SILVA, Cláudio Oliveira NAKAKURA, Elza Hissae
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- Bernadete Belo Ramalho
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1 A UTILIZAÇÃO DE ARGAMASSA DE REVESTIMENTO EM OBRAS DE PEQUENO PORTE AVALIAÇÃO DE ESTUDO DE CASO DE ARGAMASSA PREPARADA EM OBRA X ARGAMASSA INDUSTRIALIZADA SILVA, Cláudio Oliveira NAKAKURA, Elza Hissae PALAVRAS CHAVE: Argamassas, revestimentos, argamassa industrializa. KEY WORDS: Mortars, rendered, industrialized mortars. RESUMO A crescente necessidade da industrialização dos processos construtivos no setor da Construção Civil, principalmente visando à melhoria de produtividade com conseqüente redução dos custos com mão-de-obra, vem incentivando a utilização de produtos manufaturados. A produção de argamassas industrializadas tem acompanhado esse crescimento, com o surgimento de várias indústrias voltadas para esse segmento. Contudo, a participação desse produto nas obras, principalmente nas de pequeno porte, ainda é muito incipiente. O presente trabalho discute as oportunidades e limitações da utilização da argamassa industrializada para revestimento, com a apresentação de um estudo de caso de uma obra de pequeno porte, cujos revestimentos interno e externo da alvenaria foram executados em parte com argamassa industrializada ensacada e em parte com argamassa produzida na própria obra, com a utilização de cimento, cal e areia. É apresentada uma análise comparativa dos valores de produtividade e custos de mão-deobra e de materiais, espaço para armazenamento e também a avaliação da mão-de-obra quanto à facilidade de aplicação das argamassas. ABSTRACT The growing demand for industrialization of building process in construction sector, aiming at mainly the improvement of productiveness and eventual cost reduction of workmanship, is encouraging the use of manufactured products. The production of industrialized mortars have followed that growth through the appearance of many industries focused on this sector. However, participation of this product on construction works, mostly small ones, is still very incipient.
2 The present paper discuss the opportunities and limitations to the use of industrialized mortar for rendering. It also shows a case study of a small work, whose masonry inner and outer rendering have been executed partly in packed industrialized mortar, partly in local mixed mortar, with cement, lime and sand. A comparative analysis of productiveness values and labor costs, material cost, warehousing space and also valuation of workmanship according to the application facility of mortars is presented. 1. INTRODUÇÃO A introdução de novos materiais e novos conceitos de execução sempre encontraram barreiras para sua aplicação na construção civil brasileira. Isso se deve em parte ao fato de que do total de cimento aplicado em edificações, segundo balanço de 1999 do SNIC 1, cerca de 60% é demandado pelo chamado consumidor formiga, caracterizado pelo consumidor que compra o produto ensacado em revendedoras varejistas em pequenas quantidades, cuja principal utilização é a auto-construção. Esse fato ajuda-nos a explicar como ainda, em pleno século XXI, na construção civil brasileira, e em especial no setor das pequenas construções, a participação de produtos manufaturados é muito pequena. Para entender melhor essa situação foi realizado um estudo de caso em uma obra de pequeno porte, cujo produto escolhido foi a argamassa de revestimento. A obra em questão refere-se a uma construção com fins comerciais de aproximadamente 600 m 2 de área construída, localizada no bairro da Vila Sônia, em São Paulo. O prédio consta de três pavimentos, sendo um subsolo utilizado como garagem, o pavimento térreo com três lojas comerciais e o pavimento superior com cinco salas comerciais. O subsolo foi executado em alvenaria de bloco de concreto e os andares térreo e superior em bloco cerâmico. Com exceção da fachada frontal, cujo revestimento foi executado com tijolo cerâmico aparente, todo o restante da alvenaria interna e externa foi revestido com argamassa. 1.1 Objetivo O objetivo deste trabalho foi o de acompanhar o processo de aplicação de dois tipos de argamassa de revestimento, uma elaborada em obra e outra industrializada fornecida ensacada, mensurando-se diariamente a produtividade e os custos globais de mão-de-obra e materiais. 1 Sindicato Nacional da Industria do Cimento
