A FILOSOFIA MORAL DE KANT A PARTIR DA FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES Lorena Bulhões Costa 1 (ESTÁCIO/FCAT)

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1 A FILOSOFIA MORAL DE KANT A PARTIR DA FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES Lorena Bulhões Costa 1 (ESTÁCIO/FCAT) RESUMO: O presente estudo teve como intenção demonstrar parte da teoria moral kantiana. Para tanto se buscou investigar os argumentos presentes no livro Fundamentação da Metafísica dos Costumes, e realizar uma breve exposição de seus argumentos, partindo do pressuposto de que estes são fundamentais para entender o projeto de liberdade constante no sistema kantiano. O estudo demostrou a forma como foi construída a teoria moral na Fundamentação, bem como o papel central de conceitos como imperativo categórico e autonomia. Por fim, restou demostrado que, apesar de não apresentar uma conclusão para a teoria moral kantiana, haja vista que resta indeterminado, ao fim da Fundamentação, o conceito de liberdade, este livro é essencial para compreender as bases para a ética de Kant e, portanto, crucial para o estudo de todo o seu sistema filosófico. PALAVRAS-CHAVE: Kant. Imperativo. Fórmulas. Liberdade. ABSTRACT: This study was intended to show part of Kant's moral theory. Therefore we sought to investigate the arguments in the book "Metaphysics of Morals Rationale", and conduct a brief presentation of their arguments on the assumption that these are fundamental to understand the design of constant freedom in the Kantian system. The study demonstrated how it was constructed moral theory in the Groundwork and the central role of concepts such as "categorical imperative" and "autonomy". Finally, left demonstrated that, although not present a conclusion to Kant's moral theory, given that remains undetermined at the end of the Groundwork, the concept of freedom, this book is essential to understand the basis for the ethics of Kant and, therefore crucial for the study of all his philosophical system. KEYWORDS: Kant. Imperative. Formulae. Freedom. 1. INTRODUÇÃO Kant é, sem dúvida alguma, um dos maiores filósofos da modernidade. Seu sistema filosófico, que se inicia com a crítica da razão pura, foi responsável por 1 Graduanda em Direito na ESTÁCIO/FCAT. Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

2 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes romper com os conceitos epistemológicos e éticos que vigoravam até então, e deram início a uma nova escola, denominada de idealismo alemão. (DUDLEY, 2013) Segundo Dudley (2013), o objetivo principal do sistema filosófico de Kant foi romper com a concepção de vigorava até então de que havia necessidade do ser humano ser guiado por autoridades como o clero ou a monarquia, e estabelecer, de acordo como os moldes do Iluminismo, uma filosofia que fosse capaz de libertar o homem deste tipo de dominações. Assim, na teoria kantiana, tanto a liberdade quanto o uso da razão terão papel central, e a determinação do homem terá que ocorrer por sua própria vontade. E a teoria moral kantiana é fundamental quando se tem em mente este objetivo. Os conceitos expostos por Kant tanto na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, que aqui será analisada, quanto Crítica da Razão Prática e na Metafísica dos Costumes, são guiados pela ideia de autonomia. Kant, por conta disto, nega inclusive que qualquer preceito que possua parte empírica poderá figurar como lei moral, e seu argumento para isto é justamente que a sujeição a leis naturais implica na perda de liberdade. Este objetivo, isto é, o de formular uma filosofia dissociada de qualquer preceito empírico fica clara já no prefácio da fundamentação. Neste Kant delimita seu objetivo na, qual seja, o de encontrar um princípio supremo da moralidade. Para isto, o livro seguirá uma lógica própria. Na primeira seção serão delimitados os conceitos ainda de forma não filosófica, ou seja, considerando apenas o senso comum que possuímos acerca da deliberação moral. Assim, ao final desta primeira parte do livro, ainda temos uma parte bem pequena da teoria a ser exposta na Fundamentação, e mesmo o conceito de imperativo categórico ali apresentado ainda será complementado. Mesmo a conclusão sobre a boa vontade ainda será reinterpretado, a luz dos conceitos expostos durante a segunda seção. (WOOD, 1999) Na segunda seção, Kant ainda de forma analítica, isto é, partindo do mais evidente para o primeiro principio, prossegue com a argumentação constante na primeira seção, mas desta vez tem como método uma análise mais filosófica. Aqui, Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

