Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado PDDI

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1 Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado PDDI Região Metropolitana do Vale do Aço PRODUTO P2.3 Diagnóstico Final Volume 3 Agosto de 2014

2 LISTA DE SIGLAS ACAIACA Empresa De Transporte Público (Ônibus) De Coronel Fabriciano ACESITA Companhia Aços Especiais Itabira S/A ACIATI Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Timóteo ADE Área de Diretrizes Especiais AIM Área de Interesse Metropolitano AISP Áreas Integradas de Segurança Pública ALMG Assembleia Legislativa de Minas Gerais AMDI Associação dos Municípios para o Desenvolvimento Integrado AMEVALE Assembleia Metropolitana da Região do Vale do Aço AMVA Associação dos Municípios do Vale do Aço ANAC Agência Nacional de Aviação Civil - Brasil APA Área de Proteção Ambiental APERAM Aperam South America S/A APL Arranjo Produtivo Local APP Área de Preservação Permanente Art. Artigo AUTOTRANS Empresa de Transporte Urbano de Passageiros AUVA Aglomerado Urbano do Vale do Aço AVACI Associação Vale do Aço de Ciclismo BMUS Banda de Música da Polícia Militar de Minas Gerais BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social BRT Bus Rapid Transit CAAT Centro de Avaliação e Apoio ao Treinamento CADÚNICO Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal CAF Comitê de Articulação Federativa CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CBMMG Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais CCU Centro Cultural Usiminas CDL Clube de Dirigentes Lojistas CEASA Central de Abastecimento CEASAMINAS Centrais de Abastecimento de Minas Gerais CEBRAP Centro Brasileiro de Análise e Planejamento CEBUS Centro de Biodiversidade da Usipa

3 CEDEPLAR Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais CEM Centro de Estudos da Metrópole CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais S.A CENIBRA Celulose Nipo-Brasileira S/A CF Constituição Federal CIRETRAN Circunscrição Regional de Trânsito CMH Conselho Municipal de Habitação CNT - Confederação Nacional De Transportes COMHAB Conselho Municipal da Habitação COMPHAI Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico CONDEVALE Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Metropolitano CONSAÚDE Consórcio Intermunicipal de Saúde da Microrregião do Vale do Aço CONSEP Conselho de Segurança Pública COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais CORVAÇO Corredores do Vale do Aço CPRM Serviço Geológico do Brasil CRISP Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública CRVA Central de Resíduos Vale do Aço DATAMINAS Instituto de Pesquisa, Consultoria e Planejamento DATASUS Departamento de Informática do SUS DEHAIS Departamento de Habitação de Interesse Social DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito DNIT Departamento Nacional De Infraestrutura De Transportes EFVM Estrada de Ferro Vitória-Minas EMATER Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais ENECON - Engenheiros E Economistas Consultores S/A ENEM Exame Nacional do Ensino Médio ETA Estação de Tratamento de Água ETE Estação de Tratamento de Esgoto FAR Fundo de Arrendamento Residencial FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FDS Fundo de Desenvolvimento Social FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Serviço FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais

4 FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FINBRA Finanças Públicas dos Municípios Banco de Dados do Tesouro Nacional FIRJAN Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro FJP Fundação João Pinheiro FHIS Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social FMI Fundo Monetário Internacional FOB Free on Board FPM Fundo de Participação dos Municípios FUMPAC Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural FUNDEL Fundo Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer FUNDEVALE Fundo de Desenvolvimento Metropolitano do Vale do Aço GASBEL Gasoduto Rio de Janeiro Belo Horizonte GASBOL Gasoduto Bolívia - Brasil GASMIG Companhia de Gás de Minas Gerais GDF/IPDF Governo do Distrito Federal / Instituto de Planejamento Territorial e Urbano do Distrito Federal GGI Gabinete de Gestão Integrada GGI-M Gabinete de Gestão Integrada Municipal GNV Gás Natural Veicular HSBC Hong Kong and Shanghai Banking Corporation IABr Instituto Aço Brasil IATA International Air Transport Association ICMS Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços IDH Índice de Desenvolvimento Humano IDM Indicadores de Desempenho Metropolitano IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRAM Instituto Brasileiro de Museus ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços IDH Índice de Desenvolvimento Humano IDHM Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IEL Instituto Euvaldo Lodi IEPHA Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico IFGF Índice FIRJAN de Gestão Fiscal IFMG Instituto Federal de Ciências, Educação e Tecnologia de Minas Gerais IGA/MG Instituto de Geociências Aplicadas do Estado de Minas Gerais

5 IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas IMA Instituto Mineiro de Agropecuária IMD International Institute for Management Development IMRS Índice Mineiro de Responsabilidade Social INDEP Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto INDI Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPEADATA Banco de Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano ISS Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza ISSQN Imposto sobre serviços de qualquer natureza JUCEMG Junta Comercial do Estado de Minas Gerais Km Quilômetro Lat. Latitude Lon. Longitude LUOS Lei de Uso e Ocupação do Solo MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MEC Ministério da Educação MINC Ministério da Cultura TEM Ministério do Trabalho e Emprego MUNIC Informações Básicas Municipais OGU Orçamento Geral da União ONA Organização Nacional de Acreditação OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público OT Ordenamento Territorial NOS Operador Nacional do Sistema Elétrico PAC Programa de Aceleração Integrado PDI Plano de Desenvolvimento Integrado PEA População Economicamente Ativa PERD Parque Estadual do Rio Doce PDDI Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado PIB Produto Interno Bruto PLAMBEL Planejamento da Região Metropolitana de Belo Horizonte PL Projeto de Lei

6 PLC Projeto de Lei Complementar PLHIS Plano Local de Habitação de Interesse Social PMCF Polícia Militar de Coronel Fabriciano PMDB Partido do Movimento Democrático Brasileiro PMDI Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado PMI Polícia Militar de Ipatinga PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios PNC Plano Nacional de Cultura POPI Policiamento de Proteção Integral PPA Plano Plurianual PROERD Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência PROMINP Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego RAIS Relação Anual de Informações Sociais RDC Regime Diferenciado de Contratação REGIC Região de Influência das Cidades RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte RMVA Região Metropolitana do Vale do Aço RPPN Reservas Particulares do Patrimônio Natural RCD Resíduos da Construção Civil SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SEDRU Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana SEDS Sistema Estadual de Defesa Social SEGEM Secretaria de Estado Extraordinária de Gestão Metropolitana SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública SERFHAU Serviço Federal de Habitação e Urbanismo SES- MG Sistema de Estado de Saúde de Minas Gerais SESI Serviço Social da Indústria SICETEL Sindicato Nacional da Indústria de trefilação e Laminação de Metais Ferrosos SICOOB Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil SIN Sistema Interligado Nacional SINDIMIVA Sindicato Intermunicipal das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico

7 SINDUSCON Sindicato da Indústria de Construção Civil no Estado de Minas Gerais SNC Sistema Nacional de Cultura SNHIS Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social SNUC Sistema Nacional de Unidades Conservação SUAPI Subsecretaria de Administração Prisional SUASE Subsecretaria de Atendimento às medidas Socioeducativas SUS Sistema Único de Saúde SUSP Sistema Único de Segurança Pública TAC Termo de Ajustamento de Conduta UAI Unidade de Atendimento Integrado UCs Unidades de Conservação UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFOP Universidade Federal de Ouro Preto UNILESTE Centro Universitário do Leste de Minas Gerais UNIMED UNIMED Vale do Aço (Cooperativa de trabalho médico) UNIVALE Empresa de Transporte Urbano de Passageiros USIMINAS Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S/A / Usina Intendente Câmara UTM Universal Transversa de Mercator VAF Valor Adicionado Fiscal VLT Veículo Leve sobre Trilhos VLTdiesel Veículo Leve Sobre Trilhos a Diesel WSA World Steel Association ZQC Zonas Quentes de Criminalidade

8 LISTA DE FIGURAS VOLUME 1 Figura 1 Mapa Aglomerado Urbano do Vale do Aço AUVA Figura 2 Mapa Taxa Média de Crescimento Anual 2000/ Figura 3 Mapa das Áreas Urbanas e Rurais da RMVA Figura 4 - Organização polinucleada e linear da RMVA a partir da BR Figura 5 Mapa Micro Região do Vale do Aço Figura 6 - Mapa Aglomerado Urbano do Vale do Aço - AUVA Figura 7 - Mapa Aglomerado Urbano Vale do Aço Figura 8 - Mapa evolução da mancha urbana da RMVA de 1979 a Figura 9 Mapa RMVA, conforme Projeto de Lei nº 2.032, de 21 de maio de Figura 10 Mapa RMVA, conforme Lei Complementar nº 51, de Figura 11 Mapa Taxa Média de Crescimento Anual 2000/ Figura 12 Mapa RMVA, conforme Lei Complementar nº 122, de Figura 13 Mapa Centro Geográfico da RMVA Figura 14 Morro do Padre Rocha, em Coronel Fabriciano Figura 15 Bairro Ana Rita, com Ocupação do Esplanada ao Fundo, em Timóteo Figura 16 Relevo Figura 17 Bacias Hidrográficas da RMVA Figura 18 Ocupação de Fundo de Vale no ribeirão Ipanema, em Ipatinga Figura 19 Ocupação de Fundo de Vale no ribeirão São Domingos, em Coronel Fabriciano Figura 20 Pontos de Inundação e Alagamento da RMVA Figura 21 Cobertura Vegetal da RMVA e áreas vizinhas dos municípios limítrofes Figura 22 Unidades de Conservação na RMVA e - municípios limítrofes Figura 23 Corredores Ecológicos na RMVA e Colar Metropolitano Figura 24 RMVA e Colar Metropolitano Figura 25 Mapa das áreas urbanas e rurais da RMVA Figura 26 Localização da Franja Metropolitana do Vale do Aço Figura 27 Unidades de Conservação e os municípios limítrofes à RMVA Figura 28 Empreendimentos Imobiliários em Execução na Franja Metropolitana Figura 29 Setores Censitários e Regionais Municipais de Planejamento Figura 30 Densidade Demográfica nas Unidades de Planejamento Municipal

9 Figura 31 Predominância de Renda Domiciliar por Faixa de Renda nas Unidades de Planejamento Municipal Figura 32 Gráfico para Definidores das Centralidades da RMVA Figura 33 Centralidades da RMVA Figura 34 Centralidade Metropolitana A - Centro-Melo Viana Figura 35 Centralidade Metropolitana A - Centro-Melo Viana Figura 36 Centralidade Metropolitana A - Centro-Veneza Figura 37 Centralidade Metropolitana A - Centro-Veneza Figura 38 Centralidade Metropolitana A - Centro Norte Figura 39 Centralidade Metropolitana A - Centro Norte Figura 40 Centralidade Metropolitana B - Bom Retiro-Horto Figura 41 Centralidade Metropolitana B - Bom Retiro-Horto Figura 42 Centralidade Metropolitana B - Canãa-Cidade Nobre Figura 43 Centralidade Metropolitana B - Canãa- Cidade Nobre Figura 44 Centralidade Metropolitana C - Caladinho Figura 45 Centralidade Metropolitana C - Caladinho Figura 46 Centralidade Metropolitana C - Cariru Figura 47 Centralidade Metropolitana C Cariru Figura 48 Centralidade Metropolitana C - Santana do Paraíso Figura 49 Centralidade Metropolitana C - Santana do Paraíso Figura 50 Centralidade Serviços Públicos Figura 51 Centralidade Comércio e Serviços Figura 52 Centralidades Instituições Bancárias Figura 53 Centralidade Ensino Figura 54 Centralidades Saúde Figura 55 Gráfico padrão para os Indicadores de Desempenho Metropolitano Figura 56 Indicadores de Desempenho Metropolitano do Hospital Márcio Cunha I Figura 57 Indicadores de Desempenho Metropolitano da Justiça do Trabalho Figura 58 Espaços Livres de Uso Público na RMVA Figura 59 Localização dos Equipamentos Comunitários para Fins de Ensino na RMVA Figura 60 Localização dos Equipamentos Comunitários para Fins de Saúde na RMVA Figura 61 Localização dos Equipamentos Comunitários para Fins de Recreação e Lazer na RMVA Figura 62 Malha Viária Principal da RMVA e da Franja Metropolitana Figura 63 Eixos Metropolitanos e Centralidades por Densidade

10 Figura 64 Sistema de Transporte Ferroviário e Centralidades Regionais Figura 65 Notícia sobre o BRT na Pedro II, em Belo Horizonte Figura 66 Áreas Industriais e Unidades de Captação e Tratamento de Água na RMVA Figura 67 Localização da CRVA e das Áreas de Disposição de RCD na RMVA Figura 68 Cultivo de Eucalipto na RMVA e Parte do Colar Metropolitano Figura 69 Áreas Industriais na RMVA Figura 70 Notícia Sobre Nova Via de Acesso ao Distrito Industrial de Coronel Fabriciano Figura 71 Localização da Mina da Bemisa em Antônio Dias Figura 72 Vista da Mina da Bemisa a partir da BR Figura 73 Áreas Previstas na RMVA para Novos Empreendimentos Industriais Figura 74 Áreas para Implantação de Grandes Equipamentos em Coronel Fabriciano e Ipatinga Figura 75 Novas Áreas Identificadas pelo Eixo de Ordenamento Territorial para Grandes Equipamentos de Caráter Metropolitano Figura 76 Vista da AIM-CENTRAL Figura 77 Vista da AIM-NORDESTE Figura 78 Vista da AIM-SUDOESTE Figura 79 Vista da AIM-SUL Figura 80 Aglomerados Subnormais e as Áreas de Interesse Social da RMVA Figura 81 Áreas de Risco na RMVA Figura 82 Mancha dos Loteamentos Aprovados e Aglomerados Subnormais na RMVA em relação à Mancha Urbana Figura 83 Localização das Áreas de Interesse Social para Fins de Produção Habitacional na RMVA Figura 84 Localização das Áreas para Grandes Equipamentos Previstas pelos Municípios Figura 85 Cronologia da Evolução da Legislação Urbanística, em 29/07/ VOLUME 2 Figura 86 Região Metropolitana do Vale do Aço e Colar Metropolitano, mais seis municípios interligados à malha viária da RMVA: Inhapim, São Domingos das Dores, São Sebastião do Anta, Imbé de Minas, Ubaporanga e Piedade de Caratinga, todos a LESTE da RMVA Figura 87 O modelo concorrente de cooperação dos entes federados, por si só, já apresenta dificuldades para o trabalho em conjunto. A ausência de uma instância metropolitana traz mais dificuldades

