RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS
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- Anderson Aragão Sousa
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1 2 RESISTÊNCIA DOS MATERIAIS Revisão de Matemática Faremos aqui uma pequena revisão de matemática necessária à nossa matéria, e sem a qual poderemos ter dificuldades em apreender os conceitos básicos e trabalhar com eles. Operações com Frações Decimais São chamadas frações decimais aos números onde utilizamos uma vírgula para separar a parte inteira da parte menor que a inteira, tais como nos exemplos: 0,1-0,005-8,5 - etc. Quando operamos com números, dividindo ou multiplicando por dez ou seus exponenciais basta deslocar a vírgula do número de casas quantas forem os zeros do número divisor ou multiplicador. Quando dividimos deslocamos a vírgula para a esquerda e quando multiplicamos deslocamos a vírgula para a direita. Exemplo: se quisermos dividir o número 6 por 10 basta verificar onde está a vírgula do número 6 e então deslocamos essa vírgula uma casa para a esquerda. A vírgula do 6 está assim colocada 6, ou então 6,0 Para dividirmos o 6 por 10 deslocamos esta vírgula de uma casa para a esquerda, temos então: 6 10 = 0,6 ou = 0,06 ou ainda 6,5 100 = 0,065 Para multiplicarmos o número 8 por 10 temos: 8 10 = 80 ou = 800 ou ainda 8, = 8750 Os números decimais são muito utilizados em nosso dia a dia em nossas contas e especialmente nas nossas medidas. Unidades de medidas. A unidade de medida de extensão é o metro e seus múltiplos e submúltiplos. mm - 0,001 m - milímetro cm - 0,01 m - centímetro dm - 0,1 m - decímetro m - 1 m - metro dam - 10 m - decâmetro hm m - hectômetro km m - quilômetro
2 3 A unidade de medida de área é o metro quadrado e seus múltiplos e submúltiplos m 2 - metro quadrado A unidade de medida de volume é o metro cúbico e seus múltiplos e submúltiplos m 3 - metro cúbico A unidade de massa é o quilograma e seus múltiplos e submúltiplos mg - 0,001 g - miligrama - 0, kg cg - 0,01 g - centigrama - 0,00001 kg dg - 0,1 g - decigrama - 0,0001 kg g - 1 g - grama - 0,001 kg kg - 1kg - quilograma - 1 kg t kg - tonelada kg A unidade de força do Sistema Internacional de Medidas (ISO) é o Newton ainda pouco utilizada mas, que prevalecerá cada vez mais. N - Newton Porém ainda encontramos muito utilizada ainda hoje a unidade de força. kgf - quilograma-força 1 kgf = 9,81 N No passado foi muito utilizada, e ainda podemos encontrar em livros um pouco antigos, a unidade de força libra-força devido à grande influência do sistema inglês no mundo. A unidade de pressão (ou de tensão) da norma ISO é o Pascal ainda pouco utilizada Pa = N / m 2 - Newton por metro quadrado Ainda é muito utilizada a unidade de pressão ( e de tensão) kgf / mm 2 - quilograma-força por milímetro quadrado Operações com Frações Ordinárias Multiplicação - Para multiplicarmos duas frações ordinárias multiplicamos os numeradores resultando um número que será o numerador da fração resultado e então multiplicamos os dois denominadores que gerará um outro número que será o denominador da fração resultado. Exemplo: a / b. c / d = a. c / b. d 1 / 2. 3 / 4 = 1. 3 / 2. 4 = 3 / 8 ou