3 COSTA, Lorena Bulhões também será destrinchado o conceito de imperativo categórico que teve na primeira seção apenas uma formulação provisória, considerando simplesmente sua forma. Na terceira seção, Kant passará a descrever a forma final do princípio da moral tendo por base a última formulação exposta na seção segunda, isto é, a fórmula da autonomia. (WOOD, 1999) Aqui, serão expostos os argumentos da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, tendo por base a leitura deste, que será complementada com a inserção de discussões feitas pelos comentadores da teoria kantiana, em especial Wood. Assim, ao final deste trabalho espera-se que os conceitos do livro mais lido da teoria moral kantiana fiquem mais claros, e que possam ser dirimidas eventuais dificuldades na leitura do texto kantiano decorrentes, principalmente, da novidade das ideias do filósofo. 2. DA FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES 2.1 SEÇÃO PRIMEIRA Os conceitos expostos por Kant nesta primeira serão, que serão a seguir delimitados, são apenas provisórios. Isto ocorre porque, segundo Wood (1999), aqui Kant está analisando certos conceitos que nos são dados pela razão comum, pelo senso de deliberação que utliza-se todos os dias para fazer escolhas morais que se apresentam. Aqui, os conceitos apresentados ainda não passaram por um tratamento filosófico, e, por conta disto, ainda não podem ser tidos como a versão final da teoria kantiana. Além disso, estes conceitos que Kant explicita na primeira seção são aqueles pertencentes a todos os seres racionais, e são as pré condições para que estes agentes possam ser detentores de uma boa vontade. Kant inicia a primeira seção com o conceito de boa vontade. Boa vontade, segundo Kant (2009), é aquilo que pode ser considerado bom sem qualquer restrição. Mesmo conceitos inicialmente tidos como incondicionalmente louváveis, como as disposições de caráter, não podem ser considerados como possuidores Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

4 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes desta qualidade, sem que estejam associados a uma boa vontade. Assim, mesmo a temperança, coragem e outras virtudes centrais em sistemas éticos como o de Aristóteles, não seriam louváveis ou mesmo moralmente corretas sem que estivessem eivadas de boa vontade. Wood (1999) destaca que, apesar de Kant começar a exposição da Fundamentação pelo conceito de boa vontade, este não é central em sua teoria. Outros conceitos, como o de "imperativo categórico" e "autonomia da vontade" possuem um papel muito mais relevante. A felicidade, segundo Kant, também não pode ser tida como algo bom em si mesmo, haja vista que, mesmo esta, se não eivada de boa vontade, poderá conduzir o homem a praticar ações más. Wood (1999) argumenta que isto é um reflexo da antropologia kantiana. O homem que adquire muitos bens, ou tem todos os seus desejos realizados tende, se não estiver presente a boa vontade, a se corromper. Aqui, então, Kant não está argumentando que não podemos ser felizes, ou que a felicidade não é desejável. A felicidade poderá subsistir se for eivada de boa vontade e será desejável se seguir o mesmo requisito, e isto é necessário porque ela não é boa em si mesma. Kant então, parte para a segunda razão pela qual a felicidade deve ser refutada, como fator determinante da lei moral. Aqui, o argumento é de que, considerando a felicidade como satisfação dos desejos provenientes da faculdade da apetição, de nada serviria a razão. Tal argumento tem fundamento no fato de que, se a felicidade é proveniente da satisfação de desejos empíricos, então estes estariam melhor satisfeitos se guiados pelo mero instinto. Assim, a razão não teria utilidade alguma. Entretanto, se a função do homem não for buscar a felicidade, se, por outro lado, for fabricar algo bom em si, então a razão lhe será útil. Por conta disso, Kant argumenta que a função do homem é produzir a boa vontade, e nesta tarefa a razão lhe será essencial, haja vista que a boa vontade deverá ser algo bom em si, construída a priori e, portanto, dissociada de qualquer elemento empírico, ao contrario da felicidade. (KANT, 2009) Para aprofundar mais o conceito de boa vontade, Kant trata então de explicar o conceito de dever, que contém em si o de boa vontade. Primeiro ele começa por Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

5 COSTA, Lorena Bulhões excluir dois tipos de ações: aquelas que são contrárias ao dever, e, portanto, não precisam ser explicitadas, e aquelas que são movidas por intenções egoístas, que também são facilmente identificáveis e que, portanto, não necessitam de explicações detalhadas. O filósofo argumenta, por outro lado, que há uma grande dificuldade em diferenciar aquelas ações que são por dever, e aquelas ações conforme o dever. As primeiras são fundamentadas na pura vontade de agir de acordo com a lei moral, as segundas, além deste fator, são ainda realizadas tendo em vista motivos egoístas, ou inclinações imediatas. (KANT, 2009) Kant (2009), para melhor esclarecer estes conceitos, fornece uma série de exemplos. O exemplo do mendigo apregoa que, quando um sujeito dá esmola a um mendigo, com a intenção de lhe ser generoso, ou para fazer o bem, este cidadão não está agindo por dever, e sim, somente conforme do dever, haja vista que possui um interesse em mente, para além da sua ação. Se ele, por outro lado, não possuir qualquer incentivo para realizar esta ação, e se lhe forem apresentados motivos inclusive para não cumpri-la, então sua ação será moralmente correta. Aqui causa estranheza, e é até meio contrário a nossa razão, que tal ação não seja considerada como moralmente correta, e, seguindo este raciocínio parece que o ser racional agirá por dever somente quando tiver ojeriza às ações morais. Entretanto, Wood (1999) argumenta, que há, por parte do ser racional, um respeito e uma estima muito grandes pela lei moral, e isto pode ser vislumbrado no fato de que, mesmo não possuindo qualquer incentivo por parte dos sentidos, mesmo assim, o ser racional continuaria agindo por dever. Aqui, o que há é apenas uma falta de incentivo, que não gera qualquer tipo de aversão a lei moral, pelo contrário, impulsiona o homem ao correto cumprimento desta. Kant não está interessando em qualquer tipo de inclinação, mesmo aquelas boas, quando se trata de fundamentar a lei moral, porque nenhuma inclinação é capaz de despertar respeito no ser racional. Wood (1999) aponta que respeito, no sentido kantiano, é muito mais que meramente querer cumprir a lei moral. Aqui, há um nível especial de reconhecimento, que pressupõe o reconhecimento do valor Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

