COLÉGIO PEDRO II CAMPUS TIJUCA II
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- Luiz Eduardo Vasques Peres
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1 IMUNIDADE (do latim immunitas) é um termo que significa proteção contra a enfermidade, e mais objetivamente enfermidade infecciosa. É a capacidade de um organismo de reagir a uma agressão externa (por exemplo, uma infecção bacteriana), mantendo-se saudável e em equilíbrio homeostático. Envolve a ação de células de defesa (leucócitos de vários tipos) e de compostos químicos proteicos diversos. COLÉGIO PEDRO II CAMPUS TIJUCA II DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS COORD.: PROFa. CRISTIANA LIMONGI 1º & 2º TURNOS 3ª SÉRIE / ENSINO MÉDIO REGULAR & INTEGRADO ANO LETIVO 2015 PROFESSORES: FRED & PEDRO MURTA TEXTO COMPLEMENTAR 11 / 2015: IMUNIDADE, ALERGIAS E ANAFILAXIAS Figura 2. Tipos de imunidade IMUNIDADE PASSIVA Ocorre quando são administrados anticorpos já prontos, extraídos de indivíduos sadios ou preparados em animais, para a neutralização de antígenos para os quais um organismo ainda não produziu anticorpos. A transferência de anticorpos maternos através da barreira placentária, o aleitamento materno e a aplicação de soros (exs.: antitetânico, antirrábico e antiofídico) constituem bons exemplos de imunização passiva, que tem efeito TRANSITÓRIO e CURATIVO, NÃO PROPICIANDO FORMAÇÃO DE CÉLULAS DE MEMÓRIA. Figura 1. Medula óssea vermelha e leucócitos A imunidade pode ser: 1. Passiva 2. Ativa Via Placentária Aleitamento Materno Aplicação de soros Infecções Aplicação de vacinas Figura 3. Tipos de imunização passiva Fonte: COLÉGIO PEDRO II TEXTO COMPLEMENTAR 11 / 2015 PÁGINA 1 DE 6
2 IMUNIZAÇÃO ATIVA A vacinação é um método de provocar a imunidade adquirida contra doenças específicas. A vacina consiste em uma solução de antígenos de um agente causador de doença (bactéria ou vírus), morto ou inativado, que vão estimular a produção dos anticorpos que vão proteger o indivíduo. A vacina pode ser preparada (1) a partir dos germes mortos, que mantêm seus antígenos presentes, mas incapazes de produzir a doença. É o caso das vacinas contra a difteria, coqueluche e febre tifoide; (2) com as toxinas de um determinado agente, como ocorre com as toxinas do tétano e do botulismo; (3) alternativamente, com os germes vivos, porém atenuados, sem capacidade de produzir a doença. É o caso das vacinas contra a poliomielite, o sarampo e a febre amarela, por exemplo. Os anticorpos produzidos pelo estímulo das vacinas são incorporados às imunoglobulinas do plasma e passam a fazer parte do arsenal defensivo do organismo. Portanto, tem efeito PERMANENTE e PREVENTIVO, ALÉM DE PROPICIAR A FORMAÇÃO DE CÉLULAS DE MEMÓRIA. AS RESPOSTAS IMUNES Figura 4. As respostas imunes primária e secundária Fonte: IMUNIDADE INATA (NATURAL) É aquela que protege o indivíduo contra agentes patogênicos específicos e toxinas desde o nascimento, e inclui (1) a capacidade de fagocitar bactérias e outros agentes invasores, pelos leucócitos e macrófagos dos tecidos; (2) a capacidade das secreções ácidas do estômago e enzimas digestivas de destruir germes; (3) a resistência da pele e das membranas mucosas à penetração dos germes; (4) lisozimas e polissacarídeos que neutralizam certas bactérias frequentes na natureza. Protege o organismo humano contra agentes capazes de provocar doenças em outras espécies animais. IMUNIDADE ADQUIRIDA (ADAPTATIVA) É a imunidade mais importante, que se deve à capacidade do sistema imunitário produzir defesas contra invasores e destruí-los, impedindoos de causar danos ao funcionamento do organismo. O sistema imunológico desenvolve imunidade específica e altamente eficaz contra bactérias, vírus, toxinas e tecidos de outros indivíduos ou animais. A imunidade adquirida é capaz de proteger um organismo contra doses de toxinas que seriam letais a um organismo não imune. Depende de dois mecanismos intimamente relacionados entre si: 1. Produção de proteínas chamadas ANTICORPOS, que têm a capacidade de atacar e neutralizar o agente invasor. Esta forma de imunidade é conhecida como IMUNIDADE HUMORAL. A INDUÇÃO (MEDIAÇÃO) HUMORAL é feita pelos linfócitos B e plasmócitos, pela produção dos anticorpos em resposta ao estímulo de um antígeno. 