Plano Ensino a um utente em programa regular de Dialise Peritoneal
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- Júlio Benevides di Azevedo
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1 ESCOLA SUPERIOR DE ENFERMAGEM DE SÃO FRANCISCO DAS MISERICÓRDIAS Pós-Graduação em Enfermagem Nefrológica e Técnicas Dialiticas Plano Ensino a um utente em programa regular de Dialise Peritoneal Serviço de Nefrologia e Transplantação Renal (Unidade de Dialise Peritoneal) Centro Hospital Lisboa Norte Hospital de Santa Maria Discente: Ana Catarina Marquito Abril/Maio, 2012
2 Nota Introdutória No âmbito do período de ensino prático, propus-me à elaboração de um Plano de Ensino adequado a um caso real vivido durante o período destinado às atividades da Unidade de Dialise Peritoneal. A Diálise Peritoneal como um tratamento da insuficiência renal terminal (IRT), é uma técnica relativamente simples e muito eficaz. Desta forma, tem vindo a ser desenvolvida, no sentido de a tornar a 1ª opção na diálise domiciliária. Devido ao seu carácter contínuo, os utentes em tratamento com esta técnica, tendem a ter um perfil bioquímico e hídrico mais estável. Com a aplicação desta terapia pelos próprios utentes inseridos na comunidade, torna-se importante dar-lhes um tratamento individualizado, bem como suporte psicológico e cuidados de enfermagem adequados essenciais à promoção da autonomia do utente e suas famílias. A teoria do auto-cuidado de Dorothy Orem defende questões importante quando falamos de diálise peritoneal, autocuidado significa a prática de actividades que o individuo inicia e realiza para beneficio próprio para manter a vida, saúde e o bem estar, deste modo percepciona a pessoa como um todo, valorizando a responsabilidade do individuo pela sua saúde. O Enfermeiro depara-se diariamente com inúmeros casos, sendo que os recebe e processa num curto espaço de tempo, informação relativamente às suas atividades diárias. Desta forma, partindo deste pressuposto a tomada de decisões relativamente à pessoa centro dos cuidados de enfermagem é realizado de forma natural, porém existe sempre um processo complexo por traz dessa linha de raciocínio. O enfermeiro recolhe os dados relevantes, cruza estes mesmos com os pré-existentes, constata a sua relevância, priorizando o seu modo de atuação previamente sujeito a analise e planeamento dando origem aos cuidados de enfermagem. O plano de ensino/treino de uma técnica, apresenta um conjunto de fundamentais de forma a adequar o planeamento às características do caso em estudo. - Dotar a pessoa/cuidador de conhecimentos teóricos/práticos que lhe permitam realizar o tratamento de forma eficaz; - Atingir o nível máximo de autocuidado;
3 - Aumentar os níveis de funcionalidade; - Ensinar a solucionar problemas; - Promover a manutenção/melhoria da dinâmica familiar; - Possibilitar a integração da pessoa no seu ambiente. No presente trabalho académico pretende-se elaborar um plano de ensino baseado num caso real de um utente acompanhado na unidade de Dialise Peritoneal, permitindo alcançar os objetivos traçados para o período prático. Tendo em conta o curto período do ensino prático o plano de enino elaborado diz respeito à primeira semana de ensino. 1 Apresentação da pessoa enquanto centro dos cuidados de Enfermagem O doente em questão é o senhor C., tem 45 anos, insuficiente renal em estadio 5 com etiologia desconhecida. Reside na localidade de São Martinho do Porto com a família, esposa e duas filhas menores. Vive numa moradia, tem dois gatos. È eletricista de profissão e trabalha na área de residência. Decidiu incluir programa regular de dialise peritoneal após consulta de substituição renal no mês de Fevereiro, colocou cateter de Tenkoff a 20 de Abril de Tem diurese residual, urina certa de 1L de urina por dia. 2 Prescrição médica De acordo com o estado clinico do utente foi elaborada uma prescrição de tratamento que consistia em passagem com solução physioneal 2,27% durante uma semana, com períodos de permanência de 1,5 horas. Nome: Senhor C. Tipo de Volume Número Ultrafiltração Solução de diálise Permanência Diálise prescrito de prevista (Concentração/tipo)
