Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg nos EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº SP (2009/ ) (f) RELATOR AGRAVANTE AGRAVADO : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA : MAURÍCIO PESSOA E OUTRO(S) EMENTA ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. QUEIMADA DA PALHA DA CANA-DE-AÇÚCAR. VEDAÇÃO. INCIDÊNCIA DO ART. 27 DO CÓDIGO FLORESTAL. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS COMPETENTES. ENTENDIMENTO DA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. "A palha da cana-de-açúcar está sujeita ao regime do art. 27 e seu parágrafo do Código Florestal, razão pela qual sua queimada somente é admitida mediante prévia autorização dos órgãos ambientais competentes, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo e do disposto no Decreto 2.661/98, sem prejuízo de outras exigências constitucionais e legais inerentes à tutela ambiental, bem como da responsabilidade civil por eventuais danos de qualquer natureza causados ao meio ambiente e a terceiros" (EREsp /SP, Primeira Seção. Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 13/10/2010). 2. Agravo regimental não provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça,por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina e Ari Pargendler votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Og Fernandes. Brasília (DF), 28 de maio de 2014(Data do Julgamento) MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA Relator Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/08/2014 Página 1 de 7

2 AgRg nos EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº SP (2009/ ) (f) RELATOR AGRAVANTE AGRAVADO : MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA : MAURÍCIO PESSOA E OUTRO(S) RELATÓRIO MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA: Trata-se de agravo regimental interposto por ANTÔNIO JOSÉ RODRIGUES e OUTRO contra decisão unipessoal de minha relatoria que negou seguimento aos seus embargos de divergência, mediante aplicação do enunciado sumular 168/STJ. Sustentam que "A hipótese versada nos presentes embargos de divergência se refere ao caso exposto no item (b), no qual à época dos fatos que originou a ação civil pública vigia tão somente o artigo 27 e parágrafo único do Código Florestal; não havia sido editado o decreto regulamentador nº 2.661/98 e, muito menos a legislação estadual permissiva da queima da palha de cana de açúcar" (fl ). Diante disso, concluem que "é com base nessa realidade (que não implica em revolvimento da matéria fático-probatória, mas sim subsunção dos fatos às normas existentes à época) que se pretende sejam julgados os presentes embargos de divergência" (fl ). Aduz, ainda, que o entendimento adotado no precedente da Primeira Seção que fundamenta a decisão "continua a divergir do acórdão embargado em relação ao outro aspecto abordado pelos embargos de divergência: possibilidade de obtenção de autorização do poder público competente, nos termos das legislações permissivas, e, com isso, afastar a condenação perpétua da obrigação de não fazer" (fl ). É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/08/2014 Página 2 de 7

3 AgRg nos EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RESP Nº SP (2009/ ) (f) EMENTA ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. QUEIMADA DA PALHA DA CANA-DE-AÇÚCAR. VEDAÇÃO. INCIDÊNCIA DO ART. 27 DO CÓDIGO FLORESTAL. NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS COMPETENTES. ENTENDIMENTO DA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. "A palha da cana-de-açúcar está sujeita ao regime do art. 27 e seu parágrafo do Código Florestal, razão pela qual sua queimada somente é admitida mediante prévia autorização dos órgãos ambientais competentes, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo e do disposto no Decreto 2.661/98, sem prejuízo de outras exigências constitucionais e legais inerentes à tutela ambiental, bem como da responsabilidade civil por eventuais danos de qualquer natureza causados ao meio ambiente e a terceiros" (EREsp /SP, Primeira Seção. Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 13/10/2010). 2. Agravo regimental não provido. VOTO MINISTRO ARNALDO ESTEVES LIMA (Relator): A decisão agravada, que merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos, foi assim concebida (fls /2.309): Trata-se de embargos de divergência em recurso especial interpostos por ANTÔNIO JOSÉ RODRIGUES e OUTRO, em que se insurge contra acórdão da Segunda Turma, Rel. Min. HUMBERTO MARTINS, assim ementado (fls /2.189): ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL AÇÃO CIVIL PÚBLICA ART. 27 DO CÓDIGO FLORESTAL FUNDAMENTOS INSUFICIENTES PARA REFORMAR A DECISÃO AGRAVADA AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DO ART. 462 DO CPC FALTA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DO DECRETO N /98 AUSÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO JULGADO LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ AFERIÇÃO DA JUSTIÇA DA IMPOSIÇÃO DA MULTA MATÉRIA DE FATO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ QUEIMADA DE PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR PROIBIÇÃO PEDIDO DE PROVIMENTO JURISDICIONAL QUE GARANTA O SEU DIREITO DE REALIZAR A QUEIMADA DE PALHA DA CANA-DE-AÇÚCAR SE OBTIVER LICENÇA AMBIENTAL PARA ESSE FIM INOVAÇÃO RECURSAL Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/08/2014 Página 3 de 7

