Transmissão do Conhecimento Científico II
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- João Vítor de Miranda Frade
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1 ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO SUPERIOR FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTA FLORESTA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Botânica III Transmissão do Conhecimento Científico II Pedro V. Eisenlohr
2 DESCOBERTA E JUSTIFICAÇÃO: PROCESSOS MENTAIS OPOSTOS? Sem uma ideia interessante não se faz pesquisa interessante. CONTEXTO DA CRIAÇÃO: não é lógico, mas subjetivo; vale tudo. Não se pode ser crítico, pois uma crítica assume preconceitos: algo é ruim, bom, errado ou certo em relação a certos conceitos. CONTEXTO DO TESTE: o rigor crítico deve ser máximo: a ideia tem que ser submetida a testes, na tentativa de invalidá-la enquanto não a invalidamos, temos que aceitá-la.
3 Há razões (contexto da criação) que levam o autor a propor o objetivo (a ideia), que vai ser testado (contexto do teste). O contexto da criação é apresentado na Introdução. O contexto do teste é apresentado de Material e Métodos até Conclusões.
4 E A BOA IDEIA? Boa ideia é a alternativa que soluciona uma questão da forma mais eficaz e da melhor forma disponível. Os elementos materiais estão disponíveis a todos os pesquisadores, mas somente alguns conseguem descobrir uma boa ideia. Pode depender do próprio desenvolvimento do conhecimento, mas apenas alguns pesquisadores conseguiram os elementos cognitivos necessários e vislumbraram o momento certo para fazer a síntese adequada.
5 COMO TER UMA BOA IDEIA? Livrar-se dos preconceitos. Nossos pressupostos conduzem nossos sentidos e nossas interpretações. A criação requer análise de um problema por vários ângulos, mas os pressupostos dificultam essa análise. Ex. Os enunciados de Mendel foram ignorados por muito tempo devido ao preconceito que os naturalistas tinham, entre outros, contra o emprego da matemática nos estudos.
6 COMO TER UMA BOA IDEIA? Acreditar na intuição, que é importante na análise de possibilidades e ideias e diminui o medo de errar. Confiar na intuição é deixar-se guiar por ela. (Mas, um pesquisador teria grande intuição, se não tivesse grande conhecimento de sua área específica e de outras áreas?)
7 COMO TER UMA BOA IDEIA? Inovar sempre permite introduzir novas abordagens e ideias, buscando suplantar ideias preconcebidas. Não ter medo de errar, pois leva a ousar e a arriscar.
8 ATIVIDADES NECESSÁRIAS DA CIÊNCIA OBSERVAR DESCREVER COMUNICAR EXPLICAR TESTAR
9 QUAL É A FORMA VÁLIDA DE COMUNICAÇÃO? Publicar = tornar público (livremente acessível). Meio duradouro. Veículo amplamente distribuído. Língua acessível ao maior número possível de pessoas. Conhecimentos facilmente recuperáveis.
10 COMPONENTES DA LINGUAGEM SEMÂNTICA SÍMBOLOS COMO REPRESENTAÇÕES DA REALIDADE GRAMÁTICA PRAGMÁTICA REGRAS PARA POSSIBILITAR ENTENDIMENTO LÓGICO INTERAÇÃO ENTRE OS EMISSORES
11 LINGUAGEM CIENTÍFICA DIRETA SIMPLES CONCISA PRECISA OBJETIVA
12 LINGUAGEM CIENTÍFICA DIRETA ORDEM DIRETA: SUJEITO VERBO PREDICADO NÃO USE LINGUAGEM FIGURATIVA FRASES SIMPLES: NÃO REBUSQUE FRASES CURTAS: >30 PALAVRAS = CONFUSÃO UMA FRASE = UMA IDEIA UM PARÁGRAFO = ARGUMENTAÇÃO DE UMA IDEIA A PRIMEIRA FRASE EXPÕE A IDEIA, AS DEMAIS A APOIAM
13 LINGUAGEM CIENTÍFICA SIMPLES USE PALAVRAS COMUNS SÓ USE TERMOS TÉCNICOS QUANDO NECESSÁRIOS NÃO ESCREVA EM TECNIQUÊS NÃO USE VOZ PASSIVA USE LINGUAGEM PESSOAL
14 LINGUAGEM CIENTÍFICA CONCISA ELIMINE INUTILIDADES: NESTE TRABALHO, OS AUTORES APRESENTAM... O PRESENTE TRABALHO É O RESULTADO DE DEMORADOS ESTUDOS FEITOS PELOS AUTORES... CONSIDERANDO A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA NESSE CAMPO, DECIDIMOS EMPREENDER ESTUDOS QUE... RECENTEMENTE, ESTE ASSUNTO VEM MERECENDO GRANDE ATENÇÃO POR PARTE DO MUNDO CIENTÍFICO, RAZÃO PELA QUAL...
