo prefere desconhecer publicamente essa realidade por temer efeitos sobre seu valor de mercado Pólo Energético Nas Américas Panorama Geral Dos Biocombustíveis Nas Américas Nos últimos anos, os interesses púbicos e privados no setor energético vêm se aprofundado nas Américas. A motivação para tanto, deriva, por um lado da maior consciência por parte dos governos a respeito das vantagens de integração. E também, por existir uma realidade de mercado que instiga uma integração cada vez maior na região. O reconhecimento do potencial dos biocombustíveis pode diversificar a matriz energética de todo continente americano. Sua função é unir esforços para intercambiar experiências realizadas na região, com vistas a alcançar a máxima eficiência no emprego dessas fontes, de forma a promover o desenvolvimento social, tecnológico, agrícola e produtivo. 62

63 O Brasil tem contribuído fortemente para acirrar a discussão a respeito da utilização de energias renováveis, em especial de etanol, a partir do reconhecimento de que o país é detentor de importante experiência acumulada na área e ressaltando o fato de que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do mundo. São reconhecidos também os esforços brasileiros em ampliar a cooperação para o desenvolvimento dos biocombustíveis com países da região, exaltando sua importância para matriz energética dos países do hemisfério. Assim, o país tem estimulado a integração energética com a promoção da diversificação da matriz nos países da região e com o incentivo às fontes de energia renováveis. Nesse sentido, o apoio começa na produção e abrange a comercialização do etanol na região, com o objetivo de contribuir para o aproveitamento das importantes vantagens competitivas dos países americanos e reconhecendo a oportunidade de se produzir riqueza e desenvolvimento de modo sustentável. Esses esforços têm como objetivo promover, por meio do intercâmbio de experiências e cooperação técnica, o desenvolvimento social, econômico e a erradicação da pobreza na região. A diversificação da matriz energética é, ainda, fator inegável de estabilidade, pois atenua a exposição dos países às flutuações de preços e de oferta de energia. Não se pode negar que os combustíveis nãorenováveis ainda permanecem como importantes fontes primárias de energia e que o seu uso eficiente, em conjunto com tecnologias limpas, constitui fator essencial ao desenvolvimento das nações. Esta aproximação no campo energético no continente americano abrange diversas frentes: existe, desde um potencial de cooperação bilateral com os Estados Unidos à multilateral com o Mercosul; e também um potencial de integração na América Latina e Caribe como um todo. É evidente que a colaboração entre os dois maiores atores é de extrema importância. O álcool representa uma grande chance para os EUA e o Brasil coordenarem o crescimento harmônico de um novo paradigma nos setores agrícola e energético. A integração facilita o desenvolvimento de estudos mais detalhados cobrindo mais áreas de pesquisa dentro da produção, infra-estrutura, potencial energético e impactos sociais e ambientais da expansão do etanol. Uma vez caminhando em sintonia, o Brasil e os EUA possuem mais força para iniciar projetos 63

64 ambiciosos de pesquisa conjunta em novas tecnologias agroindustriais e automotivas. E, em conjunto, certamente se torna mais fácil cooperar na expansão da oferta e da demanda em terceiros países e de investimentos conjuntos em produção e infra-estrutura. No sentido de efetivar essas parcerias, foi assinado, em maço de 2007, um Memorando de Entendimento para Avançar a Cooperação em Biocombustíveis, entre Brasil e Estados Unidos (BRASIL, 2007d). Além desse, existem outros dois Memorandos de Entendimento, assinados em 2003, para o estabelecimento de Mecanismo de Consultas sobre cooperação na área de energia, que inclui atuação em biocombustíveis. Em outra vertente, vários países da América Latina têm mostrado tanto interesse como vantagens promissoras para produção de biocombustíveis. As diversas vantagens, desde a disponibilidade de terras aráveis e clima propício à agricultura, como a experiência na produção fazem da região um centro mundial para o comércio de energia limpa. Além das riquezas naturais, existe uma grande concentração de atividade e trabalho no setor agrícola que ajuda os biocombustíveis a promover o desenvolvimento rural e estrutura industrial para expandir o setor. Existem países em diferentes estágios de desenvolvimento na região e nos diferentes segmentos deste mercado. Na América Central e Caribe, por exemplo, a Guatemala, como pode-se perceber no Gráfico 6, tem grande potencial para produzir etanol por ser o maior produtor de açúcar na América Central. A Jamaica também tem uma grande possibilidade de expandir a produção e exportação. Na América do Sul, o Chile, apesar das restrições geográficas, tem grande capacidade para produzir etanol de segunda geração, pois já produz e exporta lascas de madeira, que representam a terceira maior exportação do país. A efetividade de parcerias é visível em documentos oficiais. O Brasil já atua com a Guatemala por meio de um Protocolo de Intenções, assinado em setembro de 2005, sobre Cooperação Técnica na Área de Técnicas de Produção e Uso de Etanol Combustível (BRASIL, 2005c). Um exemplo da parceria com o Chile é o Memorando de Entendimento na Área de Biocombustíveis, assinado em abril de 2007 (BRASIL, 2007e). 64

65 Gráfico 6: Evolução da Superfície Plantada de Cana-de-açúcar por País na América Central de 1961 a 2006 Fonte: FAO Em relação ao Mercosul, é possível convergir objetivos para reforçar a segurança energética do bloco e contribuir para o aprofundamento da integração do mercado de biocombustíveis e da indústria associada. As ações apontam uma gama diversificada de iniciativas, como: promoção e criação de um mercado regional para os biocombustíveis, com base em critérios como um balanço energético favorável, que depende de padrões e normas técnicas harmonizadas; criação de redes de logística e distribuição de biocombustíveis que contribuam para a integração dos mercados do bloco; e, instituição de mecanismo de pesquisa na área de controle de qualidade dos combustíveis, seu impacto ambiental e na saúde humana. Ações específicas para estimular o uso de veículos flex-fuel são essenciais. Para tanto, pode-se investir na realização de estudos para promover a integração da cadeia produtiva dos veículos flex-fuel e o estímulo à disseminação desses veículos no Mercosul, que seria uma iniciativa complementar à produção nacional de biocombustíveis nos países membros. É necessário também aproveitar a vantagem comparativa dos parceiros na produção de óleos vegetais, bem como convergir sobre as metas para os biocombustíveis. O Bloco também inicia trabalhos significativos de pesquisa sobre etanol celulósico com insumos comuns (resíduos florestais ou agrícolas a serem identificados conjuntamente) para o futuro. A existência de pólos regionais de produção de biocombustíveis permitirá o aumento da segurança energética intrabloco e permitirá a redução dos gastos com importação de combustíveis fósseis pelos países do Mercosul. Do ponto de vista 65

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