Otfried Hõffe Immanuel Kant. Martins Fontes São Paulo 2005 DA RAZÃO PURA

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1 Otfried Hõffe Immanuel Kant II. O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA Tradução CHRISTIAN VIKTOR HAMM VALERIO ROHDEN 4. O PROGRAMA DE UMA CRíTICA TRANSCENDENTAL DA RAZÃO O campo de batalha da metafísica ("Prefácio" à primeira edição) Martins Fontes São Paulo 2005 Kant denomina a ciência fundamental filosófica, por ele projetada, de filosofia transcendental. Para diferenciá-la da filosofia transcendental medieval, pode-se falar de filosofia transcendental crítica. Kant a desenvolve primeiro com referência à razão como faculdade de conhecimento. Esta ele chama também de razão teórica ou especulativa, à diferença da razão prática, ou seja, da faculdade de desejar. Por isso a primeira crítica pode ser chamada mais exatamente "crítica da razão especulativa pura" (B XXII). O fato de Kant renunciar ao adjetivo adicional in dica que ele, ao redigir esta obra, estava pensando somente numa única crítica da razão. Ainda que às vezes a argumentação tome um caminho sinuoso nos seus pormenores, a Crítica da razão pura

2 34 IMMANUEL KANT O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 35 é, no seu conjunto, uma obra bem composta. O "prefácio" à primeira edição expõe, num tom dramático, a trágica situação em que se encontra a razão humana, uma situação que exige a sua própria crítica, determinando as investigações seguintes e encontrando seu desenlace somente depois de uma grande volta na segunda parte, a saber, na "Dialética". Sem explicações prolixas Kant nos confronta com a condição precária da metafísica, a qual aparece como necessária e ao mesmo tempo impossível. Pois impõem-se à razão humana certas questões que não podem ser rejeitadas, mas tampouco podem ser respondidas (A VII). Tais questões não podem ser rejeitadas porque a razão busca, ante a variedade de observações e experiências, certos princípios gerais que revelem essa variedade, não como um caos, senão como um todo estruturado, como coesão e unidade. Já as ciências naturais procuram por tais princípios, que elas unificam em teorias gerais. A metafísica não quer outra coisa a não ser continuar perguntando até o final, em vez de parar a meio caminho. A interrogação se completa com certos princípios que não estão já condicionados por outros; os princípios últimos são incondicionais. Enquanto a razão se mantiver na experiência, sempre vai encontrar condições cada vez mais remotas, mas nunca algo incondicionado. Para poder, apesar disso, pôr fim à interrogação, a razão "recorre a princípios... que transcendem toda experiência possível, mas que parecem, não obstante, tão insuspeitos que até o senso comum consente com eles" (A VIII). Parece que o último fundamento da experiência se encontra além de toda a experiência. Por isso sua investigação se chama metafísica, literalmente: além (meta) da física, da natureza. A tentativa de obter conhecimentos independentemente da experiência precipita a razão "em escuridão e contradições" (ibid.). Por um lado, mostrará Kant mais tarde, há boas razões para afirmar que o mundo tem um começo, que Deus existe, que a vontade é livre e a alma é imortal; por outro lado, podemos também encontrar boas razões para afirmar o contrário, assim como que não é possível dizer qual é a posição certa. Como os princípios afirmados devem formar a base da experiência, parece natural verificá-los na experiência. Mas esta não pode ser o critério, já que os princípios metafísicos estão, por definição, além de toda experiência. Aquilo que constitui a metafísica, a saber, o transcender da experiência, é também a razão de que ela seja impossível como ciência. Não são obstáculos externos que se opõem à metafísica. É sua própria natureza, ou seja, o conhecimento independente da experiência ou conhecimento puro da razão, que a estorva; assim, a metafísica se toma campo primordial de disputas intermináveis (A VIII). A primeira das partes litigantes constitui a metafísica racionalista, representada na época moderna por nomes como Descartes, Espinosa, Malebranche e Leibniz, entre outros. Kant pensa, todavia, primeiro na metafísica escolar de Wolff, que nesta época prevalece nas cátedras universitárias. Wolff considera a experiência como fonte genuína de conhecimento, mas acredita, porém, na possibilidade de conhecer algo sobre a realidade com o mero pensar (razão pura). Kant toma os racionalistas por dogmáticos e despóticos porque impõem ao homem determinadas suposições básicas sem crítica prévia da razão, por exemplo, que a alma é de natureza simples e imortal, que o mundo tem um começo e Deus existe. As controvérsias entre os dogmáticos fazem com que a metafísica acabe em anarquia, e como segunda parte litigante aparecem os céticos, que minam "os fundamentos

3 36 IMMANUEL KANT O QUE POSSO SABER? A CRíTICA DA RAZÃO PURA 37 de todo o conhecimento... em uma ignorância artificial" (B 451) e "liquida(m) sumariamente toda a metafísica" (B XXXVI). Mas eles não podem impedir que os dogmáticos continuem sempre retomando a palavra. Para Kant, é John Locke ( ) que em tempos recentes fez a tentativa de pôr fim a todas as disputas mediante uma "fisiologia" (teoria da natureza, literalmente) "do entendimento humano" (A IX). John Locke, que rejeita no An Essay concerning Human Understanding [Ensaio acerca do entendimento humano, 1690] a doutrina cartesiana das idéias e princípios inatos, representa o empirismo, doutrina que fundamenta em última instância todo conhecimento em uma experiência interna ou externa, negando assim qualquer possibilidade de um conhecimento extra-empírico. Já que David Hume, o filósofo cujo ceticismo despertou Kant do "sono dogmático" (cf. capítulo 3.1), também pertence aos empiristas (cf. B 127 s.), Kant entenderá, na "Dialética transcendental", a luta pela metafísica como uma disputa entre o racionalismo e o empirismo. As controvérsias entre os dogmáticos, os céticos e os empiristas levam àquela indiferença que, se não elimina as perguntas da metafísica, ao menos as exclui do campo de uma filosofia que pretenda ser científica. Esta é a posição de um iluminismo vulgar que trata com desprezo a metafísica, outrora "rainha de todas as ciências" (A VIII s.). Mas a indiferença em relação à metafísica, diz Kant, não pode ser mantida; porque "aqueles pretensos indiferentistas..., na medida em que pensam realmente alguma coisa", recaem "inevitavelmente em afirmações metafísicas" (A X). Com efeito, fazem enunciados sobre os últimos princípios, sobre o fundamento empírico ou supra-empírico do conhecimento, tomam partido na disputa - contradizendo-se - e renovam o campo de batalha da metafísica. ritir rtintn mcrnttnft 'o i 3m m 411 u t l 9ti.!)4, tttf ff,je 11nn 1 t.trid}. J 7 lf I..f a n t àr Figura 6. Crítica da razão pura. Folha de rosto da primeira edição.

