Programação Matemática Licenciatura em Matemática

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "Programação Matemática Licenciatura em Matemática"

Transcrição

1 Programação Matemática Licenciatura em Matemática Marília Pires Universidade do Algarve Departamento de Matemática 2005/06

2 Conteúdo 1 Modelos de Optimização Programação Linear Tópicos sobre convexidade Programação Linear O Método Simplex Algoritmo Simplex O método simplex em forma de quadro Exemplo de aplicação do método simplex Dualidade em Programação Linear Análise de sensibilidade e análise post-optimal O Problema de Transportes Formalização do problema: Exemplo concreto Propriedades das matrizes dos problemas de transportes Obtenção da solução básica admissível inicial Forma especial do método simplex para o problema de transportes Soluções degeneradas Desequilíbrio entre oferta e procura Programação Linear Inteira Algoritmo Branch-and-Bound Resolução de um problema concreto Optimização sem restrições Funções reais de variável real Funções reais de variável vectorial Gradiente, Hessiana e Jacobiano

3 4.4 Gradiente e Hessiana de uma função quadrática Derivada de um produto de funções Derivação de função composta (regra da cadeia) Programação não Linear (alguns) Tipos de Problemas não Lineares As condições de Karush-Kuhn-Tucher (KKT) para optimização com restrições Programação Quadrática

4 Capítulo 1 Modelos de Optimização Os modelos de optimização tentam expressar, em termos matemáticos, o objectivo de resolver um problema da melhor maneira de acordo com certas limitações. Alguns exemplos: - Projectar uma ponte de modo a: maximizar a resistência e/ou minimizar os materiais - Gerir um negócio de modo a: maximizar os lucros e/ou minimizar os custos e/ou minimizar o pessoal... - Criar um motor de automóvel de modo a: maximizar a velocidade e/ou minimizar a poluição e/ou minimizar o consumo e/ou maximizar a segurança... 3

5 Os modelos podem ser determinísticos ou estocásticos. Nos modelos determinísticos conhecem-se, à partida, os valores de todos os parâmetros do problema. Nos modelos estocásticos, normalmente, o que se conhece são as funções distribuição de probabilidade dos valores dos parâmetros envolvidos. Iremos, neste curso, abordar só modelos determinísticos. Pode-se ainda considerar a divisão dos modelos em contínuos e discretos, conforme as variáveis envolvidas possam tomar valores reais ou inteiros. Na sua forma mais geral, um modelo de optimização determinístico contínuo pode ser representado do seguinte modo: Minimizar f(x) Sujeito a h i (x) = 0 i = 1; :::; m h g j (x) 0 j = 1; :::; m g x 2 R n em que f; h i e g j : R n! R são funções contínuas. Os modelos que vamos estudar são casos muito particulares desta formulação geral, em que se identi cam perfeitamente certas propriedades das funções envolvidas. 1.1 Programação Linear Um modelo de programação linear envolve a optimização de uma função linear sujeita a restrições lineares nas variáveis. Seja, por exemplo: Minimizar c 1 x 1 + c 2 x 2 + ::: + c n x n sujeito a a 11 x 1 + a 12 x 2 + ::: + a 1n x n b 1 a 21 x 1 + a 22 x 2 + ::: + a 2n x n b 2 a m1 x 1 + a m2 x 2 + ::: + a mn x n b m x 1 ; x 2 ; :::; x n 0 (1.1) A c 1 x 1 + c 2 x c n x n chama-se função objectivo. É costume representar esta função por z. As valores c 1 ; c 2 ; :::; c n dá-se o nome de custos e x 1 ; x 2 ; ; x n são as variáveis de decisão. As desigualdades representam a restrições. Os coe cientes a ij ; i = 1; :::; m; j = 1; :::; n, são chamados coe cientes tecnológicos e formam 4

6 2 3 a 11 a 12 a 1n a 21 a 22 a 2n uma matriz A = chamada matriz das restrições. O vector. 5 a m1 a m2 a 2 3 mn b 1 b 2 b = é chamado termo independente. As restrições x 1; x 2 ; :::; x n 0 são b m chamadas restrições de não negatividade. A um vector x = [x 1 ; x 2 ; :::; x n ] T que satisfaz todas as restrições chama-se solução admissível. Ao conjunto de soluções admissíveis chama-se região admissível. Usando notação matricial, o problema (1.1) pode ser escrito abreviadamente: Minimizar Sujeito a c T x Ax b x 0 Usa-se a seguinte de nição: x; y 2 R n ; x y () x i y i ; i = 1; :::; n Para que um problema de optimização possa ser representado como um programa linear é necessário que várias condições se veri quem, sendo as principais: I. Proporcionalidade: Dada uma variável x j a sua contribuição para o custo é c j x j e a sua contribuição para a restrição i é a ij x j. Isto é, se o valor de x j passa, por exemplo, para o dobro a sua contribuição também passará para o dobro. II. Aditividade: Isto é o custo total é a soma dos custos individuais e a contribuição total para a restrição i é a soma das contribuições individuais. III. Divisibilidade: As variáveis de decisão podem tomar qualquer valor real. IV. Determinismo: Os coe cientes c j, a ij, e b i factor probabilistico são conhecidos sem qualquer O problema seguinte é um exemplo clássico dum programa linear onde se podem constatar estas condições. 5

7 O Problema da Mistura Óptima Uma fábrica produz dois tipos de fertilizantes chamadosfosfatados e não-fosfatados. Para os produzir utiliza três tipos de matérias-primas do seguinte modo: ton de matéria prima para uma ton ton/mês matéria-prima fosfatado não-fosfatado disponíveis preço/ton Quanto deve ser produzido de cada tipo de fertilizante de modo a maximizar as vendas? Prepara-se uma lista das variáveis de decisão do problema. Esta lista deve ser tal que, a partir da solução óptima, seja possível de nir uma política que implemente essa solução. Neste caso temos: x 1 $ toneladas de fertilizante fosfatado a serem fabricadas x 2 $ toneladas de fertilizante não-fosfatado a serem fabricadas Associada a cada variável do problema está uma actividade que deve ser executada. Neste problema há duas actividades: Actividade 1: Fabricar uma tonelada de fertilizante fosfatado Actividade 2: Fabricar uma tonelada de fertilizante não-fosfatado O valor das variáveis do problema de nem o nível ao qual estas actividades devem ser executadas. A formulação do programa linear exige que determinados pressupostos se veri- quem: 6

8 I. Proporcionalidade São necessárias 2 toneladas de matéria-prima 1 para fabricar 1 tonelada de fertilizante fosfatado. A proporcionalidade implica que 2x 1 toneladas de matéria-prima 1 são necessárias para fabricar x 1 toneladas de fertilizante fosfatado para qualquer x 1 0. De um modo geral a ij unidades de matéria-prima i são consumidas ao efectuar a actividade j a nível 1, ou seja, a ij x j unidades da matéria-prima i são consumidas ao efectuar a actividade j ao nível x j com x j 0. Também, pela proporcionalidade, como vender uma tonelada de fertilizante fosfatado rende 15 u.m., x 1 toneladas do mesmo rendem 15x 1 para qualquer x 1 0. II. Aditividade São necessárias duas toneladas de matéria-prima 1 para fabricar uma tonelada de fertillizante fosfatado e uma tonelada da mesma matéria prima para fabricar uma tonelada de fertilizante não-fosfatado. A aditividade implica que 2x 1 + x 2 toneladas de matéria prima 1 são necessárias para fabricar x 1 toneladas de fertilizante fosfatado e x 2 toneladas de fertilizante não-fosfatado para quaisquer x 1 0 e x 2 0. A aditividade garante que a função objectivo z(x) = z(x 1 ; x 2 ; :::; x n ) pode ser escrita como uma soma de n funções envolvendo cada qual só uma variável do modelo, isto é: z(x) = z 1 (x 1 ) + ::: + z n (x n ) em que z j (x j ) mede a contribuição da variável x j para a função objectivo. III. Divisibilidade Presume-se que cada variável pode tomar qualquer valor real no seu intervalo de variação. IV. Determinismo Todos os valores dos parâmetros são conhecidos sem ambiguidade. Para formular o problema escrevem-se todas as restrições e a função objectivo. Restrições de não negatividade: as variáveis x 1 e x 2 não devem ser negativas pois não faria qualquer sentido: x 1 0; x 2 0 7

9 As disponibilidades de matéria prima também vão conduzir a restrições: 2x 1 + x (matéria-prima 1) x 1 + x (matéria-prima 2) x (matéria-prima 3) A função objectivo deve representar o objectivo a alcançar: maximizar as vendas. Ou seja tem-se z 1 (x 1 ) = 15x 1 (total das vendas de fertilizante fosfatado) e z 2 (x 2 ) = 10x 2 (total das vendas de fertilizante não fosfatado) sendo o total das vendas dado por: z(x) = 15x x 2. Temos assim o programa linear (LP) formulado na forma usual: Minimizar z(x) = 15x x 2 sujeito a 2x 1 + x x 1 + x x x 1 0; x 2 0 Como temos um problema com apenas duas variáveis de decisão, a região admissível pode ser representada gra camente no plano. Trata-se de uma região convexa situada no primeiro quadrante. 8

10 Cada ponto desta região corresponde a uma solução admissível. A solução do problema corresponde ao(s) ponto(s) desta região que torna(m) máxima a função z. Note-se que z é uma função linear de domínio R 2. Os conjuntos de nível desta função representam-se geometricamente por rectas paralelas de declive 1:5. As rectas desta família têm equações da forma 15x x 2 = k, com k 2 R. No grá co seguinte apresentam-se alguns elementos dessa família de rectas, correspondentes a k = 10000, k = e k = Vê-se que para valores de k superiores a as rectas desta família deixarão de intersectar a região admissível. É este o valor óptimo para a função z e o ponto 2x1 + x óptimo encontra-se resolvendo o sistema 2 = 1500 x 1 + x 2 = 1200 É claro que este processo geométrico de resolução só é possível se o problema não tiver mais do que 2 variáveis de decisão. Como se viu, a região admissível é uma região convexa e a função objectivo também é uma função convexa (ver à frente as de nições exactas). Então para estarmos aptos a encontrar um processo de resolver o problema temos que saber mais qualquer coisa sobre regiões e funções convexas. 1.2 Tópicos sobre convexidade Todos os resultados que se seguem são válidos num espaço euclidiano de dimensão n De nição (Conjunto convexo): Um conjunto S diz-se convexo se o segmento de recta que une dois pontos distintos de S está contido em S. Ou seja: 8x 1 ; x 2 2 S; 8 2 [0; 1]; z = x 1 + (1 )x 2 2 S 9

11 Exemplo de uma região convexa Exemplo de uma região não convexa De nição (Combinação linear convexa): Considere-se o conjunto de P pontos fx 1 ; x 2 ; :::; x k g En e seja, z = k P i x i tal que k i = 1 e i 0; i = 1; :::; k: A z chama-se combinação linear convexa de fx 1 ; x 2 ; :::; x k g. i=1 De nição (Combinação a m): Considere-se o conjunto de pontos P S = fx 1 ; x 2 ; :::; x k g e seja z = k P i x i tal que k i = 1. A z chama-se combinação a m de fx 1 ; x 2 ; :::; x k g. i=1 Exemplos de conjuntos convexos: 1. S = f(x 1 ; x 2 ; x 3 ) 2 E 3 : x 1 + 2x 2 x 3 = 4g (geometricamente, S é um plano). De um modo geral, S = fx 2 E n : p T x = ag, com p 2 E n, p 6= 0, 2 R é um hiperplano em E n e é convexo 2. S = f(x 1 ; x 2 ; x 3 ) 2 E 3 : x 1 + 2x 2 x 3 4g (geometricamente, S é um semiespaço). De um modo geral, S = fx 2 E n : p T x ()g, com p 2 E n, p 6= 0, 2 R é um semi-espaço em E n e é convexo. 3. S = f(x 1 ; x 2 ; x 3 ) 2 E 3 : x 1 +2x 2 x 3 4^2x 1 x 2 +x 3 6g (geometricamente, S é a intersecção de dois semi-espaços) 10 i=1 i=1

