Indústria Comércio Resíduo Acidentes Desconhecida. Figura Distribuição das áreas contaminadas em relação à atividade (CETESB, 2006).
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- Maria Júlia de Andrade Martins
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1 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 757 Posto de Combustível Indústria Comércio Resíduo Acidentes Desconhecida Figura Distribuição das áreas contaminadas em relação à atividade (CETESB, 2006). O grande número de postos de combustíveis contaminados deve-se primeiro ao grande número existente deste tipo de estabelecimento na BAT, segundo devido à política de gerenciamento de áreas contaminadas da CETESB, que priorizou este tipo estabelecimento em relação aos outros e terceiro pelo fato de serem os empreendimentos que em número mais contaminam as águas subterrâneas, como visto em estatísticas na Europa (Foster et al 2002) e América do Norte. Os principais contaminantes da BAT são solventes aromáticos e combustíveis líquidos, ambos presentes em cerca de 70% das contaminações cadastradas, seguido por hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAH), com 38%, e metais com cerca de 11% (Figura ). 69,45% 69,34% 38,16% 11,47% 12,83% Solventes Aromáticos Combustíveis PAH Metais Outros Figura Freqüência dos contaminantes cadastrados na BAT (CETESB 2006). 302
2 Atividade industrial As atividades industriais, devido às altas concentrações de produtos químicos que manuseiam e algumas práticas de disposição de efluentes e produtos que empregam, são seguramente as que apresentam os maiores perigos para a água subterrânea. Até novembro de 2006, a CETESB contabilizou 127 áreas contaminadas por indústrias na Bacia do Alto Tietê, cerca 50% destas possuíam mais de uma fonte de contaminação. As principais fontes são: a produção, o armazenamento (seja de matéria prima ou de produto acabado) e o descarte e disposição de produtos (Tabela ). Os principais contaminantes são metais, solventes aromáticos e halogenados (Tabela ). Tabela Fonte de contaminação na indústria (CETESB 2006). Fonte de Contaminação N o de Áreas % Produção 73 33% Armazenagem 63 29% Descarte e disposição 32 15% Infiltração 15 7% Manutenção 14 6% Tratamento de efluentes 13 6% Acidentes 5 2% Desconhecida 4 2% Total % 303
3 Tabela Tipos de contaminantes em áreas industriais da BAT (CETESB 2006). Contaminantes N o de Contaminações % Metais 83 0,26 Solventes aromáticos 59 0,19 Solventes halogenados 50 0,16 PAHs 30 0,09 Combustíveis líquidos 26 0,08 Fenóis 17 0,05 Outros 53 0,17 Total % Postos de serviços Os postos de combustíveis representam cerca de 80% das áreas contaminadas da BAT e natureza da contaminação relaciona-se ao vazamento dos tanques de armazenamento, fugas dos tubos e conexões entre tanques e bomba, mau manuseio e operação na descarga e carga dos combustíveis. Os contaminantes são compostos por combustíveis líquidos, solventes aromáticos e PAHs. O vazamento dos postos de serviço está relacionado a dois momentos distintos: quando detectado logo após a instalação, normalmente está relacionado a fugas pelas conexões entre tanque e bomba, e posteriormente, depois de alguns anos, devido à corrosão do tanque. Existe também uma forte correlação entre idade dos tanques e o aumento dos casos de vazamentos. Tanques de material plástico e/ou aqueles de paredes duplas têm mostrado maior resistência à corrosão e são ambientalmente mais seguros. Esses tanques têm sido empregados mais recentemente reduzindo o perigo de vazamentos. Resíduos sólidos A deposição final dos resíduos sólidos domiciliares e industriais, incluindo lixões e aterros sanitários, é uma das atividades onde a ocorrência de contaminação é muito freqüente. É quase possível afirmar que todos os lixões e a maioria dos aterros controlados e até os sanitários no País apresentam algum impacto aos aqüíferos. Os contaminantes mais freqüentes no descarte e disposição de resíduos sólidos são os metais (59%), biocidas (9%), combustíveis líquidos (6%) e outros (25%). 304