15 LINGUAGEM CIENTÍFICA EM RELAÇÃO A ESTE ASSUNTO, DEVE-SE TER EM MENTE QUE... DESDE LONGA DATA VÊM OS AUTORES PROCURANDO SABER SE... COM REFERÊNCIA À OCORRÊNCIA DESSES FATOS, VERIFICOU-SE QUE... SABE-SE HÁ MUITO TEMPO QUE... É INTERESSANTE NOTAR QUE...
16 LINGUAGEM CIENTÍFICA DESEJANDO CONTRIBUIR PARA O MELHOR CONHECIMENTO DE... AQUI TRAZEMOS NOSSA MODESTA CONTRIBUIÇÃO PARA... COMO FOI ANTERIORMENTE REFERIDO,... PODE-SE DIZER QUE... NÃO SEJA PROLIXO!!!!
17 LINGUAGEM CIENTÍFICA OBJETIVA MANTENHA O FOCO. USE APENAS OS ELEMENTOS NECESSÁRIOS. NÃO ENFEITE: NÃO FAÇA FIGURAS TRIDIMENSIONAIS SE A ANÁLISE SE REFERE A DUAS VARIÁVEIS. NÃO ESPECULE: NÃO DISCUTA ASSUNTOS SOBRE OS QUAIS VOCÊ NÃO TEM DADOS.
18 ESTRUTURA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS TÍTULO AUTORES COM FILIAÇÃO INSTITUCIONAL RESUMO COM PALAVRAS-CHAVE INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS DISCUSSÃO COM CONCLUSÕES (AGRADECIMENTOS) REFERÊNCIAS
19 ESTRUTURA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS NA INTRODUÇÃO Justificamos a ideia a ser testada. EM MATERIAL E MÉTODOS Mostramos como conseguimos a base empírica para testar a ideia. EM RESULTADOS Apresentamos a base empírica. NA DISCUSSÃO Argumentamos para dar coerência aos resultados obtidos, explicando-os e construindo conclusões teóricas.
20 ESTRUTURA DE TRABALHOS CIENTÍFICOS QUAL FOI O PROBLEMA? A RESPOSTA ESTÁ NA INTRODUÇÃO. COMO O PROBLEMA FOI ESTUDADO? A RESPOSTA ESTÁ EM MATERIAL E MÉTODOS. O QUE FOI ENCONTRADO? A RESPOSTA ESTÁ EM RESULTADOS. O QUE ESSAS OBSERVAÇÕES SIGNIFICAM? A RESPOSTA ESTÁ NA DISCUSSÃO. QUAL FOI A RESPOSTA AO PROBLEMA? A CONCLUSÃO.
21 Pérolas Deve haver proporcionalidade entre as seções de um artigo - Amantes das regrinhas. - Não se compreende a lógica de um artigo científico. - Leva a um resumo excessivo de determinadas seções ou à prolixidade de outras. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
22 E então? O texto científico é um argumento lógico, no qual apresentamos premissas para sustentar conclusões. Na Introdução as premissas levam ao objetivo, que é a conclusão do argumento. Considerando que a metodologia é adequada, que os resultados são x, y e z e são confiáveis e que se conhecem tais e tais aspectos da literatura, então concluímos a, b e c. Somente o necessário para se atingir o objetivo e sustentar a conclusão, sem regrinhas desnecessárias.