3 2. METODOLOGIA Para a análise comparativa, a obra foi dividida em dois setores, um para aplicação do revestimento de argamassa produzida na própria obra e o outro, para revestimento com argamassa industrializada fornecida ensacada. Procurou-se equiparar os dois setores em termos de área total, panos, interferência de caixilhos, distância entre eles, distância até o local de produção da argamassa, etc. A mão-de-obra foi a mesma para os dois setores, sendo dessa forma a argamassa de revestimento utilizada a única variável. As paredes internas e externas receberam uma camada de chapisco e somente após sete dias as argamassas de revestimento foram aplicadas em camada única. O estudo incluiu a caracterização dos materiais, a produção da argamassa em obra, com controle diário, o consumo de materiais, o preparo da argamassa industrializada segundo instruções do fabricante e o serviço de aplicação. A produtividade na execução do revestimento com os dois tipos de argamassa foi medida através de um índice parcial, que relaciona os homens-hora empregados e a área de revestimento executada (Hh/m 2 ), índice denominado Razão Unitária de Produção (RUP). Para avaliar a produtividade, são apresentados os valores de RUP diárias, que correspondem à razão entre o valor de homens-hora e a quantidade de serviços executados no dia analisado e os valores de RUP cumulativa, que correspondem à média de valores de RUP diárias, desde o primeiro dia em que se estudou a produtividade até o dia em que se deseja conhecer a RUP cumulativa 2. A execução do revestimento das paredes foi iniciada pelo setor destinado à argamassa produzida em obra e somente após a sua conclusão é que o setor destinado à argamassa industrializada foi executado, não ocorrendo em nenhuma oportunidade a execução simultânea das duas argamassas. 2.1 Caracterização das amostras Argamassa produzida em obra Os resultados da caracterização dos materiais utilizados na produção da argamassa estão apresentados a seguir. Areia Foi utilizada uma areia quartzosa, de rio, de grãos arredondados e classificada como areia fina (zona 2), segundo a NBR 7211/1983. Os resultados da caracterização física da areia utilizada na argamassa produzida em obra estão apresentados na Tabela 1 e na Figura 1. 2 ARAÚJO, Luís Otávio Cocito; SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes.
4 Tabela 1 Caracterização física da areia Composição granulométrica porcentagem retida, em massa Peneira ABNT Abertura nominal (mm) Individual Acumulada Limites da NBR 7211/83 (% acumulada) para zona 2 (areia fina) 4, , , , , , <0, Total Dimensão máxima característica (mm) 2,40 - Módulo de finura 2,12 - Teor de material pulverulento (%) NBR 7219/87 2,20 3,0 Teor de argila em torrões (%) NBR 7218/87 0,79 1,5 Massa específica (g/cm 3 ) NBR 9776/87 2,64 - Impureza orgânica - NBR 7220/87 mais clara que a solução padrão mais clara que a solução padrão Porcentagem retida acumulada ,01 0, Abertura de malha (mm) Figura 1 Distribuição granulométrica da areia Cimento CP II-E-32 Foi utilizado cimento Portland composto com adição de escória de alto-forno (CPII-E-32). Os resultados da caracterização física e mecânica do cimento estão apresentados na Tabela 2.
5 Tabela 2 Caracterização física e mecânica do cimento Ensaio Norma Resultados Limites da NBR 11578/91 Finura - Resíduo na Peneira de 75µm (%) NBR 11579/91 1,2 12 Massa Específica (g/cm 3 ) NBR NM 23/98 3,03 - Área Específica (cm 2 /g) NBR NM 76/ Água da Pasta de Consistência Normal (%) NBR 11580/91 26,8 - Início de Pega (h:min) NBR 11581/91 2:45 1:00 Fim de Pega (h:min) NBR 11581/91 3:35 10:00 Expansibilidade de Le Chatelier - a Quente (mm) NBR 11582/91 0,5 5,0 Resistência à Compressão (MPa) Norma Idade Média NBR 7215/92 Desvio Relativo Máximo (%) Limites da NBR 11578/91 3 dias 21,1 2, dias 31,3 5, dias 37,3 1,9 32 Cal hidratada Foi utilizada cal hidratada CHIII. Os resultados da caracterização físico e química da cal estão apresentados na Tabela 3. Tabela 3 Caracterização física e química da cal hidratada Ensaio Norma Resultados Limites da NBR 7175/92 CH III Finura - Resíduo na Peneira de 600µm, % 0,1 0,5 NBR 9289/86 Finura - Resíduo na Peneira de 75µm, % 13,5 15 Perda ao fogo, % 29,18 - Óxido de cálcio (CaO),% 53,33 Óxido de ferro (Fe 2 O 3 ), % 1,38 Óxido de alumínio (Al 2 O 3 ), % 0,40 Óxido de magnésio (MgO), % NBR 6473/96 11,43 Anidrido sulfúrico (SO 3 ), % 0,01 Anidrido carbônico (CO 2 ), % 10,03 15* Óxidos não hidratados, % 13,48 15 Óxidos totais (CaO+MgO), % *No deposito ou na obra. 91, Argamassa Industrializada A argamassa industrializada, fornecida ensacada é composta por cimento Portland, areia e aditivos. Os resultados da caracterização estão apresentados na Tabela 4.