6 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes incondicional que a lei moral possui. O "respeito" então, está além da mera aprovação da lei moral. O filósofo também não está interessado no fato de que a ação é capaz de produzir boas consequências, ou seja, aquilo que provém da minha ação não pode ser utilizado por mim como forma de julgamento da mesma. Assim, excluída a inclinação e a consequência resta somente a própria forma da lei moral como determinante para definir o conceito da mesma. (KANT, 2009) Desta forma, somente a lei per si, isto é, sem considerar qualquer objeto material, esteja este presente no objeto da vontade, isto é, na inclinação, ou na consequência, será determinante para a construção da lei moral. E a forma da lei moral, segundo Kant, deverá ser aquela da lei universal, qual seja, aquela máxima, isto é, o preceito subjetivo que guia a ação do sujeito, deverá ser universalizada por este. Se esta máxima persistir a esta universalização, então poderá se tornar lei moral. Esta será a primeira formulação do imperativo categórico kantiano, que será exposta no tópico a seguir. (KANT, 2009) Wood (1999), critica a conclusão da primeira seção da Fundamentação, argumentando que, como Kant queria provar o mero uso de conhecimentos do senso comum em relação à moral, a inserção da primeira formulação do imperativo categórico, que, do modo como é derivado exigiria conhecimento dos conceitos de autonomia seria precipitada e, da maneira como está colocada na primeira seção, poderia ser deduzida somente por meio de argumentos falaciosos. 2.2 SEÇÃO SEGUNDA Kant inicia a segunda seção apresentando uma série de argumentos quanto a possibilidade de inferir leis morais de princípios empíricos. Primeiramente o filósofo nega que possamos aferir leis morais de comportamentos, porque é impossível saber qual é o princípio que guia a ação de um determinado ser racional. Se vemos determinada pessoa fazendo uma ação boa, conhecemos apenas aquilo que os Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

7 COSTA, Lorena Bulhões sentidos nos permitem, ou seja, as consequências daquela ação, nunca poderemos conhecer a intenção do autor ao praticar a ação. (KANT, 2009) Segundo, por ser um princípio independente de toda a experiência, não é plausível o argumento que a moralidade não existe porque não há qualquer exemplo de ação completamente conforme a moralidade. A lei moral não trata da investigação daquilo que é, ou seja, não é uma investigação empírica sobre algo que existe no mundo, e sim da determinação pura de algo, isto é, independente da experiência. (KANT, 2009) A experiência, como fundamentação da lei moral, também é afastada por Kant sob o argumento de que aquela, por estar sujeito a contingências, não tem condão para obrigar universalmente, como a lei moral exige. A norma moral deverá valer de forma necessária, isto é, não poderá haver exceção, não sendo, portanto, possível basear tal tipo de norma em dados empíricos. (KANT, 2009) Exemplos, como aqueles constantes na Bíblia, também não servem como fonte para a extração de normas morais. Os exemplos servem, segundo Kant, apenas como forma de indicativo para apontar o verdadeiro fundamento moral, nunca como forma de substituir qualquer fundamento baseado na razão. Assim, o ser racional deve descobrir a lei moral por si, tendo como instrumento a autonomia, e não meramente copiar exemplos. (KANT, 2009) Kant termina sua refutação a teorias empíricas com o argumento de que somente preceitos baseados na razão pura têm o condão de impor normas ao indivíduo, porque somente estes terão caráter de certeza, uma vez afastados das contingências de fundamentos empíricos. Fontes empíricas não são possuidoras de certeza, necessidade, e por isso, fornecem uma moralidade vacilante. (KANT, 2009) À faculdade de agir conforme representação das leis que operam a natureza Kant chama de vontade. Aqui, vale ressaltar o porquê de Kant dizer que há uma "faculdade". O autor admite a lei moral somente naqueles casos em que há a possibilidade de sujeição à inclinação. Ou seja, no caso de uma vontade santa, isto é, que obedece sempre mandamentos morais, não há necessidade de lei moral para gerar obrigação. Se, por sua vez, há a conformação de uma vontade sujeita a Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