23 Pérolas Trabalhos com muitos autores indicam fraude - Analogia com grupos de alunos de escola primária ou secundária. - Não é o número que define a imoralidade: são os princípios. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
24 Pérolas Para ser autor, basta coletar dados ou emprestar equipamentos Ciência empírica vs. Filosofia: cientistas empíricos colocavam muita força nos resultados. Linguagem impessoal desloca o sujeito e enfatiza os dados. Dentro dessa corrente, não importa quem coletou ou quem concluiu, mas o que foi coletado e o que se concluiu. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
25 Uma grave consequência: Permite ao cientista em formação ficar alienado do processo principal de construção do conhecimento. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
26 Princípios subjacentes: Os dados representam uma parte do discurso científico. A essência do artigo são as conclusões. Geralmente, as conclusões extrapolam os dados obtidos. Assim, a simples obtenção dos dados não confere ao indivíduo o privilégio (e a responsabilidade) de ser coautor. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
27 Pérolas O dono do laboratório, o chefe do setor e o estatístico são coautores do trabalho Confere poder e responsabilidades a pessoas não merecedoras. Deve-se respeitar o critério de autoria. Por exemplo, se o estatístico apenas ajudou nas análises e em suas interpretações, ele não deve ser coautor ele deve receber um agradecimento ou ser pago por sua consultoria.
28 Quem então deve ser autor do trabalho? Quem participou da história do trabalho de forma direta ou indireta, coletando dados e/ou orientando a pesquisa. O responsável pela elaboração do objetivo, da estratégia básica da pesquisa e das conclusões. Quem está apto a defender qualquer ponto do trabalho perante a comunidade científica da área.
29 O autor do trabalho: Promove os fundamentos da pesquisa. Estabelece os objetivos. Elabora o delineamento experimental. Acompanha ou executa a coleta e a análise de dados. Elabora as conclusões. Participa da redação e publicação do trabalho.
30 Ordem dos autores Autor principal é quem participou de forma prioritária na maioria das etapas do trabalho. Regra geral: Autor principal + coautores Tendência atual: Primeiro autor (quem mais coletou dados e se responsabilizou pela organização do trabalho) + coautores (em sequência decrescente de prioridade) + mentor intelectual
31 A PUBLICAÇÃO CIENTÍFICA Tem por finalidade tornar universais verdades particulares. Quanto mais pessoas principalmente as de diferentes formações e culturas criticarem nossos trabalhos, mais podemos reduzir nossos erros. Queiramos ou não, a Ciência é um discurso internacional. Validamos o conhecimento que produzimos pela sua publicação no círculo respeitado da Ciência internacional.
32 PRINCÍPIOS CARTESIANOS 1) Jamais aceitar qualquer coisa como verdadeira, sem a conhecer como tal. 2) Dividir cada dificuldade a ser examinada no maior número possível de parcelas que forem necessárias para melhor a resolver. 3) Conduzir por ordem os pensamentos, começando pelos assuntos mais simples e mais fáceis de conhecer, para atingir pouco a pouco, gradativamente, o conhecimento dos mais complexos.
33 EM OUTRAS PALAVRAS... Uma publicação científica é a primeira publicação dos resultados de uma pesquisa original em uma forma em que especialistas da mesma área do autor podem repetir os experimentos e testar as conclusões veiculada em um suporte prontamente disponível à comunidade científica.
34 NÃO BASTA ESCREVER, É NECESSÁRIO SE COMUNICAR Para comunicar, é necessário desenvolver uma empatia: capacidade de se projetar na personalidade do outro e de sentir o que o outro sente naquela circunstância determinada. Para haver empatia, é necessário que o emissor entre por inteiro no processo da comunicação. O emissor que ficar insensível ao comportamento do seu receptor não chegará à empatia.
35 A COMUNICAÇÃO PRESSUPÕE SEIS ELEMENTOS 1) Emissor (que quer enviar uma mensagem) 2) Mensagem (a conclusão do trabalho científico) 3) Receptor (que está ou deverá ficar interessado na mensagem) 4) Referente (o problema científico investigado) 5) Canal (o periódico científico de alta qualidade) 6) Código (a língua em que é escrito o trabalho).
