PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL EM ESCOLARES DE 06 A 10 ANOS DE IDADE DA CIDADE DE UBERLANDIA- MG.

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1 PERCEPÇÃO DA IMAGEM CORPORAL EM ESCOLARES DE 06 A 10 ANOS DE IDADE DA CIDADE DE UBERLANDIA- MG. Ana Carolina REIS FERREIRA (Unitri, correspondência: anareisf@hotmail.com) Estéfany AMORIM CECÍLIO (Unitri, correspondência: fanyacecilio@hotmai.com) Larissa QUIRINO MOREIRA (Unitri, correspondência: larissa.quirino.moreira@hotmail.com) Pollyana ROCHA MARIANO(Unitri, correspondência: pollyana_mariano@hotmail.com) Marclênia EDUARDO RAMOS(Unitri, correspondência: ma.nutricao@yahoo.com.br) Iana de SOUZA REIS(Unitri, correspondência: iana_reis@yahoo.com.br) Leandro TEIXEIRA PARANHOS LOPES (Unitri, correspondência: profleandrounitri@gmail.com) RESUMO Objetivo: identificar a insatisfação e distorção corporal em crianças com idade de 6 a 10 anos da cidade de Uberlândia - MG. Metodologia: A amostra constituiu-se por 92 crianças em idade escolar de 6 a 10 anos. Usando a escala que continham onze silhuetas de larguras diferentes em comparação com o IMC, verificou se houve insatisfação e distorção corporal nas crianças. Resultados: Foi observada a presença de insatisfação e distorção nos escolares de 6 a 10 anos, com alta prevalência de insatisfação em crianças de 9 e 10 anos e distorção em crianças de 6 anos. Conclusão: De acordo com a metodologia adotada e os resultados obtidos, podemos concluir que todas as crianças verificadas apresentaram distorção e insatisfação corporal, a grande diferença foi que crianças com idades precoces apresentaram altos

2 índices de distorções corporais e as crianças maiores apresentaram altos índices de insatisfações corporais. Palavras Chave: insatisfação, distorção, escala de silhuetas, escolares. INTRODUÇÃO A imagem corporal é a figuração do nosso corpo formada em nossa mente, de acordo com as experiências individuais e conceitos do mesmo. Refere-se também, à representação mental do próprio corpo, com as atitudes, sentimentos, fantasias e conflitos associados a ele. A compreensão do conceito de imagem corporal está vinculada ao significado dos termos imagens e corpo, e sua definição não é simplesmente uma questão de linguagem, possui maior dimensão quando comparado à subjetividade de cada indivíduo. O corpo humano possui, em determinadas vezes, respostas diferentes quando comparado ao adequado no contexto social, podendo acarretar sofrimento e tensão ao indivíduo. De acordo com a homogeneização imposta pela cultura há a necessidade de concretização do corpo ideal de acordo com os padrões de beleza pré-formados. Na sociedade moderna a excessiva preocupação com a beleza e a perfeição do corpo atinge cada vez mais crianças e jovens, de ambos os sexos. Na busca pelo corpo perfeito a autoimagem é vista como inadequada, de acordo com os padrões preconizados e transmitidos pela mídia. O culto pela magreza se torna cada vez mais evidente, podendo levar ao consumo inadequado de alimentos, na tentativa de conquistar o belo corpo. Evidências científicas apontam que a insatisfação com a imagem corporal é cada vez mais comum, principalmente para o sexo feminino. Os adolescentes estão mais sujeitos às mudanças nos hábitos alimentares e na autopercepção da forma corporal, devido às alterações psicológicas e sociais decorrentes desta fase. A mídia possui influencia neste contexto uma vez que dissemina a ideia de perfeição corporal, na qual a obesidade representa a preguiça, autopiedade e menor poder de decisão e qualidade de vida. Percebe-se assim, a crescente preocupação com os padrões de beleza, podendo levar a distorção da própria imagem, em que há como necessidade a busca pela perda de peso.

3 O ideal de beleza feminina direcionado à magreza é parte integrante da psicopatologia dos transtornos alimentares (TA). Na cultura ocidental, ser magra significa ter competência, sucesso, autocontrole e ser atraente sexualmente. Uma vez que o ideal de magreza proposto é uma impossibilidade biológica para a maioria das mulheres especialmente em um contexto de consumo de alimentos altamente calóricos associado ao sedentarismo, faz com que a insatisfação corpórea se torne cada vez mais comum. Embora o começo da puberdade aumente o desejo de ser mais magro, há evidências de que no período prépuberal as crianças também se preocupem com seus corpos e busquem perder peso. O presente estudo tem como objetivo identificar se escolares de escolas públicas de 6 a 10 anos apresentam insatisfação e distorção da imagem corporal. MÉTODOS A amostra foi constituída por crianças de duas escolas públicas, Escola Municipal Professor Eurico Silva e Escola Estadual Hercília Martins Rezende, da cidade de Uberlândia-MG, masculino e feminino, com idade de seis a dez anos. Foi entregue um termo de consentimento aos diretores das escolas contendo toda a metodologia e as informações necessárias para obtenção dos dados. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos com o número do parecer A abordagem foi realizada nas escolas, por quatro aplicadores previamente treinados para direcionar a coleta de dados e em um local disponibilizado pelos responsáveis das mesmas. Para avaliar a percepção corporal foi usada a escala de onze silhuetas (Figura 1), apresentadas em cartões individuais, com variações progressivas na escala de medidas, da figura da mais magra a mais larga.

