CISTICERCOSE SUÍNA REVISÃO DE LITERATURA
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- Helena Damásio Faria
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1 CISTICERCOSE SUÍNA REVISÃO DE LITERATURA Amanda Sampietro Nogueira 1,Claudia Regina Chemin Borsoi 1, Jaqueline Hortência da Silva Barros 1, Orlando Cândido de Lara Neto 1, Glenda Maris de Barros Tartaglia 2 1 Faculdade Sudoeste Paulista, Avaré, São Paulo, Brasil. orlando_neto2009@hotmail.com 2 Faculdade Sudoeste Paulista, Avaré, São Paulo, Brasil. glendambt@yahoo.com.br 1 INTRODUÇÃO Atualmente, mesmo com a modernização da criação de suínos, é possível observarmos um evidente preconceito em relação ao consumo da carne suína, indicando que não apenas os fatores culturais ou religiosos, mas também a falta de conhecimento gera alguns mitos que influem diretamente no seu consumo (VIANA et at., 2012). A situação sanitária do rebanho suíno brasileiro é boa quando comparada à situação dos maiores países produtores de suínos. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne suína e também o quarto maior exportador (VIANA et at., 2012). Devemos ressaltar que a cisticercose suína é uma parasitose que está intimamente relacionada à falta de higiene, ao saneamento básico precário e ao baixo nível socioeconômico que induzem e permitem o acesso da população ao consumo de carne de procedência desconhecida, verduras e águas contaminadas (MENDEZ et al., 2005). A cisticercose suína, a teníase e a neurocisticercose humana são causadas pela Taenia sollium, bem como, são consideradas como grandes problemas de saúde pública. Consideradas endêmicas em muitos países, nos quais a persistência dessas zoonoses está relacionada a fatores culturais e socioeconômicos (SARTI et al., 2002), tais como, condições higiênico-sanitárias deficientes, sistemas precários de criação de suínos e não inspeção da carne, além da ausência de orientação à população para o consumo de alimentos potencialmente contaminados e, ainda, na carência de informações esclarecedoras sobre os efeitos da ingestão de alimentos contaminados. O complexo teníase-cisticercose é uma doença parasitária de alto potencial zoonótico causada por duas espécies de cestóide denominadas Taenia sollium, cujo hospedeiro intermediário é o suíno e Taenia saginata que apresenta o bovino como hospedeiro intermediário. O homem é o único hospedeiro definitivo, ou seja, que apresenta a forma adulta do parasita no intestino delgado. Nesse caso a maior preocupação com relação à saúde pública é o desenvolvimento da neurocisticercose, manifestação mais grave, cuja localização dos cisticercos é no sistema nervoso GERMANO (2008).
2 A cisticercose suína é doença ocasionada pelas larvas da Taenia sollium, que pode se localizar nos tecidos musculares e em vários órgãos como, pulmões, cérebro e coração de seu hospedeiro (CAVALINI, 2009). A cisticercose tem sido responsável por grandes prejuízos econômicos para pecuaristas e frigoríficos (SOUZA, 1997; LOBATO, 2008), principalmente por causa do descarte dos órgãos e carcaças parasitadas e da depreciação do valor da carne por ser destinada para salga, conserva ou congelamento. É de suma importância o desenvolvimento de um programa de sanidade animal, para o controle de enfermidades que causam perda de produção e produtividade à pecuária nacional e oferecem riscos à saúde do homem (LYRA., SILVA, 2002; FLISSER, 2006). Os suínos com cisticercose, não apresentam manifestações clínicas evidentes, notando a doença apenas nos abatedouros. Diante disso, fica evidente a importância de uma inspeção veterinária e um controle sanitário adequado, levando a um destino correto das carcaças e órgãos parasitados GERMANO (2008). O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão de literatura sobre Cisticercose Suína, ressaltando o consumo inadequado de carne contaminada e os graves prejuízos que pode acometer no hospedeiro intermediário e definitivo e destacando as medidas drásticas de inspeção e controle sanitário que devem ser feitos em criadores suínos. 2 MATERIAL E MÉTODOS No presente estudo foi realizada uma revisão sistemática da literatura disponível, ou seja, fontes primárias de informação como livros, artigos, teses, dissertações, monografias, revistas, folhetos explicativos do acervo particular do autores deste trabalho referentes ao assunto. Para isso, foram utilizadas as obras literárias pertencentes e disponíveis no acervo da Biblioteca Julia Chaddad, localizada na Faculdade Sudoeste Paulista, Avaré/SP, além de sites de busca como Lilacs, Scielo e Google. Os artigos foram escolhidos através das palavras-chave: cisticercose suína, Taenia sollium, Cysticercus cellulosaee teníase-cisticercose Foram revisadas a literatura científica e leiga em publicações do período de 1973 a 2008 e busca de artigos, sendo examinados 15, selecionados 8 e excluídos 7 devido não condizer com a proposta deste trabalho.
