Habitar como modo de ser no Mundo
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- Salvador Natal Barreto
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1 Savransky, C. (2006). El usuário como eslabón. Entre la arquitectura y la ciência social. Sarquis, Jorge (eds) (2006) Arquitetura y modos de habitar. Nobuko, p Habitar como modo de ser no Mundo Todo o indivíduo vive num mundo que lhe é próprio. Isto significa que todas as vivências e práticas, tanto em relação a si próprio como a outro, são consequentes daquilo que é como indivíduo e de como funciona o seu mundo. No entanto, para que seja possível cada pessoa ter o seu mundo próprio, é necessário existir um mundo comum que permita a coexistência de todas estas individualidades. Assim antes da criação individual existe uma base social. O Mundo é uma diversidade na sua unidade. o que cada cultura cria como seu mundo é um habitat onde estão inseridas as condições e possibilidades para diversos modos de habitar. Dentro da unidade histórica e cultural a que chamamos mundo existe uma diversidade de classes, grupos, etnias, tradições, necessidades, hábitos e um infinito número de aspetos e características que ditam a pluralidade de modos de vida. Através de épocas, estilos e materializações de diferentes maneiras de viver damos origem a obras arquitetónicas. A obra como significado Um arquiteto como indivíduo social tem duas hipóteses na perspetiva de intervenção: A primeira é ignorar o mundo dos outros e impor o seu próprio mundo significativo dominado por uma fascinação narcisista. A segunda tem como base entender e abrir-se a outras vivências que não a sua própria. Entender que constrói para a sociedade e que deve por isso tornar o mundo criado por si flexível a outros indivíduos, para os quais projeta. Para isso é necessário perceber a individualidade de cada um e estabelecer pontos de interesse comuns. Arquiteto Outro Arquiteto Outro ISCTE-IUL 2015/2016 Arquitectura V 3ºAno 1ºSemestre Matilde Aresta Branco
2 Entre a singularidade e a universalidade A diversidade é um produto de condições meramente subjetivas e ideológicas que são em si mesmas aleatórias. Na busca de encontrar uma ordem universal é necessário acabar com as particularidades subjetivas e ingressar nas condições universais de habitar. Condições essas que precisam de ser entendidas como funcionais porque só as necessidades humanas objetivas se mantêm constantes. Se a universalidade genérica do mundo pressupõe a distinção de uma diversidade de modos possíveis de habitá-lo haverá formas que expressem a diversidade em todos os mundos singulares dentro do mundo geral. O lugar de Intervenção Numa intervenção urbana, por exemplo, em espaço público é essencial a investigação do local de intervenção. Pode dizer-se que todos os sítios contêm uma história vivida e dimensionada pela subjetividade dos seus utilizadores. Há, portanto, dois modos de entender a história de um mesmo sítio. - Um é através da história que se recupera com a leitura de livros e documentos que nos dão uma perspetiva de um passado sem sofrermos uma experiência vivida. - Outro caminho é pelo estudo do passado ativo. Passado que se mantem vivo através dos atos do presente. São estas vivências cheias de significado que levam aos utilizadores a opor-se às transformações no cenário urbano que retirarão o significado histórico, estético e formal que é atribuído pelos moradores. Não se trata de uma oposição ao progresso, mas sim a tentativa de preservar o sentido familiar do lugar. O arquiteto e o imaginário do utilizador O que existe pode querer ser mantido pelo utilizador, conservado dentro do novo mesmo que a intervenção o transforme. Para isso nada como reeditar o que já é. É necessário começar pela investigação das necessidades e desejos para projetá-los na obra. ISCTE-IUL 2015/2016 Arquitectura V 3ºAno 1ºSemestre Matilde Aresta Branco
3 Prenzlauer Berg, Berlim Volume piso 0 - Espaços comerciais Volume piso 1 - Ateliers Volume piso 2 - Apartamento tipo 1 Volume piso 3 - Apartamento tipo 2 Volume piso 4 - Apartamento tipo 3 COrtes com indicação de distribuição 20 Arquiteto: BARarchitekten Ano do Projeto: 2009 Ano da Obra: Área/habitante: Espaço Residencial 30 até 128m2 Espaço comercial 5 até 54m2
