Correio. Mulheres na conquista por novos espaços de liberdade DA UNESCO

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1 Mulheres na conquista por novos espaços de liberdade Defensora das causas das mulheres Michelle Bachelet Inscrever o Quirguistão no mapa-múndi Roza Otunbayeva Uma questão de compromisso Michaëlle Jean Direitos garantidos, liberdades conf iscadas Sana Ben Achour Crime sem castigo Aminetou Mint El Moctar Sem medo de nada Sultana Kamal Uma advogada de caráter inabalável Asma Jahangir Resistir à tirania Mónica González Mujica Paciência, vamos chegar lá Humaira Habib Estrelas de minha galáxia pessoal Luisa Futoransky Correio O DA UNESCO Abril Junho 2011 ISSN

2 Michaëlle Jean (Canadá) Lorena Aguilar (Costa Rica) Lautaro Pozo (Equador) Ernest Pépin (Guadalupe) Noémie Antony Laura Martel (França) Feriel Lalami-Fates (Algéria) Aminetou Mint El Moctar (Mauritânia) Sana Ben Achour (Tunísia) Maggy Barankitse (Burundi) Katrin Bennhold (Alemanha) Giusy Muzzopappa (Itália) Humaira Habib (Afeganistão) Princesse Loulwah (Arábia Saudita) Roza Otunbayeva (Quirguistão) Asma Jahangir (Paquistão) Sultana Kamal (Bangladesh) Navin Chawla Anbarasan Ethirajan Shiraz Sidhva (Índia) Michelle Bachelet Mónica González Mujica (Chile) Luisa Futoransky (Argentina) NOSSOS AUTORES E AUTORAS Igualdade de gênero: uma prioridade para a UNESCO Condição necessária para a realização de todos os outros objetivos de desenvolvimento negociados no plano internacional, a igualdade de gênero é vital para combater a pobreza extrema, reduzir a propagação do HIV e da AIDS, atenuar os efeitos das mudanças climáticas e alcançar desenvolvimento e paz sustentáveis. Sempre atenta à promoção dos direitos das mulheres, a UNESCO elevou a igualdade de gênero ao nível de suas prioridades idades globais. A Organização tem empreendido uma série de ações que visam a reduzir as desigualdades em matéria de educação, começando pelo acesso à escolarização, até a garantia da qualidade do ensino em todos os níveis, passando por crescente participação das mulheres na ciência, na tecnologia, na inovação e na pesquisa. A UNESCO também busca combater os estereótipos de que as mulheres são vítimas, assim como as desigualdades a que elas são submetidas em matéria de acesso, utilização e participação em todos os sistemas de comunicação e de informação. Ao mesmo tempo em que a Organização desperta nos prof issionais maior consciência quanto à necessidade de integrar uma perspectiva pectiva de igualdade de gênero nos conteúdos midiáticos, ela organiza programas de formação destinados a aumentar a segurança para as mulheres jornalistas. Além disso, a UNESCO esforça-se em promover o empoderamento das mulheres e a igualdade de gênero, integrando essas considerações na sua ação normativa em áreas como a ética da ciência, a cultura e os direitos humanos. O Departamento para a Igualdade de Gênero é o responsável pela execução da prioridade Igualdade de Gênero, utilizando como roteiro o Plano de Ação Scutum, escultura em bronze de Annette Jalilova. Annette JALILOVA, Paris

3 O Correio DA UNESCO ABRIL-JUNHO º aniversário n 2 O Correio da UNESCO é átualmente trimestral, publicado em sete línguas pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. 7, place de Fontenoy 75352, Paris 07 SP, France Assinatura da versão eletrônica gratuita: Diretor da publicação: Eric Falt Redatora- chefe: Jasmina Šopova j.sopova@unesco.org Secretária de Redação: Katerina Markelova k.markelova@unesco.org Redatores: Árabe : Khaled Abu Hijleh Chinês : Weiny Cauhape Espanhol : Francisco Vicente-Sandoval Francês : Françoise Demir Inglês : Cathy Nolan Português : Ana Lúcia Guimarães Russo : Irina Krivova Photos : Ariane Bailey Paginação: Baseline Arts Ltd, Oxford Impressão: UNESCO CLD Informações e direitos de reprodução: + 33 (0) k.markelova@unesco.org Plataforma web: Chakir Piro e Van Dung Pham Agradecimentos a: Elisabeth Cloutier e Marie-Christine Pinault Desmoulins Os artigos podem ser reproduzidos sob a condição de estarem acompanhados do nome do autor e da menção Reproduzido do Correio da UNESCO, precisando a data da edição. Os artigos exprimem a opinião de seus autores e não necessariamente a da UNESCO. As fotos que pertencem à UNESCO podem ser reproduzidas com a menção UNESCO seguida do nome do fotógrafo. Para obter as fotos em alta resolução, favor dirigir-se ao Banco de Fotos: photobank@unesco.org. As fronteiras retratadas nos mapas não implicam reconhecimento oficial pela UNESCO ou pelas Nações Unidas, assim como as denominações de países ou de territórios mencionados. Editorial Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO 5 Mulheres na conquista por novos espaços de liberdade Defensora da causa das mulheres 7 Entrevista com Michelle Bachelet por Jasmina Šopova Mulheres à conquista do espaço político Shiraz Sidhva 9 Inscrever o Quirguistão no mapa-múndi Entrevista com Roza Otunbayeva por Katerina Markelova 13 Uma questão de compromisso 15 Entrevista com Michaëlle Jean por Katerina Markelova Crime sem castigo 17 Entrevista com Aminetou Mint El Moctar por Laura Martel Mamãe Maggy e seus f ilhos 20 Jasmina Šopova encontra com Maggy Barankitse Sem medo de nada 22 Entrevista com Sultana Kamal por Anbarasan Ethirajan Uma advogada de caráter inabalável 25 Entrevista com Asma Jahangir por Irina Zoubenko-Laplante Direitos garantidos, liberdades conf iscadas Sana Ben Achour 28 Agora ou nunca Giusy Muzzopappa 30 Resistir à tirania 32 Entrevista com Mónica González Mujica por Carolina Jerez e Lucía Iglesias Paciência, vamos chegar lá Humaira Habib 34 Uma lenta conquista do mercado de trabalho Feriel Lalami-Fates 36 Igualdade de gênero: um bem público mundial 37 Saniye Gülser Corat e Estelle Raimondo A mulher é o futuro de Davos Katrin Bennhold 39 Lançando as sementes do futuro 41 Entrevista com Lorena Aguilar por Alfredo Trujillo Fernández Estrelas de minha galáxia pessoal Luisa Futoransky 43 Madre Teresa: a mulher mais poderosa do mundo Navin Chawla 47 Manuela Sáenz, guerreira à serviço da América Latina 48 Lautaro Pozo DR POST-SCRIPTUM Homenagem a Edouard Glissant: pensar o Tout-Monde Ernest Pépin 50 A nossa riqueza é a juventude Entrevista com a Princesa Loulwah da Arábia Saudita por Linda Tinio 52 Pensamento universal: Tagore, Neruda, Césaire, a poesia a 53 serviço de um novo humanismo Noémie Antony e Jasmina Šopova O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

4 Nesta edição Neste ano, celebramos o centenário da primeira manifestação internacional que reuniu, nos dois lados do Atlântico, milhares de mulheres, reivindicando o direito ao voto. Esse é o passado, mas, no que diz respeito ao futuro, o ano de 2011 marca uma virada muito mais decisiva para a condição feminina em escala internacional: a criação da ONU Mulheres. Figura principal desta edição, Michelle Bachelet explica a missão e os objetivos dessa nova entidade da Organização das Nações Unidas, da qual ela é a primeira diretora-executiva (p. 7). Ao seu lado, vamos encontrar outras mulheres importantes que entraram de maneira triunfante na cena política internacional: Roza Otunbayeva, que fala sobre seu mandato como a primeira presidente do Quirguistão (p. 13), e Michaëlle Jean, ex-governadora-geral do Canadá, que aborda o pacto de solidariedade em favor do Haiti, seu país natal (p. 15). Se na cena política os progressos em direção à igualdade de gênero continuam em ritmo lento (p. 9-12), o mesmo não acontece no âmbito dos direitos humanos. Nesse ponto as mulheres também precisam de muita força de vontade para romper com obstáculos seculares, como têm feito a mauritana Aminetou Mint El Moctar (p. 17), a burundiense Maggy Barankitse (p. 20), a bengalesa Sultana Kamal (p. 23), a paquistanesa Asma Jahangir (p. 25) e a tunisiana Sana Ben Achour (p. 28). A determinação de todas elas é a mesma das italianas que se mobilizaram em todos os cantos do mundo para defender sua dignidade desrespeitada (p. 30). Para ter sucesso, essas difíceis conquistas não podem dispensar a contribuição dos meios de comunicação. Duas mulheres, uma chilena e uma afegã, correram vários riscos para defender a liberdade de expressão e explicam-nos o que signif ica o jornalismo feminino (p ). Como o trabalho digno constitui, neste ano, o tema central da celebração do Dia Internacional da Mulher, também nos interessa a situação das argelinas que, em suas atividades laborais, se deparam com situações precárias. Quando falamos de trabalho, também estamos falando de economia, outro elemento determinante para a liberdade das mulheres. No âmbito internacional, é possível observar sinais de mudança em relação à imagem e à posição ocupada pelas mulheres, em um espaço que foi, durante muito tempo, ocupado exclusivamente por homens. Enquanto isso, em âmbito local, constatamos que, devido a seu papel na agricultura, as mulheres estão na vanguarda da preservação do meio ambiente e do combate aos efeitos das mudanças climáticas (p ). Para encerrar o tema central, vamos redescobrir, graças à poetisa argentina Luisa Futoransky, algumas f iguras femininas que se destacaram nas artes e na literatura (p ). Também recordamos Madre Teresa, que teria completado 100 anos de vida este ano, e a equatoriana Manuela Sáenz Aizpuru, uma guerreira a serviço da América Latina (p ). Como complemento desta edição, prestamos homenagem a Édouard Glissant ( ), ex-chefe de redação do Correio da UNESCO, entrevistamos a princesa Loulwah da Arábia Saudita e apresentamos um novo projeto da UNESCO, Tagore, Neruda e Césaire: pelo universal reconciliado. Jasmina Šopova 4. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

