Revisão criminal: qual é o meio de adquirir provas novas
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- Madalena Clementino Nunes
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1 AULA XIII RECURSOS EM ESPÉCIE REVISÃO CRIMINAL (621, CPP) Revisão criminal: não é um recurso, mas uma ação para correção de uma coisa julgada (cognitiva negativa). Note que não há uma correção pró-sociedade, mas apenas pró-réu (erro de julgamento ou procedimento). Se o réu foi absolvido de forma irregular, nada mais pode ser feito. Para Nucci, é ação sui generis (sem polo passivo). Pode ser proposta pelo próprio condenado ou por advogado. Na prática, nomeia-se um advogado para o condenado. Pode ser promovida até mesmo após o cumprimento da pena ou da morte do condenado (para reparação do dano). Não pode existir a possibilidade de outros recursos. Não há prazo para essa ação. Questão: qual é o meio de adquirir provas novas? Utiliza-se a justificação (arts. 861 a 866, CPC), gerando um pequeno processo com vistas ao MP e à parte para o contraditório, perante o juízo de 1º grau. A revisão é proposta em 2º grau, direcionada ao presidente do tribunal. Note que o relator não pode ter participado do 1º processo (os demais desembargadores podem). Observe que poderá ser reconhecido o direito de uma indenização.
2 Cabimento (art. 621, CPP): a) condenação contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos autos; b) fundada em depoimentos, exames ou documentos comprovadamente falsos; c) descoberta de provas de inocência do condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição da pena. Há quem defenda caber nas absolutórias impróprias, pois as medidas de segurança possuem caráter sancionador (minoritária). Não cabe, contudo, quando visar modificação dos fundamentos da absolvição própria (Távora não concorda). Reabilitação da memória: é a revisão criminal pleiteada após a morte do condenado (art. 623, CPP). Legitimidade: condenado ou C²ADI. Perceba que nada impede o MP propor revisão em favor do réu (Távora, Avena, Ada etc.). Para Dinamarco, em verdade, não seria em favor do réu, mas do ordenamento jurídico agredido. Há entendimento em sentido contrário falta de previsão legal, devendo o MP agir apenas no processo (Nucci e STF).
3 Ônus da prova: compete ao réu (Ada Pellegrine e Noronha). Anistia, graça e indulto: Anistia: segundo Nucci, não pode ser admitida, pois a anistia funciona como uma verdadeira abolitio criminis. Parte da doutrina discorda. Graça e indulto: deve ser admitida, pois não há óbice quando o sentenciado está executando a pena. Perdão judicial: Para Nucci é viável, pois o perdão pressupõe culpa. Para o STJ não é preciso (súmula 18), pois o perdão declara a extinção da punibilidade. Competência para julgamento: a competência será do tribunal prolator da sentença que apreciou o mérito condenatório ou o respectivo recurso (ou decisão de juiz a ele vinculado). Para o JECrim, compete à Turma Recursal. Lembre-se do princípio da simetria (aplica-se o mesmo raciocínio para a justiça militar e eleitoral).
4 1ª hipótese: caso o RE não seja conhecido, significa dizer que foi mantida a decisão do TJ. Logo, ao próprio TJ caberá o julgamento da revisão criminal; 2ª hipótese: caso o RE seja conhecido, se o objeto da revisão criminal tiver sido apreciado pelo STF no julgamento do RE, ao STF caberá o julgamento da revisão criminal. Agora, se o objeto da revisão não tiver sido apreciado pelo STF no julgamento do RE, caberá ao TJ. Resumindo: a) serão processadas e julgadas pelo STF quando se tratar de decisões por ele proferidas; b) as regras estão previstas nos regimentos internos. Indeferimento de plano pelo relator: caberá agravo e reexame necessário ao colegiado. Agora, a decisão que nega pedido de apensamento dos autos originais por inconveniência para o interesse público não comporta recurso. Obs.: Note que a revisão criminal não possui efeito suspensivo, não impedindo, portanto, a execução da sentença.
