Orientações sobre o Provimento nº 04/2014 da Corregedoria do TJPB. Clique na pergunta ou esclarecimento

Transcrição

1 Orientações sobre o Provimento nº 04/2014 da Corregedoria do TJPB Clique na pergunta ou esclarecimento 1 - O QUE É O PROVIMENTO 04/2014 DA CORREGEDORIA GERAL DO TJPB? 2 COMO ESSE PROVIMENTO AFETARÁ O TRABALHO DO OFICIAL DE JUSTIÇA? 2.1. ART. 222 DO CPC, A CITAÇÃO SERÁ FEITA PELO CORREIO, EXCETO a) NAS AÇÕES DE ESTADO b) QUANDO FOR RÉ PESSOA INCAPAZ 1.1. OS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES 1.2. OS RELATIVAMENTE INCAPAZES c) QUANDO FOR RÉ PESSOA DE DIREITO PÚBLICO d) NOS PROCESSOS DE EXECUÇÃO 1. EXECUÇÃO PESSOAL E COMUM 2. EXECUÇÃO FISCAL e) QUANDO O RÉU RESIDIR EM LOCAL NÃO ATENDIDO PELA ENTREGA DOMICILIAR DE CORRESPONDÊNCIA f) QUANDO O AUTOR A REQUERER DE OUTRA FORMA 3. MODELO DE CERTIDÃO

2 1 - O que é o Provimento 04/2014 da Corregedoria Geral do TJPB? É o provimento que define os atos ordinatórios a serem praticados de ofícios pelos Cartórios Judiciais do Estado da Paraíba para a efetividade do disposto no artigo 162, 4º, do Código de Processo Civil, e do artigo 93, XIV, da CF/88, bem como o dever dos magistrados em implementá-los e fiscalizá-los. O aludido Provimento teve um período de adaptação, período este findo em 01/11/2014, uma vez que tal prazo iniciou-se em 01/08/2014 quando de sua publicação e vigência. Se não vejamos: Art. 85. Os servidores terão o prazo de 3 (três) meses, a partir da publicação deste Provimento, para a adaptação de suas atividades aos seus comandos. 2 Como esse provimento afetará o trabalho do Oficial de Justiça? Além dos vários atos a serem praticados pelos Cartórios, o Oficial de Justiça também terá participação importantíssima no cumprimento do provimento 04, pois, no seu art. 19, constatamos o que as Leis processuais e normas internas do TJPB há muito já diziam. Não estando o mandado inserto nas exceções do art. 222 e 224 do CPC, o mandado deve ser enviado via correio e devidamente cumprido de ofício pelo Cartório. Se não, vejamos: 2.1. Art. 222 do CPC, a citação será feita pelo correio, exceto: A modalidade de citação regulada no art. 222, do CPC, configura-se ato dos serventuários da justiça praticado em colaboração com a Empresa de Correios e Telégrafos. Trata-se da expedição de carta registrada com aviso de recebimento, endereçada ao réu. Quando admitida a citação postal será necessária, por exemplo, a expedição de carta precatória, quando o ato tiver que ser praticado em outra Comarca, fora dos limites da jurisdição do órgão perante o qual tramita a demanda. a) NAS AÇÕES DE ESTADO; As alíneas do artigo 222 enumeram situações em que a citação postal não será realizada. A primeira exclusão diz com as ações de estado. Na verdade,

