INFORMAÇÃO SOBRE AS NOVAS REGRAS PARA A ATRIBUIÇÃO DO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO
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- Rachel Sousa Castelo
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1 INFORMAÇÃO SOBRE AS NOVAS REGRAS PARA A ATRIBUIÇÃO DO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO O Governo publicou, a 15 de Março, dois diplomas em matéria de protecção no desemprego: Decreto-Lei nº 64/2012, de 15 de Março - sobre a alteração do regime de protecção no desemprego para os TCO- Trabalhadores por conta outrem. Decreto-Lei nº 65/2012, de 15 de Março que visa estender a protecção no desemprego a trabalhadores independentes que prestam serviço a uma entidade contratante da qual dependem economicamente (da qual aufiram 80% ou mais do valor dos seus rendimentos como independentes). I. ENQUADRAMENTO DA REVISÃO DA PROTECÇÃO NO DESEMPREGO A UGT sempre discordou do quadro geral de revisão do sistema de desemprego para os trabalhadores por contem de outrem conforme previsto no Memorando de Entendimento da Troika, especialmente: a redução máxima de atribuição do subsídio de desemprego para não mais de 18 meses; a limitação do subsídio a 2.5 IAS; a redução de pelo menos 10% do valor do subsídio ao fim de 6 meses. Estas são medidas que, visando sobretudo reduzir a protecção no desemprego e tendo subjacente uma lógica meramente financeira, não poderão merecer o apoio da UGT, particularmente num momento de crise e em que a taxa de desemprego, que já se encontra alta, tem ainda tendência para aumentar. A UGT sempre referiu que o problema actual em matéria de desemprego, não é o da baixa empregabilidade, mas sim o da falta de empregos. 1
2 O Governo procedeu à implementação dos compromissos com a Troika, introduzindo algumas questões que nos parecem positivas, nomeadamente a diferenciação da duração do subsídio em função das carreiras contributivas mais longos, a redução do prazo de garantia para atribuição do subsídio de desemprego e a majoração de 10% da prestação em situações de maior vulnerabilidade social, questões estas que, em certa medida, vão ao encontro de preocupações da UGT. Por outro lado, a criação de um regime de protecção no desemprego dos trabalhadores independentes, já previsto no Acordo Tripartido sobre Competitividade e Emprego de 22 de Março de 2011 e também no Memorando de Entendimento com a Troika, é um elemento positivo. Este regime apenas abrangerá os trabalhadores independentes que obtenham de uma única entidade contratante 80% ou mais dos seus rendimentos independentes anuais, ou seja os trabalhadores independentes mas economicamente dependentes. Nestas situações, a empresa será responsável pelo pagamento de uma taxa contributiva correspondente a 5% do valor da prestação de serviços paga ao trabalhador. Nos termos do DL 65/2012, é condição de atribuição do subsídio ao trabalhador independente o cumprimento, por parte da entidade contratante, da obrigação de pagamento dos referidos 5% para a Segurança Social, em pelo menos 2 anos civis. A UGT não pode deixar de manifestar a sua discordância relativamente a esta condição de atribuição, na medida em que consideramos totalmente inaceitável que se penalize o trabalhador independente por um comportamento faltoso da entidade contratante, comportamento este ao qual o trabalhador é totalmente alheio. Recorde-se, por último, que este pagamento de 5% a efectuar pela empresa, encontra-se associado à protecção no desemprego, mas constitui também uma informação essencial para uma actuação da ACT no sentido de identificar potenciais situações de falso trabalho independente. Para a UGT, a transparência e clareza nas regras de atribuição do subsídio de desemprego bem como na definição do carácter involuntário do desemprego são elementos essenciais para atenuar e anular situações de abuso ou fraude na atribuição do subsídio II. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS 2
3 O conhecimento das novas regras de acesso e atribuição do subsídio de desemprego é não só essencial para os trabalhadores, como o é igualmente para os Sindicatos, dirigentes e delegados sindicais. Apresentam-se seguidamente as principais alterações que decorrem destes dois diplomas: 1. ALTERAÇÃO AO REGIME DE PROTECÇÃO NO DESEMPREGO PARA OS TCO - DECRETO-LEI Nº 64/2012, DE 15 DE MARÇO A. Duração do subsídio SITUAÇÃO ANTERIOR (DL 220/ 2006) Idade do Nº de meses de registo Período de Concessão Beneficiário de Remunerações Nº DIAS Acréscimos Inferior a 30 anos Igual ou inferior a Superior a dias por cada 5 anos registo remunerações Igual ou superior a 30 anos e inferior a 40 anos Igual ou superior a 40 anos e inferior a 45 anos Igual ou superior a 45 anos Igual ou inferior a Superior a dias por cada 5 anos registo Igual ou inferior a Superior a dias por cada 5 anos registo Igual ou inferior a Superior a dias por cada 5 anos registo Idade do Beneficiário Inferior a 30 anos Igual ou superior a 30 anos e inferior a 40 anos Igual ou superior a 40 anos e inferior a 50 anos Igual ou superior a 50 anos SITUAÇÃO ACTUAL DECRETO LEI Nº 64/2015 Nº de meses de registo de Período de Concessão Remunerações Nº DIAS Acréscimos Inferior a 15 meses 150 Igual ou superior 15 meses 210 Igual ou superior 24 meses dias por cada 5 anos registo remunerações Inferior a 15 meses 180 Igual ou superior 15 meses 330 Igual ou superior 24 meses dias por cada 5 anos registo Inferior a 15 meses 210 Igual ou superior 15 meses 360 Igual ou superior 24 meses dias por cada 5 anos registo Inferior a 15 meses 270 Igual ou superior 15 meses 480 3
