A alface (Lactuca sativa) como fonte de infecção por enteroparasitas em alguns municípios brasileiros RESUMO

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1 A alface (Lactuca sativa) como fonte de infecção por enteroparasitas em alguns municípios brasileiros Flávio Fernandes Santos 1 Gulnara Patricia Borja Cabrera 2 RESUMO As hortaliças constituem uma importante fonte de parasitas intestinais para o homem, em especial aquelas que são adubadas por esterco, constituindo um grupo de maior risco para a contaminação. Na presente revisão bibliográfica, tivemos como objetivo a discussão dos resultados de análises parasitológicas de alfaces (Lactuca sativa), em várias localidades do Brasil a fim de identificar as enteroparasitoses mais freqüentes. Verificamos que em 1341 amostras do total de publicações, 720 foram positivas para enteroparasitas divididos nesta revisão entre helmintos e protozoários. Nos helmintos 40,41% (N= 308) corresponderam a Ancilostomídeos (p= 0,0001), seguido de Strongyloides sp em 13,64% das amostras (N= 104). Ascaris.lumbricoides em 6,82% (N= 52), Hymenolepis spp., em 2,36% (N= 18), Trichuris trichiura em 2,23% (N= 17) e menor proporção Enterobius vermiculares em 0,78% (N= 6). Nos protozoários 53,61% (N= 386) das amostras corresponderam a Entamoeba coli (p= 0,0001), seguido de Entamoeba histolytica/díspar em 21,94% (N= 158) das amostras. Giardia lamblia em 12,22% (N= 88), Endolimax nana em 10,14% (N= 73), Balantidium coli em 6,53% (N= 47), Iodamoeba butschlii em 0,56% (N= 4) e em menor proporção a Entamoeba hartmanni em 0,28% (N= 2). A positividade de enteroparasitas nas folhas e pés-de-alface presentes foi preocupante. A análise dos resultados da pesquisa bibliográfica demonstrou espécies que são patogênicas para o homem, confirmando que as alfaces distribuídas no Brasil são de qualidade higiênico-sanitária suspeitas, tornando necessária orientação aos produtores e manipuladores quanto à importância da correta higienização, minimizando desta forma a transmissão de doenças parasitárias por alimentos que são consumidos crus. Palavras-chaves: Contaminação parasitária. Alimentos. Alfaces. Enteroparasitas. Parasitológicas. Hortaliças. Helmintos. protozoários. Área do Conhecimento: Parasitologia 1 Biomédico, Curso de pós - graduação em análise clínicas e Gestão de Laboratório, Universidade Vale do Rio Doce. ffsbiomedicina@gmail.com 2 Orientadora Profª.Drª. do Curso de Mestrado em Ciências Biológicas Universidade Vale do Rio Doce. gulnaraborja@yahoo.com.br 1

2 1. Introdução O Brasil, como um país tropical em desenvolvimento, possui clima e situação socioeconômica favoráveis à ocorrência de doenças parasitárias. Em países em desenvolvimento, tanto em áreas rurais quanto em urbanas, devido às baixas condições sanitárias, as parasitoses intestinais são amplamente disseminadas, e as hortaliças servem como um dos principais veículos de transmissão de enfermidades intestinais (MESQUITA et al., 1999). Os alimentos destinados ao consumo humano são produzidos, manipulados e consumidos em um meio ambiente contaminado com grande variedade e quantidade de microrganismos e parasitas (SIMÕES, et al. 2001). A contaminação dos alimentos pode ter várias origens, do plantio ao consumidor, sendo que a sua inadequada manipulação durante o processamento e a distribuição são as principais causas de disseminação de enfermidades de origem alimentar e seu controle tem recebido cada vez maior atenção em todo mundo (SLIFKO et al., 2000). Para Takayanagui (2000), o consumo de verduras cruas constitui importante meio de transmissão de várias doenças infecciosas pela freqüente prática de irrigação de hortas com água contaminada por matéria fecal ou mesmo adubadas com dejetos humanos. Assim, os enteroparasitas são transmitidos em sua maior parte pela água e alimentos contaminados, sendo importante avaliar os hábitos higiênicos e realizar constantes inquéritos parasitológicos na população. Devido às baixas condições sanitárias, tanto em áreas rurais quanto urbanas, as parasitoses são amplamente difundidas, sendo as hortaliças um dos veículos de suas estruturas infectantes (SILVA et al., 1995; MESQUITA et al., 1999; TAKAYANAGUI et al., 2000; 2001). Desta forma, constituem o fator de maior relevância na epidemiologia das enteroparasitoses. Isto acontece, principalmente, por causa do elevado grau de resistência das diferentes formas dos organismos às condições ambientais, os quais podem persistir por longos períodos de tempo na água, no solo ou mesmo nas próprias culturas constituindo um problema mundial (GERMANO, 2003). Tal fato contribui direta ou indiretamente com freqüentes implicações clínicas, sendo responsáveis por um comprometimento físico e intelectual das faixas etárias mais jovens da população e consideráveis índices de morbidade e mortalidade em todo o mundo. (MESQUITA et al, 1999). 2