4 A boa engenharia, incluindo um desenho adequado do empreendimento, associado à construção correta tem evitado problemas de contaminação do solo e de aqüíferos, bem como da presença de vetores biológicos associados. Deve-se reconhecer, entretanto, que a existência dessas boas construções são ainda raras na BAT. Saneamento in situ Os sistemas de saneamento in situ (fossas negras e sépticas) são fontes importantes de contaminação das águas subterrâneas. As fossas sépticas, mesmo quando bem construídas e operadas, geram cargas de nitrogênio capazes de contaminar os aqüíferos. Estes sistemas não causam problemas quando a densidade de fossas sépticas é baixa e/ou quando localizadas em áreas de alta recarga do aqüífero. Já as fossas negras, além do nitrato, também estão associadas à baixa remoção de organismos patogênicos, sendo bastante grave em áreas densamente ocupadas, onde o abastecimento de água é geralmente feito por poços cacimba. Na BAT as áreas de maior problema são aquelas onde não há rede de esgoto e onde a captação de água se faz por poços escavados ou tubulares privados. Essas áreas, que representam a periferia dos centros urbanos, apresentam problemas de contaminação biológica e de nutrientes, particularmente de nitrato. O nitrato, mesmo em áreas onde a rede de esgoto já existe há tempos, tem aparecido com muita freqüência sob o solo urbanizado (Viviani-Lima et al 2007). É provável que uma extensa área do aqüífero (até 20-30m) apresente altas concentrações de nitrato, algumas vezes superiores aos padrões de potabilidade permitidos. Poços tubulares abandonados e sem proteção sanitária Há mais de poços tubulares fora de operação na bacia. Muitos deles foram abandonados por que apresentavam baixas produtividades e outros devido à falência da obra, ocasionada pela ruptura de filtros e tubos, associados à idade, à agressividade das águas e/ou à falta de manutenção. Não existe no Brasil ainda uma prática regular de tamponamento de poços fora de operação. Um poço aberto e sem manutenção é sempre um risco à qualidade da água do aqüífero, pois a própria obra, por conectar diferentes níveis aqüíferos (caminho preferencial), pode ocasionar o ingresso de substâncias da superfície (ou da parte mais rasa do aqüífero) para porções mais profundas. Outro problema bastante sério, causador de contaminação de poços, é a deficiência construtiva da obra e a falta de cuidado em sua manutenção. Já no estudo pioneiro de DAEE (1975), havia vários poços tubulares que apresentavam contaminação bacteriológica (coliformes totais, fecais e contagem em placas). Dos 100 poços amostrados, 55 apresentaram algum problema bacteriológico. Esse tipo de contaminação biológica está associada à deficiência na construção do poço, pois são indicadores pouco persistentes (baixa sobrevivência) no aqüífero. A má conservação do entorno do poço é também outro responsável por esse tipo de contaminação. Reza a boa norma de construção de poços que o mesmo deve possuir uma laje de concreto de 1 m 2, que afaste águas pluviais de se infiltrarem junto ao tubo de boca do poço, 305
5 e uma cimentação do espaço anelar de profundidade maior que 10 m deve ser construída (largura de 3 polegadas). Da mesma forma, a área ao redor do poço, num raio de 5-10 m deve ser preservada, cercada e nenhuma atividade estranha ao poço deveria ser permitida dentro desse perímetro. Infelizmente tais cuidados não são obedecidos e mesmo várias empresas de perfuração de poços não adotam essa prática em suas construções. Não existe nenhuma avaliação atualizada das condições dos poços tubulares na bacia. Sabese, no entanto, que esta deve ser uma das causas mais freqüentes de contaminação das águas subterrâneas associadas à captação por poços tubulares. 306
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