LINHA DE PESQUISA: TRABALHO, SAÚDE AMBIENTAL E MOVIMENTOS SOCIOTERRITORIAIS

Transcrição

1 Regiões de saúde e suas articulações escalares O projeto visa estudar a produção da saúde coletiva em suas diversas escalas geográficas, desde o espaço intra-urbano até a escala internacional. Para isto, são consideradas as contribuições recentes da Geografia da Saúde, assim como sua interlocução com o campo da Epidemiologia e da Saúde Pública. O foco principal do trabalho é a realidade brasileira, com ênfase no processo de implementação do Sistema Único de Saúde, ainda que também seja importante a articulação desta política com escalas mais amplas que envolvem a discussão da saúde em área de fronteira internacional e em países da América Latina.

2 Territórios em disputa e a dinâmica geográfica do trabalho no Século XXI - (Luta pelo acesso a terra e a água, movimentos sociais e saúde ambiental) Antonio Thomaz Junior Antonio Cezar Leal Paulo César Rocha Ricardo Pires de Paula A pretensão de focar os territórios em disputa como parte desse processo nos requer situá-los no âmbito da luta de classes, com as atenções voltadas, pois, para demonstrar a dinâmica territorial do trabalho ou suas diferentes formas de expressão, com as quais nos ocuparemos, e as redefinições na composição da classe trabalhadora e na sua própria estrutura. É no interior do ambiente de mudanças nas formas de organização da produção e seus impactos nos ambientes de trabalho, na saúde do trabalhador, e nas respectivas correspondências espaciais que temos as novas formas de controle do trabalho e, consequentemente, novos significados e sentidos para a dimensão material e subjetiva dos trabalhadores. Estamos, pois, nos propondo ampliar o foco da abordagem do trabalho para outros aspectos, tais como formas de exploração, qualidade, ambiente e saúde do trabalho (as patologias, os agravos e as doenças ocupacionais), que estão associados à invisibilidade social das doenças relacionadas ao trabalho, devido à ineficiência da política social pública, bem como das relações sociais de trabalho que dão sustentação às diferentes situações e formas de (des)realização do trabalho, motivadas pelo capital, como, por exemplo, o agrohidronegócio, enquanto expressão dos conflitos em torno do acesso e uso da terra e da água. A nova polissemia que caracteriza essa etapa impacta de modo direto a classe trabalhadora e, por meio dos nossos estudos, podemos ampliar os conhecimentos sobre a marca destrutiva do processo social que redefine e potencia os novos papéis sociais do trabalho. Há um movimento que nos propomos compreender, para decifrarmos as contradições, os conteúdos e os significados territoriais das diferentes expressões do trabalho, mediatizadas, pois, pela seguinte indagação central: quem é o sujeito coletivo do século XXI, capaz de amalgamar e potenciar a luta emancipatória e de resistência, e que faz parte da classe trabalhadora? Esse processo refaz constantemente o complexo cenário da dinâmica geográfica do trabalho, que, como temos visto e constatado, ultrapassa os limites ruralurbano e as fraturas das relações formais e informais de trabalho, e nos põe a pensar na necessidade de revermos teorias, conceitos, proposituras etc.

3 Mapeamento e análise do território do agrohidronegócio canavieiro no Pontal do Paranapanema-São Paulo-Brasil: Relações de trabalho, conflitos e formas de uso da terra e da água, e a saúde ambiental Antonio Thomaz Junior Antonio Cezar Leal Paulo César Rocha Ricardo Pires de Paula No presente projeto, desenvolveremos uma abordagem crítica acerca das questões da agroenergia e dos agrocombustíveis, com as atenções voltadas para a expansão e consolidação do capital agroindustrial canavieiro e os impactos nas formas de uso da terra e da água, e da saúde do trabalhador, no contexto do Polígono do Agrohidronegócio, no Pontal do Paranapanema. Para isso, será levada em conta a correlação entre as formas de uso da terra e da água e a legalização da grilagem por parte do agrohidronegócio, assim como seus desdobramentos para as ações políticas em torno da Reforma Agrária, e de temas ligados à Geografia do trabalho e da saúde ambiental. Assim, o projeto busca novos referenciais teóricos para romper as fragmentações clássicas dos estudos sobre a dinâmica da sociedade e da natureza. Da mesma forma, do ponto de vista metodológico, procura desenvolver metodologias de mapeamento e de aplicação de geotecnologias para apreender o movimento do trabalho e da natureza por dentro das disputas territoriais. Diante desses desafios, propomos-nos apreender o conteúdo e o significado dos conflitos sociais, sem perder de vista questões relacionadas à soberania alimentar e energética e à sustentabilidade ambiental. Dessa maneira, é relevante o aprofundamento do estudo sobre as formas de gestão e controle da água e das relações de trabalho, bem como de sua face nociva, quando consideramos a transmissão de doenças, contaminação ambiental, mutilação e morte dos trabalhadores, pois é uma possibilidade de discutirmos a invisibilidade social das doenças relacionadas ao trabalho, no Brasil, especialmente nas atividades agroenergéticas. Por conseguinte, a questão central é compreender o desenvolvimento destrutivo das forças produtivas e que o capitalismo globalizado apresenta um movimento intenso e contraditório de integração, fragmentação, polarização, que redimensiona constantemente a diferenciação dos espaços sociais.

