Solução de Arquitetura para Testes Automatizados a Distância de IEDs Utilizando Equipamento de Teste
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- Nicholas Guterres de Almeida
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1 Solução de Arquitetura para Testes Automatizados a Distância de IEDs Utilizando Equipamento de Teste M. E. C. PAULINO Adimarco Rio de Janeiro - Brasil U. A. CARMO CHESF Recife - Brasil Eng. Marcelo Paulino, Adimarco marcelo@adimarco.com.br Eng. Ubiratan Carmo, CHESF uacarmo@chesf.gov.br
2 RESUMO Em uma instalação convencional, a troca de dados entre os dispositivos de subestação nos níveis de vão e de processo é realizada por conexões com fiação metálica, tanto para os sinais analógicos quanto para os sinais binários e comando dos equipamentos de manobra e alarmes (entradas e saídas digitais). Além da maior quantidade de material utilizado, o número de entradas e saídas estava limitado aos terminais de hardware disponíveis. Com a norma IEC e a utilização da rede Ethernet, os sinais analógicos e digitais via fiação metálica são substituídos por dados que trafegam na rede. Os requisitos para o teste e validação de IEDs e redes de IEDs integrados baseados na norma IEC possuem diferentes abordagens e ferramentas de teste apropriadas. A execução dos testes requer a utilização de ferramentas de teste apropriadas. Estas ferramentas de teste devem estar preparadas para avaliar os componentes individuais do sistema, bem como o desempenho da operação conjunta das diferentes funções habilitadas no sistema testado. O protocolo existente na norma IEC está apresentando novas formas de realizar ensaios nos IEDs de uma subestação através de linguagem de configuração de subestação. Enquanto esta realidade ainda não esta totalmente implantada, uma solução alternativa de arquitetura de teste remoto para aplicação nos sistemas baseados na IEC61850 é discutida neste artigo. A principal vantagem na realização de ensaios remotos de IEDs e sistemas é o fato de o especialista estar distante do local do ensaio eliminando o tempo de espera do deslocamento até o local do problema, melhorando a desempenho de atendimento. O trabalho apresenta a arquitetura de teste remoto utilizando um equipamento de teste Omicron para realizar ensaios à distância entre o ponto em que se encontra o especialista e o ponto do problema. No cenário de teste foi escolhida a cidade do Camaçari-BA como ponto de observação do especialista e a cidade do Recife-PE como ponto de teste e localização do IED. O artigo apresenta o resultado dos testes e analisa a influência do tempo no resultado dos testes. PALAVRAS CHAVE Ensaio remoto, sincronização, IEC61850, teste funcional. 2
3 O Estabelecimento da Norma IEC A padronização dos protocolos de comunicação em Sistemas digitais de Automação de Subestações SAS resultou na norma IEC quanto IEC e EPRI, junto com fabricantes de sistemas e proprietários de instalações, concordaram em ter uma única normalização. Essa normalização foi baseada em modelo de aplicação comum de funcionalidades de um sistema de automação, definindo o padrão de interface. Ela adotou os princípios estabelecidos pelo UCA 2.0, tais como objeto orientado, TCP/IP e o perfil Ethernet. A norma IEC define caminhos para o intercambio de dados entre IEDs que pode ser usado de diferentes formas no controle distribuído e aplicações de proteção. Esses caminhos introduzem um novo conceito que requer uma abordagem e tecnologia diferente para serem aplicados aos componentes individuais do SAS. A norma está dividida em 14 partes, reunidas em 10 capítulos, onde deixa de lado o uso do relé multifuncional como um elemento único e utiliza o conceito funcional para modelar o sistema e sua comunicação. Com o novo modelo de dados e a utilização da comunicação via rede, a IEC realiza a separação das aplicações em três níveis hierárquicos: Nível estação: definido pela parte 8-1 da norma, com o mapeamento das camadas de comunicação (TCP/IP), mensagens GOOSE/GSSE (link) e sincronização de tempo (SNTP). Nível vão: definido pelo modelo de dados e aplicação das funções do sistema (capítulo 7) Nível processo: definido pelo capítulo 9 da norma, com os valores analógicos de tensão e corrente amostrados trafegando pela rede (9-2) e mensagens GOOSE/GSSE (9-1), também com a realização de