5 Editorial Irina Bokova Ames (Almas), esculturas da artista francesa Hélène Hiribarne. Alicia Cloeren, Texas Ser mulher, aqui, é semelhante a uma ferida aberta que permanece incurável, escreve Toni Morrison 1, no livro Misericórdia (A Mercy, 2008); no meu entender, trata-se de um dos romances mais comoventes que já foram escritos sobre a condição feminina. Os destinos de quatro mulheres uma europeia, uma africana, uma indígena e uma jovem surgida misteriosamente do mar estão emaranhados nesse texto, cada qual mais trágico do que o outro, inextricavelmente ligados entre si e profundamente enraizados no solo que, um século mais tarde, daria origem aos Estados Unidos. Essas quatro f iguras femininas, cada uma mais consistente que a outra, apresentam-se como outras tantas cariátides, dando sustentação à sociedade norte-americana nascente. No entanto, af irma a romancista, são feridas abertas. Será que, de uma extremidade à outra de nosso vasto mundo, o destino comum das mulheres é serem pilares e vítimas da sociedade? Não é preciso dizer que, desde então, a situação das mulheres evoluiu consideravelmente nos últimos 100 anos. O Conselho Internacional das Mulheres (CIM), criado em 1888, e a Aliança Internacional da Mulher (AIM), criada em 1904, assim como a Federação Democrática Internacional das Mulheres (FDIM), criada 1945, desempenharam papel determinante na luta pela igualdade de gênero. A igualdade de gênero está no âmago dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, que são valores essenciais para a dignidade dos indivíduos, para a prosperidade das sociedades e para o Estado de direito. A igualdade entre homens e mulheres revelou-se também como vigoroso acelerador da transformação política, social e econômica; ela está no cerne da temática do desenvolvimento e da segurança. De fato, as meninas e as mulheres sofrem, de maneira desproporcional, com os conf litos armados. E, muitas vezes, são elas que trabalham mais ef icazmente em favor da reconciliação. O século passado ensinou-nos que todos têm o dever de promover a igualdade de gênero. É evidente que o poder público desempenha um papel-chave, mas a mesma exigência impõe-se, à sociedade civil e às empresas, aos professores e aos administradores, aos artistas e aos jornalistas. A comunidade internacional cumpre sua parte, ao f ixar objetivos e ao mobilizar o apoio necessário para atingi-los. A UNESCO procura estreitar o vínculo entre a igualdade de gênero e os objetivos fixados pela comunidade internacional. Demos especial destaque a esse argumento em 2010, por ocasião do 15º aniversário da Quarta 1. A romancista norte-americana Toni Morisson recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, em A diretora-geral, em visita às Tumbas dos Reis Buganda, em Kasubi (Uganda), acompanhada de Geraldine Namirembe Bitamawire, ministra da Educação e dos Esportes, e Elizabeth Paula Napeyok, delegada permanente de Uganda na UNESCO. UNESCO/Tosin Animashawun O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

6 Conferência Mundial sobre as Mulheres, em Beijing, sendo novamente enfatizado durante a realização da Cúpula das Nações Unidas sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que aconteceu em Nova York, em setembro passado. Em colaboração com a Coreia do Sul, transformamos a educação em uma prioridade da agenda da Cúpula do G-20 realizada em Seul, e procedemos do mesmo modo no decorrer do Fórum Econômico Mundial, em Davos, em Promovemos todas essas ações em estreita colaboração com a Iniciativa das Nações Unidas para a Educação das Meninas e vamos dar-lhes prosseguimento com a ONU Mulheres, a nova entidade dirigida por Michelle Bachelet. A igualdade de gênero está integrada nas atividades de todos os setores da UNESCO. Ela incentivou-me a reformar a Organização, além de orientar nossas ações de campo, principalmente, em contextos difíceis, como no Afeganistão, no Iraque ou no Paquistão. Durante a minha recente visita à República Democrática do Congo, assinei um acordo com o governo para estabelecer um Centro de Pesquisa e Documentação sobre as Mulheres, a Igualdade de Gênero e a Consolidação da Paz. Localizado em Kinshasa, esse centro da UNESCO irá abordar um problema crucial para os direitos humanos, a estabilidade social e o desenvolvimento na região africana dos Grandes Lagos. Ao evocar as lembranças de uma viagem feita na década de 1980, ao noroeste de seu país natal, o Zimbábue, Doris Lessing fez a seguinte af irmação: aquela pobre moça que caminha na estrada empoeirada, sonhando com uma educação para os f ilhos, será que temos a certeza de sermos melhores do que ela nós que estamos empanturrados de comida, com nossos armários cheios de roupas e sufocados sob o supérf luo? Estou convencida de que a situação daquela moça e das mulheres que falavam sobre livros e educação e, no entanto, haviam passado três dias sem se alimentarem ainda pode nos def inir atualmente. 2 A famosa feminista britânica reaf irmava, assim, fora dos limites de seu universo romanesco, sua fé nas mulheres, inclusive nas mais necessitadas. A UNESCO dispõe de outros recursos para reaf irmar essa mesma fé: a f im de dar mais autonomia às meninas e às mulheres mais pobres do mundo, vamos lançar, em breve, uma nova iniciativa de educação que irá envolver parceiros dos setores público e privado. Esse projeto focalizará particularmente a utilização inovadora das novas tecnologias para estender a educação básica e a alfabetização à educação de meninas e mulheres em situações de conf lito e desastres naturais, assim como aos quadros políticos e à formação de professores em todo o Sistema das Nações Unidas. De fato, apesar do avanço realizado, nos últimos dez anos, em matéria de igualdade de gênero no ensino primário como é testemunhado pelo Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos 2011, publicado recentemente pela UNESCO, convém reconhecer que as disparidades se tornaram mais evidentes no nível secundário, principalmente na África. E, mesmo que o número de mulheres tenha aumentado no ensino superior em todo no mundo, elas continuam representando apenas 29% dos pesquisadores. A proporção de mulheres analfabetas não evoluiu nos últimos 20 anos: elas ainda representam dois terços dos 796 milhões de analfabetos do planeta. Se você pretende construir um barco, escreveu o romancista francês, Antoine de Saint- Exupéry, não se preocupe em reunir homens para buscar madeira, preparar ferramentas, distribuir tarefas, facilitar o trabalho, mas desperte nas pessoas a nostalgia pelo inf inito do mar. Essa nostalgia pelo inf inito do mar servenos de orientação, desde 1911, e continua a inspirar-nos ainda hoje. 2. Discurso de Doris Lessing, por ocasião da entrega do Prêmio Nobel de Literatura, em A MULHER NOS ARQUIVOS DO CORREIO DA UNESCO Descubra uma seleção de reportagens especiais e artigos (em espanhol) dedicados às mulheres, escrevendo o título desejado no campo pesquisa personalizada no link: 10 REPORTAGENS ESPECIAIS Mujeres entre dos orillas (2008) Ciudadanas al poder (2000) Mujeres: la mitad del cielo (1995) Un pacto planetario: la voz de las mujeres (1992) La mujer: entre la tradición y el cambio (1985) La mujer invisible (1980) Hacia la liberación de la mujer (1975) Año Internacional de la Mujer (1975) Mujeres de la nueva Asia (1964) La mujer, es un ser inferior? (1955) 10 ARTIGOS Chiapas: invertir en alfabetización (2005) Mujeres afganas: el saber y la rebelión (2001) El duro despertar de las mujeres del Este (2000) Mujeres: una alfabetización a medida (1999) Mujeres de Kabul (1998) Las mujeres, botín de guerra (1998) Las mujeres, un eslabón indispensable (1997) Las mujeres guardianas del medio ambiente (1995) Con qué sueñan veinte muchachas? (1994) Las olvidadas (1993) 6. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

7 Defensora da causa das mulheres As desigualdades entre homens e mulheres permanecem profundamente enraizadas em um grande número de sociedades. As mulheres deparam-se, muitas vezes, com a falta de acesso à educação e aos cuidados básicos, devem superar a segregação nos empregos e as diferenças de remuneração, estão sub-representadas nos processos de tomada de decisões e são vítimas de violências. Outros tantos desaf ios que Michelle Bachelet diretora-executiva da nova Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, ONU Mulheres pretende enfrentar com toda sua determinação. MICHELLE BACHELET responde às perguntas de Jasmina Šopova UN Photo/Martine Perret O que incentivou a Sra. a def inir as violências perpetradas contra as mulheres como principal prioridade da ONU Mulheres, e quais são os tipos de violência de que as mulheres são vítimas ao redor do mundo? A violência contra as mulheres constitui uma das violações mais comuns dos direitos humanos. Def inimos essa realidade como uma das cinco prioridades da ONU Mulheres, porque, se conseguirmos registrar algum progresso nesse campo, poderemos avançar mais longe em outras áreas. Uma mulher que não é vítima de violências tem mais possibilidades de encontrar trabalho decente, de interessar-se por sua educação, de cuidar de sua saúde e de assumir cargos de responsabilidade em sua comunidade ou em outro lugar. As mulheres sofrem todos os tipos de violência: violência doméstica, estupro, violência sexual como arma de guerra, casamento precoce, mutilação genital. Um grande número de sociedades, em todo o mundo, enfrenta um ou outro desses problemas. Assim, se levarmos em consideração as experiências vivenciadas pelas mulheres ao longo da vida, a taxa de vítimas chega a atingir 76% da população feminina mundial. Quais são os outros temas prioritários que a Sra. pretende abordar e como vai mobilizar recursos para concretizar as ações programadas? Vamos desenvolver e apoiar projetos inovadores que visem a fortalecer a independência econômica das mulheres, conf iar-lhes o papel de defensoras e de líderes nos processos de mudança, posicioná-las no centro dos processos de paz e de segurança, além de inscrever prioridades de igualdade de gênero nas estratégias nacionais. Mobilizar recursos para realizar esses objetivos servirá, entre outros aspectos, para demonstrar até que ponto as mulheres contribuem para o desenvolvimento não só de sua própria condição, mas também de sua sociedade como um todo. As provas de tais avanços são cada vez mais frequentes. O último Relatório Global de Desigualdade de Gênero (Global Gender Gap Index Report), publicado pelo Fórum Econômico Mundial, em 2010, mostra, por exemplo, que, entre 114 países, aqueles que atingiram o nível mais alto da igualdade entre homens e mulheres são os mais competitivos e exibem as mais elevadas taxas de crescimento. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

