SOCIOLOGIA 26/02/ O que é Sociologia? 1 O que 1 - é Introdução Sociologia? (CONTINUAÇÃO) O QUE É SOCIOLOGIA E CIDADANIA?
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- Victorio Pinto Guterres
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1 SOCIOLOGIA 2ª SÉRIE ENSINO MÉDIO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2016 O QUE É SOCIOLOGIA E CIDADANIA? Baseado no livro: Cidadania no Brasil: O longo caminho, de José Murilo de Carvalho, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 e na Apostila de Sociologia-Ensino Médio, 3ª série, vol.1, Secretaria da Educação Estado São Paulo, edição J M / 1 1 O que é Sociologia? Antes de abordar o tema da CIDADANIA, torna-se necessário revisar alguns conceitos sobre o que é SOCIOLOGIA. O comportamento humano é muito complexo e diversificado. Cada indivíduo recebe influências de seu meio, forma-se de determinada maneira e age no contexto social de acordo com sua formação. O indivíduo aprende com o meio, mas também pode transformá-lo em sua ação social. Temos comportamentos estritamente individuais, como andar, respirar, dormir, que se originam na pessoa enquanto organismos biológicos. São comportamentos estudados pelas Ciências Físicas e Biológicas. Por outro lado, receber salário, fazer greve, participar de reuniões, casar-se, educar os filhos, participar de manifestações, ir ao cinema etc. são comportamentos sociais, pois se desenvolvem no contexto da sociedade. JBRFRAGA CONTINUA 2 1 O que é Sociologia? (CONTINUAÇÃO) As Ciências Sociais têm por objetivo estudar e pesquisar todas as formas de comportamento humano na sociedade e suas várias formas de manifestação. As Ciências Sociais dividem-se em várias disciplinas segundo o aspecto da sociedade estudado: Economia, Antropologia, Ciência Política e Sociologia. 1 O que 1 - é Introdução Sociologia? (CONTINUAÇÃO) O que é, então, SOCIOLOGIA? Podemos dizer que a SOCIOLOGIA estuda as relações sociais e as formas de associação entre as pessoas, considerando as diversas formas como elas interagem na sociedade. Envolve, portanto, o estudo dos grupos sociais e dos fatos sociais, estudo da divisão da sociedade em classes e camadas sociais (Ex. classe A, classe B, grupo dos punks, grupo dos moradores de uma localidade etc.). Envolve, também, o estudo da mobilidade social (isto é, como as pessoas passam de uma classe para outra), como as pessoas desenvolvem meios de cooperação e cooperam entre si. Estuda, ainda, como e porque ocorrem a competição e o conflito na sociedade. JBRFRAGA CONTINUA 3 JBRFRAGA CONTINUA 4 1
2 1 O que 1 - é Introdução Sociologia? (CONTINUAÇÃO) 2 - O QUE É CIDADANIA? Por isso, para alguns, a sociologia pode se transformar em uma poderosa arma a serviço dos interesses das classes dominantes, enquanto que, para outros, ela pode ser utilizada como expressão teórica dos movimentos libertadores e revolucionários da sociedade. JBRFRAGA 5 VOCÊ SE CONSIDERA CIDADÃO? POR QUÊ? Atualmente, toda e qualquer pessoa tem direito à cidadania? Nas sociedades ocidentais, esse direito sempre foi o mesmo para todas as pessoas? 6 O QUE É CIDADANIA? O QUE É CIDADANIA? CIDADANIA está relacionada à condição em que se encontra um indivíduo enquanto membro de um Estado e portador de direitos e obrigações. Em decorrência, CIDADÃO é a condição de um homem livre, portador de direitos e obrigações, assegurados em lei e que lhe permitem participar da vida da sociedade. 7 Portanto, CIDADANIA deve ser entendida como o exercício pleno dos direitos políticos, civis e sociais. Esse exercício pleno deve ocorrer com liberdade completa e que deve pressupor a combinação de igualdade e participação numa sociedade ideal, mas que, talvez, inatingível.(josé MURILO DE CARVALHO) 8 2
3 O QUE É CIDADANIA? CIDADANIA significa a prática de direitos, compromisso ativo, participação política, responsabilidade, participação da vida da comunidade, na sociedade, no país. Sem a cidadania, não pode haver aquele compromisso responsável que garante o respeito aos direitos humanos e democráticos e que, em última análise, mantém unido o organismo político. 9 Cidadania depende da conquista dos Direitos Civis, Direitos Políticos e Direitos Sociais. A esses direitos, podemos acrescentar, também, os Direitos Humanos. Cidadão pleno é aquele possuidor desses direitos de modo completo. Mas não é suficiente os direitos e obrigações estarem estabelecidos na Constituição, se efetivamente o cidadão não goza desses direitos. Cidadão incompleto é aquele a quem falta um desses direitos. 10 (CONTINUAÇÃO) São direitos que garantem a vida em sociedade. São os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade, à igualdade perante a lei. Têm como base ou estão fundamentados na liberdade individual. Sem esta, tornam-se praticamente impossíveis. 11 Tais direitos correspondem à garantia de: Ir e vir, de escolher o trabalho, de manifestar o pensamento, de organizar-se, de ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de não ser preso, a não ser pela autoridade competente e de acordo com as leis, de não ser condenado sem processo legal regular. Uma condição fundamental é que esses direitos sejam garantidos por uma justiça independente, 12 eficiente, barata e acessível a todos. 3