2. Sensibilização de determinados tipos de linfócitos, contra um agente específico. Estes linfócitos tornam-se capazes de se fixar ao agente estranho e destruí-lo. Esta forma de imunidade é conhecida como IMUNIDADE CELULAR. A INDUÇÃO (MEDIAÇÃO) CELULAR tem a participação ativa dos linfócitos T, que identificam e atacam as células invasoras, que são, em seguida, fagocitadas por granulócitos e macrófagos dos tecidos. A fagocitose não ocorre imediatamente: seu início depende da sinalização e resposta do sistema imunológico. Anticorpos produzidos pelos plasmócitos unem-se aos antígenos do invasor, que fica marcado, para identificação pelos macrófagos que, apenas então, fagocitam-na. COLÉGIO PEDRO II TEXTO COMPLEMENTAR 11 / 2014 PÁGINA 2 DE 6
3 ANTICORPOS (Ac) Os anticorpos (ou IMUNOGLOBULINAS) são complexos químicos proteicos produzidos pelos plasmócitos, em resposta à presença de um antígeno e à interação dos linfócitos T com os macrófagos e os linfócitos B, que se diferenciam em plasmócitos. REAÇÃO Ag Ac Figura 5. O mecanismo de fagocitose Fonte: t=o ANTÍGENOS (Ag) Os mecanismos da imunidade adquirida se iniciam quando o organismo identifica a presença de um agente estranho, seja químico (toxina) ou biológico. As moléculas das toxinas e outras grandes moléculas possuem radicais químicos na sua composição, capazes de estimular a produção de proteínas com a capacidade de neutralizá-las. Estas substâncias são conhecidas como ANTÍGENOS (substâncias capazes de estimular o organismo a produzir anticorpos) e as proteínas que o organismo produz para neutralizá-las são os ANTICORPOS. A maioria dos antígenos corresponde a proteínas, grandes polissacarídeos ou complexos lipoproteicos. Substância de baixo peso molecular podem se constituir em antígenos, quando ligadas a moléculas maiores. Microorganismos, como bactérias, vírus e fungos possuem proteínas ou complexos proteicos nas suas membranas celulares que são consideradas como estranhas pelo organismo e suscitam a produção de anticorpos específicos. ANTÍGENOS E ANTICORPOS SÃO ESPECÍFICOS. Isto quer dizer que cada antígeno estimula a produção de anticorpos direcionáveis apenas à sua própria molécula (cada anticorpo pode inibir ou neutralizar apenas o antígeno contra o qual ele foi criado). Ao penetrar no organismo, um antígeno estranho é fagocitado pelos macrófagos do tecido linfoide, sendo, então, apresentado aos linfócitos B que, imediatamente, iniciam um processo de diferenciação que resulta nos plasmócitos. Estes crescem e se reproduzem rapidamente; os plasmócitos maduros produzem os anticorpos específicos para o antígeno invasor, em grandes quantidades e que são liberados no sangue circulante. O processo completo dura cerca de uma semana. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTICORPOS São divididos em cinco grupos, liberados em uma sequência específica, no contexto da resposta imunológica: 1. Imunoglobulinas M (I g M): São os primeiros anticorpos produzidos, na presença de um antígeno. Consistem de proteínas de elevado peso molecular, que não atravessam os poros capilares, permanecendo na circulação. A principal função das imunoglobulinas M é estimular o sistema do complemento. 2. Imunoglobulinas D (I g D): São o segundo tipo de anticorpos produzidos na resposta imunitária. São pouco conhecidas; acreditase que potenciam a maturação dos linfócitos B em plasmócitos, quando estimulados pelos linfócitos T. 3. Imunoglobulinas E (I g E): São o terceiro tipo de anticorpos produzidos após a invasão de um antígeno. Produzidas em grandes quantidades pelos indivíduos alérgicos. Promovem a liberação de HISTAMINA no local da invasão do organismo. O efeito vasodilatador da histamina aumenta o diâmetro dos capilares e dos seus poros, facilitando a migração dos leucócitos para os tecidos. COLÉGIO PEDRO II TEXTO COMPLEMENTAR 11 / 2014 PÁGINA 3 DE 6