11 Figura 88 A estrutura federal responsável pela mobilidade está relativamente organizada, apesar de recente Figura 89 A estrutura de planejamento e gestão do governo estadual é relativamente bem estabelecida e ativa na região, faltando, talvez, diretrizes políticas e a definição de um arranjo cooperativo para o trabalho conjunto e integrado Figura 90 No âmbito municipal, as responsabilidades pela mobilidade se dividem de forma desigual entre as diferentes características de cada município componente da RMVA. As estruturas por município estão listadas em quadros a seguir Figura 91 Organização das responsabilidades por planejamento e gestão da mobilidade na Prefeitura Municipal de Ipatinga Figura 92 Organização das responsabilidades por planejamento e gestão da mobilidade na Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano Figura 93 Organização das responsabilidades por planejamento e gestão da mobilidade na Prefeitura Municipal de Santana do Paraíso Figura 94 Organização das responsabilidades por planejamento e gestão da mobilidade na Prefeitura Municipal de Timóteo Figura 95 Estradão da CENIBRA (trecho entre Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso). Na imagem, pode-se notar o bom estado geral da rodovia, apesar da falta de sinalização adequada e da falta de acostamento Figura 96 Estradão da CENIBRA (trecho entre Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso). Notase o bom estado da rodovia Figura 97 Estradão da CENIBRA (de Antônio Dias à Ipaba do Paraíso, na BR381, passando por Coronel Fabriciano e Ipatinga, e por um pequeno trecho de divisa com Mesquita). O Estradão da CENIBRA configura-se como um contorno rodoviário da RMVA Figura 98 Percentual de aumento do número de veículos no Brasil nos últimos 10 anos Figura 99 Mapa de distribuição da população pelas centralidades definidas inicialmente (Ver nota sobre a definição das centralidades) Figura 100 A caracterização dos vetores de expansão urbana permite diferentes critérios de planejamento urbano Figura 101 Mapa das principais polarizações e movimentos pendurares internos e externos. O diâmetro dos círculos é referente à população total de cada uma das regiões de polarização em torno da RMVA (círculo vermelho) Figura 102 Hierarquia viária atual, possíveis vias e vetores de expansão da RMVA Figura 103 Mapa de densidade por centralidade e hierarquia viária

12 Figura 104 Mapa esquemático das rotas do sistema atual de transporte público da RMVA por ônibus. Sistema atual ponta a ponta Figura 105 Mapa ilustrativo de algumas das rotas mais longas que compõem o atual sistema de transporte público na RMVA Figura 106 Exemplo de como poderia ser o sistema de linhas troncais para o transporte público por ônibus na RMVA Figura 107 Consequências da ineficiência do transporte público Figura 108 Trecho da MG232, entre o Bairro Industrial e o centro da sede municipal de Santana do Paraíso. Trata-se de um trecho de fluxo intenso e alta periculosidade devido à falta de ciclovias junto à MG Figura 109 Trecho entre o Bairro Industrial (Sant. Paraíso) e o Bairro Jardim Panorama (Ipatinga). Nesse trecho, apenas 250m estão sem ciclovia (linha roxa), na divisa dos municípios de Ipatinga e Santana do Paraíso. Os segmentos restantes contam com ciclovia, mas não apresentam boas condições e necessitam de manutenção. Fonte: Imagem do Google Earth adaptada por Jamille Barcelos e pela equipe do eixo Mobilidade/PDDI Figura 110 Trecho entre o Bairro Novo Cruzeiro, o Centro de Ipatinga e o Bairro Vila Ipanema (Ipatinga) em condições ruins. A rotatória do Jardim Panorama e a ciclofaixa ao lado da BR458 são os segmentos mais perigosos da região Figura 111 Travessias do Rio Doce: 1) por balsa de Cachoeira Escura (distrito de Perpétuo Socorro em Belo Oriente) até São Lourenço (distrito de Bugre), trajeto de mais de 90km em linha branca; 2) por canoa, entre Ipaba do Paraíso (distrito de Santana do Paraíso) e Ipaba (sede do município), trajeto de mais de 40km em linha vermelha Figura 112 Travessia entre Perpétuo Socorro e São Lourenço pelo Rio Doce, em trecho de cerca de 200m em balsas precárias (canoas atravessadas transversalmente por tábuas) Figura 113 Balsa sobre o Rio Doce, ligando a comunidade de São Lourenço, no município de Bugre/MG e Cachoeira Escura, distrito de Belo Oriente, MG Figura 114 Mapa com a localização de balsas, dragas, obstáculos, porto de canoas e travessias existentes na RMVA Figura 115 O Aeroporto Usiminas (IPN) é doméstico e serve a toda a Região Metropolitana do Vale do Aço. Encontra-se instalado próximo ao distrito industrial do município de Santana do Paraíso, a 3 km do centro de Ipatinga Figura 116 Pista do Aeroporto Usiminas após a reforma Figura 117 Acima, parte de uma matéria de jornal sobre o projeto da ferrovia transcontinental (EF354)

13 Figura 118 Estudo da EF354, a chamada Ferrovia Transcontinental, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, passando por Ipatinga, mas o projeto integral ainda não foi contratado. Parte da malha ferroviária teria que ser apenas reformada, mas o trecho a partir de Bom Jesus do Galho (antiga rede EF Leopoldina) teria que ser projetado e construído, talvez passando por Santana do Paraíso, não por Ipatinga Figura 119 Foram percorridos alguns trajetos em que há mais tráfego na RMVA, definindo-se, assim, os eixos para a análise da situação atual da segurança e da sinalização Figura 120 BR381, em Coronel Fabriciano. Em muitas áreas do eixo analisado, não há qualquer sinalização e, quando há, é precária: as placas existentes não obedecem ao padrão do DENATRAN, especialmente quanto aos tamanhos. Observa-se, na imagem, a placa de lombada (à esquerda) em tamanho correto, enquanto as placas mais adiante, do mesmo lado e do lado direito da pista, estão muito menores do que o regulamentado para vias urbanas Figura 121 BR381, em Coronel Fabriciano. Notam-se, na foto, placas de sinalização sobrepostas e irregulares Figura 122 Defensa dentro da norma na cidade de Ipatinga Figura 123 Mapa com indicação de lombadas fora dos padrões legais e normativos, especialmente quanto à sinalização, no eixo analisado Figura 124 Irregularidades e falta de continuidade no piso, em Ipatinga Figura 125 Calçamento degradado e sem manutenção, em Coronel Fabriciano Figura 126 Calçada estreita, na cidade de Santana do Paraíso. A largura mínima, conforme a ABNT,é de 1,20m Figura 127 Degraus e outros obstáculos que dificultam a circulação, em Ipatinga Figura 128 Obstáculos que dificultam a circulação, a drenagem e o estacionamento, e apresentam intervenções particulares danosas ao espaço público, em Ipatinga Figura 129 Árvores/ obstáculos que dificultam a circulação, em Coronel Fabriciano Figura 130 Além da sinalização apagada, observa-se que a travessia de pedestres no canteiro central coincide com a lombada, de modo que, devido à falta de faixa de travessia, o pedestre é obrigado a atravessar se equilibrando sobre a lombada, no bairro Ferroviários, em Ipatinga Figura 131 Além da sinalização horizontal apagada, observa-se, a alguns metros à frente da foto anterior, uma faixa de travessia de pedestres em que a falta de calçada no canteiro central obriga o pedestre a retornar ou a atravessar por cima do gramado, no bairro Ferroviários, em Ipatinga

14 Figura 132 Além da sinalização horizontal apagada, observam-se sobreposições confusas: a faixa de travessia (mal localizada) para pedestres é também a demarcação de uma vaga de estacionamento, no bairro Horto, em Ipatinga Figura 133 Calçada larga, com sinalização e paisagismo para proteção e conforto, mas observa-se uma estranha interrupção da faixa de pedestres, em Timóteo Figura 134 Mapa Algumas Unidades de Conservação na RMVA e Colar Metropolitano Figura 135 Mapa Uso do Solo (2009) RMVA e Colar Metropolitano Figura 136 Mapa Localização dos chacreamentos na Zona de Amortecimento do PERD e Unidade de Conservação Figura 137 Mapa Registros de fauna ameaçada de extinção em algumas cidades da RMVA e Colar Metropolitano de acordo com referências bibliográficas consultadas Figura 138 Mapa Corredor Ecológico Sossego em Caratinga Figura 139 Mapa Corredores Ecológicos na RMVA e Colar Metropolitano Figura 140 Mapa Cartograma do sistema de produção das cidades da RMVA Figura 141 Mapa Localização dos pontos críticos em termos de abastecimento de água Figura 142 Mapa Unidade do Sistema de Abastecimento de Água frente a RMVA expandida Figura 143 Mapa Chacreamentos ao redor da região metropolitana e unidades do sistema de água da RMVA Figura 144 Áreas Pretendidas pela COPASA para Implantação das ETEs (Estação de Tratamento de Esgoto) Figura 145 Mapa das unidades do sistema de esgotamento sanitário existentes e a implantar Figura 146 Mapa de esgotamento sanitário da RMVA frente à expansão urbana Figura 147 Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Timóteo Figura 148 Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Timóteo Figura 149 Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis Nova Vida Figura 150 Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis Nova Vida Figura 151 Central de Resíduos Vale do Aço Figura 152 Mapa Situação da Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos na RMVA Figura 153 Aterro Sanitário de Caratinga Figura 154 Mapa áreas de disposição final de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) cadastradas na RMVA e Colar Metropolitano Figura 155 Área do Antigo Aterro Sanitário de Ipatinga

15 Figura 156 Antigo Lixão da Ponte Mauá Figura 157 Antigo Lixão da Ponte Mauá Figura 158 Bota-fora do município de Coronel Fabriciano Figura 159 Bota-fora do município de Coronel Fabriciano Figura 160 Mapa Localização das áreas de bota-fora reconhecidas pelas prefeituras da RMVA Figura 161 Mapa Sub-bacia do Rio Piracicaba Figura 162 Mapa Bacias Hidrográficas RMVA Figura 163 Mapa Percentual da vazão de referência (Q7,10) outorgada por tipos de uso Figura 164 Enchente de 1979 no município de Coronel Fabriciano Figura 165 Mapa dos pontos de inundação identificados Figura 166 Alagamento da Avenida Magalhães Pinto, em 2009, na cidade de Coronel Fabriciano Figura 167 Alagamento da Avenida Magalhães Pinto, em 2013, na cidade de Coronel Fabriciano Figura 168 Alagamento sob o viaduto que liga o bairro Vila Ipanema ao Centro na cidade de Ipatinga Figura 169 Ponte danificada pelo transbordamento do córrego Pedra Branca em Ipatinga. 446 Figura 170 Inundação em Timóteo - Bairro Cachoeira do Vale Figura 171 Ponte de alagamento no Centro Norte na cidade de Timóteo Figura 172 Obra de Drenagem na cidade de Timóteo Figura 173 Mapa Pontos de Inundação x Mancha Urbana Figura 174 Mapa Áreas Urbanas e Rurais x Áreas Inundáveis Figura 175 Mapa Densidade Populacional x Áreas Inundáveis Figura 176 Mapa Unidades Municipais de Planejamento, Zonas Industriais e APP de Curso d'água x Áreas Inundáveis Figura 177 Mapa Mancha Urbana x Nascentes Figura 178 Mapa Unidades Municipais de Planejamento, Equipamentos de Recreação e Lazer x Áreas Inundáveis Figura 179 Mapa Relação Habitação Social, Trabalho e Equipamentos Públicos x Áreas Inundáveis Figura 180 Mapa Qualidade das Águas Superficiais Média Anual Figura 181 Mapa Qualidade das Águas Superficiais Média Anual Figura 182 Mapa Qualidade das Águas Superficiais Primeiro Trimestre de Figura 183 Mapa Qualidade das Águas Superficiais Segundo Trimestre de

16 Figura 184 Mapa Qualidade das Águas Superficiais Terceiro Trimestre de Figura 185 Organograma do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente) Figura 186 Organograma do SISEMA (Sistema Estadual de Meio Ambiente) VOLUME 3 Figura 187 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos nos Municípios da RMVA, Janeiro a Outubro de Figura 188 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos em Coronel Fabriciano; janeiro a outubro de Figura 189 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos em Ipatinga; Janeiro a Outubro de Figura 190 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos em Santana do Paraíso; Janeiro a Outubro de Figura 191 Mapa de Ocorrências de Crimes Violentos em Timóteo; Janeiro a Outubro de Figura 192 Fórmula de cálculo do número de policiais necessários Figura 193 Representação do Sistema Único de Segurança Pública Figura 194 Sistema de Estado de Defesa Social de Minas Gerais Figura 195 Composição do Déficit Habitacional Figura 196 Mapa Déficit Habitacional Total nos Municípios da RMVA (Correspondente aos anos de 2000 e 2010) Figura 197 Déficit Habitacional nos Municípios da RMVA e do Colar Metropolitano, em Figura 198 Aglomerado Subnormais e Setores Precários na RMVA, Figura 199 Aglomerados Subnormais na RMVA, Figura 200 Distribuição Espacial dos Setores Subnormais e dos Setores Precários nos Municípios do Núcleo da RMVA Figura 201 Mapa de Distribuição dos Equipamentos de Cultura na RMVA 2013Fonte: IBGE Munic Figura 202 Mapa de localização dos bens imóveis protegidos na RMVA Figura 203 Locomotiva Maria Fumaça. Figura 204 Igreja de São Vicente de Paula no Ipaneminha, Figura 205 Fachada do Colégio Angélica em Coronel Fabriciano Figura 206 Capela São José Igreja de Cocais de Cima em Coronel Fabriciano Figura 207 Igreja Matriz de Santana do Paraíso

17 Figura 208 Parque Estadual do Rio Doce, em Timóteo Figura 209 Mapa da Distribuição dos Equipamentos de Esporte e Lazer na RMVA Figura 210 PIB de MG Segundo Regiões de Planejamento Figura 211 Mapa uso do solo na RMVA Figura 212 Mapa Distritos Industriais VOLUME 4 Figura 213 Mapa das Regiões de Planejamento de Minas Gerais Figura 214 Mapa das Mesorregiões do IBGE de Minas Gerais Figura 215 Mapa das Microrregiões do IBGE Minas Gerais

