COMPROMISSO DO ENFERMEIRO NO USO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO 1

Transcrição

1 COMPROMISSO DO ENFERMEIRO NO USO DOS EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO 1 FERREIRA, Emanuelli Mancio 2 ; MAGNAGO, Tânia Solange Bosi de Souza 3 ; CERON, Marinez Diniz da Silva 4 ; DISSEN, Caliandra Marta 5 ; BORDIGNON, Juliana Silveira 6 ; SOUTO, Valquiria Toledo 7 ;REIS, Thamiza Laureany da Rosa dos 8. RESUMO O presente estudo trata de um relato de experiência que objetiva relatar a experiência de acadêmicas de graduação em enfermagem a cerca do compromisso do enfermeiro na utilização e provisão dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) na prevenção de acidentes de trabalho, bem como no papel de orientação à equipe de enfermagem. Para isso, utilizou-se como metodologia o referencial teórico previamente obtido dos conteúdos ministrados sobre o assunto durante a graduação em enfermagem de uma Universidade Federal do Centro do Estado somado às observações em dois campos de estágios 1 Relato de experiência. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 2 Apresentadora. Acadêmica do 7º Semestre de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM - RS. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM/Brasil. Bolsista PIBIC/CNPq emanuelli_ferreira@hotmail.com 3 Doutora em Enfermagem, Docente do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM-RS. Líder e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM/Brasil. 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM/Brasil. 5 Acadêmica do 7º Semestre de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM - RS. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM/Brasil. Bolsista PIBIC 2011/ Acadêmica do 5º Semestre de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM. Membro do Grupo de Pesquisa Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem da UFSM/Brasil. Bolsista FIEX/ Acadêmica do 7º Semestre de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM - RS. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado a saúde das pessoas, famílias e sociedade da UFSM/Brasil. 8 Acadêmica do 7º Semestre de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria/UFSM - RS. Membro do Grupo de Pesquisa Cuidado a saúde das pessoas, famílias e sociedade da UFSM/Brasil. 1

2 curriculares (Clínica Cirúrgica e Pronto Socorro) do Hospital Universitário dessa instituição de ensino, no turno da manhã e no período de março a abril de Como resultados, discutiram-se a importância da utilização dos EPIs como prevenção dos acidentes de trabalho, bem como o compromisso do enfermeiro em utilizá-los nos procedimentos de assistência ao paciente, provê-los à equipe de enfermagem, orientando-a sobre a importância desses na prevenção de acidentes de trabalho. Conclui-se que uma formação acadêmica ética, de qualidade e comprometida com o enfoque nas questões da saúde do trabalhador promove o senso crítico dos futuros profissionais. Descritores: Enfermagem; Acidentes de trabalho; Saúde do trabalhador. ABSTRACT This study is a report of experience that aims to report the experience of graduate academic in nursing about the commitment of nurses in the use and provision of the individual protection equipment (IPE) in the prevention of work accidents as well as the role of guidance in the nursing team. It was used as methodology the theoretical referential obtained in the content ministers about this theme during the graduation course in nursing at a Federal University of the center of the state and the observation in two fields of training (Surgical Clinic and Emergency Service) at the University Hospital of this educational institution to the morning and in the period of March to April As results it is discussed the importance of the use of IPE as prevention of occupational accidents as well as the commitment of nurses to use them in the procedures in patient care, in the provision of them to the nursing team guiding them about the importance of these in the prevention of occupational accidents. It is concluded that an academic training ethics of quality and compromised with the focus in the issues of occupational health promotes the critical sense of future professionals. Keywords: Nursing; Accidents Occupational; Occupational Health. 1. INTRODUÇÃO No ambiente hospitalar, entre os profissionais de saúde há os trabalhadores de enfermagem que, ao desempenhar as suas atividades diárias, expõem-se aos riscos 2

