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1 Empreendedorismo Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas

2 Sumário Introdução...3 Unidade 1 Abordagem Inicial Conceito de empreendedorismo Quem é o empreendedor? Tipos de empreendedores Características do comportamento empreendedor Fatores inibem o empreendedorismo Mitos sobre empreendedorismo Você tem perfil empreendedor? Leitura Complementar Unidade 2 Sonhos transformados em oportunidades Nichos de mercado Como identificar uma oportunidade de negócios Como avaliar uma oportunidade de negócios Possíveis oportunidades Empreendedores de sucesso Conclusão do Módulo I... 54

3 Introdução O empreendedorismo no Brasil vem crescendo ano após ano. Boa parte desse crescimento se deve à tentativa de driblar o desemprego somada à Lei Geral da Micro e Pequenas Empresas que veio a facilitar e desburocratizar a criação e legalização de novas empresas. A principal diferença, entre estas novas empresas e as constituídas de forma amadora nos anos anteriores, é que a vontade ou necessidade de ter um negócio próprio e a maneira como se constitui este negócio já não é realizada de forma empírica, como aponta os números de pesquisas realizadas por órgãos competentes. Como consequência, o número de empresas que fecham as suas portas nos primeiros anos de existência tem diminuído consideravelmente, sinal de que os novos empreendedores têm se preparado melhor para assumir o papel de dono do negócio. Neste sentido, desenvolvemos o curso de empreendedorismo, visando oferecer mais uma ferramenta de auxílio para os que possuem interesse na abertura de um negócio próprio e que poderá ser utilizada por você, candidato a empreendedor, na busca pelo sucesso profissional. Em nosso curso, você receberá informações gerais e conceituais sobre o empreendedorismo, inclusive com um pequeno teste que apontará seu perfil empreendedor. Verá também questões mais práticas, como aprender a identificar uma oportunidade de negócios, algumas sugestões de negócios que estão dando certo e ainda alguns casos de empreendedores que conseguiram realizar-se profissionalmente. Por fim, aprenderá a montar e utilizar um plano de negócios e receberá algumas dicas sobre os primeiros passos na criação e desenvolvimento de seu empreendimento. Bom curso! 3

4 Unidade 1 Abordagem Inicial Olá! Nesta unidade você receberá informações importantes que servirão de base para o prosseguimento do curso. Conhecerá a amplitude do conceito de empreendedorismo e a visão de diversos especialistas sobre o tema. Verá os fatores que motivam uma pessoa a empreender bem como os fatores que costumam inibir tal ação. Serão abordadas, também, as principais características presentes no comportamento do empreendedor e um teste simples que poderá dar uma ideia sobre o seu grau de empreendedorismo. Bom estudo! 4

5 1.1 - Conceito de empreendedorismo O tema empreendedorismo é tão antigo quanto a invenção da própria roda. Esta comparação se deve ao fato de, para se inventar a roda, foi essencial e necessária uma atitude inovadora do homem em busca de seu aprimoramento. Assim, diante de um tema tão antigo, vários são os conceitos que acabam convergindo para o mesmo ponto: a inovação. Desta forma, destacamos o que entendemos serem os conceitos mais importantes sobre o empreendedorismo: Para Eduardo Bom Angelo (2003) - "empreendedorismo é a criação de valor por pessoas e organizações trabalhando juntas para implementar uma ideia por meio da aplicação de criatividade, capacidade de transformar e o desejo de tomar aquilo que comumente se chamaria de risco". Para Luiz Pondé Barreto (1998) - "empreendedorismo é a habilidade de se conceber e estabelecer algo partindo de muito pouco ou quase nada". Para Jeffry Timmons - "o empreendedorismo é uma revolução silenciosa, que será para o século 21 mais do que a revolução industrial foi para o século 20". Para José Dornellas (2008) - "empreendedorismo é o envolvimento de pessoas e processos que, em conjunto, levam a transformação de ideias em oportunidades". Para Fernando Dolabela (1999) - O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma situação confortável no futuro. Além de energia e perseverança, uma grande dose de 5

6 paixão é necessária para construir algo a partir do nada e continuar em frente, apesar de obstáculos, armadilhas e da solidão. O empreendedor é alguém que acredita que pode colocar a sorte a seu favor, por entender que ela é produto do trabalho duro. Talvez a definição que melhor se encaixe em nosso curso seja a definição criada pelo estudioso do empreendedorismo Robert Hirsch: empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal. Se analisarmos cada um dos conceitos apresentados acima, chegaremos a conclusão de que o empreendedorismo tem como objetivo principal gerar novas oportunidades através da criatividade, inovação, perseverança e planejamento, mas correndo um certo risco, de forma a transformar um sonho em realidade. Devemos considerar também, como prevê Jeffry Timmons, que o empreendedorismo será tão importante quanto foi a revolução industrial no século XX, ou seja, o empreendedorismo poderá mudar a visão que temos do mercado econômico atual, assim como a revolução industrial mudou radicalmente a visão comercial dos, por que não dizer, empreendedores do século XX. História do empreendedorismo A palavra empreendedor é de origem francesa (entrepreneur) e significa aquele que assume riscos e inicia algo novo. Século XVII Podemos considerar o século XVII como o primeiro a trazer o conceito de empreendedorismo que utilizamos nos dias atuais. Nessa época, o empreendedor 6

7 celebrava contratos com o governo para a realização de serviços ou fornecimento de produtos. Era o primeiro indício da relação entre empreendedorismo e o risco de se realizar um negócio comercial. Nessa época ainda, surge a figura de Richard Cantillon, considerado o criador do termo empreendedorismo, o qual diferencia o empreendedor (aquele que assume riscos) do capitalista (aquele que fornece o capital). Século XVIII Com o início da industrialização, torna-se mais clara a diferença entre empreendedor e capitalista. Século XIX e XX No final de século XIX e início do século XX, volta a haver certa confusão entre os termos. Desta vez, o termo empreendedor passa a ser confundido com o termo administrador. Isto se deve ao fato do empreendedor ser analisado meramente do ponto de vista econômico, como o responsável pela organização da empresa. Empreendedorismo no Brasil No Brasil, o termo empreendedorismo passa a ganhar força apenas no final do século XX, mais precisamente na década de 1990, quando ocorre uma grande abertura da economia nacional. Com a chegada de novos produtos importados ao nosso mercado, uma economia estável e uma moeda forte (Real), a economia do Brasil volta a crescer, surgindo com isso novas oportunidades em praticamente todos os setores da economia. Era a oportunidade que se esperava para poder arriscar um pouco mais, na esperança de alcançar o sucesso profissional e financeiro. 7