6 Tabela 4 Caracterização da argamassa industrializada Ensaio Norma Resultados Classificação NBR 13281/95 Massa Específica (g/cm 3 ) NBR NM 23/98 2,77 - Água de Consistência Padrão (%) (255±10)mm NBR 13276/95 18,5 - Retenção de Água (%) NBR 13277/95 96,8 Alta (>90) Densidade de Massa (g/cm 3 ) NBR 13278/95 0,97 - Teor de Ar Incorporado (%) NBR 13278/95 55,3 c (>18) Resistência à Compressão (MPa) - NBR-13279/95 Idade Corpo-de-Prova n o Desvio Média Relativo Classificação (dias) Máximo (%) NBR 13281/ ,4 3,4 3,2 3,3 3,3 6,0 I ( 0,1 e < 4) 2.2 Espaço para armazenamento Uma consideração importante a respeito da utilização da argamassa produzida em obra é a disponibilidade de espaço para armazenamento dos insumos utilizados na argamassa. Para o sistema tradicional foi necessário cerca de 6 m 2 de área de fácil acesso para armazenamento da areia. O cimento e a cal foram armazenados em 11 m 2 de área coberta. A argamassa industrializada fornecida ensacada necessitou de 15 m 2 de área coberta. 2.3 Equipe A equipe de operários que executou o revestimento era contratada diretamente pelo proprietário e trabalhava em regime de contrato temporário, cumprindo uma jornada de 8 h/dia. A mesma equipe foi responsável pela execução do revestimento para os dois tipos de argamassa. A Tabela 5 apresenta a equipe com detalhamento de função e custo por hora de cada profissional. Operário Tabela 5 Descriminação e custo da mão-de-obra Função Quantidade de operários Custo de mãode-obra por hora Pedreiro Execução do revestimento 4 4,38 Servente Transporte da argamassa, preparação das ferramentas 4 3,13 Ajudante Preparo e transporte da argamassa 3 3,13
7 2.4 Área aplicada Considerando-se as paredes tanto internas quanto externas, a área total revestida com argamassa foi de m 2, sendo 665 m 2 (517 m 2 internos e 148 m 2 externos) ou 49,2% do total, executado com a argamassa produzida na obra e 687 m 2 (518 m 2 internos e 169 m 2 externos) ou 50,8% do total, executado com a argamassa industrializada. 2.5 Execução do revestimento Para receber o revestimento, a alvenaria foi preparada aplicando-se uma camada de chapisco com traço cimento:areia igual a 1:3, que permaneceu em cura durante 7 dias. A execução do chapisco não foi considerada no cálculo da produtividade do revestimento. Para ambas as argamassas, a mistura foi executada em volume em uma betoneira de eixo inclinado de 350 L de capacidade e 3,5 kw de potência. A betoneira foi posicionada em frente ao andar térreo ao lado da baia de areia, permanecendo no mesmo local até o final da aplicação das duas argamassas. O transporte desde a betoneira até o local de aplicação, foi executado manualmente utilizando-se latas de 18 L. A aplicação foi feita manualmente com a utilização de colher de pedreiro, régua metálica e desempenadeira de madeira e o acabamento final com desempenadeira de espuma, sendo esta a textura final das paredes para receber a pintura. As paredes foram revestidas com uma camada de espessura de 1,5 cm do lado interno e com 3 cm do lado externo. Como já foi citado, a aplicação das argamassas não foi simultânea, tendo sido iniciada com a argamassa preparada na obra. A quantidade de água utilizada na argamassa preparada na obra, ficou a critério da mão-deobra, sendo verificada uma umidade média de 35%, enquanto que para o preparo da argamassa industrializada os operários foram orientados quanto à quantidade de água, seguindo-se a recomendação do fabricante e a umidade média verificada foi de 18%. A argamassa preparada na obra foi executada com traço cimento:cal:areia igual a 1:1,5:9, em volume. 2.6 Produtividade e custo da mão-de-obra Para a execução dos 665 m 2 de revestimento com argamassa preparada na obra, foram gastos um total de Hh e para os 687 m 2 de revestimento com argamassa industrializada foram gastos um total de Hh. O pagamento da mão-de-obra não estava vinculado à produtividade (empreita) e sim pelo número de horas trabalhadas, que eram pagas conforme os valores apresentados na Tabela 5. A Tabela 6 apresenta os índices de razão unitária de produtividade diária e cumulativa (RPU) para os dois tipos de argamassa.