12 De um modo geral, S = fx 2 E n : Ax ()bg, com A uma matriz m n e b um vector de m componentes, é um conjunto convexo, intersecção de semi-espaços em E n. Lema Sejam S 1 e S 2 conjuntos convexos. Então 1. S 1 \ S 2 é convexo 1. S 1 S 2 = fx 1 + x 2 : x 1 2 S 1 ^ x 2 2 S 2 g é convexo 2. S 1 S 2 = fx 1 x 2 : x 1 2 S 1 ^ x 2 2 S 2 g é convexo De nição (Envólucro Convexo): Chama-se envólucro convexo de S, H(S), ao conjunto de todas as combinações lineares convexas de elementos de S. Lema H(S) é o menor conjunto convexo que contém S e é a intersecção de todos os conjuntos convexos que contêm S. De nição (Envólucro A m): Chama-se envólucro a m de S ao conjunto de todas as combinações a ns de elementos de S. Exemplo Envólucro a m de dois pontos distintos: a recta que os contém. Exemplo Envólucro convexo de dois pontos distintos: o segmento que os une. De nição (Politopo): Chama-se politopo ao envólucro convexo de um número nito de pontos. De nição (Simplex): Se fx 1 ; x 2 ; :::; x k+1 g são pontos independentes do ponto de vista a m, isto é, se fx k+1 x 1 ; x k+1 x 2 ; :::; x k+1 x k g são linearmente independentes, então H(fx 1 ; x 2 ; :::; x k+1 g) é chamado simplex, com vértices x 1 ; x 2 ; :::; x k+1. Da de nição resulta óbvio que em E n não há qualquer simplex com mais de n+1 vértices. De nição (Poliedro): S é um poliedro se é a intersecção de um número nito de semi-espaços fechados. 11

13 De nição (Ponto extremo): Seja S 6= um convexo fechado. Chama-se ponto extremo a um ponto x de S tal que x = (x 1 + (1 )x 2 ) 2 S ^ 2]0; 1[=) x = x 1 = x 2 De nição (Direcção): Seja S 6= um convexo fechado. Chama-se direcção de S a d 6= 0, tal que 8x 2 S; 8 0; x + d 2 S: Se d 1 e d 2 são direcções, d 1 6= d 2, 8 > 0; d 1 6= d 2 De nição (Direcção extrema): Seja S 6= um convexo fechado. Chamase direcção extrema a uma direcção d de S se Seja d = 1 d d 2 2 S ^ 1 ; 2 > 0 =) d = d 1 = d 2 T = fx 2 R p : Dx b; x 0g; com D 2 R mp e b2 R m, sendo D uma matriz de característica completa. E seja S = f(x; s) 2 R p+m : Dx Is = b; x 0; s 0g: É possível construir uma bijecção entre S e T, pelo que se pode passar a trabalhar com conjuntos da forma S = fx 2 R n : Ax = b; x 0g; (1.2) sendo este último tipo de conjuntos de muito mais fácil tratamento. Teorema (Caracterização dos pontos extremos de regiões da forma 1.2) Seja S = fx : Ax = b; x 0g, em que A é uma matriz m n (m < n) de característica completa.x é um ponto extremo de S se e só se pode ser encontrada uma partição de A = [B N] tal que e B 1 b 0. (diz-se que x é uma solução básica admissível) Demonstração. (é preciso demonstrar uma equivalência, demonstra-se uma implicação de cada vez) 1 a implicação: 12

14 Supor A = [B N] e x = xb x N = B 1 b 0 com B 1 b 0. Como Ax = b e x 0, então x é um elemento de S. Supor x = x 1 + (1 )x 2, com x 1 e x 2 elementos de S e 2]0; 1[. Considere-se parax 1 e x 2 a mesma partição que se x1b x2b considerou para x: x 1 = x 2 = : x 1N B x = x 1 + (1 )x 2, 1 b 0 x 2N x1b = x 1N x2b + (1 ) x 2N,, 0 = x 1N + (1 )x 2N ^ B 1 b = x 1B + (1 )x 2B Como é > 0, (1 ) > 0, x 1N 0 e x 2N 0, então teráque ser x 1N = x 2N = 0 x1b x 1 é elemento de S, por isso Ax 1 = b. Ou seja, [B N] = b. O que é o 0 mesmo que dizer que x 1B = B 1 b. Do mesmo modo se conclui que x 2B = B 1 b. Ou seja que x = x 1 = x 2. Conclui-se assim que x é um ponto extremo. 2 a implicação Seja x um ponto extremo de S. Sem perda de generalidade escreva-se x = (x 1 ; x 2 ; :::; x k ; 0; 0; :::; 0) T ; com x 1 ; x 2 ; :::; x k > 0: Começa-se por demonstrar que as k colunas da matriz A; a 1 ; a 2 ; :::; a k, correspondentes, são linearmente independentes. Por absurdo, supor a existência de 1 ; 2 ; :::; k, P não todos nulos, tais que k i a i = 0. Considere-se o vector e os vectores i=0 = ( 1 ; 2 ; :::; k ; 0; 0; :::; 0) T x 1 = x + e x 2 = x sendo um real positivo convenientemente escolhido de modo a que ambos os vectores sejam não negativos. Ax 1 = Ax + A = b + e ; kx i a i = b i=0 13

15 Ax 2 = Ax A = b kx i a i = b: Então x 1 e x 2 são elementos de S. Além disso, x 1 6= x 2, pois > 0 e 6= 0.Mas x = 1x x 2 2. Então x não seria ponto extremo. Conclui-se assim que as colunas da matriz A a 1 ; a 2 ; :::; a k são linearmente independentes. Como A á uma matriz de característica completa, é possível juntar m k colunas às k primeiras de modo a xb obter uma matriz B, de dimensão m, não singular e A = [B N] e x = = x N B 1 b com B 0 1 b 0 Corolário O número de pontos extremos de S é nito. O número de pontos extremos é limitado pelo número máximo de maneiras de n! escolher m colunas das n da matriz, ou seja m!(n m)! Teorema (existência de pontos extremos nas regiões da forma 1.2): Seja S = fx : Ax = b; x 0g, em que A é uma matriz m n (m < n) de característica completa e S 6=, então S tem pelo menos um ponto extremo. Demonstração. Escolha-se um ponto x de S. Sem perda de generalidade suponha-se x = (x 1 ; x 2 ; :::; x k ; 0; 0; :::; 0) T, com x 1 ; x 2 ; :::; x k > 0. Se a 1 ; a 2 ; :::; a k são linearmente independentes, então k < m e x é um ponto extremo. Caso contrário, P há escalares 1 ; 2 ; :::; k não todos nulos tais que k i a i = 0. Determine-se i=0 xj = min : j > 0 1jk j i=0 = x r r : E de na-se x0 do seguinte modo: xj x j 0 = j ; j = 1; ; k 0; j = k + 1; ; n Do modo como se de niu é óbvio que x0 0 e que a componente de ordem r k é nula. Isto é, x0 tem, no máximo, k 1 componentes positivas.além disso Ax0 = b Então x0 é um elemento de S que tem, no máximo, k 1 componentes positivas. O 14

16 processo pode-se repetir até que as componentes positivas correspondam a colunas linearmente independentes, obtendo-se assim um ponto extremo. Considere-se novamente S = fx : Ax = b; x 0g, em que A é uma matriz m n(m < n) de característica completa e S 6=. Se d é uma direcção de S, pela de nição, 8x 2 S; 8 0; x + d 2 S. Então A(x + d) = b. Mas, A(x + d) = Ax + Ad = b + Ad = b e, portanto, Ad = 0. Sabemos assim que, para este conjunto S, d 6= 0 é uma direcção se d 0 e Ad = 0. Teorema (Caracterização das direcções extremas de conjuntos da forma 1.2): Seja S = fx : Ax = b; x 0g, em que A é uma matriz m n (m < n) de característica completa e S 6=. é uma direcção extrema de S se e só se A puder ser decomposto em A = [B N] tal que B 1 aj B d é um múltiplo positivo de d = 1 a j e j 0 para alguma coluna a j 2 N e, em que e j é um vector de dimensão (n m) cujas componentes são nulas, excepto a de ordem j que é igual a 1. Demonstração. Se B 1 a j 0 então d 0 e d 6= 0 (pois tem pelo menos uma componente não nula). Além disso Ad = B N B 1 a j = a e j + a j = 0: j Então d é uma direcção. Para mostrar que d é uma direcção extrema, supor d = 1 d d 2 com 1 ; 2 > 0 e d 1 e d 2 direcções de S. Note-se que d tem (n m 1) componentes nulas, por isso d1 e d2 também as devem ter. Seja d1b d2b d 1 = 1 e d e 2 = 2 : j e j Como tem que ser Ad 1 = 0 e Ad 2 = 0, então d 1B = d 2B = B 1 aj.então d 1 e d 2 não são distintos e, por isso, d é uma direcção extrema. Como d é múltiplo de d também o é. Inversamente: Supor d uma direcção extrema de S. Sem perda de generalidade suponha-se d = (d 1 ; :::; d k ; 0; :::; d j ; :::; 0) T, com d i > 0, i = 1; :::; k e i = j. Tal como no teorema anterior, pode-se mostrar que a 1 ; :::; a k são linearmente independentes, pois, caso 15

17 P não o fossem, existiriam escalares 1 ; 2 ; :::; k não todos nulos tais que k i a i = 0. Seja = ( 1 ; 2 ; :::; k ; 0; 0; :::; 0) T e de na-se d 1 = d + e d 2 = d, sendo um real positivo convenientemente escolhido de modo a que d 1 e d 2 sejam positivos. É claro que Ad 1 = Ad 2 = 0, logo d 1 e d 2 são direcções e, além disso, d = 1d d 2 2 e então não seria uma direcção extrema.é claro que k m. Então existem m k colunas em A que se podem juntar a estas k de modo a formar um conjunto de m colunas linearmente independente. Sem perda de generalidade suponha-se que se junta a k+1 ; :::; a m. Seja B = [a 1 ; :::; a m ]. B é invertível. 0 = Ad = Bd b + a j d j, em que d b é o vector das primeiras m componentes de d. Então d b = d j B 1 a j. Isto B é, o vector d é da forma d = d 1 a j j. Note-se que d 0 e d e j > 0, então j B 1 a j 0: Teorema (da Representação): Seja S = fx : Ax = b; x 0g 6=, em que A é uma matriz m n(m < n) de característica completa. Seja fx 1 ; x 2 ; :::; x k g o conjunto de todos os pontos extremos de S e fd 1 ; d 2 ; :::; d p g o conjunto de todas as direcções extremas de S. Então x 2 S se e só se x pode ser escrito do seguinte modo P x = k P j x j + p kp j d j, com, j = 1; j 0; j = 1; :::; k e j 0; j = 1; :::; p. Demonstração. Começa-se por construir o conjunto T do seguinte modo: i=0 T = fx 2 E n : x = kx px kx j x j + j d j ; j = 1; j 0; j = 1; :::; k e j 0; j = 1; :::; pg: T é um conjunto convexo e fechado.então tem pelo menos um ponto extremo. Logo T 6=. É óbvio que T S. Para mostrar que T = S é então necessário mostrar que S T. Por absurdo, suponha-se que existe z 2 S, tal que z =2 T. Seja q T x =, o plano que separa T e z (existe, porque T é convexo e fechado e z =2 T ). Suponhamos que este plano é tal que q T z > e q T y, para todo o y de T. Ou seja kx px q T ( j x j + j d j ) a: Fazendo, nesta expressão, j = 0, para todo o j e j = 0 para j 6= i e i = 1, vem q T x j, para j = 1; :::; k. Além disso, como j pode ser feito crescer 16