3 4 Divisão Para efetuarmos uma divisão de frações, mantemos a primeira fração sem modificações e multiplicamos pela segunda fração invertida. Exemplo: a / b c/d a/b x d/c = a.d/b.c ou 1/2 3/4 = 1/2 x 4/3 = 1.4/2.3 = 4/6 = 2/3 Regra de Três Simples Chamamos regra de três a uma operação matemática onde temos três dados que estão relacionados entre si e um deles é desconhecido. Exemplo: valor se X X = A / B sendo A e B valores conhecidos basta efetuarmos a divisão e teremos o X = 20 / 5 teremos X = 4 frações: sendo A e X os valores conhecidos poderemos aplicar a propriedade das se A / B = C / D então A. D = B. C cujo exemplo apresentamos: 1 / 2 = 4 / 8 então 1. 8 = 2. 4 que resulta em 8 = 8 Podemos então afirmar X / 1 = A / B e X. B = 1. A que se torna X. B = A e resulta, B = A / X resultado. Exemplo: como A e X são valores conhecidos basta efetuar a divisão para obtermos o 10 = A / 5 fazemos 10 / 1 = A / 5 e teremos = 1. A então = A onde A = 50 Noções de Trigonometria Estudaremos aqui as relações trigonométricas no triângulo retângulo. Assim, caso tenhamos a dimensão da hipotenusa de um triângulo retângulo e um dos ângulos agudos, podemos calcular a dimensão de qualquer lado. Os senos e cosenos de quaisquer ângulos são conhecidos. Basta que tenhamos uma tabela de senos e cosenos. Apresentamos os valores de senos e cosenos de alguns ângulos mais usuais:
4 5 a hipotenusa a b cateto oposto ao ângulo α c cateto adjacente ao ângulo α b Chamamos seno de um ângulo a relação ângulo α entre o cateto que lhe é oposto e a hipotenusa Assim, no triângulo ao lado, o seno de α é c dado por sen α = b/a E chamamos de co-seno, a relação entre o cateto que lhe é adjacente e a hipotenusa. Assim, no triângulo anterior, o co-seno do ângulo α é dado por cós α = c/a ângulo seno coseno 0 º º 0,5 0,87 45 º 0,74 0,74 60 º 0,87 0,5 90 º 1 0 Exemplo. Temos um triângulo retângulo com hipotenusa de 12 cm e um dos ângulos agudos vale 30 º. Qual o comprimento do cateto oposto a esse ângulo? Resposta. Como sabemos que o seno de um ângulo é dada pela dimensão do cateto que lhe é oposto dividida pela dimensão da hipotenusa temos: Seno de 30 º = 0,5 ( da tabela ) Seno de 30 º do nosso triângulo = dimensão do cateto oposto / 12 Como os dois senos são iguais, por serem senos de 30 º podemos escrever: 0,5 = dim. do cateto oposto / 12 0,5 x 12 = dim. do cateto oposto dimensão do cateto oposto = 6 cm Revisão de Física Faremos agora uma pequena revisão de alguns conceitos de Estática Força O conceito de força é primitivo. Nós o adquirimos através da sensação de esforço muscular. Fisicamente, Força é toda causa capaz de produzir em um corpo uma modificação de movimento ou uma deformação. F = m.a sendo: F força m massa a aceleração
5 6 Um tipo de força muito comum é o peso. Peso de um corpo é a força com que a Terra (planeta) o atrai. P = m.g sendo g a aceleração da gravidade terrestre. Para definirmos força necessitamos de três parâmetros. 1 ) O módulo ( que o número que nos dá o valor da força ) 2 ) A direção na qual está atuando a força. Ex.: horizontal, vertical, etc. 3 ) O sentido no qual está atuando a força. Ex.: para baixo, para cima, para a direita, etc. Assim, dizemos que força é uma grandeza vetorial porque para ser definida precisamos mencionar o seu módulo, sua direção e seu sentido. Composição de Forças Para fazer a composição de forças temos que levar em conta, sempre, os três parâmetros que as formam. Duas forças com mesma direção e sentido se somam F 1 F 2 Resultante Duas forças com mesma direção mas com sentidos contrários se diminuem e terá resultante na direção da maior. F 1 F 2 Resultante Duas forças em direções e sentidos diversos podem ser compostas pela regra do paralelogramo F 1 F 1 Resultante F 2 F 2