3 ações de estado são aquelas que têm por objeto o estado ou a capacidade das pessoas, estabelecendo ou modificando o estado ou a capacidade das pessoas, sendo, portanto, personalíssimas. São denominadas também ações prejudiciais. São exemplos mais freqüentes: ações relativas a casamento, separação judicial, divórcio, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, declaração de ausência, negatória de paternidade, ação de anulação de casamento, etc.). Normalmente se tem por indisponíveis os direitos discutidos em tais ações, daí a importância do conceito. b) QUANDO FOR RÉ PESSOA INCAPAZ; A segunda vedação à citação postal ocorre quando a citação deve ocorrer na pessoa de um incapaz. São absolutamente incapazes, de acordo com o Código Civil, os menores de 16 (dezesseis) anos, os que, por enfermidade ou por deficiência mental não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos e o que, mesmo por causa temporária, não puderem exprimir sua vontade. Se receberem a carta contendo a citação, poderão as pessoas antes enumeradas não compreender seu conteúdo, com imenso prejuízo ao contraditório. Eivada de vício a citação a réu incapaz quando feita pelo correio, nos termos do art Podemos definir REU ou pessoa incapaz da seguinte forma: 1.1. OS ABSOLUTAMENTE INCAPAZES são aqueles que não podem exercer quaisquer atos da vida civil sem estarem devidamente representados. São eles os menores de dezesseis anos, os que por enfermidade ou doença mental, não tiverem o discernimento para exercer os atos da vida civil, e os que não puderem manifestar a sua vontade, mesmo que, naquela ocasião apenas. Vale dizer que os atos por eles praticados são considerados nulos, ou seja, tem-se como se nunca tivessem existido OS RELATIVAMENTE INCAPAZES, são aqueles que para exercerem atos da vida civil devem estar devidamente assistidos. Na assistência, há a vontade do assistido, que é conjugada com aquele que exerce a assistência. São eles: os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

4 ébrios habituais, viciados em tóxicos e doentes mentais, com o discernimento reduzido, excepcionais sem o desenvolvimento completo, e os pródigos (aqueles que dissipam seu patrimônio). Os atos praticados por pessoas relativamente incapazes sem a devida assistência são considerados atos anuláveis. A nulidade se diferencia da anulabilidade pois trata-se como se o ato nunca tivesse existido, já na anulabilidade, o ato existe, só que contém um defeito. Assim, caberá ao juiz, verificar a partir de qual o momento o ato parará de surtir seus efeitos. c) QUANDO FOR RÉ PESSOA DE DIREITO PÚBLICO; Nas causas contra as pessoas jurídicas de direito público, igualmente, não pode haver citação pelo correio. Atento à proteção do interesse público, não quis o legislador que a citação pudesse ser endereçada, de forma desorganizada, a qualquer repartição pública, ainda que os servidores que lá atuam não tivessem poderes para receber a citação inicial. Pessoas jurídicas de direito público são aquelas geralmente criadas por lei, constituindo-se na representação jurídica de países, estados e municípios, além de outros entes que formam a chamada Administração Pública. Artigo 41, Código Civil. São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. Dos três primeiros incisos constam as pessoas que formam o Estado brasileiro, previstas constitucionalmente, ou seja, que têm poderes políticos e administrativos: I União, que representa o governo federal, o ente maior que chamamos Brasil, tendo soberania e autonomia. II Os Estados, Distrito Federal e os Territórios, que são a primeira divisão interna da União. Trata-se de entes autônomos, que conjuntamente formam a federação. Exemplo: Paraíba, Ceará, Pernambuco, etc. III Os Municípios são subdivisões dos Estados e Território que também formam pessoas jurídicas, como o município de João Pessoa, Sousa, Patos, Cajazeiras e Guarabira.

5 d) NOS PROCESSOS DE EXECUÇÃO; Concerne à execução de título executivo extrajudicial e, ainda, nos procedimentos executivos especiais como a execução do crédito alimentar e a execução hipotecária. 1. EXECUÇÃO PESSOAL E COMUM Compete a execução de título judicial, quando for o caso, o juízo que prolatou a decisão exequenda. Dispõe o art. 475-P, do Código de Processo Civil, sobre a competência para a apreciação executiva dos títulos judiciais, O cumprimento de sentença efetuar-se-á perante: I os tribunais, nas causas de sua competência originária; II o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição; III o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira. Segundo o art. 475-J, do CPC, em se tratando de condenação ao pagamento de quantia certa ou já fixada em liquidação, terá o devedor o prazo de 15 dias, para efetuar o pagamento, a condenar do trânsito em julgado da sentença de mérito ou da decisão que julgar o processo de liquidação. Caso não o faça, será expedido mandado de penhora e intimação. A tutela executiva também pode ser fundada em título extrajudicial, assim prevê o Código de Processo Civil em seu art. 576, A execução, fundada em título extrajudicial, será processada perante o juízo competente, na conformidade do disposto no Livro I, Título IV, Capítulos II e III. 2. EXECUÇÃO FISCAL O Código ainda prevê a competência para que se proceda à execução fiscal, a Lei n 6.830/80, que regulamenta a cobrança judicial de divida ativa da Fazenda Pública, não trata da competência, assim, na execução fiscal aplicasse o CPC. Nos termos do art. 578, a execução fiscal será proposta no foro do domicílio do réu; se não o tiver, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado.

