OFICINAS DE FLAUTA DOCE EM GRUPO NUM PROJETO DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
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- Luiz Guilherme Silveira Guimarães
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1 OFICINAS DE FLAUTA DOCE EM GRUPO NUM PROJETO DE EXTENSÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA Paula Andrade Callegari Angélica Beatryz Medeiros Resumo: Esta comunicação relata a proposta do projeto de extensão Oficina de flauta doce no Centro de Formação da Divulgação Espírita Cristã. O projeto visa oferecer o ensino de música por meio da flauta doce e oportunizar aos alunos do Curso de Música/ Flauta Doce da UFU a prática do ensino coletivo deste instrumento. A demanda pelo projeto foi manifestada tanto por dirigentes/ coordenadores deste Centro de Formação como pelos alunos de flauta doce do Curso de Música da UFU. O projeto é desenvolvido em forma de oficinas de flauta doce, em aulas coletivas para três turmas com faixas etárias diferentes, com duração de uma hora semanal para cada turma e acontece entre abril e dezembro de As oficinas são ministradas por uma aluna-monitora do Curso de Música/ Flauta Doce da UFU, para as quais tem orientação semanal de uma hora. Os procedimentos metodológicos estão baseados na proposta (T)EC(L)A de Swanwick (1979), na proposta Multimodal (VERHAALEN, 1989) e nos princípios do ensino coletivo de instrumento. A avaliação é processual e formativa, com ênfase em aspectos qualitativos; ela acontece durante as aulas e é considerada como ferramenta para o planejamento semanal, observando práticas e produtos musicais, bem como os objetivos e procedimentos metodológicos adotados. Todos os recursos necessários para a realização das oficinas são disponibilizados pelo Centro de Formação, de modo que não há custos para a Universidade. Palavras-chave: Oficina de música, Flauta doce, ensino coletivo de instrumento. INTRODUÇÃO Esta comunicação relata a proposta do projeto de extensão Oficina de flauta doce no Centro de Formação da Divulgação Espírita Cristã desenvolvido por meio de uma parceria entre a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e o Centro de Formação da Divulgação Espírita Cristã (DEC). O projeto tem como Área Temática Principal a educação fundamental e a cultura e sua Linha Programática se relaciona com metodologias e estratégias específicas de ensinoaprendizagem, como a educação à distância e o ensino presencial e de processos de formação inicial, educação continuada e formação profissional. Nos últimos anos, os educadores musicais têm buscado diversificar seus espaços e contextos de atuação, bem como as metodologias empregadas. Neste sentido, cresceu o interesse 1
2 pelas práticas de ensino-aprendizagem de música em contextos não-formais, em especial nos projetos sociais e Organizações Não-Governamentais (ONGs), que via de regra são voltadas para um ensino contextualizado com o universo sociocultural dos alunos e dos múltiplos espaços em que acontecem (SANTOS, 2007). No intuito de desenvolver um projeto de extensão, há que se considerar os desafios de proporcionar uma educação musical que dialogue com a realidade dos alunos, firmando com eles uma postura de comprometimento social (WEILAND; WEICHSELBAUM, 2008). Inseridos no contexto das ONGs estão os centros de formação da cidade de Uberlândia MG, que atendem crianças de baixa renda, com idade entre seis e treze anos, nos turnos da manhã e da tarde, fora do período escolar. Na cidade, existem cerca de vinte centros que oferecem atividades diversificadas entre si. O DEC está localizado no bairro Tibery, na cidade de Uberlândia. Ele atende em 2009 cerca de cem crianças, divididas nos dois turnos. Seu objetivo geral é preparar as crianças para a vida de acordo com valores humanos (respeito, solidariedade, companheirismo). Para isso, são oferecidas atividades de recreação, dança, trabalhos manuais (bordado, pintura, desenho, etc), informática básica, inglês, reforço escolar e música. Em 2004, foi aprovado um projeto para a montagem da instrumentoteca e desde então, o DEC possui um considerável acervo de instrumentos musicais: 20 flautas doces, 10 violões, 03 teclados, instrumentos de pequena percussão (como