Apenas para ilustrar, vejam o julgado do Colendo Tribunal Superior do Trabalho:

Transcrição

1 1 de 5 30/09/ :47 PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 07ª REGIÃO 13ª Vara do Trabalho de Fortaleza ACP AUTOR: SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE FORTALEZA RÉU: CONDOMINIO DO SHOPPING CENTER IGUATEMI, CENTRO EMPRESARIAL VIA SUL LTDA - ME, ADMINISTRADORA NORTH SHOPPING FORTALEZA LTDA, ASSOCIACAO DO CONDOMINIO DO NORTH SHOPPING PARANGABA, CONSORCIO SHOPPING PARANGABA, CENTRO EMPRESARIAL DEL PASEO, CONDOMINIO SHOPPING ALDEOTA EXPANSAO, CONDOMINIO SHOPPING BENFICA, CONDOMINIO PATIO DOM LUIS, GRAND SHOPPING MESSEJANA, SUBCONDOMINIO SHOPPING CENTER RIOMAR FORTALEZA DECISÃO Vistos etc. O SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE FORTALEZA ajuizou Ação Civil Pública em face de CONDOMINIO DO SHOPPING CENTER IGUATEMI, VIA SUL SHOPPING, NORTH SHOPPING, ASSOCIAÇÃO DO CONDOMÍNIO NORTH SHOPPING JÓQUEI, CONSÓRCIO SHOPPING PARANGABA, SHOPPING DEL PASEO, SHOPPING ALDEOTA, SHOPPING BENFICA, GRAND SHOPPING MESSEJANA E PÁTIO DOM LUÍS, alegando, em síntese, que os promovidos, durante o próximo dia 02 de outubro do corrente ano, dia das eleições municipais, pretendem "manter abertas as suas lojas em Fortaleza, ou seja, tencionam impor aos seus empregados o labor em tal dia, não obstante ser feriado nacional, descumprindo o disposto em convenção coletiva de trabalho, visto que tal data não restou acordada como dia de trabalho em feriado, impondo óbice ao livre exercício do consagrado direito ao voto, principalmente àqueles empregados que possuem domicílio eleitoral em outros municípios, com vistas à obtenção de mais ganhos e lucros, o que, inclusive, é discutível devido ao grande esvaziamento da cidade neste período" Pelas razões acima postula a concessão de medida liminar, "inaudita altera pars" para que os promovidos "se abstenham de autorizar, determinar e/ou exigir labor de seus empregados em todas as suas dependências nos dias 02 e 30 de outubro do corrente ano, (este último na hipótese de haver segundo turno das eleições para Prefeito e Vice-Prefeito), ou mesmo de funcionar em tais dias, sob pena de multa diária na referência de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por trabalhador prejudicado, a ser revertida em benefício do próprio obreiro, sem prejuízo da multa administrativa prevista no art. 75 da CLT, em favor da União, bem como da própria multa estabelecida na aludida convenção coletiva". De acordo com o artigo 300 do Novo Código de Processo Civil (Lei /2015), "a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo." Inicialmente, passo a analisar se os dias em que se realizarão as eleições municipais (02/10/2016 e 30/10/2016, caso haja segundo turno) são caracterizados como feriados e se há

2 2 de 5 30/09/ :47 vedação legal para o funcionamento do comércio no referido período. Em se tratando de data marcada para realização de eleição, o artigo 380 do Código Eleitoral deixa claro que é feriado o dia do pleito eleitoral, nos seguintes termos: Art Será feriado nacional o dia em que se realizarem eleições de data fixada pela Constituição Federal; nos demais casos, serão as eleições marcadas para um domingo ou dia já considerado feriado por lei anterior. (destaques nossos) A Lei nº , de 5/12/2007, por sua vez, acrescentou o artigo 6º-A à Lei nº /2000, estipulando, de forma inequívoca, que o trabalho de comerciários em feriados somente será permitido mediante expressa previsão em convenção coletiva de trabalho e, ainda, desde que a legislação municipal permita o funcionamento do comércio nesses dias. É pertinente a transcrição do referido dispositivo: "Art. 6º-A. É permitido o trabalho em feriados nas atividades do comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição" Como se vê, o dia de eleição é considerado feriado pelo Código Eleitoral e o funcionamento do comércio, em tais dias, consoante dispositivos acima transcritos, só é permitido se autorizado em convenção coletiva de trabalho. São inúmeras as decisões da Justiça do Trabalho, no sentido de que o trabalho de comerciários em feriados só pode ser exigido se previsto em convenção coletiva de trabalho. Apenas para ilustrar, vejam o julgado do Colendo Tribunal Superior do Trabalho: "RECURSO DE REVISTA - TRABALHO EM FERIADOS CONVENÇÃO COLETIVA ART. 6º-A DA LEI Nº / Assegurado pela Lei nº /2000 o funcionamento do comércio aos domingos e feriados, não subsiste fundamento para a observância do rol de atividades desse ramo previsto no Decreto nº /49, regulamentador da Lei nº 605/49, porquanto esta norma dispõe acerca do repouso semanal remunerado para os empregados em geral, ao passo que existe autorização em lei nova e específica para o trabalho aos domingos dos empregados no comércio. Assim, não há como afastar a aplicação da Lei nº /2000, em face da Lei nº 605/1949. Precedente. 2. O art. 6º-A da Lei nº /2000 instituiu dois requisitos cumulativos para a realização de trabalho em feriados nas atividades de comércio: i) autorização em convenção coletiva e ii) observância da legislação municipal. 3. Na espécie, restou incontroversa a inexistência de convenção coletiva. 4. Não estando preenchidos os requisitos do art. 6-A da Lei nº /2000, é inviável o trabalho aos feriados. Recurso de Revista conhecido e provido." (TST - Oitava Turma - Processo nº RR -