8 Vale ressaltar ainda que o povo brasileiro é um dos mais empreendedores do mundo, aproveitando a ousadia e a criatividade natas como aliadas para superar crises e dificuldades, bem como para gerar receita quando há a falta de oportunidade de empregos formais. Assim, torna-se uma necessidade empreender para sobreviver. Infelizmente, a grande maioria desses pequenos empreendedores carecem de capacitação técnica que lhes forneça a base necessária para identificar oportunidades, estabelecer sua empresa e gerenciá-la de maneira eficiente. 1.2 Quem é o empreendedor? Podemos considerar o empreendedor como uma pessoa capaz de perceber e interpretar necessidades e problemas, como também com habilidade para buscar as soluções mais adequadas para os mesmos, de forma a conseguir gerar um resultado positivo para o seu negócio. Joseph Schumpeter definiu o empreendedor de forma muito interessante: aquele que destrói a ordem econômica existente através da introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização, ou pela exploração de novos recursos materiais. Mas nenhuma definição é tão direta quanto a de Bernard Shaw: Alguns homens veem as coisas como são, e perguntam: Por quê? Eu sonho com as coisas que nunca existiram e pergunto: Porque não? 8

9 Como vimos anteriormente, o empreendedor não deve ser confundido com um administrador de empresas. No entanto, podemos afirmar que, de certa forma, ele é um administrador, não com as características de um gerente ou executivo, que deve tomar decisões diárias para que as organizações tenham sucesso, mas como um visionário que usa a sua capacidade para se dedicar a questões estratégicas que visem ampliar as possibilidades de sucesso do negócio. Por outro lado, é interessante analisarmos o perfil psicológico desse indivíduo e o que o torna capaz de empreender, sendo tema frequente em estudos dos cursos de psicologia e administração de empresas. Durante muitos anos, utilizou-se os traços de personalidade de uma pessoa para definir se ela possuía características e condições para empreender, o que levava à conclusão se uma pessoa era ou não era empreendedora, ou seja, nascia ou não com o privilégio de ter sucesso com o seu próprio negócio. No entanto, estudos mais avançados concluíram que a personalidade empreendedora, reflete as características do período e do lugar onde são desenvolvidas, ou seja, o empreendedor é influenciado pela família, pelas condições econômicas e culturais da região, pela sua própria educação, entre outras condições. A conclusão que se chega diante de tal pesquisa realizada por Fernando Dolabela é que: 1) Ninguém nasce sabendo ou com o privilégio de ser empreendedor. Qualquer pessoa pode aprender a empreender, bastando apenas desenvolver as características ideais; 2) Apesar de poder ser aprendido, o empreendedorismo torna-se pouco desenvolvido em ambientes desfavoráveis, como em uma sociedade economicamente estável, com grande volume de vagas de emprego disponíveis, pela racionalidade em separar trabalho e sonho e pela falta de necessidade em empreender para sobreviver. 9

10 1.3 - Tipos de empreendedores Existem muitas formas de classificar os empreendedores. De forma ampla, podemos dividir os empreendedores em três tipos básicos: O EMPREENDEDOR POR NECESSIDADE É o tipo de pessoa que, por falta de oportunidade no mercado de trabalho, cria seu próprio negócio. Em geral, não lhe resta outra opção, a não ser trabalhar por conta própria. Esse tipo de empreendedor não possui as informações e técnicas necessárias para criar uma empresa e assim, acaba trabalhando em um negócio informal, desenvolvendo tarefas simples e, apesar de trabalhar arduamente, não consegue obter um grande retorno financeiro. Em função de possuir um negócio informal, apenas para a sua sobrevivência e a de sua família, não contribui significativamente para o desenvolvimento econômico do país, uma vez que, na grande maioria dos casos, não emite qualquer tipo de nota fiscal pela prestação dos serviços, deixando com isso, de arrecadar os impostos devidos. Suas iniciativas são simples e, na maioria dos casos, amadoras, com poucas inovações e com total ausência de planejamento para empreender de maneira estruturada. 10

11 O EMPREENDEDOR PLANEJADO O empreendedor planejado empreende porque sabe como fazer e como atingir seus objetivos. É a pessoa que, para iniciar um negócio, antes de tudo, prepara um bom planejamento, pois sabe que este aumenta em muito as probabilidades de um negócio ser bem sucedido. É o empreendedor que consegue minimizar os riscos, se preocupando com cada detalhe do negócio, obtendo uma visão mais clara e trabalhando em função de metas pré-estabelecidas. Do ponto de vista da definição de empreendedor, este tipo pode ser considerado o mais completo, ou o que chega mais próximo de tal definição. Infelizmente, ainda não representa a maioria entre os empreendedores, embora estejam entre os mais bem sucedidos. O EMPREENDEDOR NATO Estes, geralmente, são os empreendedores mais conhecidos e que costumam servir de exemplo para os mais novos. Possuem histórias de vida brilhantes, que muitas vezes começam do zero, mas conseguem construir grandes impérios. São pessoas diferenciadas, mais pelo seu caráter e comportamento do que pela sua qualificação profissional. Em geral são visionários, otimistas, ambiciosos e costumam dedicar-se 100% na realização de seus sonhos. Não buscam simplesmente criar um negócio novo e depois partir para outro empreendimento. Sua ambição é a de construir algo sólido e sustentável que possa gerar frutos para eles e parar as próximas gerações. 11