18 LISTA DE GRÁFICOS VOLUME 1 Gráfico 1 Número de Domicílios x Grau de Risco - Coronel Fabriciano Gráfico 2 Número de Domicílios X Grau de Risco - Ipatinga Gráfico 3 Situação Atual da Legislação Urbanística dos municípios da RMVA VOLUME 2 Gráfico 4 Gráfico comparativo do crescimento do número de veículos em relação ao número de habitantes Gráfico 5 Frota de veículos emplacados no Brasil na última década. Nota-se um crescimento acelerado de aproximadamente 122% entre os anos de 2003 e Gráfico 6 Frota de veículos emplacados no Estado de Minas Gerais na última década. Nota-se um crescimento acelerado de aproximadamente 128% entre os anos de 2003 e Gráfico 7 Frota de veículos emplacados na RMVA na última década. Nota-se um crescimento acelerado de aproximadamente 111%, entre os anos de 2003 a Gráfico 8 Gráfico comparativo percentual de veículos emplacados no Brasil, em Minas Gerais e na RMVA. Devido às grandes diferenças entre os números absolutos de veículos para cada uma dessas regiões (ver os três gráficos anteriores), só é possível comparar os crescimentos quando se sobrepõem os números dos percentuais, como nesse gráfico Gráfico 9 Tempo de deslocamento entre residência e trabalho na RMVA Gráfico 10 Comparativo do deslocamento da população entre os municípios para trabalhar. Nota-se a impressionante quantidade de moradores de Coronel Fabriciano e de Santana do Paraíso que se deslocam todos os dias para trabalhar principalmente em Timóteo e Ipatinga Gráfico 11 Percentual da população que se desloca entre municípios para trabalhar. Segundo pesquisa do IBGE, em 2010, quase 12% da população brasileira ocupada trabalhava em um município diferente daquele em que morava. A mesma pesquisa também foi realizada no Vale do Aço e mostra que, entre as cidades-polo da região, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso têm o maior número de pessoas que prestam serviço para outras cidades, como Timóteo e Ipatinga Gráfico 12 Percentual por tipo de transporte no Brasil. Nota-se que o percentual de transporte rodoviário é maior do que todos os outros tipos de transporte juntos

19 Gráfico 13 Comparativo de densidade de transporte KM/1000Km²,entre Brasil, China, Canadá e México Gráfico 14 Possíveis soluções para a mobilidade Gráfico 15 Potencialidades para a mobilidade Gráfico 16 Principais problemas da mobilidade Gráfico 17 Grau de satisfação da população em relação à aproximação de animais silvestres na RMVA e Colar Metropolitano de acordo com o estudo etnozoológico realizado Gráfico 18 Conhecimento da população acerca da caça e/ou pesca de animais na RMVA e Colar Metropolitano, de acordo com o estudo etnozoológico realizado Gráfico 19 Conhecimento da população acerca dos acidentes, envolvendo animais silvestres na RMVA e Colar Metropolitano, de acordo com o estudo etnozoológico realizado Gráfico 20 Percentual de atendimento dos serviços de água Gráfico 21 Consumo de água per capita Gráfico 22 Percentual da população total atendida X percentual da reservação total Gráfico 23 Percentual de perda de água no sistema distribuidor Gráfico 24 População urbana não conectada ao sistema público de água, em porcentagem e em números de habitantes Gráfico 25 Relação entre o volume de reservação teórica e o volume de reservação atual Gráfico 26 Percentual de atendimento dos serviços de esgotamento sanitário Gráfico 27 Variação de DQO (Demanda Química de Oxigênio) e DBO (demanda Bioquímica de Oxigênio) nos rios Doce e Piracicaba Gráfico 28 Gráfico de variação de Fósforo total e Nitrogênio, nos rios Doce e Piracicaba Gráfico 29 Gráfico de turbidez nos rio Doce e Piracicaba Gráfico 30 Cobertura dos serviços de coleta de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) na RMVA. 405 Gráfico 31 Taxa de geração per capita de resíduos na RMVA Gráfico 32 Composição gravimétrica dos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) na RMVA e Brasil Gráfico 33 Disposição final do RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) na RMVA e colar metropolitano Gráfico 34 Distribuição dos Municípios do CMVA nas Sub-bacias do Rio Doce VOLUME 3 Gráfico 35 Taxa de Mortalidade Infantil, RMVA, 2000, 2010 a 2012, Brasil e Minas Gerais, 2000, 2010 a

20 Gráfico 36 Cobertura populacional da ESF, RMVA, 1998 a Gráfico 37 Número de Crimes Violentos, RMVA, Gráfico 38 Evolução do Proalfa na Rede Estadual Gráfico 39 Subíndice de Frequência Escolar no Brasil, Minas Gerais e RMVA Gráfico 40 Percentual de Crianças de 6 a 14 anos no Ensino Fundamental sem Atraso Gráfico 41 Percentual de Adolescentes de 15 a 17 anos no Ensino Médio sem Atraso Gráfico 42 Subíndice de Escolaridade Fundamental da População Adulta no Brasil, Minas Gerais e RMVA Gráfico 43 População em Idade Ativa no Brasil nos anos 1991, 2000 e Gráfico 44 Proporção de Jovens que tem Carteira Assinada Gráfico 45 Produção de Aço no Mundo Gráfico 46 Taxas de Crescimento do PIB Brasileiro Gráfico 47 Evolução do Crédito (% do PIB) Gráfico 48 Taxa de Desemprego no Brasil Gráfico 49 Crescimento da Renda Real Gráfico 50 Inflação Brasileira IPCA Gráfico 51 Evolução da Taxa Básica de Juros SELIC (%) Gráfico 52 Taxa Média de Câmbio R$/US$ Gráfico 53 Participação da Indústria de Transformação no PIB Gráfico 54 Investimentos Projetados Gráfico 55 Taxa Anual de Crescimento do PIB de MG e Brasil Gráfico 56 Composição da Indústria de Transformação em MG Gráfico 57 Exportações de Minas Gerais US$ Bilhões FOB Gráfico 58 Principais Produtos Exportados por Minas Gerais Gráfico 59 Evolução da Renda Per Capita de Minas Gerais Gráfico 60 Distribuição do PIB por Setores Econômicos Gráfico 61 Distribuição do PIB por Setores Econômicos Gráfico 62 Quadro Comparativo da Evolução do PIB de 2000 a Gráfico 63 Participação da administração pública no PIB Gráfico 64 Projeção do PIB para 2011 e Gráfico 65 Participação no PIB da RMVA Gráfico 66 Saldo de postos de trabalho criados na RMVA Gráfico 67 Volume de Crédito Imobiliário na RMVA Gráfico 68 Produtos Originários da RMVA comercializados no Ceasa de Caratinga Gráfico 69 Produtos Originários da RMVA comercializados no Ceasa de Contagem

21 Gráfico 70 Evolução das exportações na RMVA por município Gráfico 71 Evolução das Importações Brasileiras de Aços Inox, Silício e Carbono Gráfico 72 Massa de ICMS gerado de 2000 A Gráfico 73 Segmentos que compõem o ICMS em cada município Gráfico 74 Receitas Orçamentárias da RMVA Gráfico 75 Evolução das Receitas Orçamentárias por Município Gráfico 76 Índice FIRJAN de gestão fiscal IFGF 2006 A Gráfico 77 Evolução da população e renda per capita na RMVA Gráfico 78 Evolução da renda per capita Gráfico 79 Evolução do emprego e renda média no Núcleo Metropolitano Gráfico 80 Movimentação do aeroporto de Santana do Paraíso Gráfico 81 Índice de competitividade

22 LISTA DE QUADROS VOLUME 1 Quadro 1 - Deslocamentos regionais entre os municípios da RMVA e do Colar Metropolitano 83 Quadro 2 Cobertura Vegetal da RMVA Quadro 3 Extensão territorial dos municípios da RMVA Quadro 4 Extensão territorial do Colar Metropolitano Quadro 5 Quadro de áreas da RMVA Quadro 6 Distâncias entre as sedes dos municípios da Franja e da RMVA Quadro 7 Extensão territorial dos municípios da Franja Metropolitana Quadro 8 Deslocamento da população ativa que trabalha nos municípios da Franja Metropolitana Quadro 9 Regionais de Planejamento Municipal Quadro 10 Indicadores de Desempenho Metropolitano Quadro 11 Déficit Habitacional da RMVA Quadro 12 População residente e domicílios em aglomerados subnormais na RMVA em Quadro 13 Pendularidade entre os municípios da RMVA VOLUME 2 Quadro 14 Lista contendo algumas espécies relevantes de plantas registradas na RMVA Quadro 15 Lista contendo classe, nome científico e popular de algumas espécies relevantes de animais registrados na RMVA Quadro 16 Municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço habilitados em 2013 ano referência 2012 com repasse em Quadro 17 Relação de Bens Culturais registrados na RMVA ligados as UCs exercício Quadro 18 Unidades de produção, região atendida, tipo de captação e vazão de produção Quadro 19 Resumo dos valores de IQA (Índice de Qualidade da Água) e CT (Contaminação por Tóxicos) para os pontos amostrados na bacia do rio Piracicaba dentro da RMVA VOLUME 3 Quadro 20 Classificação dos indicadores apresentados no diagnóstico da situação de saúde, RMVA e colar metropolitano

23 Quadro 21 Unidades Operacionais da Policia Militar de Minas Gerais na RMVA Quadro 22 Variáveis Utilizadas na Definição de Assentamentos Precários Quadro 23 Instituições de Nível Técnico em Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo Quadro 24 Existência de Conselho Municipal de Cultura, 2005 a 2010; e Quadro 25 Organização do Sistema Municipal de Cultura nos municípios da RMVA, 2012 e Quadro 26 Existência de equipamentos culturais e de meios de comunicação, 2006 e Quadro 27 Pluralidade de equipamentos culturais, exceto biblioteca, 2000 a Quadro 28 Existência de Grupos Artísticos e Culturais, 2006 e Quadro 29 Grupos Culturais Existentes no Município de Ipatinga, Quadro 30 Grupos Culturais Existentes no Município de Coronel Fabriciano, Quadro 31 Grupos Culturais Existentes no Município de Timóteo, Quadro 32 Existência de Conselho Municipal de Patrimônio Cultural nos Municípios da RMVA Quadro 33 Relação de Bens Protegidos na RMVA Apresentados ao ICMS Patrimônio Cultural - exercício Quadro 34 Existência de Conselho Municipal de Esporte em atividade Quadro 35 Organização do Sistema Municipal de Esporte e Lazer na RMVA (referente ao ano de 2013) Quadro 36 Resumo Descritivo dos Perfis Extremos do Modelo de Grade of Membership de Setores Censitários dos Municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço Quadro 37 Atratividade Econômica Quadro 38 Potencialidades agropecuárias na RMVA Quadro 39 Instrumentos e Políticas para o Desenvolvimento Econômico VOLUME 4 Quadro 40 Órgãos que compõem a Agência Metropolitana do Vale do Aço Quadro 41 Projetos previstos para Município de Coronel Fabriciano com recursos da União Federal Quadro 42 Projetos previstos para Município de Ipatinga com recursos da União Federal. 842 Quadro 43 Projetos previstos para Município de Santana do Paraíso com recursos da União Federal Quadro 44 Projetos previstos para Município de Timóteo com recursos da União Federal. 843

24 Quadro 45 Organização do Sistema Municipal de Cultura nos Municípios da RMVA, 2012 e Quadro 46 Pluralidade de equipamentos culturais, exceto biblioteca, 2000 a Quadro 47 Resumo descritivo dos perfis extremos do modelo de Grade of Membership de setores censitários dos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço

25 LISTA DE TABELAS VOLUME 1 Tabela 1 Evolução da População do AUVA entre 1950 e Tabela 2 Taxa Média de Crescimento Anual da População 1950 e Tabela 3 Evolução da População da RMVA e do Colar Metropolitano entre 1970 e Tabela 4 Taxa Média de Crescimento Anual da População da RMVA e do Colar Tabela 5 População do Colar a 2010 e Taxa Média de Crescimento Anual Tabela 6 Taxa de Urbanização da RMVA e do Colar Metropolitano entre 1970 e Tabela 7 Extensão Territorial dos Municípios da RMVA Tabela 8 Extensão Territorial do Colar Metropolitano Tabela 9 Áreas da RMVA Tabela 10 População Total e Razão entre Décadas dos Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 11 Taxa Média de Crescimento Anual da População dos Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil entre as décadas de 1970 e Tabela 12 Migração, Densidade Demográfica e Taxa de Urbanização dos Municípios da RMVA Tabela 13 População Urbana e Rural para os Municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 14 População Total Masculina e Feminina em Percentual para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 15 Distribuição Percentual da População por Cor/Etnia para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em Tabela 16 Percentual da população masculina e feminina entre 0 e 14 anos nos Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 17 Percentual da população acima de 65 anos nos Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 18 Fecundidade e Carga de Dependência para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 19 Esperança de Vida ao Nascer e Taxa de Envelhecimento para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 20 Número e características dos domicílios dos municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 2000 e

26 Tabela 21 IDHM e Produto Interno Bruto (PIB) Per Capita a Preços Correntes para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 22 IDHM educação e Expectativa de anos de estudo para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 23 IDHM_Longevidade e Esperança de Vida ao Nascer para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 24 IDHM_renda e Renda per capita para os municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 25 - Evolução da População do AUVA entre 1950 e Tabela 26 - Taxa Média de Crescimento Anual da População 1950 e Tabela 27 - Evolução da População da RMVA e do Colar Metropolitano entre 1970 e Tabela 28 - Taxa Média de Crescimento Anual da População da RMVA e do Colar Tabela 29 População do Colar a 2010 e Taxa Média de Crescimento Anual Tabela 30 Taxa de Urbanização da RMVA e do Colar Metropolitano entre 1970 e Tabela 31 Área Natural de Remanescente Florestal para as cidades que compõem a RMVA Tabela 32 Centralidade - Classificação Tabela 33 Centralidade Metropolitana A - Centro-Melo Viana Tabela 34 Centralidade Metropolitana A - Centro-Veneza Tabela 35 Centralidade Metropolitana A - Centro Norte Tabela 36 Centralidade Metropolitana B - Bom Retiro-Horto Tabela 37 Centralidade Metropolitana B - Canãa- Cidade Nobre Tabela 38 Centralidade Metropolitana C Caladinho Tabela 39 Centralidade Metropolitana C Cariru Tabela 40 Centralidade Metropolitana C - Santana do Paraíso Tabela 41 Centralidade Serviços Públicos Tabela 42 Centralidade Comércios e Serviços Estabelecimentos Tabela 43 Centralidade Comércios e Serviços Classes Tabela 44 Centralidade Comércios e Serviços Tabela 45 Centralidade Instituições Bancárias Tabela 46 Centralidade Ensino Alunos Tabela 47 Centralidade Ensino Cursos Tabela 48 Centralidade Ensino Tabela 49 Centralidade Saúde Estabelecimentos Tabela 50 Centralidade Saúde Internações SUS