agogôs, caxixis, triângulos, tambores, clavas, etc.) e instrumentos construídos com sucata pelos alunos. Entre 2005 e 2007 o Centro de Formação possuía uma instrutora habilitada em música, cujo trabalho era focado na flauta doce. O trabalho com a flauta doce está presente em diferentes contextos de ensinoaprendizagem de música e seu uso tem sido justificado pela adequação ao ensino em aulas coletivas e pela relativa facilidade inicial no que diz respeito à emissão sonora, embocadura e dedilhado (ARAÚJO, 2003). Especificamente no DEC, a coordenação demonstrou interesse pela continuidade das aulas deste instrumento, a partir de diversos contatos feitos com a UFU pedindo indicação de pessoas que pudessem trabalhar com as aulas de flauta; há um histórico do ensino deste instrumento na instituição; existe uma quantidade de flautas no seu acervo instrumental suficiente para atender os alunos; e houve interesse e disponibilidade de horários de uma discente do Curso de Música/ Flauta Doce da UFU para o desenvolvimento do projeto. 2
3 Com base no exposto acima, foi proposto este projeto de extensão com o intuito de atender uma demanda manifestada pelo DEC, fortalecendo a parceria entre esta instituição e a UFU e contribuir para a profissionalização e formação docente da monitora 1 nele envolvida. OBJETIVO GERAL Oferecer o ensino de música por meio da flauta doce no Centro de Formação da Divulgação Espírita Cristã. Oportunizar aos discentes do Curso de Música/ Flauta doce da UFU a prática do ensino coletivo de instrumento. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Estender as ações do Curso de Música da UFU para divulgar na comunidade os trabalhos realizados na Universidade. Reforçar a parceria entre a UFU e o Centro de Formação. Formar grupos de flauta doce fora do âmbito da UFU. Propiciar aos participantes o contato com diferentes gêneros e estilos musicais. Trabalhar os conceitos específicos da linguagem musical e da técnica instrumental. Fortalecer nos participantes a interação social, prontidão, dinamismo pessoal, julgamento e pensamento crítico (MORAES, 1997). Propiciar um contexto social de aprendizagem. Estimular a ajuda mútua entre os participantes. Fortalecer a individualidade de cada um no grupo. METODOLOGIA 1 A discente Angélica Beatryz Medeiros trabalha como monitora não-remunerada no projeto, perfazendo uma cargahorária semanal de 04 horas. 3
4 O projeto é realizado em duas etapas especificadas abaixo. Cabe ressaltar que todos os recursos (incluindo espaço físico e materiais) necessários ao desenvolvimento do projeto são fornecidos pelo DEC, de modo que não há custos para a Universidade. 1ª etapa (abril, 2009): Estabelecimento de contato com o Centro de Formação e definição de horários com a discente-monitora do projeto; levantamento e estudo da bibliografia de embasamento teórico do trabalho, resumida a seguir: A condução das oficinas de flauta doce é norteada pelos pressupostos metodológicos do ensino do instrumento em grupo, da proposta Multimodal (VERHAALEN, 1989) e do modelo (T)EC(L)A (SWANWICK, 1979). O princípio geral que orienta o ensino do instrumento em grupo é que a música é ensinada através do instrumento (SWANWICK, 1994; VERHAALEN, 1989) e que a ênfase está no conjunto de alunos, e não na formação de solistas. Neste sentido, Moraes (1997) destaca que o aprendizado é decorrente da cooperação social, da ajuda mútua entre os alunos e que o ensino em grupo deve desenvolver aspectos sociais e psicológicos. Nesta forma de ensino, não há diferença entre teoria e prática. Sobre isso, Swanwick (1994) acrescenta que aprender a tocar um instrumento deveria fazer aparte de um processo de iniciação dentro do discurso musical e, além disso, respeitar a música como entidade simbólica, e [...] o aluno como ser autônomo (SWANWICK, 1994, p.7). No ensino de instrumento, Swanwick (1994) alerta para não seguir um único método e propõe a construção de um plano de ação, a partir de metáforas e imagens mentais e sugere que a mesma música seja tocada de diversas maneiras. De modo semelhante, Verhaalen (1989) defende que os alunos devem sempre entender tudo que tocam e para isso, apresenta a proposta Multimodal, na qual um mesmo conceito é trabalhado e vivenciado de diversos modos: sensitivo, visual, tátil, auditivo e verbal. Outra proposta metodológica adotada nas oficinas de flauta doce é o modelo (T)EC(L)A de Swanwick (1979). Ele envolve cinco parâmetros: composição (C), apreciação (A) e execução (E), que são formas de relação direta com a música, e por isso, consideradas centrais; e literatura (L) e técnica (T), que são formas de relação indireta com a música, assim, são parâmetros periféricos que dão suporte aos centrais. Dessa forma, os conhecimentos estão 4
