CONTRATAÇÃO DIRETA: Licitação dispensada, dispensável e inexigível

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS Direito Administrativo II Prof. Fabrício Motta (O presente texto foi elaborado exclusivamente para utilização em sala de aula e contém, além de opiniões próprias e jurisprudência, trechos dos seguintes livros: Contratação direta sem licitação Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, Ed. Fórum; Licitações, estudos e práticas Luciano Ferraz, Ed. Adcoas; e Direito Administrativo Diógenes Gasparini, Ed. Saraiva). CONTRATAÇÃO DIRETA: Licitação dispensada, dispensável e inexigível Licitação dispensada e dispensável A doutrina costuma diferenciar licitação dispensada de dispensável, embora essa diferenciação não apresente grande importância. Nos casos de licitação dispensada, elencados no art. 17 da Lei 8.666/93, embora pudesse supostamente ser realizado o certame, foi ele afastado pelo legislador. Tratam-se de casos de alienação de bens móveis e imóveis. Bens imóveis Atendidas as condições do art. 17 (existência de interesse público justificado, avaliação, autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais), é dispensada a licitação nos seguintes casos: a) dação em pagamento (art.17, I, a) A Administração pretende quitar dívida sem desembolso de pecúnia, desde que a operação seja economicamente mais vantajosa (quando, por meio da venda do imóvel, não se puder alcançar preço mais satisfatório) b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo, com algumas ressalvas (art.17, I, b) Apreciando liminarmente a ADIn 927-3, o STF suspendeu a eficácia da expressão exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo, valendo esta parte da regra somente para a administração federal. Desta forma, as esferas de governo estadual e municipal podem promover doação de imóveis para particulares, respeitadas as demais exigências do caput do artigo anteriormente referidas. c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei a eficácia do dispositivo foi suspensa pela mesma ADIn 927-3

2 d) investidura o conceito de investidura encontra-se no art.17, 3. Para que a licitação seja dispensada, além das regras do caput, devem ser satisfeitos os seguintes requisitos: - no local ou adjacências, ter havido anteriormente uma obra; - após a conclusão da obra, ter restado ou passado a existir uma área determinada; - essa área apresentar duas características: ser inaproveitável isoladamente e o preço decorrente da avaliação ser inferior ao valor do convite estabelecido no art.23, II - os proprietários de imóveis vizinhos a essa área mostram-se dispostos a adquirí-la; - a aquisição respeitar o valor mínimo da avaliação. e) venda a outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de governo a venda deve ser direta, não admitindo-se a intermediação de corretores. Não pode ser efetivada a venda por valor inferior à avaliação prévia; f) alienação, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis construídos e destinados ou efetivamente utilizados no âmbito de programas habitacionais de interesse social, por órgãos ou entidades da administração pública especificamente criados para esse fim o princípio da impessoalidade deverá sempre ser observado. g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; (Incluído pela Lei nº , de 2005) h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e inseridos no âmbito de programas de regularização fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da administração pública; (Incluído pela Lei nº , de 2007) i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos legais; (Incluído pela Lei nº , de 2009) Bens móveis Também atendidas as condições do art. 17, é dispensada a licitação nos seguintes casos: a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de interesse social, após avaliação de sua oportunidade e conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra forma de alienação; b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou entidades da Administração Pública;