4 Figura 1: Escala de silhuetas para a auto avaliação do peso corporal Cada criança foi solicitada a apontar a figura que tem o corpo mais parecido com o seu próprio corpo, a seguir qual a figura que mostra o corpo que você gostaria de ter. Posteriormente, realizou-se uma comparação entre a silhueta de cada criança e o seu IMC, para avaliar se a silhueta que a criança acredita ter condiz com a realidade de seu IMC. O IMC foi dado através da medida de peso em quilogramas utilizando uma balança portátil, e a altura através de uma fita antropométrica inextensível de fibra de vidro com precisão de 0,1 cm. Logo em seguida do cálculo usamos pontos de cortes para a escala de silhuetas que está presente no estudo feito por Kakeshita, (2008). RESULTADOS A tabela 1 mostra a presença de insatisfação e distorção infantil em idades de 6 a 10 anos. Pode perceber um crescente valor de insatisfação, atingindo seus valores

5 maiores em crianças de 9 e 10 anos. Em relação à distorção os valores maiores apresentados são em crianças de 6 anos. Isto devido a pouca idade para avaliação corporal. Tabela 1- Percentual de distorção e insatisfação em crianças de 6 a 10 anos. IDADE INSATISFAÇÃO DISTORÇÃO 6 ANOS 77,80% 88,90% 7 ANOS 85,20% 81,50% 8 ANOS 87,50% 84,40% 9 ANOS 100% 69,20% 10 ANOS 91,66% 66,60% Nos resultados dispostos, na tabela 2, encontraram valores significativos de crianças com obesidade e sobrepeso. Analisando esse grupo, nota-se que a maioria dos obesos e dos sobrepesos subestima seu próprio peso. Também se observa uma maior superestimação do próprio peso em crianças obesas e menor em sobrepesos. Tabela 2 - Subestimação e superestimação em crianças com sobrepeso e obesidade. SUBESTIMAÇÃO DO SUPERESTIMAÇÃO DO PESO PESO OBESOS 75% 25% SOBREPESOS 93,33% 6,67% Outra análise feita nas crianças obesas e sobrepesos, percebe-se o desejo de obter uma silhueta mais magra em todos os obesos e 93,33% dos sobrepesos. Entretanto, apenas 6,67% dos sobrepesos gostariam de obter uma silhueta maior. Tabela 3 - Percentual do IMC desejado em crianças de 6 a 10 anos de idade DESEJAM SER MAGROS DESEJAM SER GORDOS OBESOS 100% - SOBREPESOS 93,33% 6,67% DISCUSSÃO

6 De acordo com os resultados (Tabela 1) percebe-se um grande número de distorção e insatisfação corporal já em idade precoce, semelhantes aos resultados encontrados no estudo feito em crianças e adolescente de escolas publica e particulares de Belo Horizonte (FERNANDES, 2007). Todas as crianças avaliadas apresentaram insatisfação corporal, visto que as crianças de seis a oito anos apresentaram maior distorção do que insatisfação, ao contrário do restante das faixas etárias que tiveram alto índice de insatisfação corporal. O fato pode ser justificado pela imaturidade da amostra e por isso não tiveram uma identificação clara de seu corpo e identificá-los nas escalas de silhuetas. Já os alunos até 10 anos, puderam relacionar a sua imagem corporal com as figuras da escala de silhueta, informações estas que se aproximaram de seu IMC real. Pinheiro & Jiménez, (2010) observaram que crianças com idades precoces também não tiveram uma acurácia de seu corpo. No presente estudo, as crianças do sexo feminino apresentam o desejo de serem mais magras em 90% dos casos, e 80% dos casos de crianças do sexo masculino. A maioria das insatisfações foi vistas em crianças do sexo feminino, independente de idade, porém não podemos descartar as insatisfações importantes apresentadas também pelas crianças do sexo masculino, o que é abordado também em estudos de Santini e Kirsten (2012). Esses autores apontaram que em crianças com excesso de peso, 53% das meninas e 39% dos meninos apresentaram insatisfação corporal, todos com idade entre 6 e 9 anos. Uma elevada insatisfação corporal observada em meninas também foi vista em crianças de 10 a 17 anos do sexo feminino matriculadas em uma escola na rede privada de ensino no município de Três de Maio RS (CORSEUIL et al, 2009). Apesar da idade dos estudos terem sido diferentes, um acompanhamento em longo prazo dos escolares poderia amenizar distúrbios corporais na adolescência, uma vez que a insatisfação corporal parece permanecer como foi observado nos estudos supracitados nessa população. Uma observação que chamou a atenção foi que 75% dos obesos e 93,33 % dos sobrepesos subestimaram o seu peso (Tabela 2) sendo que a mesma porcentagem dos escolares com sobrepesos e todos os obesos analisados desejava ser mais magros (Tabela 3). O mesmo foi encontrado com um estudo feito com 347 crianças de 8 a 12 anos, da cidade de São Luís-MA (PINHEIRO & JIMÉNEZ, 2010).