27 Tabela 51 Centralidade Saúde Tabela 52 Índices Urbanísticos dos Equipamentos Comunitários VOLUME 2 Tabela 53 Comparação do crescimento da população com o crescimento da frota de veículos emplacados no Vale do Aço nos últimos dez anos Tabela 54 Repasse ICMS Ecológico Referente ao Critério Unidade de Conservação, ano base 2013 para as UC s situadas na RMVA Tabela 55 Área Natural de Remanescente Florestal para as cidades que compõem a RMVA Tabela 56 Eficiência de remoção de DBO (Demanda Bioquimica de Oxigênio), capacidade de tratamento e corpo receptor de cada estação de tratamento de Ipatinga Tabela 57 Principais dados do sistema de esgotamento na RMVA Tabela 58 Média de eficiência de tratamento das ETEs Tabela 59 Geração per capita de resíduos sólidos urbanos na Região Metropolitana do Vale do Aço Tabela 60 Variação da geração per capita de resíduos versus população Tabela 61 Composição gravimétrica média dos RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) da RMVA e Brasil Tabela 62 Veículos e equipamentos utilizados na limpeza urbana da RMVA Tabela 63 Cobertura dos serviços de limpeza urbana na RMVA Tabela 64 Disposição final dos resíduos no Colar Metropolitano Tabela 65 Repasse ICMS Ecológico em 2013 para os municípios da RMVA (Subcritério Saneamento) Tabela 66 Áreas degradadas pela disposição final de RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) Tabela 67 Estimativa da quantidade de RCD (Resíduos da Construção Civil e Demolição) na RMVA Tabela 68 Quantidade de RSS (Resíduos de Serviços de Saúde) gerado na RMVA VOLUME 3 Tabela 69 IDHM Longevidade, Esperança de Vida ao Nascer para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 70 Taxa de Fecundidade nos Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e

28 Tabela 71 Razão de Dependência para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Tabela 72 Taxa de Mortalidade Infantil, segundo componentes, RMVA, 2000, 2010 a Tabela 73 Indicadores relacionados à saúde de crianças menores de 5 anos de idade, para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil, entre 2000 e Tabela 74 Mortalidade proporcional, por grupo de causas, segundo capítulo CID-10, municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil, Tabela 75 Óbitos, segundo capítulo II do CID-10, RMVA, Tabela 76 Óbitos, segundo capítulo XX do CID-10, RMVA, Tabela 77 Cobertura populacional da ESF, RMVA, Minas Gerais e Barsil, 1998 a abril de Tabela 78 Percentual de nascidos vivos de mães que realizaram 7 ou mais consultas, RMVA, Minas Gerais e Brasil, 2000 e Tabela 79 Internações por 100 habitantes, RMVA, Minas Gerais, Brasil, 2010 a Tabela 80 Principais grupos de causa de internação, RMVA, Minas Gerais e Brasil, Tabela 81 Número de Profissionais de Saúde por habitantes, RMVA, Minas Gerais e Brasil, 2010 a Tabela 82 Número de leitos por habitantes, RMVA, Minas Gerais e Brasil, Tabela 83 Gasto público, RMVA, 2013 em saúde per capta Tabela 84 Percentual de recursos próprios investidos em saúde, RMVA, 2010 a Tabela 85 Proporção da População que Declarou ser Portadora de Alguma Deficiência nos Municípios da RMVA, 2010, Tabela 86 Crimes Violentos na RMVA e nos Municípios do Núcleo Metropolitano, 2010 a Tabela 87 Tipologias de Crimes Violentos nos Municípios do Núcleo da RMVA, 2010 a Tabela 88 Evolução dos Crimes Violentos em Coronel Fabriciano, 2010 a Tabela 89 Evolução dos Crimes Violentos em Ipatinga, 2010 a Tabela 90 Evolução dos Crimes Violentos em Timóteo, 2010 a Tabela 91 Evolução dos Crimes Violentos em Santana do Paraíso, 2010 a Tabela 92 Taxa de Crimes Violentos nos municípios do núcleo da RMVA, 2012 e Tabela 93 Taxa de Homicídios nos Municípios do Núcleo da RMVA, 2012 e Tabela 94 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Coronel Fabriciano, janeiro a outubro de

29 Tabela 95 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Ipatinga, janeiro a outubro de Tabela 96 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Santana do Paraíso, Janeiro a Outubro de Tabela 97 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Timóteo, Janeiro a Outubro de Tabela 98 Crimes Violentos nos Municípios do Colar Metropolitano, 2010 a Tabela 99 Tipologia de Crimes Violentos nos Municípios do Colar Metropolitano, Tabela 100 Taxa de Crimes Violentos nos Municípios do Colar da RMVA, 2010 a Tabela 101 Policiais por 1000 habitantes na RMVA, Tabela 102 Efetivo da Polícia Civil nos Municípios do Núcleo da RMVA, Tabela 103 Tipologia dos Domicílios nos Municípios da RMVA, Tabela 104 Situação dos Domicílios nos Municípios da RMVA, Tabela 105 Condição de Ocupação dos Domicílios Tabela 106 Condições Habitacionais nos Municípios do Núcleo da RMVA, 1991, 2000 e Tabela 107 Condições Habitacionais nos Municípios do Colar da RMVA: Percentual da População com Acesso aos Serviços Básicos, 1991, 2000 e Tabela 108 Déficit Habitacional nos Municípios da RMVA, 2000 e Tabela 109 Composição do Déficit Habitacional nos Municípios do Núcleo da RMVA, Tabela 110 Déficit Habitacional Segundo o Nível de Renda Domiciliar, Tabela 111 Déficit Habitacional nos Municípios do Colar Metropolitano, Tabela 112 Inadequação da Moradia nos Municípios da RMVA, Tabela 113 Inadequação de Domicílios nos Municípios do Colar Metropolitano, Tabela 114 Domicílios em Aglomerados Subnormais nos Municípios do Núcleo da RMVA, em 2000 e Tabela 115 População Residente em Aglomerados Subnormais dos Municípios da RMVA, 2000 e Tabela 116 Número de Aglomerados e Média de Domicílios por Aglomerado Subnormal nos Municípios da RMVA, em Tabela 117 Domicílios Particulares Ocupados em Aglomerados Subnormais, População Residente por Sexo, e Média de Moradores Tabela 118 Abastecimento de Água em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA,

30 Tabela 119 Esgotamento Sanitário em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA, Tabela 120 Destino do Lixo em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA Tabela 121 Energia Elétrica em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA, Tabela 122 Faixas de Renda Domiciliar Per Capita em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA, Tabela 123 Domicílios e População Residente em Aglomerados Subnormais de Municípios do Colar Metropolitano, Tabela 124 Estimativa de Domicílios em Assentamentos Precários em Áreas Urbanas.* Belo Horizonte, RM de Belo Horizonte e Colar Metropolitano, Brasil, RMVA e Municípios, Tabela 125 Estimativa da População Residindo em Assentamentos Precários em Áreas Urbanas.* Belo Horizonte, RMBH e Colar, Brasil, RMVA e Municípios, Tabela 126 IDHM Educação, Expectativa de Anos de Estudo e Analfabetismo Funcional na RMVA, em Minas Gerais e Brasil, 2000 e Tabela 127 Indicadores de Acesso à Escola e ao Ensino Fundamental na RMVA, em Minas Gerais e Brasil, 2000 e Tabela 128 Indicadores de Atraso Escolar no Nível Fundamental na RMVA, em Minas Gerais e Brasil, 2000 e Tabela 129 Indicadores de Frequência Escolar na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Tabela 130 Indicadores de Defasagem Escolar no Nível médio na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Tabela 131 Indicadores de Frequência Escolar e Acesso ao Ensino Superior na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Tabela 132 Indicadores de Qualificação da Mão-de-Obra, RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Tabela 133 Pontuação dos municípios da RMVA no ICMS Patrimônio Cultural, no período de 1996 a Tabela 134 Gasto Per CapIta dos Municípios da RMVA com Esporte e Lazer Tabela 135 Indicadores de Qualificação da Mão de Obra, RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Tabela 136 Taxa de Participação entre a População de 10 anos ou Mais e de 10 a 14 anos, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil

31 Tabela 137 Taxa de Participação entre a População de 15 a 17 anos e de 18 anos ou mais, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 138 Taxa de Desocupação entre a População de 10 a 14 e de 15 a 17 anos, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 139 Taxas de Desocupação entre a População acima de 18 anos na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 140 Proporção de Ocupados na Agropecuária, na Indústria de Transformação e na Construção, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 141 Proporção de Ocupados no Comércio, no Setor de Serviços e no Setor Público, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 142 Indicadores de Trabalho e Emprego na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 143 Formalização no Trabalho e Rendimento Médio dos Ocupados na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 144 Indicadores de Renda na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 145 Indicadores de Renda e Índice de Theil-L, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Tabela 146 Contribuintes, Aposentados, Pensionistas e Beneficiários do Bolsa Família ou PETI na RMVA Tabela 147 Perfil da Ocupação na RMVA e em Minas Gerais Tabela 148 Pobreza, Desigualdade e Vulnerabilidade Social Tabela 149 Pobreza e Vulnerabilidade Social Tabela 150 PIB e Renda Per Capita Tabela 151 Renda Per Capita Média dos Extremamente Pobres, dos Pobres e dos Vulneráveis à Pobreza Tabela 152 Proporção de Pessoas Atendidas por Programas Sociais e Valor Médio de Transferência do Bolsa Família Tabela 153 Rendimento Médio por Local de Moradia e Cor Tabela 154 Rendimento Médio e Contribuição Previdenciária de Homens e Mulheres Tabela 155 Rendimento Médio e Contribuição Previdenciária de Homens e Mulheres Tabela 156 Condições de Salubridade Domiciliar Tabela 157 Condições de Salubridade Domiciliar e Acesso a Bens por Domicílio Tabela 158 Acesso a Bens por Domicílio Tabela 159 Estimativas de λ klj, por Categorias das Variáveis e Frequências Marginais Absolutas e Relativas do Modelo de Grade of Membership de Setores Censitários Região Metropolitana do Vale do Aço,

32 Tabela 160 Proporção de Pessoas de 15 a 24 anos que não Estudam, nem Trabalham e são Vulneráveis à Pobreza Tabela 161 Proporção de Jovens de 15 a 17 anos com Ensino Fundamental Completo Tabela 162 Proporção de jovens de 18 a 20 anos com o ensino médio completo Tabela 163 Proporção de Mulheres de 15 a 17 Anos que Tiveram Filhos Tabela 164 Evolução Percentual do PIB no Mundo Países e Regiões Selecionados Tabela 165 Investimentos previstos por Setor Tabela 166 Alojamento, Alimentação e Serviços de Apoio Tabela 167 Serviços de hospedagem na RMVA Tabela 168 Empresas da Indústria de Construção Civil na RMVA Tabela 169 Empresas do Comércio da Construção Civil na RMVA Tabela 170 Empresas e Segmentos do Núcleo da RMVA Tabela 171 PAC Projetos em Coronel Fabriciano Tabela 172 PAC Projetos em Ipatinga Tabela 173 PAC Projetos em Santana do Paraíso Tabela 174 PAC Timóteo Tabela 175 PAC Resumo das obras em andamento na RMVA Tabela 176 Perspectivas de investimentos SEBRAE Tabela 177 Perspectivas de investimento mesorregião Rio Doce Tabela 178 Área dos novos Distritos Industriais VOLUME 4 Tabela 179 Estimativas de λklj, por categorias das variáveis e frequências marginais absolutas e relativas do modelo de Grade of Membership de setores censitários Região Metropolitana do Vale do Aço,

33 SUMÁRIO VOLUME 1 1. APRESENTAÇÃO HISTÓRICO DA RMVA CARACTERIZAÇÃO GERAL DOS MUNICÍPIOS Aspectos Demográficos Aspectos Econômicos Caracterização dos Meios Físico e Biótico Desenvolvimento Humano O Índice de Desenvolvimento Humano Definição O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal Os Índices de Desenvolvimento Humano Municipal para a Região Metropolitana do Vale do Aço ORDENAMENTO TERRITORIAL O Planejamento Urbano e o Ordenamento Territorial na Região Metropolitana do Vale do Aço RMVA Metodologia de Análise Evolução da Ocupação Urbana Formação da Região Metropolitana do Vale do Aço O primeiro período O segundo período O terceiro período O quarto período Estrutura Territorial Localização Aspectos físicos As unidades de conservação e o ordenamento territorial da RMVA Análise territorial da RMVA A Franja Metropolitana As Regionais de Planejamento Municipais como base Territorial de Dados do Diagnóstico Preliminar Setores censitários e regionais de planejamento municipais Unidades de planejamento e densidade populacional Unidades de planejamento e faixa de renda Centralidades Metropolitanas Metodologia

34 4.6.2 As centralidades metropolitanas Indicadores de Desempenho Metropolitano - IDM Metodologia Aplicação da ferramenta IDM Os Espaços Públicos e a Infraestrutura Urbana da RMVA Os espaços livres de uso público Os equipamentos de uso comunitário A infraestrutura urbana da RMVA As Áreas Industriais e a Disponibilidade de Áreas para Novos Empreendimentos na RMVA Os Distritos Industriais Atuais Áreas de Interesse Metropolitano Habitação, Securidade e Risco Políticas públicas para habitação Condições habitacionais Déficit habitacional Déficit habitacional e renda familiar Os aglomerados subnormais e as áreas municipais de interesse social As áreas de risco na Região Metropolitana do Vale do Aço A questão fundiária na RMVA Articulação entre moradia e trabalho e a oferta de terras na RMVA para habitação Marcos Legais da RMVA Legislação urbanística Projetos, Programas e Investimentos Leitura Comunitária das Oficinas e Participação do Comitê de Acompanhamento. 262 VOLUME 2 5. MOBILIDADE (SISTEMA VIÁRIO, TRANSPORTE, TRÂNSITO E TRÁFEGO) Panorama Geral da Mobilidade Urbana na RMVA O Cenário na RMVA e Colar Metropolitano Aumento da frota de veículos Tempo de deslocamento Estrutura da Mobilidade Urbana Arranjo Institucional na Mobilidade Sistema Rodoviário Sistema Viário Sistemas de Transporte

35 5.5.1 Coletivo Transporte Cicloviário Transporte Aquaviário Sistema Aeroportuário Sistema Ferroviário Segurança, Sinalização e Calçadas Sistema de Transporte Público para a RMVA Logística Leitura Comunitária MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS E SANEAMENTO Patrimônio Ambiental e Cultural Caracterização e Análise do Patrimônio Ambiental Características Gerais do Meio Biótico Caracterização do Patrimônio Cultural Análise do Patrimônio Cultural Água e Esgoto Caracterização do Sistema de Abastecimento de Água Análise da Situação do Sistema de Abastecimento de Água Caracterização do Sistema de Esgotamento Sanitário Análise da Situação do Sistema de Esgotamento Sanitário existente Resíduos Sólidos Urbanos Gestão de Resíduos Sólidos Resíduos Sólidos Urbanos Resíduos da Construção Civil Resíduos de Serviços de Saúde Resíduos Industriais Planos de Gestão de Resíduos Sólidos Análise da Situação da Gestão de Resíduos Sólidos Recursos Hídricos e Macrodrenagem Caracterização de Recursos Hídricos e Macrodrenagem Análise do Cenário dos Recursos Hídricos e Macrodrenagem Análise Arranjo Institucional Eixo Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Saneamento VOLUME 3 7. DESENVOLVIMENTO SOCIAL Saúde