3 O diagnóstico laboratorial de parasitas presentes em hortaliças é de grande importância para a saúde pública. Este expressa dados sobre as condições higiênicas envolvidas na produção, armazenamento, transporte e manuseio destes produtos. (SILVA et al., 2003). A alface é a hortaliça folhosa mais importante na alimentação brasileira, o que lhe confere uma expressiva importância econômica. No entanto é um importante veículo de contaminação parasitológica para a população humana (KELLER et al., 2000). Este estudo teve como objetivo a discussão dos resultados de diversas publicações de análises parasitológicas de alfaces em várias localidades do Brasil, a fim de identificar a freqüência das principais enteroparasitoses. 2. Métodos Este estudo de revisão bibliográfica abordou publicações científicas realizadas entre cidades de diferentes regiões do país como Maringá PR, Florianópolis SC, Araraquara e São Carlos SP, São Mateus ES, Recife PB, Ribeirão Preto SP, Montes Claros MG, Cruzeiro do Sul AC, Campina Grande PB, Lavras MG, Sorocaba SP, Rio de Janeiro RJ, Guarapuava PR, Anápolis GO, São Paulo SP, Vitória ES, São José dos Campos SP, Curitiba PR, Niterói - RJ, em várias datas, por intermédio de buscas sistemáticas utilizando os bancos de dados eletrônicos: Medline, Science Direct, scielo e o acervo bibliográfico disponível na biblioteca da Universidade do Vale do Rio Doce - UNIVALE. O uso de palavras chaves inclui combinações dos seguintes termos: Enteroparasites/ enteroparasitas; Lettuce/ Alface; Broadcasting/ Transmissão; Helminth/ Helmintos; protozoa/ protozoários. Para a análise dos dados, realizou-se a análise das variáveis utilizando-se de distribuições de freqüências. Para avaliação da associação entre as freqüências, utilizou-se o teste do qui-quadrado com nível de significância de 5% (p< 0,05) através do programa Graph Pad Prism 5. 3

4 3. Resultados e Discussão A figura 1 mostra as cidades pertencentes a diferentes regiões do país, referentes à revisão bibliográfica científica realizada neste trabalho. Figura 1- Cidades incluídas na revisão bibliográfica de enteroparasitas contaminantes da Alface. Fonte: Guia Geográfico, = Cidades referentes à revisão bibliográfica A Tabela 1 mostra o resumo dos resultados apresentados em 22 artigos consultados na revisão bibliográfica. A análise mostrou que ao serem investigadas 1341 amostras 720 foram positivas para enteroparasitas divididas neste trabalho entre helmintos e protozoários. 4

5 Tabela 1. Prevalência de alguns helmintos encontrados em alface (Lactuca sativa) nos artigos analisados Autores Amostras Analisadas(Positivas) A B C D E F FALAVIGNA, et al., 30(15) SAIRAIVA, et al., 20(17) SILVA, et al., 40(24) SOARES & CANTOS, 250(150) TAKAYANAGUI, et al., 26(18) CAVALCANTE & 25(25) CORRÊA, 2010 OLIVEIRA & GERMANO, 100(33) SANTOS & PEIXOTO, 50(50) COELHO, et al., Lâminas 1080(42)** MESQUITA, et al., 33(5) P NERES, et al., 79(79) CANTOS, et al., 11(11) MARZOCHI, 21(21) TAKAYANAGUI, et al., 17(14) TAKAYANAGUI, et al., 172(57) ONO et al., 76(27) SILVA & OLIVEIRA, 15(7) FALAVIGNA, et al., 186(126) BELINELO et al., 140(36) MONTANHER et al., 50(5) TOTAL 1341(720) % 40,41 13,64 6,82 0,78 2,36 2,23 A Ancilostomídeos (Larvas e ovos), B-Strongyloides sp (Larvas e ovos), C-A.lumbricoides, D-Enterobius vermiculares, E Hymenolepis sp., F-Trichuris trichiura P Presente: quantidade não definida pelo autor; ** - Quantidade não calculada por se referir a número de lâminas pelo autor e não de amostras analisadas. Fonte: Revisão Bibliográfica, Maio/Junho, 2011 A pesquisa dos enteroparasitas da classe nematoidea mostrou um maior número de casos dos Ancilostomídeos correspondendo a 40,41% (N= 308), com diferencia 5