4 Expansão Territorial do Agrohidronegócio e os Impactos para o Trabalho e Movimentos Sociais, no Século XXI Antonio Thomaz Junior Antonio Cezar Leal Paulo César Rocha Ricardo Pires de Paula O presente projeto se configura como proposta de apoio às investigações em curso no âmbito do Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGeT) e atende à CHAMADA UNIVERSAL MCTI/CNPq Nº 14/2014. Pretende-se, com a consecução das atividades de pesquisa aqui propostas, enfocar a dinâmica territorial do que temos denominado como agrohidronegócio (THOMAZ JUNIOR, 2009; 2010; 2012), especialmente no tocante aos seus desdobramentos destrutivos para o trabalho e as ações de resistência materializadas nos conflitos territoriais, com foco nas ações dos movimentos sociais. Foram selecionados dois casos específicos para nossa observação direta e consequente análise verticalizada, os quais, encontramse articulados dentro do mesmo processo de expansão destrutiva do agrohidronegócio, no Brasil no Século XXI: a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará, e os recentes megaempreendimentos do capital arbóreo-celulósico, em três pontos diferentes do território nacional (Extremo Sul baiano, Sul do Maranhão e Leste de Mato Grosso do sul). Palavras-chave: território, trabalho, agrohidronegócio, movimentos sociais

5 Mapa do Pensamento da Geografia Agrária Antonio Thomaz Júnior Clifford Andrew Welch Eliseu Saverio Sposito Marcos Aurelio Saquet Estudos da rede de grupos de pesquisa em Geografia Agrária em diferentes escalas, analisando a produção teórico-conceitual, métodos e metodologias. Temos como objetivo cadastrar os grupos, estudar suas histórias e mapear as produções de modo a compreender melhor os paradigmas, diálogos, progresso e inovações, aproximações e diferenças dos pensamentos científicos e práticas políticas.

6 A História e Geografia Contemporânea da Luta pela Terra no Brasil Clifford Andrew Welch O projeto procura explicar, no caso do Brasil, o desenvolvimento da campanha pela reforma agrária desde que virou uma preocupação nacional alias internacional como uma das reformas de base fundamental para estimular o desenvolvimento econômico na América Latina a partir da época da Revolução Cubana. Durante as últimas duas décadas, depois do fim da Guerra Fria, na fase Neoliberal do capitalismo, a agricultura passou por uma dramática expansão e intensificação, e o movimento camponês que formou em conseqüência tentou transformar o debate sobre reforma agrária em um campo de batalha sobre o significado e conteúdo de desenvolvimento, estado-nação, identidade cultural e os objetivos nacionais. No projeto, a luta pela terra é interpretada como um espaço privilegiado para analisar a imposição do projeto desenvolvimentista, seu esgotamento e a ação camponesa inicialmente mobilizada para incorporar a classe e depois para a sua emancipação deste projeto e participação na tentativa de construir alternativas em comunidades transnacionais e transculturais. É um lugar onde a hegemonia da classe dominante enfrentou limites na subalternidade dos camponeses, povos indígenas e quilombolas. O período de estudo do projeto se encerra nos dias de hoje com a análise das novas formas de luta e do questionamento das políticas de reforma agrária.

