Desenhos de Estudo do Método Epidemiológico de Pesquisa MEP
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- Sara Felgueiras Brandt
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1 Desenhos de Estudo do Método Epidemiológico de Pesquisa MEP Descritivos MEP (não testam hipóteses) Experimentais Analíticos (testam hipóteses) Observacionais Transversais (seccionais) Coorte (exposição efeito) Longitudinais Caso-Controle (efeito exposição) 1
2 1. Descritivos São estudos onde não se investiga uma relação de causa e efeito, ou seja, o investigador não está interessado em investigar o que causa o que, ou o que influencia em que. Ele quer apenas bater uma fotografia de uma situação. Para isso usa médias, percentuais, proporções e indicadores como prevalência, incidência, taxas etc. Exemplos de estudos epidemiológicos descritivos: Inquéritos; Censos; Levantamentos; Surveys Todos os estudos analíticos são comparativos Isso quer dizer que sempre têm no mínimo dois grupos de indivíduos estudados: o grupo estudo e o grupo de comparação chamado de grupo controle Isso porque não dá para chegar a uma conclusão sobre se alguma coisa causa ou é causada por outra se não compararmos 2 grupos. Por exemplo: Imaginemos que ao examinar pessoas fumantes numa determinada comunidade, um pesquisador encontre que 80% delas são hipertensas. O que isso nos diz a respeito da relação de causa e efeito entre fumo e hipertensão? Analíticos Essa é apenas uma classificação de um grupo de estudo. Não configura 1 tipo de estudo em si. Nessa categoria estão incluídos todos os desenhos que virão a seguir. Todos os desenhos analíticos tentam investigar uma relação de causa e efeito. Então podemos dizer que servem para investigar fatores de risco, causas ou efeitos de algum fenômeno, fatores que influenciam algum resultado etc. São considerados estudos analíticos os desenhos: Experimental; Transversal (ou seccional); Coorte e caso-controle. A resposta é nada. Vamos examinar o porque. Para isso imaginemos que o mesmo pesquisador agora mede a P.A. dos não fumantes da mesma comunidade. Para sua surpresa ele encontra o mesmo percentual de hipertensos! Portanto não é o fumo que está levando à hipertensão nessa comunidade. Se fosse assim o grupo que fuma teria maior índice de HAS. 2
3 Então tiramos duas lições importantes: 1. Não podemos tirar conclusões sobre relações de causa e efeito (que também podemos chamar de exposição e efeito ou fator de risco e doença etc.) contando apenas com 1 grupo de indivíduos. 2. Se alguém diz que um determinado trabalho é analítico, esse tem que possuir grupo controle. Se ele não aparecer existem 2 possibilidades: ou o estudo não é analítico ou o grupo controle existe mas não está visível ao leitor. Ela pode ser uma nova droga a ser testada, uma nova conduta, uma técnica diferente de cirurgia etc. Como é o investigador quem diz para quais indivíduos vai dar a intervenção e quais vão continuar recebendo a antiga (ou nenhuma), ele tem a possibilidade de tornar os dois grupos estudados muito semelhantes, utilizando uma escolha do tipo aleatória ou randomizada (sorteio, por ex.). Isso dá ao estudo uma confiabilidade muito grande pois os resultados não vão se dever a diferenças entre os grupos tais como a maior presença de velhos ou mulheres ou gordos em um grupo do que no outro. Por isso são considerados o padrão ouro dos estudos do MEP. 2. Experimentais São estudos onde o investigador se faz a seguinte pergunta: determinada intervenção funciona? Tem efeito? É melhor do que outra intervenção? Portanto podemos defini-los como um teste. Uma comparação entre fazer alguma coisa e não fazer nada ou entre fazer alguma coisa e fazer outra diferente para ver qual a melhor. A presença dessa intervenção, portanto, caracteriza o estudo experimental. É o investigador quem dá essa intervenção. Observacionais Essa também é apenas uma categoria de estudo. Não configura 1 tipo de estudo em si. Nessa categoria estão incluídos todos os desenhos que virão a seguir. Os desenhos observacionais são diferentes dos experimentais porque o investigador não intervém no grupo estudado. Ele monta os grupos estudo e controle como características já existentes nesses indivíduos. Por exemplo: quem fuma (grupo 3 estudo) e quem não fuma (grupo controle).