8 Quais são os recursos humanos e f inanceiros que atualmente estão à disposição da ONU Mulheres? Serão suf icientes para realizar sua missão? A ONU Mulheres herdou recursos das quatro entidades da ONU que se fundiram para sua criação. Com base nesses recursos que serão acrescidos de outras contribuições, de acordo com a recomendação do secretário-geral, Ban Ki-moon, proferida em janeiro de 2010, está previsto aumento anual no orçamento de, no mínimo, US$ 500 milhões. Esse é o objetivo para o qual conjugaremos todos nossos esforços. A Sra. pretende dar prioridade a determinados países? Quais seriam esses países e quais as razões desse interesse particular? Vamos trabalhar com todos os Estados- -membros da ONU que solicitarem nossos serviços, sejam eles países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Atualmente, a ONU Mulheres está presente, em graus variáveis, em cerca de 80 países, e teremos de fortalecer nossa presença naqueles que têm necessidade de nosso apoio. Vamos intervir de forma gradual, à medida que desenvolvermos nossas capacidades e nossos recursos de ordem institucional. Em cada país, uma das prioridades consistirá em atingir os grupos de mulheres mais marginalizadas. São elas que têm mais necessidade do apoio da ONU Mulheres. Cooperar com elas pode ser a melhor maneira de utilizar nossos recursos. Como o UNICEF tem demonstrado, o método mais ef icaz consiste em investir na parcela da população mais marginalizada. Qual é o lugar da igualdade de gênero nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)? Qual é a sua estratégia para atribuir maior importância a esse aspecto? Conseguir a igualdade de gênero objetivo número três dos ODMs é primordial para a realização de todos os outros objetivos. Vamos continuar a insistir, até 2015 (prazo f inal para a realização dos ODMs), no vínculo crucial existente entre a igualdade de gênero e todos os outros objetivos que dizem respeito à pobreza, à saúde, à educação ou ao meio ambiente. Um dos problemas prioritários relacionado a nossa missão é a mortalidade materna. No plano mundial, estamos longe de ter conseguido um avanço satisfatório. Podemos e devemos obter melhores resultados. Salvar maior número de vidas no momento do parto exige conhecimentos básicos e meios pouco onerosos que poderiam estar disponíveis facilmente em toda parte, se os governos e a comunidade internacional decidissem realmente reconhecer essa ação como prioritária. O número de mulheres eleitas para assumir a direção de Estados, governos e agências da ONU tem aumentado nos últimos anos. Esse fenômeno já apresentou efeitos positivos sobre questões sensíveis relativas às mulheres em âmbito mundial? Em uma perspectiva histórica, foi realizado um enorme progresso. Apesar de ainda existirem desaf ios a enfrentar, a igualdade de gênero entrou em uma dinâmica que nunca havia ocorrido no passado, tanto no plano internacional quanto internamente na maior parte dos países. A razão disso é que as mulheres assumiram a defesa da igualdade de gênero, assim como as questões mais sensíveis em diversos níveis, tanto no seio de sua comunidade quanto na direção dos Estados. A existência de mulheres líderes tem levado um número crescente de pessoas a compreender que as mulheres devem participar ativamente das atividades econômicas, que se deve acabar com a violência contra as mulheres e que se deve utilizar a capacidade das mulheres para que elas se tornem as promotoras de mudanças que irão benef iciar a todos. Para atingir esses objetivos, devemos fornecer os recursos e empreender as ações necessárias como f izemos, em parte, ao criar a ONU Mulheres, que é a defensora obstinada dos direitos das mulheres no mundo. Cirurgiã por formação, Michelle Bachelet é a primeira secretária-geral adjunta e diretora-executiva da nova entidade ONU Mulheres. A ex-presidente do Chile ( ) chamou a atenção, em particular, pela reforma da aposentadoria e dos programas de proteção social para mulheres e crianças, assim como pelos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Durante seu mandato presidencial, triplicou o número de centros de saúde gratuitos para crianças de famílias de baixa renda, além de ter criado cerca de novos centros pediátricos no Chile. No momento de sua nomeação para dirigir a nova agência da ONU, a ONU Mulheres, em 14 de setembro de 2010, Michelle Bachelet comprometeu-se a transformá-la na defensora da causa das mulheres. A ONU Mulheres foi criada em julho de 2010 pela Assembleia Geral das Nações Unidas com o objetivo de acelerar a realização das metas da Organização associadas à igualdade de gênero e ao empoderamento das mulheres. Lançada of icialmente em 24 de fevereiro de 2011, a ONU Mulheres é o resultado da fusão de quatro componentes do Sistema das Nações Unidas: o Departamento da Promoção das Mulheres (Division for the Advancement of Women - DAW), o Instituto Internacional de Pesquisas e Formação para a Promoção das Mulheres (International Research and Training Institute for the Advancement of Women - INSTRAW), o Escritório da Conselheira Especial para a Problemática Homens-Mulheres (Of f ice of the Special Adviser to the Secretary-General on Gender Issues - OSAGI); e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (United Nations Development Fund for Women - UNIFEM). A principal missão da nova entidade ONU Mulheres consiste em apoiar organismos intergovernamentais, assim como os Estados- -membros, na elaboração de políticas, regulamentos e normas, em âmbito nacional e mundial, em favor da igualdade de gênero. Compete à agência exigir às Nações Unidas a prestação de contas em relações a seus próprios compromissos, em particular, por meio do monitoramento regular dos progressos registrados no conjunto do Sistema ONU. Site of icial : UN Photo/John McIlwaine 8. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

9 UN Photo/Evan Schneider Mulheres à conquista do espaço político Se, entre as personalidades mundiais, f iguram algumas mulheres, seu número continua reduzido na presidência das democracias modernas: na história recente, menos de 50 mulheres alcançaram a cúpula do Estado e, atualmente, apenas 19 países aceitaram elevá-las até o posto supremo. Na cena política, a marcha em direção à igualdade de gênero é, portanto, lenta, mas inexorável. SHIRAZ SIDHVA, jornalista indiana residente nos EUA Apesar do consenso geral de que a representação das mulheres em sistemas de tomada de decisão é um fator essencial de mudança, elas raramente estão presentes nesses postos. De acordo com a União Interparlamentar, o número de mulheres aumenta nos parlamentos nacionais, com uma presença média recorde de 19,1% dos assentos, levando em consideração todos os organismos nacionais com atribuições legislativas. No entanto, o objetivo de chegar ao equilíbrio entre homens e mulheres na política está ainda longe de ser alcançado em vários países. Nas últimas décadas, registraram-se histórias notáveis de mulheres que conseguiram ultrapassar barreiras antes intransponíveis, vencendo todos os obstáculos para conquistar este bastião da masculinidade: o mais alto cargo à frente do Estado. Trata-se de pioneiras que derrubaram um tabu em seus respectivos países, incentivando outras mulheres, em todo o mundo, a manifestarem suas opiniões, sempre que políticas decisivas para o futuro de suas sociedades chegam à ordem do dia. A começar por Ellen Johnson Sirleaf, que entrou na história, em 2006, ao ser eleita presidente da Libéria, fato inédito na África. Defensora dos direitos das mulheres, essa mulher combativa, formada em Harvard, repetiu, no decorrer de sua campanha, que, se ganhasse a eleição, iria incentivar as mulheres africanas a alcançar postos mais altos no funcionalismo público. Essa dedicada avó, que, em 30 anos de carreira, enfrentou a prisão e o exílio, demonstrou determinação implacável para impor a paz em um país devastado por uma década de guerra civil. Ellen Johnson Sirleaf foi agraciada recentemente com o Prêmio Africano de Excelência em favor do Gênero 2011, como reconhecimento pelos esforços despendidos pela Libéria para promover o direito das mulheres e, principalmente, a educação das jovens, a independência econômica das mulheres e as leis que punem a violência de que elas são vítimas. Ao incentivar a igualdade de gênero, ao emancipar nossas jovens, estamos também enaltecendo nosso país, sublinhava ela, recentemente, diante de jovens diplomadas em programa de autonomia econômica. A ex-presidente islandesa, Vigdís Finnbogadóttir, também está convencida da importância da educação: eu gostaria de dizer a todas as mulheres do mundo inteiro: estudem o máximo possível e nunca aceitem estudar menos do que seus irmãos. É essencial que vocês obtenham um grau acadêmico, leiam e descubram a vida. Nem todos conseguem ter acesso à universidade, mas, se os irmãos de vocês são caminhoneiros, aprendam, pelo menos, algo semelhante. A presidente Vigdís, como é conhecida na Islândia foi a primeira Foto dos participantes do III Fórum Mundial da Aliança de Civilizações das Nações Unidas, realizado no Rio de Janeiro, Brasil, em maio de Única f igura feminina: Cristina Fernández de Kirchner, presidente da Argentina. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