4 São direitos que se referem à participação do cidadão no governo, na direção da sociedade. Consistem no direito: De fazer manifestações políticas, de se organizar em partidos, sindicatos, movimentos sociais, de votar e de ser votado. Em geral, quando se fala de direitos políticos, é do direito do voto de que se está falando. 13 São direitos que garantem a participação do cidadão na riqueza coletiva da nação, isto é, em tudo que a nação produz. Dizem respeito ao atendimento das necessidades básicas do ser humano. Eles incluem o direito: À educação, ao trabalho, ao salário justo, à saúde, à aposentadoria, à moradia e à segurança. Permitem reduzir os excessos de desigualdades produzidos pelo capitalismo e garantir um mínimo de bem-estar para todos. O que norteia os direitos sociais é a JUSTIÇA SOCIAL. 14 (continuação) São direitos que englobam todos os demais direitos e expandem sua dimensão para uma perspectiva mais ampla, pois tratam dos direitos fundamentais do ser humano. Sem eles, o indivíduo não consegue existir ou não é capaz de se desenvolver, de participar plenamente da vida. 15 Os Direitos Humanos compreendem o direito à vida, à liberdade, à igualdade de direitos e oportunidades e o direito de ser reconhecido e tratado como ser humano, independentemente de nacionalidade, gênero, idade, origem social, cor da pele, etnia, faculdades físicas ou mentais, antecedentes criminais, doenças ou qualquer outra característica. 16 4
5 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA A Grécia Antiga era formada por cidadesestado autônomas, conhecidas como pólis. Em algumas delas vigorava a democracia direta, regime político no qual os cidadãos, chamados de politai, participavam das decisões do governo da cidade, da elaboração de regras, das decisões políticas etc., por meio de assembleias. Entretanto, nem as mulheres, nem os escravos, nem os estrangeiros eram considerados cidadãos. 17 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA No Império Romano, cidadania não era um conjunto de valores e ideias como defendemos hoje, mas era o próprio Estado romano. A palavra CIDADANIA vem do latim civis (o ser humano livre, que gerou civitas (cidadania). O conceito de cidadania era baseado no conceito de liberdade. Logo, somente poderiam ser considerados cidadãos aquele indivíduos que não se encontravam em condição de submissão ou sujeição a outra pessoa. Assim, não eram considerados cidadãos os escravos e os chamados clientes, que deviam fidelidade ao seu patrono em troca de benefícios. 18 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA (CONTINUAÇÃO) Com a queda do Império Romano, em 476, desapareceu o conceito de cidadania na Europa. Na Idade Média, não havia cidadãos. Os senhores feudais tinham servos na gleba, as cidades tinham burgueses, a igreja tinha comungantes e o rei tinha vassalos e súditos. No começo da Idade Moderna, o conceito de cidadania estava associado ao burguês, não ao conjunto da sociedade. A começar pela etimologia da palavra, havia uma separação entre o homem urbano e o homem rural, uma vez que a palavra cidadão referia-se somente aos habitantes da cidade. 19 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA (CONTINUAÇÃO) O estudo da história e da vida cotidiana no mundo greco-romano inspirou os primeiros pensadores a buscarem uma definição do que hoje entendemos por cidadania. Os aspectos desse conceito que mais se destacaram para se construir o conceito de cidadania foram as ideias de democracia, de participação popular nas decisões sobre o destino da coletividade, de soberania do cidadão e da liberdade do indivíduo. Vários pensadores iluministas (séculos XVII e XVIII) lançaram as bases para a identificação atual da relação entre o Estado e um indivíduo dotado de razão e de direitos intrínsecos à sua natureza (direitos naturais), como direito à vida, à liberdade e à propriedade. 20 5