12 Existem outras classificações de menor importância, mas que entendemos interessante destacar: O Empreendedor Oportunista São pessoas que possuem as qualificações necessárias para empreender, porém, buscam apenas oportunidades pontuais que possam gerar resultados rápidos. Seu combustível é o risco do negócio e a coragem para investir tempo e dinheiro nestes projetos. Diferente do empreendedor nato, este empreendedor não deseja construir nada duradouro, tendo como determinação, faturar o máximo no menor tempo possível. O Empreendedor por Ocasião É o tipo de pessoa que não pensa em empreender. Seu objetivo é trabalhar e fazer carreira em uma grande empresa, mas que, quando menos se espera, se depara com uma grande oportunidade de negócios e toma a decisão de partir para um negócio próprio. Geralmente, essa tomada de decisão ocorre quando algum conhecido seu o convida para fazer parte de uma sociedade ou quando ele próprio chega à conclusão que já tem experiência e contatos suficientes para partir para um negócio próprio. Como não se imaginava dono de um negócio e nem que um dia poderia passar a assumir riscos, tem de aprender a lidar com as novas situações em sua vida e, principalmente, aprender a se envolver em cada uma das áreas de negócio. O Empreendedor Serial É a pessoa que não consegue criar e desenvolver um negócio. Para ser feliz e se sentir realizado, ele precisa constantemente empreender. 12

13 Geralmente é uma pessoa dinâmica que está ligada a tudo o que ocorre ao seu redor e está sempre disponível para conversar com pessoas, participar de eventos, fazer networking e ampliar seu rol de relacionamentos. É especialista em montar equipes, mantê-las motivadas, captar recursos para iniciar o negócio e colocá-lo em funcionamento. No entanto, não aceita assumir uma postura de executivo que lidera equipes. Prefere usar sua energia na criação de algo novo. O que mantém este tipo de empreendedor motivado é o desafio de implementar uma oportunidade e transformá-la em um negócio rentável. É comum se envolver em mais de um projeto ao mesmo tempo e não é incomum colecionar histórias de fracassos. O Empreendedor Corporativo Nos últimos anos, é o perfil de empreendedor que tem se destacado nas organizações. Tal evidência se deve ao fato das organizações estarem necessitadas de profissionais que consigam inovar ou renovar os seus negócios. Tais profissionais (empreendedores) são executivos, geralmente muito competentes com habilidade na comunicação e venda de suas ideias, de forma a convencer os demais colaboradores a integrarem o seu time. Não se sentem desconfortáveis em assumir riscos e conseguem lidar tranquilamente com a sua falta de autonomia total. Desenvolvem um bom networking tanto dentro quanto fora da organização e são ambiciosos. Não se contentam apenas em receber o seu salário. Adoram metas ousadas e uma política de recompensas variáveis. O Empreendedor Social Este tipo de empreendedor tem como meta possibilitar a construção de um mundo melhor para todas as pessoas. Envolve-se com seriedade em ações humanitárias 13

14 e sente-se realizado quando seus projetos trazem resultados para as pessoas. Preocupase pouco com suas realizações pessoais. De todos os tipos de empreendedores é o único que não visa desenvolver um patrimônio financeiro próprio, ou seja, seu objetivo principal não é ganhar dinheiro, mas conseguir mudar o mundo criando oportunidades para aqueles que não possuem acesso a ela. O Empreendedor Herdeiro Este é o tipo de pessoa que se torna empreendedora por transmissão de legado. Essa missão é destinada a um dos herdeiros que será preparado para, no momento certo, assumir o posto de gestor do patrimônio que pertenceu a um de seus familiares. Muitos herdeiros começam cedo a entender como o negócio da família funciona e a assumir responsabilidades dentro da empresa. Alguns possuem senso de independência e desejo de inovar, enquanto outros preferem ser mais conservadores mantendo o que estava dando certo. Muitas famílias empreendedoras conseguem manter seus negócios por muitos anos por terem habilidade em passar o comando dos negócios a cada geração. No entanto, está cada vez mais difícil realizar essa transmissão, principalmente pela profissionalização das empresas familiares. Para manterem-se competitivas em um mercado globalizado, as empresas têm buscado executivos que possam desenvolver esse trabalho. Os herdeiros acabam sendo nomeados apenas para uma cadeira no conselho de administração, podendo simplesmente emitir opiniões sobre os rumos do negócio. 14

15 1.4 - Características do comportamento empreendedor Os empreendedores, para serem bem sucedidos, devem apresentar algumas qualidades pessoais que farão a diferença no desenvolvimento de seus projetos. Entre essas características pessoais podemos destacar: Assumir riscos calculados O empreendedor, por mais cauteloso que seja e por melhor que tenha sido seu planejamento, ao criar seu negócio, arrisca, na maioria das vezes, seu próprio patrimônio e seu tempo para atingir seus objetivos. Sem temor do fracasso e da rejeição O empreendedor jamais deseja fracassar e, da mesma forma, não é atormentado pelo medo paralisante do fracasso. Pessoas que não conseguem pensar no fracasso como parte do processo, preferem não correr nenhum tipo de risco e, desta forma, não são empreendedoras. Flexibilidade O empreendedor deve ter a capacidade de adaptar-se rapidamente a novas situações. Como dono de um negócio, estará sujeito a novos desejos dos clientes, mudanças econômicas e transformações do mercado. Autoconfiança Todo empreendedor deve acreditar na sua capacidade de superar as dificuldades e alcançar o sucesso. Motivação O empreendedor não pode esmorecer. Deve estar sempre disposto para trabalhar em busca da realização de seus objetivos. Otimismo O empreendedor é um otimista de nascimento. Isto não significa dizer que ele seja um sonhador. Acredita que há espaço para todos e que conseguirá se destacar. Planejamento Todo empreendimento precisa ser organizado e planejado, desde a sua idealização até o acompanhamento sistemático dos custos, das vendas e demais informações que sejam necessárias para o desenvolvimento dos negócios. Quem não conseguir se organizar e se planejar, certamente não será um bom empresário. 15

