História. Movendo os peões

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Nelson Marques Cabral
7 Há anos
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5 História Patolli significa feijão-vermelho na língua dos aztecas, e se refere ao fato de que, ao invés dos dados, costuma-se lançar esses feijões com uma marca em um de seus lados. Este jogo, ou variações dele, foi jogado por muitas culturas mesoamericanas, e estima-se que tenha sido popular por cerca de dois mil anos. Desde os Teotihuacanos aos Aztecas, dos Toltecas aos Maias, o Patolli foi praticamente onipresente na américa central pré-colombiana, sendo passado adiante através de contatos pacíficos e de conquistas. Além disso, o jogo transcendia barreiras sociais e era apreciado tanto pelas camadas pobres quanto pelo próprio Montezuma II. O Patolli era intimamente ligado às práticas religiosas, como eram muitos dos jogos do período. Ele era identificado com Macuilxochitl, o Menino das Flores, um deus da música, da poesia, da dança e das artes. Eram comuns oferendas e cânticos invocando sua ajuda antes das partidas. Isso foi, sem dúvida, um grande problema para os conquistadores espanhóis. Eles ambicionavam converter as populações nativas ao Cristianismo e decidiram, com esse fim, eliminar as várias práticas pagãs que estavam no cotidiano americano. Essa missão previa queimar manuscritos inestimáveis sobre vários aspectos das culturas mesoamericanas, incluindo aí os textos e tabuleiros de Patolli, além da proibição da prática do jogo. O jogo sobreviveu nas regiões mais ermas, protegido dos conquistadores. Sobreviveram também textos, imagens e tabuleiros antiquíssimos que atestam a importância que este jogo tinha em culturas précolombianas. O jogo de Patolli é estranhamente similar ao Pachisi, um antigo jogo indiano, e já se cogitou que fossem variações do mesmo jogo. A mecânica destes jogos é extremamente semelhante, mas trata-se apenas de evolução convergente: os dois jogos foram desenvolvidos independentemente. Introdução Patolli é um jogo de corrida único, onde o objetivo não é exatamente cruzar a linha de chegada, mas tirar os itens do oponente. Os jogadores lançarão dados, chamados patolli, que indicarão quantas casas poderá mover um de seus peões através do tabuleiro. Vários resultados podem fazer com que você consiga um item de seu oponente ou que você os perca. Além disso, Macuilxochitl, o Menino das Flores, está sempre ansioso por suas oferendas. Preparação Cada jogador recebe 6 itens de aposta e seis peões vermelhos ou azuis, à escolha. Os peões devem ser colocados no canto de sua cor, com um peão de cada jogador na seta de sua cor*, dentro do tabuleiro. Os jogadores então decidem quem joga primeiro. Turno de Jogo Em seu turno, o jogador deve jogar os cinco patolli (os dados com ícones de feijões). Cada patolli só marca dois resultados, com ou sem ícone, e o jogador deve olhar a tabela abaixo para ver o que acontece. Movendo os peões Peões se movem no sentido horário, como indicado pelas setas, circulando em torno do X central. Alguns movimentos, porém, precisam de atenção especial. Em geral, você não pode se mover para uma casa ocupada por outro peão, seja aliado ou adversário. A exceção ocorre se a casa for uma das quatro centrais do tabuleiro e estiver ocupada por uma peça do oponente. Se for este o caso, a peça dele sai do tabuleiro e volta para seu canto, e ele deve te dar um de seus itens. Se um de seus peões parar sobre uma das casas triangulares, você deverá dar um item como oferenda a Macuilxochitl, colocando-o no local indicado no tabuleiro. Se um de seus peões cair em uma das casas azuis nos cantos do X você joga de novo. Se um de seus peões cair na casa marcada por um X da sua cor, sua chegada, este peão sai do jogo e seu oponente precisa te entregar um de seus itens. Seus peões não podem atravessar essa casa, no entanto, de modo que você precisa conseguir o número exato ao lançar os patolli para levá-lo até a chegada. Se você não possui um movimento legítimo após lançar os patolli, passe a vez ao seu oponente. Isso pode acontecer se você não tiver nenhuma peça em campo, se todos os seus movimentos fossem terminar em uma casa ocupada ou levassem suas peças além da sua chegada. Vencendo o Jogo Quando um dos jogadores ficar sem itens, o outro será o vencedor. É possível que um jogador chegue com seus seis peões e ainda assim seu oponente tenha itens. Neste caso, o jogo recomeça, mas os jogadores mantêm os itens que tinham ao final do jogo, e os itens coletados por Macuilxochitl são dados ao jogador que conseguiu chegar com seus seis peões. *Esta edição contém uma mudança na regra tradicional: os Aztecas começavam o jogo com todos os peões fora do tabuleiro. Eles acreditavam que a sorte no jogo dependia dos favores dos deuses e de outras dependências místicas, portanto a entrada inicial no tabuleiro refletia seus esforços, sacrifícios e devoções. Essa é uma visão anacrônica, e a regra antiga torna o jogo mais aleatório e menos agradável. Mas se você desejar experimentar o jogo como eles o faziam, não nos deixe impedí-lo. Fique à vontade e se divirta!

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