36 7.1.1 Indicadores demográficos Indicadores de Mortalidade Indicadores de Cobertura Indicadores de Morbidade Indicadores de Recursos Segurança Crimes Violentos na RMVA Tipologias de Crimes Violentos na RMVA Efetivo Policial nos Municípios do Núcleo da RMVA Arranjo Institucional de Segurança Pública Habitação Condições Habitacionais Situação do Domicílio Déficit Habitacional Inadequação Habitacional Aglomerados Subnormais Assentamentos Precários Considerações Gerais Educação Principais Indicadores Educacionais na RMVA Escolaridade e Mercado de Trabalho na RMVA Principais Apontamentos para a Área da Educação na RMVA Cultura Arranjo Institucional: Organização e Desenvolvimento da Política Pública de Cultura Espaços e Equipamentos Culturais nos Municípios da RMVA Principais Manifestações Culturais, Artistas e Grupos Culturais dos Municípios da RMVA A Organização e Desenvolvimento da Política Pública de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural Considerações Gerais Esporte e Lazer Arranjo Institucional: Organização e Desenvolvimento da Política Pública de Esporte e Lazer Dos repasses de Recursos e dos Investimentos Municipais Realizados na Área do Esporte e do Lazer Espaços e Equipamentos de Esporte e Lazer Trabalho e Emprego Taxas de Participação e de Desocupação na RMVA

37 7.7.2 Perfil da Ocupação na RMVA: Setores da Economia, Formalização e Rendimento Pobreza e Desigualdade Principais Indicadores de Pobreza e Desigualdade na RMVA Local de Moradia, Cor e Sexo e como Fatores Determinantes da Desigualdade Condições de Salubridade Domiciliar e Acesso a Bens Perfis de Vulnerabilidade da Região Metropolitana do Vale do Aço MG, em Material e Métodos Resultados Juventude Juventude e Indicadores de Vulnerabilidade Principais Apontamentos para a População Jovem da RMVA DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Cenário Econômico Crescimento do PIB Desafios Minas Gerais Produção e Setores Econômicos na RMVA Estimativas do PIB Especialização X Diversificação Turismo Construção Civil Agropecuária Pesquisa, Tecnologia e Inovação Arranjo Institucional Exportações Arrecadação Gestão Fiscal População, Trabalho E Renda Investimentos Infraestrutura e Competitividade Transportes Energia e Telecomunicações Distritos Industriais Desigualdade e Competitividade

38 VOLUME 4 9. ARRANJO INSTITUCIONAL O Arranjo Institucional da Região Metropolitana do Vale do Aço Legislação Orientadora Dos Organismos Metropolitanos na RMVA Composição atual dos órgãos da RMVA Atividades Constitutivas da Região Metropolitana do Vale do Aço Organismos Federais e Estaduais de Atuação no Vale do Aço Organismos não Estatais de Atuação na RMVA Associação da Microrregião do Vale do Aço Associação de Municípios pelo Desenvolvimento Integrado Associação dos Municípios da Vertente Ocidental do Caparaó Consórcio Intermunicipal de Saúde Dos Sistemas de Estruturação de Políticas Públicas Previstos no âmbito Federal e Estadual e Implantados ou em Implantação na RMVA Da legislação e dos organismos municipais de planejamento e de atuação regional Planos Diretores dos Municípios da RMVA Legislação Urbana Participação da Sociedade nos Arranjos Institucionais na RMVA Conselhos Municipais Arranjo Institucional dos Planos Diretores Municipais Gestão Urbana no Plano Diretor de Coronel Fabriciano Gestão Urbana no Projeto de Plano Diretor de Ipatinga Gestão Urbana no Plano Diretor de Santana do Paraíso Gestão Urbana no Plano Diretor de Timóteo Programas e projetos de investimento Federal e Estadual na RMVA PAC do Governo da União Federal na RMVA Plano Plurianual de Ação Governamental de Minas Gerais - PPAG Planos Plurianuais Municipais Sumário de dados e análises por Eixo Temático Desenvolvimento Econômico Eixo Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Saneamento Arranjo Institucional na Mobilidade Urbana Arranjo institucional no Ordenamento Territorial Arranjo institucional no Desenvolvimento Social

39 10. EQUIPE DE TRABALHO Equipe Unileste Equipe Técnica ARMVA REFERÊNCIAS 864 ANEXOS 886

40 7. DESENVOLVIMENTO SOCIAL Amplitude e diversidade de dimensões constitutivas são duas das principais características do conceito de Desenvolvimento Social. Todavia, a extensão que caracteriza o conceito tende a conduzi-lo à imprecisão. Em face disso, o primeiro desafio na elaboração do diagnóstico deste eixo temático no âmbito do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana do Vale do Aço é definir, com clareza, o que se compreende por desenvolvimento social. O desenvolvimento social reflete as condições de vida da população de um país, região, município, bem como a sua capacidade de progredir, de maneira socialmente justa, oferecendo a todos os seus membros, indistintamente, adequadas e igualitárias oportunidades de satisfação de suas necessidades em termos de: moradia, educação, alimentação, saúde, trabalho, segurança, cultura, esporte, lazer, acesso à informação e às tecnologias e participação autônoma na vida coletiva. Portanto, a natureza desse conceito conduz à avaliação do nível de desenvolvimento social de determinada unidade geográfica, inclusive em perspectiva comparativa. Avaliar com a máxima precisão possível o estágio em que se encontra a RMVA na trilha do desenvolvimento social, notando os fatores que favorecem ou dificultam avançar, constitui-se, pois, em um passo fundamental à proposição de diretrizes, meios e formas de acelerar esse desenvolvimento. Conforme exposto nas macrodiretrizes para o desenvolvimento da RMVA, o diagnóstico dos municípios que a integram deve considerar o intento de se aumentar o nível de desenvolvimento social, econômico e de realização humana locais, compatibilizando a redução das desigualdades sociais com o desenvolvimento sustentável, a equidade social e a sustentabilidade ambiental. Com efeito, a redução das desigualdades intramunicipais deverá ser priorizada, de modo a garantir que os indicadores de desenvolvimento humano se equalizem nos municípios que compõem a RMVA e o colar metropolitano. É, pois, sob essa perspectiva que se analisam as dimensões constitutivas do eixo de Desenvolvimento Social, a saber: Saúde, Educação, Assistência Social, Pobreza e Desigualdade Social, Habitação, Trabalho e Emprego, Segurança, Juventude, Cultura, Esporte e Lazer. Na maioria das dimensões que compõem este eixo, os indicadores sociais da Região Metropolitana do Vale do Aço apresentaram significativos avanços na última década, ainda que esses tenham ocorrido de modo desigual. Em algumas dimensões verificaram-se maiores avanços que em outras, assim como 474

41 é possível constatar que alguns municípios se desenvolveram mais que outros, no período analisado. Parte desses resultados decorre das características socioeconômicas dos municípios, bem como dos modos como os mesmos se inserem na dinâmica regional. Observa-se, por exemplo, que Santana do Paraíso apresentou o maior crescimento populacional na última década, com média de 4,15% ao ano, entre o decênio 2000 e 2010, embora continue a ser o município com menor número de habitantes dentre os quatro que integram o núcleo da RMVA. Em comparação com o crescimento experimentado por Santana do Paraíso, os municípios de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo registraram taxas de crescimento bem mais modestas ao longo da última década - 0,62%, 1,20% e 1,29% ao ano, respectivamente. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que sintetiza indicadores de acesso à educação, nível de renda e longevidade, expressa em primeira aproximação analítica, o fenômeno das desigualdades sociais entre os municípios da RMVA. Os valores apurados para o ano 2010 revelam que Ipatinga e Timóteo registraram os maiores IDHM na região 0,771 e 0,770, respectivamente -, seguidos por Coronel Fabriciano, com IDHM de 0,755. Santana do Paraíso, por sua vez, apresentou o mais baixo IDHM da RMVA (0,685), valor que também está abaixo da média do estado de Minas Gerais (0,731) e do Brasil (0,727), considerados altos. As desigualdades sociais intrarregionais, reforçadas na última década, se constituem, pois, como importante desafio ao desenvolvimento integrado da região metropolitana, requerendo, por isso, especial atenção na formulação e gestão de políticas públicas locais e das funções públicas de interesse comum, conforme definidas na Lei Complementar nº 90, de Além disso, devemos considerar os desafios inerentes à constituição legal de uma região metropolitana. O reconhecimento jurídico-institucional de uma RM constitui o primeiro grande passo para que projetos de desenvolvimento regional possam ser bem articulados e implementados, pensados de maneira abrangente e inter-relacionada. O processo de metropolização ocorre, geralmente, a partir de uma cidade ou região que se caracteriza como polo, em função de suas dimensões territoriais, populacionais e de urbanização. Ao redor dessa cidade, ou dessa região, se forma o núcleo metropolitano. Além do núcleo, há ao redor várias outras cidades que são diretamente influenciadas pela dinâmica da metrópole, havendo, na maioria das vezes, interdependência na prestação de serviços, comércio e, sobretudo, movimento pendular. 475

42 Associado ao processo de metropolização está o da conurbação, como é o caso da RMVA, que já tem suas áreas urbanas fundidas entre municípios limítrofes, constituindo uma mancha urbana única e contínua. O processo de conurbação também traz consigo desafios específicos, já que neste cenário os limites político-administrativos de cada uma das cidades integrantes acabam tensionados, o que dá origem a funções públicas de interesse comum, e neste sentido ressaltamos a importância da elaboração de um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado. Contudo, devemos salientar que uma Região Metropolitana não se cria, apenas se é reconhecida e institucionalizada, com o objetivo de implantação de uma gestão sustentável, integrada e que busque, sobretudo, reduzir as contradições e desigualdades expressas no espaço metropolitano, principalmente em suas periferias, buscando diminuir as segmentações socioespaciais e a segregação urbana. A seguir apresentam-se análises específicas às dimensões que compõem o eixo temático Desenvolvimento Social, observando, em perspectiva comparativa, o comportamento/ evolução dos indicadores relativos aos municípios do núcleo metropolitano. 7.1 Saúde A Saúde é um direito de cidadania afirmado no artigo 196 da Constituição Federal de Com base nesse direito constitucional e nos princípios da Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde, que fundam o Sistema Único de Saúde (SUS), a extensão da cobertura dos serviços tornou-se a diretriz máxima dessa política setorial. Desde então, a adoção de estratégias e mecanismos de integração das políticas, por meio de consórcios e ações metropolitanas, são recomendações que visam assegurar o acesso da população a todos os níveis de prestação dos serviços de saúde (primário, secundário e terciário), priorizando a atenção à saúde materno-infantil, do idoso e de grupos vulneráveis. Todavia, na RMVA, o planejamento de longo prazo da atenção à saúde precisa levar em conta não apenas as atuais necessidades de expansão dos serviços básicos, clínicas de especialidades, urgência, emergência e leitos hospitalares para alta complexidade, mas também o processo de envelhecimento da população. Portanto, um amplo diagnóstico das condições da saúde e dos serviços de saúde é de fundamental importância para a realização de um planejamento a longo prazo do setor da saúde na 476

43 RMVA que garanta o direito da população de acesso aos serviços de saúde e responde aos seus anseios por melhoria na qualidade dos serviços hoje ofertados. As análises referentes à situação de saúde apresentadas neste diagnóstico foram realizadas com base em dados extraídos de diversos Sistemas de Informação em Saúde 31 (SIS) disponibilizados pelo DATASUS, bem como em dados publicados pelo IBGE, referentes aos Censos de 1990, 2000 e Os indicadores de saúde analisados foram subdivididos em: Indicadores Demográficos: medem a distribuição de fatores determinantes da situação de saúde relacionados à dinâmica populacional na área geográfica referida; Indicadores de Mortalidade: informam a ocorrência e distribuição das causas de óbito no perfil da mortalidade da população residente na área geográfica referida; Indicadores de Morbidade: informam a ocorrência e distribuição de doenças e agravos na população residente na área geográfica referida; Fatores de risco e proteção: medem os fatores de risco, e/ou proteção que predispõem à doenças e agravos ou, protegem das doenças e agravos; Indicadores de Recursos: medem a oferta e a demanda de recursos humanos, físicos e financeiros para atendimento às necessidades básicas de saúde da população na área geográfica referida; Indicadores de Cobertura: medem o grau de utilização dos meios oferecidos pelo setor público e pelo setor privado para atender às necessidades de saúde da população na área geográfica referida. Para análise da mortalidade e natalidade dos municípios da RMVA e colar metropolitano, foram utilizados dados disponibilizados e atualizados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) até o ano de Já os dados de mortalidade e natalidade para o Brasil e Estado de Minas Gerais foram coletados em publicação específica da Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA) 32 - Indicadores e Dados Básicos de Saúde 2012 (IDB-2012), os quais se encontram atualizados até o ano de No Quadro 20 a seguir, apresentam-se todos os indicadores analisados neste diagnóstico. 31 Sistemas de Informação em Saúde - mecanisnmo de coleta, processamento, análise e transmissão de um dado em informação necessária para se planejar, organizar, operar e avaliar os serviços de saúde (OMS). 32 RIPSA: criada por iniciativa conjunta do Ministério da Saúde e da OPAS, reúne instituições representativas dos segmentos técnico-científicos diretamente envolvidos na produção e análise de dados de interesse para a saúde no país. 477

44 Quadro 20 Classificação dos indicadores apresentados no diagnóstico da situação de saúde, RMVA e colar metropolitano. TIPO INDICADOR IDHM Longevidade Esperança de vida ao nascer Demográfico Taxa de Fecundidade Razão de Dependência Taxa de Mortalidade Infantil Mortalidade Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas Cobertura de consultas de pré-natal Cobertura Número de Internações Hospitalares por Habitante Número de Profissionais de Saúde por Habitante Recurso Número de Leitos por Habitante Fonte: Unileste/PDDI Indicadores demográficos IDHM Longevidade/Esperança de Vida ao Nascer A atenção à saúde é hoje a principal demanda da população da região. A Pesquisa quantitativa sobre as percepções e expectativas em relação ao vale do aço, a RMVA e o PDDI realizada pelo instituto DATAMINAS em 2014 constatou que, entre os moradores entrevistados em todos os municípios pesquisados, a precariedade na estrutura e no atendimento prestado pelos serviços de saúde foi apontada como sendo o principal problema da cidade onde reside e também como o principal problema comum às quatro cidades da região, antes mesmo dos problemas relacionados à segurança pública e ao aumento da violência e de problemas relacionados à mobilidade urbana na RMVA, que ficam em segundo e terceiro lugar respectivamente. Refletindo essa preocupação com o atendimento de saúde e os problemas com a mobilidade urbana na região, os entrevistados colocam o acesso a serviços de saúde e educação próximos a sua residência como primeira prioridade para a solução dos problemas da região. Para a solução dos problemas na área de saúde apontam-se três estratégias: contratar mais médicos; construir hospitais e postos; e contratar e capacitar profissionais de saúde, sendo que aumentar o número de profissionais de saúde apareceu como sendo a principal necessidade na área para 46,2% dos entrevistados, percentual de respostas bem superior aos das próximas soluções apresentadas, como a melhoria da qualificação de profissionais da saúde e a construção de um hospital regional. Essa demanda por melhorias na assistência à saúde na região reflete, é claro, um problema mais extenso em relação ao acesso aos serviços de saúde que ultrapassa em muito os limites da região, se 478