16 Determinação O empreendedor deve ser capaz de enfrentar e superar as dificuldades sem se deixar abater. No caminho do empreendedorismo, é comum surgirem obstáculos, porém, vencê-los é condição para atingir os objetivos. Criatividade/inovação O empreendedor deve ter a capacidade de buscar soluções novas e adequadas para solução dos problemas que poderão surgir. Deve ter também a capacidade de buscar saídas para atender, da melhor forma, com mais qualidade e menor custo, os desejos dos clientes. Iniciativa O empreendedor não deve esperar uma solução cair do céu. Ao perceber um problema ou detectar uma oportunidade, deve agir rapidamente para solucioná-lo ou aproveitá-la em prol do seu negócio. Liderança O empreendedor deve ser capaz de reunir as forças de um grupo de pessoas na busca de um objetivo comum. Deve transformar essas pessoas em parceiros, estimulando seu crescimento e dando exemplo para manter a motivação elevada. Integridade A integridade é fundamental para que o empreendedor conquiste a confiança de seus clientes e parceiros e gere neles uma credibilidade em relação a seu negócio. Senso Administrativo O empreendedor deve ter a capacidade de prevenir ou corrigir problemas decorrentes das variações do mercado, reconhecendo e analisando, no dia a dia, as mudanças na economia e no comportamento dos clientes. Para Carlos Alberto Miranda, Sócio da Consultoria Ernst & Young, responsável na América do Sul por empresas de alto impacto, as principais características que fazem um empreendedor ter sucesso e que, em todas as vezes que encontrou mais de cinco delas em uma única pessoa, eram empreendedores de enorme destaque, são: 16

17 Saber aonde quer chegar. Ter a ideia do tamanho que se quer atingir ou o nicho que se quer explorar e manter a disciplina necessária para não perder o foco tem sido uma característica marcante nos empreendedores de sucesso. Eles querem chegar longe. Afinal, o trabalho de pensar grande não é maior do que o de pensar pequeno. Estar pronto para reavaliar a estratégia. Estamos em um mercado em que as mudanças são muito rápidas. Estruturar um negócio que permita a adaptação a essas mudanças coloca o empreendedor em vantagem competitiva. Inspirar as pessoas (certas). Desde o início deve-se saber identificar as melhores pessoas e dividir os sonhos com elas. O grande desafio aqui é balancear aspectos como: potencial versus experiência, remuneração fixa e variável, além de dimensionamento correto da estrutura. Desapegar-se. O empreendedor conta com fiéis companheiros e familiares que ajudam nas etapas iniciais. Mas, às vezes, essas pessoas não acompanham as mudanças do negócio e devem ser substituídas. Postergar essa decisão é pior para todo mundo. Há várias formas de recompensar as pessoas sem prejudicar o futuro das mesmas. Outra dificuldade é delegar. No início, o empreendedor acostuma-se a fazer um pouco de tudo e domina o que está acontecendo. Mas a constante intervenção do empresário junto às pessoas a quem confiou missões importantes faz com que todos percam foco, energia e principalmente motivação. Criar uma rede de relacionamentos. As redes de relacionamento trazem para os empreendedores vantagens como: trocar experiências, identificar novos negócios, dar e receber coaching. Expor-se. Exibir o seu negócio desde cedo atrai o interesse dos players, como consultorias, bancos, fundos e investidores. 17

18 Ter olhos e ouvidos grandes. Uma coisa que sempre me chama a atenção é a capacidade que a maioria dos empreendedores de sucesso tem em perguntar, escutar e observar muito. Deve-se saber balancear uma boa dose de confiança com a humildade de admitir que sempre há o que aprender com a concorrência e com os parceiros. Renovar e criar. Um fator crítico é sempre se renovar com abertura para associações. Outro aspecto: durante a vida, o empreendedor corre o risco de olhar apenas para o lado ou para cima e se esquece de olhar para outros empreendedores que estão chegando e crescendo a taxas altas. Estar preparado para receber sócios. Essa é uma das melhores formas de aprimorar a governança corporativa, verificar o valor do negócio, testar o retorno de cada investimento e estar atento aos controles internos. Pensar desta forma gera resultados diariamente e evita que, em uma futura operação, o valor do negócio seja penalizado Fatores inibem o empreendedorismo A pesquisa realizada pelo GEM (Global Entrepreneurship Monitor), instituto que mede as taxas de empreendedorismo no mundo, revela que o número de brasileiros que monta seu próprio negócio vem crescendo regularmente e os que já se encontram no mercado, tem conseguido manter suas empresas ativas. No entanto, a mesma pesquisa aponta os motivos que inibem o empreendedorismo no Brasil. Segundo referido estudo, 70% dos problemas em empreender concentra-se nos seguintes motivos: 18

19 1) Políticas Governamentais O que mais prejudica a iniciativa de abrir um novo negócio é a elevada tributação e o excesso de burocracia. Há de se considerar neste momento, contudo, os esforços do governo para viabilizar a legalização de micro e pequenas empresas através de um processo mais ágil e eficiente. 2) Apoio Financeiro Os pequenos empreendedores dificilmente conseguem uma linha de crédito para iniciar seu negócio, uma vez que não possuem formas de comprovar que irão pagar por ele, e quando conseguem a política de juros altos, inviabiliza qualquer tipo de negociação. 3) Educação e Treinamento Poucas são as entidades que oferecem cursos adequados sobre empreendedorismo. Muitos especialistas entendem que o empreendedorismo deveria ser tema de cadeira em curso superior. Já José Carlos Dornelas, especialista em empreendedorismo, aponta cinco fatores que inibem a ousadia do empreendedor brasileiro: 1) Grande gap no Brasil quando se trata de inovação e transferência de tecnologia, ou seja, os empreendedores brasileiros não conseguem criar novos mercados. A grande maioria dos novos empreendimentos são cópias de negócios já existentes e poucos apresentam novidades. 2) Falta de capacitação empreendedora, ou seja, os empreendedores brasileiros não estão preparados para identificar oportunidades, criar a empresa e gerenciá-la de maneira eficaz. Ele afirma, com razão, que muitas pessoas acreditam que pelo simples fato de ter conseguido montar uma empresa já são empreendedoras e isso nem sempre é verdade. Os três fatores seguintes indicados por José Carlos Dornelas são os mesmos apontados pela pesquisa do GEM, quais sejam: 3) Falta de estrutura tributária e trabalhista mais adequada que incentive a criação de uma empresa formal. 19