4 38 IMMANUEL KANT Kant não se esquiva das perguntas da metafísica nem adere a uma das partes litigantes. Segue a única via, ainda inexplorada, que libera realmente a metafísica de sua situação aporética: o estabelecimento de um tribunal. Em lugar da guerra aparece o processo judicial, que examina imparcialmente as possibilidades de um conhecimento puro da razão, ratifica as aspirações legítimas e rejeita as pretensões sem fundamento. Um exame dessa natureza, que envolve discernimento e justificação, se chama, no sentido original do termo, "crítica" (em grego krinein: distinguir, julgar, levar ante o tribunal). O título kantiano de "Crítica" não significa uma condenação da razão pura, senão uma "determinação tanto das fontes, como da extensão e dos limites dela, porém tudo a partir de princípios" (A XII). (Encontramos as primeiras tentativas de uma crítica na pergunta, primeiro de Locke, depois de Hume, sobre a capacidade humana de conhecimento.) Uma vez que todo conhecimento independente da experiência não pode ter, por definição, o seu fundamento na experiência, precisa ser investigada a possibilidade de um conhecimento puro da razão pela própria razão pura. No tribunal que Kant instaura para resolver o caso " dogmatismo contra empirismo e ceticismo", é a razão pura que se julga a si mesma. A Crítica da razão pura é o autoexame e a autolegitimação da razão independente da experiência. É na autocrítica que a razão manifesta o seu poder; mas este poder serve para sua autolimitação. Na primeira parte da Crítica, na Estética e na Analítica, encontra-se o código que contém um primeiro juízo sobre a disputa em torpo da metafísica: em contraposição ao empirismo existem fundamentos independentes da experiência, e por isso um conhecimento rigorosamente universal e necessário; porém este conhecimento se limita, contrariamente ao ra- O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 39 cionalismo, ao âmbito da experiência possível. Logo, na segunda parte, na Dialética, o processo é levado a cabo formalmente é decidido de forma definitiva. Com relação a objetos além de toda a experiência, a razão se mostra sem consistência. Assim que ela se move somente no âmbito de seus próprios conceitos, incorre em contradições. Kant recusa tanto o empirismo como o racionalismo; existem idéias puras da razão - mas meramente como princípios regulativos a serviço da experiência. No decorrer do auto-exame, a razão rejeita o racionalismo porque o pensamento puro não é capaz de conhecer a realidade. Porém, a razão rejeita também o empirismo. É verdade que Kant admite que todo conhecimento começa com a experiência; mas não resulta disso, como supõe o empirismo, que o conhecimento provenha exclusivamente da experiência. Pelo contrário, mesmo o conhecimento empírico se mostra impossível sem fontes independentes da experiência. Uma forma básica do conhecimento empírico consiste na conexão de dois eventos, como causa e efeito. Locke derivou os conceitos de causa e efeito da experiência, admitindo, contudo, a possibilidade de um conhecimento além da experiência. Kant considera isso um " devaneio" (B 127); certos supostos fundamentais da experiência, como o princípio de causalidade ("todas as transformações sucedem conforme ao princípio de causa e efeito"), não são produto da experiência, nem possibilitam um conhecimento além da experiência. Mas os supostos fundamentais também não nascem do hábito (psicológico), como acredita Hume (ibid.). Eles são universalmente válidos, de modo que Kant finalmente, em contraposição ao ceticismo, acha possível um conhecimento objetivo. Demonstrando a existência de certas condições da experiência não empíricas e, portanto, universalmente válidas, Kant mostra

5 40 IMMANUEL KANT que a metafísica é possível, mas, em contraposição ao ra cionalismo, somente como teoria da experiência, e não como uma ciência que transcende o âmbito da experiência; e, à diferença do empirismo, não como teoria empírica, senão como teoria transcendental da experiência (cf. cap. 4.5). Convencido da importância histórica de sua crítica da razão, Kant fala orgulhosamente da " erradicação de todos os erros" (AXII). Ele acredita ter especificado as questões, " com base em princípios e de forma completa" (ibid.) afirmando ousadamente "que não deve haver um só problema metafísico que não tenha sido solucionado aqui ou para cuja solução não se tenha fornecido ao menos a chave" (A XIII). Esta pretensão de Kant parece, pelo menos, exagerada. A idéia de que "nada resta à posterioridade senão a sistematização de tudo em forma didática" (A XX) é desmentida não só pela história da filosofia posterior a Kant, como também pelo desenvolvimento do pensamento do próprio Kant até seu Opus postumum. No entanto, não resta nenhuma dúvida: o programa kantiano de uma crítica da razão e seus elementos principais, como a virada copernicana para o sujeito transcendental e a ligação entre teoria do conhecimento e teoria do objeto, a demonstração de elementos apriorísticos em todo conhecimento e a distinção entre fenômeno e coisa em si, causaram uma profunda reforma da Primeira Filosofia, que tradicionalmente é chamada metafísica. 4.2 A revolução copernicana ("Prefácio" à segunda edição) À diferença do primeiro Prefácio, no qual Kant ainda precisa chamar a atenção do leitor, o Prefácio à segunda O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 41 edição deixa transparecer a serenidade de um autor que está seguro do caráter revolucionário de suas idéias. Kant integrou os Prolegômenos à sua Crítica alcançando assim, em algumas partes, uma clareza maior. Como os problemas aparecem em geral mais distintamente na segunda edição, a seguinte exposição basear-se-á nela. A idéia principal é a revolução copernicana do pensamento. Kant pretende levar a metafísica "ao caminho seguro de uma ciência" (BVII). Por isso ela não pode cada vez recomeçar, mas deve avançar. Fazer progressos só é possível quando se procede conforme a um plano e se seguem metas e quando os especialistas na matéria concordam no que se refere à forma do procedimento. Mas na metafísica não existe um consenso sobre o método; por isso, ela não pode esperar nenhum progresso, apesar do esforço de dois mil anos. Na Crítica da razão pura Kant pretende fornecer esse novo método. O escrito ainda não contém a metafísica como ciência, mas sim o seu pressuposto necessário; ele é um "tratado do método" (B XXII). A exemplo de três disciplinas universalmente reconhecidas até hoje como ciências, a lógica, a matemática e a ciência natural, Kant mostra como se descobre o caminho seguro da ciência. O caso mais simples é o da lógica. Visto que ela investiga nada mais que as "regras formais de todo o pensamento" (B IX), ela seguiu "desde os tempos mais remotos" (B VIII), nomeadamente desde Aristóteles, o caminho seguro da ciência. Como nela o entendimento " só se ocupa de si mesmo e de sua forma", a lógica é simplesmente o "vestíbulo das ciências" (B IX) e desempenha na crítica da razão o papel de padrão negativo para as ciências reais. As ciências reais também se ocupam de objetos. Após uma fase de " andar às cegas", elas encontram o caminho