3 3 de 5 30/09/ : DEJT de 16/4/ grifamos). Com efeito, a Convenção Coletiva de Trabalho 2016, CLÁUSULA SEXAGÉSIMA NONA- ABERTURA NOS FERIADOS (ID c018ce7 - Pág. 19) dispõe que: "Fica facultado o funcionamento dos estabelecimentos comerciais albergados pelas entidades patronais signatárias deste instrumento nos feriados a seguir determinados: dia 19 de março de 2016,, 26 de maio de 2016, dia 12 de outubro de 2016 e dia 15 novembro de 2016.". Conclui-se pela norma coletiva acima transcrita que não há previsão para o trabalho de comerciários nos feriados correspondentes aos dias de realização das eleições municipais: dia 02/10/2016 e dia 30/10/2016(se houver segundo turno). Cumpre salientar, que a Resolução nº Petição nº 2.275, de 25/9/2006, do Colendo Tribunal Superior Eleitoral, no sentido de que é possível o funcionamento do comércio no dia das eleições, não pode mais ser levada em consideração, tendo em vista que foi proferida anteriormente ao advento da Lei nº , que data de 5/12/2007. Nesse sentido, os seguintes julgados: "EMENTA: COMÉRCIO VAREJISTA - FUNCIONAMENTO EM FERIADOS - INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO EM NORMA COLETIVA - IMPOSSIBILIDADE - De acordo com o art. 6º da Lei /00, com a redação dada pela Lei /07, é permitido o trabalho nas atividades de comércio em geral em feriados, desde que haja expressa autorização em convenção coletiva, observada a legislação municipal. Tais normas não revogaram a Lei nº 605/49 e o respectivo Decreto regulamentador. Todavia, assegurado pela Lei nº /2000 o funcionamento do comércio aos domingos e feriados, não subsiste fundamento para a observância do rol de atividades desse ramo previsto no Decreto nº /49, na medida em que esta norma dispõe acerca do repouso semanal remunerado para os empregados em geral, ao passo que existe autorização de lei nova e específica para o trabalho aos domingos dos empregados no comércio, dependendo o labor em feriados do atendimento prévio aos mencionados requisitos. Desta feita, inexistindo prova nos autos de autorização em norma coletiva para o funcionamento das reclamadas em feriados, há de ser mantida a decisão de origem que determinou que elas se abstenham de exigir de seus empregados o labor nessas ocasiões." (TRT da 3.ª Região; Processo: RO; Data de Publicação: 09/12/2010; Órgão Julgador: Turma Recursal de Juiz de Fora; Relator: Rogerio Valle Ferreira; Revisor: Jose Miguel de Campos; Divulgação: 07/12/2010. DEJT. Página 304) "TRABALHO EM FERIADO. ELEIÇÕES MUNICIPAIS. OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER. ASTREINTES. A interpretação sistemática do artigo 380 do Código Eleitoral leva ao reconhecimento de que os dias de eleições municipais também devem ser considerados

4 4 de 5 30/09/ :47 feriados. Assim, por força da Lei nº /2000, artigo 6º A, inexistindo lei municipal, o trabalho em tais dias depende de expressa autorização em convenção coletiva de trabalho. Descumprido este comando legal, justifica-se o comando judicial para que o empregador se abstenha de utilizar a mão de obra de seus empregados em feriados não autorizados por lei ou norma coletiva, sob pena de multa pecuniária (astreintes). Em caso de prestação laboral em tais dias, sem compensação, o empregado faz jus ao seu pagamento, aos moldes previstos no artigo 9º da Lei nº 605/1949 e na Súmula nº 146 do TST, não se justificando o deferimento da indenização, com fulcro nos artigos 186 e 927, ambos do CC. (Acordao do processo (RO) Data: 03/10/2013, Redator: João Alfredo Borges Antunes De Miranda)" Portanto, considerando que não há previsão na Convenção Coletiva 2016/2016 para o trabalho nos dias 02/10/2016 e 30/10/2016 e que o SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE FORTALEZA apresentou anúncios de funcionamento de shoppings da cidade de Fortaleza(Ids-ff54cc5 e 98c34a8), concedo, a tutela de urgência, para o fim de determinar que os promovidos - CONDOMINIO DO SHOPPING CENTER IGUATEMI, VIA SUL SHOPPING, NORTH SHOPPING, ASSOCIAÇÃO DO CONDOMÍNIO NORTH SHOPPING JÓQUEI, CONSÓRCIO SHOPPING PARANGABA, SHOPPING DEL PASEO, SHOPPING ALDEOTA, SHOPPING BENFICA, GRAND SHOPPING MESSEJANA E PÁTIO DOM LUÍS- se abstenham de autorizar, determinar e/ou exigir labor dos empregados representados pelo SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMERCIO DE FORTALEZAe desde que albergados pelas entidades patronais signatárias da Convenção Coletiva de Trabalho 2016/2016, nos dias das eleições municipais, marcadas para 02/10/2016 e 30/10/2016, se houver segundo turno. A não observância a esta ordem judicial implicará em cominação de multa no valor de R$1.000,00 por cada empregado que trabalhar, cuja destinação será oportunamente decidida, em diálogo com o Ministério Público do Trabalho. Notifique-se o Ministério Público do Trabalho. Notifiquem-se as partes demandadas, por MANDADO ESPECIAL, para ciência e cumprimento da presente decisão, bem como para apresentarem defesa, no prazo legal. Cientifique-se a parte autora. FORTALEZA, 30 de Setembro de 2016 KARLA YACY CARLOS DA SILVA Juiz do Trabalho Substituto

5 5 de 5 30/09/ :47 Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: [KARLA YACY CARLOS DA SILVA] /ConsultaDocumento/listView.seam