A PRÁXIS EDUCATIVA E O PROJETO PIBID: FUNDAMENTOS E MÚLTIPLAS RELAÇÕES

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1 00722 A PRÁXIS EDUCATIVA E O PROJETO PIBID: FUNDAMENTOS E MÚLTIPLAS RELAÇÕES RESUMO RENATA LOPES DA SILVA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA UEPG O texto foi elaborado a partir de resultados parciais da pesquisa Concepções de práxis educativa vinculada a programas de formação docente que está sendo desenvolvida como um subprojeto situado no contexto do Programa PIBID, com base no denvolvimento como professora de uma instituição de Ensino Superior. A investigação justifica-se devido ao fato das constatações do esvaziamento do campo investigado compondo a área da Didática. Objetiva-se compreender o estado da pesquisa e da produção intelectual no que se refere a categoria Práxis. Utiliza-se a metodologia de análise documental, trabalhando com documentos disponíveis no site da CAPES, do MEC, bem como estão sendo desenvolvidas entrevistas semiestruturadas com os envolvidos no Programa de incentivo a iniciação à docência-pibid. Conclui-se que há necessidade de aprofundamentos sobre os fundamentos que envolvem as problemáticas na área da Didática, bem como os programas instituídos como auxiliares na formação docente. Ressalta-se que somente uma prática transformadora com princípios na práxis como uma unidade dialética poderá corroborar para uma nova realidade escolar. Palavras-chave: Didática. Práxis Educativa. PIBID INTRODUÇÃO O presente texto corresponde a um registro de aproximações que estão sendo realizadas por meio da pesquisa em andamento intitulada Concepções de práxis educativa vinculada a programas de formação docente, com o intuito de discutir o papel da práxis no seio do desenvolvimento de programas de incentivo a formação de professores, neste caso, em especial, destacaremos o PIBID. A presente pesquisa ocorre em uma instituição de Ensino Superior, no Paraná, como um sub projeto vinculado ao trabalho realizado pelas professoras supervisoras do Programa acima citado. Nosso interesse em analisar o papel da práxis na formação de professores da Educação Básica fortaleceu-se no momento em que atuando como professora de Didática na Educação Superior, em diferentes Cursos de Licenciatura, foi possível destacar problematizações entorno da temática, assim, a presente análise vincula-se ao Curso de Licenciatura em Pedagogia, no qual identificamos fragilidades nos princípios fundamentais da Práxis, tais como ênfase na concepção técnico-instrumental de ensino, focalizando um distanciamento entre a teoria e a prática, fortalecendo a

2 00723 descontextualização das problemáticas acerca da Didática. Propomos princípios que se pretende abranger com uma escola pública básica de qualidade coerente com uma sociedade moderna e democrática e partimos de discussões legais, vinculadas aos documentos vinculados ao MEC, a CAPES, bem como estão sendo desenvolvidas entrevistas semiestruturas com os envolvidos no programa PIBID. Assim, objetivamos abranger sinteticamente problemas concernentes ao assunto, como princípios que reportam à instituição escolar no que tange as condições objetivas de trabalho aproximando considerações sobre diferenças culturais e direito a cidadania com vistas a dignidade humana. Para tanto, organizamos uma esquematização em que abordamos em um primeiro momento o Programa PIBID, como uma tentativa de discussão teórico-metodológica para a formação inicial do professor, na sequência, como a rediscussão da práxis torna-se uma necessidade conceitual para novos posicionamento didático-metodológicos e por fim como o PIBID pode se constituir um meio de aproximações mais efetivas da práxis na formação inicial de professores. 1 PIBID: O PROGRAMA EM FUNÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência-PIBID que acompanho em uma Instituição de Ensino Superior, no Paraná, tem como foco o aprofundamento do processo de iniciação à docência e sua relação com a formação inicial, tematizando a aprendizagem profissional da docência no contexto do projeto PIBID/Capes A docência no espaço-tempo da alfabetização: processos formativos e reflexivos, desenvolvido no curso de Pedagogia, inserido na proposta do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Paraná, UEPG, tem finalidade formar profissionais para o exercício da docência na Educação Infantil, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e para os processos de gestão na Educação Básica, de acordo com a perspectiva de docência explicitada na Res. CNE/CP nº1/2006 (BRASIL, 2006). Assim, a docência como investigação analítica e crítica do trabalho docente, tem a ciência como um conjunto de conhecimentos para levantar problemáticas, possibilitar estudos teórico-práticos, analisar contradições, a complexidade do ensino e tomar decisões com vistas a uma mudança de conceitos e ações. Efetiva-se em Escolas Municipais de Educação Infantil e Ensino Fundamental, considerando a interdependência das séries e a integração do currículo. São 26 acadêmicos, acompanhados e orientados por 4 supervisores, pedagogos da escola buscando