6 42 IMMANUEL KANT seguro da ciência "graças à intuição feliz de um só homem". Essa intuição fundadora da ciência consiste em uma "revolução no modo de pensar" (B )([). No caso da matemática, esta revolução aconteceu já na Antiguidade e consiste numa idéia que se pratica em toda demonstração geométrica: para os fins da ciência, não basta ver simplesmente uma figura geométrica ou meramente perseguir seu conceito; é preciso construí-la a priori segundo conceitos próprios (B XI s.). Esta idéia tem graves conseqüências: de uma coisa só se pode saber com certeza aquilo que se colocou no seu conceito; só mediante um pensar e um construir criativos toma-se possível o conhecimento científico. Porém, aquilo que se coloca no objeto não pode proceder dos nossos preconceitos pessoais; do contrário, tratar-se-ia de ocorrências arbitrárias mas não de um conhecimento objetivo. A matemática como ciência se deve então a uma condição aparentemente impossível: um suposto subjetivo que, no entanto, é objetivamente válido. Na ciência natural, Kant descobre a mesma estrutura básica. Para se tomar ciência, também a física necessita de "uma revolução do seu modo de pensar" (B XIII). Esta consiste na idéia proposta pelo filósofo britânico Bacon ( ), mas só realizada nos experimentos de Galilei e de Torricelli, de que a razão só conhece da natureza "o que ela mesma produz segundo o seu projeto". Como confirmam os cientistas modernos em sua prática e em sua teoria, eles não desempenham ante a natureza o papel "de um aluno que se deixa ditar tudo o que o professor quer, mas sim o de um juiz nomeado que abriga as testemunhas a responder às perguntas que ele lhes propõe" (ibid.). Para que também a metafísica alcance finalmente a dignidade de uma ciência, Kant propõe que ela faça igual- O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 43 mente uma revolução em seu modo de pensar, uma revolução que coloque, como no caso da matemática e da ciência natural, o sujeito cognoscente numa relação criadora com o objeto. Kant entende sua proposta como uma hipótese, como um experimento da razão que só pode se justificar pelo seu próprio sucesso. Sua filosofia transcendental não pretende de modo algum, como se objeta freqüentemente, ser uma teoria infalível, o que significaria contradizer a condição mínima da epistemologia atual, ou seja, o postulado de falibilidade. Só que a refutação dos projetos transcendentais de pensamento não é possível com os recursos das ciências empíricas. Por tratar-se de experimentos da razão, só podem validar-se por meio da razão ou, porém, fracassar ante ela. O experimento da razão confirma-se em duas etapas. Por um lado, acredita Kant, sua proposta permite funda mentar a objetividade da matemática e da ciência natural (matemática); isto ocorre na "Estética transcendental" e na "Analítica transcendental". A Crítica da razão pura contém em suas duas primeiras partes uma teoria filosófica da matemática e da ciência natural matemática. Em oposição a algumas tendências do neokantismo, que reduzem a primeira crítica da razão a uma mera "teoria da experiência" (Cohen, 1924), o escrito tem mais uma parte, a "Dialética transcendental". Nesta última, Kant mostra que no modo tradicional de pensar o objeto da metafísica, o incondicionado, "não pode ser pensado sem contradição" (B XX). Em contrapartida, com o novo modo de pensar, as contradições (antinomias) desaparecem. Nisso reside a contraprova em favor da revolução no modo de pensar: a razão se reconcilia consigo mesma, de modo que o experimento pode ser considerado bem-sucedido e a proposta verdadeira e fundada.

7 44 IMMANUEL KANT Kant compara sua proposta com a descoberta do astrônomo Copérnico; o experimento da razão tornou-se, por isso, célebre como " revolução copernicana". Kant vê a importância histórica de Copérnico não na refutação de uma teoria astronômica tradicional. Copérnico faz algo muito mais fundamental: ele supera a perspectiva de uma consciência natural, evidenciando o caráter ilusório da idéia da rotação do Sol em torno da Terra, encontrando a verdade, antes, numa nova posição, não mais natural, do sujeito ante seu objeto, ou seja, ante o movimento do Sol e dos planetas. De modo semelhante, na Crítica da razão pura, Kant pretende apresentar mais que uma mera refutação de teorias metafísicas. Ele supera não apenas o racionalismo, o empirismo e o ceticismo; funda, sobretudo, uma nova posição do sujeito em relação à objetividade. O conhecimento não deve mais regular-se pelo objeto, mas sim o objeto pelo nosso conhecimento (B XVI). Esta exigência pode parecer absurda à consciência natural. Pois fala -se, em contraposição a um conhecimento subjetivo, de um conhecimento objetivo somente onde se vêem as coisas como são em si, portanto, independentes do sujeito. A revolução kantiana do modo de pensar exige que a razão humana se livre desta sua perspectiva natural limitada, ou seja, do realismo gnosiológico. Kant afirma que a necessidade e a universalidade que pertencem ao conhecimento objetivo não nascem, como nós costumamos pensar, dos objetos, mas se devem ao sujeito cognoscente. Não obstante, Kant não quer dizer que o conhecimento objetivo depende da constituição empírica do sujeito, da estrutura do cérebro, da filogênese e das experiências sociais do homem. Ta l afirmação seria até absurda para Kant. O que é investigado são as condições do conhecimento objetivo que independem da experiên- O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 45 cia, condições estas que se encontram na constituição préempírica do sujeito. A revolução copernicana de Kant significa que os objetos do conhecimento objetivo não aparecem por si mesmos, mas eles devem ser trazidos à luz pelo sujeito (transcendental). Por isso eles não podem mais ser considerados como coisas que existem em si, mas como fenômenos. Com a mudança do fundamento da objetividade, a teoria do objeto, a ontologia, passa a depender de uma teoria do sujeito, de modo que não pode mais haver uma ontologia autônoma. O mesmo vale para a teoria do conhecimento. O substancial da Crítica da razão pura consiste na interligação de ambos os lados; uma teoria filosófica do ente, ou seja, daquilo que um objeto é objetivamente, só pode ser elaborada, segundo Kant, como teoria do conhecimento do ente, e uma teoria do conhecimento apenas como determinação do conceito da objetividade do objeto. 4.3 A metafísica como ciência, ou sobre a possibilidade de juízos sintéticos a priori ("Introdução") Kant explica o modo específico do saber da metafísica, isto é, o conhecimento puro da razão, e também o caráter do saber da matemática e da ciência pura da natureza mediante uma dupla divisão disjuntiva: 1) os conhecimentos são válidos ou a priori ou a posteriori; 2) os juízos são ou sintéticos ou analíticos. A relevância gnosiológica e epistemológica dessas duas distinções não tem diminuído até hoje. No entanto, as definições de Kant não se mostram mais suficientemente exatas, e a procura de