4 Igual ou superior 24 meses dias por cada 5 anos registo Os beneficiários que caiam em situação de desemprego após a entrada em vigor das novas regras mas que, de acordo com o regime antigo, tivessem direito a períodos mais alargados de concessão, manterão o direito aos períodos mais longos, na primeira situação de desemprego ocorrida após a entrada em vigor do novo enquadramento legal. B. OUTRAS MATÉRIAS Prazo de Garantia Cálculo e montante do subsídio de desemprego Regime anterior DL 220/2006 Regime Novo DL 64/ dias de contribuições num período de 24 meses 15 meses Montante diário: 65% da remuneração de referência, calculado na base de 30 dias. Montante não pode ser superior a 75% valor da líquido da remuneração de referência que serviu de cálculo nem, em qualquer caso, ser superior à remuneração líquida. 360 dias de contribuições num período de 24 meses 12 meses Esta medida só entra em vigor a partir de 1 de Julho de Cálculo mantém-se. Limite superior 3 IAS (1257,66 ) 2,5 IAS (1048 ) Duração Subsidio social subsequente Metade da duração do subsídio de desemprego. Redução de 10% desse valor após 180 dias de desemprego Nota: os beneficiários actualmente aufiram o tecto máximo de 3 IAS não serão abrangidos pela nova regra. - Idade inferior a 40 anos metade da duração do subsídio de desemprego; - Idade igual ou superior a 40 anos duração igual à do subsídio de desemprego. Nota: Na primeira situação de desemprego ocorrida após a entrada em vigor da lei nova, aos beneficiários que pela aplicação do regime da salvaguarda de direitos seja de aplicar o período de concessão do subsídio de desemprego mais longo (o previsto no DL 220/2006), não se aplicará a regra que prevê que para os beneficiários com mais de 40 anos, o período de concessão do subsídio social de desemprego subsequente é igual ao período de concessão do subsídio de desemprego inicialmente atribuído. 4
5 Registo de equivalência de Remunerações No subsídio de desemprego, o valor era idêntico à remuneração de referência para o cálculo do subsídio Introduzido um limite máximo de 8 IAS para efeitos de registo de equivalência Majoração do subsídio Regime transitório que só vigora até 31 de Dezembro de Conceito de desemprego involuntário Apresentação quinzenal O dever de apresentação quinzenal inicia-se com a data de concessão do subsídio de desemprego. Majoração do subsídio em 10%: - casais em que os dois estão desempregados e com filhos ou equiparados a cargo; - famílias monoparentais. Esta majoração aplica-se também a quem já se encontra a receber subsídio de desemprego, quem o tenha requerido ou que o venha a fazer após a entrada em vigor deste novo DL. Passam a estar integradas as situações em que, no processo de despedimento, não foram cumpridas as formalidades previstas no Código do Trabalho, desde que o trabalhador prove que interpôs acção judicial contra o empregador. O dever de apresentação quinzenal passa a ter início a partir da data de apresentação do requerimento das prestações. Esta obrigatoriedade aplica-se às relações já existentes antes da entrada em vigor deste diploma. Outras matérias foram objecto de alteração nomeadamente no que concerne à certificação de situação de incapacidade de doença, a anulação de inscrição no Centro de Emprego, competências dos Centros de Emprego, acumulação do subsídio com rendimentos do trabalho, meios de prova do subsídio social de desemprego e formas de cálculo do subsídio social de desemprego, com implicações para o desempregado. Este diploma produz efeitos a partir de 1 de Abril, com excepção da redução o prazo de garantia para acesso ao subsídio de desemprego (que entra a 1 de Julho 2012). 2. CRIAÇÃO DE UM REGIME DE PROTECÇÃO NO DESEMPREGO PARA OS TRABALHADORES INDEPENDENTES (ECONOMICAMENTE DEPENDENTES) - DECRETO-LEI Nº 65/2012, DE 15 DE MARÇO 5
6 Como já foi referido, a protecção no desemprego para os trabalhadores independentes estava já prevista no Acordo tripartido para a Competitividade e Emprego, de 22 de Março de Este regime, pela sua natureza, tem algumas particularidades face ao regime de protecção no desemprego dos trabalhadores por conta de outrem, sendo de destacar: Âmbito: os trabalhadores independentes economicamente dependentes, ou seja, os que obtenham de uma única entidade contratante, 80% ou mais do valor total do seu rendimento anual independente. Prazo de Garantia: o trabalhador terá direito a subsídio de desemprego se tiver contribuições de 720 dias (2 anos) num período de 48 meses (4 anos). Este período mais alargado para formação de prazo de garantia é associado à necessidade de um maior rigor na atribuição da prestação, nomeadamente em termos de involuntariedade no desemprego. Concessão de subsídio parcial será possível a atribuição de subsídio parcial se, após cessar o contrato com a entidade contratante principal, mantenha uma actividade profissional correspondente aos restantes 20% ou menos do valor total anual dos seus rendimentos de trabalho. Montante do subsídio: este montante diário será calculado pela fórmula (E x 0,65)/30 X P, em que E - escalão de base de incidência contributiva e P a percentagem correspondente à dependência económico do beneficiário relativamente à entidade subcontratante. Flexibilização da idade de pensão por velhice: Não se aplica a estes trabalhadores o mecanismo de flexibilização de idade de reforma para desempregados mais idosos. Este regime entra em vigor a 1 de Julho de 2012, mas apenas produzirá efeitos práticos a partir de 1 de Julho de 2013 (conjugando o prazo de garantia de dois anos e a obrigação da entidade contratante descontar 5%, obrigação que só se iniciou com os rendimentos de 2011)
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