8 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes inclinações à lei moral, ocorre a necessitação. A representação do princípio objetivo que será fonte da necessitação é chamado de mandamento, e a forma como este mandamento se expressa, é denominada de imperativo. A forma deste mandamento, isto é, o imperativo sempre deverá pressupor a existência do dever, que se origina exatamente no fato de que a razão, no caso da vontade humano, está sujeita à influência das inclinações. O dever contido nos imperativos podem ter duas formas de obrigar vontade: hipoteticamente ou categoricamente. Os primeiros obrigam a vontade em função de uma consequência, os segundos somente em função da observância do dever, isto é, não é cumprido em função de uma consequência. Os imperativos categóricos, que também são denominados por Kant de mandamentos, são aqueles que não possuem qualquer tipo de consequência pré estipulada, e não são escolhidos em função de qualquer consequência da ação, ou por qualquer sensação de agrado por parte do sujeito. (KANT, 2009) Dentre os imperativos hipotéticos há necessidade de distinguir também entre preceitos de habilidade e de prudência. Nos primeiros, há apenas a observância de um meio para chegar a um fim desejado pelo sujeito, sem que tanto o fim quanto o meio sejam avaliados como bons ou maus. Neste caso, os imperativos são meramente regras de habilidade ou técnicos. O imperativos hipotéticos de qualidade assessórtica, por outro lado, são aqueles, que possuem um fim pré-determinado, qual seja, a felicidade. Kant começa então a investigar como é possível que um imperativo possa servir como preceito para uma ação. O filósofo começa pelos imperativos de habilidade. Segundo Kant, é fácil imaginar porque estes imperativos possuem o condão de guiar a conduta do ser racional, haja vista que, aquele que escolhe os fins e os meios para uma determinada ação, é obviamente obrigado pelos fins que escolheu. Imperativos de prudência, por mais que possuam uma consequência pré estabelecida, não são capazes de obrigar a razão no sentido moral, haja vista que a felicidade, fim último dos imperativos de prudência, não são determináveis Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

9 COSTA, Lorena Bulhões antecipadamente, e, além disso, não possuem um único conceito, variando conforme a vontade daquele que deseja a felicidade. Assim, como não é possível haver universalidade, este tipo de imperativo não possui um condão de obrigar a vontade de forma irrestrita. Por fim, Kant argumenta que os imperativos categóricos são os únicos capazes de obrigar a razão de forma universal e sem limites. O porquê disto, entretanto, será explicitado por Kant apenas na terceira seção. Kant começa então a destrinchar o conceito de imperativo categórico. Vale ressaltar que, todos as formulações que Kant expõe no restante da segunda seção são referentes a mesma ideia. Não são várias leis da moralidade, mas apenas uma expressa de diversas maneiras. A primeira formulação refere-se ao que Wood denomina de "Fórmula da Lei Universal", in verbis: Ages apenas segundo a máxima pela qual possas ao mesmo tempo se tornar lei universal" Aqui, deve-se ter em mente que o foco é a forma que a lei moral deve possuir. Este conceito é meramente formal porque deriva somente do conceito de imperativo categórico. Wood (1999) argumenta que aqui, Kant ainda está considerando a lei moral apenas do ponto de vista do valor objetivo. A obrigação, aqui, é tomada simplesmente do ponto de vista de sua forma. O princípio material que guiará a escolha da lei moral será determinado na próxima formulação do imperativo categórico. Em seguida Kant dispõe que, da fórmula da lei da universal, pode ser derivada a fórmula da lei natureza, qual seja: Age como se a máxima de tua ação devesse se tornar por tua vontade uma lei universal da natureza. Parece não haver muita diferença entre das duas formulações, entretanto, para Kant "lei" e "lei da natureza" são duas coisas diferentes. O primeiro conceito refere-se ao fato de que uma lei obriga o ser racional, isto é, cria para este a permissão de segui-la. Uma lei pertencente ao sistema da natureza, por outro lado, cria uma obrigação segundo a qual nenhum ser racional poderá agir contra, isto é, cria causalidade. O teste presente nas primeiras formulações do imperativo categórico, então, deverá pressupor dois raciocínios. O primeiro deles é desejar que todos os seres Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

10 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes racionais possam seguir a máxima que estou tentando universalizar, o segundo é imaginar esta máxima como presente em um sistema de normas que criam causalidade para todos os seres racionais. Segundo Kant, poderão ocorrer dois tipos de problema quando uma máxima que não contém o condão de se tornar lei moral tenta ser universalizada, Onora O'Neill (apud Wood, 1999) nomeia estes dois problemas de "contradição na concepção" e "contradição na vontade". Os primeiros são referentes àquelas máximas que, quando universalizadas se autodestroem, como a máxima de fazer promessas falsas. Segundo Kant, quando eu tento universalizar uma máxima que me permite fazer promessas falsas, esta se auto destruirá porque irá acabar com o próprio conceito de promessa. A contradição da vontade, por outro lado, não será considerada ilógica se universalizada, mas seu problema reside no fato de que ela não pode ser desejada pelo sujeito. Um exemplo de Kant em relação a este tipo de falha é o de deixar que meus talentos enferrujem. Eu posso até desejar esta máxima como universal, e não há contradição alguma nisto. Entretanto, imaginar um sistema em que todos os seres racionais, sem exceção alguma, deixam seus talentos enferrujarem não é desejável. O primeiro teste é, então, meramente lógico, segundo meritório. (WOOD, 1999) Wood (1999), argumenta que há um erro na primeira formulação de Kant. Novamente, segundo o comentador, não há como inferir a forma de raciocínio que Kant pressupõe sem que sejam necessários conceitos como a autonomia. Assim, lida como está formulada na segunda seção esta fórmula parece meramente vazia, porque não delimita de que forma ou quais são os pressupostos para que os testes sejam realizados. Os dois conceitos expostos anteriormente, isto é de contradição na concepção e contradição na vontade oferecem suporte meramente formal, permanecendo o enunciado ainda vazio em relação a procedimento. Entretanto, deve-se ter em mente que esta formulação não fornece uma versão completa da procedimento kantiano, e as três outras formulas são ainda mais completas e importantes. Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