8 46 IMMANUEL KANT conceitos precisos dá lugar a dificuldades que fizeram com que pragmatistas como M. G. White e Quine colocassem em dúvida a utilidade de tais conceitos. A priori - a posteriori Primeiro Kant assume, como se fosse natural, aposição do empirismo, seguindo a crítica de Locke referen te às idéias inatas de Descartes e afirmando que, pelo menos segundo o tempo, "todo nosso conhecimento começa com a experiência" (B 1). É certo que também racionalistas como Leibniz ou Wolff não teriam dúvida em afirmar com Kant que não é possível conhecimento algum sem "objetos que afetem nossos sentidos e em parte produzam por si próprios representações, em parte ponham em movimento a nossa atividade do conhecimento" (ibíd.). Mas o início no tempo - é isso que Locke não vê (cf. XVIII 14)- não significa a origem reat da primazia temporal não se segue que não exista outra fonte de conhecimento fora da experiência. Por isso, o empirismo que sustenta esta exclusividade incorre em uma generalização inadmissível. A hipótese de que "mesmo o nosso conhecimento de experiência seja um composto do que recebemos por meio de impressões e do que o nosso próprio poder de conhecimento (apenas provocado por impressões sensíveis) fornece de si mesmo" (B 1) é, segundo Kant, também compatível com a primazia temporal da experiência e merece por isso uma investigação mais detalhada. Com esta hipótese Kant propõe uma mediação entre o empirismo de Locke e o racionalismo de Descartes. O conhecimento que tem sua origem na experiência Kant chama-o de a posteríori ("posterior", por se basear em impressões sensíveis); e o conhecimento que é inde- O QUE POSSO SABER? A CRíTICA DA RAZÃO PURA 47 pendente de toda impressão dos sentidos chama-se a priori ("anterior", porque sua fundamentação independe de qualquer experiência). De acordo com a crítica ao empirismo e o programa de um conhecimento puro da ra zão, Kant se interessa por aqueles conhecimentos que são puramente a priori, já que " a eles não se mescla nada de empírico" e se realizam não só "independentemente desta ou daquela experiência, mas de modo absolutamente independente de toda a experiência" (B 3). Para distinguir entre o conhecimento puramente apriorístico e o conhecimento empírico, Kant indica duas características que já foram introduzidas por Platão e Aristóteles (p. ex., nos Segundos analíticos, cap. I 2) a fim de discernir o verdadeiro saber (episteme: ciência) da mera opinião (doxa): a necessidade rigorosa, em virtude da qual algo não pode ser outra coisa do que ela é, e a generalidade absoluta que "não permite nenhuma exceção como possível" (B 4). Como a experiência somente comprova fatos, mas não a impossibilidade de poder ser outra coisa nem a impossibilidade de uma exceção, a generalidade absoluta e a necessidade rigorosa são, de fato, as características do a priori puro. Analítico - sintético O primeiro par conceitual" a priori- a posteríorí" distingue os conhecimentos, segundo sua origem, em conhecimentos da razão ou da experiência. O segundo par conceitual, "analítico - sintético", responde à pergunta acerca do que decide a verdade de um juízo: "O fundamento legítimo da ligação entre sujeito e predicado se encontra no sujeito ou fora dele?" Ainda q e algumas explicações de Kant possam causar um mal-entendido psicológico, Kant não entende por "juízos" os processos psicológicos

9 48 IMMANUEL KANf O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 49 do ato de julgar, mas - de modo lógico - enunciados ou afirmações, a saber, aquela ligação (síntese) de representações que pretende validade objetiva. Para Kant os juízos... lingüisticamente têm a estrutura de sujeito e pn:diéádo, a partir da qual surge a definição de juízos analíticos e sintéticos. No entanto, como existem juízos que não possuem estrutura de sujeito-predicado, a definição kantiana teria que ser ampliada. Kant designa como analíticos todos os juízos cujo predicado está contido ocultamente no conceito do sujeito (B 10). Assim ele considera como analiticamente verdadeira a afirmação de que todos os corpos são extensos, porque se pode verificar independentemente de toda experiência pela mera análise do sujeito "corpo" que este contém em si o predicado " extenso". Sobre a verdade de proposições analíticas decidem unicamente os conceitos do sujeito e do predicado, assim como o princípio de contradição (B 12), que Kant considera como princípio de toda a lógica formal (cf. B 189 ss.). Segundo Leibniz, proposições analíticas são verdadeiras em todos os mundos possíveis, segundo Kant sua negação implica uma contradição. No entanto, para M. G. White e W.V. O. Quine, ambas as explicações não resolvem o problema, já que os conceitos de "mundo possível" e de "autocontradição" precisam por sua vez ser explicados. Mas até essa crítica é controversa. Para Kant, "analiticamente verdadeiro" não tem o mesmo significado que "verdadeiro por definição", uma vez que ele considera a definição exata e completa como uma condição mais rigorosa; juízos analíticos podem ser formados com conceitos cuja definição exata e completa (ainda) não se conhece. Juízos analíticos podem versar sobre objetos que pertencem ao mundo da experiência e podem afirmar, por exemplo, que todo "Schimmel" [cavalo branco] é branco, que nenhum solteiro é casado, ou - com Kant (B 192) - que um homem inculto não é culto. Porém, a verdade do conteúdo afirmado não se decide pela experiência, mas unicamente com a ajuda de leis lógicas elementares, pressupondo as regras semânticas daquela língua em que a afirmação é formulada. Ainda que as regras semânticas constituam fatos empíricos e possam variar, os juízos analíticos são, segundo Kant, necessariamente verdadeiros. Pois a analiticidade não se refere a regras semânticas, mas- uma vez pressupostas as regras semânticas- somente à relação entre o conceito do sujeito e o conceito do predicado. Se as regras semânticas mudam e, por exemplo, se" Schimmel" não significa mais "cavalo branco", então não teríamos mais um juízo analítico, apesar de usarmos o mesmo termo. Sintéticos são todos os juízos não-analíticos, ou seja, todas aquelas afirmações cuja verdade - supostas as regras semânticas da linguagem - não pode ser encontrada unicamente com a ajuda do princípio de contradição, ou, mais geralmente, com a ajuda das leis lógicas. Juízos analíticos só explicam o sujeito através do predicado; juízos sintéticos, ao contrário, ampliam o conhecimento acerca do sujeito. A dupla distinção "analítico - sintético" e "a priori - a posteriori" permite ao todo quatro possibilidades de combinação: (1) juízos analíticos a priori; (2) juízos analíticos a posteriori; (3) juízos sintéticos a priori e (4) juízos sintéticos a posteriori. Duas destas, a saber, (1) e (4), não são problemáticas, enquanto uma terceira possibilidade (2) é descartada. Juízos analíticos são válidos a priori por seu próprio conceito (1), por isso não pode haver juízos analíticos a posteriori (2). O fato de que a ampliação (sin-