3 ocupacionais denominados como riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicológicos¹. Nesse contexto, o presente relato de experiência discorre sobre o profissional enfermeiro que, ao manusear matérias potencialmente infectantes ao prestar assistência ao paciente, durante sua rotina de trabalho, pode sofrer Acidentes de Trabalho (AT) em decorrência do contato com variados agentes propiciadores de riscos ocupacionais². Desse modo, como fator importante para a redução da exposição desses riscos, a Norma Regulamentadora 6 (NR 6) dispõe sobre os Equipamentos de Proteção individual (EPI's) como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção a riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho³. Assim, evidencia-se a importância da discussão sobre o compromisso do enfermeiro na prevenção dos acidentes de trabalho tanto para sua saúde como para a equipe de enfermagem que o mesmo gerencia. Justificamos a escolha por essa problemática pela inquietação proveniente das observações em estágios curriculares, bem como a participação no grupo de pesquisa: "Trabalho, Saúde, Educação e Enfermagem" na linha de pesquisa "Saúde do trabalhador". 2. OBJETIVO Relatar a experiência de acadêmicas de graduação em enfermagem com relação ao compromisso do enfermeiro no uso dos equipamentos de proteção individual, ao usá-los na realização de procedimentos de assistência ao paciente com algum tipo de risco, provê-los à sua equipe de enfermagem, bem como orientar a equipe de enfermagem sobre a importância na prevenção de acidentes de trabalho. 3. METODOLOGIA Trata-se de um relato de experiência do tipo observacional realizado com base na vivência de acadêmicas do sétimo semestre de graduação em enfermagem, de uma Universidade Federal do Centro do Estado, somada ao referencial teórico previamente obtido pelos conteúdos ministrados sobre o assunto no decorrer da Graduação. Para isso, utilizou-se a observação sobre o compromisso ou não do enfermeiro quanto a prevenção dos acidentes de trabalho nas duas unidades analisadas, nos aspectos: provisão de EPI à equipe de enfermagem; utilização na realização de procedimentos de assistência ao paciente com algum tipo de risco; orientação a equipe de enfermagem sobre 3

4 a importância da utilização na prevenção de acidentes de trabalho. As observações foram realizadas em dois campos de estágios curriculares (Clínica Cirúrgica e Pronto Socorro) de um Hospital escola do Centro do Estado, no turno da manhã, no período de março a abril de A fim de complementar o embasamento teórico previamente obtido e relacionar observação em campo com a teoria, foi realizado um levantamento bibliográfico de artigos publicados entre 2005 a Foram consultadas as bases de dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e, selecionados artigos que estavam de acordo com o tema proposto. A busca foi realizada com os descritores: Enfermagem; Acidentes de trabalho; Saúde do trabalhador. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Como resultados, o presente estudo conta com reflexões acerca da relação entre o papel do enfermeiro e a prevenção dos acidentes de trabalho, considerando a percepção e experiências de acadêmicas de enfermagem. O acidente de trabalho é definido pelo Ministério do Trabalho como todo incidente que ocorre durante o exercício da profissão, capaz de provocar lesões ou alterações corporais que possam levar à morte, à perda ou à diminuição passageira ou definitiva da produtividade do trabalhador no desempenho de suas funções profissionais³. Nos casos dos serviços de saúde, os profissionais mais expostos a esses acidentes são os envolvidos na atenção direta aos pacientes, sendo composta principalmente pelas equipes de enfermagem e médica, em virtude do contato direto e frequente com sangue e secreções 4. O levantamento bibliográfico realizado para o presente estudo confirma que os trabalhadores de enfermagem estão entre os profissinais de saúde mais sucetíveis e eviencia que os acidentes mais frequentes são devidos à exposição a material biológico. Ao considerarmos essa realidade, cabe ao profissional enfermeiro, enquanto gerente da equipe de enfermagem, estar ciente da participação imprescindível nas medidas preventivas para proteger-se e manter um ambiente seguro para os demais trabalhadores que compõem a equipe de enfermagem. Nesse contexto de prevenção, há a utilização dos equipamentos de proteção individual, que incluem: máscara, avental, óculos protetores, avental e luvas. Eles são de suma importância nos acidentes envolvendo materiais biológicos por tornar-se uma barreira 4