10 mulher no mundo a ocupar o cargo presidencial, sem estar f iliada a um partido. Foi em Abri as portas da política, não só para as mulheres, mas também para os homens, af irma ela. Com efeito, quando uma mulher é bem-sucedida, ela mostra o caminho a outras mulheres e a outras sociedades em todo o mundo. A Islândia, entre outros países da Europa Setentrional, continua sendo o melhor exemplo em matéria de igualdade de gênero, sendo, atualmente, ainda uma mulher, Jóhanna Sigurdardóttir, que ocupa o cargo de primeiro-ministro. Contudo, há 30 anos, no momento de sua eleição, as pessoas achavam algo realmente insensato que uma mulher fosse presidente de um país, conta Vigdís Finnbogadóttir. Os islandeses demonstraram uma coragem fora do comum, ao infringirem a tradição, complementa. Ela havia sido precedida por outras dirigentes como Indira Gandhi, na Índia, Isabel Perón, na Argentina, e Sirimavo Bandaranaike, no Sri Lanka, que chegaram ao poder por herança, tendo assumido na sequência do pai ou do marido, enquanto Golda Meir e Margaret Thatcher foram apoiadas por partidos políticos. Por sua vez, Vigdís Finnbogadóttir não era a herdeira de ninguém, nem pertencia a um partido. Ela foi reeleita quatro vezes, de 1980 a 1996, fato que a torna a dirigente que permaneceu no cargo pelo período mais longo em toda a história. Na primeira vez, ganhei por pouco, reconhece ela. Na segunda, a margem foi mais confortável. Convém dizer, entretanto, que eu tinha provado que uma mulher poderia ter sucesso, mesmo sendo uma mulher. No entanto, será que o sexo tem realmente tanta importância para quem ocupa um cargo de direção, e será que ele exerce inf luência real sobre as qualidades de um líder? Os contextos que levaram essas mulheres, entre outras, a assumir o poder eram bastante heterogêneos, mas especialistas em ciência política identif icam, mesmo assim, características comuns às dirigentes. Quais são, portanto, os obstáculos que elas devem vencer para chegar à cúpula do poder de seus respectivos países? Que qualidades elas devem ter para alimentar a expectativa de superar a mais intransponível das barreiras e abrir caminho para a magistratura suprema, às vezes, sem ninguém para mostrar-lhes a direção? Essas questões têm intrigado Laura Liswood, advogada, escritora e ativista Mary McAleese Presidente da Irlanda UN Photo/Evan Schneider Jóhanna Sigurdardóttir Primeira-ministra da Islândia UNPhoto/Aliza Eliazarov Laura Chinchilla Presidente da Costa Rica UN Photo/Aliza Eliazarov internacional dos direitos das mulheres. No âmbito do projeto Liderança Feminina (Women s Leadership), nos EUA, promovido por sua iniciativa, ela fez viagem inédita ao redor do mundo, em 1992, para encontrar 15 mulheres chefes de Estado e de governo. As entrevistas com essas dirigentes como Margaret Thatcher (Reino Unido), Gro Brundtland (Noruega), Benazir Bhutto (Paquistão), Corazón Aquino (Filipinas) ou Kazimiera Ellen Johnson-Sirleaf Presidente da Libéria UNESCO/Michel Ravassard Jadranka Kosor Primeira-ministra da Croácia UN Photo/Jenny Rockett Pratibha Patil Presidente da Índia Bureau du Président de l Inde Angela Merkel Chanceler federal da Alemanha UN Photo/Evan Schneider Dalia Grybauskaitė Presidente da Lituânia UNPhoto/Rick Bajornas Dilma Rousseff Presidente do Brasil Roberto Stuckert Filho/Presidência da República/Agencia Brasil Prunskiene (Lituânia) deram origem a um livro original: Líderes mundiais: quinze grandes mulheres políticas contam sua história (Women world leaders: f ifteen great politicians tell their stories). Liderança feminina Há muito tempo, pesquisadores debatem o papel do gênero na liderança. Em alguns casos, o sexo é irrelevante, explica Michael A. Genovese, professor 10. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

11 Tarja Halonen Presidente da Finlândia UN Photo/Erin Siegal Julia Gillard Primeira-ministra da Austrália UN Photo/Mark Garten Micheline Calmy-Rey Presidente da Suíça Patrick Lazic/OIF Iveta Radicová Primeira-ministra da Eslováquia European People s Party Kamla Persad-Bissessar Primeira-ministra de Trinidad e Tobago UN Photo/Aliza Eliazarov Cissé Mariam Kaïdama Sidibé Primeira-ministra do Mali Primature du Mali de Ciência Política e diretor do Instituto de Estudos da Liderança da Universidade Loyola Marymount, na Califórnia. Nesse aspecto, Margaret Thatcher é um bom exemplo; em outros casos, ocorre o oposto, como no de Corazón Aquino. De acordo com ele, é preferível questionar-se quando e em que circunstâncias o gênero perde ou ganha importância. Existem forças estruturais internas que devem ser enfrentadas Sheikh Hasina Wajed Primeira-ministra de Bangladesh UNPhoto/ Eskinder Debebe Cristina Fernández de Kirchner Presidente da Argentina UNPhoto/Jean Marc Ferre Rosario Fernández Figueroa Primeira-ministra do Peru Présidence du Conseil de Ministres por todos os dirigentes, obrigando-os a assumir determinadas tarefas e responsabilidades de forma semelhante ou previsível: tarefas protocolares, obrigações constitucionais ou legais, expectativas relativas a funções. Todas provocam, em maior ou menor grau, as mesmas atitudes, independentemente de o líder ser homem ou mulher. É nas circunstâncias novas ou inesperadas ou em período de crise que o sexo deve ser levado em consideração, quando o que se espera do líder não está previsto. Nesses casos, a personalidade e o sexo podem revelar-se determinantes. Como esperado, a maior parte dessas obstinadas mulheres assume funções com muitas qualif icações acadêmicas e prof issionais. Muitas delas foram escritoras, advogadas, diplomatas ou ministras, antes de ascenderem ao cargo mais alto no governo. A maior parte delas reconhece que, além dos estudos, o modelo dos pais, seguido desde a infância, lhes ensinou que uma mulher seria capaz de obter resultados semelhantes aos que são conseguidos por um homem. Michelle Bachelet, primeira presidente do Chile, depois de ser a primeira chilena a ocupar o cargo de ministra da Defesa, é bastante familiarizada com o que se refere ao trabalho de pioneira. Como jovem mãe e pediatra, vivenciei a dif iculdade de conseguir o equilíbrio entre carreira e vida familiar, tendo constatado que a impossibilidade de ter alguém para cuidar dos f ilhos impediu que as mulheres tivessem acesso a emprego remunerado, declarava ela, na Libéria, por ocasião da comemoração do Dia Internacional da Mulher. Foi também para remover esses obstáculos que entrei na política e que priorizei, nas despesas públicas, o acolhimento da primeira infância e a proteção social das famílias. Será que as mulheres têm uma maneira peculiar de exercer a liderança, que seja diferente da atitude assumida pelos homens? Em geral, acredita-se que os homens apresentam mais características de comando do que as mulheres e que essas adotam estilo mais colegial, constata Michael Genovese, autoridade em matéria de liderança, tema ao qual já dedicou 28 livros. As exceções são muitas, mas há algo de verdadeiro nesse ponto de vista. Os homens fazem af irmações; as mulheres discutem. Os homens falam para si; as mulheres estabelecem o diálogo, sublinha ele. Quanto aos assuntos que concernem as mulheres em postos de liderança, talvez seja motivo de surpresa o fato de que atualmente elas não defendem com mais vigor que os homens as questões femininas. Nesse aspecto, as diferenças ideológicas e partidárias são melhores indicadores do apoio a temas que tendem a ser considerados especif icamente femininos, como educação, saúde etc.. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