sincronização de tempo (SNTP). Vale ressaltar que esta separação ocorre somente para os níveis hierárquicos. Na instalação tem-se apenas um link físico onde trafegarão as informações dos barramentos de estação, vão e processo para uma implementação completa da IEC 61850, conforme mostra a figura 1. Fig. 1: Barramento de rede único na Subestação. As mensagens que trafegam pela rede são classificadas como mensagens de comunicação vertical, isto é, aquelas realizadas entre diferentes níveis hierárquicos, ou mensagens de comunicação horizontais, que ocorrem dentro do mesmo nível. A arquitetura lógica implementada pela IEC61850 impõe um fluxo de dados com mensagens transferidas no modo cliente-servidor, diferente do modo mestre-escravo utilizado em outros protocolos. Pode-se haver múltiplos clientes. Neste caso o cliente é quem controla a troca de dados, podendo ser qualquer IED associado à lógica de proteção e controle em funcionamento. As figuras 2 e 3 mostram os modos de transmissão de dados mestre-escravo e cliente-servidor, respectivamente. Esta arquitetura lógica é implementada através da definição dos serviços, ou seja, a forma de como transferir esses dados pela rede. Isto é possível com a abordagem 3
4 de comunicação orientada ao objeto que define como é realizado o endereçamento de dados. Tanto os serviços quanto os objetos são definidos pelos capítulos 7, 8 e 9 da norma. Fig. 2: Modo de comunicação mestreescravo Fig. 3: Modo de comunicação clienteservidor 1.1. A Linguagem de Configuração de Subestação SCL A configuração da linguagem SCL é definida na parte 6 da norma IEC Esta habilita a configuração da subestação e possibilita a especificação da relação da comunicação entre as unidades que compõe o SAS. Possibilita, com a ajuda de testes e ajustes adequados, que novos ajustes possam ser implementados imediatamente no projeto. A relação entre o equipamento secundário e o diagrama unifilar é também descrito pela SCL. Um dos principais objetivos do formato da SCL é a uniformização da nomenclatura utilizada através de um modelo único de descrição de dados, criando um vocabulário comum. Essa modelagem é essencial para integração de aplicações, pois diferenças de modelo implica no uso de dispositivos para tradução e, inevitavelmente, falha de comunicação em um primeiro momento. Deve-se observar que a troca de informações, numa forma compatível, entre ferramentas de diferentes fabricantes é possível devido a elaboração de arquivos comuns a todos esses fabricantes. Assim, o processo de especificação oferece um enorme potencial para racionalização das diferentes praticas existentes na implementação dos projetos utilizando os arquivos: SSD: System Specification Description: Descrição XML dos dados do Sistema. O arquivo SSD possui a descrição dos dados de todo sistema, contém o diagrama unifilar com as funções alocadas, e é o ponto de partida para gerar a SCD. SCD: Substation Configuration Description: Descrição XML de uma subestação. A descrição da configuração da subestação (arquivo SCD), gerado pela ferramenta de configuração do sistema, contem os ICDs da subestação e descreve a configuração completa da subestação incluindo a rede de comunicação e informações sobre o fluxo de dados de comunicação. ICD: IED Capability Description: Descrição XML dos itens aplicados em um IED. A Descrição da Capacidade do IED (arquivo ICD) descreve as capacidades e préconfigurações dos IEDs, gerados pela ferramenta de configuração de descrição dos IEDs. Neles estão descritas todas as funções que poderão ser utilizadas no sistema. CID: Configured IED Description: Descrição XML da configuração de um IED especifico. A Descrição da Configuração do IED (arquivo CID) pode ser usada para configurar um IED. Neste arquivo estão descritas as funções parametrizadas ou habilitadas pelo usuário no IED. Todos os arquivos são formatados em XML - Extensible Markup Language versão 1.0, definidos pela IEC Isto permite que a descrição da configuração de um IED seja 4