6 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA (CONTINUAÇÃO) Dentre esses pensadores podemos destacar: John Locke: defendia que todos os homens são iguais, independentes e governados pela razão. Para ele, a propriedade era um dos direitos naturais dos homens; Voltaire: defendia a liberdade de expressão, de associação e de opção religiosa e criticava o poder da Igreja Católica Jean-Jacques Rousseau: defendia a liberdade como o bem supremo, entendida por ele como um direito e um dever do homem. Renunciar à liberdade seria renunciar à própria humanidade. 21 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA (CONTINUAÇÃO) A luta pelos direitos civis pode ser identificada já no século XVII, quando o parlamento inglês promulgou em 1689 o Bill of Rights (Carta de Direitos), garantindo ao povo uma série de direitos, protegendo-o dos atos arbitrários da Coroa. Este movimento é um precursor dos eventos históricos que marcariam o fim do Absolutismo, como, por exemplo, na Revolução Americana (1776), em cuja Declaração de Independência se encontram alguns princípios garantindo a liberdade, a igualdade etc. dos indivíduos. (VER NO FINAL) 22 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA (CONTINUAÇÃO) Essa Declaração inspirou um outro importante documento, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, proclamada por ocasião da Revolução Francesa (1789). (VER NO FINAL) A partir dessas iniciativas, o conceito de cidadania voltou a ocupar um lugar central na vida política, ampliando-se e aprofundando-se cada vez mais, até agregar todos os indivíduos das sociedades democráticas modernas. 23 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA (CONTINUAÇÃO) Para compreensão de como se deu a consolidação desse conceito de cidadania, destacamos um autor que desenvolveu a distinção entre as várias de suas dimensões: Thomas Humphrey Marshall, sociólogo britânico ( ) Sua hipótese foi de que a cidadania se desenvolveu na Inglaterra com muita lentidão. Primeiro vieram os direitos civis (XVIII), depois vieram os direitos políticos (XIX) e os direitos sociais e direitos humanos (XX). 24 6
7 NASCIMENTO E TRANSFORMAÇÕES DO CONCEITO DE CIDADANIA (CONTINUAÇÃO) Esta sequência não é apenas uma sequência cronológica, mas lógica também, isto é, tem um profundo significado. Foi com base no exercício dos direitos civis, nas liberdades civis, que os ingleses reivindicaram o direito de votar, de participar do governo de seu país. A participação permitiu a eleição de operários e a criação do Partido Trabalhista, que foram os responsáveis pela introdução dos direitos sociais. Entretanto, a educação popular, que faz parte dos direitos sociais, que, normalmente, são os últimos direitos a ser conquistados, foi a condição primordial para a construção da cidadania. Sua ausência tem sido um dos principais obstáculos à construção de uma cidadania civil e política 25 E NO BRASIL, COMO OCORREU A CIDADANIA? No Brasil, não se aplica o modelo Inglês: houve, pelo menos, duas diferenças importantes: A primeira refere-se à maior ênfase em um dos direitos, o social, em relação aos outros. A segunda refere-se à alteração na sequência em que os direitos foram adquiridos: entre nós o social precedeu os 26 outros. E NO E NO BRASIL, COMO OCORREU A A CIDADANIA? CIDADANIA? O PESO DO PASSADO ( ) Como havia lógica na sequência inglesa, uma alteração dessa lógica afeta a natureza da cidadania. Quando falamos de um cidadão inglês, ou norte-americano, e de um cidadão brasileiro, não estamos falando exatamente da mesma coisa. O cidadão inglês era diferente do americano e do brasileiro, porque a sequência da conquista dos direitos foi diferente. A sequência afeta a natureza da cidadania. A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA: Nesse período, os portugueses tinham construído um enorme país dotado de unidade territorial, linguística, cultural e religiosa, mas deixaram uma população analfabeta, uma sociedade escravocrata, uma economia monocultora e latifundiária, um estado absolutista. Em 1822, não havia cidadãos brasileiros, nem pátria
8 O BRASIL FOI CONQUISTADO PELO CONFRONTO ENTRE DUAS CIVILIZAÇÕES: POVOS SEMINÔMADES EXISTENTES NO PAÍS E OS EUROPEUS DETENTORES DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS. O EFEITO IMEDIATO DA CONQUISTA FOI A DOMINAÇÃO E O EXTERMÍNIO PELA GUERRA, ESCRAVIDÃO E PELA DOENÇA DE MILHÕES DE ÍNDIOS. 29 A atividade que melhor se prestou à finalidade lucrativa foi a PRODUÇÃO DE AÇÚCAR PARA RESOLVER O PROBLEMA DA DEMANDA NA EUROPA. Essa produção tinha duas características importantes: exigia grandes capitais e muita mão-de-obra. Estabeleceu-se, com isso, grande desigualdade entre senhores de engenho e demais habitantes e implantou-se a escravização, em larga escala, dos africanos. 30 FINAL DO SÉC. XVII: A MINERAÇÃO DO OURO (grande utilização de mão-de obra), E A CRIAÇÃO DE GADO. Importação de escravos: a partir do séc XVII até O FATOR MAIS NEGATIVO PARA A CIDADANIA FOI A ESCRAVIDÃO Em todos os setores da sociedade havia escravos: a escravidão penetrava em todas as classes, em todos os lugares, em todos os desvãos da sociedade: a sociedade colonial era escravista de alto a baixo. Três milhões de escravos foram introduzidos na colônia. 31 Os escravos não eram cidadãos, não tinham os direitos civis básicos à integridade da vida, à liberdade e à própria vida. Mesmo a população legalmente livre não tinha condições para o exercício dos direitos civis, principalmente a educação. 32 8