20 4) A desburocratização para a criação da empresa. 5) E mais opções de linhas de crédito para capitalização das empresas. 1.6 Mitos sobre empreendedorismo Assim como qualquer profissão ou atividade comercial, o empreendedorismo também é cercado por mitos e fantasias. Neste tópico, separamos os mitos mais significativos a respeito do empreendedorismo e as verdades que estão por trás de desses: Mito 1: Empreendedores nascem feitos, não podem aprender. Realidade: A capacidade para identificar e aproveitar uma oportunidade só se adquire com o tempo, depois de anos de experiência. O empreendedor forma sua capacidade empreendedora por força do acúmulo de habilidades, experiências e contatos. Mito 2: Qualquer pessoa está apta a iniciar um negócio. Realidade: Realmente, qualquer pessoa consegue iniciar um negócio, o difícil, é sobreviver ao longo dos anos. Apenas uma pequena parcela de empresas sobrevive aos primeiros anos de existência e dessas poucas, uma parcela ainda menor consegue gerar receita para se sustentar sozinha. Os empreendedores que reconhecem a diferença entre ideia e oportunidade e pensam grande o suficiente, têm maiores chances de sucesso. Mito 3: Empreendedores são jogadores que arriscam tudo o que possuem. Realidade: Empreendedores assumem riscos sim, mas não são inconsequentes. Os empreendedores conscientes assumem riscos calculados, de forma a minimizar as chances de perderem o que possuem. 20

21 Mito 4: Empreendedores não gostam de dividir os louros da glória. Realidade: O empreendedor consciente sabe e reconhece que é muito difícil empreender sozinho. Por isso, constrói equipes eficientes que possam complementar o seu perfil. Entende que 100% de nada é nada. Os empreendedores de sucesso trabalham para aumentar o bolo, e não retirar a maior fatia dele. Mito 5: Empreendedores não possuem patrão, muito menos horários rígidos de trabalho. Realidade: O empreendedor está longe de ter horários flexíveis e muito menos um patrão. Na verdade, o empreendedor acaba tendo vários patrões e muito mais severos: são sócios, investidores, clientes, fornecedores, empregados, credores, família, entre outros. Mito 6: Empreendedores enfrentam um alto índice de stress e costumam pagar um alto preço por isso. Realidade: Não deixa de ser uma verdade, mas não mais que qualquer outra profissão. No entanto, sabem que sofrem por algo que é seu e não de um terceiro, portanto, seu trabalho é mais gratificante. Mito 7: Começar um negócio costuma ser arriscado e na maioria dos casos acaba em falência. Realidade: Os empreendedores talentosos e experientes que conseguem identificar e transformar oportunidades em negócios, estruturando seu empreendimento de forma a não passar por sustos e contra tempos, frequentemente evitam o risco de falência e alcançam o sucesso. 21

22 Mito 8: O dinheiro é fundamental para dar inicio a um negócio. Realidade: Não necessariamente. Não restam dúvidas que iniciar um empreendimento com um bom investimento pode gerar o sucesso um pouco mais rápido. No entanto, o dinheiro não substitui o talento e a experiência. Estes sim são requisitos essenciais para se iniciar um negócio. Mito 9: Empreendedores devem ser maduros. Realidade: Idade não é fator impeditivo para empreender. Pesquisas apontam que a idade média dos empreendedores de sucesso é próxima dos 35 anos. No entanto são conhecidas histórias de empreendedores de 20 e de 60 anos de idade. Tomem como exemplo os empreendedores da área de tecnologia, dentre os quais muitos ficaram milionários antes dos 25 anos. Mito 10: Empreendedores buscam poder. Realidade: O poder não é a força que motiva um empreendedor de sucesso. O que o motiva é a busca por realização pessoal e resultados para o negócio. Mito 11: Qualquer empreendedor com uma boa ideia pode levantar investimento em seu negócio. Realidade: Para conseguir um investidor, não basta apenas ter uma boa ideia, é preciso provar, por meio de um plano de negócios, que a ideia é viável e pode gerar frutos no futuro. Mito 12: Ter um capital inicial é meio passo para o sucesso. Realidade: O oposto também é verdade, isto é, ter muito dinheiro no princípio pode criar uma euforia desnecessária e levar todo o empreendimento ao fracasso. 22

23 1.7 - Você tem perfil empreendedor? Agora que você já aprendeu sobre o conceito de empreendedorismo, o que é ser um empreendedor e as características que deve possuir para atingir o sucesso, nada melhor do que realizar um teste para saber se possui um perfil empreendedor. (ACEB): Este teste foi elaborado pela Associação Comercial Empresarial do Brasil 1 Ao realizar trabalhos em grupo, você: a) Sempre dá ideias, opiniões e gosta de participar de todo o processo de elaboração do trabalho; b) Nunca participa efetivamente e adora quando os outros integrantes fazem tudo por você; c) Dá boas ideias e colabora, mas só quando pedem sua ajuda. 2 Ao terminar os estudos, qual foi a sua reação? a) Ficou extremamente inseguro, porque não tinha noção do que faria dali pra frente e por isso demorou a decidir que carreira seguir; b) Apesar do medo, decidiu ir à luta e traçar metas profissionais; c) Sentiu-se bastante contente e confiante em enfrentar os desafios que a vida iria lhe proporcionar. 3 No início de sua carreira profissional, você: 23