8 Quantidade de dias trabalhados Tabela 6 Valores de produtividade da mão-de-obra Argamassa preparada em obra RUP diária (Hh/m 2 ) RUP cumulativa (Hh/m 2 ) Ocorrências Argamassa industrializada RUP diária (Hh/m 2 ) RUP cumulativa (Hh/m 2 ) Ocorrências 1 2,05 2,05-0,94 0,94-2 1,59 1,82-1,30 1,12-3 1,76 1,80-2,43 1,56-4 2,41 1,95 Colocação de andaimes e execução de requadros 1,34 1,50-5 1,63 1,89-1,33 1,47-6 1,89 1,89-1,28 1,44-7 2,09 1,92 Execução de requadros 1,35 1,42-8 1,84 1,91 Execução de requadros 1,81 1,47-9 1,35 1,85-1,19 1, ,79 1,84 Colocação de andaimes 1,06 1, ,81 1,84-1,00 1, ,88 1,84-3,57 1,55 Execução de requadros 13 2,58 1,90-1,52 1,55 Colocação de andaimes 14 3,22 1,99 Colocação de andaimes 1,54 1, ,46 2,02-2,05 1,58 Colocação de andaimes 16 2,14 2,03-1,65 1, ,07 2,03-1,89 1,60 Colocação de andaimes 18 2,13 2,04-1,71 1,61 Execução de requadros 19 2,68 2,07 Colocação de andaimes 3,87 1,73 Colocação de andaimes e execução de requadros 20 2,09 2,07 - Colocação de andaimes e 2,25 1,75 execução de requadros ,32 1,83 Execução de requadros RUP diária = correspondente à razão do valor de homens-hora utilizado para executar uma área de revestimento no dia analisado. RUP cumulativa = média dos valores de RUP diária, considerando-se do primeiro até o dia em questão. Na apropriação da quantidade de homens-hora, foram considerados todos os operários envolvidos nas etapas de preparação, transporte e aplicação da argamassa. Através da análise da RUP diária, verifica-se que no caso da argamassa preparada na obra, há uma perda de produtividade mais acentuada nos dias 4, 13, 14, 15 e 19 e para a argamassa industrializada, a produtividade é menor nos dias 3, 12, 19, 20 e 21. Em ambos os casos, isto é explicado através da observação das ocorrências relativas ao dia da produção, como a colocação de andaimes, que nessa obra eram montados com pontaletes e tábuas apoiados na alvenaria do lado externo e com cavaletes e tábuas do lado interno, e a execução de requadros nos vãos de portas e janelas e nas vigas aparentes. Tomando-se o valor final de RUP cumulativa, que representa um índice médio de produtividade, verifica-se que, para a argamassa industrializada, esse valor é 11,6% menor que para a argamassa preparada em obra. Isso significa menor consumo de mão-de-obra em favor da argamassa industrializada.