11 COSTA, Lorena Bulhões Na fórmula da humanidade (FH), a segunda do imperativo categórico, entretanto, Kant não se preocupará com a forma que a lei moral deve possuir, e sim, com a sua matéria, ou com o seu valor. A fórmula da humanidade procurará o motivo que o sujeito possui para obedecer a lei moral. Isto demostra que os testes da Fórmula da Lei Universal e a Fórmula da Lei da Natureza não são a versão mais completa do imperativo categórico, e que o fato de que uma ação é permitida ou foi admitida nos testes das duas primeiras fórmulas não é razão suficiente para realizar tal ação. O motivo para agir de determinada forma, deve ser algum tipo de valor positivo que vai além dos testes das duas primeiras formulações. Deste fato não se deve inferir, no entanto, que entre as três formulações não há ligação. O objetivo da fórmula da humanidade é justamente promover a conexão, (sintética e a priori) do motivo que baseia a obediência a um imperativo categórico com o conceito deste, exposto na fórmula da lei universal. (WOOD, 1999) A fórmula da humanidade, segundo Kant a descreve na Fundamentação da Metafísica dos Costumes, é a seguinte: Age de tal maneira que tomes a humanidade, tanto em tua pessoa, quanto na pessoa de qualquer outro, sempre ao mesmo tempo como um fim, nunca meramente como meio. (KANT, 2009, p. 243) Wood (1999), observa que neste ponto a teoria kantiana pode parecer contraditória, haja vista que, se é exigido que as ações conforme o imperativo categórico sejam realizadas tendo como motivo apenas o cumprimento da lei moral, então como admitir que a humanidade é o fim da lei moral? Segundo o autor tal equívoco é apenas ilusório. O que Kant nega são aqueles fins a serem efetivados pelo mero desejo do sujeito ou que serão produzidos por este, e não fins que já existem, como a humanidade. A existência deste fim, Kant argumenta na Fundamentação, é o que concede ao imperativo categórico o fundamento objetivo que este necessita. Mas o que seria a humanidade ou a natureza racional? Em Kant há uma diferenciação entre personalidade, humanidade e animalidade. O primeiro conceito trata da capacidade de respeito à lei moral. Kant relacionará a personalidade com a autonomia, na medida em que o ser racional é capaz de impor Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

12 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes a ele mesmo a lei moral, sendo este o fundamento da dignidade. O terceiro conceito diz respeito a autopreservação, aos instintos. A humanidade é o meio termo entre os dois. Esta diz respeito a todas as capacidades racionais do indivíduo, não somente àquelas relacionadas a moralidade. A humanidade também diz respeito a comparação entre fins estabelecidos pela razão, ou seja, reside na capacidade do ser racional de se guiar por fins que foram escolhidos racionalmente, bem como de organizar tais fins em um sistema, não havendo necessidade destes possuírem conteúdo moral. (WOOD, 1999) Mas, se a busca de Kant sempre coloca em destaque a ação moral, por que então considerar a humanidade, e não a personalidade como fim em si mesmo? Wood (1999) aponta duas razões para esta escolha. A primeira é o fato de que respeitar a natureza racional significa respeita-la em todas as funções, não somente em relação a sua função de seguir a lei moral. Segundo, para pressupor um imperativo categórico, o conceito envolvido deve possuir necessidade, ou seja, não pode ser meramente contingente, conforme dito anteriormente. Se Kant admitisse que o fim em si mesmo se liga somente às ações morais então esta fórmula seria contingente, haja vista que nem sempre o ser racional agirá de acordo com a lei moral. Mesmo que a racionalidade possa ser considerada em diferentes graus, haja vista que nem todos os seres racionais possuem a mesma capacidade, Kant argumenta que a qualidade de fim em si mesmo é absoluta, ou seja, não vem em degraus. E, uma vez que o ser racional consegue estipular fins para sua ação, ele terá valor em si mesmo, independente de quais sejam estes fins. Kant conclui, então, que o valor atribuído a natureza racional é derivado do fato de que somente esta pode estabelecer os fins que pretende alcançar, sendo este valor igual para qualquer ser racional. (WOOD, 1999) De acordo com Wood (1999), o fato de que cada ser racional possui um valor absoluto que não pode ser suprimido, e que este valor provém do simples fato de este ser racional ser capaz de estabelecer fins para sua ação, tem uma consequência imediata: Todos os seres humanos são iguais. Aquele ser humano Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