3 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES A espécie Taenia sollium é um helminto achatado, em forma de fita medindo habitualmente de 2 a 3 metros de comprimento, mas podendo atingir até 9 metros. O corpo deste cestóide é dividido em cabeça ou escólex, colo e estróbiolo ou corpo formado pelas proglótides (FORTES, 2004). A Taenia sollium apresenta um pescoço curto e delgado e em seguida uma cadeia de estróbilos, que são compostos por vários proglotes, sendo essa sua parte reprodutiva, ocorrendo a reprodução sexuada do verme (CAMPOS, 1994). Os ovos são bastante resistentes, principalmente quando envolvido por uma película de água, com isso podem permanecer nas fezes presente no solo por até um ano, o que facilita sua dispersão em qualquer ambiente. Além disso, também são resistentes a substâncias químicas, porém podem ser destruídos através de uma fervura acima de 90 ºC (FORTES, 2004). Sua duração no ambiente é de aproximadamente 12 meses (CÔRTES, 2000). Uma vez ocorrida à ingestão desses ovos pelo suíno, vão para o estômago, penetram na parede intestinal, então caem na circulação, onde as larvas são transportadas para os tecidos em um período de 2 a 4 meses, no qual se fixam e ficam envoltas por uma cápsula transparente, denominadas cisticercos (GERMANO, 2008). Para que o ciclo do parasito seja concluído e assim ele possa continuar persistindo na natureza, é necessário agora que haja a ingestão pelo homem, pela carne do suíno contaminado com os cisticercos viáveis. Com a ingestão da carne crua ou mal cozida, o homem se contamina e adquire a teníase, a partir das larvas que estavam dentro dos cisticercos. Tais larvas se aderem ao intestino e dão origem a parasitos adultos (Taenia sollium), completando então seu ciclo de vida e pronto para uma nova contaminação (MOLIN, 2005; PINTO, 2004). A via de transmissão e pela forma horizontal indireta, através da ingestão de alimentos contaminados contendo fezes com ovos viáveis, pelos hospedeiros adequados, no caso da Cysticercus cellulosae são os suínos e javali ou por hospedeiro acidental, o homem (MOLIN, 2005). Os locais freqüentemente parasitados pelo Cysticercus cellulosae são os que possuem intensa irrigação, por uma atividade funcional maior, como músculos mastigadores (masseter), sistema nervoso, musculatura esquelética, diafragma, língua, coração e globo ocular (CÔRTES, 2000; FORTES, 1997; TAKAYANAGUI, 1998).
4 Nos suínos e humanos, o Cysticercus cellulosae, pode sobreviver por vários anos. A condição de saúde do hospedeiro também interfere na vida do cisticerco, onde algumas doenças aceleram a morte do parasita e sua calcificação (CÔRTES, 2000). Os sintomas da cisticercose em seus hospedeiros de uma forma geral são silenciosos e se verificam quando a infestação é muito intensa ou, também, atrapalham o funcionamento de órgãos vitais (CÔRTES, 2000). Nos suínos, durante a invasão dos embriões, pode ocorrer uma enterite na mucosa intestinal, seguidas de cólicas e tensão da parede abdominal, podendo levar a dores na palpação. Quando começa sua disseminação, as manifestações podem se apresentar por dispersão dos embriões nos tecidos, levando a uma dificuldade de apreensão dos alimentos, acarretando uma má nutrição e até mesmo problemas neurológicos, mais geralmente não ocorre, além disso, os animais são abatidos antes que os sintomas se desenvolvam. Outros sinais também podem ocorrer, como paralisia de língua, sensibilidade do focinho, emagrecimento e convulsões (PINTO 2004; CÔRTES, 2000). Na espécie humana, a manifestação clínica é variável. Geralmente apresentam febre, cólica, fraqueza muscular, náuseas, perda de peso, diarréia e constipação. Sintomas mais graves dependem do número de larvas e do local acometido. No caso de cistos no globo ocular, pode levar a cegueira do indivíduo e mais grave que isso é a neurocisticercose, pois sua localização cerebral leva a episódios convulsivos, quadros de encefalite, aumento da pressão intracraniana, confusão mental e óbito (CÔRTES, 2000; VALADARES, 1997). O diagnóstico no suíno tratar-se de uma doença silenciosa, torna-se deficiente seu diagnóstico, pois não produzem manifestações clínicas visíveis, o que também acaba implicando no controle dessas infecções. No entanto o diagnóstico da cisticercose suína baseia-se principalmente nas linhas de inspeção dos frigoríficos, através da inspeção post-mortem, consistindo na detecção visual dos cisticercos que encontram-se alojados em vísceras de eleição pelo Cysticercus cellulosae, como o coração, língua, masseter e diafragma, além de algumas outras partes da musculatura PINTO (2004). O diagnóstico feito em humanos exige uma grande cautela, o paciente deve fazer um monte de exames pra concluir um diagnóstico confiável (CÔRTES, 2000). Em pessoas portadoras da teníase, o diagnóstico é realizado freqüentemente através de exames coproparasitológicos, visualizando os ovos. Assim como também podem ser vistos os proglotes nas fezes, porém esses dois métodos possuem baixa