7 Em relação ao peso corporal e insatisfação e distorção, nos chama a atenção que as crianças com peso normal possuíram tanto insatisfação quanto distorção, sendo em maior grau na primeira situação. Recentemente, um estudo realizado por Pinheiro; Jiménez (2010) apontaram que crianças com peso normal encontram-se também insatisfeitas. Vale ressaltar que em ambos os sexos e em todas as idades foram detectadas a preocupação com a imagem corporal. CONCLUSÃO De acordo com a metodologia adotada e os resultados obtidos podemos concluir que todas as crianças apresentaram tanto insatisfação como distorção corporal. O diferencial é crianças de idades precoces apresentaram maior distorção e as crianças mais velhas maiores insatisfações. É crescente o número de obesos e sobrepesos nas escolas analisadas e pode-se perceber a vontade de todos os obesos e maioria dos sobrepesos de emagrecer, devido a influencia da mídia por padronizar a beleza. Ter insatisfação e distorção corporal é um grave problema na sociedade, pois pode levar a criança a desenvolver transtornos alimentares (TA). Percebe- se assim, a importância do desenvolvimento de pesquisas como esta, que auxiliam para o maior esclarecimento da percepção da imagem em crianças. REFEÊNCIAS ANDRADE, A.; BOSI, M.L.M. Mídia e subjetividade: impacto no comportamento alimentar feminino. Revista de Nutrição, Campinas, v.16, n.1, p , CARVALHO, Ana Maria Pimenta; CATANEO, Caroline; GALINDO, Elisângela Moreira Careta; MALFARÁ, Carolina Tomain. Auto Conceito e Imagem Corporal em Crianças. Paidéia - Cadernos de Psicologia e Educação, v.15, n.30, CASTILHO, Simone M. A imagem corporal. Editora ESETec. Santo André, São Paulo: Editores Associados, p.100, CLAUDINO, A.M; ZANELLA, M.T. Guia de Transtornos Alimentares e Obesidade. Barueri, São Paulo: Manole, 2005.

8 CORSEUIL, M.W.; PELEGRINE, A.; BECK, C.; PETROSKI, E.L. Prevalência de insatisfação com a imagem corporal e sua associação com a inadequação nutricional em adolescentes. Maringá, v. 20, n. 1, p , FERNANDES, A.E.R. Avaliação da imagem corporal, hábitos de vida e alimentares em crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares de Belo Horizonte. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Medicina, KAKESHITA, S.I. Adaptação e validação de Escalas de Silhuetas para crianças e adultos brasileiros. Tese de Doutorado apresentado à faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto USP. Área de concentração: Psicobiologia, KAKESHITA, et.al. Construção e fidedignidade teste-reteste de escalas de silhuetas brasileiras para adultos e crianças. Psicologia: Teoria e Pesquisa. [online], v.25, n.2, p , MELIN, P.; ARAÚJO, A. M. Transtornos alimentares em homens: Um desafio diagnóstico. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(3), OLIVEIRA, L.L; HUTZ, C.S. Transtornos alimentares: O papel dos aspectos culturais no mundo contemporâneo. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 15, n. 3, p , jul./set PINHEIRO, N.; JIMÉNEZ, M. Percepção e insatisfação corporal: um estudo em crianças brasileiras. Psico. v. 41, n. 4, pp , out./dez SANTINI, A.P; KIRSTEN, V.R. Relação entre o perfil nutricional e a imagem corporal de escolares e adolescentes matriculados em escolas do meio rural da cidade de Santa Maria, RS. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 56 (1): 32-37, jan.-mar SCHILDER, P. A Imagem do Corpo: as energias construtivas da psique. São Paulo: Martins Fontes, TAVARES, M.A.C.G. C.F. Imagem corporal: conceito e desenvolvimento. São Paulo: Manole, 2003.