5 passada a uma ferramenta de engenharia de aplicação e comunicação, no nível de sistema, e retorna com a descrição da configuração do sistema completo para a ferramenta de configuração do IED As Funções e a Conformidade da Comunicação As funções não são padronizadas pela norma IEC Elas continuam sendo especificadas e determinadas pelos fabricantes dos IEDs ou em conjunto com os usuários. Assim, as funções devem ser especificadas como já é feito. A especificação de uma função se refere às características necessárias da proteção do sistema elétrico, como tempos de operação, seqüências e lógicas de operação, interface com usuário, etc. Devem ser especificados também os dados necessários para executar uma determinada função particular. Por exemplo, se para uma função qualquer especificada for necessário o sinal de estado do disjuntor para compor a lógica da proteção, será necessário um mapeamento detalhado do estado de posição de todos os disjuntores componentes da instalação a ser protegida. É importante ressaltar que a conformidade com a norma IEC não implica em conformidade com as necessidades funcionais do usuário. A norma IEC 61850, em sua Parte 10, estabelece os requisitos para os testes de conformidade a serem realizados em um IED ou em um SAS. O objetivo destes testes é verificar se o dispositivo sob teste obedece aos requisitos de comunicação definidos pela norma IEC Entretanto, a comprovação das necessidades funcionais requeridas pelo usuário do IED é garantida com os testes funcionais. O modelo de dados e os serviços de comunicação requeridos pelo usuário são independentes do comportamento das funções, por isso um IED pode estar conforme com a norma IEC e também pode não atender a uma determinada aplicação funcional requisitada pelo usuário. A norma IEC61850 estabelece o modelo de dados de comunicação. A função de proteção fica a cargo do fabricante do IED Sistemas e Nós Lógicos (Logical Nodes) Se as funções são predeterminadas, o modelo de dados da IEC61850 especifica automaticamente todos os dados obrigatórios para a descrição dessas funções. Esses dados obrigatórios compõem uma lista mínima de sinais que pode ser controlado com a ajuda de Logical Nodes, LN. Em resumo, um nó lógico é a menor parte capaz de trocar informações, ou seja, trata-se do elemento funcional simples que compõe todo sistema de automação, proteção e controle. A descrição dessas funções e a nomenclatura dos nós lógicos podem ser obtidas através da leitura do texto da norma em usa parte IEC ou com o apoio do fornecedor ou integrador de sistemas. A norma IEC define o sistema como: O sistema lógico é a união de todas as aplicações-funções de comunicação executando alguma tarefa completa como gerenciamento da subestação, empregando nós lógicos. O sistema físico é composto por todos os dispositivos que hospedam estas funções e a rede de interconexão física de comunicação. O limite do sistema é dado pelas interfaces lógicas ou físicas. Dentro do escopo da norma IEC 61850, sistema sempre se refere ao Sistema de Automação de Subestação (SAS), a menos que anotado de outra maneira. Isto não está muito longe da definição abstrata de um sistema como um grupo de elementos de interação, inter-relacionados ou independentes, formando um todo complexo. Cada componente do sistema interage ou se relaciona com pelo menos outro componente/elemento. Qualquer objeto que não tenha relação com outro elemento qualquer do sistema não é obviamente um componente deste sistema. Dependendo da complexidade do sistema, seus componentes podem ser elementos funcionais simples, subsistemas ou 5
6 uma combinação dos dois. Um subsistema é definido como um conjunto de elementos, que é um sistema próprio, e também uma parte de todo o sistema. No domínio da proteção e automação de uma subestação, nós podemos considerar diferentes funções executadas pelo sistema com subsistema. A figura 4 mostra uma representação de um sistema composto de funções F, subfunções SF e elementos funcionais FE. Fig. 4 Representação de um sistema Através desta hierarquia funcional são estabelecidos os nós lógicos como funções básicas do SAS, como, por exemplo, uma função de proteção. A função de um fabricante específico não é modificada. Em outras palavras, a função de proteção é projetada e implementada pelo fabricante do IED. A norma padroniza os dados de configuração, entrada e saída dessa função. A informação é trocada entre os dispositivos que compõe o sistema através das Conexões Lógicas (LC do inglês Logical Connections). Mais precisamente, os dados são trocados entre funções e sub-funções residentes nos dispositivos físicos. A menor parte da função que troca