18 P arbitrariamente, para que a condição q T ( k P j x j + p j d j ) se veri que, terá que ser q T dj 0: De ne-se x tal que q T x = max 1jk qt x j. Então x é um ponto extremo de T e q T x a. Então pode-se encontrar uma partição de A, A = [ B N ], tal B que x = 1 b e B 0 1 b 0. Como z 2 S, então Az = b e z 0. Considerando zb z = ; virá z B = B 1 b B 1 Nz N. Então z N Mas, sabe-se que ou seja, q T z q T z = q T B B 1 b B 1 Nz N + q T N z N : q T x > 0. Por outro lado: q T z > a q T y; 8y 2 T; q T z q T x = q T B B 1 b B 1 Nz N + q T N z N q T NB 1 b = (q T N q T BB 1 N)z N > 0: Como z N 0, então, há pelo menos um j m + 1, tal que q j qb T B 1 a j > 0. Seja y j = B 1 a j. y Supor y j 0. Considere-se o vector d j = j, em que e j é um vector de dimensão n m, com todas as componentes nulas, à excepção da de ordem j, que é igual a 1. Mas, então, d j é uma direcção extrema de S e, por isso, q T d j 0. Mas q T d j = q j qb T B 1 a j > 0. Então y j não é não positivo (isto é, tem pelo menos uma componente positiva). Construa-se o vector b y x = + j ; 0 e j sendo b = B 1 bi b e escolhido de acordo com = min : y ij > 0 = b r. Deste y ij y rj modo x 0 e x tem no máximo m componentes positivas. Por outro lado, Ax = Bb + B( y j ) + a j = BB 1 b BB 1 a j + a j = b: Logo, x 2 S e, como y rj 6= 0, os vectores a 1 ; :::; a r 1 ; a r+1 ; :::; a m ; a j são linearmente independentes (ver demonstração anterior). Logo x é um ponto extremo. q T x = qb T b y qt N + j = q T 0 Bb qby T j +qne T j = q T x+(q j qbb T 1 a j ); e j 17 e j

19 como > 0 e q j qb T B 1 a j < 0; então q T x > q T x. Isto é, x é um ponto extremo e q T x > q T x! Mas, tinha-se de nido x de modo a que q T x fosse o maior valor entre os pontos extremos. Então z 2 T e T = S. Corolário S = fx : Ax = b; x 0g, em que A é uma matriz m n (m < n) de característica completa e S 6=. S tem pelo menos uma direcção extrema se e só se S é ilimitado. Demonstração. Qualquer x de S escreve-se na forma x = kx px j x j + j d j ; com, kx j = 1; j 0; j = 1; :::; k e j 0; j = 1; :::; p: Se não há direcções extremas: jjxjj k P j jjx j jj k P jjx j jj, então S é limitado. Reciprocamente, se houver direcções extremas jjxjj não será limitada pois j pode ser arbitrariamente grande e, então, S não seria limitado. 1.3 Programação Linear Um problema de programação linear é da forma: Min s:a c T x x 2 S (1.3) em que S é um poliedro em E n : Teorema (existência de solução para um programa linear): Considere-se um problema da forma (1.3) em que S = fx2e n : Ax = b^x0g, sendo A uma matriz mn de característica completa. Seja fx 1 ; x 2 ; :::; x k g o conjunto de todos os pontos extremos de S e fd 1 ; d 2 ; :::; d p g o conjunto de todas as direcções extremas de S. Uma condição necessária e su ciente para existir uma solução óptima nita é que c T d j 0; j = 1; :::; p. Se esta condição se veri car, então há um ponto extremo x i que resolve o problema. P Demonstração. x2s () x = k P j x j + p j d j ; com, kp j = 1; j 0; j = 1; :::; k e j 0; j = 1; :::; p: 18

20 Como: c T x = c T kp P j x j + p j d j!, então a seguinte equivalência é válida: Min s.a c T x Ax = b x 0 ()! kp P Min c T j x j + p j d j s.a kp j = 1 j 0; j = 1; :::; k j 0; j = 1; :::; p Note-se que, se para algum j, c T d j < 0, então j pode crescer sem limite e a função objectivo não será limitada. Então, é óbvio que, para a solução ser nita tem que ser c T d j 0; j = 1; :::; p. Neste caso, para minimizar a função objectivo, é necessário escolher j = 0, para j = 1; :::; p: 1.4 O Método Simplex Foi o primeiro método a ser proposto para a resolução de problemas lineares e baseiase nas propriedades dos conjuntos convexos em geral e dos poliedros em particular. O seu funcionamento e convergência são óbvios tendo em atenção os resultados demonstrados nas páginas anteriores. Considere-se o problema Min s:a c T x Ax = b x 0 E seja x o ponto extremo correspondente à partição A = [ B N ], ou seja x B = B 1 b e x N = 0, correspondendo-lhe para a função objectivo o valor c T x = c T B B 1 b: Considere-se x que satisfaça Ax = b e x0 e considere-se para x a mesma partição do que para x: Bx B + Nx N = b=) x B = B 1 b B 1 Nx N : Calculando o valor da função objectivo em x, usando esta mesma partição para c, virá: c T x = c T B x B + c T N x N = c T B (B 1 b B 1 Nx N ) + c T N x N = c T B B 1 b + (c T N c T B B 1 N)x N = c T x B + (c T N c T B B 1 N)x N 19

21 Então, se (c T N c T B B 1 N)0, como x N 0, será c T xc T x e, por isso, x é um ponto extremo óptimo. Caso contrário, isto é, se para algum j > m for c j c T B B 1 a j < 0, x não é óptimo, pois é possível construir um outro elemento de S, onde o valor da função objectivo é menor do que em x, do seguinte modo: B x = x + d j, com d j = 1 a j e > 0: e j Calculemos o valor da função objectivo neste novo ponto x: c T x = c T x + (c j c T BB 1 a j ): Como c j c T B B 1 a j < 0 e > 0, então c T x c T x. Duas situações podem ocorrer: Caso 1 y j = B 1 a j 0 Neste caso é Ad j = 0 e d j > 0. Então x = x + d j 2S. Portanto, d j é uma direcção extrema e o problema é ilimitado. Caso 2 9i : y ij > 0 Seja b = B 1 b e de na-se do seguinte modo: = minf b i y ij : y ij > 0; i = 1; :::; mg: Seja r o indíce correspondente a esse mínimo. Então x = x + d j tem, no máximo, m componentes positivas (pois a componente de ordem r é nula e a de ordem j passa a ser positiva). Nestas condições é fácil demonstrar que as colunas de A correspondentes são linearmente independentes e x é um ponto extremo com um melhor valor para a função objectivo. 1.5 Algoritmo Simplex Passo inicial: Encontrar um ponto extremo x a que corresponde a base B. Passo principal: Calcular c T N c T B B 1 N. Se este vector for não negativo o processo termina pois x é um extremo óptimo. Caso contrário, toma-se j tal que c j c T B B 1 a j < 0. Se y j = B 1 a j 0, o processo termina pois encontrou-se uma aresta, x + d j, ao longo da qual a 20

22 função objectivo é ilimitada. Se alguma componente de y j for positiva de ne-se como o mínimo do conjunto f b i y ij : y ij > 0; i = 1; :::; mg = b r y rj 0 e forma-se a nova base trocando em B a coluna a r por a j. Repete-se até terminar. Como, em cada iteração, o valor da função objectivo decresce, há a garantia de não repetir extremos e, como há um número nito de extremos, o processo descrito termina num número nito de iterações. Se b r = 0 (solução degenerada), então = 0 e a função mantém o mesmo valor em iterações consecutivas, mantendo o mesmo extremo mas mudando de base. Neste caso há possibilidade de entrar em ciclo, mas essas situações são raras O método simplex em forma de quadro x T B x T N b B N z c T B c T N Se o traço jj for interpretado como um sinal de =, este quadro representa Ax = b e z = c T x. Multiplicando a segunda linha por B 1 e depois, multiplicando-a por -c T B e somando à terceira linha obtém-se o seguinte quadro: x T B x T N B 1 b I B 1 N z c T B B 1 b 0 c T N c T B B 1 N Deste modo lê-se directamente na primeira coluna os valores das variáveis básicas e na última linha os valores de z e de c j c T B B 1 a j necessários para avaliar se a solução é ou não óptima. De notar que a coluna do quadro correspondente à variável x j contém o vector y j = B 1 a j : Se, inicialmente, for B = I este quadro é exactamente igual ao anterior (com a possível excepção da última linha, que poderá ter que ser ajustada de modo a que os custos das variáveis básicas sejam todos nulos) e tudo se torna mais simples. Isto signi ca que na matriz A há m colunas que produzem a matriz identidade e, portanto, que há um ponto extremo a que corresponde como base a matriz identidade. 21

23 Muitas vezes não existem na matriz A colunas su cientes para fazer inicialmente B = I. Nesses casos, é costume recorrer ao método das duas fases que tem como objectivo encontrar um ponto extremo do conjunto admissível. Começa-se por introduzir no problema variáveis arti ciais (que têm que ser não negativas) em número su ciente para que nas colunas de A apareça uma matriz identidade. É claro que o problema obtido tem uma outra região admissível e só será equivalente ao problema proposto desde que as variáveis arti ciais sejam todas nulas. Tal consegue-se começando por resolver o problema que consiste em minimizar uma função W que é a soma das variáveis arti ciais nessa nova região. Quando se obtém o mínimo desse problema, dois casos podem acontecer: I) W > 0 II) W = 0 No primeiro caso, há variáveis arti ciais básicas com valor positivo. Isto quer dizer que não é possível escrever uma base admissível só com colunas de A e que, por isso, o problema não tem qualquer solução admissível (isto é, o conjunto S é vazio) No segundo caso ainda duas situações podem acontecer: a) não há variáveis arti ciais na base, isto é, obteve-se um ponto extremo da região admissível do problema inicial e pode-se começar a procurar o óptimo da função c T x b) ainda há variáveis arti ciais na base, que têm obviamente o valor nulo. Neste caso ainda há duas hipóteses diferentes: i) as linhas correspondentes às variáveis arti ciais são nulas (isto é, essas equações são combinação linear das outras) e podem ser retiradas passando a resolver-se um problema de dimensão inferior. Neste caso o problema inicial teria uma restrições redundantes. ii) as linhas não são completamente nulas e as variáveis arti ciais podem ser retiradas da base por troca com variáveis não arti ciais obtendo-se assim uma solução degenerada. O algoritmo que foi descrito aplica-se a programas lineares na chamada forma standard: 22

