ANÁLISE DE ADEQUAÇÃO DA ROTULAGEM DE PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO EM RELAÇÃO A DESCRIÇÃO SOBRE ALERGÊNICOS
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- Eduardo Castanho Correia
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1 CONEXÃO FAMETRO: ÉTICA, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE XII SEMANA ACADÊMICA ISSN: ANÁLISE DE ADEQUAÇÃO DA ROTULAGEM DE PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO EM RELAÇÃO A DESCRIÇÃO SOBRE ALERGÊNICOS RESUMO Érika Paula Farias da Silva, Suzany Alves Lima, Aleine Araújo Barros, Jéfferson Malveira Cavalcante. NEPEGAN Núcleo de Estudo e Pesquisa em Gastronomia e Nutrição FAMETRO Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza jefferson.malveira@fametro.com.br Sessão Temática: Políticas Públicas e Direitos Sociais Alergias alimentares são reações adversas desencadeadas por uma resposta imunológica específica em indivíduos sensíveis após o consumo de determinado alimento. Devendo o indivíduo alérgico restringir os alimentosfonte, evitando assim os sintomas. Com a adesão dos brasileiros à produtos industrializados, prontos para o consumo a rotulagem torna-se importante ferramenta na triagem de alimentos que podem ser consumidos. Buscando atender à demanda de indivíduos alérgicos, a ANVISA publicou a RDC 26/2015, que traz a exigência da informação sobre ingredientes alergênicos nos rótulos visível e destacada. O objetivo deste trabalho foi verificar a adesão à resolução vigente, em relação à descrição de alérgenos nos rótulos de produtos alimentícios, por parte das empresas de produtos de panificação, especificamente pães, biscoitos e bolos. Foram visitados 07 supermercados da cidade de Fortaleza e utilizada a ferramenta check-list. Dos 195 produtos analisados, 61% apresentaram-se em desacordo com a nova legislação e 39% estão cumprindo a RDC. Palavras-chave: Alergia alimentar. Leite. Rótulos. Trigo. INTRODUÇÃO Quando se ingere algum alimento e ocorre algum tipo de reação inesperada, acredita-se que seja o organismo promovendo uma reação adversa ao alimento, ocorre uma alergia alimentar (SAMPSON, 2004; SOLÉ, 2007). Nestes casos ao haver o contato do trato gastrointestinal com algum tipo
2 de alérgeno, os indivíduos se tornam suscetíveis aos sintomas sistêmicos ocasionados pela hipersensibilidade alimentar (FERNÁNDEZ-RIVAS, 2003). Os principais alimentos considerados potentes alérgenos o leite de vaca, o amendoim, o ovo, o trigo, o milho, a soja, os frutos do mar e as nozes (LOPES et al., 2006). É importante que se identifique e conheça o alérgeno causador da hipersensibilidade alimentar, para que, assim, se faça a sua exclusão total da dieta (IBOCK & ATKINS, 1990; MOFIDI, 2003). Sendo esse o método mais eficaz no tratamento da alergia alimentar, a orientação é de não consumir o alimento causador, nem seus derivados e nem preparações que o contenha, mesmo que em pouca quantidade (CHAPMAN, 2006; AAP, 2000; KAPOOR et al., 2004). Alimentos industrializados com rótulos confusos causam diminuição na qualidade de vida de indivíduos alérgicos, levando a população ao erro sobre a qualidade do mesmo (TAYLOR & HEFLE, 2006). Portanto, deve ser feita uma leitura precisa nos rótulos antes do consumo do alimento, averiguando todos os ingredientes e observações contidas na embalagem, sendo essa a maior dificuldade dos indivíduos, pois, na maioria das vezes, acabam violando de uma forma não intencional sua dieta de exclusão ao alérgeno (ZEIGER et al., 1999). Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar POF, realizada pelo IBGE, , o consumo de pães, bolos e biscoitos representam em média 25% dieta total do brasileiro, tendo assim esses produtos grande importância na alimentação no Brasil. A legislação que aborda rotulagem alimentar no Brasil teve início em 1978 a Resolução Normativa nº 12/78, da Câmara Técnica de Alimentos (CTA) e desde então a rotulagem tornou-se um grande aliado da população (FERREIRA & LANFER-MARQUEZ, 2007). Após mobilização da população por meio da sociedade civil organizada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA publicou a Resolução nº 26 de 2015, que fala sobre a obrigatoriedade de trazer no rótulo os principais alimentos alérgenos, listados pela agência, que fossem presentes no produtos ou que pudessem conter em forma de traços devido à contaminação cruzada, por uso da mesma linha de produção para produtos diversos, sendo o prazo de
