SISTEMA DE INCENTIVOS DO ESTADO ÀS PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
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- Manoel Carreiro Cabreira
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1 SISTEMA DE INCENTIVOS DO ESTADO ÀS PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS Aprovado pelo Decreto-Lei nº 8/2005, de 31 de Janeiro (altera o Decreto-lei nº 106/97, de 31 de Dezembro) Publicado no Boletim Oficial nº 5, I Série Com vista ao cumprimento do propugnado no Programa do Governo que se propõe apoiar a comunicação social privada através de medidas de política que viabilizem a sua sobrevivência e permitam o desempenho do seu papel, designadamente no que respeita à disponibilidade de papel, às comunicações e à distribuição; o presente diploma tem por objecto regular o sistema de incentivos do Estado às pessoas singulares ou colectivas privadas que editam publicações periódicas informativas em língua portuguesa ou cabo-verdiana, de maneira a estimular a criação de condições propícias à melhoria da qualidade, diversidade e pluralismo da informação. A introdução do sistema de incentivos, pela primeira vez em Cabo Verde, é um passo importante para a consolidação e afirmação do sector da comunicação social que contribuirá, seguramente, para a existência de uma impressa privada mais dinâmica e mais qualificada. Apesar das dificuldades financeiras do país e do custo da sua implementação, o Governo considera que se justifica um esforço financeiro no sentido de o concretizar, por corresponder às exigências de uma sociedade aberta e pluralista e à necessidade de estimular um sector considerado importante em qualquer Estado de Direito Democrático. Os incentivos previstos neste diploma abrangem a bonificação das tarifas de porte de correio, a redução da taxa das telecomunicações, a concessão do subsídio de papel e a comparticipação nas despesas de deslocação dos jornalistas e equiparados. O correcto funcionamento do sistema de incentivos implica a existência de mecanismo de fiscalização e de garantia de seriedade de todo o processo razão pela qual se prevêem medidas de suspensão e de perda dos incentivos, se essa seriedade for posta em causa. Assim e No uso da faculdade conferida pela alínea a), do n 2 do artigo 216 da Constituição, o Governo decreta o seguinte; Artigo 1 (Objecto e condições gerais de acesso) 1. O presente diploma regula o sistema de incentivos do Estado à comunicação social, tendo em vista assegurar condições adequadas ao exercício do direito de informação. 2. Podem beneficiar do sistema de incentivos do Estado a que se refere o número anterior: a) As entidades proprietarias ou editoras de publicações periódicas classificadas como cabo-verdianas nos termos da Lei da Imprensa, desde que redigidas em língua portuguesa ou cabo-verdiana; b) Os operadores de radiodifusão sonora licenciados ou autorizados nos termos da lei; c) As entidades classificadas como cabo-verdianas nos termos da Lei da Imprensa que editem publicações periodicas em língua portuguesa ou cabo-verdianas com distribuição electrónica.
2 Artigo 2 (Modalidades) O sistema de incentivos do Estado à comunicação social comporta as seguintes modalidades: a) Bonificação das tarifas de porte de correio, adiante designada por porte pago; b) Comparticipação nos custos da telecomunicações; c) Concessão do subsídio de papel; d) Comparticipação nas despesas de deslocação dos jornalistas e equiparados; e) Bonificação das taxas anuais de alvará para a radiodifusão. Artigo 3 (Exclusão) 1. Estão excluídas da aplicação deste diploma, as seguintes publicações periódicas: a) Pertencentes ou editadas por partidos e associações políticos, directamente ou por interposta pessoa; b) Pertencentes ou editadas por associações sindicais, patronais ou profissionais, directamente ou interposta por pessoa; c) Pertencentes ou editadas, directa ou indirectamente, pela administração central ou local, bem como por quaisquer serviços ou departamentos delas dependentes; d) Gratuitas; e) De conteúdo pornográfico ou incentivador da violência; f) Que não sejam maioritariamente vendidas no territorio nacional; g) Que ocupe em conteúdo publicitário uma superfície superior a 50% do espaço disponível, incluindo suplementos e encartes, calculada com base num número de edições não inferior a três, a selecionar de entre as ppublicadas nos 12 meses anteriores à data da apresentação da respectivas candidatura; h) Que não integre no conceito de imprensa, nos termos da lei; i) Estações emissoras de radiodifusão sonora que não emitem serviços noticiosos. 2. O disposto nas alíneas d) e f) não se aplica às publicações periódicas em língua portuguesa ou cabo-verdianas com distribuição electrónica. Artigo 4 (Porte pago) 1. As publicações periódicas podem beneficiar, na expedição postal de publicações em regime de avença para assinantes em qualquer parte do território nacional ou no estrangeiro, do porte pago até um peso não superior a 200g. desde que reúnam cumulativamente, os seguintes requisitos: a) Se editem, pelo menos um vez por mês; b) Pratiquem os mesmos preços de assinatura em qualquer ponto do país; c) Perfaçam, no mínimo, seis meses de edição regular na data em que apresentem requerimento de candidatura; d) Sejam de informação geral.