6 e) QUANDO O RÉU RESIDIR EM LOCAL NÃO ATENDIDO PELA ENTREGA DOMICILIAR DE CORRESPONDÊNCIA; Por evidente que se o serviço postal não atende a região onde mora o réu, a citação não poderá ser viabilizada pelo correio, sendo até desnecessária a regra contida na alínea e. f) QUANDO O AUTOR A REQUERER DE OUTRA FORMA. Desde que devidamente fundamentada, também não será feita a citação postal se o autor a requerer de outra forma.

7 CERTIDÃO Certifico que DEIXEI de dar inteiro cumprimento ao presente mandado, tendo em vista que o mesmo encontra-se em desacordo com o art. 19 do Provimento nº 04/2014 da Corregedoria do Tribunal de Justiça do estado da Paraíba (CGJ), uma vez que, o servidor deveria dar preferência à via Postal. O Provimento CGJ Nº 04/2014: Define os atos ordinatórios a serem praticados de ofícios pelos Cartórios Judiciais do Estado da Paraíba para a efetividade do disposto no artigo 162, 4º, do Código de Processo Civil, e do artigo 93, XIV, da Constituição da República, bem como o dever dos magistrados em implementá-las (grifo nosso) O referido Provimento teve publicação e vigência desde 01/08/2014, com período de adaptação de 90 (noventa) dias, findo em 01/11/2014. Desde então, mandados dessa natureza, só podem ser cumpridos por Oficial de Justiça, salvo determinação ou orientação expressa do Juiz, ou, sendo omisso, quando houver requerimento de citação por mandado, hipótese reservada para os casos em que a parte tiver fundamentado essa necessidade e/ou quando tiver sido frustrada a tentativa pela via postal e nas demais situações previstas no art. 222 do CPC (CPC, art. 224). Se não vejamos: Art. 19. Para a realização do ato de citação, o servidor deverá dar preferência à via postal (CPC, art. 222), com aviso de recebimento (AR), salvo determinação ou orientação expressa do juiz para que o seja por meio de oficial de justiça ou, sendo omisso, quando houver requerimento de citação por mandado, hipótese reservada para os casos em que a parte tiver fundamentado essa necessidade e/ou quando tiver sido frustrada a tentativa pela via postal e nas demais situações previstas no art. 222 do CPC (CPC, art. 224),devendo essa prática ser adotada também para as ações em que a parte autora for beneficiária da gratuidade judiciária. (grifo nosso) Certifico ainda que o aludido mandado não consta a informação necessária para identificá-lo como inserido no rol das exceções dos art. 222 e 224 do CPC, quais sejam: nas ações de estado, se é pessoa de direito público ou incapaz o réu, nas execuções, se frustrada via CORREIOS ou se destinar a área não por ele não atendida ou, ainda, se requerida de outra forma (art. 222 e 224, CPC) e, em se tratando de intimações (art. 238 CPC), apenas neste último caso (art. 239, CPC). Nessa situação, faltando tais informações, necessárias ao fiel cumprimento do mandado, fere de cara, também, o art. 5º, inciso II, da Resolução 36/2013 do Pleno do TJPB. Por oportuno, vale frisar que o Convênio 42/2011 celebrado entre TJPB e EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS abrange a distribuição de citações; intimações; ofícios e outros documentos. No caso em tela, constata-se que o presente mandado tem endereço certo em área atendida pela empresa de Correios e Telégrafos. É responsabilidade do Juiz responsável da Unidade Judicial e do Chefe do Cartório (Art. 84), as providencias necessárias a sua implementação, concretização, orientação e fiscalização do regramento do presente Provimento. Em não sendo cumprido o aludido provimento fica o Juiz Responsável pela Unidade Judicial, comunicar a Corregedoria de Justiça para as providencias cabíveis, eventual recusa direta do servidor em cumprimento os comandos do mencionado Provimento (Art. 86); Diante do exposto, devolvo o presente mandado para os devidos fins. O referido é verdade e dou fé. Sousa(PB), xx de novembro de Francisco Noberto Gomes Carneiro Oficial de Justiça Mat