3 c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, observada a legislação específica; d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente; e) venda de bens produzidos ou comercializados por órgãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de suas finalidades ex. venda de mudas de plantas por determinado Município, com o propósito de incentivar o plantio e manutenção de árvores; f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização previsível por quem deles dispõe. Um importante aspecto de distinção entre as licitações dispensadas (art.17) e dispensáveis (art.24) reside na necessidade de observar, em princípio somente para estas últimas, as formalidades do artigo 26, parágrafo único, a saber: Art. 26. As dispensas previstas nos 2o e 4o do art. 17 e nos incisos III a XXIV do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. 8o, deverão ser comunicados dentro de três dias a autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial, no prazo de cinco dias, como condição para eficácia dos atos. Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os seguintes elementos: I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a dispensa, quando for o caso; II - razão da escolha do fornecedor ou executante; III - justificativa do preço. IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens serão alocados. Estão, assim, isentos das formalidades as hipóteses constantes dos arts.17, I e II e 24, I e II. Na lição de Diógenes Gasparini [...] distinguir a licitação dispensada da dispensabilidade e inexigibilidade de licitação está a desnecessidade de justificativa para os casos de licitação dispensada, salvo quanto aos 2º e 4º do art. 17, consoante prescrição do art. 26. Na dispensabilidade de licitação, com exceção das hipóteses dos incisos I e II do art. 24, e na inexigibilidade de licitação, o atendimento ao mencionado art. 26 é obrigatório, sob pena de nulidade do ato de liberação e responsabilidade penal (Direito Administrativo, 14 edição, p.513) No caso de licitação dispensável (art.24), o legislador não impôs a dispensa do certame, deixou certa margem de discricionariedade ao administrador para decidir acerca da conveniência e oportunidade da realização da licitação. A discricionariedade reside em promover-se ou não a licitação, nas hipóteses taxativamente estabelecidas pelo art.24 da Lei n 8.666/93.A dispensabilidade da licitação pode ser classificada da seguinte forma: a) pequeno valor da contratação (incisos I e II); b) situações excepcionais ou particulares (incisos III a VII e IX); c) peculiaridades da pessoa contratada ou mediadora (incisos VIII, XIII, XIV e XX); e d) peculiaridades do objeto que se visa obter (incisos X a XII e XV a XIX).

4 Passamos a identificar as hipóteses de dispensa elencadas pelo referido artigo, à exceção das disposições dos dois primeiros incisos, tecendo breves comentários quando forem necessários esclarecimentos: III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem A Guerra é declarada pelo Presidente da República, após autorização do Congresso (art.84, XIX, c/c art.49, II da CF). Quando, contudo, a contratação não sofrer qualquer prejuízo em decorrência da demora nem envolver a segurança nacional, deve realizar-se normalmente a licitação. A dispensa devese, sobretudo, à possibilidade de alterações no mercado, inviabilizando a credibilidade de determinadas empresas e tornando escassos certos bens. No caso de grave perturbação da ordem, não há ato jurídico declaratório, ao contrário do que ocorre quando há guerra. Segundo Hely Lopes, grave perturbação da ordem é a comoção interna generalizada ou circunscrita a uma região, provocada por atos humanos, tais como revolução, motim greve que paralisa ou retarda atividades ou serviços essenciais à comunidade. Eventuais tumultos, dificuldades de tráfego ou fechamento de comércio por curto espaço de tempo não justificam a dispensa. IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos; Enquadram-se nesta hipótese as situações repentinas e imprevisíveis. A emergência reclama solução imediata, de forma que a licitação, com suas formalidades e prazos, inviabilize o atendimento ao interesse público (ex. queda da única ponte que dá acesso à cidade, rompimento da rede de água, danificação da rede de esgoto, etc.). A declaração do estado de emergência ou calamidade dá-se por Decreto do Executivo, que deve apontar as medidas saneadoras e prever a dispensa de licitação tão somente para os contratos diretamente relacionados com o atendimento à situação emergencial ou calamitosa. No caso de emergência fabricada, oriunda da falta de planejamento ou desídia administrativa, deve haver responsabilização dos administradores. O Decreto nº 7.257, de 4 de agosto de 2010, traz as seguintes definições: situação de emergência: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento parcial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido (art.2º, III); estado de calamidade pública: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que impliquem o comprometimento substancial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido (art.2º, IV); Segundo o tradicional entendimento consagrado pelo TCU (Decisão 0347/1994 Plenário), além das formalidades previstas no art. 26 e parágrafo único são

