NEURALGIA DO TRIGêMEO. uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão real
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- Letícia Klettenberg Azambuja
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1 NEURALGIA DO TRIGêMEO Segundo a IASP ( International Association for Study of Pain ), a DOR é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão real ou em potencial do tecido, ou como conseqüência desta. A NEURALGIA DO TRIGÊMEO, também chamada tic doloroso, é uma condição de dor que afeta o nervo trigêmeo (5º nervo craniano, que inerva a maior parte dos tecidos orais e faciais, inclusive os dentes ), um dos maiores do crânio. O nervo trigêmeo manda impulsos do cérebro para a face, mandíbula, gengiva, fronte e para área ao redor dos olhos sendo responsável pela sensação do tato, da dor e da temperatura. A neuralgia trigeminal caracteriza se por uma dor súbita e severa do tipo choque elétrico ou facada sentida em um lado da mandíbula ou da face. Esta desordem é mais comum em mulheres do que em homens e raramente afeta pessoas com menos de 50 anos. O ataque de dor geralmente dura vários segundos e tende a se repetir um após outro, podendo ser desencadeado ao falar, ao escovar os dentes, ao tocar a face, ao mastigar ou engolir. Os ataques podem surgir e desaparecer várias vezes ao longo do dia e se estenderem por dias, semanas ou meses. Depois disto, há possibilidade de desaparecerem por meses ou até anos.
2 CAUSAS A neuropatia trigeminal é uma afecção com mecanismos fisiopatológicos não inteiramente esclarecidos. Tenta-se elucidar a causa da neuralgia do trigêmeo por mecanismos compressivos das raízes trigeminais na base do crânio. Um conflito neurovascular é a principal razão da existência de dores faciais em determinados pacientes. Supõe-se que o contato anômalo de artérias e veias na porção de entrada do nervo trigêmeo no crânio desencadeia os episódios de neuralgia. O mecanismo que estaria próximo do que realmente ocorre seria a somatória dos processos degenerativos do envelhecimento associados à compressão vascular, agindo, durante vários anos, sobre a raiz posterior do nervo trigêmeo. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da neuralgia do trigêmeo é puramente clínico: o uso de exames complementares só é necessário para detectar tumores ou outros tipos de problemas que possam causar a neuralgia secundária. Uma imagem de ressonância magnética ajuda a visualizar as terminações nervosas. SINAIS E SINTOMAS As dores da neuralgia trigeminal, semelhantes a raios, são incrivelmente intensas e dolorosas e as caretas unilaterais de dor tão características da neuralgia do trigêmeo levaram à designação tic doloroso. A dor vem em flashes repetitivos de dor aguda e como punhaladas, que normalmente duram segundos.
3 Entre as crises, o paciente geralmente fica sem dor, mas vive sob o temor da futura dor. Com salvas de dor de duração especialmente longas ou intensas, pode haver uma dor surda confinada à divisão trigeminal que dure alguns minutos. A neuralgia é tipicamente unilateral. Os ataques de dor iniciam-se abruptamente, durando de segundos a minutos. Embora a dor seja caracterizada por episódios de curta duração, tais episódios podem repetir-se rapidamente, produzindo sintomas prolongados. Logo após a crise, existe um período refratário, em que estímulos não desencadeiam a dor. Tipicamente, as dores individuais são episódios de calor, queima ou manifestações de pontada do tipo choque elétrico. A sensação é descrita como superficial e nunca referida como profunda, o que caracteriza as zonas de dor. Os episódios dolorosos são iniciados por estímulos físicos não-álgicos ( que não causaria dor / P. ex.: toque com o dedo sobre a pele ) de áreas específicas (zonas de gatilho), que são localizadas do mesmo lado em que a dor aparece. INCIDêNCIA ENTRE HOMENS E MULHERES A NT se apresenta predominantemente em mulheres, o lado direito é o mais afetado e a idade de maior freqüência das crises concentra-se na faixa dos 60 aos 70 anos. A maioria dos estudos relatam ser o ramo maxilar o mais atingido. A NT manifesta-se, geralmente, de forma unilateral, sendo que em 3 a 10% dos casos é bilateral.
4 IMPLICAÇõES ODONTOLóGICAS É bem conhecido o fato de que as pessoas com neuropatia idiopática do trigêmeo algumas vezes têm dentes extraídos desnecessariamente. É menos conhecido que a dor que parece ser devida à neuralgia trigeminal é ocasionalmente devida a causas dentais. Por essa razão,sugere-se que tais casos recebam um exame dental e oral muito cuidadoso antes do início de terapia medicamentosa ou cirurgia. Algumas vezes, procedimentos como obturações, extrações ou ajustes oclusais podem aliviar a dor. Em todos os casos o neurologista ou neurocirurgião irão encarar sua responsabilidade mais seguros, com o conhecimento de que todas as outras possíveis causas foram eliminadas. Além disso, os pacientes com neuralgia trigeminal idiopática podem ter dificuldade em manter um padrão satisfatório de higiene oral, antes e depois do tratamento. Eles devem portanto receber atenção cuidadosa o mais breve possível. TRATAMENTO O tratamento inicial da neuralgia trigeminal é médico. Carbamazepina é a droga de escolha. Se o paciente se mostrar intolerante à carbamazepina, uma série de drogas de segunda linha são disponíveis, embora dados a respeito de sua relativa eficácia sejam inexistentes. Fenitoína, baclofeno, clonazepam e valproato são drogas de segunda escolha. Agentes mais novos estão sendo tentados nessa condição, incluindo lamotrigina e gabapentina. Para pacientes resistentes ou intolerantes a terapia medicamentosa, procedimentos
5 intervencionais ou cirúrgicos são necessários. Para pacientes mais jovens e em boas condições físicas, particularmente com envolvimento da primeira divisão ou de todas as três divisões do nervo, a descompressão microvascular é recomendada. Para pacientes mais velhos, para aqueles que não demonstram ter compressão cruzada microvascular ou para aqueles que não estão dispostos a passar por uma craniectomia ( abertura cirúrgica do crânio ), a rizotomia térmica por radiofreqüência é provavelmente o próximo tratamento de escolha. Outras técnicas a serem consideradas incluem rizotomia ( queima da raiz nervosa ) com glicerol, compressão com balão, rizotomia trigeminal sensorial parcerial e neurectomia ( corte da raiz nervosa ) perférica. Por ser o tratamento inicial da doré medicamentoso, a terapia cirúrgica deverá ser considerada somente se o tratamento médico conservador falhar ou não for bem tolerado. Algumas formas de tratamento alternativas têm sido utilizadas com bons resultados, como terapias principais ou coadjuvantes às medicamentosas ou cirúrgicas. A fisioterapia ( eletromioestimulação Transcutânea e a laserterapia ), a crioterapia ( uso do frio ), a acunpuntura são exemplos destas. Sem dúvida alguma, esta doença é muito debilitante, trazendo ao paciente problemas de ordem emocional, social, profissional e familiar, alterando completamente sua capacidade produtiva, sobretudo quando não é bem diagnosticada, retardando assim o início do tratamento especializado.
6 É comum os pacientes com Neuralgia do trigêmeo se queixarem de dores na região bucal, inclusive em algum (ns) dente (s). Diante disto, o cirurgião dentista assume uma importância muito grande no diagnóstico inicial desta doença, devendo, após a suspeita diagnóstica, encaminhar o paciente ao neurologista para a confirmação do diagnóstico e o tratamento adequado.
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