6 7 Decomposição de Forças Da mesma forma que podemos fazer a composição de forças, podemos, a partir de uma força, obter duas ou mais componentes dessa força. Ex. F 1 F 1y F 1 Obtemos então duas componentes F 1y e F 1x que se forem compostas segundo a regra anteriormente apresentada torna-se a própria força F 1 Decomposição de Forças segundo os eixos ortogonais x e y Neste trabalho utilizaremos dois eixos ortogonais ( dois eixos que formam 90 º entre si. Estes eixos são assim escolhidos para facilitar os cálculos ) F 1x y 0 x Esses dois eixos são ferramentas de trabalho que nos facilitará na decomposição de forças. No ponto zero dos nossos eixo colocaremos a força que queremos decompor. y F 1y F 1 ângulo α 0 F 1x x
7 8 Suponhamos agora que a força F 1 do esquema acima tenha um módulo de 100 N, que o ângulo α tenha 30 º e que queiramos decompor F 1 em duas componentes ortogonais segundo os eixos x e y. Quais devem ser os valores de F 1x e de F 1y? Solução: Para que F 1y e F 1x representem a decomposição de F 1, a linha F 1y Z e o eixo x devem ser paralelas o mesmo acontecendo com as linhas F 1x Z e o eixo y. Portanto as linhas 0 F 1y é igual à linha F 1x Z e podemos afirmar que a dimensão da linha 0 F 1y representa módulo da componente F 1y. Então: sen 30 º = F 1y / F 1 0,5 = F 1y / 100 N 0,5 X 100 = F 1y F 1y = 50 N cos 30 º = F 1x / 100 N 0,86 = F 1x / 100 N 0,86 x 100 = F 1x F 1x = 86 N Momento de uma Força em Relação a um Ponto Momento de uma força em relação a um ponto é a tendência que tem essa força em fazer um corpo girar, tendo esse ponto como centro de giro. Define-se : Momento de uma Força em Relação a um Ponto é uma grandeza vetorial cuja intensidade é igual ao produto da intensidade da força pela distância do ponto ao suporte da força. b Força F a O momento da força F em relação ao ponto b é M a = F.ab Assim, o momento da força F em relação ao ponto pela distância a b. a é dado pelo produto do módulo da força F
8 9 Momento Resultante O momento resultante é a composição dos diversos momentos atuantes em um corpo. O momento resultante será, sempre, em relação a um mesmo ponto. F 1 F 2 y a z x F 3 Para fazermos composição de momentos devemos primeiro estabelecer uma convenção para os momentos. Momento que tende a girar no sentido horário será positivo e ante-horário, negativo. No exemplo acima faremos o momento resultante em relação ao ponto a. Momento Resultante = F 3. distância ax - F 2. dist. az - F 1. dist. ay Exemplo numérico: Sendo F 1 = 200 N F 2 = 400 N F 3 = 800 N e ay = 80 cm az = 40 cm ax = 60 cm M resultante = x x x 60 (momento resultante em relação ao ponto a) Mr a = Mr a = Mr a = 1600 N.cm
