BRUCELOSE BOVINA, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.

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1 BRUCELOSE BOVINA, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. SCHMITT, Cléderson Idênio 1, JORGENS, Elbio Nallen 2. Introdução A Brucelose é uma enfermidade infecto-contagiosa de caráter crônico, causada por bactéria do gênero Brucella, sendo a espécie mais importante para os bovinos a Brucella abortus. Caracteriza-se pelo aborto nas fêmeas e em menor grau, por orquite e infertilidade nos machos. É considerada como grave zoonose, pois o homem pode se infectar pelo contato direto com as secreções de animal brucélico ou via digestiva, principalmente pela ingestão de leite cru e derivados de laticínios contaminados. Provoca graves prejuízos econômicos aos bovinos por ser uma doença que afeta a reprodução, através do aborto na segunda metade da gestação nas vacas e orquite em machos; já para a saúde humana traz sérios problemas, por ser uma enfermidade crônica caracterizando-se por febre contínua, intermitente ou irregular, orquite nos homens, passando por sinais clínicos como calafrios, suores, astenia e prolongada fadiga aos exercícios físicos. Desta maneira, é fundamental o seu controle e erradicação, pelos danos que causa à saúde animal e saúde pública. Palavras Chaves: Aborto, zoonose, bovino. A Doença Brucelose Sabe se que as infecções mais comuns de bovinos leiteiros são causadas por vírus como herpesvírus bovino, entre outros, que apresentam alta prevalência nos bovinos do Sul do Brasil, mas a brucelose bovina (BB) têm baixa prevalência em função da exigência de testes periódicos impostos pelas empresas beneficiadoras de leite (FLORES et al., 1992; LOVATO, 1998). A brucelose é uma zoonose cosmopolita de grande importância á saúde pública e animal (SCHMITT et al, 2010), e compromete especialmente o sistema reprodutivo ocasionando, frequentemente, aborto no terço final da gestação (PAULIN, 2003). A Brucella abortus, agente etiológico da brucelose bovina, se apresenta em todo o mundo como problema 1 Méd.Vet., Profissional autônomo schmittproducoes@gmail.com 2 Med. Vet., Esp., Professor do Curso de Medicina Veterinária da Unicruz- elbio.jorgens@yahoo.com.br

2 sanitário e econômico e sua incidência é considerada alta principalmente nos trópicos e países com pouco investimento nas áreas de produção de carne e leite (MEGID et al.,2000). A brucelose bovina é uma doença infecciosa de origem bacteriana causada, normalmente, por Brucella abortus que se caracteriza por abortos nos estágios finais da gestação e altas taxas de infertilidade e interfere na capacidade plena de produção causando reduções de até 25% na produtividade animal (POLETTO et al., 2004). A Brucella sp., tem como principais animais reservatórios os bovinos, caprinos, equinos, suínos e caninos. No Brasil, bovinos, caprinos e suínos, é destaque no fornecimento de proteínas de origem animal para a nutrição humana e funcionam epidemiologicamente como os reservatórios de maior importância (ABOUD-DUTRA et al., 1999). Nos bovinos, a doença caracteriza-se por abortamento no quinto mês de gestação, retenção de placenta (SCHMITT et al, 2010), ou nos estágios finais da gestação, mas também pode levar a mortalidade pré-natal, nascimento de bezerros pequenos e fracos, queda na produção de leite e infertilidade (FREITAS e OLIVEIRA, 2005; MOLNÁR et al., 2000). Após a penetração da bactéria, pelas soluções de continuidade da pele ou através das membranas mucosas do trato digestivo, genital ou nasal ou conjuntiva ocular (ABOUD- DUTRA et al., 1999; PAULIN, 2003). Como a Brucella é um parasita intracelular do sistema retículo endotelial, esta permanece protegida do sistema imune do hospedeiro, facilitando a permanência da bactéria por longo período de tempo (ABOUD-DUTRA et al.,1999). Paulin (2003), explica que a brucella ocasiona bursites, espondilites nas vértebras torácicas e lombares, chegando a casos nos graves, atingir a medula óssea e as bainhas dos tendões. Em 2000, no Brasil, foi lançado pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose - PNCEBT, com o objetivo de diminuir a prevalência e a incidência dessas enfermidades (BRASIL, 2006). Quanto à brucelose, o regulamento do PNCEBT preconiza a vacinação das fêmeas de três a oito meses de idade, e o diagnóstico sorológico dos animais por meio das provas do antígeno acidificado tamponado e 2-mercaptoetanol (constituído pelas provas de soroaglutinação lenta) e 2- mercaptoetanol (SAL/2-ME) e o teste do anel em leite (TAL) para o monitoramento de estabelecimentos certificados como livres de brucelose (BRASIL, 2006). Silva Júnior et al (2007), em seu trabalho que analisou 464 amostras de leite bovino, observaram que 146 (31,5%) animais foram positivos, destes 43 (29,5%) eram submetidos à ordenha manual e 103 (70,5%) à ordenha mecânica. Isso nós indica que a contaminação pela

