Efeito do Estresse Hídrico na Produção de Massa Foliar e Teor de Óleo Essencial em Sambacaitá (Hyptis pectinata L.).

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1 Efeito do Estresse Hídrico na Produção de Massa Foliar e Teor de Óleo Essencial em Sambacaitá (Hyptis pectinata L.). Thiago Tavares Santos 1 ; Michelle da Fonseca Santos* 1 ; Marcelo da Costa Mendonça 1 ; Carlos Dias da Silva Júnior 2 ; Renata Silva-Mann 1 ; Maria de F. Arrigoni-Blank 1 ; Arie Fitzgerald Blank 1. 1 Universidade Federal de Sergipe - Depto. de Eng. Agronômica, Av. Marechal Rondon s/n, São Cristóvão-SE. marcelo@ufs.br (*Bolsista PIBIC-UFS). RESUMO Objetivou-se no presente trabalho avaliar o efeito do estresse hídrico na produção de massa foliar e teor do óleo essencial em sambacaitá (Hyptis pectinata). As plantas foram cultivadas em vasos e submetidas a quatro dias de estresse hídrico, mais a testemunha sem estresse. As plantas submetidas ao estresse apresentaram maior teor de óleo essencial (55%) quando comparada às plantas testemunha. Palavras Chaves: Hyptis pectinata, plantas medicinais, déficit de água. ABSTRACT Effect of water stress on production of leave mass and essential oil content of Hyptis pectinata L. The aim of this work was to evaluate the effect of water stress on production of leave mass and essential oil content of Hyptis pectinata L. The plants were cultivated in pots and submitted for four days to water stress. Plants without water stress were used as control. Plants submitted to the stress showed higher essential oil content (55%) when compared with the control. Keywords: Hyptis pectinata, medicinal plants, water deficit A espécie Hyptis pectinata é popularmente conhecida como sambacaitá ou canudinho, pertencente à família Lamiaceae. É uma planta utilizada nos Estados de Sergipe e Alagoas na medicina popular para o tratamento de inflamações, infecção bacteriana e dor. Pesquisas realizadas por Bispo et al. (2001), atestaram que o extrato aquoso de folhas de sambacaitá também possui efeito antiedematogênico e antinociceptivo.

2 O incremento no uso da fitoterapia, tanto para o tratamento como para a cura de doenças tem criado maior demanda para comunidade científica na realização de pesquisas visando o maior desenvolvimento e produtividade das plantas medicinais, sem comprometer os princípios ativos. Muitas espécies de plantas medicinais, como a Melissa officinalis, apresentam o óleo essencial como matéria-prima na indústria farmacêutica para a fabricação de fitoterápicos. Embora essa propriedade ainda não tenha sido confirmada para a Hyptis pectinata, estudos estão sendo realizados com essa finalidade. Pietschmann et al. (1998), identificaram 33 constituintes presentes no óleo de sambacaitá, predominando mono e sesquiterpenos. Outros estudos estão sendo realizados para avaliar o efeito de determinados estresses no desenvolvimento e produtividade de massa foliar pelas plantas medicinais. O estresse hídrico é um fator determinante para o cultivo e produção de determinadas espécies de plantas. Porém, nas espécies medicinais, a seca pode além do desenvolvimento, afetar o teor e rendimento do óleo essencial. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do estresse hídrico na produção de massa foliar e teor de óleo essencial em sambacaitá. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em estufa agrícola no Departamento de Biologia/UFS, localizado no município de São Cristóvão SE. Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, formado por cinco blocos, cinco tratamentos e três repetições, sendo cada repetição composto por três plantas. As sementes de sambacaitá germinaram em bandejas de PVC usando uma mistura de substrato (1:1 de esterco bovino e pó de coco). Posteriormente, as mudas foram transplantadas para vasos com capacidade de 5,5 litros, contendo uma mistura de substrato na proporção de 2:1 (terra:esterco bovino). Um mês após o transplantio, foi aplicado 200g de adubo orgânico (BIOATIVO ) em todos os tratamentos. Durante o período de desenvolvimento as plantas foram irrigadas diariamente até o início dos tratamentos (estresse hídrico), quando apresentavam 150 dias de idade. Os tratamentos foram: irrigação diária (sem estresse) e um, dois, três e quatro dias de estresse hídrico, sem irrigação. A fotossíntese foi medida ao nível das folhas por meio das trocas gasosas utilizando-se um equipamento portátil, modelo CIRAS-2, (PPSystems Hitchin, UK) e os valores de Ψ h foram obtidos através de uma câmara de pressão modelo 3005, (Santa Bárbara Soil Moisture, Santa Bárbara, USA), seguindo técnica descrita por Kaufmann (1968). Iniciou-se a colheita da massa foliar dias após o transplantio.