9 10 Resolvendo Problemas Utilizando Decomposição de Forças e Momento de Força Para resolvermos esses problemas utilizaremos das leis da Estática que nos fala sobre equilíbrio de um corpo. Segundo a primeira lei de Newton um corpo está em equilíbrio quando: 1) a resultante das forças que atuam sobre ele é nula 2) o momento resultante dos momentos que atuam sobre ele em relação a qualquer ponto, é nulo. A Estática, que é a parte da Mecânica que aqui estudaremos, estuda os corpos em equilíbrio. Equilíbrio de Um Ponto Material Inicialmente calcularemos o equilíbrio de um ponto material. Como um ponto não tem dimensão, nele não atuam momentos porque, como vimos anteriormente, para que uma força produza momento temos que ter uma distância entre o ponto de referência e o ponto da atuação da força. Então, utilizemos os dois princípios de equilíbrio. 1 o princípio ( utilizaremos a decomposição de forças nos eixos x e y ). Portanto: ΣF X = 0 ΣF Y = 0 Exercícios Resolvidos 1) Decompor a força F = 2000 N, em duas componentes, nos eixo x e y, conforme o esquema abaixo: y seno 30 = 0,50 co-seno 30 = 0,87 seno 60 = 0,87 F y F co-seno 60 = 0,50 Respostas F x = 100 N F y = 174 N 30 F x x
10 11 2) Calcular as forças atuantes nos cabos 1 e 2 do esquema abaixo sabendo que o peso de 1000 N está em equilíbrio. Colocamos o esquema nos eixos x e y y ângulo 30 o cabo 1 cabo 2 solução F 2 F 1 ângulo 60 o Peso 1000 N Fazemos a decomposição das forças nos eixos x e y y 1000 N x F 2y F 2 F 1 60 o F 1y 30 o F 1x F 2x x 1000 N Com esse procedimento geramos as componentes F1 x e F1 y as componentes F2 x e F2 y. Para termos equilíbrio é necessário que: ΣF x = 0 temos que somar as forças do eixo x e igualar a zero ΣF x = - F 1x + F 2x = 0 mas F 1x = F 1. sen 60 o F 2x = F 2. sen 30 o temos - F 1. sen 60 o + F 2. sen 30 o =0 donde - F 1. 0,87 + F 2. 0,5 = 0-0,87F 1 = - 0,5 F 2 F 1 = 0,5 F 2 / 0,87 ou F 1 = 0,57 F 2 Agora fazemos ΣF y = 0 F 1. cos 60 o + F 2. cos 30 o 1000 = 0 F 1. 0,5 + F 2. 0,87 =1000 0,5 F 1 + 0,87 F 2 = 1000
11 12 como F1 = 0,5 F2 / 0,87 fazemos a substituição: 0,5 ( 0,57 F 2 ) + 0,87 F 2 = ,285 F 2 + 0,87 F 2 = ,155 F 2 = 1000 F 2 = 1000 / 1,155 F 2 = 866 N Daí resulta que F 1 = 0,57 F 2 então F 1 = 0,57 x 866 F 1 = 494 N Resultado: a força atuante no cabo 1 vale 494 N a força atuante no cabo 2 vale 866 N Exercícios Propostos 1) Calcule as forças F 1 e F 2 no esquema abaixo. 60 F 2 F N Resp F 1 = N F 2 = N 2) Calcule a Força F 1, no esquema abaixo N N F 1 Resp. F 1 = N
12 13 Calcule as forças F 1 e F 2 nos esquemas abaixo: 3) F F N Resp. F 1 = F 2 = N 4) F 1 F N Resp. F 1 = F 2 = N 5) F 2 F 1 Resp F 1 = N N F 2 = N
13 14 Equilibro de Um Corpo Para calcularmos o equilíbrio de um corpo vamos utilizar as três equações anteriormente apresentadas Exercícios Resolvidos ΣF X = 0 ΣF Y = 0 ΣM 0 = 0 1) Calcular as reações nos apoios A e B no esquema abaixo sabendo que o corpo está em equilíbrio: Para resolvermos esse exercício aplicaremos a segunda condição de equilíbrio: (Um corpo está em equilíbrio quando a soma dos momentos que atuam sobre ele, em relação a qualquer ponto, é nulo) Verificamos os momentos que atuam, no corpo, em relação ao ponto B: ( Usaremos aqui a convenção: momento no sentido horário positivo e ante-horário negativo) ΣM B = 0 R A = 0 10 R A = 0 10 R A = 5000 R A = 5000 / 10 R A = 500 N
14 15 ΣM A = R B.10 = = 10 R B 10 R B = 5000 R B = 5000 / 10 R B = 500 N Podemos ainda, como forma de verificação, aplicar o ΣF y = 0 então R A + R B = = = 0 Conclusão R A = 500 N R B = 500 N Exercícios Propostos Calcule as reações R B e R B nos esquemas abaixo: 1) N A B 2 m 3 m Resp. R A = N R B = N
15 16 2) N N A B 2 m 5 m 3 m Resposta N N 3) A N N B 2 m 1 m 3 m N Resposta N
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