12 Preconceitos persistentes Ao contrário de seus homólogos masculinos, as mulheres que estão atualmente à frente das democracias devem lidar com um conjunto de preconceitos arraigados. Além disso, elas são julgadas mais severamente do que os homens pela mídia e pelos eleitores. Não há qualquer obstáculo, apenas uma grande barreira de homens, insiste Laura Liswood. Em 1996, em companhia de Vigdís Finnbogadóttir, ela fundou o Conselho Mundial das Líderes, no qual exerce a função de secretária- -geral. O mais urgente consiste em preparar as mulheres, desde agora, para ocupar cargos de tomada de decisões, objetivo que não pode ser alcançado, sem modelos de funções aptos para incentivar outras mulheres nessa direção, frisa ela. O Conselho dispõe do melhor equipamento possível para realizar tal tarefa. Em 1997, em companhia de outras ativistas, ela lançou o Projeto Casa Branca (White House Project) para apoiar a eleição de uma mulher para a presidência dos EUA. Relatavam-me sempre a mesma história, af irma ela. As experiências eram as mesmas, independentemente do país, da cultura ou do percurso das líderes. Por toda a parte, os jornalistas e seus leitores davam-lhes o mesmo tratamento: elas eram sabatinadas em profusão. A imprensa considerava-as, antes de mais nada, como mulheres, criticando, de forma excessiva, inclusive sua aparência: roupas, penteado, bolsas, xales.... A idéia comumente aceita de que elas não conseguem ser líderes competentes é, sem dúvida, o maior obstáculo para a entrada maciça de mulheres na cena política, opina Esther Duf lo, professora de Economia do Desenvolvimento, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts MIT. Fundadora, com outras colegas no MIT, do Laboratório Abdul Latif Jameel de luta contra a pobreza, ela empreendeu várias pesquisas pioneiras na Índia. De acordo com os resultados desses estudos, as mulheres governantes são avaliadas de forma mais negativa do que seus homólogos masculinos, apesar de elas tenderem a fornecer melhores serviços, como o acesso à água potável, e de serem muito menos corruptas. Esther Duf lo recorreu a comediantes para identif icar os preconceitos em centenas de aldeias indianas, nas quais um terço dos assentos nos Conselhos de Aldeia são reservados às mulheres, desde 1993 cota recentemente elevada para 50%. Ela fez que o mesmo discurso político fosse lido ora por um homem, ora por uma mulher. Os camponeses que nunca tiveram uma líder tenderam a julgar as oradoras incompetentes, no entanto, os eleitores que já haviam presenciado uma mulher no exercício do poder não apresentaram esse viés. A experiência reduz o preconceito, conclui Esther Duf lo, em uma entrevista concedida à revista New Yorker. Prova de que as políticas públicas podem quebrar os estereótipos de bases eleitorais. Brinda Karat, membro do comitê central do Partido Comunista da Índia e deputada na câmara alta do Parlamento indiano, acredita que as líderes tendem a formular questões que despertam mais o interesse das mulheres do que dos homens. No seu entender, a decisão de seu país de reservar metade dos assentos às mulheres nos Conselhos Locais (panchayats) começa a dar resultados: o recorde de participação das mulheres nas eleições locais, apesar das barreiras sociais e culturais, abre capítulo encorajador na história política da Índia, que, a cada dia, se enriquece. No entanto, o número de deputadas na Índia não é superior a 11% e, na maior parte das assembleias dos estados indianos, o percentual é ainda menor. Será que isso signif ica que as mulheres são incapazes ou não demonstram mérito suf iciente?, questiona Brinda Karat, que, há 40 anos, é ativista de movimentos em prol das mulheres. Essa seria uma conclusão precipitada e inaceitável. A verdade é que as práticas discriminatórias de que elas continuam sendo alvo, quando da elaboração de listas eleitorais, as têm mantido afastadas de cargos eletivos. A luta travada pelas mulheres contra a discriminação nas esferas econômica e social deve estender-se também à esfera política. Qualquer discriminação baseada no sexo enfraquece a democracia. O movimento em favor da igualdade de representação é também uma luta em favor dos direitos democráticos e da cidadania. Acesso pela porta dos fundos A marcha das mulheres em direção à liderança política pode parecer, portanto, lenta, mas tanto para Michael Genovese quanto para Laura Liswood é inexorável. Nas últimas décadas, mudanças têm ocorrido, observa Genovese. Quando meu livro sobre as líderes foi publicado, em 1993, eu poderia citar o nome de todas as mulheres chefes de governo. Atualmente, esse número cresceu, e elas estão mais presentes do nunca na cúpula dos governos, mesmo que tal constatação esteja muito longe de corresponder ao peso demográf ico das mulheres na população. O importante é o número crescente de mulheres que ingressam na política pela porta dos fundos no âmbito local, assim como a grande af luência de mulheres que jogam na segunda divisão com o pé já na primeira. Existem várias causas para essa evolução: o movimento feminista, o fato de que muitos partidos políticos em particular na Europa estabeleceram cotas para as mulheres em suas campanhas eleitorais, além da existência de grupos de apoio que oferecem recursos f inanceiros, como a Emily s List, nos EUA, e f inalmente uma verdadeira mudança de atitude das sociedades em relação às mulheres na política. É certo que mudanças estão ocorrendo, constata Laura Liswood. Mas será que seu ritmo é suf icientemente rápido? Por toda a parte, as mulheres estão matriculadas no ensino superior, obtêm diplomas e ingressam no mercado de trabalho. Contudo, aparentemente é muito mais difícil para elas ter acesso aos cargos de direção. Esse é, portanto, o alvo a ser visado. Eu ainda hei de presenciar a eleição de uma mulher para a presidência [dos EUA], insiste Michael Genovese. Essa longa espera talvez se explique, porque, além das questões já evocadas, os grandes países e as superpotências, envolvidos militarmente em vários lugares do mundo, tendem a procurar f iguras masculinas que manifestem certa insensibilidade, sugerindo sua capacidade para recorrer à força, se necessário. Esse clichê continua pesando contra as mulheres, embora alguns líderes mais obstinados do pós-guerra fossem mulheres: por exemplo, Margaret Thatcher ou Golda Meir. É muito difícil acabar com os estereótipos. Alguns extratos deste artigo foram retirados de: Laura A. Liswood Women World Leaders: Great Politicians Tell Their Stories, The Council Press, 2007 (edição original, Women World Leaders: Fifteen Great Politicians Tell Their Stories, Pandora, Harper Collins Publishers,1995). Michael A. Genovese (ed.) Women As National Leaders, Sage Publications, O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

13 Inscrever o Quirguistão no mapa-múndi O principal problema enfrentado pelos Estados que recentemente se tornaram independentes é o da identidade, de acordo com Roza Otunbayeva, primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Quirguistão. A dama de ferro quirguiz já atravessou várias crises e superou alguns obstáculos no decorrer da longa carreira, que culminou na presidência do seu Estado, em julho de Seu país esteve sob risco de desmantelamento, sua nação, ameaçada de fragmentação, mas ela conseguiu enfrentar esses desaf ios. ROZA OTUNBAYEVA responde às perguntas de Katerina Markelova Janarbek Amankulov Em sua biograf ia, é recorrente a utilização do qualif icativo primeiro : primeira mulher a ocupar o Ministério das Relações Exteriores do Quirguistão; primeira mulher a assumir a embaixada de seu país nos Estados Unidos e, em seguida, no Reino Unido; e, f inalmente, primeira mulher a ascender à presidência do Quirguistão. Qual é o segredo de tal sucesso? Na época da Perestroika período em que eu era vice-presidente do Conselho de Ministros da República do Quirguistão, fui convidada a exercer funções no Comitê da União Soviética para a UNESCO, em Moscou. Comecei como secretária executiva, antes de ser nomeada presidente desse Comitê. Representar a União Soviética não foi uma missão simples: esse país era, na época, uma superpotência, e, como os Estados Unidos não eram membros da UNESCO, éramos o principal doador da Organização. Foi nessa qualidade que entrei para o gabinete do Ministério das Relações Exteriores da União Soviétiva, sendo, coincidentemente, a primeira mulher a tomar assento nesse organismo. Com o desmantelamento da União Soviética, Askar Akaïev (primeiro presidente do Quirguistão, deposto pela Revolução de março de 2005) convidou-me para assumir as funções de ministra das Relações Exteriores, mas, como nessa época os Estados Unidos eram muito importantes para nós, assim como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, dos quais estávamos dependentes, fui designada para ocupar a embaixada de meu país em Washington, função que exerci durante dois anos, antes de retornar para o cargo de ministra das Relações Exteriores, no Quirguistão. Três anos mais tarde, em 1997, o autoritarismo crescente de Askar Akaïev começou a manifestar-se. Não chegávamos mais a nos entender. Eu passava criticando-o, e ele irritava-se. Acabei pedindo demissão. Minha intenção não era fazer oposição a ele: as pessoas ainda depositavam conf iança ABRIL-JUNHO

14 nele e queriam que ele completasse as reformas. Quanto a mim, tornei-me a primeira pessoa a ocupar, como titular, a Embaixada do Quirguistão no Reino Unido. Esse também foi um esforço pioneiro importante, junto com os membros do Conselho de Segurança da ONU. Tínhamos, então, a missão de inscrever o Quirguistão no mapa-múndi. Em 2005, graças à união de vários partidos da oposição, f izemos a Revolução das Tulipas. Contudo, Kurmanbek Bakiev 1 acabou usurpando nossa revolução: apoderou-se de tudo, instaurando uma ditadura familiar. Durante os cinco anos seguintes, lutamos por nossos ideais. Eu era a líder da oposição no Parlamento. Em 2010, f inalmente vencemos! Como seus colaboradores e as pessoas comuns veem o cargo do chefe de Estado sendo ocupado por uma mulher? Com o respeito que é tradicionalmente dedicado às pessoas mais velhas, às mulheres e às mães. Além disso, entre meus colegas, sou provavelmente aquela que possui mais experiência. Af inal, mereci essa promoção. Lutei por meus ideais, tendo feito numerosos sacrifícios. Quanto ao povo quirguiz, ele também sabe que não estou na política por acaso, que não sou protegida de ninguém. Obviamente, há pessoas que pensam que uma mulher não é capaz de governar. Minha resposta para elas é a seguinte: o ano de 2010 foi um dos mais críticos da história do Quirguistão. Pouco faltou para que o país entrasse em colapso e a nação se dividisse. Entretanto 1. Kurmanbek Bakiev ascendeu ao poder pela Revolução das Tulipas e dirigiu o país entre 2005 e Em abril de 2010, foi forçado a abandonar o cargo, na sequência de uma revolta popular que deixou 87 mortos. Primeira mulher a assumir o cargo de chefe de Estado na Ásia Central, Roza Otunbayeva nasceu em Formada em filosofia pela Universidade Estadual de Moscou e professora no início de sua vida profissional, ela ingressou precocemente no Partido Comunista da União Soviética e teve rápida ascensão política. Ela desempenhou um papel importante nos dois movimentos que derrubaram os regimes autoritários no Quirguistão em março de 2005 e em abril de Em junho de 2010, por ocasião de plebiscito para nova Constituição, a população aprovou a candidatura única de Roza Otunbayeva para ascender à presidência de seu país. conseguimos superar tudo isso. Saímos do caos e transpomos a crise, evitando o naufrágio e pisando em terra f irme, apesar do silêncio e da inércia do mundo inteiro. Que tentem fazer o mesmo! Atualmente, todos os meios de comunicação social falam de países em crise, como a Líbia. No Quirguistão, a tempestade já passou. O nosso jovem país ainda precisa superar numerosas dif iculdades, no entanto, o mais difícil já passou. Sua energia e seu zelo foram recompensados, neste ano, pelo Prêmio Mulheres de Coragem, atribuído pelo Departamento de Estado norte-americano. O que isso signif ica para a Sra.? Penso que esse prêmio foi atribuído a meu país e não tanto a mim. Os acontecimentos ocorridos nos países árabes demostram que o mundo está começando a entender que a movimentação das pessoas, dos países e, até mesmo, dos continentes em direção à democracia é irrefreável. O que temos visto comprova que meu país também está fazendo parte da evolução mundial. O que meu país e meu povo têm tido a coragem de demostrar é que eles estão motivados pelo amor da liberdade, pela crença no progresso e pela democracia. Limitei-me simplesmente a participar desse movimento. O Quirguistão já fez muito para instaurar a igualdade de gênero. Por exemplo, existe, no Parlamento, uma cota de 30% das cadeiras reservadas às mulheres. Em sua opinião, o que ainda deveria ser feito nesse sentido? A igualdade de gênero é um combate sem f im. Inscrever cotas na lei, como f izemos na última legislatura, é UNESCO/Danica Bijeljac insuf iciente. Na vida cotidiana, essas leis nem sempre são aplicadas. Atualmente, o Tribunal de Contas, para o qual também votamos a cota de 30%, prevê que três pessoas sejam nomeadas pelo presidente, três pela oposição e três pela coligação. Como a oposição e a coligação indicam unicamente homens, f ico com a responsabilidade de propor mulheres. Esse procedimento é absolutamente cínico! Em nosso país, existem cargos importantes ocupados por mulheres. Além de mim, que sou o resultado de um consenso das forças políticas, o Banco Nacional é presidido por uma mulher, assim como o Supremo Tribunal e a Academia das Ciências. No governo, em compensação, temos apenas uma mulher, o que é simplesmente inaceitável. No plano econômico, nenhuma mulher faz parte dos Conselhos de Administração de nossas grandes empresas. Para as mulheres quirguizes, este ano é especial. Primeiramente, porque comemoramos o bicentenário do nascimento de Kurmanjan Datka. Essa mulher, que governava o Alai, no sul do país, despendeu enormes esforços para unif icar essa região e anexá-la à Rússia. E era uma mulher progressista, dotada de vontade e energia notáveis. Ela desempenha um papel simbólico na formação das mulheres e de toda a nação. Em segundo lugar, este ano é também especial, porque minha presidência chega ao f im. Além disso, ele marca, provavelmente, o auge dos debates sobre o papel a ser exercido pelas mulheres no nosso país. Em sua opinião, qual seria a principal prioridade para seu país? É difícil responder a essa pergunta de forma categórica. Eu diria, no entanto, que a questão mais delicada a ser enfrentada pelos Estados que recentemente se tornaram independentes é a da identidade. Trata-se de um problema amplo, complexo e múltiplo. Todos nós, todos os quase duzentos membros da ONU, somos arrastados pela mesma corrente, chamada globalização. A questão da identidade é fonte de perturbação para toda nação, para cada ser pensante. Esse é um sério obstáculo ao desenvolvimento. Estamos todos sofrendo com essa conjuntura e devemos tentar superá-la. 14. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