36 E O RUÍDO? Ruído: qualquer elemento que atrapalhe ou impeça a comunicação. Para evitar o ruído: Linguagem perfeita Motivação do emissor Interesse pelo receptor Uso de códigos conhecidos pelo receptor Apenas o conteúdo necessário para o receptor entender a mensagem Apresentação de novidade
37 QUE TIPO DE CONHECIMENTO O RECEPTOR JÁ TEM SOBRE O ASSUNTO? Determina o grau de complexidade da linguagem técnica. Decide sobre a necessidade de acrescentar explicações ou informações de apoio: excesso de informações novas implica em diminuição da capacidade informativa; deficiência leva à não-comunicação. Transmitir novidades e não informações que o receptor já conhece é o caminho para a comunicação. Decide sobre os recursos de veiculação da mensagem: figuras, tabelas, apêndices etc. O emissor deve facilitar ao receptor o entendimento da mensagem.
38 QUEM ESCREVE UM TRABALHO CIENTÍFICO Dá importância aos dados e resultados. Esmera-se nos detalhamentos. MAS QUEM LÊ UM TRABALHO CIENTÍFICO: Interessa-se pelo que pode ser aproveitado em outros trabalhos científicos: procedimentos, conclusões e relatos de insucessos. O detalhamento excessivo, embora prove o conhecimento científico do autor, pode comprometer a eficácia da comunicação.
39 DURANTE O LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO Anote as passagens que pretende usar e as respectivas referências. Anote as publicações que você já consultou, de modo que a listagem das referências do trabalho não seja falha. Seja cuidadoso com a transmissão das informações tiradas da literatura. Seja criterioso com a indicação das fontes. É necessário saber para quê as informações são necessárias.
40 DURANTE A REDAÇÃO Considere que o leitor pode não usar o mesmo jargão técnico que você. Evite saltos de raciocínio ao pressupor que o leitor entende tudo por ser da mesma área profissional que você. Escolha recursos visuais (figuras, tabelas, fotografias) que destaquem as novidades da pesquisa. Capriche na seleção da bibliografia: supere a reiteração dos clássicos e amplie a lista de obras específicas.
41 Pérolas A característica da redação científica depende da área (Humanas, Biológicas ou Exatas) A redação científica exige clareza, brevidade, objetividade e solidez. Se pudermos fundamentar solidamente uma ideia com poucas palavras, porque utilizaremos muitas? As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
42 Pérolas A redação científica exige regras rígidas de estilo Mais uma dos amantes das regrinhas. Com as regrinhas, a mente descansa. E o que ocorre quando cada caso é um caso e as decisões dependem de conceitos mais amplos e menos restritos? As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
43 Na verdade há poucas regras e todo o resto poderá ser inovado. Essas poucas regras são: - Construções lógicas e embasadas em resultados do artigo ou da literatura. - Só inclua informações imprescindíveis para sustentar o discurso. - Não diga: demonstre. - Se usou estatística, conclua com base nela. - Mantenha-se no foco validação do objetivo e demonstração das conclusões. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
44 - Use palavras simples.. - Use frases curtas. - Inclua uma ideia em cada frase, exceto se a segunda ideia for muito curta. - Seja claro, não dando chance a ambiguidades. - Objetive os adjetivos. - Use voz ativa. - Não inclua jargões. - Cada parágrafo defende uma ideia: a primeira frase a expressa e as demais a demonstram. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
45 Pérolas Considere que seu leitor é um especialista da área - A linguagem fica muito hermética, reduzindo o alcance do trabalho, pois poucos entenderão. - Isso diminuirá a influência do seu estudo para áreas correlatas. - Os especialistas entendem também o texto simples e claro, mas os não especialistas não entendem os textos fechados em palavras muito específicas. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
46 Pérolas Frase na voz passiva é característica do inglês científico. - Tentativa de fazer a ciência ser objetiva. - O cientista não assume o que fez. - Com isso, a frase fica maior e a ideia da frase só é descoberta ao final, quebrando o ritmo. - O efeito vem antes da causa, o que não tem justificativa lógica. - Deve-se ter em conta que, em uma descrição de ação, a causa precede o efeito e não o contrário. As pérolas tratadas neste curso são inspiradas em Volpato, G. (2010). Pérolas da Redação Científica. Cultura Acadêmica: São Paulo. 189 p.
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