10 50 IMMANUEL KANT tética) do conhecimento humano se dá pela experiência é óbvio para nós e não oferece nenhuma dificuldade; os juízos empíricos ( 4) são sempre sintéticos.. (1311);' seu fundamento é constituído pela experiência. À diferença dos juízos analíticos a posteriori, os juízos sintéticos a priori (3) são possíveis conceitualmente. A questão se essa possibilidade conceitual pode realizarse, isto é, se há de fato juízos sintéticos a priori e, portanto, a ampliação do conhecimento anterior a toda a experiência, esta questão decide sobre a possibilidade da metafísica como ciência. Pois, à diferença da lógica, a metafísica deve ampliar o conhecimento humano; seus enunciados são sintéticos. Como a metafísica consiste em um conhecimento puro da razão, ela carece da legitimação pela experiência; seus juízos são válidos a priori. Assim a pergunta fundamental da Crítica da razão pura é: "Como são possíveis juízos sintéticos a priori?" Esta pergunta é ao mesmo tempo a " questão vital" da filosofia. Da resposta dependem, com efeito, a possibilidade da existência de um objeto próprio de investigação para a filosofia e a possibilidade de um conhecimento genuinamente filosófico, diferente do conhecimento nas ciências analíticas e empíricas. À primeira vista um conhecimento independente da experiência e ao mesmo tempo sintético parece insólito e, por isso, bastante remota a possibilidade de uma filosofia autônoma. No entanto, as possibilidades aumentam consideravelmente se não só na metafísica mas também em todas as ciências teóricas ocorrem, como Kant afirma, juízos sintéticos a priori. Neste caso, o conhecimento da metafísica não ficaria fora do "continuum das ciências". Na sua primeira fase, o empirismo lógico (Schlick, Carnap, Reichenbach) afirmará que já o conceito de um O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 51 conhecimento sintético a priori é contraditório, pois a lógica e a experiência são as únicas fontes de conhecimento. Porém, mais tarde ele admitirá que as ciências empíricas contêm proposições, a saber, proposições nomológicas, que podem ser apenas confirmadas ou falsificadas pela experiência, mas não fundamentadas por ela. Segundo Kant, o caráter sintético a priori da geometria e, em geral, da matemática se fundamenta sobretudo nos princípios como, por exemplo, que a linha reta é a distância mais curta entre dois pontos (B 16). Mesmo que os teoremas matemáticos possam ser deduzidos dos princípios de modo puramente lógico e tenham, portanto, aspecto lógico, eles somente são válidos sob o pressuposto dos princípios sintéticos, motivo pelo qual Kant afir ma que "juízos matemáticos são em geral sintéticos" (B 14). No caso da ciência natural (física), apenas os seus princípios possuem caráter sintético a priori. Como exemplos Kant cita elementos da física clássica: o princípio da conservação da matéria e o princípio da igualdade de ação e reação, isto é, o terceiro axioma de Newton (B 17 s.). Como a matemática e a ciência natural devem a sua validade objetiva a elementos independentes da experiência, a pergunta fundamental da Crítica sobre a possibilidade de juízos sintéticos a priori divide-se, primeiro, nas duas perguntas específicas: como são possíveis 1) a matemática pura e 2) a ciência natural pura. A elas se acrescenta, como pergunta básica, 3) como é possível a metafísica como ciência. Kant responde às duas primeiras perguntas na estética transcendental e na analítica transcendental. A primeira parte da Crítica oferece, pois, uma epistemologia da matemática e da ciência natural, mas não no sentido de uma teoria empírico-analítica, mas de uma crítica da razão. Aliás, a Crítica desenvolve uma teoria de