24 a) Tentava adquirir conhecimentos e experiência com os demais funcionários, mas nunca acreditou que isto o levaria a crescer profissionalmente; b) Sempre observava os profissionais à sua volta, principalmente os mais experientes, a fim de acumular conhecimentos que o fizessem crescer; c) Não dava a mínima para o que os outros estavam fazendo, o importante era cumprir as suas tarefas. 4 Em sua vida profissional, quando surgem outras oportunidades de emprego você: a) Nunca as aceita, por mais positivas que elas sejam. A ideia de encarar um novo desafio o deixa muito inseguro; b) Fica extremamente contente por ter surgido à oportunidade de ascender profissionalmente em um ambiente novo e na companhia de outros profissionais; c) Analisa durante dias se esta será a melhor escolha e, se chegar à conclusão de que não tem nada a perder, aceita o desafio. 5 Em qual dos perfis abaixo você melhor se encaixa? a) O líder; b) O observador; c) O flexível. 6 Com que frequência você se informa sobre economia e o mundo dos negócios? a) Pelo menos três vezes por semana; b) Todos os dias, de preferência de manhã e à noite; 24

25 c) Nunca. Fica sabendo das novidades somente quando alguém o informa. 7 Como você toma decisões importantes na sua vida profissional ou pessoal? a) Consulta a opinião de amigos e parentes, mas a decisão final sempre é sua; b) Sempre coloca a opinião das pessoas próximas a você em primeiro lugar, afinal, elas gostam de você e só querem o seu bem; c) Não escuta a opinião de terceiros. Você é a pessoa mais indicada para tomar suas próprias decisões e traçar o seu caminho. 8 Se algo der errado em algum projeto profissional, você: a) Não se deixa abalar, afinal, para que as coisas sejam resolvidas é necessário manter a calma; b) Acredita que tudo irá se resolver da melhor maneira, mas que é preciso trabalhar para que a melhora aconteça; c) Acha que o mundo está desabando e que, por mais que você se esforce nada poderá ajudá-lo a resolver o problema. 9 Você se considera criativo? a) Sim. Sempre procuro transformar ideias simples em negócios efetivos; b) Não. Por mais que eu me esforce para ter ideias empreendedoras, nada me vem à cabeça; c) Às vezes. Em dias de muita inspiração consigo ter ideias que possivelmente resultarão em bons negócios. 10 Como você projeta sua vida para daqui 5 anos? 25

26 a) Procuro não pensar no futuro, pois meu sucesso depende muito da oportunidade dada por outras pessoas; b) Tenho vários planos, entre eles o de montar meu próprio negócio. Porém, não tenho muita certeza de que dará certo, pois muitas empresas fecham logo no início de sua existência; c) Imagino-me um empreendedor de sucesso, com meu próprio negócio concretizado e bastante competitivo no mercado. Tenho este anseio e só depende de mim alcançá-lo. Agora, veja os pontos correspondentes às suas respostas, conforme a tabela abaixo, e some para ver o resultado. Respostas Questões A B C

27 Resultados: De 0 a 6 pontos: Você não possui o perfil empreendedor. Se o seu grande objetivo profissional é constituir seu próprio negócio, é necessário que você mude diversas características se quiser obter sucesso. Comece se informando mais sobre o ramo em que quer atuar, procure ser mais otimista, ativo e mais seguro no momento de tomar decisões. Porém, não é interessante forçar a barra. Se você não nasceu para ser empresário, com certeza encontrará sua aptidão e obterá sucesso no que se propor a fazer. De 7 a 14 pontos: Se sua intenção é investir em um empreendimento, ainda faltam alguns passos importantes para que você consiga êxito. Você pode ser criativo, mas tem dificuldades em administrar uma equipe. Ou gosta de enfrentar desafios, mas sente-se inseguro no momento de tomar decisões importantes... Administrar uma empresa é uma tarefa difícil e requer bastante preparação. Portanto, você precisa se aperfeiçoar, e somente após se sentir seguro deve aceitar este desafio. De 15 a 21 pontos: Você nasceu para o empreendedorismo, pois possui as principais características que um empresário necessita ter: é otimista, criativo, independente e tem espírito de liderança. Você sente-se à vontade para tomar decisões difíceis, adora encarar desafios e sabe aproveitar as oportunidades. Portanto, se você sempre objetivou ter seu próprio negócio, agora mais que nunca você sabe que tem grandes chances de montá-lo, administrá-lo com excelência e caminhar rumo ao sucesso! 27

28 1.8 - Leitura Complementar Para finalizar nossa primeira unidade, destacamos uma entrevista realizada pela Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios (PEGN) com o Senhor Kenichi Ohmae, um dos cinco maiores especialistas em gestão do mundo. P: O mundo hoje é bom para empreender? R: Maravilhoso. As pequenas empresas, as jovens e mesmo quem chega atrasado ao mercado têm grande potencial. Ele acredita que você, leitor, pode mudar o planeta e tirar do topo as grandes empresas. No ciberespaço, tudo pode se transformar (a seu favor) Por Adriana Wilner Eleito pela revista inglesa The Economist como um dos cinco maiores gurus em gestão do mundo, o japonês Kenichi Ohmae começa a responder à primeira pergunta desta entrevista praticamente sem mexer os músculos da face. Autor de mais de 170 livros, professor ou membro do conselho de algumas das principais universidades do mundo (como as norte-americanas Wharton e UCLA), ele é severo até mesmo com sua classe. Acho que acadêmicos e escritores de livros de negócio tendem a simplificar o mundo, diz, após dar uma palestra em São Paulo na ExpoManagement, da HSM. Conhecido como o Senhor Estratégia, Ohmae acredita que cada situação deve ser avaliada em sua especificidade. Quem souber fazê-lo e tiver uma antena para captar as transformações globais sairá na frente. O que o futuro reserva aos empreendedores? As empresas estão acostumadas a trabalhar em um contexto que não existe mais. O mundo está em profunda mudança. Primeiro, ele é muito maior. Os empreendedores têm que buscar consumidores e recursos para desenvolver o seu 28