9 Aos senhores faltava o próprio sentido da cidadania e não tinham a noção de igualdade de todos perante a lei. Poder público: não havia. O poder do governo terminava na porteira das fazendas. A justiça era precária. O cidadão comum ou recorria à proteção dos grandes proprietários ou ficava dependente do arbítrio dos mais fortes. Outro aspecto que dificultava o desenvolvimento de uma consciência de direitos era o descaso com a educação primária: a maioria era analfabeta. Universidades: só permitidas após CONCLUSÃO ACERCA DESSE PERÍODO COLONIAL NO PERÍODO COLONIAL A GRANDE MAIORIA DA POPULAÇÃO FICOU EXCLUÍDA DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS E SEM A EXISTÊNCIA DE UM SENTIDO DE NACIONALIDADE. HAVIA APENAS ALGUM SENTIMENTO DE IDENTIDADE REGIONAL OS DIREITOS POLÍTICOS SAEM NA FRENTE Houve a independência mas nada mudou na questão da cidadania. Sua conquista foi muito pacífica. Constituição outorgada de 1824: regulou os direitos políticos e regeu o Brasil até o fim da monarquia. Criou três poderes tradicionais, o executivo, o legislativo e o judiciário. 36 9
10 OS DIREITOS POLÍTICOS SAEM NA FRENTE As eleições eram indiretas e em dois turnos: o votantes votavam em eleitores e estes nos deputados e senadores. Quem votava: Homens maiores de 25 anos, com renda superior a 100 mil reis, escravos libertos, analfabetos ( mais de 85% era de analfabetos) OS DIREITOS POLÍTICOS SAEM NA FRENTE Cidadão não tinha noção do que era voto representativo, não tinha tido experiência no período colonial. Eleições fraudulentas: voto de cabresto, o cabalista, o fósforo OS DIREITOS POLÍTICOS SAEM NA FRENTE Direitos civis só na lei. E a participação popular era muito restrita Houve uma REGRESSÃO > voto direto, não havia eleitores, passou a haver um turno só, para votar, a renda teria de ser de 200 mil reis, voto facultativo e proibição do voto do analfabeto OS DIREITOS POLÍTICOS SAEM NA FRENTE Brasil perdeu vantagem em relação aos demais países. Mesmo em 1889 (Proclamação da República), continuavam a não votar as mulheres, os analfabetos, os mendigos, os soldados, os membros de ordens religiosas. Número de votantes caiu
11 OS DIREITOS POLÍTICOS SAEM NA FRENTE CONCLUSÃO ACERCA DESSE PERÍODO ( ) Primeira República ficou conhecida como a república dos coronéis. Os eleitores continuaram a ser coagidos, comprados, enganados, ou simplesmente excluídos. Não havia eleição limpa 41 NÃO HAVIA JUSTIÇA, NÃO HAVIA PODER VERDADEIRAMENTE PÚBLICO, NÃO HAVIA CIDADÃOS CIVIS. NESSAS CIRCUNSTÂNCIAS, NÃO PODERIA HAVER CIDADÃOS POLÍTICOS. MESMO QUE LHES FOSSE PERMITIDO VOTAR, ELES NÃO TERIAM AS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA O EXERCÍCIO INDEPENDENTE DO DIREITO POLÍTICO 42 A CIDADANIA OPERÁRIA Na década de 20 > urbanização e processo de industrialização e aumento do operariado. Grande número de imigrantes. Com direitos civis e políticos tão precários, seria difícil falar de direitos sociais. Até 1930 participação política restrita: pode-se concluir, então, que até 1930 não havia povo organizado politicamente nem 43 sentimento nacional consolidado. PERÍODO DE Um divisor de águas na história do país: a partir desta data, houve aceleração das mudanças sociais e políticas, a história começou a andar mais rápido. Avanços nos direitos sociais: criou-se o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, logo após veio a Consolidação das Leis do Trabalho em Avançaram muito lentamente após Foi o grande momento da legislação social. Mas foi uma legislação introduzida em ambiente de baixa ou nula participação política e de precária vigência dos direitos civis