45 constituindo-se em uma demanda nacional de tal importância que o Programa de Valorização dos Profissionais na Atenção Básica (PROVAB) e o Programa Mais Médicos, ambos do governo federal, lançados, respectivamente em 2012 e 2013, foram basicamente uma tentativa de resposta para essa demanda de acesso local a profissionais desta área. Contudo, essa percepção de precariedade de acesso à saúde pela população, que lida no seu cotidiano com a dificuldade de atendimento junto aos profissionais afins, principalmente para além do nível da atenção básica, não pode ser considerada a única forma de se mensurar a realidade da saúde da região. Os indicadores de saúde coletados na região apontam para uma realidade bem mais complexa, na qual vários indicadores superam as médias nacionais e estaduais, refletindo ganhos significativos na área da saúde para os municípios da RMVA como um todo. Ao mesmo tempo, outros indicadores apontam para a persistência de antigos problemas, como o acesso à assistência básica e o surgimento ou agravamento de certas questões que acompanham mudanças do perfil da morbimortalidade trazidas, por exemplo, pelo envelhecimento da população e o aumento da violência. O IDHM Longevidade é o indicador que melhor pode caracterizar as condições de saúde da região. Esse indicador considera a esperança de vida ao nascer, ou seja, o número médio de anos que as pessoas dos municípios viveriam a partir do nascimento, mantidos os mesmos padrões de mortalidade observados em cada período. O IDHM Longevidade aponta para ganhos significativos na região em relação ao aumento da esperança de vida ao nascer, um fenômeno que sem dúvida reflete a melhoria nas condições de vida e do acesso à saúde para a população dos quatro municípios que compõem a RMVA. Em 2010, esse indicador alcançou um nível que pode ser considerado elevado, pois todos os municípios apresentaram esperança de vida ao nascer maior do que a média nacional e maior ou muito próxima à estadual. A esperança de vida ao nascer mais elevada na região é uma tendência que vem sendo observada desde 1991, e que repetida em Nos quatro municípios da região, o IDHM Longevidade tem sido superior a média nacional e estadual nos últimos vinte anos. Ao longo desse período, todos os municípios registraram aumento na expectativa de vida dos seus habitantes sendo o ganho mais expressivo o que ocorreu em Santana do Paraíso, que saiu da última posição entre os quatro municípios em 1991, chegando em 2010 com o melhor índice da região. Em Santana do Paraíso, a esperança de vida ao nascer em 2010 foi de 77,66 anos, quase quatro anos a mais que a média nacional e dois anos a mais que a estadual. Nesse quesito, Santana do Paraíso é seguida por Coronel Fabriciano e Ipatinga com 76,8 anos cada e por Timóteo com 75,14. A situação de Timóteo é a mais atípica, pois esse município apresentou os indicadores de longevidade e esperança de vida ao nascer mais elevados da região em 1991 e 2000, e, mesmo mantendo a tendência de 479

46 aumento, ficou em última posição em 2010, um pouco abaixo da média do estado, de 75,30 anos, ainda que acima da média nacional (Tabela 69). Esses resultados apontam para uma particularidade da região em relação aos indicadores de saúde, que, diferentemente dos indicadores de renda, trabalho, educação, habitação e segurança não refletem de maneira tão acentuada as desigualdades regionais. Santana do Paraíso tem alguns dos melhores indicadores em saúde da região, com o já citado IDHM Longevidade mais alto entre os quatro municípios e também com a menor taxa de mortalidade infantil da região, embora em relação a outros indicadores, principalmente os que se referem à cobertura dos serviços de saúde, essa superioridade dos dados de Santana do Paraíso não se repita, como poderá ver mais adiante neste diagnóstico. Contudo, as desigualdades intrarregionais em relação aos principais indicadores de saúde se mostram significativas quando se examinam os municípios que compõe o Colar Metropolitano. Entre esses, quatro municípios - Dom Cavati, Entre Folhas, Mesquita e Pingo D agua- ainda apresentam IDHM que podem ser considerados médios (abaixo de 0,8000) em relação ao indicador de longevidade. Outros 16 municípios apresentam o IDHM Longevidade abaixo da média estadual, ainda que acima de 0,800 e outros cinco - Açucena, Antônio Dias, Jaguaraçu, Marliéria e Periquito - estão acima da média do estado, ainda que apresentem IDHM abaixo do registrado nos quatro municípios da RMVA; dados que apontam para a superioridade das condições de vida na RMVA em relação ao colar metropolitano. Tabela 69 IDHM Longevidade, Esperança de Vida ao Nascer para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Esperança de Esperança de Esperança de RMVA, Minas Gerais e Brasil IDHM Longevidade (1991) IDHM Longevidade (2000) IDHM Longevidade (2010) vida ao nascer (1991) vida ao nascer (2000) vida ao nascer (2010) Cel. Fabriciano 0,706 0,787 0,865 67,37 72,24 76,88 Ipatinga 0,706 0,787 0,864 67,37 72,24 76,85 Santana do Paraíso 0,678 0,771 0,878 65,65 71,23 77,66 Timóteo 0,759 0,811 0,836 70,55 73,64 75,14 Minas Gerais 0,662 0,727 0,838 64,73 68,61 75,30 Brasil 0,689 0,759 0,816 66,36 70,55 73,94 Fonte: Dados dos censos demográficos IBGE/Atlas PNUD,

47 Taxa de Fecundidade A taxa de fecundidade é definida como o número de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher ao final do seu período reprodutivo, na população residente em determinado espaço geográfico e ano considerado. A taxa é estimada para um ano/calendário determinado, a partir de informações retrospectivas obtidas em censos e inquéritos demográficos (IDB, 2012). A taxa de fecundidade (número de filhos por mulher) mostra-se em queda em todos os municípios da RMVA, ficando abaixo do nível de reposição populacional (2,1 filhos por mulher). Na região, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso apresentam taxas de 1,9 filhos por mulher, um pouco acima da média estadual e igual a nacional. Já a taxa em Ipatinga é de 1,6 e em Timóteo de 1,5, portanto, abaixo da média do Brasil e de Minas Gerais, que estão em 1,8 e 1,7, respectivamente. Os fatores determinantes do envelhecimento da população são ditados pelo comportamento da taxa de fecundidade e em menor grau pela taxa de mortalidade. A combinação desses dois fatores impactará significativamente na configuração da demanda por serviços de saúde da região. O envelhecimento da população é certamente um dos maiores desafios que a região do Vale do Aço deverá enfrentar na área de saúde nas próximas décadas. Todo o planejamento nesta política pública setorial precisa levar em conta, não apenas as necessidades atuais da população, o que é óbvio, mas também o fato de que a proporção de idosos (pessoas com mais de 60 anos, segundo definição utilizada pelo governo brasileiro) na população irá aumentar gradualmente, gerando demandas específicas para o serviço de saúde. O previsto envelhecimento da população requer que o planejamento em longo prazo das políticas de saúde tenha em vista respostas às necessidades específicas da população idosa, que demandará serviços em nível cada vez mais especializado. A presença de geriatras nos postos passará a ser tão crucial quanto a de pediatras e a oferta de serviços e cuidados domiciliares para atendimento da população idosa se tornará de vital importância, ainda mais considerando que o tamanho das famílias está diminuindo, reduzindo-se assim a possibilidade de que outros familiares cuidem dos idosos, como ainda é costume em muitas famílias. Fisioterapia, ginástica, acesso ao lazer e aos esportes para os idosos, ênfase na qualidade de vida e cuidados paliativos no final da vida serão demandas cada vez maiores em relação às atividades de saúde da população. 481

48 Tabela 70 Taxa de Fecundidade nos Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e Taxa de Taxa de Taxa de RMVA, Minas Gerais e Fecundidade Fecundidade Fecundidade Brasil (1991) (2000) (2010) Cel. Fabriciano 2,9 2,1 1,85 Ipatinga 2,5 2,0 1,61 S. Paraíso 3,5 3,0 1,92 Timóteo 2,2 2,0 1,50 Minas Gerais 2,88 2,37 1,79 Brasil 2,69 2,23 1,89 Fonte: IBGE/Atlas PNUD, Razão de Dependência A redução nas taxas de fecundidade e o consequente envelhecimento da população afetam diretamente outro indicador - a razão de dependência, que se refere à razão entre o segmento etário da população definido como economicamente dependente (os menores de 15 anos de idade e os de 65 anos e mais de idade) e o segmento etário potencialmente produtivo (entre 15 e 64 anos de idade). A razão de dependência total e o número de jovens vêm diminuindo gradativamente em todas as macrorregiões do estado. Como se pode observar na Tabela 71 abaixo, na RMVA a razão de dependência apresentou queda significativa entre os anos de 1991 e 2010, ficando abaixo da média nacional e estadual, à exceção de Santana do Paraíso. O gradativo declínio da razão de dependência nos municípios da RMVA pode estar relacionado ao processo de transição demográfica vivenciado na região, caracterizado pela redução dos níveis de fecundidade e da taxa de natalidade, implicando, à longo prazo no decréscimo do número de jovens na população e aumento do número de idosos. Tabela 71 Razão de Dependência para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil em 1991, 2000 e RMVA, Minas Gerais e Brasil Razão de Dependência (1991) Razão de Dependência (2000) Razão de Dependência (2010) Cel. Fabriciano 59,48 49,25 42,69 Ipatinga 62,32 45,70 38,85 S. Paraíso 76,33 58,57 46,95 Timóteo 57,47 47,07 40,80 Minas Gerais 65,43 54,94 44,01 Brasil 63,57 52,84 45,92 Fonte: IBGE, Atlas PNUD,

49 7.1.2 Indicadores de Mortalidade Taxa de Mortalidade Infantil TMI A TMI é definida como o número de óbitos em menores de um ano de idade, para cada grupo de mil nascidos vivos na população residente em determinado espaço geográfico, e em determinado período de tempo (. Ela reflete, de maneira geral, as condições de desenvolvimento socioeconômico e de infraestrutura ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna e da população infantil. A TMI é subdividida em dois componentes, de acordo com a idade de ocorrência do óbito: a mortalidade Neonatal (óbitos infantis de 0 a 27 dias de vida) e a Pós- Neonatal (28 a 364 dias). A mortalidade neonatal, por sua vez, subdivide-se em dois componentes: a mortalidade neonatal precoce (0 a 6 dias de vida) e a mortalidade neonatal tardia (de 7 a 27 dias de vida)(idb, 2012). A magnitude da TMI depende da combinação de fatores socioeconômicos relacionados às condições de vida e a fatores relacionados à atuação dos serviços de saúde. Em relação a esse indicador, a tendência de queda encontrada em todo o país também se mostra presente nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço. Em 2000, a TMI para o país foi de 26,1 óbitos infantis por mil nascidos vivos. No período de 2000 a 2010, ocorreu redução de 63,1% no valor dessa taxa, que passou para 16 óbitos/1.000 nascidos vivos em O comportamento da TMI do Estado assemelha-se ao do país, com redução de 58,6% no decênio. O referido indicador também apresentou redução em quase todos os municípios da RMVA, à exceção do município de Santana do Paraíso, que registrou aumento de 238,8% da TMI no decênio. O maior percentual de redução da TMI foi observado no município de Timóteo (-45,2%). Salienta-se que apesar de o município de Santana do Paraíso ter registrado elevação do indicador (TMI) no decênio ( ), é ele o que apresenta a TMI mais baixa entre os municípios da RMVA, ficando também abaixo dos valores do estado e do país. Por sua vez, o município de Timóteo, que registrou redução no valor da TMI no decênio, é o que apresentou o pior índice dentre os universos comparados. Todavia, esses resultados apontam para a mesma inversão encontrada nos indicadores de longevidade, pois em 2000, os indicadores de Timóteo estavam entre os melhores da região e em 2010, embora tenham apresentado queda em relação ao decênio anterior, ficaram entre as piores da RMVA. 483

50 Em 2011, verifica-se elevação do indicador nos municípios de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Santana do Paraíso. Dentre os três municípios da RMVA que apresentaram elevação do indicador, destaca-se o município de Santana do Paraíso, por registrar o pior indicador entre todos os universos comparados, ultrapassando, até mesmo os valores registrados no estado de Minas Gerais e no país. O único município da RMVA a apresentar redução do indicador foi o município de Timóteo. Já em 2012, observa-se redução dos valores do indicador em todos os municípios da RMVA (Gráfico 35). A redução da taxa de fecundidade, a expansão dos serviços de saúde e de outros benefícios sociais associados ao acesso a novas tecnologias em saúde vem contribuindo para o decréscimo da mortalidade infantil no país, bem como na RMVA. É importante salientar, por um lado, que quando indicadores encontram-se em patamares próximos aos desejáveis, é normal que a velocidade da queda (ou da elevação, dependendo do indicador), diminua e se estabilize, necessitando de maiores investimentos para garantir uma melhora significativa desses indicadores. Por outro lado, como a queda da posição de Timóteo em relação a diferentes indicadores, sinaliza-se a uma possível queda de investimento na área da saúde, associada a problemas de gestão da política, e a subsequente queda no acesso e na qualidade dos serviços de saúde ofertados à população, principalmente no que se refere à atenção básica. Como anteriormente exposto, a melhoria nos serviços de saúde, em especial na cobertura da atenção básica com a extensão da cobertura da Estratégia Saúde da Família, pode ajudar a explicar a melhoria do indicador na RMVA. Vale ressaltar que o percentual de cobertura da ESF tem-se elevado em todos os municípios da RMVA, como será demonstrado adiante. Porém, verifica-se que os serviços de atenção secundária e terciária não apresentaram evolução na mesma proporção que os de atenção primária. A maior dificuldade dos municípios da RMVA em relação à assistência ao pré-natal está relacionada à atenção secundária, dispensada às mulheres classificadas como de alto risco gestacional. Para a organização dos serviços faz-se necessária a contratação de ginecologista obstetra, profissional que se encontra em número reduzido nos serviços públicos de saúde da região. Tal deficiência obriga as gestantes a procurarem atendimento nos hospitais da região. Além disso, não há equipamentos públicos, em nenhuma das esferas governamentais, destinados especificamente ao atendimento de intercorrências durante a gestação. Há a aproximadamente 100 quilômetros de distância da RMVA, em Governador Valadares, um equipamento denominado Centro Viva Vida de Referência Secundária, 484