29 negócio não apenas nos 20 países mais ricos do Hemisfério Norte, mas talvez em 50 países de diferentes continentes. Outro aspecto é que estamos caminhando para um mundo sem fronteiras. Não é mais necessário apresentar passaporte para ir do Japão à China e à Coreia do Sul. Há o ciberespaço, que é grande e explosivo. E um último aspecto é o domínio de indicadores que trazem a necessidade de disciplina nas finanças. Como o Brasil é visto nesse contexto? Eu diria que, daqui a cinco anos, vamos ver muito mais empresas brasileiras no cenário global. Há pessoas muito boas no país em design, moda e tecnologia da informação. Jovens que podem competir na Europa e nos Estados Unidos. O Brasil está mais rico e promissor, mas eu vejo uma tensão social maior do que dez anos atrás. E isso é verdade também na Índia e na China. Se você fizer uma pesquisa de opinião na China, as pessoas vão dizer que este ano foi melhor do que o ano passado, apesar de a diferença entre os centros e as áreas suburbanas estar aumentando. É desse jeito que o governo chinês está conseguindo manter 700 milhões de pessoas pobres razoavelmente quietas. Temos hoje então ilhas de prosperidade? Sim, mas no caso do Brasil não há ainda uma clareza de qual indústria ou que tipo de nova tecnologia é destaque em relação ao resto do mundo. Costumavam ser os biocombustíveis, mas agora eles estão em todo lugar e, nos próximos cinco anos, haverá muitas formas diferentes de produzir energia pela biologia. O Brasil é forte, grande, mas ao mesmo tempo você pode descrever o que o país é capaz de fazer melhor do que qualquer outro? Vocês não têm uma mensagem específica para transmitir ao resto do mundo e é preciso fazer isso rapidamente para atrair capital e tecnologia. Não existe mercado natural. Longe disso. Não foi fácil para o Japão avançar industrialmente. Tivemos de fazer coisas únicas: just in time, tecnologias de baixo custo, inovação. Como os empreendedores podem construir uma estratégia para lidar com a mudança de cenário? 29

30 Os empreendedores devem olhar para os consumidores e verificar se eles estão completamente satisfeitos com os produtos e serviços que oferecem. Ou se há espaço para melhorar. Você não deve nunca pensar em uma estratégia que parta de dentro da sua própria empresa. Nem de teorias desenvolvidas no meio acadêmico, porque elas são baseadas em referências de 20 ou 30 anos atrás. A sociedade era então muito estável e você podia definir o seu cliente e o seu concorrente. Agora não há fronteiras claras. O consumidor pode até mesmo participar de sua equipe, ajudando a desenvolver um produto. E o seu competidor pode vir de vários setores. O importante, atualmente, é ter sensibilidade e uma antena para perceber o que se passa fora da empresa. É preciso viajar, conhecer os consumidores no Japão, China, Europa e Estados Unidos e verificar como suas necessidades latentes estão sendo atendidas por outras empresas. E como você pode fazer melhor e mais barato. Nunca do mesmo jeito. Mesmo se tiver um negócio estritamente local, o empreendedor precisa olhar o que está acontecendo no resto do mundo? A internet é um recurso excelente. Hoje você pode ter gente do mundo todo participando, on-line, da criação e aprimoramento dos negócios. Empresas como a Procter & Gamble desenvolvem metade dos seus produtos com pessoas de fora da organização que nunca viram. A Ely Lilly usa muitos cientistas pelo mundo que não constam da sua folha de pagamento, mas estão propensos a colaborar com o desenvolvimento farmacêutico. Se você não tem tempo ou dinheiro para ir fisicamente para fora, ao menos deve ter a noção de que há muitas pessoas talentosas dispostas a contribuir para o sucesso do seu negócio. Esse é um mundo maravilhoso em que as pequenas empresas, pessoas jovens e os concorrentes que chegam tardiamente ao mercado têm grande potencial. Há como, rapidamente, destronar o poder estabelecido, o monopólio de grandes empresas. Você pode mudar o mundo em que vive. Seus produtos, seus serviços, seus consumidores, seus competidores, todas essas coisas podem ser transformadas se você entender e utilizar o poder do ciberespaço. O empreendedor não corre o risco de trilhar o caminho errado se não tiver o 30

31 instrumental adequado para lidar com o novo contexto? Administração é arte. Você tem que fugir da tentação de que há premissas, receitas e caminhos fáceis. É preciso pensar sobre a situação individual e como elaborar uma estratégia caso a caso. Eu inventei o notebook para a Toshiba, as câmeras nos anos 80, e ensino meus alunos como cheguei nesses conceitos. Eu divido a minha abordagem de como construir ideias e produtos, e não um modelo definido. Compartilho, em dois anos, uma ideia por semana. Eles entendem que há um contexto, mas também que é preciso refletir sobre cada situação. Depois de cem vezes fazendo esse exercício, a sua mente começa a trabalhar como se você fosse o artista. E pintasse, do seu jeito, em uma tela em branco. Então não existe receita para o sucesso? Acho que acadêmicos e escritores de livros de negócios tendem a simplificar o mundo. E o risco é que as pessoas jovens acreditem. Dizer eu estudei tantos livros e cenários que agora sou muito bom e posso construir uma nova estratégia é o caminho mais rápido para o fracasso. Eu nunca contrataria esses caras eles acham que seu conhecimento é ouro e vão cometer tantos erros. Se a escola pudesse dar a solução, o mundo estaria repleto de vencedores. Só que o mundo está cheio de fracassados e há poucos vencedores. Se você fosse abrir um negócio hoje, qual seria? Construção. A construção no Japão é muito cara e pouco desenvolvida. Nós somos capazes de fazer bons carros, televisões e computadores, mas não casas. Se eu fosse a Toyota hoje, eu entraria no mercado de construção aproveitando a tecnologia japonesa. Começaria no Japão e depois iria para o resto do mundo. Uma casa pode ser construída em duas semanas com as tecnologias just in time e kanban. Poderíamos sentar em frente ao computador e chegar a um projeto de imóvel personalizado e pela metade do preço atual com móveis, carpete e o que mais você quiser, sob medida. Talvez levasse 20 anos para conseguir, mas há um potencial gigante de mercado. 31