3 00724 compreender a Escola da Infância como um espaço para desenvolver a linguagem escrita ao lado de outras linguagens (plástica, corporal, musical, lúdica entre outras) (BRANDÃO; ROSA, 2011). Contudo, temos como foco uma pesquisa sobre a problemática práxis buscando analisar como se dá a articulação entre as disciplinas do curso de Pedagogia, considerando a relação entre docência e pesquisa, promovendo o vínculo formativo entre auniversidade e a escola, por meio de um trabalho colaborativo e investigativo. Dessa forma, há uma defesa na concepção de docência apresentada, buscando desenvolver uma mediação da categoria práxis, na vivência e na investigação do trabalho coletivo da escola, compreendendo a linguagem como prática social e forma de interaçãonuma perspectiva de multiletramentos com usos efetivos nas práticas sociais de leitura e escrita presentes na sociedade (FERREIRO, 1993; SOARES, 2003). 2 PRÁXIS: NECESSIDADE CONCEITUAL E POSICIONAMENTO TEÓRICO-PRÁTICO Ao partirmos para uma análise da Educação Escolar em um âmbito mais amplo, destacamos um movimento que necessita ganhar corpo e voz, no que tange a luta que represente os sujeitos envolvidos no processo educativo formal. Uma busca constante por uma educação com vistas à humanização, com a retirada do valor mercadológico que lhe é ideologicamente posta, com o mero objetivo das mínimas ofertas pela empregabilidade. Por intermédio do pensamento do professor Milton Santos, temos o desvelamento desse mundo contraditório e envolto em ideologias. Desfaz-se um mundo enquanto fábula, ideológico, e revela, em toda a sua complexidade, as desigualdades presentes. Entretanto, ainda em meio a uma visão desumanizada do mundo, ao propor possibilismos, que na perspectiva miltoniana poderia ter como exemplo as soluções que são organizadas, uma possibilidade de negação dessa realidade excludente, surge a proposição da possível superação dessa realidade em favor de uma outra realidade, a igualitária. Nessa dimensão, a pesquisa aborda a formação de um professor como um possível intelectual, ciente da sua função social, organizador e articulador na sociedade. Para tanto, a universidade, articulada com a escola, com espaços de democratização do saber e teoricamente, lugar para o desenvolvimento dos níveis mais altos da intelectualidade e de formação necessita ir além do utilitarismo criticando a valorização exacerbada da técnica pela técnica,salientando a grande diferença entre ser educado e ser treinado, pois se você só é treinado, você não está apto a discutir o seu lugar na sociedade, e esse é o debate central (SANTOS, 2001, p. 4). Para abrir espaço