15 Cena de uma rua em Porto Príncipe, capital do Haiti, um mês depois do terremoto de 12 de janeiro de Mãe e suas f ilhas preparadas com capricho, lindas e orgulhosas, como destacou Michaëlle Jean. UN Photo/Pasqual Gorriz número de pessoas para me apoiar, de recursos e de organizações para dizer coletivamente: Não! Em um país como o Canadá, isso é inaceitável!. Eis por que uma mulher negra, além disso militante feminista e ex-refugiada política, conseguiu tornar-se governadora-geral do Canadá. Uma questão de compromisso Assegurar que se tenha sempre presente a situação de urgência e fragilidade do Haiti é a primeira missão de Michaëlle Jean, ex-governadora-geral do Canadá, designada recentemente como enviada especial da UNESCO para o Haiti. Percurso de uma mulher excepcional, que herdou a coragem, a perseverança, o pragmatismo e o senso de compromisso das mulheres haitianas. MICHAËLLE JEAN responde às perguntas de Katerina Markelova Como uma imigrante haitiana se torna governadora-geral do Canadá? E como bônus, a responsabilidade de chefe de Estado, além de chefe de Estado-Maior das Forças Armadas (risos)! Creio que se trata, antes de mais nada, de uma questão de compromisso. Aprendi uma coisa preciosa no Haiti: não f icar indiferente! Em um país onde a indiferença provoca grandes danos, meus pais incentivaram-me a observar, a formar um ponto de vista e a agir. Herdei minha coragem, minha perseverança, meu pragmatismo e meu senso de compromisso das mulheres haitianas. Ainda criança, cheguei ao Canadá e compreendi rapidamente que integração signif icava participação. Muito cedo comecei a me envolver nas atividades do movimento das mulheres no Quebec e, em particular, no estabelecimento de uma rede de abrigos para mulheres vítimas de violência e seus f ilhos. Isso foi determinante para minha cidadania ativa e responsável. Essa experiência levou-me ao jornalismo: 18 anos na televisão pública! Frequentemente, os jornalistas de televisão tornam-se apresentadores de programas de variedades, quando dispõem de físico diferente do da maioria. No meu caso, fui nomeada imediatamente para um departamento de notícias: de uma sala de redação, até chefe do setor e âncora de programa, com presença em frente às câmeras. O Canadá é a encarnação da diversidade. No nosso país, a diversidade é real, enraizada no cotidiano. Em vez de uma ameaça, ela é considerada como uma riqueza, apesar de todos os desaf ios que isso representa. Em momentos em que fui vítima de discriminação ou de racismo porque nenhuma sociedade está imune de tais deslizes, eu sempre encontrei grande Quais são suas prioridades, enquanto enviada especial da UNESCO para o Haiti? Acima de tudo, f icar vigilante para que as pessoas tenham sempre presente a situação de urgência e fragilidade desse país. O Haiti era prioridade, durante todas as missões que efetuei em todo o mundo, na minha qualidade de governadora-geral. Tanto no Ocidente quanto na América Latina ou na África, sempre percebi da parte de meus interlocutores o desejo de participar de um pacto de solidariedade em favor do Haiti. Em razão disso, tenho intenção de retornar a essas terras, já trabalhadas, para obter apoio. O Haiti não poderá sair sozinho dessa situação. Trata-se de uma tragédia, tenho pleno conhecimento disso! Ao mesmo tempo, o Haiti também deve assumir a sua parte da responsabilidade. Creio que o mundo inteiro está observando o caso haitiano. Como será a resposta da comunidade internacional? Os haitianos e, em particular, o Estado haitiano, vão agir de forma responsável? Impõe-se a obrigação de sermos bem- -sucedidos e enviarmos uma mensagem de esperança para toda a humanidade. O Haiti é um país de todas as urgências, de todos os tipos de misérias, mas é um país onde é possível agir, com uma condição: incluir os cidadãos, sem distinção entre homens e mulheres. Tenho o costume de dizer que, no Haiti, o modo de vida e de sobrevivência se baseia na esperança. Esse país sempre consegue superar uma catástrofe após a outra. Por meio da Revolução Haitiana, o país foi capaz de triunfar sobre a barbárie e abolir a escravatura... Com o terremoto, a esperança sofreu um golpe violento. Evoca-se, com frequência, a capacidade de resiliência dos haitianos. Eu gostaria que eles fossem O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