5 organizados da seguinte maneira: T percepção, técnica de execução instrumental, conhecer e identificar gêneros musicais; E canto e execução dos instrumentos disponíveis; C improvisação instrumental, composições dos alunos, criação de arranjos; L instrumentos de diferentes culturas, história da música, noções de leitura e escrita musical; A apreciar diferentes tipos e gêneros musicais. 2ª etapa (maio a dezembro, 2009): Realização das oficinas no DEC e redação dos relatórios parciais e final do projeto. As oficinas são realizadas às segundas-feiras, na sede do DEC, das 08h00 às 11h00, em três horários de uma hora cada, com três turmas diferentes. A orientação à monitora acontece nas terças-feiras, das 09h50 às 10h40, na UFU. AVALIAÇÃO DO PROJETO A avaliação será processual e formativa, com ênfase em aspectos qualitativos dos processos de aprendizagem acolhimento do educando e diagnóstico dos conhecimentos. Ela será parte integrante de todas as aulas e também uma ferramenta para o planejamento, tendo como principal parâmetro, a análise das práticas e produtos musicais, amparada nos aspectos dos procedimentos metodológicos. Assim, será considerado o conhecimento musical prévio dos alunos, seu desenvolvendo musical durante o processo e também estratégias que permitam dar seqüência a esse desenvolvimento (BEINEKE, 2003). A avaliação do projeto também incluirá a redação de relatórios parciais ao longo do desenvolvimento do projeto e ao final, um relatório geral com os resultados alcançados e apontamentos para trabalhos e pesquisas futuras. PÚBLICO-ALVO O público-alvo direto do projeto consiste de crianças regularmente matriculadas no Centro de Formação, que o freqüentam no período da manhã. Indiretamente, o projeto também atinge a equipe de funcionários (direção, coordenação, instrutores, serviços gerais) do DEC, os demais alunos (que o freqüentam no período da tarde) e os familiares das crianças diretamente 5
6 atendidas pelo projeto. Estima-se que o projeto atenda, diretamente, cerca de 50 crianças e indiretamente, mais 200, perfazendo um público total de aproximadamente, 250 pessoas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Rosali Vigiano de. O ensino de flauta doce na prática de estágio do curso de música da UEL f. Monografia (Especialização em Metodologia da Ação Docente) Universidade Estadual de Londrina, Londrina, BEINEKE, V. O ensino de flauta doce na educação fundamental. In: HENTSCHKE, L.; DEL BEM, L. (Org.) Ensino de música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, p A avaliação em sala de aula: como ouvir as músicas que as crianças fazem? In: HENTSCHKE, L.; SOUZA, J. (Org.) Avaliação em música: reflexões e práticas. São Paulo: Moderna, p A educação musical e a aula de instrumento: uma visão crítica sobre o ensino da flauta doce. Expressão. Revista do Centro de Artes e Letras da UFSM, Ano 1, nº1/2, p MORAES, Abel. Ensino instrumental em grupo. Música Hoje. n.4, p.70-76, SANTOS, Carla. Ensino coletivo de instrumento: uma experiência junto ao Grupo de Flautas do Projeto Musicalizar é Viver. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, XVI, outubro, 2007, Campo Grande. Anais... Campo Grande. CD- Rom. SWANWICK, Keith. Ensino instrumental enquanto ensino de música. Cadernos de Estudo: Educação Musical. n.4/5, p.7-14, nov VERHAALEN, M. I. Explorando música através do teclado. Porto Alegre: Editora da Universidade UFRGS, (vol.1 e 2; guia do professor). WEILAND, Renate; WEICHSELBAUM, Anete Susana. Ensino instrumental possíveis contribuições a partir do modelo C(L)A(S)P de Swanwick. In: ENCONTRO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL, XVII, outubro, 2008, São Paulo. Anais... São Paulo. CD-Rom. 6
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