4 4. Imunoglobulinas G (I g G): São as mais importantes e conhecidas como GAMAGLOBULINAS. São as únicas capazes de atravessar a placenta. Há quatro grupos: I g G 1, que protege o organismo contra as bactérias, exceto as que têm a membrana revestida por polissacarídeos como o meningococo, pneumococo e o gonococo; I g G 2, que ataca e destrói os organismos revestidos por polissacarídeos; I g G 3, que neutraliza certos tipos de vírus em circulação.; I g G4, semelhante à I g E, estimula a liberação de vasodilatadores. 5. Imunoglobulinas A (I g A): São o último grupo de anticorpos produzidos na resposta imunológica. Têm a função de proteger as membranas mucosas, onde formam uma barreira protetora (vias aéreas e digestivas altas, bexiga, intestino e vagina). O SISTEMA COMPLEMENTO O sistema complemento compreende a um grupo de proteínas plasmáticas que atuam em conjunto com o sistema imunológico, na defesa do organismo. A reação do sistema do complemento ocorre em cadeia e completa a defesa organizada pelo sistema imunológico. Frequentemente, as proteínas do complemento conferem proteção imunitária, até que os anticorpos sejam produzidos; o complemento também potencia os efeitos da resposta dos linfócitos T e das imunoglobulinas. Na via clássica de ativação do complemento, esta ocorre em resposta à ligação das imunoglobulinas I g M ou I g G aos microorganismos invasores. A via alternativa de ativação do complemento corresponde à sua ativação pelos microorganismos cuja superfície tem antígenos protegidos por cápsulas de polissacarídeos. Esta via alternativa permite a fagocitose pelos macrófagos, independente da fixação dos anticorpos. ALERGIAS E ANAFILAXIAS Em algumas pessoas, o sistema imune assume o papel de vilão, em vez de patrulheiro, passando a produzir anticorpos contra antígenos potencialmente inofensivos, como pólen e alguns alimentos, desencadeando manifestações desagradáveis, como urticária ou asma brônquica. Essas reações são deflagradas pelos MASTÓCITOS, células que contêm grânulos de HEPARINA (de ação anticoagulante) e HISTAMINA (vasodilatador mediador de reações alérgicas e inflamatórias). Indivíduos com predisposição hereditária acabam produzindo em maior quantidade anticorpos I g E, que se fixam às membranas dos mastócitos. Caso entrem em contato com seus antígenos específicos, promovem a liberação do conteúdo celular para o meio extracelular, desencadeando processos alérgicos. Os pacientes alérgicos apresentam concentração alta de I g E e de eosinófilos. A elevação de eosinófilos também ocorre em doenças parasitárias. A forma mais grave de reação alérgica é o CHOQUE ANAFILÁTICO, desencadeado por alérgenos (antígenos que provocam alergia) ingeridos ou inoculados. As manifestações não são dependentes da quantidade de alérgeno que entra no corpo. Em algumas pessoas uma única ferroada de abelha pode ser suficiente para provocar o choque, que acontece por liberação maciça de histamina no organismo, causando vasodilatação generalizada e queda acentuada da pressão arterial, que pode levar à morte em poucos minutos. Frequentemente há edema da laringe, o que dificulta a passagem de ar e causa asfixia. Fonte: 10.php#ixzz1vtbFBHc7 COLÉGIO PEDRO II TEXTO COMPLEMENTAR 11 / 2014 PÁGINA 4 DE 6