6 estatisticamente significativa (p= 0,0001) das outras helmintoses, seguido de Strongyloides sp em 13,64% (N= 104), A.lumbricoides em 6,82% (N= 52), Hymenolepis SP em 2,36% (N= 18), Trichuris trichiura em 2,23% (N= 17) e em menor proporção o Enterobius vermiculares em 0,78% (N= 6) dos casos. Tabela 2. Prevalência de alguns protozoários encontrados em alface (Lactuca sativa) nos artigos analisados Autores Amostras (Positivas) A B C D E F G SAIRAIVA, et al., 20(17) FALAVIGNA, et al., 20(17) SILVA, et al., 40(24) SOARES & CANTOS, 250(150) TAKAYANAGUI, 26(18) et al., 2007 CAVALCANTE & CORRÊA, 25(18) SANTOS & PEIXOTO, 50(50) COELHO, et al., Lâminas (42)** OSAKI, et al., 52(18) NERES et al., 79(79) CANTOS, et al., 11(11) MARZOCHI, 21(21) TAKAYANAGUI, et al., 17(13) TAKAYANAGUI, et al., 172(57) ONO et al., 76(27) SILVA & OLIVEIRA, 15(7) BELINELO et al., 140(36) FALAVIGNA, et al., 186(126) 3 ou MONTANHER et al., 50(5) TOTAL 1341(720) % 53,61 21,94 12,22 6,53 0,28 10,14 0,56 A Entamoeba coli, B-Entamoeba histolytica/díspar, C-Giardia lamblia,d-balantidium coli, E Entamoeba hartmanni,f-endolimax nana,g-iodamoeba butschlii; ** - Quantidade não calculada por se referir a número de lâminas pelo autor e não de amostras analisadas. Fonte: Revisão Bibliográfica, Maio/Junho,

7 No que diz respeito aos protozoários intestinais na Tabela 2 sumarizamos os resultados da pesquisa bibliográfica. Foram analisadas 1341 amostras, das quais 720 foram positivas. A Entamoeba coli mostrou uma prevalência maior de 53,61% (N= 386) dos casos sem diferença estatística significante (p> 0,05) da Entamoeba histolytica/díspar que apresentou 21,94% (N= 158) dos casos, porém com significância (p= 0,0001) com os outros protozoários que apresentaram 12,12% (N= 88) de Giardia lamblia; 10,14% (N= 73) de Endolimax nana; 6,53% (N= 47) de Balantidium coli;, 0,28% (N= 2) de Entamoeba hartmanni e 0,56% (N= 4) de Iodamoeba butschlii. A positividade para presença de enteroparasitas nas folhas e pés-de-alface (Lactuca sativa) observadas em várias regiões do país e em datas diferentes foi preocupante, conforme as tabelas 1 e 2. Em estudo prévio em Montes Claros- MG, Santos & Carvalho (2007), mostraram a análise parasitológica de enteroparasitas com uma prevalência de 100% nas 40 amostras analisadas sendo 73,3%, para Strongyloides stercoralis, 33,3% Ancilostomídeo 27% Ascaris lumbricóides, 20% Trichostrongylus SP e 13,3% Hymenolepis nana diferente a os dados encontrados na presente revisão bibliográfica onde foi visualizada uma maior prevalência do Ancilostomídeo. Os enteroparasitas Eimeria sp. e larvas de Trichostrongylus sp. não são de importância médica humana e não foram descritos na tabela 1, porém tiveram evidência na pesquisa realizada em Montes Claros MG. Foi constatado que o Município de Montes claros tinha problemas de rede de esgoto com evidente contaminação pluvial justificando a maior prevalência por Strongyloides stercoralis (SANTOS & CARVALHO, 2007). Assim como observado na revisão bibliográfica, Guimarães et al. (2001) em Lavras, MG, observaram larvas de nematódeos em 42,5% das amostras coletadas em supermercados e 50% em sacolões como em feiras livres respectivamente. A contaminação fecal da terra ou da água é o fator mais importante da disseminação das parasitoses intestinais principalmente nas regiões pobres onde não existem serviços sanitários e a defecação se faz no solo, o que possibilita que os ovos e as larvas de helmintos eliminados nas fezes se desenvolvam e cheguem a ser infectantes. CANTOS et. al., (2004) reportaram que em Florianópolis-SC, onde as estruturas parasitárias comumente encontradas na análise parasitológica de hortaliças são: ovos de Ancilostomídeos, larvas de Strongyloides stercoralis, ovos de Hymenolepis nana, cistos de Entamoeba hartmanni, cistos de Entamoeba coli, cistos de Entamoeba 7

