Moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) no Campus Araguatins/IFTO, Tocantins

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1 Moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) no Campus Araguatins/IFTO, Tocantins Cide M. da Silva 1 ; Francisca R. da S. Santos 2 ; Thiago da S. Coimbra 3 ; Gilberto Jr. dos Santos 4 ; Wyratan da S. Santos 5 1 Granduando do Curso de Agronomia e bolsista PIBIC / IFTO/ Campus Araguatins. moreira-federal@hotmail.com 2 Granduanda do Curso de Agronomia e bolsista PIBIC / IFTO/ Campus Araguatins. phranciscarodrigues@gamil.com 3 Granduando do Curso de Agronomia e bolsista PIBIC / IFTO/ Campus Araguatins. thiagodrive7@gmail.com 4 Granduando do Curso de Agronomia do IFTO/ Campus Araguatins. gilberto.junior17@gmail.com 5 Professor do Curso de Agronomia do IFTO/ Campus Araguatins. wyratan@ifto.edu.br Resumo: O estudo da flutuação populacional é de grande importância, pois está associado a fatores climáticos e o surgimento de hospedeiros. Por outro lado, a dinâmica populacional está ligada aos diversos fatores bióticos e abióticos que influenciam nos estágios de desenvolvimento das pragas, interferindo diretamente no aumento ou diminuição de sua densidade populacional. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a flutuação populacional das moscas-das-frutas, pois é requisito indispensável para o controle eficiente e racional desses insetos. As coletadas foram realizadas semanalmente com armadilhas tipo caça-moscas, confeccionada em pet, substituindo o atrativo das armadilhas. Os insetos coletados foram conservados em álcool 70% e encaminhados ao laboratório de Entomologia do Instituto Federal do Tocantins, Campus Araguatins, onde foram realizadas a sexagem e a identificação das moscas-das-frutas até gênero. Palavras chave: Anastrepha, ecologia, Insecta, McPhail, moscas frugívoras 1. INTRODUÇÃO O Estado do Tocantins destaca-se no setor da fruticultura em virtude das condições favoráveis para a produção de frutos, como água disponível para irrigação no período da seca e alta luminosidade praticamente o ano todo. Há um grande entrave no cultivo de frutíferas que são as moscas-das-frutas dos gêneros Anastrepha e Ceratitis causando grandes danos aos frutos (MANICA et al., 2000; ARAUJO e ZUCCHI, 2003). Os principais danos que ocorre no fruto pelas moscas-das-frutas são em função da oviposição provocado pelas fêmeas, onde as larvas vão se alimentar no interior do fruto deixando-o impróprio para o consumo e muitas vezes para ser industrializado (PEREIRA e MARTINEZ JUNIOR, 1986; MORGANTE, 1991). Outro fator de restrição é devido ao uso livre de agrotóxicos que são usados de modo descontrolado (CARVALHO et al., 2000; MOURA e MOURA, 2011). As moscas-das-frutas, família Tephritidae, possui um grande potencial reprodutivo e uma elevada capacidade de se dispersar, são polífagas por causar dano em diversos frutos, principalmente aqueles de regiões tropicais e temperada (SALLES, 1995). Os tefritídeos são consideras praga chave na citricultura por deixar o fruto impróprio para o consumo, necessitando constantemente de monitoramento para inibir a sua crescente população nos pomares de citrus (MORAES et al.; 1995). No caso da goiabeira, a produção ainda é incipiente no que tange a exportações, em virtude da ocorrência de pragas quarentenárias como a moscas-das-frutas, que impede um acréscimo significativo das exportações (KOVALESKI e RIBEIRO, 2003). O monitoramento com armadilhas tipo McPhail, tem a finalidade de detectar o nível populacional de tephritidae, é de suma importância para determinar o momento exato de usar medidas de controle (SALLES, 1995). O monitoramento pode ser composto por três fases distintas e complementares que são as atividades de campo relacionadas à instalação de armadilhas e atraentes, inspeção de pomares, coleta de dados etc., fase laboratorial onde são identificadas as espécies capturadas e a fase do processamento de dados que é a interpretação dos dados e a quantificação numérica de moscas para determinado local (CARVALHO, 2005). O clima e o tempo são comumente aceitos por entomologistas como influências dominantes no comportamento, abundância e distribuição dos insetos (MESSENGER, 1959).