11 52 lmmanuel KANT O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 53 ciências não filosóficas exclusivamente para a matemática e a ciência natural matemática. Pois, para Kant, são unicamente estas ciências que representam exemplos indubitáveis de conhecimento objetivo. As ciências da história, da literatura e as ciências sociais não são tomadas em consideração. Isso não tem a ver apenas com o fato de que estas estavam pouco desenvolvidas na época de Kant. Kant possui um conceito muito rigoroso de ciência que não abarca tudo o que se entende hoje por ela. A "ciência autêntica" exige que a sua certeza seja apodítica (necessária); "conhecimento que pode conter certeza meramente empírica é apenas um saber em sentido impróprio" (MAN, IV 468). Na Crítica, Kant afirma que aquele mundo real, que consideramos objetivo em oposição a todos os mundos fictícios ou subjetivos, coincide com o mundo da matemática e da ciência natural matemática. Sem dúvida, uma das razões fundamentais do enorme sucesso e da influência duradoura da Crítica da razão pura deve-se a esta dupla circunstância: primeiro, Kant não só reconhece a primazia do saber da matemática e da ciência natural matemática, mas também o fundamenta filosoficamente; e, segundo, desvenda no decorrer da fundamentação até alguns elementos e condições da matemática e da física que não provêm das ciências específicas, mas, ao contrário, são sempre já pressupostos por elas. Assim, a tarefa secular que a filosofia assume com o nascimento da ciência natural matemática encontra uma solução satisfatória para ambas as partes: para o impulso investigador das ciências específicas autônomas, que recusam toda determinação por parte da filosofia; e para o legado metafísico da filosofia, que determinou a história do espírito do Ocidente desde os gregos, com a sua pretensão a "verdades eternas". No entanto, a fundamentação filosófica da investigação científica autônoma não representa para Kant um fim em si. Os matemáticos, cientistas da natureza e teóricos da ciência, que se ocupam do estudo da Crítica da razão pura, às vezes não vêem que, na verdade, a intenção de Kant é saber - e esta é a terceira e principal pergunta - como é possível a metafísica como ciência. A investigação dos elementos sintéticos a priori da matemática e da ciência natural pura fornece a base para isso. As condições que possibilitam a única objetividade inquestionável, a objetividade da matemática e da ciência natural pura, são as que decidem sobre a possibilidade de um conhecimento objetivo também fora da experiência, ou seja, sobre a possibilidade da metafísica como ciência. Na segunda parte da Crítica, na dialética transcendental, Kant aborda esta questão. Ta mbém neste contexto ele se ocupa de uma "realidade", isto é, da "metafísica como disposição natural", a qual possui, não obstante, no âmbito do conhecimento, uma predisposição à auto-ilusão. A razão humana crê que pode conhecer objetos além de toda experiência. Porém, todas as tentativas de responder às "perguntas naturais" sobre o começo do mundo, sobre a existência de Deus etc. levam a razão a contradições. Tais questões só podem ser resolvidas se se reconhece o resultado da revolução copernicana, a saber, a distinção entre fenômeno e coisa em si, e se limita o conhecimento objetivo ao âmbito da experiência possível. 4.4 A matemática contém juízos sintéticos a priori? Já Leibniz acreditara que a matemática pode ser fundamentada só a partir de definições e do princípio de

12 54 I;"LKANT contradição (Nouveaux essais sur l'entendement humain [Novo ensaio sobre o entendimento humano], livro IV, cap. VII) e que ela é, portanto, uma ciência analítica. Na pesquisa mais recente, a crítica ao caráter sintético a priori da matemática é quase uma opinião comum. Foram sobretudo o matemático e filósofo Gottlob Frege ( ) e o matemático David Hilbert ( ) que defenderam o caráter analítico da matemática, Frege com a prova de que o conceito de número e, através dele, os conceitos fundamentais da aritmética podem ser definidos incontestavelmente com recursos meramente lógicos (Grundlagen der Arithmetik [Fundamentos da aritmética], 1884), e Hilbert, por meio da axiomatização da aritmética e da geometria. Os filósofos e matemáticos A N. Whitehead ( ) e B. Russell ( ), na sua obra Principia Mathematica, e o filósofo Rudolf Carnap ( ) fizeram com que a tese do caráter analítico da matemática se incorporasse à filosofia analítica e ficasse, desde então, quase incontestada. De outro lado, Albert Einstein ( ), à luz do desenvolvimento da geometria não euclidiana e de sua aplicação na teoria geral da relatividade, afirmou que até os axiomas da geometria são proposições empíricas, ao passo que o físico Henri Poincaré ( ) os considera como convenções; em ambos os casos os axiomas perdem seu caráter apriorístico. Assim, os matemáticos e os filósofos negam o caráter sintético da matemática, e os físicos seu caráter a priori. Ao contrário do que se poderia supor, ambas as vertentes são compatíveis entre si. É preciso, no entanto, distinguir entre a geometria matemática (pura) e a geometria física (aplicada). Neste caso, a geometria matemática pode ser válida a priori, mas só porque ela é analítica. O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 55 A geometria física passa a ser, ao contrário, um sistema de hipóteses empiricamente verificáveis sobre as propriedades do espaço físico. Ela é tida como sintética, mas só porque se funda na experiência e, portanto, renuncia à sua pretensão apriorística. Tanto a geometria matemática como também a geometria física perdem seu caráter de conhecimentos sintéticos a priori, de modo que a concepção de Kant parece hoje "completamente errada". Como Kant tem em vista a matemática pura, a tese do caráter empírico da geometria aplicada não o atinge. Mas também a afirmação do caráter analítico da matemática pura não é tão indiscutivelmente clara como o supôs a filosofia analítica durante muito tempo. Essa posição é contestada já por duas importantes correntes matemáticas: a escola intuicionista do holandês L. E. J. Brouwer ( ) e a concepção construtivista (operativa) de Paul Lorenzen (Eínführung in die operative Logik und Mathematik, 1955) ou de E. Bishop (The Foundations ojconstructíve Mathematics, 1967). Mesmo entre filósofos que se sentem ligados ao pensamento analítico, como, por exemplo, J. Hintikka ou, já anteriormente, E. W. Beth e, seguindo a ambos, Brittan (caps. 2-3), o caráter analítico da matemática é considerado com ceticismo. O argumento principal de Hintikka é este: pertencem à matemática intuições e representações individuais; ambas não pertencem à lógica, assim como a matemática não é exclusivamente analítica. Segundo K. Lambert e C. Parsons (cf. Brittan, 56 ss.), entre os axiomas da geometria há enunciados existenciais (como, por exemplo, "há pelo menos dois pontos"); mas os enunciados existenciais não pertencem às verdades lógicas, que segundo Leibniz são válidas em todos os mundos possíveis; os enunciados existenciais da matemática não são válidos "em todos os mundos pos-

