Interpretação de dados magnéticos do Projeto Rio do Sangue, Mato Grosso.
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- Benedita de Andrade Van Der Vinne
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1 Interpretação de dados magnéticos do Projeto Rio do Sangue, Mato Grosso. Loiane Gomes de Moraes UnB/IG-LGA, Roberto Alexandre Vitória de Moraes HGeo InterGeo e Augusto César Bittencourt Pires UnB/IG-LGA Copyright 2007, SBGf - Sociedade Brasileira de Geofísica This paper was prepared for presentation at the 10 th International Congress of The Brazilian Geophysical Society held in Rio de Janeiro, Brazil, November Contents of this paper were reviewed by the Technical Committee of the 10 th International Congress of the Brazilian Geophysical Society and do not necessarily represent any position of the SBGf, its officers or members. Electronic reproduction, or storage of any part of this paper for commercial purposes without the written consent of the Brazilian Geophysical Society is prohibited. Abstract This paper presents some results of an extensive processing, interpretation and geological integration campaign of airborne magnetic field data. It comprised data from the sampling of linear kilometers of profiles, spaced 2 km apart, covering an area of km 2 in northwest Mato Grosso State (Rio do Sangue Project, DNPM/DGM/CPRM). Transformed and interpretation products allowed the mapping of magnetic structures and domains. The integration of geophysical and geological information leads to the get a better picture of the spatial structural framework present in the surveyed area. Introdução A região estudada compreende a área do Projeto Rio do Sangue ( - referência 1037), localizada na porção noroeste do Estado de Mato Grosso. Por ser uma região onde predominam as florestas (prosseguimento da Floresta Amazônica), é área de difícil acesso. Esses fatores contribuem para que a geologia da área seja pouco estudada e, consequentemente, pouco conhecida. Informações sobre o arcabouço tectônico e unidades litoestruturais podem ser obtidas através do processamento e interpretação de dados magnéticos, pois o campo magnético, em geral, não é afetado pela presença de solos e outras coberturas que possam impedir ou dificultar o mapeamento geológico. Este fato permite uma interpretação de forma sistemática e contínua de feições que possibilitam um melhor discernimento sobre a geologia de áreas com tais características. Localização A área estudada (Figura 1) localiza-se na porção noroeste do Estado de Mato Grosso. Situa-se, geologicamente, na parte sudoeste do Cráton Amazônico, no domínio da Província Geocronológica Rio Negro-Juruena (Tassinari & Macambira, 1999). Esta província é constituída por uma zona intensa de ocorrência de granitos e migmatitos, desenvolvida através de uma sucessão de arcos magmáticos de idades entre 1,8 e 1,55 Ga (Tassinari & Macambira, 2004). O embasamento da província é composto por gnaisses, granodioritos, tonalitos, migmatitos, granitos e anfibolitos (Tassinari & Macambira, 2004). As direções estruturais predominantes são NW-SE, cortadas em algumas áreas por estruturas NE-SW (Tassinari & Macambira, 2004). Ocorrem granitóides produzidos por eventos posteriores de anatexia intrudindo o embasamento (Tassinari & Macambira, 2004). A área é reconhecida pelas ocorrências de ouro, metais base e diamante. O ouro e metais base como cobre, zinco e chumbo encontram-se em corpos mineralizados que formam o Depósito de Sulfeto Polimetálico da Serra do Expedito (Néder et al., 2000) também conhecido como Depósito Polimetálico de Aripuanã. O diamante é encontrado na área tanto em depósitos do tipo placer quanto em corpos kimberlíticos associados principalmente à Província Diamantífera de Juína. Dados Magnéticos As informações geofísicas usadas neste trabalho fazem parte do projeto Rio do Sangue (DNPM/DGM/CPRM) de Compreendem km de perfis, com linhas de vôo espaçadas de 2 km, com direção N-S e linhas de controle espaçadas de 20 km com direção E-W, distribuídas numa área com km 2. Os vôos usados na amostragem acompanharam a topografia local (drape flight) a uma altura nominal de 150 m, com medições tomadas a cada segundo (CPRM, 2007). Métodologia Foi gerado um conjunto de etapas e fases seguidas da geração das imagens magnéticas com objetivo de que estas representassem os dados nos quais se basearam. Os dados de gamaespectrometria foram processados utilizando-se o software OASIS/MONTAJ, versão (Geosoft TM, 1998). Os produtos com as interpretações e integrações feitas foram gerados no ArcView GIS, versão 3.3 (ESRI TM, 2002), do Laboratório de Geofísica Aplicada da UnB.