2 As flutuações populacionais de adultos de moscas-das-frutas em pomares comerciais estão relacionadas a duas variáveis: disponibilidade de frutos hospedeiros e condições climáticas (ALUJA, 1994; SALLES, 1995). Entre os fatores abióticos, destacam-se a temperatura, a umidade relativa, a precipitação pluvial e as condições físico-químicas do solo (CHRISTENSON e FOOTE, 1960; BATEMAN, 1972). A temperatura e a água são os mais importantes fatores abióticos de mortalidade, que regulam a dinâmica populacional de insetos. O excesso ou a falta de água causam morte nos estádios imaturos e nos adultos. A dessecação da pupa em solos secos parece ser o principal fator de mortalidade e os primeiros dias depois de formação do pupário são críticos nesse aspecto (McPHAIL e BLISS, 1933). As condições excessivamente secas podem reduzir a fecundidade das fêmeas e podem afetar a taxa de sobrevivência dos adultos recém-emergidos. As frutas expostas à chuva se deterioram mais rapidamente e causam a morte das larvas do primeiro e segundo instares (BATEMAN, 1972). O excesso de água acelera a saída da larva da fruta e também a formação do pupário, podendo reduzir a sobrevivência (BAKER et al., 1944). A precipitação pluviométrica é outro importante fator climático que influencia as populações das moscas-das-frutas (ALUJA, 1994). Os tefritídeos são raramente encontrados em regiões do mundo com clima seco (BATEMEN, 1972; FLETCHER, 1989). A umidade ambiental é de uma importância especial como determinante de abundância para várias espécies. A distribuição de Dacus cucurbitae na Índia, por exemplo, é amplamente determinada pela umidade. A população se expande quando a chuva é adequada e contraem durante os períodos secos (BATEMAN, 1972). As fases do ciclo de vida dos tefritídeos, que são mais suscetíveis à dessecação são as larvas de último instar (período entre a saída da larva da fruta e a pupação) e o adulto recém-emergido. A chuva influencia no comportamento de ambas as fases, estimulando a saída das larvas de Anastrepha ludens do último instar das frutas (BAKER et al., 1944). A precipitação pluvial aliada à disponibilidade de hospedeiros são fatores determinantes na população de tefritídeos. Por exemplo, os meses, após as maiores precipitações pluviais e aqueles com maior frutificação da goiabeira em Mossoró, corresponderam ao período com os maiores picos populacionais e níveis de infestação por espécies de Anastrepha (ARAUJO e ZUCCHI, 2003). Na região do semi-árido nordestino, o pico populacional das espécies de Anastrepha coincide com o início da estação chuvosa (fevereiro/março), apresentando, de modo geral, densidade populacional baixa. Nos meses anteriores ao período de chuva, toda a vegetação nativa está seca e sem frutos disponíveis para oviposição. A temperatura durante o dia alcança 38 a 40 o C e a umidade relativa reduzida a 30% (NASCIMENTO, 1990). No estudo realizado por Lima (1997), as flutuações populacionais das moscas-das-frutas foram influenciadas principalmente pela disponibilidade dos frutos hospedeiros e pela precipitação pluvial. A baixa pluviosidade (média anual inferior a 700 mm) e o reduzido número de hospedeiros determinam a baixa densidade populacional de tefritídeos em áreas agrícolas no submédio do Vale do São Francisco (HAJI et al., 1991). Para um manejo mais eficiente torna-se necessário fazer previamente uma análise da flutuação populacional (MOURA e MOURA, 2011), É muito importante a execução de flutuações populacionais de moscas-das-frutas em qualquer região, pois determinará às espécies de mosca predominantes, isso facilita o controle dessa praga, permitindo melhorar a estratégia de manejo que melhor atende as necessidades da cultura. (RONCHI-TELES e SILVA, 2005). O objetivo do trabalho foi conhecer a flutuação populacional das moscas-das-frutas no município de araguatins. 2. MATERIAL E MÉTODOS Monitoramento com armadilhas

