RELATÓRIO FINAL: VERSUS, Edição de inverno Blumenau/SC, julho de 2014.

Transcrição

1 RELATÓRIO FINAL: VERSUS, Edição de inverno Blumenau/SC, julho de Grupo: Componentes: Bruna Crisleine Beck Hoeppers; Bruna Schneider; Izabel Cristina Greuel; Janise Cristiane Frees; Kathllen Alves Rodrigues Weiss; Luana dos Santos; Marlise Uber Relatório de vivência do grupo 10 no VERSUS Vale do Itajaí, realizado no dia 15 de julho de 2014, na Rede de Atenção a Saúde (RAS) da cidade de Blumenau/SC. O projeto de Vivências e Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde VER-SUS, é uma iniciativa do Ministério da Saúde junto à Associação Brasileira da Rede Unida, o CONASS, o CONASEMS, a UNE, a FIOCRUZ e a UFRGS para qualificar a formação de profissionais de saúde engajados, críticos e mobilizados para a radical melhoria do sistema de saúde dos brasileiros. O VER-SUS tem por objetivo observar e discutir sobre a realidade de funcionamento do SUS e ocorre durante o período de uma semana na qual os acadêmicos permanecem em imersão em um local determinado. O VER-SUS do Vale do Itajaí ocorreu do dia 12 ao 19 de Julho, sendo que facilitadores e viventes permaneceram em Blumenau e dirigiam-se para os locais de vivência localizados nessa cidade ou vizinhas. Cada grupo conheceu seis locais vinculados ao SUS englobando atenção primária, secundária e terciária. Para a organização dos vivências (visitas) nos serviços da rede, foram divididos pequenos grupos de viventes com um facilitador. O grupo 10 foi composto por sete pessoas, sendo cinco viventes e duas facilitadoras. O grupo multidisciplinar foi composto por seis cursos diferentes (Biomedicina,

2 Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição e Psicologia) de semestres variados. No segundo dia de vivência tivemos a oportunidade de ampliar nosso olhar sobre a rede de atenção. Visitou-se um serviço da Atenção Básica e outro do Serviço Ambulatorial Especializado. Conhecemos um Centro de Atenção Psicossocial Infantil (CAPSi), e outra ESF de um bairro com características bem distintas da visitada no dia anterior. O CAPSi está localizado no Bairro Victor Konder, próximo ao Campus 1 da FURB. A localização é boa, pois está próxima ao centro e há um ponto de ônibus na rua principal. No entanto, não há uma sinalização indicando o acesso e pelo fato de estar situado em um morro pode limitar a locomoção de usuários e familiares com restrições físicas. Referente à estrutura física foi observado que ela possui limitações, pois não possui espaço externo. Essa observação vai ao encontro da percepção da enfermeira responsável por essa unidade. No entanto, ela revelou que a equipe se mobiliza procurando lugares próximos que comportem as atividades físicas, como por exemplo, o ginásio da FURB e o Parque Ramiro Ruediger (sic). A equipe é multidisciplinar e agrega profissionais das áreas de Enfermagem (enfermeiros e técnicos em enfermagem), Fonoaudiologia, Psicologia, Psiquiatria e Terapia Ocupacional. Essa equipe se reúne para a discussão dos casos e de sugestões para melhorar o atendimento a partir do Plano Terapêutico Singular (PTS) de cada usuário. Um aspecto que foi considerado benéfico é a constituição dos grupos pela proximidade etária. Essa realidade desassocia a patologia à formação de grupo e contribui porque tende a convergir interesses nos temas de discussão. O relato da coordenadora da unidade revelou que faz parte do trabalho o matriciamento com outros serviços (escolas, unidades básicas e CRAS). Esse trabalho em rede é um diferencial do serviço e contribui com a percepção do

3 sujeito como um todo e nas particularidades. Esse trabalho reflete os princípios doutrinários de integralidade e equidade. Outro fator positivo é o vínculo dessa unidade com o poder judiciário. Esse vínculo beneficia os usuários e familiares, pois propicia uma discussão sobre os casos que necessitam de uma internação, ou da não necessidade da mesma. A enfermeira salientou que apesar de possuírem a retaguarda de leitos psiquiátricos infantis no hospital Santo Antônio eles procuram fornecer apoio na atenção secundária, ou seja, são feitas internações em casos de extrema necessidade. São oferecidos atendimentos individuais, grupos, além de assembleias, das quais participam profissionais, usuários e funcionários que tem por objetivo discutir futuros temas para grupos e sugestões de atividades diferenciadas. Também são realizadas e festas em datas comemorativas, para as socializações entre os usuários, familiares e profissionais. Ressalta-se que as atividades são bastante diferenciadas e conta com atividades de pintura em paredes, culinária, a elaboração de um quadro pelos usuários do CAPSi em uma rádio da cidade e artesanato. Os materiais elaborados nessa última atividade são dispostos em um bazar na própria unidade e podem ser adquiridos por um preço popular. Essa iniciativa incentiva e valoriza o trabalho desenvolvido dos grupos. Além disso, ocorre a distribuição de preservativos específicos para adolescentes (com diâmetro menor) que foi conseguido pelo movimento dos profissionais dessa unidade. De modo geral observamos que apesar dos limites físicos da casa em que o CAPSi funciona, o trabalho desenvolvido busca atender as crianças de 0 a 18 anos sob os princípios do SUS. Sugerimos uma parceria com a FURB para promoção de atividades físicas de esporte e lazer para os usuários do serviço. No período da tarde o grupo visitou uma UBS localizada no Bairro Garcia, em Blumenau. Há duas ESF, denominadas em Equipe 1 e 2. Ambas