3 adaptação até 03 de Julho de 2016, isentando ainda produtos fabricados até essa data (ANVISA, 2015). Ferreira e Lanfer-Marquez (2007) apontam a morosidade para que algumas empresas passem a cumprir a legislação, funcionando a ANVISA e suas ramificações como órgão fiscalizador da adesão à legislação alimentar. Este artigo tem por objetivo verificar a adesão das empresas à resolução vigente da ANVISA que exige a informação de produtos alergênicos de forma facilmente visível e destacada. DESENVOLVIMENTO / PERCURSO METODOLÓGICO Para revisão bibliográfica foi realizado levantamento bibliográfico nas bibliotecas virtuais SCIELO, LILACs e PUBMed, além do site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA. Para verificação da adequação dos produtos à nova legislação vigente de rotulagem alimentar, foi elaborado check-list com as seguintes variáveis associadas às orientações contidas na RDC 26/2015: Produto; Marca; Informação sobre presença de ingredientes alérgicos; Informação de fácil visualização e destacada?; Lista de ingredientes condizente com os alergênicos informados?; Data de Fabricação; e Observações. Foram visitados 07 supermercados e inspecionadas 86 produtos de 19 marcas de biscoitos, 62 produtos de 11 marcas de pães e 47 exemplares de 11 marcas de bolos diferentes, resultando em 195 produtos avaliados no período de 01 a 08 de setembro de A quantidade de amostras foi realizada de acordo com as marcas e tipos de produtos disponíveis no supermercado. Foi utilizado para exclusão das amostras os critérios previstos em legislação de não obrigatoriedade para: Alimentos embalados que sejam preparados ou fracionados em serviços de alimentação e comercializados no próprio estabelecimento; Alimentos embalados nos pontos de venda a pedido do consumidor; Alimentos comercializados sem embalagens; Alimentos que tenham sido fabricados até o dia 03 de julho de Devido à falta de informações sobre a fabricação dos produtos, foi utilizada a vida de prateleira média de 60 dias atribuída aos produtos de panificação: bolos e biscoitos (ZUNIGA et al., 2011). Após aplicação dos critérios de exclusão, as amostras resultantes
4 foram: 85 biscoitos; 47 bolos e lanchinhos e 62 pães. Após a coleta das informações os dados foram tabulados utilizando o programa Microsoft Excel (versão 2013) para geração de gráficos e análise dos resultados. No tratamento de dados as marcas foram enumeradas para que não haja exposição das mesmas. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Após aplicação dos critérios de exclusão foi verificado que dos 195 produtos analisados 39% atendem à legislação e 61% não atende, conforme podemos verificar no gráfico abaixo (FIGURA 1). Figura 1. Adequação da rotulagem RDC 26/2015 ANVISA Figura 2. Produtos de panificação. Dentre os grupos de alimentos analisados, o biscoito foi o que
5 apresentou menor atendimento à legislação, representando 59% dos rótulos analisados em não atendimento a legislação vigente (FIGURA 2). Fato este preocupante, pois os principais consumidores, as crianças e adolescentes, em geral, não costumam lê rótulos de produtos alimentícios (OLIVEIRA, 2013). Os produtos com visualização ruim de ingredientes, principalmente alergênicos, ou que causem confusão no consumidor ao exibir a informação de ingredientes alergênicos, mesmo que em traços, em um produto e inibir a mesma informação em outro produto do mesmo tipo, podem causar sérios prejuízos ao consumidor desde alterações: na pele (urticária, inchaço, coceira, eczema); no sistema gastrointestinal (diarreia, dor abdominal, vômitos); no sistema respiratório (tosse, rouquidão e chiado no peito) à alterações mais graves, que podem acometer vários órgãos simultaneamente (choque anafilático). CONSIDERAÇÕES FINAIS A não necessidade legal das informações de ingredientes, alérgicos ou não, para produtos de fabricação própria prevê que as informações podem ser dadas por funcionários