PRÁTICAS E CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE IPORÁ - UM OLHAR REFLEXIVO

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1 PRÁTICAS E CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DA CIDADE DE IPORÁ - UM OLHAR REFLEXIVO OLIVEIRA-NETO, José Firmino 1 ; SANTOS, Beatriz Aparecida Batista dos 2 ; SILVA, Flávia Damacena Sousa 3 Universidade Estadual de Goiás - Unidade Universitária de Iporá 1 neto.09@hotmail.com; 2 beatrizsantos-ipo@hotmail.com; 3 flaviabio1@yahoo.com.br RESUMO O ensino se dá num contexto de relação entre as concepções dos docentes e suas práticas pedagógicas. Assim, a aprendizagem dos alunos está ligada às práticas pedagógicas de seus professores. Entende-se aqui, por prática pedagógica, as metodologias de ensino e avaliação, recursos didáticos usados, tipos de aulas, planejamento das aulas, bem como o processo de reflexão do professor no desenvolvimento de suas práticas. No ensino de Biologia as práticas pedagógicas dos docentes são essenciais para a aprendizagem, tendo em vista que a Biologia estuda a vida e que esta é complexa, abundante, diversa e envolve diversas ações, reações e relações. A abordagem escolhida para a pesquisa foi a qualitativa e o instrumento de coleta de dados foi um questionário aplicado para os docentes da disciplina de Biologia nas escolas públicas de Iporá-GO, o que permitiu uma visualização de como os professores enxergam suas práticas e como as executam. Os resultados indicam que os docentes de Biologia são conhecedores das formas e necessidades de se planejar e que buscam recursos teóricos para subsidiar a prática cotidiana, entretanto ainda há um caminho a ser percorrido no que concerne à variação das metodologias de ensino utilizadas, bem como na questão de recursos materiais e financeiros para ministrar atividades/aulas práticas e campo. Palavras Chaves: Práticas Pedagógicas, professores, ensino de biologia INTRODUÇÃO Estudos educacionais sobre as práticas pedagógicas de docentes são importantes, pois estas práticas envolvem todas as dimensões do ambiente escolar. Pensando assim, todas as características sociais são fundamentais para o entendimento da atuação do professor e da escola como um todo (SOUZA, 2005). O planejamento é um dos aspectos da prática docente importantes para o desenvolvimento das atividades pedagógicas, pois organiza e sistematiza as atividades. O ato 60

2 de planejar vai além do planejamento propriamente dito, implica em relações de poder que se estabelecem entre os atores da instituição escolar, reflete e interfere nas relações entre a direção, supervisão, professores, alunos e suas famílias (THOMAZI E ASINELLI, 2009). Faz parte do planejamento a preparação teórica das aulas e metodologias de ensino e aprendizagem. Dentre as estratégias de ensinagem 1, que é o ato de aprendizagem do aluno que supera o a simples ação do professor de expor o conteúdo (ANASTASIOU, 1998), estão às atividades práticas, de importância principalmente nas disciplinas de Ciências, dentre elas a Biologia, visto que despertam e mantém o interesse dos alunos. Estas aulas desempenham funções únicas, permitem que os alunos tenham contato direto com os fenômenos, manipulando os materiais e equipamentos, e observando organismos (KRASILCHIK, 1983, p.77). Outro ponto importante do planejamento é a avaliação, esta que segundo Luckesi (1999) é a forma que o discente percebe onde avançou e se durante o processo de aprendizagem houve algum equívoco. Perrenoud (apud CALLUF, 2007, p. 55) coloca que a função da avaliação é proporcionar ao aluno aprendizagem e ao professor, ensinar. Ao professor cabe conhecer todos os diferentes instrumentos de avaliação (CALLUF, 2007, p. 56), para saber utilizá-los com a finalidade de atingir os objetivos que foram propostos no planejamento. Ensinar Ciências é algo complexo que deve ultrapassar as práticas tradicionais de ensino, tendo em vista a gama de mudanças das formas, contextos e relações envolvidas no ensino. Observando a complexidade e necessidade de renovação no ensino de Ciências, neste caso Ciências Biológicas, este trabalho pretende conhecer e analisar as práticas e concepções pedagógicas dos professores de Biologia do período matutino da rede estadual da cidade de Iporá-GO. MATERIAIS E MÉTODOS A abordagem de pesquisa foi a qualitativa, tendo em vista que esse enfoque de pesquisa proporciona uma visão e análise mais clara do processo educativo, considerando que trabalha-se com sujeitos e não com variáveis numéricas. O instrumento para coleta de dados foi um questionário com perguntas objetivas e descritivas, que de acordo com Oliveira (2008) têm a função de descrever as características de uma pessoa ou de determinados grupos sociais, o mesmo foi aplicado a todos (5) os professores da disciplina de Biologia da rede estadual de 61

