INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
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1 TÍTULO: ESTUDO DA FLORA ARBUSTIVO ARBÓREA DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA NATIVA COMO SUBSÍDIO PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM CORREDOR DE BIODIVERSIDADE ENTRE O PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU E O LAGO DE ITAIPU CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS AUTOR(ES): CAROLINA RODRIGUES SOUSA ORIENTADOR(ES): CAROLINA BRANDÃO COELHO, ROQUE CIELO FILHO COLABORADOR(ES): GERALDO ANTONIO DAHER CORRÊA FRANCO, JOÃO BATISTA BAITELLO, OSNY TADEU DE AGUIAR
2 Resumo A Floresta Estacional Semidecidual é a formação vegetal predominante na região oeste do Paraná, incluindo a região situada entre o Lago de Itaipu e o Parque Nacional do Iguaçu que é considerada prioritária para a implantação de corredores ecológicos. O presente trabalho tem como objetivo o levantamento da flora arbustivo-arbórea de um fragmento de 200 ha de floresta primária na região, a Mata dos Biazuz, município de Matelândia, PR. A lista de espécies obtida poderá subsidiar futuros projetos de restauração florestal e implantação de corredores ecológicos na região. Introdução A região situada entre o Parque Nacional do Iguaçu e o Lago de Itaipu está localizada na Ecorregião Florestas do Alto Paraná. A Ecorregião Florestas do Alto Paraná é a maior dentre as 15 ecorregiões identificadas no bioma Mata Atlântica, tendo a Floresta Estacional Semidecidual como tipo de vegetação predominante (Di Bitetti et al., 2003). Há uma interligação entre as unidades de conservação da região transfronteiriça Brasil, Paraguai e Argentina e outras unidades localizadas nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, onde estão localizados os maiores testemunhos e depósitorios de Floresta Estacional Semidecidual, representa uma condição altamente favorável para a conservação da Mata Atlântica(Di Bitetti et al., 2003), essa interligação constitui o chamado Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná (Figura1) e faz parte da Visão de Biodiversidade da Ecorregião Florestas do Alto Paraná do WWF, cujo objetivo é garantir a conservação da biodiversidade Paraná (Di Bitetti et al., 2003). Nesta região, Parque Nacional do Iguaçu se destaca como a maior unidade de conservação de proteção integral cobrindo uma área de ha.
3 Figura 1. Unidades de conservação situadas na região transfronteiriça entre Brasil, Paraguai e Argentina. Destaque para os Parques Nacionais do Iguaçu (30) e da Ilha Grande (29) e Parque Estadual do Morro do Diabo (25). Extraído de Di Bitetti et al. (2003). Existe uma pequena interligação entre o Parque Nacional do Iguaçu e a faixa de preservação permanente do reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu, o Corredor de Biodiversidade Santa Maria, uma iniciativa da Itaipu Binacional que consiste de remanescentes de vegetação nativa e em uma faixa seca de reflorestamento com espécies predominantemente nativas, apresentando 60 m de largura e 3 km de extensão (Itaipu Binacional, 2012). Entretanto, toda a região entre o Parque Nacional do Iguaçu e o Lago de Itaipu é tida como Área que necessita corredor na legenda do mapa da Paisagem de Conservação da Biodiversidade do WWF para a Ecorregião Florestas do Alto Paraná (Di Bitetti et al., 2003). Para a implantação de corredores interligando o Parque Nacional do Iguaçu e o Lago de Itaipu haverá necessidade de recuperação florestal. Nesse contexto, o conhecimento florístico sobre os remanescentes de vegetação nativa da região é fundamental para a escolha das espécies mais adequadas aos plantios de recuperação, evitando-se o uso de espécies exóticas ou nativas de outras regiões e possibilitando plantios com elevada diversidade. Além disso, a caracterização florística daqueles remanescentes constitui subsídio importante para futuros esforços de seleção e marcação de árvores matrizes para a coleta de sementes e produção de mudas com elevada diversidade genética