5 requisitos necessários à caracterização dos casos de emergência ou de calamidade pública que: 1. a situação adversa, dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha originado, total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos disponíveis, ou seja, que ela não possa, em alguma medida, ser atribuída à culpa ou dolo do agente público que tinha o dever de agir para prevenir a ocorrência de tal situação; 2. exista urgência concreta e efetiva do atendimento à situação decorrente do estado emergencial ou calamitoso, visando afastar risco de danos a bens ou à saúde ou à vida de pessoas; 3. o risco, além de concreto e efetivamente provável, se mostre iminente e especialmente gravoso; 4. a imediata efetivação, por meio de contratação com terceiro, de determinadas obras, serviços ou compras, segundo as especificações e quantitativos tecnicamente apurados, seja o meio adequado, efetivo e eficiente para afastar o risco iminente detectado. Contudo, a jurisprudência daquela Corte de Contas evoluiu, a partir do Acórdão n.º 46/2002 Plenário, para amparar o entendimento de que também é possível a contratação direta quando a situação de emergência decorre da falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos públicos, devendo-se analisar, para fim de responsabilização, a conduta do agente público que não adotou tempestivamente as providências cabíveis. V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas; A licitação deserta, tratada neste dispositivo, não se confunde com licitação fracassada. Nesta última, apesar de terem comparecido licitantes interessados com suas propostas, nenhuma atendeu ao objetivo da contratação. VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; Possibilidade conferida apenas à União, deve ser interpretada em conjunto com o disposto nos arts.170 a 181 da Constituição. A intervenção do Estado, encarregado da defesa da ordem econômica, objetiva trazer os preços à normalidade, combatendo trustes e cartéis de comerciantes que influam negativamente no mercado. Poderá a União, por exemplo, desfazer-se de estoques para ampliar a oferta no mercado, reduzindo o seu preço; importar produtos nos períodos de entressafra para assegurar o normal abastecimento. VII - quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente superiores aos praticados no mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos serviços; Esta previsão objetiva evitar conluio entre os participantes da licitação em detrimento do Erário. Feita a constatação de que os preços estão superiores aos

6 usualmente praticados no mercado, a Administração dará aos licitantes a oportunidade de equalizar suas propostas (art.48, 3 ). Se alguma das propostas atingir o valor de mercado, segue-se a licitação. VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a Adminstração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado; O permissivo não se aplica às empresas estatais que exercem atividade econômica, por afronta à livre concorrência. IX - quando houver possibilidade de comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa Nacional; A contratação deve relacionar-se diretamente com a possibilidade de afastaremse os riscos à segurança nacional. Aplica-se somente à União, após a edição de Decreto pelo Executivo. O Decreto n 2.295/97 enumera os casos passíveis de contratação direta amparados pelo dispositivo ora comentado (ex. aquisição de material bélico, contratação de serviços técnicos de desenvolvimento tecnológico militar, etc). X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; Exemplo: instalação de posto do SUS em determinada região, instalação de posto do SINE perto de estação rodoviária, etc. XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente corrigido; Caso não seja possível a celebração de contrato entre aqueles que participaram da primeira licitação, não pode ser realizada a contratação direta com fulcro neste dispositivo. XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia; A dispensa somente é permitida durante o período necessário à realização dos procedimentos licitatórios correspondentes, destina-se a compras eventuais. Não dispensam planejamento para licitação e celebração de contrato de fornecimento, em regra (ex. fornecimento de 400 litros de leito por dia para um presídio).as hipóteses elencadas são exemplificativas de gêneros perecíveis. XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;