3 ensino de Iporá que lecionavam no período matutino. RESULTADOS E DISCUSSÃO As respostas dos professores aos questionários foram organizadas em uma tabela e após serem lidas e desnudadas. As sete primeiras questões correspondiam a indagações sobre aspectos pessoais e profissionais dos professores. Os docentes entrevistados são em maioria do sexo feminino, apenas 20% do sexo masculino; todos se graduaram em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Goiás. Com relação às disciplinas ministradas, 60% ministram aulas nos Ensino Fundamental II e Ensino Médio; os outros 40% dos entrevistados se dividem em professores que dão aula apenas no Ensino Fundamental II. O tempo de docência dos professores que participaram da pesquisa variou de 2 à 17 anos. Na questão oito os professores foram questionados se o planejamento faz parte do seu cotidiano e com que frequência é elaborado. 40% dos professores responderam planejam sempre antes do início de cada conteúdo; 40% responderam que planejam antes de cada aula e 20% responderam planejam somente uma vez ao início do ano letivo. Pode-se perceber então que a maioria dos professores cerca 80% realiza o planejamento cotidianamente, e a minoria 20% planeja somente uma vez ao ano. Thomazi e Asinelli (2009) afirmam que o planejamento é fundamental na prática docente, pois sistematiza, organiza e orienta as ações pedagógicas. Desta forma, o resultado obtido em que a maioria dos docentes planeja suas atividades regularmente, evidencia um ponto positivo para o sucesso do ensino. Na questão seguinte (9) foi perguntado quais as estratégias de ensinagem utilizadas pelos docentes. A aula expositiva foi citada por todos, 80% responderam que utilizam lista de exercícios e estudo de texto e 60% responderam que utilizam a pesquisa e o seminário. Como Krasilchik (1983) expõe, a aula expositiva é realmente a mais comum entre os docentes, pois eles têm mais facilidade de conduzir a aula. As alternativas didáticas como aulas práticas, aulas campo, dinâmicas e outros, geralmente são vistas como complemento ou instrumentos de auxílio. A questão dez é seqüência da número nove e perguntava o porquê dos professores utilizarem as estratégias por eles escolhidas. A maioria respondeu que as estratégias são escolhidas por serem capazes de desenvolver as competências necessárias para o aprendizado, além de serem os meios mais acessíveis e disponíveis. Também argüiram que estas são as 62

4 estratégias que apresentam melhor resultado com os discentes, demonstrando que já experimentaram outros meios. A questão de número onze refere-se ao uso das aulas práticas no ensino de Ciências e Biologia. As respostas apontaram que 36,6% dos professores fazem mais uso de aulas no laboratório de informática, seguida de aulas no laboratório de Ciências e aulas utilizando materiais alternativos, com 27,27% respectivamente. As aulas campo não são muito comuns, somente um professor afirmou fazer uso deste tipo de aula. Pelas justificativas, percebeu-se que aulas práticas são consideradas aspectos importantes da prática docente em Biologia. A questão doze indagou os docentes sobre quais os meios que utilizam para se fundamentarem, as alternativas propostas foram (a) o livro didático, (b) revista, (c) internet e (d) outros livros, os docentes podiam marcar mais de uma alternativa. O maior percentual ficou reservado para a alternativa (a) e (b), que obtiveram 30,77% respectivamente; 23,07% assinalaram (c) e 15,38% (d). A leitura das respostas indicou que os docentes se valem de mais de um meio para se atualizarem e construírem seu embasamento teórico. Ana Prince, da Universidade do Vale do Paraíba (Univap) em reportagem a Nova Escola (2011, p. 42) questiona o docente precisa se atualizar, caso contrário, como poderá levar para as aulas fatos e discussões do momento?. As questões de número treze e quatorze dizem respeito à avaliação da aprendizagem. Por intermédio das respostas à questão treze, ficou claro que os docentes veem dificuldades quanto à avaliação. Colocam também que deve ser uma atividade pensada e aplicada diariamente, e, para isso, faz-se necessário que o professor conheça diversos métodos de avaliação. A última pergunta (14) referia-se aos recursos/instrumentos utilizados para a avaliação dos alunos e o porquê da utilização destes. A prova, os trabalhos, seminários, assiduidade e participação nas aulas, foram os instrumentos citados pelos professores, que justificaram que são os meios que acreditam serem mais adequados para constatar o desenvolvimento do aluno. Zacharias (apud CALLUF, 2007, p. 56) escreve sobre o ato de avaliar como um instrumento que leve todos a aprender: Avaliar deve servir para cada vez mais permitir a cada um aprender. Por isso é importante que os docentes tenham em mente que a avaliação faz parte do processo de ensino e tem papel relevante na aprendizagem. 63

5 CONCLUSÕES A pesquisa permitiu uma visualização de como os professores enxergam suas práticas e como as executam. Os docentes participantes são conhecedores das formas e necessidades de se planejar e que buscam recursos teóricos para subsidiar a prática. Entretanto, pôde-se também perceber que dificuldades existem em todos os processos imbuídos no planejamento e para que essas dificuldades sejam superadas, os professores podem se valer da busca constante de reformulação e realimentação da prática. Finalizando, a prática docente é construída ao longo da carreira docente, percorrendo desde os conhecimentos da formação inicial e formação continuada, mas principalmente a busca diária do professor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANASTASIOU, L. G. C. Metodologia do Ensino Superior: da prática docente a uma possível teoria pedagógica. Curitiba: IBPEX, CALLUF, C. C. H. Metodologia do Ensino de Biologia e Química. 20º ed. Curitiba: Ibpex, p. Guia do Professor Iniciante/ organizadora Denise Pellegrini São Paulo: Fundação Victor Civita, p.: il.; 25 cm. Edição Especial de Nova Escola. KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Harper & Row do Brasil Ltda, p. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 9º ed. São Paulo: Cortez, p. SOUZA, M. A. Prática Pedagógica: Conceito, Características e Inquietações. IV Encontro Íbero-americano de coletivos escolares e redes de professores que fazem investigação na sua escola, THOMAZI, A. R. G. & ASINELLI, T. M. T. Prática docente: considerações sobre o planejamento das atividades pedagógicas. Educar, Curitiba, n. 35, p , OLIVEIRA, M. M. Como fazer pesquisa qualitativa. 2º ed. Petrópolis, RJ: Vozes,