16 reconhecidos por sua capacidade para criar, pensar, exprimir-se. Isso porque, se nos limitarmos à sua capacidade de resiliência, acabaremos acreditando que o Haiti ainda pode esperar, uma vez que seu povo sabe suportar as piores situações possíveis. Em sua opinião, qual é o papel das mulheres na refundação do Haiti? Para minha visita ao Haiti, em março de 2010, escolhi deliberadamente o dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, para chegar ao país. As mulheres, no Haiti, tinham necessidade de ouvir alguém dizer que, sem elas, a reconstrução será um fracasso. Foi absolutamente espantoso ver que, nessa imensa hecatombe em que era praticamente impossível circular, mulheres se deslocaram para comunicar-me sua vontade de ver a vida triunfar sobre essa catástrofe. O movimento das mulheres, no Haiti, está extremamente bem organizado. Mulheres importantes que haviam participado da construção desse movimento em todo o país perderam suas vidas, inclusive grandes amigas minhas. Todas aquelas que sobreviveram, estavam de luto, mas animadas, em seu interior, por uma energia sem limites, determinadas a assegurar que, ao f inal, a vida vença! E qual é o lugar ocupado pela diáspora? A diáspora teve de superar várias dif iculdades: não é o primeiro problema enfrentado pelo Haiti. Com a saída dos Duvalier 1, em 1986, todas as esperanças renasceram. Vimos emigrantes vender todos os seus bens e voltar para o país. Homens, mulheres e jovens quiseram contribuir para o renascimento do Haiti, assim como para a construção de um Estado democrático e de uma nova governança. Nessa época, já se falava de refundação, de reconstrução e de novo impulso. Contudo, o terreno estava minado. A sucessão de golpes de Estado e a repressão imposta pelas Forças Armadas acabaram asf ixiando as esperanças. Após curto período de euforia, os haitianos têm vivido uma prolongada experiência dolorosa. Em 2008, por ocasião dos furacões 1. François Duvalier, Papa Doc, e seu f ilho, Jean- -Claude Duvalier, Baby Doc, usurparam o poder no Haiti, entre 1957 e 1986, período marcado pela corrupção, pela supressão das liberdades civis e pela institucionalização do terror. quando cerca de mil pessoas perderam a vida, pressenti um sinal de mau agouro: não houve reação por parte da diáspora. Ah, como foi terrível ter constatado isso! Na verdade, as pessoas que vivem no exterior tinham f icado decepcionadas com o comportamento dos compatriotas no decorrer dos anos precedentes: a ajuda enviada por elas deteriorava-se em contêineres ou, então, benef iciava apenas funcionários corruptos. O terremoto de 2010 atingiu todos os corações e todas as mentes! A diáspora reanimou-se e tem contribuído. Neste exato momento em que estou falando, as pessoas estão em plena movimentação para participar nesta etapa da evolução do país, que pode ser determinante. Como já foi dito, é preciso fazer dessa catástrofe uma oportunidade para agir! Durante a sua estada no Haiti, em março de 2010, a Sra. sublinhou a importância da educação. Isso aconteceu no âmbito da mesaredonda, em Porto Príncipe, presidida pela Sra., em companhia da diretorageral da UNESCO, Irina Bokova. Quais serão suas ações nessa área? Durante essa visita, o mais importante, para mim, foi identif icar as forças em ação. Essa é talvez a minha natureza de haitiana que me leva a pensar que, diante da adversidade, se deve reagir e, para reagir, deve-se apostar nas forças disponíveis. O Haiti é um país onde se pode fazer muito em termos de educação. Por quê? Porque, de maneira intrínseca, na cultura haitiana, no modo de ser do haitiano, na sua história, a educação foi sempre Michaëlle Jean, nascida em 1957, em Porto Príncipe (Haiti), exilou-se com a família no Canadá, em 1968, fugindo do regime ditatorial de François Duvalier. Depois de longa carreira no jornalismo (rede francesa da Radio-Canada e rede inglesa da CBC Newsworld), além de percurso militante na defesa dos direitos das mulheres, Michaëlle Jean assumiu a função de governadora-geral do Canadá (de setembro de 2005 a setembro de 2010). Em 8 de novembro de 2010, ela foi designada como enviada especial da UNESCO para o Haiti. Com o marido, o cineasta Jean-Daniel Lafond, Michaëlle Jean preside uma fundação com seu nome, dedicada à juventude e às artes. sinônimo de emancipação e de acesso à liberdade. Nas plantações, os escravos permaneciam analfabetos, mas havia também outra categoria de pessoas: as crianças nascidas das relações entre os senhores e suas escravas. Essas crianças não eram enviadas para as plantações, o que permitiu que aprendessem a ler e a escrever. Os escravos domésticos, como eram chamados, tinham acesso ao conhecimento. Chegava-se, inclusive, a exibir suas proezas. E os escravos das plantações assistiam a tudo isso. Hoje, ao ver os alunos haitianos, é impossível imaginar as terríveis condições em que eles vivem! No entanto, quando vão à escola, essas crianças são sempre preparadas com todo o capricho, elas são lindas e manifestam um sentimento de grande satisfação, e os pais sentem orgulho dos f ilhos. Todas as famílias, até mesmo as mais pobres, estão dispostas a fazer tudo o que estiver a seu alcance para enviar os f ilhos à escola! Portanto, as condições são muito favoráveis. Se houver investimento em educação, se o Haiti for ajudado a compor um sistema de educação pública de qualidade, tais projetos serão imediatamente acolhidos como algo importante e útil pela população. Atualmente, há vários projetos educacionais dispersos, faltando ainda coordenação. Penso que a UNESCO dispõe de todas as competências para desempenhar um papel de liderança nessa área e para ajudar o Estado haitiano a criar um quadro normativo para as escolas. Michaëlle Jean, enviada especial da UNESCO para o Haiti. Stg Serge Gouin, Rideau Hall 16. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

17 Crime sem castigo Na Mauritânia, a escravidão tradicional foi substituída pelo trabalho doméstico forçado, lastima Aminetou Mint El Moctar, que está preocupada particularmente com o destino de jovens mulheres. UN Photo/Jean Pierre Laffont AMINETOU MINT EL MOCTAR responde às perguntas de Laura Martel, jornalista da Rádio França Internacional (RFI) Na Mauritânia, a problemática da escravatura está intimamente relacionada com as mulheres, porque tradicionalmente a condição de escrava era hereditária e transmitida pela mãe. Desde 2007, a legislação mauritana considera a escravidão como crime, mas, na prática, ela continua sem ser condenada, sob formas mais ou menos disfarçadas. Com 55 anos, a Sra. já passou mais de quatro décadas combatendo todas as formas de discriminação, em particular, contra as mulheres. De onde vem seu espírito de militante? Já nasci rebelde! O contexto social e meu ambiente familiar apenas acentuaram essa característica. Com 11 anos, dei meus primeiros passos como militante de esquerda. Eu morava no sudeste de Nouakchott, capital da Mauritânia, em um reduto do Movimento Nacional Democrático. Esse movimento pró-marxista reivindicava emancipação socioeconômica, sem deixar de contestar o poder do presidente Ould Daddah e de seu partido único. Acabei adotando essas idéias, com as quais tive contato na rua, entre amigos ou na escola. Eu lia muito: sobre a resistência das mulheres vietnamitas, sobre a revolução bolchevique e, em particular, sobre a Comuna. A tal ponto que me deram o apelido de A Comuna de Paris. Esse ideal de libertação dos povos e de igualdade contrastava radicalmente com as ideias retrógradas e com o espírito feudal que prevalecia na minha família. Nós éramos ricos, tínhamos escravos, meu pai reinava como um patriarca dotado de poder absoluto. Como eu fugia de casa para participar de passeatas e distribuir folhetos, ele me dava surras e me prendia com correntes. Tudo isso fez com que, desde os 12 anos, eu fosse presa em várias ocasiões. Em razão de minha idade, eu era logo solta, mas foi em minha casa onde sofri os piores maus-tratos. Em decorrência dessa experiência, meu compromisso político antes espontâneo se transformou em convicções inabaláveis. Desde então, tenho lutado incansavelmente pela igualdade entre os homens e as mulheres, pelo f im da escravidão e pela defesa dos direitos humanos. Seu compromisso é muito antigo, mas só recentemente é que a Sra. criou a Associação das Mulheres Chefes de Família (Association des femmes chefs de famille - AFCF). O que a levou a tomar essa iniciativa? Durante muitos anos, f iz parte de várias associações, como o Comitê de Solidariedade para Viúvas (Comité de solidarité aux veuves) ou SOS Escravos (SOS Esclaves). Em 1999, assisti ao julgamento de uma mulher. Ela lutava para que os dois f ilhos fossem considerados herdeiros do falecido pai, uma vez que fora casada não formalmente com um empresário. O tribunal recusou-se a reconhecer tal paternidade. Ao ouvir o veredicto, ela foi literalmente fulminada e morreu a caminho do hospital. Sem marido, portanto, sem dinheiro e sem instrução; logo, sem possibilidade de encontrar trabalho, ela estava consciente de que, em companhia dos f ilhos, teria de pedir O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

18 esmola para sobreviver. Ela morreu por não ter sido capaz de defender seus direitos. Nesse instante, compreendi que já era tempo de lutar em favor dessas mulheres abandonadas por todo o mundo, e, imediatamente, fundei a Associação. Contudo, por razões administrativas, nossas atividades começaram realmente apenas em Atualmente, a AFCF tem mais de sócios e garante emprego para 62 pessoas. Nossa equipe e nossos custos operacionais são pagos pelas cotizações. Além disso, nossos projetos são f inanciados com o apoio recebido de várias entidades. A sociedade mauritana é multicultural com dois componentes principais: os árabes-berberes e os negros africanos. Será que as mulheres ocupam a mesma posição nessas duas comunidades? No cerne das duas comunidades, a mulher exerce tradicionalmente a mesma função: ela é feita para o casamento e para satisfazer o desejo do homem, mas tal entendimento traduz-se de forma diferente na vida cotidiana. O tipo de obrigações é variável. Para as negras africanas, uma boa esposa ocupa-se essencialmente das tarefas domésticas, da educação dos f ilhos e da satisfação do marido. Se a mulher ganha dinheiro, ela deve entregá-lo, em geral, ao dono da casa. Por sua vez, as mulheres árabe- -berberes escapam, na maior parte das vezes, às tarefas domésticas. Não apenas porque suas famílias são, muitas vezes, mais abastadas, mas também porque a mulher deve ser preservada para que possa ser casada da melhor maneira possível. Mimá-la e forçá-la a alimentar-se constitui investimento. A honra da família apoia-se, em particular, no fato de que as moças se casam precocemente: ela casou-se cedo é um adágio utilizado com frequência pelos griôs como elogio. A tradição nômade outorga mais liberdades às mulheres árabe-berberes que a suas irmãs negras africanas, no que se refere às respectivas atividades. Além disso, as árabes-berberes mauritanas têm uma concepção tradicional do divórcio bem particular: não só ele é aceito, mas pode constituir um valor agregado para a mulher! A mulher que se divorciou várias vezes é altamente cobiçada. Eu mesma tenho três f ilhos de pais diferentes e já casei cinco, seis ou sete vezes... mas agora acabou! (risos) O divórcio é, pelo contrário, mal visto entre os negros africanos, que tradicionalmente praticam a poligamia com maior frequência do que ocorre com os árabes-berberes, embora a atual tendência obscurantista esteja implicando ressurgimento dessa prática entre estes. Tudo isso não passa, é claro, de generalidades, mas existem muitas exceções. Alimentação forçada, casamento precoce, mutilação genital feminina, escravidão, trabalho doméstico a lista de violações dos direitos das mulheres é longa. Qual é a sua prioridade? O mais urgente consiste em estabelecer igualdade entre homens e mulheres no plano legal. No decorrer dos séculos, a jurisprudência tem feito uso de imperativos religiosos com costumes tradicionais para criar instrumentos discriminatórios. Na Mauritânia, a mulher tem, ao longo de sua vida, um tutor legal, que pode ser o pai, o marido ou, até mesmo, o f ilho. Portanto, ela não tem nenhum direito em relação à sua própria pessoa. Consideremos o exemplo do casamento. Segundo o Código do Estatuto Pessoal, a idade legal do casamento é de 18 anos, mas, havendo acordo do tutor, ele pode ser celebrado mais cedo. Esse dispositivo legaliza o casamento precoce e retira o poder de decisão das mulheres. Foi assim que, certo dia, ao voltar para casa depois da escola, me dei conta de que estava casada com um amigo do meu pai. Eu tinha 13 anos. Além disso, os f ilhos homens têm direito a dois terços da herança, e o pedido de divórcio só pode ser apresentado pelo homem. A Mauritânia assinou a Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, mas com duas reservas, precisamente em relação ao divórcio e à herança. Atualmente, a AFCF faz campanha para que tais reservas sejam retiradas. Por meio da inserção da igualdade entre homens e mulheres na lei, teremos à nossa disposição os meios necessários para combater as discriminações de fato, mesmo que se trate apenas de uma primeira etapa, já que um grande número de leis não são aplicadas. Esse é o caso, em particular, da lei de 2007 que criminaliza a escravidão. A Sra. sublinha frequentemente que nenhuma condenação foi pronunciada desde a adoção desse texto: isso signif ica que deixou de haver escravos na Mauritânia? É algo dif icilmente quantif icável, por se tratar de assunto tabu. No entanto, sabemos que persiste a escravidão, porque temos acolhido vítimas nessa situação regularmente. A AFCF tem denunciado, com outras associações e em várias oportunidades, casos de escravidão às autoridades, mas, até agora, nenhum processo resultou em condenação. Os senhores, que, muitas vezes, ocupam posições elevadas na hierarquia social, são protegidos. A problemática da escravidão está intimamente relacionada com as mulheres, já que, segundo a tradição, ela é hereditária e transmitida pela mãe. É, portanto, mais interessante para o senhor dispor de mulheres escravas, Durante séculos, imperativos religiosos e costumes tradicionais criaram instrumentos discriminatórios no que se refere às mulheres na Mauritânia, segundo Aminetou Mint El Moctar. Pepa Martin, Espagne 18. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