5 REJEIÇÃO DE TECIDOS TRANSPLANTADOS Os antígenos existentes na superfície das hemácias também ocorrem nas demais células do organismo, além de inúmeras outras proteínas, igualmente antigênicas. A presença desses antígenos é a responsável pela produção de anticorpos e pela ativação dos demais mecanismos de defesa do sistema imunológico, quando um órgão é transplantado entre diferentes indivíduos. A compatibilidade do sistema ABO, em geral, ameniza a reação de defesa do sistema imunitário. Entretanto, há necessidade de deprimir a resposta imunológica, para assegurar a permanência do órgão transplantado, até que o organismo receptor desenvolva tolerância. A depressão da resposta imunológica é obtida à custa de corticosteroides e outras drogas, que inibem a produção dos anticorpos. As defesas do organismo receptor, contudo, são também reduzidas para o combate às infecções e outras agressões. ENTRE O PERIGO E A SALVAÇÃO Uma pesquisa conduzida no Laboratório de Imunologia Celular e Molecular do Instituto de Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS) dá indícios de que uma evolução importante na segurança de transplantes de órgãos e tecidos pode estar prestes a ocorrer. Coordenada pela Bióloga Cristina Bonorino, a equipe da PUC gaúcha descobriu que a proteína HSP 70, encontrada no Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch bactéria que provoca a maioria dos casos de tuberculose) e no próprio homem, tem potencial para minimizar a rejeição aos transplantes. A HSP 70 é a proteína mais universal e conservada que existe na natureza e suas propriedades fisiológicas imunossupressoras chamaram a atenção dos pesquisadores. Estudamos um extrato líquido com a HSP 70, na qual o órgão ou tecido seria preservado imerso até o momento do transplante. A proteína agiria somente na região da parte transplantada, evitando a rejeição e minimizando as doses de imunossupressores ministradas ao paciente antes e depois do procedimento, sugere. No momento, o grupo busca entender o mecanismo de ação da proteína e isolar o princípio ativo da HSP 70 para o desenvolvimento de uma solução que será testada clinicamente. Estamos também conduzindo testes de toxicologia, o que é importante para conseguirmos levar nosso trabalho adiante. Sabemos que as respostas imunes diferem de paciente para paciente. A HSP 70 é expressa por qualquer célula do nosso corpo e seu princípio ativo é o mesmo tanto no homem quanto no bacilo, sustenta. Os resultados conquistados até agora são animadores. O efeito imunossupressor durou 20 dias, o dobro do grupo de controle, que não utilizou nenhuma substância antes ou depois do enxerto. A pesquisa foi publicada na revista PloS One, da Public Library of Science. INIBINDO AS DEFESAS O coração que bate no peito de Maria Pia Barbosa Albuquerque (54) foi transplantado em Os imunossupressores que fazem parte da sua rotina começaram a ser ministrados antes mesmo do procedimento que lhe salvou a vida. Os remédios, no entanto, trazem efeitos colaterais: Sinto dores no estômago, nas articulações e, como a imunidade fica baixa, devo ter cuidados redobrados com infecções oportunistas. Se tiver febre, preciso ser internada, mas não reclamo. Afinal, estou viva, mas sei que, como todo medicamento, essa droga causa efeitos colaterais, diz. Ainda assim, os médicos são unânimes: sem os imunossupressores, não seria possível transplantar órgãos. São esses medicamentos que debelam a resposta natural do organismo, impedindo a rejeição. As drogas têm evoluído também. Hoje, os medicamentos já provocam menos efeitos colaterais que os usados há três décadas, garante o Médico Fernando Bacal, especialista em transplantes cardíacos do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (USP). Cada grupo de imunossupressor atua em vias específicas. Os efeitos colaterais mais graves são insuficiência renal e predisposição ao câncer, mas eles podem ser evitados com o ajuste das doses e eventuais modificações dos medicamentos diz Bacal. Fonte: (com adaptações). COLÉGIO PEDRO II TEXTO COMPLEMENTAR 11 / 2014 PÁGINA 5 DE 6
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