12 PERÍODO DE Golpe militar No período ditatorial (era Vargas e golpe de 64), os direitos civis e políticos foram restringidos pela violência. Mas continuou-se a dar muita ênfase aos direitos sociais. Os direitos sociais voltaram com os militares. criouse o INPS, FUNRURAL (1971), FGTS (1966), BNH (1966) e, em 1974, o Ministério da Previdência e Assistência Social. O autoritarismo brasileiro compensava a falta de liberdade política com o paternalismo social. 45 PERÍODO DE O avanço nos direitos sociais e a retomada dos direitos políticos não resultaram em avanço dos direitos civis, que foram muito sacrificados: habeas corpus suspenso, violação dos lares e correspondências, prisões arbitrárias, presos incomunicáveis, censura ampla à mídia e às artes, aposentadoria compulsória, cassação de professores e impedimento de atividades políticas dos estudantes. 46 A CIDADANIA APÓS A REDEMOCRATIZAÇÃO A Constituição de 1988: a mais liberal e democrática que o país já teve, a constituição cidadã. Em 1989 a primeira eleição direta para presidente da república desde A democracia política não resolveu os problemas econômicos mais sérios, como a desigualdade e o desemprego Continuam os problemas na área social, sobretudo na educação, nos serviços de saúde e saneamento, e houve agravamento da situação dos direitos civis no que se refere `segurança individual. 47 CONCLUSÃO:A LÓGICA INVERSA No Brasil, primeiro vieram os direitos sociais, implantados em período de supressão dos direitos políticos e de redução dos direitos civis por um ditador que se tornou popular. Depois, vieram os direitos políticos, de maneira também bizarra. A maior expansão do direito do voto deuse em outro período ditatorial, em que os órgãos de representação política foram transformados em peça decorativa do regime
13 CONCLUSÃO: A LÓGICA INVERSA A ESTADANIA A PIRÂMIDE DOS DIREITOS foi colocada de cabeça para baixo, porque a sequência dos direitos deveria ser: direitos civis, direitos políticos e direitos sociais, como ocorreu na Inglaterra. OS DIREITOS CIVIS > Muitos continuam inacessíveis, ainda hoje, à maioria da população. 49 O que se percebeu é que o grosso dos direitos sociais foi implantado em períodos ditatoriais, portanto sob a tutela do estado todo-poderoso Não houve a construção da cidadania, como conquista dos cidadãos, mas a implantação da ESTADANIA, isto é, a cidadania progressivamente sendo patrocinada pelo estado Surge, então, o estado messiânico, isto é, aquele do qual sempre se espera a salvação JBRF 50 O QUE FAZER, ENTÃO, EM TERMOS DE CONSOLIDAÇÃO DEMOCRÁTICA? Torna-se importante reforçar a organização da sociedade, para dar forte base social ao poder político, isto é, para democratizar o poder. A organização da sociedade não precisa e não deve ser feita contra o estado em si. Ela deve ser feita contra o estado clientelista, corporativo, colonizado. JBRF 51 EXCERTO DA DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS (1776) Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas: que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade
14 DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (FRANÇA EM 1789) DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (FRANÇA EM 1789) Art.1º. Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum. Art. 2º. A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade a segurança e a resistência à opressão. Art. 3º. O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma operação, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente. Art. 4º. A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo. Assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei. Art. 5º. A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene. 53 Art. 6º. A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos. Art. 7º. Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência. Art. 8º. A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada. 54 DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (FRANÇA EM 1789) Art. 9º. Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei. Art. 10º. Ninguém pode ser molestado por suas opiniões, incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei. Art. 11º. A livre comunicação das idéias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem. Todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei. Art. 12º. A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública. Esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é 55 confiada. DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO (FRANÇA EM 1789) Art. 13º. Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades. Art. 14º. Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração. Art. 15º. A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração. Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição. Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização
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SOCIOLOGIA 05/03/2017
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