3 As moscas-das-frutas foram capturadas com armadilhas com atrativo alimentar a base de suco de uva, sendo a garrafa pet a armadilha utilizada contendo quatro furos de dois centímetros de diâmetro, igualmente distribuídos ao redor da circunferência da garrafa, a cinco centímetros do fundo da mesma para entrada das moscas, essa armadilha pode ser usada para detectar muitas espécies de moscas incluindo as dos gêneros Ceratitis, Anastrepha e a sua instalação recomenda-se uma altura de 3/4 da planta evitando sua exposição aos raios solares. Identificação dos espécimes Somente as fêmeas de moscas-das-frutas são possíveis de serem identificadas até espécie. A identificação dos espécimes foi baseada em chaves taxonômicas (SOUZA FILHO, 1999 e ZUCCHI, 2000). 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O número total de adultos de moscas-das-frutas capturados no experimento foi de 348 espécimes, sendo 146 indivíduos machos e 202 fêmeas pertencentes ao gênero Anastrepha. As maiores incidências de moscas-das-frutas ocorreram nos meses de outubro a janeiro, apresentando picos populacionais em novembro e dezembro de 2012 (figura 1). Essas incidências verificadas nos meses de novembro e dezembro foram em função da abundância de frutos maduros de variadas espécies encontradas nesse período dentro do campus Araguatins/IFTO. Quando há períodos com ausência de frutos hospedeiros, as populações se mantêm em um estágio adulto e pode diminuir de tamanho, onde um pequeno grupo de sobrevivente restabelece a população de indivíduos, pois estas fêmeas apresentam alta polifagia e alta fecundidade (MALAVASI e MORGANTE, 1981). Alguns resultados semelhantes foram constatados por Ronchi-Teles e Silva (2005) e Salles (1995), quando observaram que a presença dos tefritídeos está intimamente relacionada com a ocorrência de frutos nos pomares. A abundância desses insetos ou a diminuição pode ter sofrido influência por diversos fatores abióticos como bióticos. Um ambiente com umidade e temperatura adequada pode ser determinante na flutuação populacional das moscas-das-frutas. Segundo Bateman (1972) a temperatura influência tanto direto com indiretamente sobre a fecundidade, mortalidade e desenvolvimento desses insetos.

4 Figura 1 Flutuação populacional de moscas-das-frutas (machos e fêmeas) do gênero Anastrepha capturadas em armadilhas do tipo caça-mosca confeccionada em pet no Campus Araguatins, IFTO, Araguatins,TO, agosto/2012 a julho/ CONCLUSÕES A maior incidência de moscas-das-frutas foi verificada entre o período de outubro de 2012 a janeiro de 2013 cujo pico populacional ocorreu no mês de novembro de 2012, isso pode ser explicado devido à abundância de frutos maduros de varias espécies encontrados no campus Araguatins/IFTO e proximidade nesse período. AGRADECIMENTOS Agradecemos o IFTO pelas bolsas de PIBIC concedidas aos dois primeiros autores. REFERÊNCIAS ALUJA, M. Bionomics and management of Anastrepha. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 39, p , ARAUJO, E.L.; ZUCCHI, R.A. Moscas-das-frutas (Díptera: Tephritidae) em goiaba (Psidium guajava L.), em Mossoró, RN. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 70, n. 1, p , jan./mar

