Diarreia de leitões na maternidade
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1 Diarreia de leitões na maternidade Autor: Professor Carlos Alexandre Oelke Universidade Federal do Pampa Campus Itaqui É muito comum observar em granjas produtoras de suínos que cerca de 70% dos casos de mortalidade de leitões ocorrem na primeira semana de vida, sendo as principais causas o esmagamento, a inanição e os problemas entéricos. Assim, esta nota tem como objetivo destacar quais são as principais causas de diarréias que acometem os animais na maternidade e as principais medidas preventivas. Primeiramente, é importante se estabelecer um mapa sanitário do período em que os animais permanecem no setor de maternidade, observando as principais doenças e as fases que essas doenças costumam surgir (Quadro 1). Quadro 1. Principais enterites na maternidade segundo a idade. Fonte: RISTOW (2012). Colibacilose (Escherichia Coli) A colibacilose neonatal é uma infecção caracterizada pela produção de enterotoxinas no intestino. É comum se observar uma alta taxa de mortalidade dos leitões entre as 4 e 24 horas após o nascimento. Os leitões acometidos por essa doença apresentam fezes aquosas e com coloração amarelada (Figura 1).
2 Figura 1. Leitão com fezes líquidas (Fonte: SOBESTIANSKY e BARCELLOS, 2007). A limpeza e desinfecção das instalações são fundamentais para a prevenção da doença, além disso, a sela parideira e o escamoteador devem ser mantidos secos. Também, como medida preventiva pode-se destacar a vacinação das porcas e leitoas. Quanto ao uso de antibióticos, o médico veterinário deverá ser consultado. Alguns antibióticos como colistina, enrofloxacina, neomicina e florfenicol são utilizados no tratamento dos animais com boas respostas. Enterotoxemia (Clostridium perfringes Tipo C) A enterotoxemia é causada pelo agente Clostridium perfringens Tipo C. Nos animais acometidos, se observa uma diarreia hemorrágica na primeira semana, e geralmente está relacionada a uma alta taxa de mortalidade e retardo no crescimento dos animais. Limpeza e desinfecção das instalações são processos importantes para a prevenção da doença, além disso, a sela parideira e o escamoteador devem ser mantidos secos. Também, como medida preventiva pode-se destacar a
3 vacinação das porcas e leitoas, pois não há uma resposta muito eficiente no tratamento com antibióticos, assim a prevenção é fundamental. Rotavirose (Rotavírus Suíno) Essa doença causa nos animais anorexia, vômitos e diarreia, e geralmente aparece entre as duas e seis semanas de idade, apresentando uma alta taxa de morbidade e média de mortalidade. A diarreia é geralmente amarelada ou branca líquida no início, e após algumas horas, torna-se cremosa ou pastosa, antes de voltar ao normal. Geralmente os leitões recuperam-se entre três ou quatro dias após o surgimento da diarreia, mas em alguns casos esta pode persistir durante duas semanas. Limpeza e desinfecção das instalações são processos importantes para a prevenção da doença, além disso, a sela parideira e o escamoteador devem ser mantidos secos. Como tratamento, recomenda-se o uso de soluções hidratantes, sendo que o uso de antibiótico é feito apenas para se evitar as infecções secundárias. Coccidiose (Isospora Suis) É caracterizada por uma diarreia não hemorrágica, amarelada, fétida e não responsiva a antibióticos, sendo causada por um protozoário. O aparecimento desta doença ocorre geralmente entre o 5º e o 15º dia de idade. É caracterizada como uma enfermidade de alta taxa de morbidade, porém com baixa mortalidade. O surgimento da coccidiose nos animais prejudica seu estado geral de saúde, podendo, assim, ser uma porta de entrada para o aparecimento de infecções secundárias. A coccidiose causa atrofia das vilosidades, erosão da mucosa e enterite.
4 Figura 2. Animal com diarreia característica (Fonte: autor). Figura 3. Aspecto da diarreia causada por coccidiose (Fonte: autor). A limpeza e desinfecção das instalações são procedimentos importantes para a prevenção dessa doença. Em granjas com histórico da doença, a utilização de produtos a base de Toltrazuril (20 mg/kg) pode ser uma medida de evitar o surgimento de coccidiose. Para a aplicação do Toltrazuril, se recomenda prenderem os leitões no escamoteador por 20 min após a mamada, aplicar o produto e manter fechados no escamoteador por mais 20 min.
5 Considerações finais Abaixo segue a sugestão de um protocolo de vacinação com base nas doenças vista anteriormente. Vale ressaltar a importância de consultar um médico veterinário para se avaliar as especificidades da granja. Vacina Doença Etiologia Categoria Fase Dose Enterotoxemia Clostridium Porcas: Ver na bula do Disponíveis 100 dias de gestação medicamento no mercado Colibacilose Escherichia coli Gestação Leitoas: Agulha: 40 x 45 Rotavirus 1a dose: 80 dias de gestação 2a dose: 100 dias de gestação e/ou Vacina Doença Etiologia Categoria Fase Dose Enterotoxemia Clostridium Porcas: Ver na bula do Disponíveis 100 dias de gestação medicamento no mercado Colibacilose Escherichia coli Gestação Leitoas: Agulha: 40 x 45 1a dose: 80 dias de gestação 2a dose: 100 dias de gestação Outro aspecto importante é a assistência aos leitões recém-nascidos, sendo fundamental o acompanhamento das primeiras mamadas, principalmente dos leitões pequenos, garantindo que os mesmos consumam o colostro. Além disso, o excesso de leite (colostro) pode ser retirado (figura 4) e congelado para ser posteriormente utilizado em leitões fracos. O conteúdo coletado pode ser armazenado em recipiente plástico, por exemplo, nos frascos de sêmen, após esses serem higienizados. Para utilizar o produto, descongele-o e aqueça em banho-maria a 34 o C.
6 Figura 4. Retirada do leite (colostro), que pode ser fornecido imediatamente aos animais fracos ou congelado (Fonte: Autor). Nessa nota, alguns elementos importantes para o controle microbiológico das salas de maternidade não foram mencionados, como é o caso da utilização da vassoura de fogo. Quando as instalações permitem o seu uso, é uma aliada importante no controle de patógenos, principalmente da Isospora suis. Referências Bibliográficas ALBERTON, G.C.; ZOTTI, E.; ALFIERI, A.F. et al. Tópicos em Sanidade e Manejo de Suínos. Campinas:Sanphar. Sorocaba:Curuca Consciência Ecológica p.360. RISTOW, L.D. Doenças Entéricas dos Suínos. Disponível em: Acesso em 22/06/2012. SOBESTIANSKY, J.; BARCELLOS, D. Doenças dos Suínos. Goiânia:Cânone Editorial p.770.
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