2 MAGNETOMETRIA DO PROJETO RIO DO SANGUE 2 Figura 1 Localização e Geologia da Área do Projeto Rio do Sangue. A metodologia seguida pode ser agrupada nas seguintes etapas: foram feitos testes gerais de consistência das informações contidas nos arquivos digitais usados (banco de dados do Geosoft (.gdb)), constando de plotagens para exame dos resultados gravados e detecção de alguma irregularidade objetivando um controle adicional sobre a qualidade dos dados; foram realizadas interpolações em malhas regulares com células quadráticas de 500 metros de lado. Depois de ensaiados vários algoritmos interpoladores disponíveis, o que ofereceu o melhor resultado foi o baseado na Curvatura Mínima; As imperfeições notadas (corrugações) foram corrigidas, objetivando homogeneizar a representação espacial dos dados interpolados. Foram usadas técnicas de micronivelamento (Minty, 1991) e de decorrugação (Geosoft, 1996). O processamento consistiu da geração de uma série de temas usados para a interpretação. Estes temas estão relacionados a seguir: Campo Magnético Residual (CMR) (Figura 2); Amplitude do Sinal Analítico do CMR (Figura 3); Inclinação do Sinal Analítico do CMR (Figura 4); Derivada Vertical do CMR (Figura 5); Amplitude do Gradiente Horizontal Total do CMR (Figura 6); Redução ao Pólo do CMR (Figura 7); Pseudogravidade do CMR (Figura 8). Figura 2 Imagem do Campo Magnético Residual (CMR).
3 MORAES, L. G., MORAES, R. A. V. E PIRES, A. C. B. 3 Figura 3 Imagem da Amplitude do Sinal Analítico do CMR. Figura 6 Imagem da Amplitude do Gradiente Horizontal Total do CMR. Figura 4 Imagem da Inclinação do Sinal Analítico do CMR. Figura 7 Imagem da Redução ao Pólo do CMR. Figura 5 Imagem da Derivada Vertical do CMR Figura 8 Imagem da Pseudogravidade do CMR.
4 MAGNETOMETRIA DO PROJETO RIO DO SANGUE 4 Interpretação e Integração Esta fase compreendeu os seguintes passos: análise do CMR na área do projeto; estudo dos temas gerados a partir do CMR para a caracterização dos domínios magnéticos e extração de feições lineares importantes no contexto da área; definições do arcabouço estrutural e dos domínios magnéticos presentes na área. A imagem do CMR (Figura 2) mostra o complexo conjunto de assinaturas magnéticas que representam o relevo magnético. Observam-se bandas magnéticas com diferentes intensidades de magnetização que são caracterizadas pelas alternâncias de bandas com valores magnéticos baixos (azul) e altos (vermelho). Esta imagem reflete a combinação dos sinais provenientes de fontes magnéticas de dimensões e profundidades diferentes. Na imagem da redução ao pólo nota-se que a porção central da área tem níveis medianos de intensidade de campo (magnetização) e delimita a forte transição entre níveis altos de magnetização na parte sudoeste e níveis baixos na parte nordeste. Esta transição caracteriza-se pela orientação NE-SW. O estudo integrado das texturas e estruturas das imagens do CMR, da amplitude do sinal analítico, da redução ao pólo e da pseudogravidade permitiu verificar uma série de domínios que representam as características das diferentes fontes de assinaturas anômalas que formam o relevo magnético observado (Figura 9). Ao todo foram delimitados 5 domínios detalhados na tabela a seguir (Tabela 1). Tabela 1 Tabela com a classificação dos domínios magnéticos Domínio Amplitude Relativa das Assinaturas Magnéticas 1 Baixa 2 Média-Baixa 3 Média 4 Média-Alta 5 Alta Figura 10 Mapa das Estruturas Magnéticas Interpretadas. O mapa das estruturas magnéticas interpretadas (Figura 10) mostra orientações predominantes NW-SE e NE-SW. No mapa de domínios e estruturas magnéticas interpretadas (Figura 11) observa-se que alguns lineamentos acompanham o traçado de certos domínios, representando uma forte relação entre ambos. Figura 9 Mapa dos Domínios Magnéticos. Figura 11 Mapa dos Domínios e Estruturas Magnéticas Interpretadas.