13 56 IMMANUEL KANT. síveis", mas somente em todos os mundos "realme/te possíveis". / Segundo Brittan (69 ss.), a analiticidade da geometria pura pode ser entendida em três aspectos, porém nenhum deles é convincente. Em um primeiro sentido, a geometria pura pode ser considerada como analítica, porque o contrário dos enunciados geométricos seria autocontraditório. Mas este não é o caso, já que o axioma das paralelas, por exemplo, é discutível, de modo que resultam descartadas apenas as proposições da geometria euclidiana, não de toda geometria; é fundada, pelo contrário, uma nova geometria, não euclidiana. (Correspondentemente, há duas teorias de conjuntos, cada uma delas livre de contradições.) Em um segundo sentido, a geometria pura é analítica porque suas proposições só podem ser deduzidas com a ajuda de definições e da lógica. A geometria seria então uma verdade puramente lógica e teria que valer para todos os mundos possíveis; na realidade, porém, isso não é assim na geometria euclidiana. Em outras palavras: se as proposições da geometria fossem verdadeiras no sentido puramente lógico, então teriam que sê-lo em todas as interpretações; na realidade, em algumas interpretações de constantes não lógicas, encontramos proposições geométricas como verdadeiras e outras como falsas. Finalmente, pode-se considerar a geometria pura como um conjunto de proposições não interpretadas, quer dizer, não se pode falar de pontos, linhas e superfícies, mas de P' s, S's, B's etc., isto é, de conceitos elementares de uma teoria axiomatizada (no sentido de Hilbert). Neste contexto, uma proposição é tomada como analítica porque não está interpretada e é, portanto, "vazia" e "sem conteúdo", e a geometria matemática se converte em uma ciência analítica, já que ela não O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 57 afirma nenhum conteúdo. Brittan tem objetado que neste caso se está confundindo uma distinção, a saber, aquela entre proposições não interpretadas e proposições interpretadas, com um argumento. No entanto, mais importante é a objeção de que as proposições não interpretadas não constituem ainda uma geometria, uma vez que não tratam de conceitos e relações espaciais. Só a interpretação espacial (interpretação de primeiro grau) dos axiomas faz de um conjunto de proposições não interpretadas uma geometria, enquanto a interpretação (de segundo grau) da geometria matemática leva a uma geometria física. Tendo em vista estes argumentos, há boas razões, também segundo Frege, Hilbert e Russell, para considerar a matemática como ciência não analítica e a matemática pura como um conhecimento sintético a priori. (Os argumentos do próprio Kant são expostos no próximo capítulo.) Se apesar disso se considera a matemática pura como analítica, quais são as conseqüências para a Crítica da razão pura? Para Kant, a tese do caráter sintético a priori da matemática é relevante em dois sentidos. Por um lado, ela deve, para a crítica da razão como teoria da metafísica, integrar uma ciência problemática no conjunto das ciências reconhecidas. Para atenuar as dúvidas sobre a metafísica, Kant mostra que pelo menos o tipo de enunciado de uma metafísica científica, a saber, dos juízos sintéticos a priori, fica acima de qualquer dúvida. Esse tipo de enundado se encontra num âmbito que, desde a Antiguidade, ninguém tem questionado sua cientificidade, a saber, na matemática. Esta observação pode reduzir as dúvidas quanto à possibilidade de uma metafísica científica, mas não pode garantir a sua cientificidade. Ao contrário, uma

14 58 IMMANU,PL KANT / metafísica científica poderia ser possível mesrr;io se não houvesse nenhum conhecimento sintético a priori em outros lugares. A resposta à pergunta crucial d primeira Crítica, se é possível uma metafísica científica, independe, portanto, do caráter sintético a príori da matemática. Por outro lado, pode-se dizer que, para a crítica da razão como teoria do conhecimento objetivo, a tese do caráter sintético a príori da matemática é um motivo para procurar os pressupostos apriorísticos de todo conhecimento. Se o conhecimento objetivo é sintético a priorí, seus pressupostos devem sê-lo também. Já que, no entanto, os pressupostos estão localizados em um nível mais profundo do que o próprio conhecimento, a afirmação de Kant sobre a existência de pressupostos sintéticos poderia ser mantida mesmo sob a condição da não-validade da hipótese epistemológica a respeito do modo de conhecimento da matemática. 4.5 O conceito de transcendental Kant chama de transcendental a investigação com a qual ele responde à tríplice pergunta sobre a possibilidade dos juízos sintéticos a príorí. Este conceito central para a crítica da razão está exposto "parcialmente a mal-entendidos horríveis" (Vaihinger, I 467). Do mesmo modo que "transcendente" e "transcendência", o termo "transcendental" pertence ao verbo latino "transcendere", que literalmente significa "ultrapassar um limite". Se os termos "transcendente" e "transcendência" sugerem um mundo além do nosso mundo da experiência, Kant refuta a idéia segundo a qual o" além", o mundo supra -sensível, seja algo objetivo para o qual possa haver um co- O QUE POSSO SABER? A CRÍTICA DA RAZÃO PURA 59 nhecimento válido no âmbito do teórico. É verdade que também na investigação transcendental de Kant se ultrapassa a experiência. Porém, o sentido desse ultrapassar se inverte. Pelo menos no início, Kant se volta para trás, não para a frente. No âmbito teórico, ele não busca um "transmundo" atrás da experiência, "muito longe" ou em "alturas etéreas", mundo esse do qual Nietzsche escarnece como objeto da filosofia tradicional. Kant pretende desvendar as condições prévias da experiência. No lugar do conhecimento de um outro mundo, aparece o conhecimento originário de nosso mundo e de nosso saber objetivo. Kant investiga a estrutura profunda, pré-empiricamente válida de toda experiência, estrutura que ele - conforme ao experimento de razão da revolução copernicana - presume no sujeito. No "retrocesso" reflexivo, a crítica da razão procura os elementos apriorísticos que constituem a subjetividade teórica. Com Kant, o conceito do transcendental adquiriu uma naturalidade que faz com que não se coloque mais a pergunta pela sua origem. Já no final do século XVIII se afirma que o conceito foi introduzido por Kant. Na verdade, já a filosofia da Idade Média conhece este conceito. Ela entende por transcendentais, ou por" transcendentia", aquelas determinações últimas do ente que ultrapassam os limites de sua divisão em espécies e gêneros e que valem sem restrição para tudo o que é. Tem caráter transcendental aquilo que já sempre pressupomos ao pensar entes como tais: ens, a entidade do ente; res; a qüididade ou objetividade; unum, a unidade e indivisibilidade interna; verum, a cognoscibilidade e referência ao espírito; bonum, o caráter valioso e apetecível. Antes de Kant existe não apenas a "filosofia transcendental dos antigos" (B 113), que ele próprio não co-