3 ordenha seja maior talvez devido a falta de higiene, nesse aspecto entre a ordenha mecânica e manual não foi abordada nesse trabalho desse autor. Do ponto de vista da saúde pública, a brucelose bovina deve ser considerada não só como causa de enfermidade, de incapacidade para o trabalho e de diminuição do rendimento, mas também como fator nocivo para a produção de alimentos (FREITAS e OLIVEIRA, 2005). A brucelose é uma zoonose de distribuição mundial, com mais de casos registrados anualmente em seres humanos (ABOUD-DUTRA et al., 1999). O grande problema esta nos gêneros B. abortus e B. canis, as quais são implicadas como causadoras de transtornos crônicos ou subclínicas de difícil diagnóstico pela similaridade com várias outras doenças articulares, com sintomas que incluem febre, mal-estar, calafrios, sudorese, fadiga, emagrecimento e tosse improdutiva (ABOUD-DUTRA et al., 1999). Uma das fontes de contaminações do homem é pela ingestão de leite cru, ou pelo contato com as secreções naturais da vulva e do pênis (ABOUD-DUTRA et al., 1999; PAULIN, 2003). Mas profissionais ligados na área também estão expostos à contaminação, os perigos para vacinadores, veterinários e ajudantes causados por acidentes durante a vacinação, principalmente os médicos veterinários que podem se contaminar com a vacina B. abortus cepa 19 (vacina viva atenuada), que é a mais usada para proteger o gado bovino. Este perigo com acidentes vacinais foi comprovado por Trindade et al (2008) que mostrou que de 12 médicos veterinários do Município de Rio Grande RS que atuam na vacinação 3 profissionais relataram acidentes durante a vacinação e destes 2 foram reagentes no teste padrão SAT, com títulos de 50 e 100 e 1 não reagente, comprovando os títulos de anticorpos encontrado no SAT evidenciam a exposição ao antígeno específico de B. abortus em dois soros testados. Conclusão Pode ser visto nessa revisão bibliográfica que a brucelose é uma enfermidade de caráter zoonótico, de grande importância para a saúde humana e animal, especialmente aos bovinos leiteiros, principalmente, por levar a perdas na sua produtividade tanto do de leite como também nas taxas de natalidade. Já do ponto de vista da saúde publica é uma doença ocupacional ocasionada pela ingestão de leite e seus derivados contaminados e também pelo contato com a vacina B19, vacina viva atenuada com cepa 19da B. abortus, de forma acidental no momento da vacinação. Atualmente existe um controle mais rígido da doença

4 através da vacinação dos bovinos, pasteurização do leite entre outras medidas preconizadas no Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose, sendo muito para a sua prevenção e controle a aplicação de princípios epidemiológicos e boas práticas criatórias. Referências ABOUD-DUTRA, A. et.al. Freqüência de aglutininas anti-brucella abortus em eqüinos e caprinos do Estado do Rio de Janeiro e riscos zoonóticos. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. v. 21, n. 5, p , BRASIL. Manual Técnico do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose PNCEBT: legislação. Brasília: Secretaria de Defesa Agropecuária MAPA, p. FREITAS, J. A.; OLIVEIRA, J. P. Pesquisa de infecção brucélica em bovídeos abatidos portadores de bursite. Arquivos do Instituto Biológico. v. 72, n. 4, p , MEGID, J.; RIBEIRO, et. al. Avaliação das provas de soroaglutinação rápida, soroaglutinação lenta, antígeno acidificado e 2-mercaptoetanol no diagnóstico da brucelose bovina. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science. v. 37, n. 5, p , MOLNÁR, E.; MOLNÁR, L.; DIAS, H. L. T.; SOUSA, J. S.; VALE, W. G. Ocorrência de brucelose bovina no Estado do Pará confirmada por métodos sorológicos. Revista Brasileira de Medicina Veterinária. v. 22, n. 3, p , PAULIN, L. M. Artigo de Revisão Brucelose. Arquivos do Instituto Biológico. v. 70, n. 2, p , PINTO, P. S. A.; et. al. Exame microbiológico da tuberculose como subsídio à inspeção postmortem de bovinos. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal. v. 3, n. 1, p , POLLETO, R.; KREUTZ, L. C.; GONZALES, J. C.; BARCELLOS, L. J. G. Prevalência de tuberculose, brucelose e infecções víricas em bovinos leiteiros do município de Passo Fundo, RS. Ciência Rural. v. 34, n. 2, p , RIBEIRO, A. R. P.; et. al. Prevalência de tuberculose e brucelose bovina no município de Ilhéus. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia. v. 55, n. 1, p , SCHMITT, C. I.; CERESER, N. D. Risco de Transmissão da Brucelose pela ingestão do leite e carne contaminada. SEMINÁRIO INSTERINSTITUCIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, UNICRUZ, ANAIS, 2010.

5 TRINDADE, P.S.; STARK, C. B.; RECUERO, A.L.C., FERNANDES, C.P.H., BROD, C.S., DA SILVA, C.M. ANTICORPOS ANTI Brucella abortus EM HUMANOS EXPOSTOS A FATOR DE RISCO OCUPACIONAL. Anais do 35º Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária. Gramado RS

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