4 peritoneal trocas DPCA 500ml Physioneal 2,27% 1,5horas 3 - Plano de Ensino/Treino Etapa 1 1º Semana Iniciar o contato do utente com a doença renal e Técnica manual Iniciar cuidados com o orifício do cateter de Tenkoff Fazer o penso Ensino da técnica de lavagem das mãos Atuação de Enfermagem Informação e esclarecimentos quanto a aspectos gerais relativamente à técnica associada à diálise Peritoneal. Relativamente à doença e tratamento, conceito de diálise domiciliária, conceito de autocuidado e noções básicas em DP. Disponibilizar panfletos e material didáctico que facilite a compreensão. Avaliar sinais vitais e peso corporal Realizar o penso e avaliar o orifício de inserção do cateter Cuidados com as suturas operatórias Demonstrar técnica de lavagem das mãos. Ensinos a realizar O que é e qual o papel da membrana peritoneal para a realização do tratamento Finalidade do cateter Abordagem de condições físicas do domicílio. Necessidade de uma divisão ou espaço com áreas limpas, isoladas e sem outras utilizações. Colocar máscara em todas as operações relacionadas com as trocas de soluções, é obrigatório em todos os procedimentos que exijam técnica limpa: lavagem das mãos, utilizando
5 sabão líquido, montagem de todos os sistemas de diálise, realização de conexões, na realização dos pensos do orifício de saída do cateter. Justificação: Minimizar risco de infecção. Cuidados adicionais para realização de trocas. O utente foi educado no sentido de manter os animais de estimação longe do local/divisão escolhida para as trocas. Justificação: O utente tem 2 gatos no seu domicílio, este facto acresce o risco de infecção. Ensinos relativamente à nutrição. Tendo em conta os objectivos da alimentação em DP: Fazer pequenas refeições diárias, compensar as perdas proteicas, modificar o equilíbrio dos iões (sódio, potássio e fósforo) e líquidos de acordo com a tolerância do utente, evitar o aumento de peso, anorexia (risco de desnutrição) e obstipação. Esclarecer dúvidas relativamente a este campo. Transmitir a necessidade do proceder ao registo no domicílio, quando iniciar a técnica. Registo diário da hora em que foi efectuada a troca, tempo de drenagem e infusão de cada solução, quantidade e tipo de solução infundida e drenada (pesar para confirmação, pode haver oscilação do peso em magras) Ensino sobre importância do treino intestinal mantido e de repouso Etapa 2 2º Semana Realizar uma passagem de solução physioneal 2,27%, enumerando o procedimento da execução da técnica de modo a que o utente acompanhe. Apontar as noções de infusão; permanência, passagem e drenagem Realizar o penso e avaliar o orifício de inserção do cateter Aprendizagem dos cuidados a ter com o cateter e orifício de saída do mesmo Demonstrar técnica de lavagem das mãos. Familiarização com o manual Actuação de enfermagem Avaliar sinais vitais e peso corporal Efetuar passagens com a solução prescrita
6 O utente executa o penso e o enfermeiro ensina a avalia o orifício de saída do cateter de forma a detetar sinais de alerta Realizar um teste oral dos conhecimentos já adquiridos Ensinos a realizar Material necessário para a realização das trocas Noções básicas sobre assepsia e a sua importância na prevenção de complicações Técnica de lavagem das mãos e sua importância Responsabilidade do utente Efectuar a lavagem das mãos da forma como lhes foi ensinado Observar a passagem executada pelo enfermeiro questionando sempre que surjam dúvidas Preparação para adaptação das suas responsabilidades no seu tratamento Identificar as diferentes partes dos sacos de diálise e dos sistemas de transferência dos solutos Conhecer conceitos inerentes à técnica como a infusão; permanência, passagem e drenagem Etapa 3 3º semana O utente já prepara o material sem precisar de ajuda, eventualmente já se conecta. Precisa de ajuda em algumas etapas. Realizar uma passagem de solução physioneal 2,27%, Realizar o penso e avaliar o orifício de inserção do cateter Atuação de enfermagem Avaliar as necessidades específicas do utente