24 Min s.a c T x Ax = b x 0 Mas qualquer outro tipo de programa linear pode facilmente ser transformado neste, por exemplo: - restrições de ou de podem ser transformadas em igualdades acrescentando variáveis de afastamento com o sinal adequado; - variáveis sem restrição de sinal, x i 2 R, podem ser tratadas como a diferença de duas variáveis não negativas x i = x + i x i. Note-se que as colunas destas duas variáveis vão ser simétricas uma da outra e que, portanto, não podem ser as duas simultaneamente básicas. - variáveis com limite inferior 6= 0, neste caso, se for x i a, basta fazer a mudança de variável x 0 i = x i a Exemplo de aplicação do método simplex Determinar Max x 1 2x 2 + x 3 s.a x 1 + 3x 2 + x 3 4 x 1 + 2x 2 x 3 6 x 1 + x 3 12 x 1 ; x 2 ; x 3 0 Comecemos por escrever o problema na forma standard: Min x 1 + 2x 2 x 3 s.a x 1 + 3x 2 + x 3 x 4 = 4 x 1 + 2x 2 x 3 x 5 = 6 x 1 + x 3 + x 6 = 12 x 1 ; x 2 ; x 3 0 ou seja: 2 A = : 23

25 Como nas colunas da matriz A não se encontram todas as colunas necessárias para começar com B = I, é necessário acrescentar duas variáveis arti ciais, x 7 e x 8, a que correspondem as colunas a 7 = [ ] T e a 8 = [ ] T : A função objectivo da primeira fase escreve-se, então, w = x 7 + x 8 e o objectivo da primeira fase é minimizar w. Quadro inicial: B 1 b x 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 7 x 8 x x x w Para começar é necessário ter a função objectivo escrita só à custa das variáveis não básicas, isto é, na linha dos custos devem aparecer zeros nas colunas correspondentes às variáveis básicas. Para esse efeito subtraem-se as duas primeiras linhas à última. B 1 b x 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 7 x 8 b i =y ij x =3 x =2 x w " B 1 b x 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 7 x 8 b i =y ij x 2 4=3 1=3 1 1=3 1= =3 0 x 8 10=3 1=3 0 5=3 2= =3 1 10=3=2=3 x w 10=3 1=3 0 5=3 1= =3 0 B 1 b x 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 7 x 8 x 2 3 1=2 1 1=2 0 1= =2 x 4 5 1=2 0 5=2 1 3= =2 x w "

26 Chegou-se assim ao m da primeira fase com a indicação de óptimo para w e w = 0. Além disso, não há variáveis arti ciais na base pelo que se pode começar de imediato a segunda fase passando a trabalhar com a função objectivo do problema inicial. B 1 b x 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 2 3 1=2 1 1=2 0 1=2 0 x 4 5 1=2 0 5=2 1 3=2 0 x z Antes de começar é necessário anular os custos das variáveis básicas: B 1 b x 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x 2 3 1=2 1 1=2 0 1=2 0 x 4 5 1=2 0 5=2 1 3=2 0 x z Temos assim também um óptimo para a função z. Pois c T N c T B B 1 N0. De notar ainda que, do facto de c 1 c T B B 1 a 1 = 0 pode-se concluir que a variável x 1 pode ser tornada básica sem que o valor de z seja alterado: B 1 b x 1 x 2 x 3 x 4 x 5 x 6 x =2 0 1=2 0 x =2 1 3=2 0 x z Então temos 2 pontos extremos que são óptimos, obviamente com o mesmo valor mínimo de z, que é 6: (x 1 ; x 2 ; x 3 ) = (0; 3; 0) e (x 1 ; x 2 ; x 3 ) = (6; 0; 0). O segmento que une estes dois vértices é uma aresta do poliedro admissível e em todos os seus pontos a função z tem o mesmo valor, isto é, todos os pontos sobre aresta correspondem ao óptimo. (x 1 ; x 2 ; x 3 ) = (0; 3; 0) + (1 )(6; 0; 0) = (6 6; 3; 0) (1; 2; 1) T (6 6; 3; 0) = = 6 Como a função objectivo foi multiplicada por 1, para passar do máximo para o mínimo, então o valor óptimo de z é 6. 25

27 1.6 Dualidade em Programação Linear Considerem-se os problemas P: Min c T x s.a Ax = b x 0 D: Max b T y s.a A T y c y sem restrição Teorema Para o par de problemas P e D são válidos os seguintes resultados: a) c T xb T y, para qualquer x solução admissível de P e qualquer y solução admissível de D. b) Se P é ilimitado então D não tem solução e se D é ilimitado então P não tem solução. c) Se P e D têm solução, então ambos têm soluções óptimas e o valor da função objectivo é igual para ambos. Demonstração. a) Seja x solução admissível de P, então Ax = b e x0. Seja y solução admissível de D, então A T yc. A T yc=)ca T y=)c T y T A e, além disso, c T y T A ^ x0 =)c T xy T Ax=) c T xy T b b) Decorre imediatamente de a): Se P é ilimitado, D não pode ter qualquer solução admissível, pois, caso contrário, haveria um limite para a função objectivo de P. E, do mesmo modo,se D é ilimitado, P não pode ter qualquer solução admissível, pois, caso contrário, haveria um limite para a função objectivo de D. c) Seja x solução óptima de P. Então x = [ x T B x T N ] e x B = B 1 b, x N = 0. Considere-se y T = c T B B 1. Então y T A = c T B B 1 A = c T B B 1 B N = c T B ct B B 1 N A T yc=)c T y T A=) c T B ct N c T B c T B B 1 N Como x é óptimo, então c T N c T B B 1 N0, ou seja c T B B 1 N c T N, donde se conclui que y é solução de D. Além disso y T b = c T B B 1 b = c T x Como, por a), 8y solução de D é b T yc T x, então 8y solução de D é b T yb T y e y é óptimo. Corolário Se D não tem solução, então P é ilimitado ou não tem solução. Se P não tem solução então D ou é ilimitado ou não tem solução. 26

28 Demonstração. Se D não tem solução, não tem também uma solução óptima e P não poderá ter uma solução óptima, pois se a tivesse seria possível encontrar uma solução óptima de D a partir dela. Então P ou é ilimitado ou não tem solução. De modo análogo se pode argumentar a segunda parte. Corolário Seja A uma matriz m n e c um vector com n componentes. Então exactamente um dos dois sistemas tem solução: Sistema 1: Ax0 e c T x > 0; x 2 R n Sistema 2: A T y = c e y0; y 2 R m Demonstração. P: Min 0 T x Considere-se s.a A T y = c y 0 o dual é D: Max c T y s.a Ax 0 Dizer que o sistema 2 não tem solução é o mesmo que dizer que o problema P não tem solução. Como o problema D tem pelo menos uma solução (x = 0 é solução) então D é ilimitado, isto é, o sistema 1 tem solução. Se o sistema 1 tem solução, então o valor óptimo da função objectivo do problema D é positivo. Mas, o valor da função objectivo do problema P é sempre zero o que não é compatível com o facto de o valor óptimo de D ser positivo. Então P não pode ter solução e D tendo solução, será ilimitado. Corolário (condição de complementaridade e caracterização do óptimo) Considerem-se os problemas P : Min c T x s.a Ax = b x 0 e D : Max b T y s.a A T y c y sem restrição Seja x uma solução admissível de P e y uma solução admissível de D. Então x e y são óptimos para P e D, respectivamente, se e só se v = c A T y é tal que v i x i = 0 para i = 1; :::; n: Demonstração. x e y são admissíveis =) Ax = b; x0 e v = c A T y 0 v = c A T y =) c = v + A T y c T x = v + A T y T x = v T x + y T Ax = v T x + y T b =) v T x = c T x b T y Ora se as soluções são óptimas então os valores das funções objectivo são iguais e, por isso, é v T x = 0. Mas, como x0 e v0, então tem que ser v i x i = 0 para 27

29 i = 1; :::; n: Reciprocamente, se v i x i = 0 para i = 1; :::; n:, então v T x = 0 e c T x = b T y, o que implica que as soluções são óptimas. Foram estudadas as relações entre os problemas P e D na forma P : Min c T x D : Max b T y s.a Ax = b s.a A T y c x 0 y sem restrição Estas relações podem ser generalizadas a outro tipo de problemas que se podem converter nestes. Seja P : Min c T x s.a Ax b x 0 qual será o problema D que lhe corresponde? Este problema pode ser reduzido à forma standard fazendo: P : Min c T x + 0 T s s.a Ax Is = b x 0; s 0 e então temos o problema D dado por: ou seja D : Max b T y s.a A T y c y 0 D : Max b T y s.a A T y c Is 0 28

30 De modo análogo se podem estabelecer outras relações entre problemas P e D. Seguem-se alguns exemplos: P : Min c T x s.a Ax = b x 0 D : Max b T y s.a A T y c y sem restrição P : Min c T x s.a Ax b x 0 D : Max b T y s.a A T y c y 0 P : Max c T x s.a Ax b x 0 D : Min b T y s.a A T y c y 0 P : Max c T x s.a Ax b x sem restrição D : Min b T y s.a A T y = c y 0 Para todos os pares de problemas, que se dizem duais, são válidos todos os resultados que foram estabelecidos para a forma standard. Um problema pode não aparecer em nenhuma destas formas, podendo, num mesmo problema, coexistirem restrições em forma de igualdade e desigualdade, umas com e outras com, variáveis com e sem restrição de sinal e funções cujo objectivo seja maximizar ou minimizar. Para escrever o dual de um problema deste tipo há que começar por escrevê-lo numa das formas estudadas e depois escrever o dual seguindo as regras. Da observação de problemas duais pode-se concluir que: Primal restrição de igualdade variável sem restrição Dual variável sem restrição restrição de igualdade 29

31 As relações de complementaridade (Corolário 1.6.4) podem ser generalizadas no caso em que haja variáveis de afastamento nos dois problemas. Exemplo P : Max c T x s.a Ax b x 0 D : Min b T y s.a A T y c y 0 De nindo u = b Ax e v = A T y c, pode-se concluir, a partir do Corolário 1.6.4, que, se x é uma solução admissível para o primal e y é uma solução admissível para o dual, então: x e y são óptimos ()x T v = u T y = 0 Seja P : Min c T x s.a Ax = b. Se x é solução óptima de P, então existe uma x 0 xb B partição para a matriz A = [ B N ], tal que: x = = 1 b 0 e, além x N 0 disso, c T N = c T N c T B B 1 N 0. Por outro lado, considerando o problema dual deste, D : Max b T y s.a A T y c e de nindo y T = c T B B 1 já sabemos que se obém também uma solução óptima para o problema D. A T y c, c T B B 1 [ B N ] c T B ct N, c T B c T N c T B B 1 N c T B ct N e, desta última inequação, facilmente se conclui que os valores das variáveis de afastamento do dual correspondentes às variáveis básicas do primal são nulos, enquanto que os valores das variáveis de afastamento do dual correspondentes às variáveis não básicas do primal podem ser obtidos a partir dos custos actualizados dessas variáveis e reciprocamente. Tendo este resultado em conta é possível desenvolver um algoritmo que resolva um problema primal, usando o quadro do primal, mas garantindo a convergência do algoritmo em termos de resolução do problema dual. Se um determinado quadro corresponder a uma base que não é admissível para o primal mas sim para o dual (alguns termos independentes negativos mas todos os custos não negativos), é possível, mesmo assim, trabalhar com esta base, pois ela corresponde a uma solução admissível, mas não óptima para o dual. Com base neste resultado desenvolve-se o Algoritmo Simplex-Dual que se descreve seguidamente: xb B Seja B uma base para o primal tal que = 1 b 0 mas 0 30 x N