9 A Tabela 7 apresenta a quantidade de horas empregadas por cada operário envolvido na preparação, transporte e aplicação de cada uma das argamassas, e com os valores de custo de mão-de-obra apresentados na Tabela 5, foram calculados o custo total de mão-de-obra em cada um dos casos. Tabela 7 Quantidade de horas empregadas e custo total da mão-de-obra Operário Argamassa preparada em obra Área total aplicada 665 m 2 Horas empregadas (h) Custo Total Argamassa Industrializada Área total aplicada 687 m 2 Horas empregadas (h) Custo Total Pedreiros , ,40 Serventes , ,34 Ajudantes , ,80 Total de horas empregadas (h) e custo total da mão-de-obra , ,54 RUP cumulativa (Hh/m 2 )* 2,07 1,83 TCPO 2000** 1,20 1 1,00 2 Custo mão-de-obra/m 2 (R$/m 2 ) 7,06 5,69 *A RUP cumulativa é uma referência do desempenho do serviço, podendo ser utilizada na previsão orçamentária. **Os valores extraídos da TCPO 2000 (Tabela de composição de preços para orçamento) como referência. 1 Execução de emboço de parede interna ou externa, empregando argamassa mista de cimento, cal e areia sem peneirar, no traço 1:1,5:9 e espessura igual a 20mm. 2 Execução de emboço e reboco impermeável para fachada empregando argamassa industrializada, espessura igual a 10mm. Para a argamassa industrializada, observa-se uma boa redução (-29%) nas horas empregadas de serventes e ajudantes, visto que a operação de preparo da argamassa é bastante facilitada, eliminando-se as etapas de transporte e medida volumétrica da areia, e o transporte e medida de cimento e cal é substituído pelo transporte e medida apenas da argamassa industrializada, agilizando o preparo e o abastecimento de argamassa fresca para os pedreiros com menor consumo de Homens-hora. 2.7 Custo dos materiais A Tabela 8 apresenta os custos dos materiais empregados em cada um dos sistemas utilizados na obra. Materiais Tabela 8 Custos dos materiais empregados nas argamassas Preço unitário Quantidade utilizada Custo total por material Custo total Área aplicada (m 2 ) Custo do material/m 2 Argamassa industrializada (saco 50kg) 3, , , ,11 Areia (m 3 ) 21, ,00 CP II-E-32 (saco 50kg) 6, ,10 611, ,92 Cal hidratada (saco 25kg) 2, ,60 Nota:Traço da argamassa preparada na obra: 1:1,5:9 (cimento:cal :areia) Os valores referem-se aos preços praticados na época da construção, junho de 1998.
10 2.8 Custo Geral A Tabela 9 e a Figura 2 apresentam os custos gerais do revestimento de argamassa, envolvendo os custos com materiais e com mão-de-obra. Custo Tabela 9 Custos gerais Argamassa Preparada em Obra Argamassa Industrializada Diferença Materiais/m 2 0,92 2, ,0% Mão-de-obra/m 2 7,06 5,69-19,4% Geral 7,98 7,80-2,3% 10,00 7,80 7,06 7,98 Custo/m 2 5,00 2,11 5,69 0,92 0,00 Argamassa Industrializada Argamassa preparada em obra Tipo de processo Materiais Mão-de-obra Custo geral Figura 2 Comparação dos custos de materiais e de mão-de-obra entre as argamassas 3 CONCLUSÕES Tendo apenas o tipo de argamassa como variável do processo de execução do revestimento, verifica-se que a utilização da argamassa industrializada obteve uma produtividade 11,6% melhor que a argamassa produzida em obra. Embora o custo de material por m 2 da argamassa industrializada seja 129% maior que o custo de material da argamassa preparada em obra, o custo geral, material mais mão-deobra é favorável à utilização da argamassa industrializada. No cálculo de material não foi levado em consideração o desperdício, notadamente maior na argamassa produzida em obra, visto que a areia é comprada em volume e normalmente não fica em local coberto, estando sujeita a ser carreada pela água da chuva. Em relação à mão-de-obra, foi constatado uma rejeição inicial em relação à argamassa industrializada que, com o decorrer da utilização, se reverteu em razão da maior facilidade de preparo, aplicação e acabamento. Além disso, o proprietário verificou a facilidade para