51 que embora seja destinado à cobertura da população da macrorregional de Governador Valadares a atende quase exclusivamente à população do município sede. O Hospital Márcio Cunha é referência regional para realização de parto de alto risco, mas não há pactuação dos municípios, do estado e/ou do governo federal com o mesmo para acompanhamento de tais gestantes, ficando sob a responsabilidade de cada município. O referido hospital é também referência para realização de partos de risco habitual para todos os municípios da microrregião de Ipatinga. Já para os municípios pertencentes à microrregional de saúde de Coronel Fabriciano, o Hospital e Maternidade Vital Brazil (HMVB) é a referência. De acordo com informações da Superintendência Regional de Saúde de Coronel Fabriciano, o HMC recebeu recursos de custeio, no valor de R$ ,00 33 do governo federal, através da Rede Cegonha, para aquisição de equipamentos e material permanente para 5 leitos de UTI neonatal. Já o HMVB recebeu recursos do governo estadual, no valor de R$ ,00para implantação de 7 leitos de UTI neonatal e mais 4 leitos pediátricos. O alto percentual de óbitos ocorridos no período neonatal precoce - de 0 a 6 dias de vida da criança - reflete de maneira geral as condições socioeconômicas e de saúde da mãe, bem como a inadequada assistência pré-natal, ao parto e ao recém nascido. Esses fatores indicam a importância de se investir na melhoria da assistência à saúde dispensada a esse público, melhorando a infraestrutura dos serviços de saúde e qualificando os profissionais que atuam na atenção à saúde da mulher durante a gravidez, parto e puerpério icipio=4625&municipio=ipatinga&codorgao=&orgao=&tipoconsulta=0&periodo=. Acesso em 18/07/

52 Taxa de Mortalidade Infantil Gráfico 35 Taxa de Mortalidade Infantil, RMVA, 2000, 2010 a 2012, Brasil e Minas Gerais, 2000, 2010 a CORONEL FABRICINAO 19,9 14,0 15,5 12,9 IPATINGA 13,7 11,5 11,7 9,3 SANTANA DO PARAÍSO 2,3 7,8 17,8 4,3 TIMÓTEO 29,7 20,5 16,8 11,8 BRASIL 26,1 16,0 15,3 MINAS GERAIS 25,7 16,2 15,5 Fonte: RMVA: SIAB/SINASC/SIM/DATASUS. Brasil e Minas Gerais: IDB-2012, 2014 As taxas de mortalidade infantil registradas nas cidades que compõem o colar metropolitano da RMVA também apresentam tendência de queda. Contudo os valores podem ser considerados preocupantes no sentido de que em vinte municípios registram-se taxas mais altas que a média estadual e em treze municípios tem-se média de morte infantil mais alta que a média brasileira, a exemplo do município de Marliéria que apresenta a taxa de mortalidade infantil mais alta da região, 25 por mil nascidos vivos. Taxas elevadas como essa apontam para sérias deficiências na atenção básica à saúde nesses municípios e geram sobrecarga nos serviços de saúde da RMVA, os únicos capacitados a lidarem com atendimento ao alto risco e outras complicações, o que constitui a referência terciária para a região. 486

53 MUNICÍPIO CEL. FABRICIANO IPATINGA SANTANA DO PARAÍSO TIMÓTEO Tabela 72 Taxa de Mortalidade Infantil, segundo componentes, RMVA, 2000, 2010 a FAIXA ETÁRIA - DIAS ANO n % n % n % n % 0 A ,4 8 42,1 5 20, ,4 7 A ,9 2 10, ,8 1 5, ,7 9 47,4 8 33,3 5 26,3 0 A , , , ,4 7 A ,4 6 15,4 6 14,6 4 12, , , ,4 9 28,1 0 A ,9 2 66,7 2 25,0 1 50,0 7 A ,6 0 0,0 3 37,5 0 0, ,6 1 33,3 3 37,5 1 50,0 0 A , , ,6 5 38,5 7 A ,6 3 15,8 5 27,8 2 15, ,6 5 26,3 3 16,7 6 46,2 Fonte: RMVA: SIAB/SINASC/SIM/DATASUS Os três últimos indicadores de saúde infantil apresentados na Tabela 73, abaixo, referem-se à taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos, crianças menores de 5 anos com baixo peso para a idade, dado indicativo que serve como indicador de desnutrição e que reflete, principalmente, as condições de pobreza e à proporção de crianças e, por último a proporção de crianças com esquema vacinal básico em dia, indicador ligado à cobertura dos serviços de saúde. Em relação à desnutrição infantil, Santana do Paraíso registrou a pior taxa dentre os municípios da RMVA, no período de 2007 a 2009, acima dos valores encontrados para o estado e o país, o que pode ser explicado pelo fato de o município ser o mais pobre dentre os quatro analisados. Já em relação à cobertura vacinal, Santana do Paraíso, assim como em relação a outros indicadores de cobertura dos serviços, apresenta o melhor índice e Timóteo o pior. No entanto, todos os municípios da região apresentam proporção de cobertura vacinal superior às médias do estado e do país. É importante observar que a queda da mortalidade infantil e da mortalidade entre crianças até cinco anos de idade relacionam-se a avanços na área da saúde e a melhoria das condições de vida da população. 487

54 Tabela 73 Indicadores relacionados à saúde de crianças menores de 5 anos de idade, para os Municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil, entre 2000 e Crianças Crianças Taxa de Taxa de Crianças Cidades da menores de 5 Crianças com com mortalidade mortalidade de menores de 5 RMVA anos com esquema esquema de crianças crianças anos com baixo Minas Gerais baixo peso vacinal básico vacinal menores de 5 menores de peso para idade e para idade em dia (%) básico em anos 5anos (%) Brasil (%) (2004) dia (%) (2000) (2010) (2007-9) ( ) (2009) Cel. Fabriciano , , ,5 Ipatinga , , ,1 Stna. Paraíso ,4-6, ,0 Timóteo , , ,9 Minas Gerais ,3 4,3* 96,7 Brasil ,8 4,7* 93,5 Fonte:< *Dados de Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas Em relação ao perfil da mortalidade na região, de acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) de 2012 apresentados na Tabela 6, as doenças do sistema circulatório são as principais causas de morte nos municípios da RMVA, seguida pelas neoplasias, assim como ocorre em Minas e no Brasil como um todo. Esses dois grupos de doenças correspondem a quase 50% do total de óbitos ocorridos em A mortalidade por causas externas e por doenças do aparelho respiratório ocupam, respectivamente, a terceira e quarta posições no ranking de mortalidade proporcional por grupo de causas nos municípios de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Santana do Paraíso. Em Timóteo ocorre inversão das posições: a mortalidade proporcional por doenças do aparelho respiratório se apresentam em terceiro lugar e as doenças por causas externas em quarto lugar, seguindo padrão observado no estado de Minas Gerais. O padrão de mortalidade apresentado na RMVA é reflexo das transformações na estrutura populacional ocorrida nos últimos anos, com queda da taxa de natalidade e em menor grau da taxa de mortalidade. Paralelamente a isso, tem-se verificado aumento da esperança de vida ao nascer, refletindo o processo de envelhecimento da população, com aumento da população de idosos. Aliado a isso, tem-se a existência de uma parcela significativa da população em idade jovem, fazendo com que o nosso perfil de mortalidade se caracterize como misto, uma vez que, por um lado, apresenta semelhanças com países mais desenvolvidos, com população mais velha e com condições melhores de vida, e, por outro, mantém-se significativas algumas causas de mortalidade associadas à pobreza, falta de estrutura urbana e de serviços básicos, assim como ao alto índice de violência urbana e de mortes no trânsito. 488

55 Conclui-se, portanto, que os municípios da RMVA apresentam indicadores de mortalidade semelhantes aos de países desenvolvidos, caracterizados pela prevalência das causas de mortalidade ligadas ao envelhecimento, como doenças do aparelho circulatório e neoplasias, combinadas altas taxas de mortalidade decorrentes da violência urbana e no trânsito. O impacto desses fatores de mortalidade sobre o planejamento dos serviços da saúde na região é vasto, ainda mais considerandose que as cidades da RMVA são atravessadas por uma das principais vias de transporte nacional, tornando-se fundamentais os investimentos em programas de educação para o trânsito, de controle e fiscalização do tráfego e em serviços de emergência e urgência para atendimento às vítimas de acidentes de trânsito. Há ainda que se aprimorarem as políticas de segurança pública, dado o crescimento do número de crimes violentos na RMVA, notadamente de homicídios seguindo o padrão nacional. Tabela 74 Mortalidade proporcional, por grupo de causas, segundo capítulo CID-10, municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil, Grupo de Causas, segundo Cap. CID 10 Cel. Fabriciano Ipatinga Sant. do Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil n % n % n % n % n % n % I. Algumas doenças infec. e parasitárias 37 5,5 70 5,7 6 4,6 27 6, , ,5 II. Neoplasias (tumores) , , , , , ,3 III. Doenças sangue órgãos hemat. e transt imunitários 8 1,2 5 0,4 0 0,0 4 0, , ,6 IV. Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 40 5,9 63 5,1 8 6,1 33 7, , ,6 V. Transtornos mentais e comportamentais 9 1,3 18 1,5 2 1,5 10 2, , ,1 VI. Doenças do sistema nervoso 13 1,9 35 2,9 1 0,8 14 3, , ,6 VII. Doenças do olho e anexos 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 3 0,0 38 0,0 VIII.Doenças do ouvido e da apófise mastóide 0 0,0 1 0,1 0 0,0 0 0,0 15 0, ,0 IX. Doenças do aparelho circulatório , , , , , ,1 X. Doenças do aparelho respiratório 77 11, , , , , ,5 XI. Doenças do aparelho digestivo 34 5,0 71 5,8 3 2,3 24 5, , ,5 XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 5 0,7 6 0,5 0 0,0 3 0, , ,3 XIII.Doenças sist osteomuscular e tec conjuntivo 2 0,3 5 0,4 0 0,0 3 0, , ,4 XIV. Doenças do aparelho geniturinário 15 2,2 31 2,5 5 3,8 19 4, , ,5 XV. Gravidez parto e puerpério 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 86 0, ,1 XVI. Algumas afec originadas no período perinatal 11 1,6 19 1,5 2 1,5 6 1, , ,1 XVII.Malf cong deformid e anomalias cromossômicas 8 1,2 8 0,7 0 0,0 0 0, , ,0 XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 85 12, , , , , ,7 TOTAL Fonte: SIM/DATASUS, 2014 Legenda: Posição no ranking de Mortalidade Proporcional por Grupo de Causas, segundo Capítulo CID-10 1º 2º 3º 489

56 As neoplasias representaram a segunda causa de óbito em 2012, com 476 registros. Dentre elas se destacam as neoplasias malignas representando 97,5% do total de óbitos deste grupo. As neoplasias malignas cuja localização é especificada foram responsáveis por 83,4% dos óbitos. Destacam-se neste grupo as neoplasias malignas dos órgãos digestivos e do parelho respiratório, ocupando a primeira e a segunda posição. As neoplasias de mama e dos órgãos genitais, masculino e feminino, ocupam as posições subsequentes no ranking. Ressalta-se que o câncer do colo de útero é um tipo de óbito evitável quando diagnosticado e tratado precocemente, diferentemente de outros tipos de neoplasias, pois ele apresenta um longo período de evolução, com lesões precursoras que podem ser detectadas em fase inicial. Já em relação ao câncer de mama, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2012), a prevenção primária dessa neoplasia ainda não é totalmente possível em razão da variação dos fatores de risco e das características genéticas que estão envolvidas na sua etiologia. No Brasil, o exame clínico anual das mamas e o rastreamento são estratégias recomendadas para o controle do câncer da mama. O Centro de Oncologia e Radioisótopos da Fundação São Francisco Xavier é a referência dos municípios da RMVA para atendimento à população acometida. Tabela 75 Óbitos, segundo capítulo II do CID-10, RMVA, ÓBITOS SEGUNDO CAP. II CID-10 FREQUÊNCIA Neoplasias malignas 465 Neoplasias malignas de localização especificada 388 Neoplasias malignas dos órgãos digestivos 156 Neoplasias malignas do aparelho respiratório e órgãos intrato 56 Neoplasias malignas da mama 41 Neoplasias malignas dos órgãos genitais masculino 37 Neoplasias malignas dos órgãos genitais feminino 32 Neoplasias malignas do lábio, cavidade oral e faringe 20 Neoplasias malignas dos olhos, encéfalo outras partes do SNC 17 Neoplasias malignas do trato urinário 15 Outras Neoplasias 14 Neoplasia malignas locais mal definidos, secundários e locais não especificados 32 Neopl malignas do tecido linfático, hematopoiético e correlato 45 Neoplasias in situ 2 Neoplasias benignas 2 Neoplasias de comportamento incerto ou desconhecido 7 TOTAL 476 Fonte: SIM/DATASUS, 2014 A terceira principal causa de óbito na RMVA em 2012 são as denominadas causas externas, segundo CID-10. Essas correspondem a 13,5% do total de óbitos. Dentre essas, os acidentes representaram 490

57 42,9%, com 143 registros; e as agressões 42,6%, com 142 registros. Os acidentes de transporte foram os mais prevalentes (86), seguido pelas causas externas de traumatismo acidental (57). Os indicadores acima expostos evidenciam a necessidade premente de efetivação da Rede de Urgência e Emergência Macrorregião Leste, já aprovada, e com previsão de funcionamento em Tabela 76 Óbitos, segundo capítulo XX do CID-10, RMVA, ÓBITOS SEGUNDO CAP. XX CID-10 FREQUÊNCIA Acidentes 143 Acidentes de transporte 86 Pedestre traumatizado em acidente de transporte 7 Ciclista traumatizado em acidente de transporte 3 Motociclista traumatizado em um acidente de transporte 15 Ocupante automóvel traumatizado em acidente transporte 24 Ocupante veículo de transp. pesado traumatizado 2 Ocupante ônibus traumatizado acidente de transporte 1 Outros acidentes de transporte terrestre 33 Outros acidentes de transporte e os não especificados 1 Outras causas externas de traumatismos acidental 57 Quedas 25 Exposição a forças mecânicas inanimadas 14 Afogamento e submersão acidentais 8 Outros riscos acidentais à respiração 5 Exposição à fumaça, ao fogo e às chamas 2 Contato com animais e plantas venenosos 2 Envenenamento acidental e exposição subst noci 1 Lesões autoprovocadas intencionalmente 17 Agressões 142 Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada 31 TOTAL 333 Fonte: SIM/DATASUS, Indicadores de Cobertura Os indicadores de cobertura analisados a seguir se referem à cobertura populacional da ESF, à cobertura de consultas pré-natal, e ao número de internações por habitante Cobertura Populacional da Estratégia Saúde da Família A Saúde da Família surge como uma estratégia prioritária do Ministério de Saúde para reorganização da Atenção Básica no país. Seu principal objetivo é a substituição do modelo tradicional de assistência, 491