5 de proteção, diminuindo o contato com sangue, fluidos corpóreos e outros excretos 5. Diante deste preceito, as acadêmicas percebem que, na realidade por elas observadas, o enfermeiro provê os EPI para a equipe de enfermagem, uma vez que disponibiliza em todas as cabeceiras dos leitos luvas de procedimentos e, nos pacientes que necessitam de aspiração traqueal/nasal/oral, materiais como luvas de procedimentos e esterilizadas, óculos de proteção e máscaras. No entanto, a adesão ao uso desses EPI s, principalmente o óculos e a máscara, não é efetivada por grande parte da equipe de saúde. Evidencia-se então que, o motivo da pouca adesão à utilização do EPI, não se deve ao fato de não ter acesso aos equipamentos, uma vez que, a empresa fornece aos empregados, gratuitamente, o EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento e em quantidade que supra a necessidade de seu uso sempre que necessário². No entanto, percebe-se que, embora a empresa forneça os EPI's e o enfermeiro os disponibilize à equipe, isso não é suficiente para a conscientização e adesão à utilização. Nesse sentido, um dos motivos dessa não aderência, deve-se ao desconhecimento e desinteresse por parte da equipe, ao considerarem as normas com pouca significância e não valorizarem e incorporarem ao seu processo de trabalho, o que potencializa os riscos e acidentes de trabalho 6. Para que essa realidade possa ser modificada, as acadêmicas percebem que a equipe precisa de informação e reflexão sobre a importância e os riscos da não utilização dessa medida preventiva sobre a saúde do trabalhador. Esse papel de orientação pode ser realizado pelo enfermeiro a fim de diminuir ou, até mesmo, extinguir os acidentes ocupacionais. As instituições de ensino superior e em nível técnico também possuem papel fundamental nesse exercício de formação de profissionais críticos e comprometidos com a sua saúde e da coletividade. 5. CONCLUSÃO O estudo evidenciou a necessidade de aprimorar conhecimentos a fim de compreender a realidade e propôr meios de preservar a saúde dos trabalhadores de enfermagem que trabalham em ambiente hospitalar. Além disso, a referida experiência foi de suma importância para a formação da acadêmica de enfermagem por realizar correlações entre o referencial teórico e as situações vivenciadas em campo, uma vez que 5

6 evidenciou o papel central do enfermeiro nesse cenário de prevenção de acidentes de trabalho, como gerente de sua equipe e responsável tanto pelo processo de cuidado ao paciente como pela saúde dos profissionais que compõem a equipe de enfermagem. Contudo, esse relato se propõe a instigar os acadêmicos e futuros profissionais de saúde a pensarem em que papel exercerão nesse cenário, seja na área docente como na assistencial. REFERÊNCIAS 1 Magnago TSBS. Aspectos psicossociais do trabalho e distúrbio musculoesquelético em trabalhadores de enfermagem.tese (Doutorado em Enfermagem) Universidade Federal do Rio do Janeiro, Rio de Janeiro Guimaraes EAA, et al. Percepção de técnicos de enfermagem sobre o uso de equipamentos de proteção individual em um serviço de urgência. Cienc. Enferm. 2011; 17(3): Ministério do Trabalho e Emprego. Legislação. Norma Regulamentadora 6 (NR 6). Disponível em: < Acessado em: 15 de maio de Lima LM, Oliveira CC, Rodrigues KMR. Exposição ocupacional por material biológico no Hospital Santa Casa de Pelotas a 2008.Esc Anna Nery Rev Enferm. 2011;15(1): Murofuse NT, Marziale MHP, Gemelli LMG. Acidente com material biológico em hospital universitário do oeste do Paraná. Rev Gaúcha Enferm. 2005; 26(2): Oliveira AC, Gonçalves JA. Acidente ocupacional por material perfurocortante entre profissionais de saúde de um Centro Cirúrgico. Rev Esc Enferm USP. 2010; 44(2):