4 IMPOSSIBILIDADE. 1. Os agravantes não trouxeram argumentos novos capazes de infirmar os fundamentos que alicerçaram a decisão agravada, razão que enseja a negativa do provimento ao agravo regimental. 2. A alegada violação ao art. 462 do CPC está calcada na existência do Decreto n /98. No entanto, a violação deste decreto não foi sequer alegada, por meio de impugnação específica, incidindo a Súmula 284 do STF, de sorte que não há como alterar a conclusão do julgamento monocrático quanto a este ponto, restando latente a falta de prequestionamento do art. 462 do CPC. 3. Por via de conseqüência, a respeito da alegada violação do art. 535 do CPC, também não procede a ilação apresentada pelos agravantes, uma vez que o art. 462 do CPC não foi conhecido em decorrência da falta de impugnação específica do Decreto n /98. O art. 535 do CPC não foi violado. 4. Aferir a justiça na imposição da multa por litigância de má-fé, como requerem os agravantes, demandaria o reexame do contexto fático-probatório dos autos. 5. Segundo a disposição do art. 27 da Lei n /85, é proibido o uso de fogo nas florestas e nas demais formas de vegetação as quais abrangem todas as espécies, independentemente de serem culturas permanentes ou renováveis. Isso ainda vem corroborado no parágrafo único do mencionado artigo, que ressalva a possibilidade de se obter permissão do Poder Público para a prática de queimadas em atividades agropastoris, se as peculiaridades regionais assim indicarem. 6. Extrapola os limites do recurso especial o pedido de provimento jurisdicional que garanta o seu direito de realizar a queimada de palha da cana-de-açúcar se obtiver licença ambiental para tal, nos termos da jurisprudência desta Corte, uma vez que a questão somente foi deduzida no presente agravo regimental, cuidando-se de inovação recursal, incabível de apreciação. Agravo regimental improvido. Os embargantes sustentam, em síntese, que o acórdão embargado divergiu do entendimento adotado pela Primeira Turma no julgamento do AgRg no REsp /SP, Rel. para o acórdão Min. JOSÉ DELGADO, segundo o qual o art. 27 da Lei 4.771/85 não proíbe o uso de fogo na prática de atividades agropastoris. Na decisão de fls /2.289 a Min. DENISE ARRUDA admitiu os embargos. O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL apresentou contrarrazões (fls /2.302). Decido. Os embargos não merecem seguimento. Com efeito, apreciando caso idêntico ao dos autos, a Primeira Seção, acolheu o entendimento adotado pelo acórdão embargado, no sentido de que "a proibição de que trata o art. 27 do Código Florestal aplica-se também à palha de cana-de-açúcar", tendo o julgado sido assim ementado: PROCESSUAL CIVIL E AMBIENTAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. QUEIMADA DA PALHA DE CANA-DE-AÇÚCAR. PROIBIÇÃO. APLICAÇÃO DO ART. 27 DO CÓDIGO FLORESTAL. 1. "Segundo a disposição do art. 27 da Lei n /85, é proibido o uso de fogo nas florestas e nas demais formas de vegetação as quais Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/08/2014 Página 4 de 7