7 No tocante à contratação de instituição para a realização de concurso público (p.ex. CESPE/UnB, UFG, etc), o TCU entende possível a contratação direta, com dispensa de licitação. Exemplo de entidade criada pela conjugação do esforço de outras, com o objetivo de promover o desenvolvimento institucional: IEL (Instituto Euvaldo Lodi), destinado ao desenvolvimento institucional da indústria. Deve haver uma correlação entre o que pretende a Administração e a atividade do contratado. Existindo diversas instituições em situação semelhante, a Administração deve justificar a escolha de determinada proposta (qual a mais adequada para o atendimento ao interesse público). XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para o Poder Público; Considerando-se que o tratado regularmente ratificado ingressa no ordenamento jurídico brasileiro no mesmo patamar hierárquico ocupado pelas leis ordinárias (como a Lei 8.666), pode-se admitir a hipótese de acordo internacional genérico amparar a contratação direta. XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade. Trata-se, na verdade, de hipótese de inexigibilidade de licitação, em virtude da inviabilidade de competição. Deve ser sempre justificado o interesse público na aquisição do bem. XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários padronizados de uso da administração, e de edições técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de informática a pessoa jurídica de direito público interno, por órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, criados para esse fim específico; As atividades gráficas e de informática podem traduzir serviços essenciais à sociedade em virtude do sigilo ou oportunidade de divulgação, razão pela qual somente as pessoas jurídicas de direito público são beneficiárias deste inciso. A distinção fundamental entre este inciso e o de número VIII, anteriormente comentado, é a liberação em relação à necessidade de se observar a compatibilidade dos preços contratados com os praticados no mercado XVII - para a aquisição de componentes ou peças de origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de equipamentos durante o período de garantia técnica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal condição de exclusividade for indispensável para a vigência da garantia; Havendo na praça mais de um fornecedor da peça genuína, é obrigatória a realização de licitação. XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a normalidade e os propósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do inciso II do art. 23 desta Lei

8 Dado o grande número de requisitos necessários, é de pouca utilidade este dispositivo. Muitos casos resolvem-se por inexigibilidade. XIX - para as compras de material de uso pelas Forças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão instituída por decreto; Estão afastadas dispensas para compras de fardas, calçados, computadores, etc.. XX - na contratação de associação de portadores de deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de mãode-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. XXI - para a aquisição de bens destinados exclusivamente a pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos pela CAPES, FINEP, CNPq ou outras instituições de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico. O órgão contratante deve ter atividade vinculada à pesquisa (ex. Universidade que compra microscópio com recursos do CNPq) XXII - na contratação do fornecimento ou suprimento de energia elétrica com concessionário, permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica. XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e controladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado. XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. O contrato de prestação de serviço deve ter pertinência entre o objetivo da OS e o objeto pretendido pela Administração. Impende destacar que as Organizações Sociais, em suas contratações, não estão sujeitas às disposições da Lei 8.666/93. XXV - na contratação realizada por Instituição Científica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a transferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de uso ou de exploração de criação protegida. (Incluído pela Lei nº , de 2004) XXVI na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de consórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído pela Lei nº , de 2005) XXVII - na contratação da coleta, processamento e comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas pelo poder público como catadores de

9 materiais recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de saúde pública. (Redação dada pela Lei nº , de 2007). XXVIII para o fornecimento de bens e serviços, produzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante parecer de comissão especialmente designada pela autoridade máxima do órgão. (Incluído pela Lei nº , de 2007). XXIX na aquisição de bens e contratação de serviços para atender aos contingentes militares das Forças Singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da Força. ; XXX - na contratação de instituição ou organização, pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído pela Lei nº , de 2.010) XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do disposto nos arts. 3 o, 4 o, 5 o e 20 da Lei n o , de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação dela constantes. (Incluído pela Medida Provisória nº 495, de 2010) De acordo com a Lei /04, que dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo, Instituição Científica e Tecnológica ICT é o órgão ou entidade da administração pública cuja missão institucional seja preponderantemente voltada à execução de atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico, tecnológico ou de inovação. O art.20 da lei autoriza órgãos e entidades da administração pública, em matéria de interesse público, a contratar empresa, consórcio de empresas e entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, de reconhecida capacitação tecnológica no setor, visando à realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento, que envolvam risco tecnológico, para solução de problema técnico específico ou obtenção de produto ou processo inovador. Inexigibilidade de Licitação O artigo 25 da Lei 8.666/93 consagra hipóteses onde é inviável a competição entre ofertantes, seja porque somente um fornecedor ou prestador possui condições de atender ao interesse público, seja porque existe somente um objeto que satisfaz as necessidades da Administração. O caput do artigo 25 estatui que é inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial, passando a elencar, de forma exemplificativa, situações onde não existe possibilidade de competição. Alguns casos, enquadrados na previsão genérica do caput do art.25 ou em algum de seus incisos merecem referência. 1) Contratação de todos Quando a Administração convoca todos os interessados em determinada contratação, dispondo-se a contratar com todos os que satisfaçam determinados requisitos, fixando ela própria o valor que se dispõe a pagar, não haverá