informações é chamada de nó lógico. A figura 5 mostra graficamente a separação da função básica com os elementos de comunicação baseados na norma IEC Fig. 5 O conceito de Logical Node e Logical Connection links de comunicação entre os elementos funcionais Os nós lógicos LN estão alocados nas funções F e nos dispositivos físicos (Physical Devices PD), mostrados em azul. Os LN estão conectados através das conexões lógicas LC. Os dispositivos físicos PD estão conectados por conexões físicas (Physical Conections PC). Qualquer nós lógicos LN é parte de um dispositivo físico PD e quaisquer conexões lógicas LC é parte de uma conexão físicas PC. Cada dispositivo físico PD possui um nó lógico LN dedicado denominado LN0. Esses nós lógicos são agrupamentos de dados e aplicações relacionados dentro de uma função lógica do sistema de automação. Os modelos de dados completos, incluindo as regras de extensão e nomes, estão na parte IEC e na parte IEC
7 Em resumo, a norma IEC61850 faz a decomposição funcional usada para entender a lógica da relação entre componentes de funções distribuídas sendo que esta é apresentada como Nós Lógicos que descreve funções, subfunções e interface funcional. Para a comunicação é estabelecido o fluxo de dados para entendimento da interface que suporta a troca de informação entre componentes de funções distribuídas e traz os requisitos de desempenho Mensagens GSE O modelo com um Generic Substation Event (GSE), ou seja, um Evento Genérico na Subestação, prevê a possibilidade de uma rápida e confiável distribuição de valores para todo o sistema de entrada e envio de dados. O modelo GSE é baseado no conceito de uma descentralização autônoma, proporcionando um método eficiente que permite a entrega simultânea das mesmas informações genéricas da subestação para mais de um dispositivo físico através da utilização de serviços multicast / broadcast. O modelo com um GSE aplica-se à troca de valores de uma coleção de atributos, os chamados DataAttribute. Duas classes de controle e a estrutura de duas mensagens são definidos na norma IEC 61850: Generic Object Oriented Substation Event (GOOSE), ou seja, um Objeto Genérico Orientado pelo Evento de Subestação responsável pela troca de uma ampla gama possível de dados comuns organizados por um Data-Set. Generic Substation State Event (GSSE), ou seja, Estado de Evento Genérico Subestação, que fornece a capacidade de transmitir registros de estados binários e alteração desses estados Mensagens GOOSE As mensagens de GOOSE contêm informação que permite o dispositivo receptor obter a informação da mudança de um estado e o instante em que ele foi modificado. O instante da última mudança de estado permite que este dispositivo receptor fixe os cronômetros locais em um determinado evento. Por sua vez, este dispositivo ou IED recentemente ativado pelo recebimento do GOOSE irá iniciar sua participação na aplicação ou lógica corrente no sistema. O dispositivo enviará dados atuais (estado) ou valores como a mensagem de GOOSE inicial. Todos os dispositivos que enviam mensagens de GOOSE continuarão enviando a mensagem com um tempo de ciclo longo, até mesmo se nenhuma mudança de estado ou valor aconteceu. Validação de Dispositivos e Sistemas Baseados na IEC Testes de dispositivos e sistemas de automação de subestação baseados na IEC requerem um bom entendimento da norma e das características funcionais do sistema testado. Os testes devem ser realizados o mais próximo possível das condições reais de operação para qual o dispositivo ou sistema sob teste foi projetado. O teste de conformidade realiza a verificação dos canais de comunicação do IED de acordo com IEC O resultado do teste de conformidade é uma declaração da capacidade do IED em realizar a comunicação definida pela norma, assegurando que a IEC com todos seus modelos e serviços sejam executados corretamente. Os IEDs submetidos a testes de interoperabilidade e testes funcionais são considerados conformes. Entretanto, como já descrito, isto não garante o desempenho das funções habilitadas no sistema nem a interoperabilidade dos IEDs componentes desse sistema. É preciso testar os elementos de forma individual e depois em conjunto para garantir a correta operação. O objetivo do teste de um elemento funcional é determinar se o elemento testado tem o comportamento esperado sob diferentes condições de testes reais, enquanto os testes de 7