5 especificidade, por esses ovos serem indistinguíveis microscopicamente com o de outras espécies (GERMANO, 2008). O controle da infecção por Taenia sollium deve basear-se no tratamento dos homens contaminados e em medidas de saneamento básico, a fim de que os suínos não tenham acesso aos dejetos do homem (SOBESTIANSKY, 1999). Além disso, toda carne consumida deve ser inspecionada diariamente nos frigoríficos e matadouros por técnicos e médicos veterinários. Essa inspeção é feita no coração, músculos mastigadores, faringe, esôfago e língua. As carcaças com poucos cisticercos são reaproveitadas, a rejeição total se dá quando a infecção é intensa (REY, 1973). 4 CONCLUSÕES A Cisticercose é uma doença que pode ser evitada facilmente mantendo a higiene nas granjas de suínos, toda a carne suína deve ser inspecionada em matadouros e frigoríficos, destacando o grande papel de médicos veterinário, ajudando a combater esse grave parasita.a Cisticercose suína, a teníase e a neurocisticercose humana são causada pela Taenia sollium, são grandes problemas da saúde pública, sendo a mais preocupante é neurocisticercose, cuja sua localização é no sistema nervoso, ela pode levar a episódios convulsivos, aumento da pressão intracranianaa, confusão mental, quadros de encefalite e óbito.como o homem é o hospedeiro definitivo dessa doença ele deve tomar todas as medidas preventivas ao combate dessa infecção, ou através de boa educação sanitária. É muito importante o controle e inspeção sanitária em todos os criadores de suínos e o tratamento dos homens contaminados, a fim de que suínos não tenham acessos aos dejetos do homem. 5 REFERÊNCIAS CAMPOS, C. A. M. Roteiro ilustrado de parasitologia: Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1082p CAVALINI, A. C; NEVE, M. F; Cisticercose em Suínos, Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária ISSN: , Ano VII, Número 12, Periódicos Semestral, Janeiro de CÔRTES, José de Angelis. Complexo Teníase Humana-Cisticercose Bovina e Suína: Cisticercose Bovina e Suína. Rev. Educ. contin.crmv SP. São Paulo, vol. 3, fascículo 2, 2000, p FLISSER, A.; RODRÍGUEZ-CANUL, R.; WILLINGHAM, A.L. Control of the taeniosis/cysticercosis complex: future developments. VeterinaryParasitology, n. 4, v.139, p , FORTES E.,Parasitologia Veterinária.3 ed., Ícone: São Paulo, p. 686.
6 GERMANO, L. M. P.; GERMANO, S. I. M. Higiene e vigilância Sanitária de alimentos: 3ª ed. São Paulo, editora Manole, Cap.21 p LOBATO, J.C.V. A Cisticercose e o consumo da carne suína. Especialização Lato sensu em Higiene e Inspeção de produtos de Origem Animal. Vitória, 35p, LYRA, T.M.P.; SILVA, J.A. O componente social e sua importância na planificação em saúde animal. Revista CFMV, v. 8, n. 26, p, MENDES, E C.; SILVA, SCINTILLA S.; FONSECA, E. A. LA TEREZA; SOUZA, HILIANA R. R.; CARVALHO, R.W. A Neurocisticercose Humana na Baixada Fluminense, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Rev. Arquivo Neuropsiquiatria, 2005, 63(4): p ISSN X. MOLIN, C. D.; SILVEIRA, S. M. Ocorrência de cisticercose suína e bovina em animais abatidos no município de Realeza, Paraná sob serviço de inspeção municipal: Higiene alimentar. v. 19, n. 133, p , PINTO, P. S. A.; MONTEIRO, L. L.; DIAS, F. S; PINTO, M. S. Cisticercose suína: aspectos clínicosepidemiologicos, imunodiagnóstico e controle. Bioscience - journal. v. 20, n.3, p , REY, L. Parasitologia. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, p.695, SARTI, G, E.; SCHANTZ, P. M.; AGUILLERA, J.; LOPEZ, A. Epidemiologic observations on porcine cysticercosis in a rural community of Michoacan state, Mexico. VeterinaryParasitology 41, p , SOBESTIANSKY, J. Clinica e Patologia Suína. 2ed, Goiana p.464, SOUZA R. M., ANTUNES C. F., GUATIMOSIM C. B., RIBEIRO R. M. P., OLIVEIRA A. L., SANTOS W. L. M. A importância do serviço de Inspeção Federal na vigilância sanitária de alimentos cisticercose bovina. Higiene Alimentar, v. 11, n. 48, p TAKAYANAGUI, O.M. Aspectos Clínicos da neurocisticercose: análise de 500 casos. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto VALADARES, M.D.M. Complexo teníase/ cisticercose. Revista brasileira de parasitologia veterinária. V.6, p.1 62, VIANNA, LG, MACEDO, V., COSTA, JM. Cisticercose músculo-cutânea e visceral doença rara. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v.33, 2004.
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