8 histolytica/entamoeba dispar, oocistos de Blastocystis. hominis e protozoários ciliados de vida livre, confirmando os achados descritos na revisão bibliográfica. A Entamoeba histolytica é de suma importância clínica e aparece em 21,94% das amostras analisadas na presente revisão bibliográfica, sua patogenia é preocupante uma vez que pode ocorrer invasão de tecidos, pouco comum em nosso meio, com vários casos relatados na região amazônica (ESCOBAR-PARDO et. al. 2010). Os protozoários intestinais transmitem-se principalmente pela contaminação fecal através das mãos, da água ou dos alimentos. Guimarães et al. (2003), detectaram baixos níveis de contaminação com cistos de Entamoeba sp, somente em 2,5% das amostras coletadas nos supermercados, 7,5% em sacolões e 5% em feiras livres ao contrário da revisão bibliográfica que apresentou uma prevalência maior das Entamoeba sp. Provavelmente esses comércios apresentavam boas condições de higiene sanitária. Escobar-Pardo et. al. (2010), em pesquisa realizada com crianças indígenas com variação de idade de 2 a 9 anos, residentes em seis aldeias do Xingu foram encontrados amostras positivas para Ancylostoma 7 (3,5%), Ascaris 17 (8,4%), Entamoeba coli 98 (48,5%), Giardia duodenalis 62 (30,7%), Endolimax nana 103 (50,9%), Hymenolepis nana 44 (21,8%), Schistossoma mansoni 1 (0,5%), Entamoeba histolytica 1 (0,5%), Iodamoeba butschlii 13 (6,4%), o que mostra a prevalência das enteroparasitose com populações com baixo nível sanitário. Aparentemente o baixo padrão higiênico, evidenciado pela presença de formas parasitárias de origem humana e/ou animal e alta contaminação por coliformes fecais oriundas das fezes de seres humanos e/ou animais possivelmente aconteça na produção, transporte, armazenagem ou manipulação das hortaliças (GUIMARÃES et al., 2003). Nóbrega (2002), observou que não existem diferenças em adquirir alfaces provenientes tanto de feiras livres quanto de supermercados, pois ambas apresentaram as mesmas estruturas enteroparasitárias. Observa-se que a contaminação é freqüente nos dois tipos de estabelecimentos. Assim como observado na revisão bibliográfica, Oliveira e Germano (1992) evidenciaram, também em São Paulo, vários tipos de helmintos em 32% das amostras de alface lisa e protozoários em 18% respectivamente. Por sua vez, Silva et. al. (1995) evidenciaram, em supermercados do Rio de Janeiro, contaminação de verduras com ovos de helmintos em 21,4% das amostras e Guilherme et.al. (2003), em Maringá PR, em 16,6%. 8