4 20 ORDERBERGER STRASSE 56 SOCIEDADE TIPOS DE FAMÍLIAS ACESSOS MODOS DE HABITAR CIDADE SITUAÇÃO URBANA VALORES DE PROXIMIDADE TECNOLOGIA SISTEMA CONSTRUTIVO - Paredes com blocos de betão - Escadas e pavimentos em madeira SISTEMA ESTRUTURAL - Lajes e pilares em betão armado DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS HÚMIDAS Planta piso 0 Planta piso 1 Relações visuais Actividades no piso térreo Geração de espaço público Planta piso 0 Planta piso 1 Planta piso 2 Planta piso 2 ESPAÇOS INTERMÉDIOS Planta piso 3 Planta piso 3 Planta piso 2 ADAPTABILIDADE / FLEXIBILIDADE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Planta piso 4 Materiais recicláveis Componentes pré-fabricadas Sistemas inteligentes Este projecto caracteriza-se pela solução da organização espacial. No interior de um edifício típico, do tipo bloco, desenvolvem-se diferentes volumes não por pisos como seria de prever, mas através de uma sequência de espaços e entre-espaços distribuídos por patamares que criam uma dinâmica e um movimento propício à socialização e partilha entre utilizadores e residentes. Ao relacionar todos os espaços entre si os arquitectos transportam a dinâmica da rua para dentro do complexo habitacional. A complexidade da estrutura interior reflecte a complexidade da cidade em redor. Outra das particularidades deste projecto é a de articular a casa com o trabalho. A variedade de volumes criados pelos diferentes patamares permite uma flexibilidade aos espaços e ao uso dos mesmos. Ao nível do piso térreo desenrolam-se diversas actividades comerciais com o objectivo de estimular o movimento da rua. Mais uma vez contribuindo para o desenvolvimento urbano da cidade
5 Salgueiros, Porto Planta de Implantação do Projecto Cortes Longitunial e Transversais Volume piso 4 - Apartamento tipo 3 41 Arquiteto: AVAarchitects Ano do Projeto: 2002 Ano da Obra: Área/habitante: m2
6 41 TRAVESSA DE SALGUEIROS SOCIEDADE TIPOS DE FAMÍLIAS ACESSOS MODOS DE HABITAR CIDADE SITUAÇÃO URBANA VALORES DE PROXIMIDADE TECNOLOGIA SISTEMA CONSTRUTIVO - Paredes com blocos de betão - Pavimentos em madeira SISTEMA ESTRUTURAL - Lajes e pilares em betão armado DISTRIBUIÇÃO DE ÁREAS HÚMIDAS Planta tipo piso de Garagem Planta tipo piso 1 Planta tipo piso de Garagem Planta tipo piso 1 Relações visuais Actividades no piso térreo Geração de espaço público Plantas tipo piso 2 Planta tipo piso 3 Plantas tipo piso 2 ESPAÇOS INTERMÉDIOS Plantas tipo piso 3 Planta tipo piso 3 Planta piso 4 ADAPTABILIDADE / FLEXIBILIDADE Planta piso 4 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA Este projecto tem como base uma preocupação urbana. A sua posição e ligação com a envolvente é crucial no desenvolvimento do projecto com o objectivo de que este pertença à estrutura urbana onde se insere e a influencie positivamente. Os arquitectos acreditam que a resolução do problema não passa unicamente por resolver o programa habitacional, mas também a problemática de um núcleo urbano cheio de história e significado mas fragmentado. Esta intervenção baseia-se, portanto, numa adaptação à forma urbana pré-existente. No entanto existe também uma clara vontade de se distinguir no lugar o que concede ao projecto uma interdependência curiosa. O edifício pela sua forma pouco aprofundada funciona segundo um esquema esquerdo-direito com excepção nos pontos de viragem do volume onde os acessos e tipologias adquirem formas mais expressionistas e adaptadas. Os acessos ao edifício têm constante relação com os arruamentos envolventes, uma vez que se encontram nos limites do projecto e desenvolvem zonas/espaços de estar como o pátio público. A organização e distribuição interior é feita através de corredores que respeitam a lógica do tecido urbano. A orientação das divisões é feita segundo uma escala de privacidade. Os quartos (mais privados) estão orientados para o pátio, e as zonas de serviço para os arruamentos tirando partido da diferença de cotas. Materiais recicláveis Componentes pré-fabricadas Sistemas inteligentes
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