10 possibilidade de licitação, pois todos os eventuais licitantes estão sendo contratados. É a figura jurídica chamada pela doutrina e jurisprudência de credenciamento. (ex. contratação de médicos para prestarem assistência a servidores públicos. Todos os eventuais interessados cadastram-se junto à administração, o servidor escolhe, dentre os cadastrados, qual lhe atenderá. Posteriormente, de acordo com o número de atendimentos, é feito o recebimento junto à Administração). O TCU admite a realização de credenciamento para prestação de serviços advocatícios, emissão de passagens aéreas, realização de cursos. Nos dois primeiros casos, a definição do realizador do serviço/fornecimento é feito por sorteio aleatório entre os credenciados. Também pode ser realizado o credenciamento para o serviço de ligações interurbanas, que já não mais opera sob o regime de monopólio. Nesse último exemplo, caberia à Administração fixar em edital o valor que pretende pagar pelas ligações, cadastrando as operadoras (Embratel, Intelig e Brasil Telecom, em Goiás) interessadas. 2) Atividades em regime de monopólio No caso do serviço de correio, em havendo na localidade franquia particular do serviço, há viabilidade de competição e a licitação deve ser realizada. Como não existe mais monopólio na prestação de serviços de telefonia, não é cabível a inexigibilidade. 3) Manutenção de elevadores e sistemas de telefonia Deve ser verificado se existem profissionais ou empresas com capacidade de fazer manutenção nos equipamentos, independentemente de apenas um ser credenciado pelo fabricante. Quando há necessidade de peças determinadas, somente fabricadas e/ou comercializadas por empresa exclusiva, fica caracterizada a inviabilidade de competição. 4) Cursos de treinamento ou aperfeiçoamento É inexigível a licitação para matrícula de servidor em cursos determinados, congressos, simpósios, etc, porque os eventos são realizados em períodos determinados, alheios à influência da Administração, não havendo viabilidade de competição. De outra maneira, costuma haver viabilidade de licitação na contratação de empresa para ministrar curso determinado aos servidores, planejado pela própria Administração e em seu interesse. 5) A Notória especialização Estatui o inciso II do art.25 ser inexigível a licitação para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação. Em complementação, o 1 do mesmo artigo aduz: considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

11 Para a contratação amparada por esse dispositivo devem ser satisfeitos os seguintes requisitos: a) referentes ao objeto do contrato: - que se trate de serviço técnico; - que o serviço esteja elencado no art.13; - que o serviço apresente determinada singularidade; - que o serviço não seja de publicidade ou divulgação. b) referentes ao contratado: - que o profissional detenha a habilitação pertinente; - que possua especialização na realização do objeto pretendido; - que a especialização seja notória; - que esse notória especialização esteja intimamente relacionada com a singularidade pretendida pela Administração. É necessário ressaltar que a notória especialização não inviabiliza a competição, a menos que ela seja imprescindível à realização de um serviço singular e, mais do que isso, que a notoriedade apresente relação direta e imediata com a singularidade do objeto. Se fosse possível contratar notórios especialistas para serviços corriqueiros, a Administração estaria contribuindo para a existência de uma condenável reserva de mercado.