13 COSTA, Lorena Bulhões que escolhe sempre a melhor ação a seguir, será igual àquele que escolhe sempre a pior. Aqui, para Kant, comparações que geralmente fazemos para estabelecer disparidades entre seres humanos tal como quem possui mais honra, poder ou prestígio não são válidas e não representam o valor de nenhum ser racional. A única forma de comparação que Kant admite é a de que um ser racional poderá ter um valor interno na medida em que cumpre a lei moral, mas este valor interno poderá ser considerado somente se o ser racional for comparado consigo mesmo ou com a lei moral, nunca com outro indivíduo. O mérito derivado do cumprimento de ações morais também não deverá ser mensurado através da comparação entre pessoas. Em outras palavras: a diferença de valor interno, em Kant, não afeta o valor igual que todos os seres racionais possuem, uma vez que a comparação para que este valor interno seja estabelecido será sempre coma lei moral ou com o próprio ser racional, nunca com outro indivíduo. Cada ser humano é igual ao outro, por ser capaz de estabelecer fins para si mesmo e por possuir o valor absoluto relacionado à fórmula da humanidade: a dignidade. Este valor absoluto, segundo Wood (1999) pode ser extraído da seguinte passagem da Fundamentação: Supondo, porém, que haveria algo cuja existência tenha em si mesma um valor absoluto - o que enquanto fim em si mesmo, poderia ser um fundamento de leis determinadas - então encontrar-se-ia nele e tão-somente nele o fundamento de um possível imperativo categórico, isto é, <de uma> lei prática. A humanidade, como valor absoluto, portanto, está eivada de dignidade e por conta disso nenhum ser racional poderá ser negociado, comparado ou substituído. Segundo Wood (2008), o termo dignidade é tradicionalmente relacionado com classes que possuem um status social que faz com que estas classes sejam mais valorizadas do que outras. A partir de Kant, entretanto, este termo passou a denominar o valor absoluto que o ser racional possui por ser capaz de fazer escolhas racionais, este valor gera a igualdade de todos os seres racionais na medida em que não importa se o indivíduo é rico ou pobre, bom ou mau, importa somente o fato de que este indivíduo é capaz de determinar quais fins vai seguir, sendo, portanto, igual a todos os outros seres racionais. Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

14 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes Como consequência da Fórmula da Lei Universal e da Fórmula da Humanidade surge a terceira e última fórmula do imperativo categórico, a saber, a Fórmula da Autonomia (FA): (...) A ideia da vontade de todo ser racional como uma vontade legisladora universal. Tão logo se lê a fórmula acima descrita, tem-se a impressão de que há algo de errado com a teoria kantiana. Se a minha vontade é capaz de legislar universalmente, então como a lei moral pode ser válida para todos os seres racionais? Aqui parece que Kant acaba deixando a lei moral ao simples arbítrio de cada ser racional. No entanto, segundo Wood (1999), o fato de Kant utilizar a palavra ideia na Fórmula da Autonomia afasta este problema inicial. Ideia, para Kant, é um conceito da razão que não possui qualquer correspondência no mundo físico. Desta forma, fundamentar a moralidade, tendo por base a vontade do ser racional, não é simplesmente deixa-la ao simples arbítrio deste, e sim, fazer com que este, seja limitado, na hora de sua escolha, a certos limites impostos pela razão. Argumentar que a lei moral é, portanto, a ideia da vontade, é basear esta lei em uma verdade, e não no desejo arbitrário de seres racionais. Kant argumenta que da Fórmula da Lei Universal e da Fórmula da Humanidade segue-se a Fórmula da Autonomia. A relação entre estas três fórmulas, mais especificamente a relação entre a Fórmula da Autonomia e as demais, não pode ser entendida através de uma analise textual das três. A melhor forma de entender como a Fórmula da Autonomia pode ser derivada das outras duas é analisando o conteúdo de cada uma para então derivar a última fórmula. Nas palavras de Wood (1999, p. 158): A fórmula da Lei Universal é baseada no mero conceito de um imperativo categórico, e este pensamento naturalmente nos leva depois a inquirir a autoridade que pode fundamentar tal princípio. A Fórmula da Humanidade identifica a natureza racional como o valor fundamental por detrás de todos os princípios morais, o que nos propõe a investigar qual princípio pode residir neste valor fundamental. Colocando estes dois pensamentos juntos, e endereçando as duas questões que eles provocam, nós chegamos a um terceiro pensamento, qual seja, de que o valor da vontade Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