8 sistema olham o desempenho completo do sistema sob um ponto de vista de um observador externo. Os elementos funcionais no teste do sistema são considerados unidades, ou seja, os menores componentes do sistema que tem interface visível e comportamento definido. O teste funcional deve ser realizado com equipamento de teste capaz de simular sinais analógicos de correntes e tensões e sinais amostrados na rede (SMV). Devem também simular e subscrever sinais binários convencionais e mensagens GOOSE/GSSE via rede Ethernet de vários IEDs simultaneamente, independentes do fabricante. Um diagrama de bloco simplificado deste sistema do teste é mostrado na figura 6 Fig. 6 - Um diagrama de bloco simplificado deste sistema do teste Testes Realizados e Resultados O objetivo do trabalho é apresentar um cenário de teste onde possibilite a realização de ensaios remotos de IEDs e Sistemas baseados na norma IEC61850 e analisar o resultado dos testes. A principal vantagem na realização de ensaios remotos é o fato de o especialista estar distante do local do ensaio eliminando o tempo de espera do deslocamento até o local do problema, melhorando a desempenho de atendimento. Foi utilizado um equipamento de teste OMICRON CMC356 capaz de injetar simultaneamente 10 sinais analógicos, sendo 4 tensões de 0 a 300 V e 6 correntes de 0 a 32 A em cada canal a escolha do usuário. O equipamento também é capaz de simular e subscrever sinais GOOSE e GSSE via rede Ethernet, ao mesmo tempo em que é capaz ded efetuar a leitura de sinais binários convencionais através de contatos via cabeamento rígido. Foi também utilizado um IED Areva P443, habilitado com uma proteção de distância. A figura 7 mostra o arranjo do teste. Fig. 7 Arranjo do teste com Equipamento de teste OMICRON CMC356 e IED Areva P443l localizados em Recife-PE. No cenário de teste foi escolhida a cidade do Camaçari, estado da Bahia, como ponto de observação do especialista para coordenar o testes remotos e a cidade do Recife, estado de 8
9 Pernambuco, distante mais de 800 km, como ponto de teste e localização do IED. Todo o teste foi realizado com os usuários, local e remoto, conectados à rede corporativa da CHESF, Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. A figura 8 mostra o cenário do teste com a descrição e localização de cada IP dos pontos da rede utilizada. Fig. 8 Cenário de teste entre Recife-PE e Camaçari-BA. Foi parametrizada uma função de distância no IED com tempo de zona 1 como instantâneo e tempo de zona 2 com 200ms. O equipamento de teste foi ajustado para injetar uma falta de forma a sensibilizar a atuação de primeira zona da proteção. A figura 9 mostra a configuração da falta bifásica AB, localizada em 20% da linha de transmissão. Fig. 9 Ajuste da falta aplicada Omicron NetSim. Para comprovar o método aplicado e efetuar a comparação da atuação do IED, foram registrados simultaneamente 10 entradas binárias, sendo cinco delas registrados os sinais binários através da fiação convencional e em outras cinco as respectivas mensagens GOOSE transmitidas através da rede dos seguintes eventos. A tabela I descreve os eventos registrados. Entrada Binária Evento 1 Mensagem GOOSE de disparo zona 1 2 Mensagem GOOSE de disparo zona 2 3 Mensagem GOOSE de Partida de zona 1 e zona 2 4 Mensagem GOOSE de disparo 51 (não utilizado) 5 Mensagem GOOSE de Disparo Geral 6 Disparo Zona 1 via cabeamento convencional 7 Disparo Zona 2 via cabeamento convencional 8 Partida de zona 1 e zona 2 via cabeamento convencional 9 Disparo 51 via cabeamento convencional (não utilizado) 10 Disparo Geral via cabeamento convencional Tabela I Descrição dos sinais binários e mensagens GOOSE analisados 9