4 (Sebbenn, 2006) e adaptadas às condições locais (Leimu e Fischer, 2008), visando à recuperação florestal. Objetivo O presente estudo teve como objetivo geral proporcionar um referencial inédito sobre a cobertura vegetal nativa da Floresta Estacional Semidecidual em região de importância estratégica para a implantação do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná. O objetivo específico deste trabalho foi efetuar o levantamento da flora arbustivo-arbórea de um dos principais fragmentos de floresta nativa situados entre o Parque Nacional do Iguaçu e o Lago de Itaipu. Metodologia Com o auxílio do Atlas de Remanescentes da Mata Atlântica (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE, 2009) e do aplicativo i3geo (ICMBio, 2013) foram identificados os fragmentos de floresta nativa situados entre o Parque Nacional do Iguaçu e o Lago de Itaipu. Um dos fragmentos com mais de 50ha foi selecionado, conhecido como mata dos Biazuz, e localizado na Linha Bananal, município de Matelândia, foi escolhido para a realização do presente estudo. A mata dos Biazuz possui aproximadamente 200 ha de cobertura florestal primária, sendo, portanto, um bom representante das florestas que cobriam originalmente a região. Para o levantamento florístico foi utilizado o método de caminhamento (Filgueiras et al., 1994). As visitas para caracterização florística tiveram periodicidade mensal e duração de 2 dias de outubro de 2013 a junho de Desenvolvimento Todas as amostras foram georreferenciadas com uso de Sistema de Posicionamento Global (GPS). O material botânico proveniente das coletas foi processado de acordo com as técnicas usuais de herborização(mori et al. 1985, Fidalgo e Bononi 1989, IBGE 2012). As exsicatas foram preparadas no Herbário SPSF com duplicatas do material coletado para depósito na UTFPR Câmpus Medianeira e para doação ao Herbário UNOP. Os registros georreferenciados foram disponibilizados para consulta on-line por meio da rede specieslink.
5 Resultados e Discussão Das coletas realizadas na mata dos Biazuz obtivemos uma lista com um conjunto de 125 espécies distribuídas em 43 famílias botânicas (Figura1). As famílias que apareceram com maior frequência em relação ao número de espécies foram Fabaceae com 15 espécies, representando 12% do total, Myrtaceae com 10 espécies, representando 8%, Meliaceae com 8 espécies, representando 6,4%, Euphorbiaceae com 6 espécies, representando 4,8%, Salicaceae com 6 espécies, representando também 4,8% e Solanaceae com 6 espécies, representando 4,8% do total coletado. Essas famílias estão entre as mais ricas citadas em inventários florísticos de floresta estacional semidecidual (Leitão-filho, 1987). Famílias representativas Nº de espécies Euphorbiaceae % do total Fabaceae Meliaceae Myrtaceae Salicaceae Solanaceae Figura 1. Histograma demonstrando as famílias que apareceram com maior frequência na mata dos Biazuz, Matelândia PR O esperado na maioria de outros projetos de fitofisionomistas desse tipo de vegetação é a predominância do hábito arbóreo (Souza et al., 2012). O levantamento deste projeto, supera até estudos de levantamento mais amplos, como Cielo-Filho et al. (2009), quanto as formas de vida mais representativas nas coletas, a predominância de espécies de hábito arbóreo fora significativamente de 90,4% (ou 113 espécies) do total onde 66.6% delas estão citadas entre as mais ricas dentro do inventário florístico de Floresta Estacional Semidecidual (Cielo-Filho et al. 2009), seguido de 8,8% de espécies arbustivas
6 (11 espécies) e 0,8% de apenas uma espécie em estado de feto-arbóreo (1 espécie Alsophila sternbergii). Todas as espécies coletadas foram submetidas à análise pela Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção pelo Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2014) e das 125 espécies determinadas 4 foram englobadas nas categorias de ameaça. O objetivo de encontrar o enquadramento das espécies dentro da lista serve para que medidas de preservação da flora nativa brasileira seja levada em consideração, os aspectos e impactos ambientais devem ser revistos diante da situação de ameaça das populações de espécies vulneráveis encontradas. E medidas de implantações como