5 MORAES, L. G., MORAES, R. A. V. E PIRES, A. C. B. Agradecimentos A primeira autora agradece ao CNPQ pelo financiamento da pesquisa, à CAPES pelo apoio dado através da bolsa de mestrado que desenvolve no Laboratório de Geofísica Aplicada do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (LGA - IG/UnB) e à CPRM pela cessão dos dados aerogeofísicos usados nesta dissertação (Projeto Rio do Sangue). Referências Blum, M. L. B., 1999, Processamento e interpretação de dados de geofísica aérea no Brasil central e sua aplicação à geologia regional e à prospecção mineral: Tese de Doutorado, UnB. 5 Figura 12 Comparação entre o Mapa Geológico da Área e o Mapa de Domínios Magnéticos. Na Figura 12 é possível analisar e comparar o mapa geológico com o mapa de domínios da área. Algumas unidades geológicas podem ser associadas aos domínios interpretados para a região. As unidades que apresentam essa relação com maior destaque são: Grupo Roosevelt e Formação Dardanelos, associados aos domínios 3 e 5; Formação Dardanelos (Unidade 3) cuja área no mapa de domínios é representada por variação que vai do domínio 1 ao 5; Suíte Intrusiva São Pedro situada na região de limite entre os domínios 1 e 5; e a porção central da área, formada principalmente pelas Formações Fontanillas e Juara, que associa-se ao domínio 2. CPRM, 2007; acessado em 8 fevereiro de GEOSOFT, 1996, MAGMAP 2-D; Frequency domain processing: Canadá, GEOSOFT Inc. (2004) Minty, B. R. S., 1991, Simple micro-levelling for aeromagnetic data: Expl. Geoph., 22, Neder, R. D.; Figueiredo, B. R.; Collins, C. ; Leite, J. A. D., The Expedito massive sulfide deposit, Mato grosso. Revista Brasileira de Geociências, Rio de Janeiro, v. 30, n. 2, p Tassinari, C. C. G., e Macambira, M., J., B., Geochronological Provinces of the Amazonian Craton. Episodes, USA, v. 22, n. 3, p Tassinari, C. C. G., e Macambira, M., J., B, A Evolução tectônica do Cráton Amazônico. In: Mantesso-Neto, V., Bartorelli, A., Carneiro, C.D.R. and Brito Neves, B.B. (Eds.), Geologia do Continente Sul-Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida. Ed. Beca, São Paulo p. Conclusões Em termos gerais, o que foi observado é que os mapas de domínios e estruturas magnéticas permitiram delinear algumas unidades e lineamentos coincidentes em escala regional à unidades geológicas conhecidas na área. Porém, pode-se notar que seus contornos ficam mais bem definidos e há uma série de detalhes não existentes na cartografia geológica em foco. Assim, com a interpretação dos dados magnéticos da área, foi possível mapear feições magnéticas associadas a rochas supracrustais aflorantes na região e esboçar um quadro com as variações nas assinaturas magnéticas que deve ser melhor estudado.
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