4 00725 nesse sentido, é possível retomar discussões pioneiras, como a de Anísio Teixeira que já nos alertava em sua obra, Educação não é privilégio (1994), com sua crítica e sua reivindicação por melhores condições educacionais a toda a população, [...] uma escola com um espaço concreto de estudo, de atividades de trabalho, de recreação e arte (TEIXEIRA, 1994, p. 63). Assim, pensando a práxis como uma categoria central, buscamos em Vázquez (1990, p. 05), o aporte para superar a mera interpretação do mundo, mas sendo ponto de partida também como uma orientação para a transformação, uma vinculação profunda com a práxis real, um avanço, no sentido dialético. Para tanto, procuramos resgatar tal sentido ao longo da pesquisa, a investigação da concepção da práxis, compreendida como atividade material do homem social, como atividade real, objetiva, material do homem que só é homem socialmente função do aprimoramento pela práxis. 3 ARTICULAÇÃO ENTRE A PRÁXIS E O PIBID: APONTAMENTOS INICIAIS Com já salientamos, há urgência de retomarmos uma práxis educativa que esteja no seio de vivências efetivas de docência na realidade escolar, contribuindo para a formação acadêmico-profissional, contudo, com uma visão crítica em uma abordagem que respeite a totalidade da realidade escolar.ao longo das análises foi possível destacar a participação ativa dos sujeitos envolvidos nas atividades inerentes ao projeto PIBID vinculados ao estudo, a pesquisa e a extensão no cotidiano da escola/sala de aula, porém também contatamos dificuldades de entendimento quanto ao trabalho do futuro professor, ainda com uma visão de estranhamento com a sua presença no cotidiano escolar. Assim, o desenvolvimento de um percurso formativo que envolve as estratégias de observação participante, problematização, inserção e investigação na realidade escolar estão sendo proporcionadas à medida que os bolsistas se constituem como parte integrante da cultura escolar, ao longo do processo de desenvolvimento das intencionalidades do projeto. A articulação com a Rede Municipal de Ensino, possibilitou o apoio ao trabalho pedagógico realizado na escola, especialmente ao processo de alfabetização e letramento, o que apontamos como algo positivo entorno do conceito de função social em que está cercada a academia. A integração da formação inicial e continuada, numa perspectiva de desenvolvimento profissional, a possibilidade de produção escrita, socialização e comunicação do conhecimento elaborado durante o

5 00726 projeto, a consolidação de um grupo de pesquisa sobre docência, formação de professores e desenvolvimento profissional, o desenvolvimento de uma visão analítica e crítica dos futuros professores sobre a realidade escolar, a qual insere-se numa prática social mais ampla, situa-se historicamente a ampliação das possibilidades de formação do professor. CONSIDERAÇÕES FINAIS A Educação, bem como a Educação escolar, a Didática, no seio de suas questões centrais, que aqui priorizamos o destaque da práxis pedagógica, não consegue resultado de mudança, não avança de maneira particular e pontual, são necessárias outras formas intencionais para ocorrer uma mudança significativa, não é pela educação sozinha que se vai a algum lugar. É preciso esta aliada a uma revolução social (SANTOS, 2001, p. 3). Uma mudança que priorize revermos e transformarmos concepções e ações. O foco educativo necessita superar a visão meramente de uma análise que não vislumbre o sujeito e superar programas educacionais que estão cada vez mais distantes dessa perspectiva, com isso torna essencial revisitarmos a discussão sobre a práxis educativa, aquela que transforma a realidade escolar, contribuindo para uma prática voltada para um posicionamento coerente e coeso com uma ação intencional pela coletividade que se destaca como social e política. REFERÊNCIAS BRANDÃO, A. C. P.; ROSA, E. C. de S. Ler e escrever na Educação Infantil: discutindo práticas pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, BRASIL, Resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia, licenciatura. Disponível em < mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf>. FERREIRO, E. Com todas as letras. São Paulo: Cortez, SANTOS, M. Geógrafo ataca o uso político de estatísticas. Entrevista com o professor Milton Santos, concedida a: ROIFFE, A. G. Folha de São Paulo, Caderno Especial, 27 de mar. de SOARES, M. B. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. 26ª Reunião da ANPED: GT Alfabetização, leitura e escrita. Outubro, VÁZQUEZ, A. S.Filosofia da práxis. Trad. Luiz Fernando Cardoso. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.