32 c T N = c T N c T B B 1 N 0 e seja b = B 1 b: Passo 1: Escolher r tal que b r = minfb i g. Se b r 0, a solução é óptima e termina c s cj Passo 2: Escolher y rs < 0 tal que = min : y y rs y rj < 0 : Caso todos os rj y rj 0 o problema não tem solução. Passo 3: Trocar a r com a s em B Repetir até parar. Este método é de extrema utilidade, principalmente quando, depois de se ter resolvido um problema se chega à conclusão de que é necessário alterar algum ou alguns parâmetros e que essa alteração vá fazer com que alguma ou algumas componentes do termo independente se tornem negativas. 1.7 Análise de sensibilidade e análise post-optimal Considere-se o problema 8 < : min z = c T x Ax = b x 0 e, suponha-se que por aplicação do método simplex, se obteve a base B, correspondente à solução básica admissível óptima. Sabe-se que os valores do vector x correspondente ao óptimo, da função z e dos custos actualizados são dados por: xb B x = = 1 b 0; z = c x N 0 T B x B; c T N = c T N c T B B 1 N 0 Depois de resolvido o problema pode-se constatar que, por erro de recolha de dados ou por erro de formalização ou por alteração das condições, é necessário alterar algum ou alguns dos parâmetros. Vejamos como resolver o problema sem ter que voltar ao princípio. As alterações que se podem fazer inserem-se num dos seguintes casos: (i) (ii) (iii) (iv) mudança no vector c mudança no termo independente mudança na matriz A adição de uma variável 31

33 (v) (i) adição de uma restrição Altera-se o valor de uma das componentes de c: c k passa a ser c 0 k. Duas coisas podem acontecer: ou a variável x k é básica ou não é básica. 1 o caso x k não é básica Só é necessário recalcular o valor de c k : c 0 k = c0 k c T B B 1 a k = c k + c 0 k c k Se c 0 k 0 a solução continua óptima. Caso contrário há que continuar com o algoritmo simplex. 2 o caso x k é básica: Seja x k = x Bi É necessário recalcular todos os valores de c j, para j 2 N. c 0 j = c j c 0T B B 1 a j = c 0 j c 0 B i c Bi yij ; j 2 N Se c 0 j 0 a solução continua óptima e só é necessário recalcular o valor de z, visto que se alterou o custo de uma variável básica. Caso contrário há que continuar com o algoritmo simplex. (i) mudança no termo independente Substituindo b por b 0 então x 0 B = B 1 b 0 : Se x 0 B 0, o extremo continua a ser óptimo e só é necessário recalcular o valor de z. Caso contrário usa-se o simplex-dual, pois a solução deixou de ser admissível para o primal, mas continua admissível para o dual. (iii) mudança na matriz A: altera-se a coluna a j para a 0 j 1 o caso a j não é básico, recalcula-se y 0 j = B 1 a 0 j e c 0 j = c j c T B y0 j Se c 0 j 0, a solução continua óptima. Caso contrário, deve-se continuar com o método simplex. 2 o caso a j é básico Neste caso altera-se a matriz B e todo o quadro tem que ser recalculado. Pode mesmo acontecer que a nova matriz B seja singular. Nesse caso terá que se juntar variáveis arti ciais. Pode também acontecer que no novo quadro se obtenha uma solução que não é admissível nem para o 32

34 primal nem para o dual. Neste caso, não se pode aplicar nem o simpex, nem o simplex-dual. Pode-se tentar, retirar primeiro a j da base, mesmo piorando a solução, alterar a j e continuar a resolução a partir daí. Outra hipótese a encarar é voltar ao início. A decisão deve ser tomada em cada caso, conforme o trabalho que cada alternativa representar. (iv) Acrescentar uma restrição Se se acrescentar uma restrição a região admissível passa de S para S 0 e S 0 S. Se o vértice óptimo for um elemento de S 0 (isto é, se o vector correspondente ao vértice óptimo satis zer a nova restrição), ele continuará a ser óptimo, caso contrário há que acrescentar uma linha e uma coluna ao quadro e continuar a resolução através do simplex-dual, tendo o cuidado de obter a inversa da nova matriz B (que tem mais uma linha e uma coluna que a anterior). Na prática isso corresponde a obter a matriz identidade nas colunas correspondentes às variáveis básicas. (v) Acrescentar uma variável Acrescentar a variável x n+1, com coluna a n+1 e custo c n+1 : Calcula-se y n+1 = B 1 a n+1 e calcula-se. Se c n+1 = c n+1 c T B y n+1. Se c n+1 0 a solução continua óptima. Caso contrário a variável x n+1 entra na base e continua-se com o método simplex. 33

35 Capítulo 2 O Problema de Transportes Considerem-se m origens e n destinos. Na origem i há a i unidades de uma mercadoria e no destino j são necessárias b j unidades dessa mercadoria. Supõe-se que de cada origem é possível chegar a cada um dos destinos através de uma aresta (i; j). Associado a essa aresta existe um custo c ij correspondente a transportar uma unidade da mercadoria da origem i para o destino j. 34

36 A resolução do problema consiste em determinar o plano de distribuição que minimize os custos de transporte. Para simpli car a resolução do problema pressupõese que o total da mercadoria que existe nas origens é igual ao total da mercadoria P necessária nos destinos, isto é que m P a i = n b j. Isto é, que no nal todas as origens i=1 carão sem mercadoria e os destinos terão toda a sua procura satisfeita. 35

37 2.1 Formalização do problema: min s.a np i=1 mp c ij x ij np x ij = a i mp x ij = b j i=1 x ij 0 i = 1; ; m j = 1; ; n i = 1; ; m; j = 1; ; n em que x ij representa a quantidade de mercadoria a transportar da origem i para o destino j. Fazendo x T = [x 11 ; x 12 ; :::; x 1n ; x 21 ; :::; x 2n ; :::; x m1 ; :::; x mn ] b T = [a 1 ; a 2 ; :::; a m ; b 1 ; :::; b n ] e ordenando A e c do mesmo modo, pode-se escrever este problema com a forma: Min s.a c T x Ax = b x 0 A matriz A tem dimensão (m + n) (mn) e tem uma forma muito especial que permite simpli car bastante a resolução do problema Exemplo concreto Vejamos um exemplo concreto: Pretende-se transportar uma determinada mercadoria de 2 armazéns (armazém 1 e armazém 2) para 3 destinos (1, 2 e 3). No armazém 1 existem 30 unidades da mercadoria, enquanto que no armazém 2 existem 20 unidades da mercadoria. Por sua vez o destino 1 precisa de 15 unidades da mercadoria, o destino 2 de 10 unidades e o destino 3 de 25 unidades. Os preços unitários de transporte de cada origem para cada destino são dados no seguinte quadro: destinos a i origens 1 c 11 = 4 c 12 = 7 c 13 = c 21 = 2 c 22 = 4 c 23 = 3 20 b j

38 A formalização do problema na forma de um problema de programação linear é a seguinte: Min z = 4x x x x x x 23 s.a x 11 + x 12 + x 13 = 30 x 21 + x 22 + x 23 = 20 x 11 + x 21 = 15 x 12 + x 22 = 10 x 13 + x 23 = 25 x 11 ; x 12 ; x 13 ; x 21 ; x 22 ; x 23 0 A matriz deste problema é: 2 A = Repare-se que é uma matriz cujos elementos ou são 0 ou são 1 e que há exactamente dois elementos iguais a 1 em cada coluna. Não é di cil generalizar e concluir que a matriz de qualquer problema de transportes tem estas duas propriedades seja qual for a sua dimensão. P Teorema O problema de transportes tem solução desde que m P a i = n b j = d Demonstração. (por construção) Basta fazer x ij = a ib j d, para i = 1; :::; m e j = 1; :::; n. É óbvio que x ij 0, para mp P i = 1; :::; m e j = 1; :::; n. Por outro lado, x ij = m a i b j d = b j mp a i = b j d d d = b j, P para j = 1; :::; n e n P x ij = n a i b j d = a i d i=1 np i=1 i=1 i=1 a i = a i d d = a i para i = 1; :::; m. 37

39 Propriedades da matriz A Característica de A: Somando as m primeiras linhas obtém-se m P mp a i. Somando as n linhas seguintes obtém-se i=1 n P i=1 i=1 np x ij = mp P x ij = n b j. Como se está a P considerar que m P a i = n b j, então as duas somas são iguais. Conclui-se assim que i=1 as linhas da matriz A são linearmente dependentes. A dimensão da matriz A é (m + n) (mn). Desde que m 2 e n 2, é claro que mn m + n. Então car(a) m + n 1. Retirando a última linha à matriz A, obtém-se uma matriz A 0 que pode ser posta na forma triangular superior mediante uma troca de colunas. No exemplo dado antes, as colunas de A devem ser ordenadas do seguinte modo: 2 3 A 0 = {z } B {z } N o que corresponde à ordenação x 13 ; x 23 ; x 11 ; x 12 ; x 21 ; x 22. Note-se que det B = 1 6= 0, sendo portanto car(a) = = Propriedades das matrizes dos problemas de transportes De nição Diz-se que uma matriz é totalmente unimodular se e só se qualquer uma das suas submatrizes quadradas tem determinante nulo ou 1. Teorema A matriz do problema de transportes é totalmente unimodular. Demonstração. (por indução) Como todos os elementos da matriz do problema de transportes são iguais a 0 ou 1, então o determinante de qualquer submatriz 1 1 ou é nulo ou é igual a 1. Por outro lado, como car(a) = m + n 1, qualquer submatriz de dimensão 38

A Dualidade em Programação Linear

A Dualidade em Programação Linear Investigação Operacional- 2009/10 - Programas Lineares 14 A Dualidade em Programação Linear Para melhor ilustrar este conceito vamos estudar dois problemas intimamente relacionadas: o problema da dona

Leia mais

O Problema de Transportes

O Problema de Transportes Investigação Operacional- 00/0 - Problemas de Transportes 8 O Problema de Transportes O problema geral de transportes consiste em determinar a forma mais económica de enviar um bem que está disponível

Leia mais

Espaços vectoriais reais

Espaços vectoriais reais ALGA - 00/0 - Espaços Vectoriais 49 Introdução Espaços vectoriais reais O que é que têm em comum o conjunto dos pares ordenados de números reais, o conjunto dos vectores livres no espaço, o conjunto das

Leia mais

Professor João Soares 20 de Setembro de 2004

Professor João Soares 20 de Setembro de 2004 Teoria de Optimização (Mestrado em Matemática) Texto de Apoio 2A Universidade de Coimbra 57 páginas Professor João Soares 20 de Setembro de 2004 Optimização Linear Considere o problema (1) abaixo, que

Leia mais

Sistemas de equações lineares

Sistemas de equações lineares ALGA- / - Sistemas de Equações Lineares Sistemas de equações lineares Introdução Uma equação linear nas incógnitas ou variáveis x ; x ; :::; x n é uma expressão da forma: a x + a x + ::: + a n x n = b

Leia mais

Sistemas de equações lineares

Sistemas de equações lineares Matemática II - / - Sistemas de Equações Lineares Sistemas de equações lineares Introdução Uma equação linear nas incógnitas ou variáveis x ; x ; :::; x n é uma expressão da forma: a x + a x + ::: + a

Leia mais

ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE / Geometria Analítica 89. Geometria Analítica

ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE / Geometria Analítica 89. Geometria Analítica ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 011/01 - Geometria Analítica 9 Geometria Analítica A noção de recta em R e R ; tal como a noção de plano em R já foram abordados no ensino secundário. Neste

Leia mais

CAPÍTULO 3. Método Simplex

CAPÍTULO 3. Método Simplex CAPÍTULO 3 1. Soluções Básicas Admissíveis Considere um problema de PL representado nas suas formas padrão e matricial. Uma base é um conjunto de m variáveis, tais que a matriz dos coeficientes do sistema