32 Unidade 2 Sonhos transformados em oportunidades Olá! O empreendedor de sucesso deve estar atento a tudo que acontece ao seu redor. Isso significa dizer que deve prestar atenção em qualquer coisa que possa ser transformada em uma oportunidade de negócios. Assim, nesta unidade, você vai aprender sobre os nichos de mercado e de que forma pode identificar e avaliar uma oportunidade de negócio. Verá também oportunidades que estão em alta no mercado e podem ser um bom caminho para iniciar sua vida de empreendedor. Para finalizar esta unidade, destacamos alguns empreendedores e suas histórias de sucesso que certamente irão motivá-lo a continuar nosso curso. Bom estudo! 32

33 2.1 Nichos de mercado Para o empreendedor que está se lançando no mercado e que deseja ter sucesso em seu ramo de atividade, o ideal é tentar descobrir um nicho de mercado que possa desenvolver e conquistar seu espaço no mundo dos negócios. No entanto, o que é e qual a função de um nicho de mercado? Esta é uma pergunta muito comum e poucos conhecem a sua resposta. Vamos aqui tentar desvendar um pouco mais desse segredo empresarial. A expressão nicho de mercado está intimamente ligada a um segmento de mercado, porém com um significado mais específico. Trata-se de um segmento de mercado com características especiais, constituído por um reduzido número de consumidores com necessidades homogêneas a serem atendidas e facilmente identificáveis. Para o empreendedor que procura seu espaço para crescer sem pressa, esta pode ser uma ótima oportunidade para atender com excelência as necessidades de um público específico, consolidando-se como o seu principal fornecedor. A grande empresa não consegue oferecer um atendimento de qualidade para todos os segmentos em que atua, pois exige especialização e é muito difícil ser especialista em tudo, ao mesmo tempo. Da mesma forma, trata-se de uma grande oportunidade para novos empreendedores, uma vez que os altos custos fixos e a envergadura de uma grande empresa exigem um grande volume de clientes e isso, salvo raras exceções, não é encontrado nos nichos de mercado que acabam sendo desprezados e aproveitados pelas pequenas empresas. 33

34 O empreendedor mais ambicioso deve ter em mente que é muito mais fácil e barato manter-se como líder de um nicho de mercado do que tentar ser um líder de todo o segmento, o que pode comprometer a lucratividade da empresa e o respectivo retorno financeiro mais demorado. Porém, o empreendedor não deve apenas escolher um nicho de mercado e tentar de forma despreparada vender seu produto. Deve primeiramente analisar algumas considerações e aspectos que precisam ser cuidadosamente avaliados, como o produto a ser oferecido e o público alvo. É comum empreendedores descobrirem uma oportunidade, mas não terem intimidade alguma com o produto a ser oferecido e muito menos com o público, o que certamente, levará o empreendimento ao fracasso. fatores: Ao avaliar o nicho de mercado, o empreendedor deve considerar os seguintes compõe; - O tamanho do nicho, ou seja, a quantidade estimada de consumidores que o - O grau de competição; - As características relacionadas ao produto, como padrão de qualidade, custo de distribuição, entre outros. Para finalizar este tópico, destacamos alguns exemplos de nichos de mercado que podem ser oferecidos para novos empreendedores: 1) Mercado de alimentação Kasher Trata-se de alimentos preparados de acordo com o livro sagrado dos judeus, o Torá. São restrições como a de animais considerados próprios para consumo não podem sofrer antes de serem abatidos ou carne e laticínios que não podem fazer parte de 34

35 uma mesma refeição. O selo kasher é concedido por certificadoras que analisam e autorizam os produtos para consumo da comunidade judaica. Este tipo de alimento acaba sendo muito procurado também por outros públicos por associarem o selo kasher à higiene e rigor na qualidade dos produtos. 2) Mercado de software Enquanto a Microsoft tenta resolver seus problemas com a Justiça, o mercado fica a disposição de pequenos empreendedores que desenvolvem softwares especializados para determinados segmentos, como mercado imobiliário, automação comercial, segurança em transações bancárias e muitos outros. 3) Serviços Neste caso, o empreendedor pode direcionar seus serviços para determinado nicho de atendimento, como consultoria para o mercado de hotelaria ou agência de propaganda especializada em atender a indústria farmacêutica, por exemplo. Apenas para reforçar: O empreendedor deve adotar todos os cuidados para evitar que a sua empresa não seja mais um número no relatório que verifica os motivos de fechamento de negócios. Para que isso não ocorra, procure um nicho e especialize-se nele. Deve ter em mente também que a oportunidade pode não estar em algo que procura, mas em algo que outras empresas desprezam. Deve se perguntar sempre o que a grande empresa não tem interesse em atender. Desta análise, podem surgir ideias para montar seu negócio. 35

36 2.2 - Como identificar uma oportunidade de negócios Antes de tudo, um empreendedor deve conhecer um ditado que deveria ser adotado por todas as pessoas que desejam se tornar empreendedoras: NEM SEMPRE UMA BOA IDEIA É, NECESSARIAMENTE, UMA BOA OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS. Esta frase retrata um equívoco comum por parte dos novos empreendedores que acreditam que basta ter uma boa ideia e iniciativa, que o negócio dará certo. Ter uma boa ideia é apenas parte de todo o processo. Esta deve ser acompanhada da identificação de oportunidades que possam transformá-la em um negócio de sucessos. Segundo Jeffry Timmons (DOLABELA, 1999) uma ideia não passa de um instrumento na mão de um empreendedor. Da mesma forma como um pincel pode gerar uma obra-prima ou medíocre, dependendo das mãos que o utilizam, uma ideia depende de um bom empreendedor para se transformar em um negócio de sucesso. Especialistas entendem que as oportunidades podem ser identificadas através de algumas técnicas, dentre as quais destacamos: 1) Brainstormings Veremos em detalhes a seguir ; 2) Estudos de áreas geográficas Trata-se de uma análise precisa do ambiente onde se pretende instalar um novo negócio. 3) Estudos dos recursos renovados e não renováveis Trata-se de uma análise profunda sobre a matéria-prima que irá ser utilizada. 4) Estudos do ambiente tecnológico Trata-se de uma análise profunda sobre a tecnologia que irá ser utilizada. 36