5 BAKER, A.C.; STONE, W.E.; PLUMMER, C.C.; McPHAIL, M.A. A review of studies on the Mexican fruit fly and related Mexican species. Washington: USDA, p. (Miscelaneous Publication, 531). BATEMAN, M.A. The ecology of fruit flies. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 17, p , CARVALHO, R.S.; NASCIMENTO, A.S.; MATRANGOLO, W.J.R. Controle biológico. In: MALAVASI, A.; ZUCCHI, R.A. (Ed.). Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: Hollos, p CARVALHO, Rômulo da Silva. Metodologia para Monitoramento Populacional de Moscas-das- Frutas em Pomares Comerciais. Cruz Das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, p. CHRISTENSON, L.D.; FOOTE, R.H. Biology of fruit flies. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 5, p , FLETCHER, B.S. Temperature-development rate relationships of the immature stages and adults of Tephritid fruit flies. In: ROBSON, A. S.; HOOPER, G. (Ed.). Fruit flies: their biology natural enemies and control. New York: Elsevier Science Publ., p HAJI, F.N.P.; NASCIMENTO, A.S.; CARVALHO, R.S.; COUTINHO, C.C. Ocorrência e índice de infestação de moscas-das-frutas (Tephritidae) na região do submédio São Francisco. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das almas, v. 13, n. 4, p , KOVALESKI, A.; RIBEIRO, L.G. Manejo de pragas na produção integrada de maçã. In: PROTAS, J.F.S.; SANHUEZA, R.M.V. (Ed.). Produção integrada de frutas: o caso da maçã no Brasil. Bento Gonçalves:Embrapa Uva e Vinho, p LIMA, F.A.M. Aspectos biológicos de espécies de Anastrepha e Ceratitis capitata (Diptera, Tephritidae) em três áreas do litoral oriental do Estado do Rio Grande do Norte p. Tese (Doutorado em Biologia / Genética) - Instituto Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo, MANICA, I.; ICUMA, I.M.; JUNQUEIRA, N.T.V.; SALVADOR, J.O.; MOREIRA, A.; MALAVOLTA, E. Fruticultura Tropical 6. Goiaba. Porto Alegre: Cinco continentes, 2000, 374p. MALAVASI, A. & MORGANTE, J.S. Adult and larval population flutuaction of Anastrepha fraterculus and its relationship to host availability. Environ. Entomol., v.10, p ,1981. McPHAIL, M.; BLISS, C.I. Observations on the Mexican fruit fly and some related species I Cuernavaca, Mexico in 1928 and Washington: USDA, p. (Circular, 255). MESSENGER, P.S. Bioclimatic studies with insects. Annual Review of Entomology, Palo Alto, v. 4, p MORAES, L.A.H. de; PORTO, O.M. de; BRAUN, J. Pragas de citros. Porto Alegre : Fepagro, p. (Boletim técnico, 2).

6 MORGANTE, J.S. Moscas-da-frutas (Tephritidae): características biológicas, detecção e controle.brasília, (Boletim Técnico de Recomendações para os Perímetros Irrigados do Vale de São Francisco2, MARA, 19p.). MOURA, A.P. de; MOURA, D.C.M de. Levantamento e flutuação populacional de parasitoides de moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) de ocorrência em goiabeira (Psidium guajava l.) em Fortaleza, Ceará. Arq. Inst. Biol, Brasília, v. 78, n. 2, p , 01 abr NASCIMENTO, A.S. Aspectos ecológicos e tratamento pós-colheita de moscas-das-frutas (Tephritidae) em manga, Rio Grande do Norte p. Tese (Doutorado em Biologia / Genética) - Instituto Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo. PEREIRA, F.M.; MARTINEZ JUNIOR, M. Goiaba para industrialização. Jaboticabal: Legis Summa,1986, 142p. RONCHI-TELES, B.; SILVA, N. M. da. Flutuação populacional de espécies de Anastrepha Schiner (Diptera: Tephritidae) na região de Manaus, AM. Neotropical Entomology, Piracicaba, v.34, n.5, p , SALLES, L.A.B. Bioecologia e controle da moscas-das-frutas sul-americana. EMBRAPA, CPACT, Pelotas, RS, 58p SOUZA FILHO, M.F. Biodiversidade de moscas-das-frutas (Diptera, Tephritidae) e seus parasitóides (Hymenoptera) em plantas hospedeiras no Estado de São Paulo p. Dissertação (Mestrado em Entomologia) ESALQ/USP, Piracicaba. ZUCCHI, R.A. Taxonomia, p In A. Malavasi & R.A. Zucchi (eds.), Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Holos-FAPESP, Ribeirão Preto, p.