Leia mais

Faculdade de Engenharia Optimização. Prof. Doutor Engº Jorge Nhambiu

Faculdade de Engenharia Optimização. Prof. Doutor Engº Jorge Nhambiu 1 Programação Linear (PL) Aula 8 : O método Simplex. Casos particulares. Empate no critério de entrada. Óptimo não finito. Soluções óptimas alternativas. Degenerescência. INÍCIO Forma Padrão Faculdade

Leia mais

ALGA I. Representação matricial das aplicações lineares

ALGA I. Representação matricial das aplicações lineares Módulo 6 ALGA I Representação matricial das aplicações lineares Contents 61 Matriz de uma aplicação linear 76 62 Cálculo do núcleo e imagem 77 63 Matriz da composta 78 64 GL(n Pontos de vista passivo e

Leia mais

Expansão linear e geradores

Expansão linear e geradores Espaços Vectoriais - ALGA - 004/05 Expansão linear e geradores Se u 1 ; u ; :::; u n são vectores de um espaço vectorial V; como foi visto atrás, alguns vectores de V são combinação linear de u 1 ; u ;

Leia mais

Faculdade de Engenharia Optimização. Prof. Doutor Engº Jorge Nhambiu

Faculdade de Engenharia Optimização. Prof. Doutor Engº Jorge Nhambiu 1 Programação Linear (PL) Aula 10: Método Simplex Técnica das variáveis artificias Método das penalidades ( Big M ). Método das duas fases. 2 Modificando o Exemplo Protótipo. Suponha-se que é modificado

Leia mais

Programação Linear M É T O D O S : E S T A T Í S T I C A E M A T E M Á T I C A A P L I C A D A S D e 1 1 d e m a r ç o a 2 9 d e a b r i l d e

Programação Linear M É T O D O S : E S T A T Í S T I C A E M A T E M Á T I C A A P L I C A D A S D e 1 1 d e m a r ç o a 2 9 d e a b r i l d e Programação Linear A otimização é o processo de encontrar a melhor solução (ou solução ótima) para um problema. Existe um conjunto particular de problemas nos quais é decisivo a aplicação de um procedimento

Leia mais

ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE /11 - Geometria Analítica 88. Geometria Analítica

ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE /11 - Geometria Analítica 88. Geometria Analítica ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 010/ - Geometria Analítica Geometria Analítica A noção de recta em R e R ; tal como a noção de plano em R já foram abordados no ensino secundário. Neste capítulo

Leia mais

Problemas Singulares e Métodos Assimptóticos Desenvolvimento da solução de uma EDO em série de potências na vizinhança de uma singularidade regular

Problemas Singulares e Métodos Assimptóticos Desenvolvimento da solução de uma EDO em série de potências na vizinhança de uma singularidade regular Problemas Singulares e Métodos Assimptóticos Desenvolvimento da solução de uma EDO em série de potências na vizinhança de uma singularidade regular Consideremos uma EDO linear de segunda ordem com a forma

Leia mais

INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL. Programação Linear. Exercícios. Cap. IV Modelo Dual

INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL. Programação Linear. Exercícios. Cap. IV Modelo Dual INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL Programação Linear Exercícios Cap. IV Modelo Dual António Carlos Morais da Silva Professor de I.O. i Cap. IV - Modelo Dual - Exercícios IV. Modelo Problema Dual 1. Apresente o

Leia mais

Espaços vectoriais reais

Espaços vectoriais reais Espaços Vectoriais - Matemática II - 2004/05 40 Introdução Espaços vectoriais reais O que é que têm em comum o conjunto dos pares ordenados de números reais, o conjunto dos vectores livres no espaço, o

Leia mais

Produto interno, externo e misto de vectores

Produto interno, externo e misto de vectores MTDI I - 00/08 - Produto Interno Produto interno, externo e misto de vectores A noção de produto interno (ou escalar) de vectores foi introduzida no ensino secundário, para vectores com duas ou três coordenadass.

Leia mais

Valores e vectores próprios

Valores e vectores próprios ALGA - Eng Civil e EngTopográ ca - ISE - / - Valores e vectores próprios 5 Valores e vectores próprios Neste capítulo, sempre que não haja especi cação em contrário, todas as matrizes envolvidas são quadradas

Leia mais

CDI-II. Resumo das Aulas Teóricas (Semana 5) 1 Extremos de Funções Escalares. Exemplos

CDI-II. Resumo das Aulas Teóricas (Semana 5) 1 Extremos de Funções Escalares. Exemplos Instituto Superior Técnico Departamento de Matemática Secção de Álgebra e Análise Prof. Gabriel Pires CDI-II Resumo das Aulas Teóricas (Semana 5) 1 Etremos de Funções Escalares. Eemplos Nos eemplos seguintes

Leia mais

Matemática II /06 - Matrizes 1. Matrizes

Matemática II /06 - Matrizes 1. Matrizes Matemática II - 00/0 - Matrizes Matrizes Introdução Se m e n são números naturais, chama-se matriz real de tipo m n (m vezes n ou m por n) a uma função A : f; ; :::; mg f; ; :::; ng R: (i; j) A (i; j)

Leia mais

X - D U A L I D A D E

X - D U A L I D A D E X - D U A L I D A D E 1 - Introdução. Regras de transformação "Primal - Dual" Consideremos os dois problemas P1 e P2 de Programação Linear seguintes: P1 : n Maximizar F = Σ ck. Xk k = 1 n Σ aik. Xk bi

Leia mais

Simplex. Investigação Operacional José António Oliveira Simplex

Simplex. Investigação Operacional José António Oliveira Simplex 18 Considere um problema de maximização de lucro relacionado com duas actividades e três recursos. Na tabela seguinte são dados os consumos unitários de cada recurso (A, B e C) por actividade (1 e 2),

Leia mais

ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE / Matrizes 1. Matrizes

ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE / Matrizes 1. Matrizes ALGA - Eng. Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 011/01 - Matrizes 1 Matrizes Introdução Se m e n são números naturais, chama-se matriz real de tipo m n (m vezes n ou m por n) a uma aplicação A : f1; ; :::;

Leia mais

α ( u 1 - u 2 ) = u 3 - u 2.

α ( u 1 - u 2 ) = u 3 - u 2. 2- NOÇÕES DE CONVEXIDADE E FORMULAÇÃO MATEMÁTICA DE PROBLEMAS DE PROGRAMAÇÃO LINEAR 21 Noções de Convexidade 211 - Combinação Convexa de pontos ponto b = αx 1 Considere C um conjunto contendo os pontos

Leia mais

Avaliação e programa de Álgebra Linear

Avaliação e programa de Álgebra Linear Avaliação e programa de Álgebra Linear o Teste ( de Março): Sistemas de equações lineares e matrizes. Espaços lineares. o Teste ( de Maio): Matriz de mudança de base. Transformações lineares. o Teste (

Leia mais

Simplex. Transparências de apoio à leccionação de aulas teóricas. c 2011, 2009, 1998 José Fernando Oliveira, Maria Antónia Carravilla FEUP

Simplex. Transparências de apoio à leccionação de aulas teóricas. c 2011, 2009, 1998 José Fernando Oliveira, Maria Antónia Carravilla FEUP Simplex Transparências de apoio à leccionação de aulas teóricas Versão 3 c 2011, 2009, 1998 José Fernando Oliveira, Maria Antónia Carravilla FEUP Programação Linear abordagem algébrica max sujeito a: n

Leia mais

CAPÍTULO 4. Teoria da Dualidade

CAPÍTULO 4. Teoria da Dualidade CAPÍTULO 4 1. Introdução Uma dos conceitos mais importantes em programação linear é o de dualidade. Qualquer problema de PL tem associado um outro problema de PL, chamado o Dual. Neste contexto, o problema

Leia mais

Apontamentos das Aulas Teóricas de Álgebra Linear. LEAN - LEMat - MEAer - MEAmbi - MEEC - MEMec. Nuno Martins. Departamento de Matemática

Apontamentos das Aulas Teóricas de Álgebra Linear. LEAN - LEMat - MEAer - MEAmbi - MEEC - MEMec. Nuno Martins. Departamento de Matemática Apontamentos das Aulas Teóricas de Álgebra Linear para LEAN - LEMat - MEAer - MEAmbi - MEEC - MEMec Nuno Martins Departamento de Matemática Instituto Superior Técnico Fevereiro de 0 Índice Sistemas de

Leia mais

Aplicação da Álgebra Linear à Geometria (1/2) 1. Geometria a m: rectas e planos

Aplicação da Álgebra Linear à Geometria (1/2) 1. Geometria a m: rectas e planos 30 a : aula (1h) 19/05/2010 Aplicação da Álgebra Linear à Geometria (1/2) 30-1 Instituto Superior Técnico 2010 2 o semestre Álgebra Linear 1 o ano das Lics em Engenharia Informática e de Computadores e

Leia mais

Cálculo II Exame de 1 a Época, 29 de Maio de 2000

Cálculo II Exame de 1 a Época, 29 de Maio de 2000 Faculdade de Economia Universidade Nova de Lisboa Cálculo II Exame de a Época, 9 de Maio de 000 O exame é constítuido por cinco perguntas. Responda a cada questão em folhas separadas. Não se esqueça de

Leia mais

Sistemas de equações lineares com três variáveis

Sistemas de equações lineares com três variáveis 18 Sistemas de equações lineares com três variáveis Sumário 18.1 Introdução....................... 18. Sistemas de duas equações lineares........... 18. Sistemas de três equações lineares........... 8

Leia mais

Investigação Operacional

Investigação Operacional Análise de Sensibilidade, Formulação Dual (Mestrado) Engenharia Industrial http://dps.uminho.pt/pessoais/zan - Escola de Engenharia Departamento de Produção e Sistemas Uma das tarefas mais delicadas no

Leia mais

Produto interno no espaço vectorial R n

Produto interno no espaço vectorial R n ALGA - 008/09 - Produto interno 8 Produto interno no espaço vectorial R n A noção de produto interno de vectores foi introduzida no ensino secundário, para vectores de R e R : Neste capítulo generaliza-se

Leia mais

Programação Linear/Inteira

Programação Linear/Inteira Unidade de Matemática e Tecnologia - RC/UFG Programação Linear/Inteira Prof. Thiago Alves de Queiroz Aula 2 Thiago Queiroz (IMTec) Aula 2 Aula 2 1 / 46 Hipóteses de Linearidade Existem algumas hipóteses

Leia mais

7 temos que e u =

7 temos que e u = Capítulo 1 Complementos de Álgebra Linear 11 Introdução Seja A = [a ij ] uma matriz quadrada de ordem n e pensemos na transformação linear R n! R n que a cada cada vector u R n faz corresponder um vector

Leia mais

Poliedros na forma padrão

Poliedros na forma padrão Poliedros na forma padrão Marina Andretta ICMC-USP 19 de outubro de 2016 Baseado no livro Introduction to Linear Optimization, de D. Bertsimas e J. N. Tsitsiklis. Marina Andretta (ICMC-USP) sme0211 - Otimização

Leia mais

Investigação Operacional

Investigação Operacional Investigação Operacional Licenciatura em Gestão 3.º Ano Ano Lectivo 2013/14 Programação Linear Texto elaborado por: Maria João Cortinhal (Coordenadora) Anabela Costa Maria João Lopes Ana Catarina Nunes