15 COSTA, Lorena Bulhões racional pode servir como autoridade para uma lei universal objetiva comandando categoricamente. Isso também estende a concepção de humanidade, a capacidade de estabelecer fins tendo valor objetivo, com a de personalidade, a capacidade de estabelecer leis que determinam todo o valor objetivo. Isto nos leva a Fórmula da Autonomia, a ideia de todo ser racional como uma vontade dando leis universais (TRADUÇÃO LIVRE) Segundo Wood (1999), Kant determina que uma lei fundada em interesses externos não pode comandar categoricamente, haja vista que tal lei iria necessitar que outra lei que limitasse a atuação do interesse próprio e, por conta do caráter limitado de tal lei, ela não poderia obrigar de forma categórica e incondicional. A lei moral, então, deve ter como fundamento o valor absoluto do ser racional, na medida em que este obedece a lei. Tal prerrogativa, que devo respeitar tanto em mim quanto nos outros, é objetiva somente com base na ideia de vontade. E na medida em que eu me estimo como um ser racional, a ideia de uma lei dada por esta vontade racional pode também ser concebida como obrigatória, mesmo que tenha sido estabelecida por mim mesmo. Portanto, a lei moral obrigará o ser racional que se auto legisla somente através do respeito. Assim conclui-se que a lei moral não confere somente valor aos fins determinados pela razão, mas confere também validade às leis dadas pela razão na medida em que determina os padrões fundamentais para as ações por dever. A natureza racional possui, então, um valor singular na teoria kantiana, haja vista que esta determina a obrigatoriedade das leis possuindo, assim, tanto valor objetivo quanto valor absoluto (dignidade). Kant entende, então, que a autonomia, ou a capacidade de se auto legislar é a única forma de lei moral que pode existir, já que qualquer outro tipo de princípio precisaria apelar para causas exteriores, e, portanto, contingentes. (WOOD, 1999) Kant afirma, na terceira seção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, que tudo aquilo que tem um preço pode ser sacrificado ou trocado por algo equivalente. Aquilo, entretanto, que possui um valor absoluto, isto é, que não pode ser trocado ou substituído, possui dignidade, e esta troca não pode ocorrer Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

16 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes nem por algo que também possui dignidade (que, por conta disto, possui valor absoluto). Este valor absoluto de todo ser racional por conta de sua capacidade de estabelecer fins morais para si e segui-los é um dos pontos basilares da teoria kantiana. Se o valor da humanidade, que fundamenta, segundo Wood (2008), o valor à igualdade remete a capacidade de todo ser racional de escolher os propósitos que deseja seguir, a dignidade irá residir na capacidade de estabelecer leis morais e segui-las. Esta capacidade, que Kant classifica como sendo a natureza racional de uma pessoa, é o que ele valora fundamentalmente em sua teoria. E por conta do papel fundamental da dignidade na teoria kantiana, qualquer coisa que possua valor, o terá em virtude deste valor básico conferido à dignidade. Portanto coisas como a felicidade, por exemplo, podem ser valoradas porque foram racionalmente escolhidas. Tal escolha racional, entretanto, não deve ser arbitrária. O valor absoluto é objetivo, e por possuir tal característica, deverá ser conferido a algo que a própria razão já considera como possuidor de algum valor absoluto. (WOOD, 2008) Segundo Guyer (2002), a autonomia é respeitada, e fundamenta o valor absoluto do ser racional porque representa a capacidade deste de ser livre da dominação das inclinações e da vontade de outros seres racionais e a este fato Kant confere respeito e nisto fundamenta a dignidade. A liberdade de agir de acordo com meras leis da natureza e agir de acordo com leis da razão, confere dignidade à autonomia e, portanto, a todos os seres racionais. O que merece respeito, portanto, são as atividades da vontade, nunca a mera dominação por leis da natureza ou pela vontade de outro ser racional. Resta, então a última derivação do imperativo categórico, a fórmula do reino dos fins, qual seja: Age como se a tua máxima devesse servir ao mesmo tempo como lei universal (de todos os seres racionais). Segundo Kant (2015), a partir do momento em que se considera possível a autonomia, é possível estabelecer que todo ser racional é legislador e subordinado à lei moral, haja vista que somente ele é capaz de impor a lei moral a si. Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