3 Variáveis avaliadas: produção de massa foliar (g) e teor de óleo essencial (ml/100g de folha), por meio da hidrodestilação de 100g de folha fresca com aparelho do tipo Clevenger. Os resultados foram submetidos à análise de regressão por meio do programa SAEG (Sistema para Análise Estatística v. 5.0). RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a Figura 1, observa-se um efeito linear decrescente para o parâmetro massa foliar em função dos dias de estresse hídrico. Este resultado é inversamente proporcional ao teor de óleo essencial, verificando-se neste último um efeito linear crescente. A fotossíntese líquida atingiu seu valor máximo no tratamento sem estresse (15 µmol.m -2. s -1 ) e redução significativa nos tratamentos submetidos ao estresse hídrico, chegando a valores próximos a zero com dois dias de estresse, e valores negativos nos tratamentos com três e quatro dias de estresse, nos quais a respiração foi predominante. O tratamento em que as plantas foram submetidas a mais dias de estresse (4 dias), apresentaram uma menor produção de massa foliar. O déficit de água induz um abortamento das folhas pelas plantas, verificando-se uma redução de, aproximadamente, 66% da massa foliar com quatro dias de estresse hídrico. Estes resultados corroboram com Dhru et al. (1991), que estudando duas espécies medicinais, Nerium oleander e Urginea indica, demonstraram que o déficit hídrico reduziu a produção de biomassa em ambas. O teor de óleo essencial nas plantas com quatro dias de estresse hídrico (0,58 ml/100g de folhas frescas) foi, aproximadamente, 55% a mais em relação àquelas irrigadas continuamente (sem estresse) (0,32 ml/100g de folhas frescas). Chatterjee et al. (1995), demonstraram que um estresse médio aumentou o teor de óleo essencial das folhas de cultivares de Bangla and Meetha betel, porém, o estresse severo reduziu o teor do óleo essencial.

4 200,0 0,7 Massa foliar (g) 180,0 160,0 140,0 120,0 100,0 80,0 60,0 40,0 20,0 y = 0,0706x + 0,2468 R 2 = 0,9711 y = -30,983x + 202,57 R 2 = 0,9467 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 Teor de óleo essencial (ml/100g de foha) 0,0 Sem estresse ,0 Estresse hídrico (dias) Massa foliar Teor de óleo essencial Figura 1 - Efeito do estresse hídrico na massa foliar e teor de óleo essencial, em sambacaitá. São Cristóvão (SE), UFS, LITERATURA CITADA BISPO, M.D.; MOURAO, R.H.V.; FRANZOTTI, E.M.; BOMFIM, K.B.R.; ARRIGONI-BLANK, M. de F.; MORENO, M.P.N.; MARCHIORO, M.; ANTONIOLLI, A.R. Antinociceptive and antiedematogenic effects of the aqueous extract of Hyptis pectinata leaves in experimental animals. Journal of Ethnopharmacology, v. 76, n.1, p , CHATTERJEE, S.K.; SVOBODA, K.P.; LAUGHLIN, J.C.; BROWN, V.E. Water stress effect on growth and yield of Cymbopogon sp. and its alleviation by n-triacontanol. Acta Horticulturae, n. 390, p , DHRU, P.; GUPTA, S.K.; PAL, D. Effect of moisture, temperature and radiation stress on therapeutic yield and biomass production in Nerium oleander and Urginea indica. Advances in Plant Sciences, v. 4, n.1, p , 1991.

5 PIETSCHMANN, M.; VOSTROWSKY, O.; BESTMANN, H.J.; PANT, A.K.; MATHELA, C.S. Volatile constituents of Hyptis pectinata Poit. (Lamiaceae). Journal of Essential Oil Research, v. 10, n. 5, p , 1998.