Leia mais

Aulas práticas de Álgebra Linear

Aulas práticas de Álgebra Linear Ficha 3 Aulas práticas de Álgebra Linear Licenciatura em Engenharia Naval e Oceânica Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica 1 o semestre 2018/19 Jorge Almeida e Lina Oliveira Departamento de Matemática,

Leia mais

ALGA /09 - Geometria Analítica 78. Geometria Analítica

ALGA /09 - Geometria Analítica 78. Geometria Analítica ALGA - 00/09 - Geometria Analítica 7 Geometria Analítica A noção de recta em R e R ; tal como a noção de plano em R já foram abordados no ensino secundário. Neste capítulo faz-se um revisão desses conceitos

Leia mais

Faculdade de Engenharia Optimização. Prof. Doutor Engº Jorge Nhambiu

Faculdade de Engenharia Optimização. Prof. Doutor Engº Jorge Nhambiu Programação Não Linear Aula 7: Programação Não-Linear - Funções de Várias variáveis Vector Gradiente; Matriz Hessiana; Conveidade de Funções e de Conjuntos; Condições óptimas de funções irrestritas; Método

Leia mais

Capítulo 1. Matrizes e Sistema de Equações Lineares. 1.1 Corpos

Capítulo 1. Matrizes e Sistema de Equações Lineares. 1.1 Corpos Capítulo 1 Matrizes e Sistema de Equações Lineares Neste capítulo apresentaremos as principais de nições e resultados sobre matrizes e sistemas de equações lineares que serão necessárias para o desenvolvimento

Leia mais

a = bq + r e 0 r < b.

a = bq + r e 0 r < b. 1 Aritmética dos Inteiros 1.1 Lema da Divisão e o Algoritmo de Euclides Recorde-se que a, o módulo ou valor absoluto de a, designa a se a N a = a se a / N Dados a, b, c Z denotamos por a b : a divide b

Leia mais

Investigação Operacional- 2009/10 - Programas Lineares 3 PROGRAMAS LINEARES

Investigação Operacional- 2009/10 - Programas Lineares 3 PROGRAMAS LINEARES Investigação Operacional- 2009/10 - Programas Lineares 3 PROGRAMAS LINEARES Formulação A programação linear lida com problemas nos quais uma função objectivo linear deve ser optimizada (maximizada ou minimizada)

Leia mais

Matemática /09 - Produto Interno 32. Produto Interno

Matemática /09 - Produto Interno 32. Produto Interno Matemática - 2008/09 - Produto Interno 32 Produto Interno A noção de produto interno (ou escalar) de vectores foi introduzida no ensino secundário, para vectores com duas ou três coordenadass. Neste capítulo

Leia mais

Programação Linear. MÉTODOS QUANTITATIVOS: ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA APLICADAS De 30 de setembro a 13 de novembro de 2011 prof. Lori Viali, Dr.

Programação Linear. MÉTODOS QUANTITATIVOS: ESTATÍSTICA E MATEMÁTICA APLICADAS De 30 de setembro a 13 de novembro de 2011 prof. Lori Viali, Dr. Programação Linear São problemas complexos, muitas vezes de difícil solução e que envolvem significativas reduções de custos, melhorias de tempos de processos, ou uma melhor alocação de recursos em atividades.

Leia mais

Programação Linear. Dual Simplex: Viabilidade Dual Método Dual Simplex

Programação Linear. Dual Simplex: Viabilidade Dual Método Dual Simplex Programação Linear Dual Simplex: Viabilidade Dual Viabilidade Dual Considere o par de problemas primal (P) dual (D). Agora já sabemos como encontrar a solução de um desses PPL a partir da solução do outro.

Leia mais

Problemas de Transportes e de Afectação

Problemas de Transportes e de Afectação CAPÍTULO 6 Problemas de Transportes e de Afectação 1. Problema de Transporte Este problema, que é um dos particulares de PL, consiste em determinar a forma mais económica de enviar um bem disponível, em

Leia mais

Otimização Aplicada à Engenharia de Processos

Otimização Aplicada à Engenharia de Processos Otimização Aplicada à Engenharia de Processos Aula 4: Programação Linear Felipe Campelo http://www.cpdee.ufmg.br/~fcampelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Belo Horizonte Março de 2013

Leia mais

sujeito a: 30x x (madeira) 5x x (horas de trabalho) x 1, x 2 0

sujeito a: 30x x (madeira) 5x x (horas de trabalho) x 1, x 2 0 IV. MÉTODO GRÁFICO O método gráfico só permite resolver problemas de PL de pequena dimensão (duas ou três variáveis) não tendo pois qualquer interesse prático. O método gráfico permite visualizar um conjunto

Leia mais

Investigação Operacional

Investigação Operacional Investigação Operacional Programação Linear Licenciatura em Engenharia Civil Licenciatura em Engenharia do Território Problema Uma firma fabrica dois produtos P e P em três máquinas M, M e M. P é processado

Leia mais

1 Congruências e aritmética modular

1 Congruências e aritmética modular 1 Congruências e aritmética modular Vamos considerar alguns exemplos de problemas sobre números inteiros como motivação para o que se segue. 1. O que podemos dizer sobre a imagem da função f : Z Z, f(x)

Leia mais

IV - P R O G R A M A Ç Ã O L I N E A R :

IV - P R O G R A M A Ç Ã O L I N E A R : IV - P R O G R A M A Ç Ã O L I N E A R : C O N C E I T O S F U N D A M E N T A I S Consideremos um problema de Programação Linear apresentado na sua forma standard: Maximizar F = c1. X1 + c2. X2 + c3.

Leia mais

Investigação Operacional

Investigação Operacional Métodos de Programação Linear: Big M, Fases, S Dual (Licenciatura) Tecnologias e Sistemas de Informação http://dps.uminho.pt/pessoais/zan - Escola de Engenharia Departamento de Produção e Sistemas 1 Simplex

Leia mais

Teste 1 de Matemática I - Curso de Arquitectura

Teste 1 de Matemática I - Curso de Arquitectura Teste de Matemática I - Curso de Arquitectura de Outubro de 9 - Teste B Resolva por eliminação de Gauss e descreva geometricamente o conjunto de soluções dos sistemas em R < x + y + z = (a) ( val) x +

Leia mais

Produto interno no espaço vectorial R n

Produto interno no espaço vectorial R n ALGA - Eng.Civil e Eng. Topográ ca - ISE - 00/0 - Produto Interno Produto interno no espaço vectorial R n A noção de produto interno (ou escalar) de vectores foi introduzida no ensino secundário, para

Leia mais

PESQUISA OPERACIONAL

PESQUISA OPERACIONAL PESQUISA OPERACIONAL Uma breve introdução. Prof. Cleber Almeida de Oliveira Apostila para auxiliar os estudos da disciplina de Pesquisa Operacional por meio da compilação de diversas fontes. Esta apostila

Leia mais

Joaquim J. Júdice. Pedro C. Martins. Marta M. B. Pascoal. Jorge P. Santos

Joaquim J. Júdice. Pedro C. Martins. Marta M. B. Pascoal. Jorge P. Santos Joaquim J. Júdice Pedro C. Martins Marta M. B. Pascoal Jorge P. Santos PROGRAMAÇÃO LINEAR Departamento de Matemática Universidade de Coimbra 9 Conteúdo Introdução Formulação de Problemas em Programa Linear

Leia mais

Matemática II /06 - Determinantes 25. Determinantes

Matemática II /06 - Determinantes 25. Determinantes Matemática II - 00/0 - Determinantes Permutações Determinantes Seja n N. Uma permutação p (p ; p ; : : : ; p n ) do conjunto f; ; ; ng é um arranjo dos n números em alguma ordem, sem repetições ou omissões.

Leia mais

Otimização Linear. Profª : Adriana Departamento de Matemática. wwwp.fc.unesp.br/~adriana

Otimização Linear. Profª : Adriana Departamento de Matemática. wwwp.fc.unesp.br/~adriana Otimização Linear Profª : Adriana Departamento de Matemática adriana@fc.unesp.br wwwp.fc.unesp.br/~adriana Forma geral de um problema Em vários problemas que formulamos, obtivemos: Um objetivo de otimização

Leia mais

Método Simplex dual. Marina Andretta ICMC-USP. 24 de outubro de 2016

Método Simplex dual. Marina Andretta ICMC-USP. 24 de outubro de 2016 Método Simplex dual Marina Andretta ICMC-USP 24 de outubro de 2016 Baseado no livro Introduction to Linear Optimization, de D. Bertsimas e J. N. Tsitsiklis. Marina Andretta (ICMC-USP) sme0211 - Otimização

Leia mais

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais:

Espaços Euclidianos. Espaços R n. O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: Espaços Euclidianos Espaços R n O conjunto R n é definido como o conjunto de todas as n-uplas ordenadas de números reais: R n = {(x 1,..., x n ) : x 1,..., x n R}. R 1 é simplesmente o conjunto R dos números

Leia mais

Álgebra Linear. Curso: Engenharia Electrotécnica e de Computadores 1 ō ano/1 ō S 2006/07

Álgebra Linear. Curso: Engenharia Electrotécnica e de Computadores 1 ō ano/1 ō S 2006/07 Álgebra Linear Curso: Engenharia Electrotécnica e de Computadores ō ano/ ō S 6/7 a Lista: SISTEMAS DE EQUAÇÕES LINEARES E ÁLGEBRA DE MATRIZES Sistemas de equações lineares. Quais das seguintes equações

Leia mais

Ficha de Exercícios nº 3

Ficha de Exercícios nº 3 Nova School of Business and Economics Álgebra Linear Ficha de Exercícios nº 3 Transformações Lineares, Valores e Vectores Próprios e Formas Quadráticas 1 Qual das seguintes aplicações não é uma transformação

Leia mais

Bases de subespaços. 5 a : aula prática (1.30h) e 08-04/2010 Bases de subespaços 5-1

Bases de subespaços. 5 a : aula prática (1.30h) e 08-04/2010 Bases de subespaços 5-1 a : aula prática (.h) - e 8-/ Bases de subespaços - Instituto Superior Técnico o semestre Álgebra Linear o ano da Lics.em Engenharia Informática e de Computadores e Engenharia Química Bases de subespaços

Leia mais

Conceitos Básicos de Matemática. Aula 1. ISCTE - IUL, Mestrados de Continuidade. Diana Aldea Mendes. 12 de Setembro de 2011

Conceitos Básicos de Matemática. Aula 1. ISCTE - IUL, Mestrados de Continuidade. Diana Aldea Mendes. 12 de Setembro de 2011 Conceitos Básicos de Matemática Aula 1 ISCTE - IUL, Mestrados de Continuidade Diana Aldea Mendes diana.mendes@iscte.pt 12 de Setembro de 2011 DMQ, ISCTE-IUL (diana.mendes@iscte.pt) Matemática 12 de Setembro

Leia mais

1.3 Matrizes inversas ] [ 0 1] = [ ( 1) ( 1) ] = [1 0

1.3 Matrizes inversas ] [ 0 1] = [ ( 1) ( 1) ] = [1 0 1.3 Matrizes inversas Definição: Seja A uma matriz de ordem k n, a matriz B de ordem n k é uma inversa à direita de A, se AB = I. A Matriz C de ordem n k é uma inversa à esquerda de A, se CA = I. Exemplo

Leia mais

Universidade da Beira Interior Departamento de Matemática. Ficha de exercícios nº3: Dualidade. Interpretação Económica.