5 Procedimento (Arts. 625 e seguintes, CPP e RI): petição instruída com a certidão de trânsito em julgado da sentença e demais documentos que comprovem os fatos. Caso a parte se esqueça desses requisitos, o relator deverá intimá-lo, oportunizando a apresentação. Não depende de capacidade postulatório (há quem defenda ser necessária Sérgio Demoro Hamilton). Aqui, há a figura do relator e do revisor. Caso não seja indeferida, concede-se vista dos autos ao Procurador-Geral (MP), que dará parecer no prazo de 10 dias. Não se permite dilação probatória (já deve estar instruída). Caso o réu faleça durante a revisão, será nomeado um curador para acompanhar o feito (art. 631, CPP). Não será concedido prazo para a habilitação do C²ADI. Caso o relator reste vencido, será designado o membro que abriu a divergência para lavrar o acórdão, salvo quando já houver se pronunciado no processo originário (competirá ao revisor).
6 Consequências: a) nulidade do julgamento por error in procedendo (juízo rescindente); b) reforma do julgado por error in judicando (juízo rescisório). Ex.: erro da pena; c) nulidade da decisão cumulada com reforma (juízo híbrido). Soberania dos vereditos (ou veredictos): a corrente majoritária admite a reforma da sentença, em casos de evidente equívoco. Em sentido contrário, Sergio Demoro Hamilton. De acordo com o art. 630, CPP, permite-se a cumulação de pedido indenizatório pelo o erro judiciário alegado e reconhecido, devendo ser liquidado no juízo cível. Há entendimento de que, nesse caso, deve-se oportunizar o contraditório para o ente público (contestação). Cuidado! Não se aplica a hipótese acima para as ações penais privadas [Pacelli não concorda] ou quando o próprio réu foi culpado pela condenação. Ex.: confissão ou ocultação de provas. Liberdade provisória: Nucci defende ser possível, embora não seja prevista no CPP. Ex.: condenado por crime de homicídio cuja vítima surge viva.
7 Contra a decisão de revisão caberá RE, Resp, ED ou agravo regimental (para decisão isolada do relator). Questão: É possível uma ação com trânsito em julgado revogar uma ação anterior, também com trânsito em julgado, com a mesma causa de pedir em Revisão Criminal? Por analogia à revogação de leis (lei posterior revoga a anterior), o STF entendeu ser possível quando beneficiar o réu (Ministro Luiz Fux), ainda que a anterior não esteja viciada. Questão: É possível revisão criminal com fundamento em jurisprudência? Para Pacelli, se for questão de direito, não há motivo para negá-la, pois trata-se de hipótese essencialmente semelhante à abolitio criminis. Obs.: Há quem defenda que a reiteração de pedidos só poderá ser vedada tratando-se de mesmo legitimado. Todavia, para Pacelli a vedação é extensiva, já que se trata de medida excepcional. Carta testemunhável (art. 640, CPP): possui origem no Império, possuindo o condão de fazer chegar ao conhecimento do tribunal matéria recursal cujo seguimento foi obstado ilegalmente. Testemunhante (prejudicado); testemunhado (juízo recorrido). Prazo: 48h (contados minuto a minuto). Se for intimado pela imprensa, conta-se dois dias.
8 Cabimento: somente em duas hipóteses: 1) RESE e Agravo de Execução (para RE e Resp caberá agravo de instrumento). Não caberá para a correição parcial. Assim, será dirigida ao juízo ad quem, para contestar a decisão que indeferiu o processamento do recurso legalmente previsto. Efeitos: não possui efeito suspensivo, mas só devolutivo. Contudo, Távora lembra do poder geral de cautela, em que será possível tal efeito em caso de RESE que tentava viabilizar a análise de apelação. Para evitar o cárcere do réu, concede-se tal efeito. Permite-se o efeito regressivo (retração), que poderá ser realizado de forma ampla [possibilita a retratação do recurso obstado] ou restrita [viabiliza apenas a análise do recurso obstado]. Procedimento: art. 643, CPP. Deverá seguir o rito do recurso que deu origem, em regra, o RESE (arts. 588 a 592, CPP). Deverá ser distribuída a um relator, membro do tribunal com competência para processá-la, incidindo a disciplina normativa do recurso denegado. Obs.: Caso o escrivão não encaminhe o recurso ou se negue a entregar recibo ou certidão, será responsabilizado disciplinarmente (não se aplica o art. 642, CPP). Responsabilidade funcional.
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