5 abrangem todas as espécies, independentemente de serem culturas permanentes ou renováveis. Isso ainda vem corroborado no parágrafo único do mencionado artigo, que ressalva a possibilidade de se obter permissão do Poder Público para a prática de queimadas em atividades agropastoris, se as peculiaridades regionais assim indicarem" (REsp /SP, 2ª T., Min. João Otávio de Noronha, DJ de 26/03/2007). Indispensável considerar que "[as] queimadas, sobretudo nas atividades agroindustriais ou agrícolas organizadas ou empresariais, são incompatíveis com os objetivos de proteção do meio ambiente estabelecidos na Constituição Federal e nas normas ambientais infraconstitucionais. Em época de mudanças climáticas, qualquer exceção a essa proibição geral, além de prevista expressamente em lei federal, deve ser interpretada restritivamente pelo administrador e juiz" (REsp , 2a. Turma, Min.Herman Benjamin, DJ de ). 2. Assim, a palha da cana-de açúcar está sujeita ao regime do art. 27 e seu parágrafo do Código Florestal, razão pela qual sua queimada somente é admitida mediante prévia autorização dos órgãos ambientais competentes, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo e do disposto no Decreto 2.661/98, sem prejuízo de outras exigências constitucionais e legais inerentes à tutela ambiental, bem como da responsabilidade civil por eventuais danos de qualquer natureza causados ao meio ambiente e a terceiros. 3. Embargos de Divergência improvidos. (EREsp /SP, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, Primeira Seção, DJe 13/10/10) Por conseguinte, incide, no caso, o teor da Súmula 168/STJ, verbis: "Não cabem embargos de divergência, quando a jurisprudência do Tribunal se firmou no mesmo sentido do acórdão embargado". Ante o exposto, com fundamento no art. 557, caput, do CPC, nego seguimento aos embargos de divergência. Intimem-se. Embora bem lançadas, as razões recursais não ostentam base persuasiva suficiente para vulnerar ou provocar a modificação do julgado. Com efeito, o acórdão embargado encontra-se em consonância com o entendimento consolidado nos EREsp /SP, julgado pela Primeira Seção desta Corte (Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 13/10/2010), no sentido de que a proibição contida no art. 27 do Código Florestal abrange o processo de queima da palha da cana-de-açúcar. A propósito, o voto condutor assim assentou: A proibição, como se percebe, abrange todas as formas de vegetação, inclusive, portanto, as renováveis, como as referentes à cana-de-açúcar produzida no âmbito da atividade agrícola. Não procede o argumento de que a palha não pode ser considerada "vegetação". Com efeito, não se está tratando aqui de palha recolhida do campo e transportada para a queima em forno ou outro equipamento equivalente. Trata-se, isto sim, de queimada da palha de cana-de-açúcar em seu habitat natural, ao longo da lavoura, e Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/08/2014 Página 5 de 7

6 nessas circunstâncias ela é vegetação como qualquer outra. (destacamos) julgado, segundo a qual: De igual modo, o aresto embargado não discrepa da tese adotada nesse mesmo (...) a palha da cana-de-açúcar está sujeita ao regime do art. 27 e seu parágrafo do Código Florestal, razão pela qual a sua queimada somente é admitida mediante prévia autorização dos órgãos ambientais competentes, nos termos do parágrafo único do mesmo artigo e do disposto no Decreto 2.661/98, sem prejuízo de outras exigências constitucionais e legais inerentes à tutela ambiental, bem como da responsabilidade civil por eventuais danos de qualquer natureza causados ao meio ambiente e a terceiros. (destacamos) Ante o exposto, nego provimento ao agravo regimental. É como voto. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/08/2014 Página 6 de 7

7 CERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA SEÇÃO Número Registro: 2009/ AgRg nos EREsp / SP Números Origem: PAUTA: 28/05/2014 JULGADO: 28/05/2014 Relator Exmo. Sr. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAIS FILHO Secretária Bela. Carolina Véras EMBARGANTE EMBARGADO AUTUAÇÃO : RUI GERALDO CAMARGO VIANA E OUTRO(S) ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Meio Ambiente AGRAVANTE AGRAVADO AGRAVO REGIMENTAL : MAURÍCIO PESSOA E OUTRO(S) CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Seção, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina e Ari Pargendler votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Napoleão Nunes Maia Filho e Og Fernandes. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 04/08/2014 Página 7 de 7