Universidade da Beira Interior Departamento de Matemática. Ficha de exercícios nº3: Dualidade. Interpretação Económica. Ano lectivo: 2008/2009; Universidade da Beira Interior Departamento de Matemática INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL Ficha de exercícios nº3: Dualidade. Interpretação Económica. Cursos: Economia 1. Formule o problema

Leia mais

Parte 1 - Matrizes e Sistemas Lineares

Parte 1 - Matrizes e Sistemas Lineares Parte 1 - Matrizes e Sistemas Lineares Matrizes: Uma matriz de tipo m n é uma tabela com mn elementos, denominados entradas, e formada por m linhas e n colunas. A matriz identidade de ordem 2, por exemplo,

Leia mais

Inversão de Matrizes

Inversão de Matrizes Inversão de Matrizes Prof. Márcio Nascimento Universidade Estadual Vale do Acaraú Centro de Ciências Exatas e Tecnologia Curso de Licenciatura em Matemática Disciplina: Álgebra Matricial - 2015.2 21 de

Leia mais

Pontos extremos, vértices e soluções básicas viáveis

Pontos extremos, vértices e soluções básicas viáveis Pontos extremos, vértices e soluções básicas viáveis Marina Andretta ICMC-USP 19 de outubro de 2016 Baseado no livro Introduction to Linear Optimization, de D. Bertsimas e J. N. Tsitsiklis. Marina Andretta

Leia mais

Otimização Linear. Profª : Adriana Departamento de Matemática. wwwp.fc.unesp.br/~adriana

Otimização Linear. Profª : Adriana Departamento de Matemática. wwwp.fc.unesp.br/~adriana Otimização Linear Profª : Adriana Departamento de Matemática adriana@fc.unesp.br wwwp.fc.unesp.br/~adriana Revisão Método Simplex Solução básica factível: xˆ xˆ, xˆ N em que xˆ N 0 1 xˆ b 0 Solução geral

Leia mais

O método Simplex Aplicado ao Problema de Transporte (PT).

O método Simplex Aplicado ao Problema de Transporte (PT). Prof. Geraldo Nunes Silva (Revisado por Socorro Rangel) Estas notas de aula são Baseadas no livro: Hillier, F. S. e G. J. Lieberman. Introdução à Pesquisa Operacional, Campus, a ed., 9 Agradeço a Professora

Leia mais

1.1 Propriedades Básicas

1.1 Propriedades Básicas 1.1 Propriedades Básicas 1. Classi que as a rmações em verdadeiras ou falsas, justi cando cada resposta. (a) Se x < 2, então x 2 < 4: (b) Se x 2 < 4, então x < 2: (c) Se 0 x 2, então x 2 4: (d) Se x

Leia mais

Programação Linear - Parte 5

Programação Linear - Parte 5 Matemática Industrial - RC/UFG Programação Linear - Parte 5 Prof. Thiago Alves de Queiroz 1/2016 Thiago Queiroz (IMTec) Parte 5 1/2016 1 / 29 Dualidade Os parâmetros de entrada são dados de acordo com

Leia mais

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Espaços Vetoriais Reais

Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica. Espaços Vetoriais Reais universidade de aveiro departamento de matemática Álgebra Linear e Geometria Anaĺıtica Agrupamento IV (ECT, EET, EI) Capítulo 4 Espaços Vetoriais Reais Definição de espaço vetorial real [4 01] O conjunto

Leia mais

TEMA 2 PROPRIEDADES DE ORDEM NO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS

TEMA 2 PROPRIEDADES DE ORDEM NO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS TEMA 2 PROPRIEDADES DE ORDEM NO CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS O conjunto dos números reais,, que possui as seguintes propriedades:, possui uma relação menor ou igual, denotada por O1: Propriedade Reflexiva:

Leia mais

Programação Linear. Dualidade

Programação Linear. Dualidade Programação Linear Dualidade Dualidade Já vimos em sala que para cada PPL existe um outro PL chamado dual, que consiste em modelar um problema que utiliza os mesmos dados que o original, mas alterando

Leia mais

1. O que podemos dizer sobre a imagem da função. f : Z Z, f(x) = x 2 + x + 1?

1. O que podemos dizer sobre a imagem da função. f : Z Z, f(x) = x 2 + x + 1? 1 Congruências e aritmética modular Vamos considerar alguns exemplos de problemas sobre números inteiros como motivação para o que se segue. 1. O que podemos dizer sobre a imagem da função f : Z Z, f(x)

Leia mais

Aulas Teóricas de Álgebra Linear

Aulas Teóricas de Álgebra Linear Aulas Teóricas de Álgebra Linear Instituto Superior Técnico - o Semestre 009/00 MEAmbi - MEBiol Matrizes De nição Uma matriz A, do tipo m n (m por n), é uma tabela de mn números dispostos em m linhas e

Leia mais

A = B, isto é, todo elemento de A é também um elemento de B e todo elemento de B é também um elemento de A, ou usando o item anterior, A B e B A.

A = B, isto é, todo elemento de A é também um elemento de B e todo elemento de B é também um elemento de A, ou usando o item anterior, A B e B A. Capítulo 1 Números Reais 1.1 Conjuntos Numéricos Um conjunto é uma coleção de elementos. A relação básica entre um objeto e o conjunto é a relação de pertinência: quando um objeto x é um dos elementos

Leia mais

Teoremas de dualidade

Teoremas de dualidade Teoremas de dualidade Marina Andretta ICMC-USP 19 de outubro de 2016 Baseado no livro Introduction to Linear Optimization, de D. Bertsimas e J. N. Tsitsiklis. Marina Andretta (ICMC-USP) sme0211 - Otimização

Leia mais

x 1 + b a 2 a 2 : declive da recta ;

x 1 + b a 2 a 2 : declive da recta ; - O que é a Álgebra Linear? 1 - É a Álgebra das Linhas (rectas). Equação geral das rectas no plano cartesiano R 2 : a 1 x 1 + a 2 = b Se a 2 0, = a 1 a 2 x 1 + b a 2 : m = a 1 : declive da recta ; a 2

Leia mais

Produto interno no espaço vectorial R n

Produto interno no espaço vectorial R n ALGA - 00/0 - Produto interno 8 Produto interno no espaço vectorial R n A noção de produto interno de vectores foi introduzida no ensino secundário, para vectores de R e R : Neste capítulo generaliza-se

Leia mais

= f(0) D2 f 0 (x, x) + o( x 2 )

= f(0) D2 f 0 (x, x) + o( x 2 ) 6 a aula, 26-04-2007 Formas Quadráticas Suponhamos que 0 é um ponto crítico duma função suave f : U R definida sobre um aberto U R n. O desenvolvimento de Taylor de segunda ordem da função f em 0 permite-nos

Leia mais

J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff Geometria Analítica e Cálculo Vetorial

J. Delgado - K. Frensel - L. Crissaff Geometria Analítica e Cálculo Vetorial 178 Capítulo 10 Equação da reta e do plano no espaço 1. Equações paramétricas da reta no espaço Sejam A e B dois pontos distintos no espaço e seja r a reta que os contém. Então, P r existe t R tal que

Leia mais

Multiplicidade geométrica

Multiplicidade geométrica Valores e Vectores Próprios - ALGA - /5 Multiplicidade geométrica Chama-se multiplicidade geométrica de um valor próprio ao grau de indeterminação do sistema (A I n ) X : O grau de indeterminação de corresponde

Leia mais

Investigação Operacional

Investigação Operacional Modelos de Programação Linear (Mestrado) Engenharia Industrial http://dps.uminho.pt/pessoais/zan - Escola de Engenharia Departamento de Produção e Sistemas 1 Modelação Matemática As técnicas e algoritmos

Leia mais

Sistemas de Equações Lineares e Equações Vectoriais Aula 2 Álgebra Linear Pedro A. Santos

Sistemas de Equações Lineares e Equações Vectoriais Aula 2 Álgebra Linear Pedro A. Santos Sistemas de Equações Lineares e Equações Vectoriais Aula 2 Álgebra Linear MEG Operações Elementares Trocar a posição de duas equações Multiplicar uma equação por uma constante diferente de zero Não alteram

Leia mais

Exercícios de Álgebra Linear 2 o Semestre 2008/2009 LEIC, LEGM, LMAC, MEFT, MEBiom e MEC

Exercícios de Álgebra Linear 2 o Semestre 2008/2009 LEIC, LEGM, LMAC, MEFT, MEBiom e MEC Exercícios de Álgebra Linear o Semestre 008/009 LEIC, LEGM, LMAC, MEFT, MEBiom e MEC João Ferreira Alves/Ricardo Coutinho Sistemas de Equações Lineares e Matrizes Exercício Resolva por eliminação de Gauss

Leia mais

Maria do Rosário Grossinho, João Paulo Janela Universidade Técnica de Lisboa

Maria do Rosário Grossinho, João Paulo Janela Universidade Técnica de Lisboa Lições de Matemática Maria do Rosário Grossinho, João Paulo Janela Universidade Técnica de Lisboa Versão provisória vp Capítulo Matrizes e Determinantes Versão provisória () Generalidades Definição Dados

Leia mais

(2008/2009) Espaços vectoriais. Matemática 1º Ano - 1º Semestre 2008/2009. Mafalda Johannsen

(2008/2009) Espaços vectoriais. Matemática 1º Ano - 1º Semestre 2008/2009. Mafalda Johannsen Espaços vectoriais Matemática 1º Ano 1º Semestre 2008/2009 Capítulos Características de um Espaço Vectorial Dimensão do Espaço Subespaço Vectorial Combinação Linear de Vectores Representação de Vectores

Leia mais

EXERCÍCIOS DE ÁLGEBRA LINEAR

EXERCÍCIOS DE ÁLGEBRA LINEAR IST - o Semestre de / MEEC EXERCÍCIOS DE ÁLGEBRA LINEAR FICHA - Método de Eliminação de Gauss Sistemas de equações lineares Uma equação linear nas variáveis (ou incógnitas) x ; ; x n ; é uma equação do

Leia mais

Economia Matemática I 2007/08. Ficha 1 - Capítulos 1 e B = 2 4

Economia Matemática I 2007/08. Ficha 1 - Capítulos 1 e B = 2 4 Economia Matemática I /8 Ficha - Capítulos e. Sendo D = E = C = efectue, se possível, as seguintes operações: (a) A + C (b) A + B (c) A B (d) (A + B) (e) DE (f) AE (g) A (h) (BC) D (i) CE. Dadas a matrizes

Leia mais

Renato Martins Assunção

Renato Martins Assunção Análise Numérica Renato Martins Assunção DCC - UFMG 2012 Renato Martins Assunção (DCC - UFMG) Análise Numérica 2012 1 / 84 Equação linear Sistemas de equações lineares A equação 2x + 3y = 6 é chamada linear

Leia mais

Capítulo 3. O Método Primal Simplex

Capítulo 3. O Método Primal Simplex Capítulo 3 O Método Primal Simplex 3.. Introdução Neste Capítulo, apresenta-se o método de resolução de problemas de programação linear mais utilizado, isto é, o método primal simplex. Assim, apresenta-se

Leia mais

Programação Linear. Rosa Canelas 2010

Programação Linear. Rosa Canelas 2010 Programação Linear Rosa Canelas 2010 Problemas de Optimização São problemas em que se procura a melhor solução (a que dá menor prejuízo, maior lucro, a que é mais eficiente, etc.) Alguns destes problemas

Leia mais

Recursos críticos disponíveis: Madeira 300 metros Horas de trabalho 110 horas

Recursos críticos disponíveis: Madeira 300 metros Horas de trabalho 110 horas I. Programação Linear (PL) 1. Introdução A Programação Linear é, no campo mais vasto da Programação Matemática, uma das variantes de aplicação generalizada em apoio da Decisão. O termo "Programação" deve

Leia mais