do local, no entanto na análise feita mostrou que os funcionários não foram treinados para prestar as informações necessárias aos clientes, precisando de uma fiscalização maior dos órgãos fiscalizadores, ou até mesmo uma alteração na legislação. A falta da informação da data de fabricação, permitido por lei, trouxe um fator preocupante para análise da adesão da indústria à legislação, no entanto o uso da validade e de uma média de tempo de prateleira mostrou-se eficaz para estipulação dessa data. Dentre os produtos analisados, alguns continham no seu rótulo o dizer pode conter traços de, o que pode levar dúvida ao o consumidor, principalmente os alérgicos, sobre o seu consumo. Sendo os traços devido principalmente o uso de uma mesma linha de produção para produtos diferentes, podendo deixar vestígios de ingredientes de um produto em outro que não possua o mesmo ingrediente. No entanto, mesmo em forma de traços, dependendo do grau de sensibilidade o indivíduo alérgico, o consumo pode causar reações, sendo obrigatória, segundo RDC Nº 26/2015, a apresentação
6 das informações pode conter traços de ou contém traços de nos rótulos de alimentos que entrem em contato com algum tipo de ingrediente considerado alergênico. O estudo apontou que as empresas do ramo de panificação, considerando pães, bolos e biscoitos, ainda não estão adequadas à nova legislação, mostrando a necessidade de maior fiscalização para garantia do direito e saúde dos consumidores. REFERÊNCIAS AAP - AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS. Committee on Nutrition. Hypoallergenic infant formulas. Pediatrics, v. 106, p , BRASIL. Resolução RDC n.26 de 2 de julho de Disponível em: < Acesso em: 05 set Decreto-lei n.986 de 21 de outubro de Dispõe sobre normas básicas sobre alimentos dos Ministérios da Marinha da Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar. Diário Oficial da União. 1969, 21 out; Seção 1.. Resolução Normativa n.12/78, de 12 de janeiro de Câmara Técnica de Alimentos do Conselho Nacional de Saúde. Rotulagem. Diário Oficial da União jan; Parte I, 2 jan; Seção 1. CHAPMAN, J. A.; BERNSTEIN, I. L.; LEE, R. E. Food Allergy: a practice parameter. Ann Allergy Asthma Immunol, v. 96, p. 1-68, FERNÁNDEZ-RIVAS, M. Alergia a alimentos: patrones de respuesta clínica a los alergenos alimentarios. Alergologia e Inmunologia Clinica, v. 18, p , FERREIRA, A. B.; LANFER-MARQUEZ, U. M. Legislação brasileira referente à rotulagem nutricional de alimentos. Rev. Nutr., v. 20, p.83-93, IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICAS. Pesquisa de Orçamentos Familiares Brasil. Disponível em: < Acesso em: 13 set
7 IBOCK, S. A.; ATKINS, F. M. Patterns of food hipersensivity during sixteen years of double-blind placebo-controlled oral food challenges. J Pediatr, v. 117, p , KAPOOR, G; ROBERTS, Y; BYNOE, M.; GAUGHAN, M.; HABIBI, P.; LACK, G. Influence of a multidisciplinary pediatric allergy clinic on parental knowledge and rate of subsequent allergic reactions. Allergy, v. 59, p , LOPES, C.; RAVASQUEIRA, A.; SILVA, I.; CAIADO, J.; DUARTE, F.; DIDENKO, I.; SALGADO, M.; SILVA, S. P.; FERRÃO, A.; PITÉ, H.; PATRÍCIO, L.; BORREGO, L. M. Allergy School Hannover 2006: Allergy, from diagnosis to treatment. Rev Portuguesa de Imunoalergologia, v. 14, p , SAMPSON, H. A. Update on food allergy. J Allergy Clin Immunol, v. 113, p , OLIVEIRA, T. P. D. Bebidas artificiais não alcoólicas: adolescentes leem e compreendem seus rótulos?. Revista Urutágua, n. 29, p , SOLÉ, D.; SILVA, L. R.; ROSÁRIO, N. A. F.; SARNI, R. Consenso Brasileiro TAYLOR, S. L.; HEFLE, S. L. Food allergen labeling in the USA and Europe. Curr Opin Allergy Clin Immunol. v. 6, p , ZEIGER, R. S.; SAMPSON, H. A.; BOCK, S. A.; BURKS JR., A. W.; HARDEN, K.; NOONE, S.; MARTIN, D.; LEUNG, S.; WILSON, G. Soy allergy in infants and children with IgE-associated cow s milk allergy. J Pediatr, v. 134, p , ZUNIGA, A. D. G.; COELHO, A. F. S.; FERREIRA, E. M. S.; RESENDE, E. A.; ALMEIDA, K. N. Avaliação da vida de prateleira de biscoito de castanha de caju tipo integral. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, v. 13, p , 2011.
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