19 uma vez que ele se apropria da prole delas. No entanto, essa expressão tradicional da escravidão em que as pessoas, de geração em geração, são propriedade do senhor está em declínio. Infelizmente, ela está sendo substituída por uma forma de escravidão mais moderna : o trabalho doméstico. Famílias pobres levam as f ilhas para casas de famílias ricas, recebendo em troca, muitas vezes, apenas alojamento e comida. Essas meninas, em geral muito jovens, não têm qualquer instrução e, não raro, são vítimas de violência. Em Nouakchott, é possível encontrar inúmeros casos desse tipo. Essas meninas vêm principalmente das zonas rurais do país, mas também dos Estados vizinhos, como Senegal, Mali e Gâmbia. Em cooperação com a associação de solidariedade internacional Terra dos Homens, lançamos, em 2009, um programa que nos permitiu ajudar crianças e adolescentes. Em sua opinião, a Mauritânia é uma plataforma para o tráf ico de crianças e adolescentes? Esse tráf ico existe há muito tempo, mas ganhou maior amplitude nos últimos anos. Os traf icantes vão à procura de crianças e adolescentes nas famílias pobres das zonas rurais, prometendo aos pais que as f ilhas terão um emprego, ou uma peregrinação religiosa, um casamento de prestígio, uma quantia em dinheiro... As meninas passam por Nouakchott, antes de serem levadas para o Golfo, onde são vendidas e acabam casando. Se forem negras, elas são despigmentadas. Ao atingirem a idade de 18, 20 anos, os maridos jogam-nas na rua, porque já não são suf icientemente jovens para seu gosto, e, na maior parte das vezes, elas ingressam na prostituição. Mesmo que não tenham atingido a maioridade, eventualmente podem ser expulsas. Há três anos, no aeroporto, encontrei 14 meninas com cerca de 15 anos de idade que tinham vivenciado esse tormento e estavam sem destino. A rede de prostituição estende-se também para a Europa. Atualmente, a AFCF procura angariar fundos para f inanciar uma pesquisa que visa a avaliar a amplitude desse fenômeno. Existem áreas em que há uma evolução positiva? A mutilação genital feminina! Embora ela esteja desaparecendo em ritmo bastante lento, essa prática começa a ser abandonada coletivamente, graças às diversas convenções e às contribuições de entidades que têm despendido muito dinheiro em campanhas de informação, além do comprometimento de algumas personalidades religiosas. Em 2010, foi assinada uma fatwa (lei religiosa) contra a mutilação genital feminina. A polícia e a justiça estão igualmente sensibilizadas, porém, mais uma vez, não há praticamente nenhuma condenação. A alimentação forçada está em declínio também, em particular pela mudança progressiva nos critérios de beleza. No entanto, mais de 20% das mauritanas ainda comprometem sua saúde, na tentativa de engordar, ainda mais que atualmente os métodos tradicionais estão sendo substituídos por suplementos alimentares, muitas vezes perigosos para o organismo. Finalmente, em termos de representação política, alcançamos progressos consideráveis entre 2005 e 2007, inclusive com a instauração de cota de 20% de mulheres nas instituições eletivas. Atualmente, temos uma ministra das Relações Exteriores, mas o número de cargos de responsabilidade ocupados por mulheres (secretarias de Estado, prefeituras, governadorias) está diminuindo desde Simbolicamente, o Ministério da Promoção Feminina voltou a ser incluído no Ministério dos Assuntos Sociais. Além disso, a Mauritânia, à semelhança de outros países, enfrenta pressões por parte de uma corrente obscurantista que pretende reduzir as mulheres à função de donas de casa. Na sua opinião, o que deve ser feito pelas mulheres para defenderem melhor seus direitos? Tradicionalmente, as mulheres não recebem educação religiosa aprofundada; elas aprendem apenas o que é necessário para rezar. Ora, o fato de conhecer melhor a religião deveria permitir que elas se livrassem de certas práticas. Por exemplo, eles f icariam sabendo que a mutilação genital feminina ou a poligamia não são impostas pelo Alcorão. Penso também que as religiões, incluindo o Islã, devem adaptar-se ao mundo contemporâneo: devemos solicitar aos eruditos uma interpretação moderna dos textos sagrados. Na Mauritânia, as mulheres são a maioria: elas representam 52% da população. Existe, por conseguinte, potencial para que uma elite feminina se desenvolva, sendo capaz de superar divisões ideológicas e raciais. Em colaboração com a ONG norteamericana Parceria de Aprendizagem das Mulheres (Women s Learning Partnership), a AFCF está formando anualmente 100 mulheres para que desempenhem funções de liderança. A política é um meio para atingir nossos f ins, mas convém reconhecer que não é necessariamente o melhor, porque muitas mulheres, uma vez que assumem seus cargos, costumam ceder ao oportunismo individual. Nesse caso, impõe-se uma tomada de consciência coletiva, que está começando a se formar. Por que razão a Sra. não ingressou na vida política? Porque pref iro o trabalho de campo, junto das vítimas. Ao mobilizar as mulheres de rua, conseguiremos ganhar mais credibilidade. Sei que se trata de um trabalho exaustivo, mas sinto claramente que estamos em um momento de virada: os esforços da Associação foram recompensados pela atribuição do Prêmio dos Direitos Humanos da República Francesa, em 2007, e do Prêmio Heróis em Luta contra a Escravidão Moderna (Heroes Acting To End Modern-Day Slavery Award), concedido pelo Departamento de Estado norte-americano, em Este reconhecimento encoraja um número cada vez maior de organismos internacionais a f inanciar nossos projetos. A jurista mauritana Aminetou Mint El Moctar fundou a Associação das Mulheres Chefes de Família (Association des femmes chefs de famille ACFC). Cridem.org O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO

20 Mamãe Maggy e seus filhos Encontro com Maggy Barankitse JASMINA ŠOPOVA Seu país ainda estava em guerra quando ela começou a construir sua casa. Para começar, usou um carrinho de mão. Transportou e enterrou os restos mortais de 72 pessoas assassinadas na sua frente, a maior parte das quais haviam procurado refúgio nas instalações da diocese em que ela trabalhava. Em seguida, ela foi aos campos de batalha para procurar por crianças sobreviventes. Algumas estavam cegas, enquanto outras tinham perdido os braços. Ela forneceu-lhes curativos e alimentação... mas era necessário também uma casa para abrigá-las. UNESCO/Danica Bijeljac Maggy Barankitse tinha 37 anos de idade quando a guerra civil eclodiu em Burundi, um dos menores e mais pobres países do continente africano. De 1993 até o início da década de 2000, o conf lito entre tutsis e hutus ceifou mais de vidas, mas acabou poupando a sua. Ela então dedicou-se a salvar a vida de milhares de crianças em sua região natal de Ruyigi, perto da fronteira com a Tanzânia, e também em todo o país. Atualmente, eu sou a mãe mais feliz do mundo - tenho f ilhos, declara com um sorriso radiante nos lábios. Tentamos instruir as crianças de uma geração fratricida para criar uma nova geração que seja capaz de respeitar o semelhante. Não fazemos distinção entre f ilhos de vítimas e f ilhos de criminosos, elas todas são apenas crianças que precisam ser amadas e reconfortadas. Atualmente, 75% dos meus colegas médicos, psicólogos, economistas, enfermeiros, professores fazem parte das crianças tutsis e hutus que cresceram juntas na Casa Shalom. Não se deve imaginar essa casa com quatro paredes cobertas com um telhado. Há 17 anos, mamãe Maggy utilizou diferentes espaços que lhe foram emprestados ou cedidos para abrigar os órfãos da guerra, antes de criar três grandes orfanatos. Mas eu me dei conta, confessa ela, de que as crianças que crescem nesses lugares perdem o senso de responsabilidade. Acabei fechando os orfanatos para montar uma série de estabelecimentos vinculados à nossa associação. Pouco a pouco, criei, por todo o país, centros para abrigar pequenos grupos de irmãos hoje contamos com três centros. Consegui também que algumas crianças fossem 20. O CORREIO DA UNESCO. ABRIL-JUNHO 2010

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