3 2. Exceptuam-se do disposto na alínea a) do n 1 as publicações periódicas que versem matérias culturais, para as quais a periodicidade mínima exigida é bimestral. 3. O limite do porte pago será fixado por despacho conjunto dos membros do Governo responsáveis pelas áreas de Finanças e da Comunicação Social até 50% do montante total da respectiva de expedição postal, no limite de peso previsto no n A comprovação da titularidade do direito ao porte pago junto das respectivas instituições será feita por cartão emitido pelo governamental responsável pela área da Comunicação Social. Artigo 5 (Redução das tarifas das telecomunicações) 1. Às entidades referidas no artigo 1 poderão beneficiar da comparticipação nos custos das tarifas a praticar pelas empresas operadoras de telecomunicações. 2. O Estado comparticipará em quarenta por cento dos custos globais das tarifas referidas no número anterior até limite máximo mensal, a fixar por despacho conjunto dos membros de Governo responsáveis pelas áreas das Finanças e da Comunicação Social. Artigo 6 (Subsídio de papel) O Estado poderá subsidiar sessenta, cinquenta, quarenta e trinta e cinco por cento do custo de papel relativamente à impressa escrita que tenha, respectivamente, edição bimestral, mensal, quinzenal, ou semanal. Artigo 7 (Comparticipação nas despesas de deslocação) O Estado poderá comparticipar no pagamento de até cinquenta por cento do valor do custo das passagens inter-ilhas, por via marítima ou aérea, dos jornalistas e equiparados das entidades referidas no artigo primeiro, em missão de serviço no país. Artigo 8 (Instrução e decisão) 1. Compete à Direcção Geral da Comunicação Social instruir os processos de candidatura aos incentivos do Estado à comunicação social. 2. A documentação necessária à instrução dos processos de candidatura aos incentivos previstos no numero anterior consta da portaria do membro do Governo responsável pela area da comunicaçao social. 3. A decisão, devidamente fundamentada, sobre a atribuição dos incentivos do Estado à comunicaçao social é da competência do membro do Governo responsável pela àrea da comunicação social, que a pode delegar no Director Geral da Comunicação Social. 4. Compete à Direcção Geral da Comunicação Social pronunciar-se sobre a natureza do conteúdo das publicações a que se refere a alinea e) do artigo 3º.
4 Artigo 9 (Formas de pagamento) 1. As entidades beneficiárias dos incentivos deverão remeter aos serviços competentes do departamento governamental responsável pela área da Comunicação Social o pedido de desembolso referente às despesas efectuadas no mês anterior, acompanhado dos respectivos recibos de pagamento devidamente autenticados, organizados em função da natureza de cada incentivo. 2. O pagamento dos incentivos devidos será feito directamente à entidade beneficiária. Artigo 10 (Suspensão dos incentivos) 1. O direito aos incentivos previstos no presente diploma considera-se imediata e automaticamente suspenso à entidade beneficiária em caso de suspensão da publicação ou de não liquidação pontual de débitos aos fornecedores de bens e serviços abrangidos pelo sistema de incentivos. 2. A entidade beneficiária poderá requerer novamente a concessão dos incentivos uma vez retomada a publicação regular ou regularizados os pagamentos em falta ou atraso e mantidos os demais requisitos previstos no presente diploma. 3. A suspensão do direito aos incentivos não prejudica o dever, para as entidades beneficiárias, de reposição das importâncias ou benefícios indevidamente recebidos, num prazo de trinta dias a contar da data da respectiva notificação, acrescidos de juros de mora à taxa legal, sob pena de cobrança coerciva nos termos da Lei. Artigo 11 (Perda dos incentivos) 1. As entidades beneficiárias perdem o direito aos incentivos previstos neste Decreto Lei, por um período de cinco anos, salvo motivo superiormente reconhecido como justificativo da situação, em caso de prestação de falsas informações ou fornecimento de dados viciados na apresentação de candidaturas ou que induzam em erro acerca da sua qualidade de beneficiárias. 2. A perda de direitos previstos no número anterior não prejudica a eventual responsabilidade civil ou criminal da entidade beneficiária, nem o dever, para esta, de reposição das importâncias ou benefícios indevidamente recebidos, nos termos do n 3 do artigo 10. Artigo 12 (Fiscalização e prestação de contas) 1. Os membros do Governo responsáveis pelas áreas da Comunicação Social ou das Finanças poderão determinar a fiscalização, através dos serviços da administração central ou de auditoria, com vista à verificação do rigoroso cumprimento do disposto nesta Lei e da aplicação das verbas recebidas, bem como à certificação das informações, relevantes para a atribuição dos incentivos. 2. As entidades beneficiárias deverão prestar contas da utilização das verbas concedidas a título de incentivo ao abrigo deste diploma, nos termos da Lei.
5 Artigo 13 (Inscrição orçamental) Serão inscritos anualmente verbas no orçamento do departamento governamental responsável pela área da Comunicação Social suportar os encargos decorrentes da execução desta Lei. Artigo 14 (Candidaturas em 1998-Disposição transitória) As candidaturas aos incentivos previstos no presente diploma poderão, com referência ao ano fiscal de 1998, ser submetidas, nos termos do artigo 8, até 30 de Março desse ano. Artigo 15 (Entrada em vigor) Este Decreto Lei entra em vigor com efeitos a 1 de Janeiro de Visto e aprovado em Concelho de Ministros Carlos Veiga - António Gualberto do Rosário - José António dos Reis Promulgado em 31 de Dezembro de O Presidente da República ANTÓNIO MANUEL MASCARENHAS MONTEIRO Referendado em 31 de Dezembro de O Primeiro Ministro, Carlos Veiga.
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