11 controle dos gastos, redução de espaço para armazenamento, redução de desperdício de materiais e maior otimização da mão-de-obra. Embora a diferença da área ocupada com a areia, o cimento e a cal, e a ocupada pela argamassa industrializada seja de 2 m 2, a vantagem da argamassa industrializada foi a de eliminar a necessidade de manter a área destinada ao armazenamento de areia, localizada na frente da obra, prejudicando o fluxo de materiais e operários. Conforme apresentado por Araújo e Souza (1999), mais uma vez confirmou-se que, os valores de produtividade encontrados no TCPO 2000, para os casos mais próximos do estudo realizado, estão muito abaixo dos valores medido na obra. 4 CONSIDERAÇÕES A otimização da mão-de-obra no caso estudado poderia ser ainda maior se juntamente com a argamassa industrializada fossem utilizados processos mecânicos de aplicação e argamassadeiras específicas para esse tipo de produto. Um outro ponto importante a ressaltar é que para um desempenho satisfatório da argamassa industrializada nas diversas aplicações, o conceito de uma argamassa industrializada de múltipla utilização, mais conhecida como argamassa única, deve ser eliminado pelos fabricantes, visto que para cada finalidade, será requerida uma argamassa específica que atenda aos requisitos de desempenho desejados. A facilidade do processo produtivo e a precisão nas dosagens viabilizam a produção e comercialização de argamassas voltadas para utilizações específicas que levam em consideração o tipo de componente de alvenaria, função, ambiente, condições de utilização da argamassa e outros fatores importantes para o desempenho da argamassa, critérios que ainda não estão incorporados às normas nacionais sobre argamassa industrializada. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ARAÚJO, Luís Otávio Cocito; SOUZA, Ubiraci Espinelli Lemes. A Produtividade da mãode-obra na execução de revestimentos de argamassas. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS 3. Vitória, Vitória: PPGEC/ANTAC, Anais... Volume 2, p PINI. TCPO 2000: Tabelas de composição de preços para orçamentos. São Paulo, p ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS ABNT. Cimento Portland Determinação de massa específica: NBR NM 23. Rio de Janeiro, Cimento Portland Determinação da finura pelo método de permebilidade ao ar (Método Blaine): NBR NM 76. Rio de Janeiro, Cal virgem e cal hidratada Análise química Método de ensaio: NBR Rio de Janeiro, Cal hidratada para argamassas - Especificação: NBR Rio de Janeiro, Agregado para concreto Especificação: NBR Rio de Janeiro, 1983.
12 Cimento Portland Determinação da resistência à compressão: NBR Rio de Janeiro, Agregado Determinação do teor de argila em torrões e materiais friáveis: NBR Rio de Janeiro, Agregado Determinação do teor de materiais pulverulentos: NBR Rio de Janeiro, Agregado Determinação das impurezas orgânicas húmicas em agregado miúdo: NBR Rio de Janeiro, Cal hidratada para argamassas Determinação da finura Método de ensaio: NBR Rio de Janeiro, Agregados Determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do frasco de Chapman: NBR 9776.Rio de Janeiro, Cimento Portland composto Especificação: NBR Rio de Janeiro, Cimento Portland Determinação da finura por meio da peneira 75µm (n o 200) - Método de ensaio: NBR Rio de Janeiro, Cimento Portland Determinação da água da pasta de consistência normal Método de ensaio: NBR Rio de Janeiro, Cimento Portland Determinação dos tempos de pega Método de ensaio: NBR Rio de Janeiro, Cimento Portland Determinação da água da expansibilidade de Le Chatelier Método de ensaio: NBR Rio de Janeiro, Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e teto Determinação do teor de água para obtenção do índice de consistência padrão Método de ensaio. NBR Rio de Janeiro, Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e teto Determinação da retenção de água Método de ensaio. NBR Rio de Janeiro, Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e teto Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado Método de ensaio. NBR Rio de Janeiro, Argamassa para assentamento de paredes e revestimento de paredes e teto Determinação da resistência à compressão Método de ensaio. NBR Rio de Janeiro, Argamassa industrializada para assentamento de paredes e revestimento de paredes e teto Especificação. NBR Rio de Janeiro, AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao proprietário Sr. Belmiro Santa Helena pela colaboração no acompanhamento dos trabalhos, aos operários da obra pela demonstração de interesse e empenho em participar do estudo e à Votomassa pela doação da argamassa industrializada.
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