9 Estes dados contrastam com a baixa (6,2%) freqüência observada por Mesquita et al., em Niterói e no Rio de Janeiro. Guimarães et. al.(2003), estudando a freqüência de enteroparasitas em alfaces, verificou níveis de contaminação elevadíssimos: de 120 amostras, 100% apresentaram algum tipo de forma enteroparasitária, independente de terem sido coletadas em sacolões, feiraslivres ou em supermercados, diferente ao observado por Mesquita et al.(1999), em 128 amostras de hortaliças consumidas cruas, inclusive a alface (Lactuca sativa), nas cidades de Niterói e do Rio de Janeiro, onde não foram encontrados cistos de protozoários ou ovos de helmintos que parasitassem o homem. No entanto foram encontrados ácaros, ovos de ácaros, insetos, larvas de nematóides e protozoários ciliados. O percentual de irregularidades observado nas amostras da pesquisa de Mesquita et al.(1999), diferiu bastante de outras descritas na literatura nacional, devido às altas incidências de formas enteroparasitárias observadas nas alfaces (Lactuca sativa). Takayanagui et al. (2001) fiscalizando verduras comercializadas em Ribeirão Preto (SP), constataram a presença de coliformes fecais, Salmonella e alguns parasitas em 53% (20/38) das amostras de alface. Por outro lado, Guilherme et al., (1999) também observando a prevalência de enteroparasitas em hortaliças, detectaram contaminação somente em 6,6% (2/30) das alfaces, variedade crespa. No mesmo ano, Mesquita et al. detectaram contaminação em 3,9% (5/128) das amostras de alfaces. Coelho et al., (2001) também analisando hortaliças, constataram a presença de formas transmissíveis de enteroparasitas em 3,9% (42/1080) das amostras. Tais porcentuais, exceto da pesquisa de Takayanagui et al., (2001) divergiram dos porcentuais da atual pesquisa bibliográfica que mostrou uma prevalência elevada dos enteroparasitas.. É importante observar que estas parasitoses trazem muitos transtornos nos portadores do vírus HIV, devido seu quadro imunológico afetado. Estudo transversal em 200 pacientes portadores da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) realizado por Cimerman et. al. (1999), na cidade de São Paulo, a fim de verificar se a presença de enteroparasitas está associada aos diversos fatores de risco para a infecção pelo HIV. Verificou-se que a diarréia foi mais freqüente no grupo que apresentou parasitose intestinal, sendo a diferença altamente significante (p < 0,0001). O parasita mais prevalente foi a Giardia lamblia em 32 (16%) casos. A associação entre a presença de parasitas nas fezes e os fatores de risco não revelou significado estatístico, principalmente para os patógenos Giardia lamblia e Cryptosporidium parvum (p = 0,99; p = 0,69, respectivamente). E apesar de serem parasitas de fácil tratamento, 9

10 nestes indivíduos a tendência é o agravamento do seu quadro clínico que dificulta o tratamento. Outro fator a ser considerado é a pluviosidade, MARZOCHI (1977), desenvolveu um estudo em 3 hortas em Ribeirão Preto SP, e constatou que a distribuição dos achados têm relação direta com as variações de pluviosidade, ocorrendo aumento de cistos e ovos quando a pluviosidade é baixa e diminuição dos mesmos quando ocorre o inverso. A prevenção da infecção por enteroparasitas como afirma BARUFFALDI, R. et al.(1984), pode ser feita através da exposição de folhas de alface durante 10 minutos à solução desinfetante de hipoclorito de sódio, na concentração de 40 p.p.m. de cloro livre, mostrando ser altamente eficiente do ponto de vista parasitológico. Os dados deste trabalho enfatizam ainda a necessidade do cumprimento da legislação vigente e a detecção das condições de risco à Saúde Pública em relação ao fluxo de produção, manipulação e venda de hortaliças. 4. Conclusões Este estudo, demonstrou que os resultados das publicações relacionadas nesta análise, apresentaram acentuada presença dos enteroparasitas, havendo necessidade de medidas profiláticas no sentido de melhorar a qualidade higiênica destas. Nos trabalhos citados foram detectadas enteroparasitas infectantes ao homem como cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos. As hortaliças podem apresentar um risco à saúde, quando contaminadas por estruturas parasitárias, com isso, ressaltamos a necessidade de se realizar estudos que alertem a população e aumentem a política de atividades sanitárias concentradas para o cultivo das hortaliças, através de ações educativas destinadas aos produtores e consumidores, e do monitoramento laboratorial das águas destinada para irrigação das hortas. De acordo com a Embrapa, para o consumo deve-se lavar as folhas uma por uma em água corrente, e depois deixá-las de molho em solução de água sanitária (1 colher de sopa de água sanitária para 1 litro de água filtrada) por 10 minutos. Em seguida, as folhas devem ser enxaguadas com água filtrada. Ao contrário do que muitos pensam, a água sanitária ou vinagre não retiram os resíduos de agrotóxicos ou de pesticidas, mas eliminam microorganismos que podem estar nas folhas e causar doenças. Como a carga parasitária nas 10