7 Avaliar sinais vitais e peso corporal Ajudar o utente a realizar as trocas de acordo com prescrição Ensinos a realizar Abordagem do local mais adequado onde se deve realizar as passagens no domicílio, assim como a necessidade de manter a divisão sempre limpa e sem pó, sem humidade, com a porta e janelas fechadas durante as trocas, interditar a entrada aos gatos nessa divisão Responsabilidade do utente Prepara o material para as trocas com o saco de solução de diálise peritoneal Executa a técnica de lavagem das mãos. Aponta as noções de infusão; permanência, passagem e drenagem Vai ficando progressivamente mais autónomo. Realizar o penso e avaliar o orifício de inserção do cateter Etapa 4 4º semana No final desta semana, o utente fica autónomo, consegue realizar uma passagem manual, efectua o penso sem necessidade de correcções, sabe usar a balança para pesar os sacos, auto-avalia correctamente os sinais vitais Realiza-se ensino sobre prevenção de complicações e modo de actuação (o doente deve saber identificar sinais/sintomas de peritonite; IOS, deve saber actuar em caso de má drenagem ) Aprendizagem da avaliação e registo dos sinais vitais e peso corporal Actuação de enfermagem Supervisionar o utente na execução da técnica DPCA Supervisionar o utente na realização dos cuidados ao orifício de saída
8 Perceber as dificuldades do utente e reforçar ensino Ensinos a realizar Ensino sobre como se avalia e regista os sinais vitais e o peso corporal na folha específica para o efeito Reforço de ensinos de acordo com as dificuldades do utente O que são peritonites, o que contribui para o seu aparecimento e medidas para as evitar e minimizar Responsabilidade do utente Realizar o controlo dos seus sinais vitais e do seu peso corporal Realizar os cuidados ao orifício de saída do cateter Efectuar as trocas necessárias Completar o teste de conhecimentos sobre técnicas e procedimentos já aprendidos Etapa 5 5ª semana No início desta semana, com o utente totalmente autónomo inicia-se a DP em casa. No dia em que inicia tratamento o doente faz as passagens da 9 e 13h no hospital e a das 17h em casa, na presença da enfª de apoio da Baxter. Atuação de enfermagem Supervisionar as trocas efetuadas pelo utente Supervisionar os registos dos sinais vitais e peso realizados pelo utente Efectuar ensino sobre o balanço de líquidos na diálise peritoneal
9 Ensinos a realizar O que é o balanço de fluidos em diálise peritoneal, a sua importância e como controlar Responsabilidade do utente Realizar o registo dos seus sinais vitais e do seu peso corporal Realizar os cuidados ao cateter e ao orifício de saída do mesmo Efetuar as passagens necessárias Esclarecer dúvidas Próximas Etapas Reforçar o sentido de independência do utente até que esta o atinja plenamente Promover a máxima reabilitação física, psíquica, social e familiar Conseguir que o utente atinja o máximo de independência no auto-cuidado Actuação de enfermagem Avaliar todos os passos do desenvolvimento da técnica ensinada Programar a data da alta do ensino Efetuar teste para avaliar conhecimentos adquiridos de técnica e procedimentos ensinados ao longo de todo o plano Ensinos a realizar Cuidados a ter nas actividades diárias de vida: higiene, nutrição, exercício físico, actividade profissional Responsabilidade do utente Realizar o controlo dos seus sinais vitais e do seu peso corporal Demonstrar capacidade para actuar perante todas as situações problema possíveis durante todo o tratamento
10 Efectuar todo o autocuidado. Nota Final Com a elaboração deste trabalho consegui reunir toda a informação necessária para a estruturação de um plano de treino/ensino adequado ao caso em estudo. Preparar o utente e a sua família para a diálise domiciliária, representa um enorme desafio para a equipa de enfermagem que procura reintroduzir na comunidade um indivíduo com o maior nível de independência possível. Referências Bibliográficas: 1. Thomas, N. (2005)- Enfermagem em Nefrologia Lusociência 2. Daugirdas, J. (2008)- Manual de diálise 4ª Edição Guanabara 3. ISPD Guidelines/Recommendations 2006 International Society for Peritoneal Dialysis 4. Figueiredo, A.(2005)- Diálise Peritoneal: educação do paciente baseada na teoria do autocuidado
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