7 Transformações recentes na agricultura paulista: conflitos, disputas territoriais e dinâmicas geográficas no Pontal do Paranapanema no século XXI. Clifford Andrew Welch Antonio Thomaz Junior Rosangela Custodio Cortez Thomaz O projeto de pesquisa consiste na reflexão sobre as transformações existentes na agricultura paulista tendo a região do Pontal do Paranapanema ponto de partida e chegada do estudo. Por um lado, a proposta de pesquisa está voltada para o entendimento das dinâmicas geográficas, conflitos e disputas territoriais provenientes das relações de produção e desenvolvimento da agricultura tipicamente capitalista e mais especificamente com a expansão da agroindústrias canavieiras; e por outro, na produção de alimentos tendo a agricultura camponesa seu principal eixo de sustentação. A proposta é de realizar um mapeamento da produção de alimentos existentes na região, em contraponto as áreas de monocultura de cana-de-acúcar, relacionando o uso e ocupação da terra e a reivindicação do movimento camponês pela sua democratização. Pretende-se também com esse projeto compreender a disputa territorial e a dinâmica geográfica estabelecida na região, no período recente, tendo como foco de análise a luta pelo acesso a terra e a água em contraponto ao avanço das agroindústrias canavieiras, redefinindo e resignificando as relações e condições de trabalho. Para isso tem-se a necessidade de fomentar o debate sobre a participação dos movimentos sociais envolvidos nessa questão, com a finalidade de identificar os sujeitos sociais com potencial transformador e de resistência a esse atual processo de desenvolvimento do capital.

8 A territorialização do trabalho e os agravos à saúde do trabalhador: a ação sindical. Antonio Thomaz Júnior O emprego assalariado é entendido a partir do contexto das discussões mais amplas sobre a Geografia do Trabalho, em que as transformações engendradas pelo capital territorializam-se como uma processualidade dialética sobre o mundo do trabalho, subordinando-o sob diversas formas, utilizando de estratégias combinadas de tecnologia e escravidão, articuladas espacialmente e que, portanto merecem ser analisadas sob o crivo de sua territorialização, ela mesma alvo das preocupações quanto à suas definições, ou seja, o que se pretende dizer ao mencionarmos a territorialização do trabalho? Quais sujeitos hegemonizam o processo, sob quais condicionantes/determinantes movem-se os sujeitos? Num primeiro momento pretende-se estudar as mudanças no trabalho engendradas pela expansão da atividade avícola no Brasil, principalmente quanto aos efeitos para a saúde do trabalhador e como os sindicatos atuam. A territorialização desse emprego é entendida como a articulação de relações sociais e escalares, ou seja, enquanto resultado de mediações entre as ações locais de desenvolvimento e a busca pelos mercados internacionais. Analisar as ações empreendidas pelos sindicatos quanto à expansão da relação assalariada, evidenciando os conflitos nas relações de trabalho e os limites e aportes da organização sindical.

9 Globalização e trabalhadores: análise da atuação dos Movimentos sociais e sindicais no Brasil na transição do século XX para o século XXI. Ricardo Pires de Paula Antonio Thomaz Júnior Embora em ritmos diferenciados, podemos dizer que os países da América Latina, entre eles o Brasil, experimentaram os desdobramentos da globalização a partir dos anos 90, notadamente com o fim da União Soviética e com o avanço das políticas neoliberais nos países considerados em desenvolvimento. O fim das barreiras para a livre circulação do capital e do trabalho provocaram profundas alterações no modo como estavam organizados os trabalhadores, impactando suas formas de mobilização e luta. Diante desse cenário de novos desafios, procuramos investigar como os trabalhadores no campo e na cidade têm reagido a esse processo que tem intensificado a concentração de terras e capitais decorrentes dos fluxos migratórios, da destruição de direitos trabalhistas e sociais e da expropriação da população camponesa pelos conglomerados agroexportadores. Na luta por melhores condições de vida, os movimentos sociais e sindicais sempre tiveram papel importante tanto na formação e conscientização de setores à margem da sociedade, quanto na defesa de uma transformação social que pudesse por fim à exclusão de grandes parcelas da população nas decisões políticas. O estudo da atuação ações empreendidas por esses movimentos, em um período cujo mundo se apresenta, nas palavras de Milton Santos confuso e confusamente percebido, oferece como oportunidade ver e ouvir o quê e como os setores organizados, dentro de suas especificidades, têm reagido a esse processo de globalização.