11 alfaces pesquisadas, foram altas, recomenda-se que seja feita a lavagem de cada folha e o tratamento com hipoclorito ou água sanitária e logo após com vinagre para haver uma descontaminação completa. O estudo realizado sinaliza a importância de um profissional na fiscalização da vigilância sanitária, pois muitas das doenças transmitidas por alimentos estão relacionadas com os maus hábitos dos manipuladores, a higienização e ao controle ambiental. Em diversos momentos as hortaliças estão sujeitas a contaminar-se por formas enteroparasitárias, desde o plantio até o consumo. Além disso, há também necessidade de um profissional para promover atividades educativas permanentes dirigidas aos consumidores e manipuladores de alimentos, alertando para os riscos representados pela manipulação inadequada, pois nenhuma forma de controle alimentar é eficaz sem o apoio da maioria dos interessados e o respaldo da opinião pública bem informada. Os programas governamentais não podem deixar de considerar a segurança alimentar como componentes estratégicos de conscientização coletiva, traçando diretrizes básicas para os diversos campos de atuação e cenários, no sentido de valorizar a qualidade de vida da população. A soma de pequenos esforços, a mudança de comportamento e hábitos são os caminhos para se resolver os grandes problemas de Saúde Pública. The lettuce (Lactuca sativa) as infection source for intestinal parasites in some brazilian municipal districts ABSTRACT Vegetables are an important source of intestinal parasites to humans, especially those that are fertilized by manure are a group of higher risk for contamination. In this literature review, our objective was to discuss the results of parasitological analysis of lettuce in various locations in Brazil in order to identify the most common intestinal parasite. When analyzed 1341 samples in total publications, 720 were positive for intestinal parasites divided between helminths and protozoa, of which 40.41% (N = 308) correspond to Ancilostomídeos (p= 0,0001), Strongyloides sp followed in 13.64% of cases (N = 104), A. lumbricoides in 6.82% (N = 52), Hymenolepis sp at 2.36% (N = 18), Trichuris trichiura in 2.23% (N = 17) and a lesser extent Enterobius vermicularis at 0.78% (N = 6). Respect protozoa 53.61% (N = 386) correspond to Entamoeba coli (p= 0,0001), followed by Entamoeba histolytica / dispar in 21.94% of cases (N = 158), Giardia lamblia, 12.22% (N = 88), Endolimax nana in 10.14% (N = 73), 11

12 Balantidium coli in 6.53% (N = 47), Iodamoeba butschlii at 0.56% (N = 4) and a lesser extent to Entamoeba hartmanni, 0.28% (N = 2). The positivity of intestinal parasites on the leaves and lettuce (Lactuca sativa), present in various regions of the country was worrying. The results of the literature showed that species are pathogenic, thus, we can alert lettuce which are being distributed in Brazil are sanitary and of suspected quality, making the necessary guidance to producers and handlers on the importance of proper hygiene, thus minimizing the transmission of parasitic diseases transmitted by foods that are eaten raw. Keywords: Parasitic contamination. Food. Lettuce. Intestinal parasites. Parasitological. Vegetables. Helminths. Protozoa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARUFFALDI, R. et al. Chemical treatment of polluted vegetables. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 18:225-34, BELINELO, V. J.; GOUVÊIA, M. I.; COELHO, M. P.; ZAMPROGNO, A. C.; FIANCO, B. A.; OLIVEIRA, L. G. A. Enteroparasitas em hortaliças comercializadas na cidade de São Mateus, ES, Brasil. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 13, n. 1, p , jan./abr CANTOS, G. A. et al. Estruturas Parasitárias Encontradas em Hortaliças Comercializadas em Florianópolis, Santa Catarina. Newslab, Santa Catarina, v. 66, p , CAVALCANTE, M. S.; CORRÊA, E. A.. Avaliação parasitológica e condições higiênico sanitárias de hortaliças comercializadas na cidade de Cruzeiro do Sul, Acre, Brasil. Universidade Federal de Rondônia. Ano IX, Nº Volume XXVIII - Porto Velho Julho, CIMERMAN, Sérgio; CIMERMAN, Benjamin; LEWI, David Salomão. Avaliação da relação entre parasitoses intestinais e fatores de risco para o HIV em pacientes com AIDS. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. 32(2): , mar-abr, COELHO, L.P.S.; OLIVEIRA, S.M.; MILMAN, M.H.A. Detecção de formas transmissíveis de enteroparasitas na água e nas hortaliças consumidas em comunidades escolares de Sorocaba, São Paulo, Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v.34, n.5, p ,

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