unidades de conservação, projetos e estudos voltados a preservaçãocomo citado em Cielo-Filho et al. (2015). São elas: Apuleia leiocarpa (Vogel) J.F.Macbr. (garapa), Cedrela fissilis Vell. (cedro-rosa) e Myrcia diaphana (O.Berg) N.Silveira e Euterpe edulis Mart (palmito-juçara). Foram determinadas também as espécies exóticas com características invasoras de origem ocidental, Melia azedarach L. (cinamomo) e Hovenia dulcis Thunb. (uva-japonesa) que não fazem parte do quadro ecológico nativo da região. Considerações finais Podemos concluir que as famílias mais representativas encontradas na Mata dos Biazuz, em Matelândia, estão entre as mais ricas citadas em inventários florísticos de Floresta Estacional Semidecidual segundo Leitão Filho (1987), logo, o fragmento selecionado é determinado como um bom representante deste tipo de formação florestal do bioma Mata Atlântica. As populações das espécies enquadradas como vulneráveis (VU) segundo o MMA devem ser consideradas em futuros projetos de conservação. Recomenda-se atenção especial no manejo da área visando ao controle e/ou erradicação das espécies exóticas encontradas Melia azedarach e Hovenia dulcis. A lista de espécies obtidas com o presente estudo poderá ser utilizada para elaboração de projetos de restauração florestal na região, visando à implantação de corredores de biodiversidade na região entre o Parque Nacional do Iguaçu e o lago de Itaipu, entre outros projetos e estudos.
7 Fontes consultadas BRASIL Ministério do Meio Ambiente. Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção. Portaria n. 443, de 17 de dezembro de Diário Oficial da União. 18 dez CIELO-FILHO, R. ET AL Ampliando a densidade de coletas botânicas na região da bacia hidrográfica do Alto Paranapanema: Caracterização florística da Floresta Estadual e da Estação Ecológica de Paranapanema. Biota Neotropica, São Paulo, v.9, n.3, p CIELO-FILHO, R. ET AL A vegetação da estação ecológica de avaré: subsídios para o plano de manejo. Instituto Florestal Série Registros, São Paulo, n.53, p DI BITETTI, M.S, PLACCI, G. & DIETZ, L.A Uma visão de Biodiversidade para a Ecorregião Florestas do Alto Paraná Bioma Mata Atlântica: planejando a paisagem de conservação da biodiversidade e estabelecendo prioridades para ações de conservação. World Wildlife Fund, Washington, FIDALGO, O. & BONONI, V.L.R Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 62 p. FILGUEIRAS, T.S. ET AL Caminhamento um método expedito para levantamentos florísticos qualitativos. Caderno de Geociência, v. 12, p FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica, período de São Paulo, Fundação SOS Mata Atlântica & São Jose dos Campos, INPE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IBGE Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fitogeográfico, inventário das formações florestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, procedimento para mapeamento. IBGE Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 2. ed. rev. e ampl., Rio de Janeiro.
8 INSTITUTO CHICO MENDES ICMBio i3geo Mapa Interativo. Disponível em: 0k4n09f5rsoqok8j3djst7. Acesso em: 06 de março de ITAIPU BINACIONAL Corredor de Biodiversidade Santa Maria Disponível em: < Acesso em: 14 de Novembro de LEIMU, R. & FISCHER, M A meta-analysis of local adaptation in plants. PLoS ONE, v. 3, n.12, e4010. doi: /journal.pone LEITÃO-FILHO, H.F Considerações sobre a florística de florestas tropicais e subtropicais do Brasil. Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais, Piracicaba, p (v. 35). MORI, S.A., SILVA L.A.M., LISBOA, G & CORADIN L Manual de manejo do herbário fanerogâmico. Centro de Pesquisa do Cacau CEPEC, Ilhéus. SEBBENN, A Sistemas de reprodução em espécies tropicais e suasimplicações para a seleção de árvores matrizes para reflorestamentos ambientais. In: Pomar de sementes de espécies florestais nativas (Higa, A.R. & Silva, D. coords.). FUPEF, Curitiba, p SOUZA, S.P.M. ET AL Caracterização florística de uma área de contato entre Cerrado e Mata atlântica. Revista Instituto Florestal, São Paulo, v. 24, n.1, p
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