4 possuem na equipe enfermeiras, técnicas de enfermagem, cirurgião dentista, técnico em saúde bucal, auxiliar de consultório e agentes comunitárias de saúde. Outra ideia muito propositiva dos profissionais é a horta. Não há espaço físico externo da UBS, motivo que levou a equipe pedir um espaço do terreno do vizinho para o plantio de algumas hortaliças e chás. O acesso a Unidade é facilitado com linhas municipais e intermunicipais, com um ponto de ônibus próximo ao lugar. Está localizada na avenida principal do bairro, em uma casa adaptada e alugada que necessita de reformas por ser um lugar úmido com marcas de mofo na parede, forro do teto com algumas partes caindo, pouco espaço nas salas de atendimento e corredores estreitos. Não possuem uma sala para depósito, portanto, algumas caixas de materiais permanecem nos corredores ou então na sala de esterilização, que é pequena. Há falta de profissionais para atuar na farmácia, sendo que os profissionais da unidade trabalham lá quando necessário. Observamos que apesar das dificuldades que a equipe encontra com os instrumentos disponíveis para o trabalho, não falta engajamento e empenho para atender a comunidade sob os princípios do SUS. Na sala de odontologia tem uma boca feita de cartolina e garrafa PET que é utilizada para educação em saúde bucal, realizado pela técnica bucal. Nas paredes da unidade tem avisos visíveis sobre reunião do conselho e o convite à comunidade, bem como o Mapa de Territorialização das áreas de abrangências. Os atendimentos são realizados através de agendamento e na outra equipe há fichas disponíveis para serem preenchidas no dia, garantindo assim que não tenha muito tempo de espera. Toda quinta-feira a unidade fecha para a reunião das equipes, que são feitas separadamente. Os grupos não são realizados regularmente, uma vez ao mês, sendo que o grupo realizado com os idosos não focam na patologia em específico, mas em prevenção e educação em saúde, segundo o relatos dos profissionais da ESF. A equipe organiza a coleta do óleo de cozinha da comunidade para

5 fazer sabão e vendem para comprar materiais que necessitam (ex, cortinas) em prol a unidade. As agentes de saúde são separadas por áreas, sendo cada uma responsável por sua microárea. Fazem um papel importante de ligação da comunidade com o serviço. Após a explanação pela enfermeira, conhecemos as agentes de saúde que nos levaram para conhecer a comunidade. É claramente visível o vínculo entre agentes e usuários, sendo que são muitos receptivos e simpáticos, nos recebendo em suas residências. As agentes acompanham casos específicos da unidade, tais como acamados, idosos, um caso de obesidade mórbida e depressão. Tem uma paciente em específico que vive numa situação precária de higiene, no qual animais vivem em meio às próprias fezes e urinas, risco de doenças para a paciente e os animais. Há também um usuário de drogas que não permite a visita da agente em sua casa. Dentro da área de abrangência tem locais onde teve deslizamentos de terra na enchente de 2008 que alterou a geografia do local. Concluímos que existem problemas físicos bem visíveis, porém os profissionais tem consciência e procuram melhorias. Percebemos que há envolvimento dos funcionários em relação aos serviços oferecidos na unidade, bem como dos usuários que, segundo a responsável, 85% utilizam o serviço. O grupo de vivência sugere a criação de uma horta vertical feito com garrafas PET, pois ocupa pouco espaço e pode ser colocado na própria unidade. Também destacamos a importância de fazer atividades de promoção de saúde, como os bingos realizados com os idoso, sugerimos a continuidade desta atividade e implantação de atividades de lazer para adolescentes e jovens.

6 Acadêmicas que compõem o grupo: Bruna Crisleine Beck Hoeppers¹ - acadêmica do 2 semestre de Biomedicina da FURB. Bruna Schneider - acadêmica do 2 semestre de Medicina Veterinária da FURB. Izabel Cristina Greuel - acadêmica do 10 semestre de Fonoaudiologia da Univali. Janise Cristiane Frees² - acadêmica do 10 semestre de Psicologia da Univali. Kathllen Alves Rodrigues Weiss - acadêmica do 6 semestre de Psicologia da Univali. Luana dos Santos - acadêmica do 6 semestre de Nutrição da Univali. Marlise Uber - acadêmica do 8 semestre de Fisioterapia da FURB. ¹ e ² facilitadoras