17 COSTA, Lorena Bulhões Disso, tira-se a ideia de dignidade, conforme foi explicado acima e, do respeito e consideração de um ser racional pelo fato de que os outros possuem dignidade, surge a possiblidade do que Kant denomina de reino dos fins, isto é, a percepção de um ser racional do fato de que os demais possuem valor absoluto e, por conta disto, a máxima escolhida por si deverá estar em conformidade com as máximas dos demais. (KANT, 2009) Por fim, Kant delimita a diferença entre autonomia e heteronomia. Esta diferenciação reside, como tantos outos pontos da teoria kantiana já expostos aqui, na noção de interferência de questões empíricas quando da escolha da lei moral pelo ser racional. Quando isto ocorre, isto é, quando os fundamentos da ação tem por mola propulsora um conceito empírico, então tem-se aquilo que Kant denomina de heteronomia, ao contrário de autonomia, isto é, a determinação do sujeito apenas pelas leis que ele mesmo se impõe. Somente a autonomia, segundo o filósofo, é capaz de conferir à lei moral a capacidade de obrigar o sujeito a cumpri-la. 2.3 SEÇÃO TERCEIRA Kant possui, ao longo de três de suas obras conceitos acerca da liberdade, sendo um de cunho puramente teórico (na crítica da razão pura) e os outros dois em obras em que Kant busca estudar a razão no âmbito prático. A liberdade em Kant, então, é pensada, primeiramente de um modo conceitual. O filósofo quer, em contraposição às teorias vigentes antes da sua, provar que o ser humano é capaz de possuir liberdade e não é condicionado somente a causalidade (TONETTO, 2010) A partir da Fundamentação Kant passa então a investigar a liberdade do ponto de vista das ações práticas, e sua primeira teoria nesse sentido será apresentada neste livro. Para Kant em última instância o conceito de moralidade está fundamentado no conceito de autonomia. A lei moral é, então, necessariamente a lei da vontade livre, e o conceito de moralidade só poderá ser pensado na medida em que eu considero o homem como ser portador de liberdade, uma vez que Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

18 A filosofia moral de Kant a partir da fundamentação da metafísica dos costumes autonomia e liberdade, na teoria moral kantiana estão umbilicalmente ligados. (TONETTO, 2010) A liberdade, na terceira seção da Fundamentação será concebida de duas maneiras: positiva e negativa. A liberdade negativa ocorre na medida em que o sujeito não possui causas estranhas a sua vontade que a determine. Este conceito só possui importância, dentro do sistema kantiano na medida em que fundamenta o conceito de liberdade positiva (este sim essencial). O conceito de liberdade positiva pode ser entendido como uma concepção da razão livre em conformidade com a lei moral, a saber, ao imperativo categórico. (TONETTO, 2010) Isto ocorre porque Kant pressupõe que há uma causalidade em relação às normas que regem as escolhas dos indivíduos, e a esta causalidade Kant dará o nome de autonomia, em contraposição à heteronomia, que se caracteriza por ser a confirmação a leis naturais, conforme foi explicado em tópico anterior. Esta causalidade deverá estar ligada a uma lei imutável. Tal lei não poderá vincular a vontade apenas hipoteticamente, uma vez que os imperativos hipotéticos dizem respeitos apenas aos meios escolhidos para a consecução de um fim escolhido pelo sujeito. O imperativo categórico, portanto, é a lei que deverá ser desejada sem que se tenha em mente um fim específico. Tal imperativo será baseará a ação autônoma, e, por conseguinte, a ação livre. Por fim, na Fundamentação Kant tenta provar, através de sua distinção entre fenômeno e noumêno que o sujeito deve se conceber de duas formas: primeiramente como integrante de um mundo físico no qual ele está sujeito a leis naturais, e no segundo, no qual o indivíduo está sujeito a leis não empíricas, fundadas na razão. A partir desta distinção Kant dirá que o sujeito, enquanto se considera de acordo com o segundo aspecto, poderá se impor o cumprimento da lei moral. (TONETTO, 2010) Mas o conceito da liberdade na Fundamentação traz consigo um problema. Neste livro. Kant percebe que não poderá deduzir a lei moral a partir do pressuposto da necessidade de liberdade, como foi explicado supra. Por isso, na Crítica da Razão Prática, Kant procurará explicar tal conceito a partir do que ele chamará de "fato da razão". Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

19 COSTA, Lorena Bulhões 3. CONCLUSÃO Nota-se, portanto, que por mais que Kant tenha delimitado grande parte de sua teoria moral na fundamentação da metafísica dos costumes, ainda resta em aberto uma parte fundamental do projeto kantiano, isto é, provar que a liberdade possui realidade, o que será feito somente na Crítica da Razão Prática. Entretanto, apesar de não possuir uma conclusão muito entusiasmante, as ideias contidas na Fundamentação não devem ser desprezadas, e a importância do livro não diminui pelo fato de Kant não conseguir provar totalmente a possibilidade do imperativo categórico. As ideias de liberdade positiva e negativa, por exemplo, são essenciais para a compreensão das ideais contidas na segunda crítica kantiana. Assim, da Fundamentação deve-se permanecer com a ideia do imperativo categórico e suas formulações como forma essencial de entender a maneira como o sistema kantiano confere diversas prerrogativas ao ser racional e de como, a partir deste conceito podem ser deduzidos o valor incondicional da natureza humana, a igualdade de todos os seres e, principalmente, a liberdade. REFERÊNCIAS GUYER, P. Kant s System of Nature and Freedom: Selected Essays. New York: Oxford University Press, 2005 KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Discurso Editorial: Barcarolla: WOOD, W. A. Kant s ethical thought. New York: Cambridge University Press, Kantian Ethics. New York: Cambridge University Press, TONETTO, M. C. Direitos humanos em Kant e Habermas. Florianópolis: Insular, 2010 Amazônia em Foco, Castanhal, v. 5, n.8, p , jan./jul.,

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