15 60 IMMANUEL KANT O QUE POSSO SABER? A CRíTICA DA RAZÃO PURA 61.. nheceu. Os metafísicos dos séculos XVII e XVIII, especialmente Wolff e Baumgarten, falam também do " transcendental". Wolff emprega a expressão tanto em sua acepção antiga, primariamente ontológica, como também num sentido novo, mais gnosiológico, no contexto da " cosmologia transcendentalis" por ele criada. Em Baumgarten, com cuja filosofia Kant se ocupa continuadamente nas suas aulas, "transcendental" significa algo equivalente a "necessário" ou" essencial"; no seu caso mal se pode falar de um transcendere, seja qual for o seu alcance (Hinske, 1968, 107). Não é o mérito menor de Kant ter recuperado a esse conceito esvaziado - ainda que depois de um laborioso processo de clarificação - a dimensão da superação e também ter possibilitado, a partir de sua própria perspectiva, uma nova compreensão dele. Apesar de todas as vacilações, bem naturais em um conceito tão carregado de tradição, a noção já meio vaga de "transcendental" adquire em Kant novamente a força de um conceito filosófico. De acordo com a virada copernicana, os significados ontológico e gnosiológico estão nele estreitamente entrelaçados. Na introdução à Crítica, Kant chama de transcendental "todo conhecimento que em geral se ocupa não tanto com objetos, mas com o nosso modo de conhecer objetos, na medida em que este deve ser possível a priorí (B 25) (mas com os nossos conceitos a priorí de objetos: A 11 s.)". O conhecimento transcendental é uma teoria da possibilidade do conhecimento a priorí ou, em uma palavra, uma "teoria do a priorí'' (Vaihinger, I 467). Isso não significa, como esclarecerá Kant mais adiante, que qualquer conhecimento a priori é transcendental. Também a matemática e a ciência natural são, segundo Kant, conhecimentos a priori ou contêm tais elementos. Transcendental significa, na Crítica, somente aquele conhecimento "pelo qual conhecemos que e como certas representações (intuições ou conceitos) são aplicadas ou possíveis unicamente a príorí'' (B 80). Com o" que e como" Kant quer indicar a dupla tarefa do conhecimento transcendental. Este demonstra, primeiro, que certas representações "não são de origem empírica" (B 81) e mostra, segundo, " a possibilidade pela qual podem, não obstante, se referir a priori a objetos da experiência" (ibid.). Em virtude da primeira condição, todos os pressupostos empíricos do conhecimento humano, por importantes que possam ser, permanecem excluídos do programa da filosofia transcendental; unicamente o conhecimento não empírico da experiência é transcendental. Em virtude da segunda condição, as proposições da matemática e da ciência natural são objeto da teoria transcendental mas não fazem parte dela; chamam -se transcendentais aqueles pressupostos que não possuem caráter matemático nem físico, mas estão sempre "intervindo" quando praticamos matemática ou física. Uma interpretação que ignore esta dupla tarefa da investigação transcendental não faria jus à idéia fundamental da Crítica; um pensamento sistemático que não a reconheça não pode se chamar transcendental no sentido de Kant. Em razão da dupla determinação, dividemse tanto a estética transcendental (só na segunda edição) como a analítica transcendental dos conceitos em duas partes principais. No marco de uma abordagem ou dedução " metafísica", são procuradas no sujeito representações a priori; e na abordagem ou dedução "transcendental", em sentido estrito, é mostrado como as representações a priori são imprescindíveis para qualquer conhecimento objetivo.

16 62 IMMANUEL KANT O QUE POSSO SABER? A CRíTICA DA RAZÃO PURA 63 Uma compreensão dos presst?póstos independentes da experiência de cada conhecimento de objetos não aumenta o conhecimento dos objetos. Por isso a crítica transcendental não entra em concorrência com as ciências particulares, tampouco com as protociências e as teorias da ciência. As ciências particulares tentam conhecer seu objeto específico; as protociências introduzem os conceitos básicos necessários; as teorias da ciência explicam a formação de conceitos e os métodos. À diferença delas, a crítica transcendental pergunta se é racional, ou melhor, se faz sentido pensar como possível o esforço das ciências particulares em buscar um conhecimento específico de objetos e em expor as suas hipóteses a continuadas tentativas de refutação. A crítica não se ocupa das questões habituais sobre o caráter verdadeiro ou falso de (sistemas de) proposições, mas pergunta se e como pode haver uma relação objetiva, isto é, verdadeira, com os objetos. Investiga como se pode pensar sem contradições e aporias a verdade do conhecimento objetivo, entendida como conhecimento obrigatório, geral e necessário. A Crítica de Kant contém, em sentido transcendental, uma "lógica da verdade" (B 87). Não procura - no sentido semântico - o significado de "verdade", nem - no sentido pragmático - um critério para poder decidir quais (sistemas de) proposições são verdadeiras. Num sentido mais radical, a Crítica aborda, na sua primeira parte, a possibilidade fundamental da verdade e a questão acerca do que são, em geral, objetos objetivos que permitam enunciar uma proposição verdadeira. Com isso Kant recorre à definição tradicional da verdade como adequação (correspondência) do pensamento ao objeto; mostra, porém, que, conforme à revolução copemicana, o objeto não é um emsi independente do sujeito, mas é constituído somente pelas condições apriorísticas do sujeito cognoscente. A compreensão das condições pré-empíricas do conhecimento objetivo está ligada à compreensão de seus limites. Neste sentido, a utilidade da crítica da razão é "realmente apenas negativa com respeito à especulação". A crítica serve "não para a ampliação, mas apenas para a purificação da nossa razão" (B 25). Ainda que Kant tenha contribuído consideravelmente para a investigação das ciências naturais no seu período pré-crítico (cf. cap. 2.2), a Crítica não pretende mais ampliar o saber científico. Isto não significa, no entanto, como se costuma objetar, que ela seja "no fundo irrelevante". É certo que ela não promove diretamente o saber sobre objetos, senão o saber sobre o saber de objetos. Mas, em primeiro lugar, a Crítica pode indiretamente alcançar importância para as ciências particulares, no contexto de discussões de seus fundamentos. Ademais, a reflexão transcendental proporciona um conhecimento de segundo grau; a ciência se faz transparente a si mesma e se concebe como racional. A idéia da ciência leva consigo a pretensão de conhecimento objetivo. Esta pretensão é rejeitada pelos céticos, desde a Antiguidade até David Hume, como injustificada; eles afirmam que não há nenhum conhecimento objetivo, isto é, um conhecimento universal e necessário. Nesta situação, a crítica transcendental considera a pretensão de objetividade como algo condicionado, ou seja, como uma conseqüência para a qual ela busca a condição ou legitimação. Caso a busca tenha sucesso, esta pretensão de conhecimento objetivo pode considerar-se como justificada em um duplo sentido. O fundamento de legitimação do conhecimento (segundo Kant, as formas puras da intuição, os conceitos e princípios puros) mostra, primeiro, que é possível um conhecimento objetivo e, segundo, no que ele consiste. Não obstante certas obscuri-

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