10 O procedimento adotado implicou na realização da injeção da falta descrita, repetida 40 vezes, e armazenados os resultados descritos na tabela 1. O primeiro grupo de 40 testes foi realizado pelo observador remoto, localizado em Camaçari. O segundo grupo de 40 testes, utilizando a mesma configuração de teste, foi realizado pelo operador local, localizado junto ao equipamento de teste. A figura 10 mostra o resultado de um dos testes realizados com a oscilografia dos sinais de tensão e corrente e a resposta do IED. Fig. 10 Resultado de teste Omicron NetSim. As tabelas II e III mostram a média dos resultados para o teste remoto e local, bem como o calculo de parâmetros estatísticos para validação das medidas. REMOTO CAMAÇARI Média Desvio Padrão Int. Confiança Int Conf Max Int Conf Min GSE TRIP Z1 18,260 1,098 0,364 18,624 17,896 GSE PARTIDA 18,026 1,186 0,393 18,418 17,633 GSE TRIP GERAL 18,260 1,098 0,364 18,624 17,896 HW TRIP Z1 20,609 0,460 0,153 20,761 20,456 HW PARTIDA 20,351 0,595 0,197 20,549 20,154 HW TRIP GERAL 20,574 0,498 0,165 20,739 20,409 Tabela II Resultados para o teste remoto usuário em Camaçari-BA LOCAL RECIFE Média Desvio Padrão Int. Confiança Int Conf Max Int Conf Min GSE TRIP Z1 18,403 1,238 0,410 18,813 17,993 GSE PARTIDA 18,117 1,164 0,386 18,503 17,732 GSE TRIP GERAL 18,403 1,238 0,410 18,813 17,993 HW TRIP Z1 20,534 0,456 0,151 20,685 20,383 HW PARTIDA 20,237 0,722 0,239 20,476 19,998 HW TRIP GERAL 20,637 0,472 0,156 20,793 20,481 Tabela III Resultados para o teste local usuário em Recife-PE Constatações De posse dos resultados obtidos, os autores constataram: Os resultados obtidos não mostraram diferenças importantes entre valores de atuação do IED para o teste remoto e para o teste local. Isto correu porque a leitura da resposta do IED foi feita pelo equipamento de teste e não pelo computador que estava gerenciando o teste. Este computador serve apenas como uma interface para 10
11 o usuário acessar os resultados lidos pelo equipamento de teste. É imperativo que o equipamento de teste comporte-se como um IED e possua um GOOSE Data-Set para subscrever e simular as mensagens GOOSE. Para o caso analisado, a resposta do IED utilizando as mensagens GOOSE foi mais rápida que a resposta utilizando cabeamento convencional. Nessas condições, a localização do observador ou usuário responsável pelo teste não influencia no resultado do teste. O equipamento de teste, apesar de estar disponível na rede, deve possuir um dispositivo de segurança para que somente o observador ou usuário responsável pelo teste tenha acesso aos comandos de teste do equipamento. O equipamento de teste deve estar apto a atender à simulação do processo convencional com sinais analógicos (tensões, correntes, sinais lógicos binários). O equipamento deve simular sinais de falta em regime permanente ou transitório, fornecendo para o sistema sob teste sinais analógico. O equipamento de teste deve simular, mapear, capturar, ler, medir, comparar e checar os sinais de comunicação, sejam ele sinais convencionais binários utilizando fiação rígida ou mensagens GSSE/GOOSE via rede Ethernet. Essas funções devem ser realizadas pelo equipamento de teste e não por dispositivos de controles acoplados ao sistema Trabalhos Futuros Os autores já iniciaram estudos para realização de testes de funções distribuídas, como aplicação em testes ponta a ponta em linhas de transmissão sincronizados via satélite ou IRIG-B (por exemplo, teste de uma proteção diferencial de linha). Neste caso a avaliação do desempenho das funções distribuídas estará baseada na subscrição das mensagens GOOSE dos diferentes IEDs que participam das aplicações distribuídas testadas. Se estes dispositivos tiverem também relés de saída com fiação rígida convencional, sua operação deverá ser monitorada também a fim de avaliar o desempenho do sistema testado e, se necessário, comparar os resultados dos dados utilizando rede de comunicações e os dados baseados nessas soluções convencionais. BIBLIOGRAFIA [1] M E C Paulino, I P Siqueira e A C Pereira, " Diretrizes para Ensaios de Interoperabilidade e Testes Funcionais em Relés Multifuncionais Baseados na Norma IEC61850", In: STPC - IX Seminário Técnico de Proteção e Controle. Anais eletrônicos. Junho 2008, Belo Horizonte MG Brasil. [2] M E C Paulino, Aspectos da Implementação e Validação de Sistemas Baseados na IEC In: SBSE 2008 Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos. Anais eletrônicos. Abril 2008, Belo Horizonte MG Brasil. CD-ROM. [3] M E C Paulino, Testes de IEDs operando com redes de comunicação baseados na IEC In: ERIAC, Anais eletrônicos. Foz do Iguaçu:Itaipu Binacional, CD-ROM. [4] M E C Paulino, A Apostolov, Testes de Sistemas de Automação de Subestação Complexos Baseados na IEC In: Anais do SIMPASE 2007 Simpósio de Automação de Sistemas Elétricos - Salvador BA, Brasil,
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