4 Por exemplo: quem fuma (grupo estudo) e quem não fuma (grupo controle). Fazem parte dessa categoria ou classificação os desenhos Transversal; Coorte e Caso-Controle. Como nesse caso as pessoas do estudo já tem determinadas características (certos hábitos ruins como tabagismo, etilismo, alta ingestão de sal, por ex.) o investigador pode estudar coisas que podem levar a agravos da saúde (fatores de risco). Isso não podia ser feito no experimental pois não se pode mandar (como intervenção) alguém fumar ou beber ou ingerir alguma coisa que pode ser lesiva à saúde, pois seria antiético. 3.Transversais ou Seccionais Isso tudo significa que ao coletar dados para uma trabalho seccional não temos a informação sobre o momento em que ocorreram efeito e causa. Podemos esperar que a causa exista sempre antes do efeito mas no trabalho transversal não podemos ter certeza. Isso impõe um limite sério a esse desenho de estudo: ele só pode ser feito quando sabemos que a causa vem antes do efeito sempre, ou seja, quando a própria natureza dos fatos nos garante isso. Por exemplo: ao investigarmos se gravidez na adolescência leva a um maior risco de ter um bebê prematuro, não precisamos da informação se foi a gravidez ou o bebê que ocorreu primeiro pois gravidez sempre vem antes de nascimento. São estudos analíticos assim chamados porque investigam causa e efeito ao mesmo tempo. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que a informação sobre a causa e o efeito são coletadas no mesmo momento, de cada indivíduo estudado. Isso não quer dizer que o estudo tenha que ser feito numa única unidade de tempo (1 mês ou 1 dia). Pode-se fazer um estudo transversal cuja coleta de dados dure um ano ou dois. Mas se a investigação for para saber se ventilação mecânica é fator de risco para sepse na UTI, veremos que o paciente pode ter usado a VM e essa ter levado à sepse. Mas ele também pode ter tido sepse primeiro e por isso precisou usar a VM. Como coletamos os dois dados ao mesmo tempo, não podemos saber o que veio antes. Portanto não podemos chegar a uma conclusão sobre causa e efeito e isso inviabiliza esse desenho de estudo. 4
5 Longitudinais De novo, essa é apenas uma categoria de estudo. Não configura 1 tipo de estudo em si. Ela compreende dois tipos de desenho: o de Coorte e o de Caso-Controle. Eles são chamados de longitudinais pois a relação entre causa e efeito é verificada ao longo do tempo, ou seja, cada indivíduo é acompanhado no tempo, seja no sentido futuro ou passado. Isso é bem diferente dos seccionais onde pesquisávamos o indivíduo em apenas um momento. 4. Estudos de Coorte Nesse tipo de desenho cada indivíduo estudado é acompanhado ao longo de um tempo a partir de sua inclusão na pesquisa. Esses indivíduos são escolhidos baseandonos no fato de terem (grupo estudo) ou não terem (grupo controle) a suposta causa (fator de risco ou exposição). Dessa forma podemos ver o efeito acontecer durante o período de acompanhamento nos dois grupos estudados e comparar onde ele ocorre com maior freqüência. Por exemplo: acompanhamos um grupo de pessoas fumantes (estudo) e um de não fumantes (controle) por um ano. Queremos saber se o fumo irá gerar hipertensão arterial em pessoas que antes eram saudáveis. Se após um ano o percentual de pessoas que ficaram hipertensas for maior no grupo que fuma, poderemos dizer que, nesse caso, o fumo mostrou-se como um fator de risco para hipertensão. 4. Estudos de Caso-Controle Nesse tipo de desenho cada indivíduo estudado também é acompanhado ao longo do tempo. Porém nele não buscamos olhar o futuro, e sim o passado. Isso porque esses indivíduos são escolhidos baseando-nos no fato de terem (grupo estudo) ou não terem (grupo controle) o efeito (doença, eventoresposta) já acontecido. Por exemplo: Escolhemos numa instituição de referência, pacientes com câncer de mama (g.estudo) e pegamos como controle pacientes sem essa doença( g. controle). Se no passado das pessoas com câncer houver um percentual maior de uma determinada causa (p.ex. trauma na mama), então esse fato mostra-se como um fator de risco. 5
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