58 orientado para cura de doenças para um novo modelo centrado na família, entendida e percebida em seu ambiente físico e social, o território. O histórico de implantação das equipes de Saúde da Família (SF) na RMVA data de 1998, de acordo com dados publicados pelo Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministério da Saúde. O município de Santana do Paraíso é o que apresenta maior cobertura da ESF durante todo o período analisado (1998 a 2014), com exceção do ano 2005, no qual o percentual de cobertura populacional se reduziu, ficando abaixo dos registrados em Ipatinga e Timóteo. Ao longo do período ( ) Santana do Paraíso registra percentual de cobertura da ESF superior ao do país e estado de Minas Gerais (Gráfico 36 e Tabela 77). Em Coronel Fabriciano o processo de implantação das equipes de SF se deu de forma mais lenta. Observa-se que de 1999, data da primeira equipe implantada, até 2007 o município permaneceu quase sempre com apenas uma equipe de ESF, cobrindo menos de 4% da população do território. Em 2008 o processo de implantação das equipes de SF começou a se acelerar: no período de 2008 a 2014 o município passou de 2 equipes implantadas para 16. Em abril de 2014, mais de 50% da população já estava coberta pela ESF, assim como nos demais municípios da RMVA. Por sua vez, Ipatinga e Timóteo apresentam perfis semelhantes em termos cobertura da ESF, com crescimento gradual ao longo do período. Em 2014, verifica-se aumento na cobertura populacional da ESF em todos os municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil. Os Programas de incentivo e valorização dos profissionais na atenção básica, como o PROVAB e Mais Médicos do Governo Federal foram fundamentais para a expansão da cobertura da ESF na RMVA. Todos os municípios da RMVA possuem profissionais dos referidos programas, sobretudo médicos. Prevê-se que em Coronel Fabriciano o número de equipes da ESF chegará a 30 ainda em Ressalta-se que a região, à semelhança do que ocorre em todo território nacional, padece de significativa rotatividade de profissionais que atuam nas equipes de SF, principalmente médicos, enfermeiros e, em menor grau, de agentes comunitários de saúde. Essa rotatividade se explica, em parte, pela falta de política de recursos humanos que garanta a estabilidade ao profissional, bem como pela deficiência na formação acadêmica dos profissionais para atuação na atenção primária. 34 Disponível em: Acessado em 18/07/

59 Gráfico 36 Cobertura populacional da ESF, RMVA, 1998 a CORONEL FABRICIANO IPATINGA SANTANA DO PARAÍSO TIMÓTEO Fonte: MS/SAS/DAB e IBGE, 2014 Tabela 77 Cobertura populacional da ESF, RMVA, Minas Gerais e Barsil, 1998 a abril de ANO BRASIL MINAS GERAIS CORONEL FABRICIANO IPATINGA SANTANA DO PARAÍSO TIMÓTEO ,7 13,8 0,0 0,0 21,4 2, ,2 15,6 0,6 0,0 21,4 5, ,2 20,8 3,6 0,0 32,3 4, ,4 24,8 3,5 0,0 37,0 4, ,8 37,1 3,5 12,2 61,4 22, ,9 44,3 3,5 26,8 72,3 30, ,8 49,4 3,7 31,9 58,9 36, ,6 52,3 4,0 38,3 29,2 36, ,3 57,4 3,4 37,5 60,6 29, ,0 58,6 3,3 41,7 59,8 31, ,5 61,6 10,1 42,2 61,7 32, ,8 63,8 13,2 49,5 56,1 44, ,8 66,7 13,2 50,5 62,8 58, ,0 68,8 13,2 46,0 79,2 57, ,3 70,6 28,2 44,8 70,4 65, ,6 70,9 48,5 40,9 73,1 57, ,6 73,3 49,5 52,0 84,3 60,5 abr/14 58,0 73,9 52,7 53,8 84,3 58,4 Fonte: MS/SAS/DAB e IBGE, Cobertura de Consultas Pré-natal Em relação ao atendimento da mulher durante a gravidez, medido pelo percentual de nascidos vivos cujas mães passaram por sete consultas ou mais no pré-natal, apresentou crescimento em todos os 493

60 municípios da RMVA, estado e país no período em análise (2001 e 2011). O maior percentual de crescimento no decênio foi verificado no município de Santana do Paraíso, registrando aumento de 157,4%. Nesse quesito, apenas o município de Coronel Fabriciano apresentou cobertura no pré-natal um pouco inferior ao percentual registrado no estado de Minas Gerais em 2011,, ainda que acima da média nacional, como todos os demais municípios da RMVA. É importante lembrar que o investimento no atendimento pré-natal é um serviço de atenção básica à saúde, e que a sua qualidade natal é fundamental para a redução da morbimortalidade materna e infantil, reduzindo gastos com UTI por causas obstétricas e por afecções perinatais. Embora os indicadores apresentados evidenciem a elevação do percentual de gestantes que realizaram 7 ou mais consultas durante a gestação, há que se atentar para a qualidade do atendimento pré-natal e no parto. Isso porque os indicadores de mortalidade neonatal ainda se mostram elevados. Tabela 78 Percentual de nascidos vivos de mães que realizaram 7 ou mais consultas, RMVA, Minas Gerais e Brasil, 2000 e Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Coronel Fabriciano 42,6 64,5 Ipatinga 39,8 71,6 Santana do Paraíso 29,6 76,2 Timóteo 40,3 72 Minas Gerais 45,8 71 Brasil 45,5 61,3 Fonte: SINASC/DATASUS, Número de Internações Hospitalares por Habitante O número médio de internações mede a relação de internações hospitalares financiadas pelo Sistema Único de Saúde, para cada grupo de 100 habitantes e a população residente na área geográfica, no ano considerado. Na Tabela 79 registram-se valores do indicador Número de Internações Hospitalares por 100 habitante dos municípios da RMVA, do estado de Minas Gerais e Brasil, nos anos analisados. Verificase na referida tabela tendência de queda no número de internações para todos os municípios da RMVA e o país no período de 2010 a O maior número de internações por habitante ocorre no município de Ipatinga, em todos os anos e a menor em Timóteo. 494

61 Tabela 79 Internações por 100 habitantes, RMVA, Minas Gerais, Brasil, 2010 a Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil n Int./100 hab 2011 Int./100 hab 2012 Int./100 hab 2013 Int./100 hab Coronel Fabriciano , , , ,1 Ipatinga , , , ,3 Santana do Paraíso , , , ,3 Timóteo , , , ,6 Minas Gerais , , , ,1 Brasil , , , ,0 Fonte: SIH-SUS/DATASUS, Indicadores de Morbidade Proporção de Internações por grupo de causas Na Tabela 80, abaixo, apresentam-se os principais grupos de causas de internações hospitalares em 2013 para os municípios da RMVA, Minas Gerais e Brasil, segundo local de residência dos internados. A principal causa de internação na região, no estado e no país está relacionada à gravidez, ao parto e ao puerpério, que respondem por um quinto de todas as internações pelo Sistema Único de Saúde. Em relação às outras causas de internação hospitalar, os indicadores da região não diferem substancialmente do encontrado para o estado e a para o país. Após as internações ligadas a causas obstétricas, as doenças do aparelho circulatório são a segunda causa mais comum de internação em Minas e na região; e doenças do aparelho respiratório a terceira, no município de Ipatinga e no estado, e a segunda no país. Nos municípios de Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso a terceira posição é ocupada por lesões, envenenamento e outras consequências de causas externas e em Ipatinga essa posição é ocupada pelas doenças do aparelho digestivo. Estes dados refletem o perfil de morbimortalidade de uma população em processo de envelhecimento. No entanto, devido tanto às altas taxas de homicídio no país quanto às de acidentes de trânsito, as internações segundo o capítulo XIX do CID-10, disputam o terceiro e quarto lugares em três municípios da RMVA, no estado e no país, constituindo uma causa importante de mortalidade, como será discutido mais adiante. A proporção de internações por neoplasias ocupa a terceira posição nos municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo, registrando percentuais acima dos registrados no estado (6,7%) e no país (6,2%). 495

62 Tabela 80 Principais grupos de causa de internação, RMVA, Minas Gerais e Brasil, Coronel Santana do Principais Grupos de Causa Ipatinga Timóteo MG Brasil Fabriciano Paraíso II. Neoplasias 10,3 10,4 IX. Doenças do aparelho circulatório 12,8 11,8 11,8 13,2 13,1 10,1 X. Doenças do aparelho respiratório 10,7 8,2 11,3 11,8 XI. Doenças do aparelho digestivo 9,2 9,4 8,8 10,9 9,4 9,3 XV. Gravidez parto e puerpério 18,9 17,3 21,4 20,9 17,7 20,7 XIX. Lesões envenenamento e outras consequências de causas externas 10,6 10,3 11,3 10,2 10,2 9,4 Fonte: SIH-SUS/DATASUS, 2014 Legenda: Posição no ranking dos principais grupos de causa de internação 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª Indicadores de Recursos Os Indicadores de Recursos medem a oferta de recursos humanos, físicos e financeiros para atendimento às necessidades básicas de saúde da população na área geográfica referida. Serão analisados neste diagnóstico os seguintes Indicadores de Recursos: Número de profissionais de saúde por mil habitantes; Número de leitos hospitalares por mil habitantes; e Gasto público em saúde per capta Número de Profissionais de Saúde por Habitante O indicador número de profissionais de saúde por mil habitantes mede o quantitativo de profissionais de saúde, por categorias selecionadas, segundo a sua localização geográfica (RIPSA, 2012). A análise deste indicador deve ser realizada com cautela, considerando que alguns profissionais podem ter sido contados mais de uma vez, principalmente médicos, devido ao número de vínculos do profissional. Apesar dessa limitação do dado, decidiu-se por utilizá-los como um parâmetro para avaliar a cobertura dos serviços, uma vez que permite proceder-se com a comparação entre os municípios da região, e destes com o estado e o país.. Os dados apresentados na Tabela 81 foram disponibilizados pelo Datasus e se referem ao número de médicos, enfermeiros e dentistas para cada grupo de habitantes período de 2010 a O município de Ipatinga destaca-se por possuir a maior razão de número de médicos por mil habitantes dentre os municípios da RMVA em quase todos os anos da série em análise, a exceção de 2010, no qual o município de Coronel Fabriciano foi destaque. Os valores registrados em Ipatinga e Coronel Fabriciano são superiores ou muito próximos aos registrados em Minas Gerais e no Brasil, no período 496

63 analisado. Diferentemente, os municípios de Timóteo e Santana do Paraíso que registram os menores índices da RMVA. Em Santana do Paraíso os únicos médicos presentes no município são aqueles que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). O nível de oferta de enfermeiros na RMVA, em princípio, deveria ser maior que a de médicos, visto que a região possui três instituições universitárias que ofertam o curso de enfermagem, mas a situação é inversa. Existem aproximadamente 1,9 médicos para cada enfermeiro na RMVA. Esse desequilíbrio decorre do fato de a maior parte do trabalho de enfermagem ser realizado por técnicos e auxiliares de enfermagem. O enfermeiro que não está inserido no mercado de trabalho, não é registrado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e, portanto, não é contabilizado. Em relação à razão do número de dentistas por mil habitantes Ipatinga registra índice acima da média estadual e nacional e em Timóteo os valores ficam próximos à média nacional, enquanto que em Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso tal índice se encontra-se abaixo das unidades de comparação. Destaca-se que somente os municípios de Ipatinga e Santana do Paraíso possuem equipes de saúde bucal na estratégia saúde da família. O número reduzido de equipes de saúde bucal ou a falta dela na estratégia saúde da família não está relacionada a falta do profissional no mercado de trabalho e, sim, a forma de financiamento das equipes. O Governo Federal disponibiliza um valor de R$7.000,00 em parcela única para implantação da equipe e, recursos mensais de custeio de R$2.100,00 para as equipes de saúde bucal modalidade tipo I 35 e R$2.800,00 para as equipes de saúde bucal modalidade tipo II 36. O baixo valor do repasse, Esse fato representa, assim, um dificultador para o aumento da cobertura do programa de saúde bucal no âmbito da Estratégia Saúde da Família. 35 Equipe de Saúde Bucal Modalidade I Formada por cirurgião dentista e auxiliar de saúde bucal. 36 Equipe de Saúde Bucal Modalidade II formada por cirurgião dentista, auxiliar de saúde bucal e técnico em saúde bucal. 497

64 Tabela 81 Número de Profissionais de Saúde por habitantes, RMVA, Minas Gerais e Brasil, 2010 a ANO POPULAÇÃO CORONEL FABRICIANO ENFERMEIRO DENTISTA MÉDICO N ENF/1.000 HAB. N DENT/1.000 HAB N MED/1.000 HAB , , , , , , , , , , , ,5 ANO POPULAÇÃO IPATINGA ENFERMEIRO DENTISTA MÉDICO ENF/1.000 HAB. N DENT/1.000 HAB N MED/1.000 HAB , , , , , , , , , , , ,7 ANO POPULAÇÃO SANTANA DO PARAÍSO ENFERMEIRO DENTISTA MÉDICO N ENF/1.000 HAB. N DENT/1.000 HAB N MED/1.000 HAB , ,37 6 0, , ,36 6 0, , ,38 7 0, , ,43 6 0,2 ANO POPULAÇÃO TIMÓTEO ENFERMEIRO DENTISTA MÉDICO N ENF/1.000 HAB. N DENT/1.000 HAB N MED/1.000 HAB , , , , , , , , , , , ,8 ANO POPULAÇÃO MINAS GERAIS ENFERMEIRO DENTISTA MÉDICO N ENF/1.000 HAB. N DENT/1.000 HAB N MED/1.000 HAB , , , , , , , , , , , ,7 ANO POPULAÇÃO BRASIL ENFERMEIRO DENTISTA MÉDICO N ENF/1.000 HAB. N DENT/1.000 HAB N MED/1.000 HAB , , , , , , , , , , , ,6 Fonte: CNES/DATASUS/IBGE,

65 Número de Leitos por Habitante O indicador número de leitos por habitante mede a disponibilidade de leitos hospitalares públicos e privados, segundo a localização geográfica. O referido indicador possui como limitação o fato dos leitos poderem ser usados por pessoas não residentes, distorcendo a disponibilidade dos serviços para a população residente (RIPSA, 2012). Um dos maiores problemas da região pode ser identificado no baixo número de leitos hospitalares disponíveis, especialmente para o atendimento pelo SUS. Ipatinga detém a maior razão de número de leitos por mil habitantes para a região, com 2,20 leitos para mil habitantes, acima da média do estado e um pouco abaixo da registrada no país. O número de leitos vinculados ao SUS, em Ipatinga é de 1,7 leitos por habitantes. Nos demais municípios da RMVA a situação é bastante crítica, com Timóteo apresentando uma razão de 0,8 leitos por habitantes, sendo 50% vinculados ao SUS, seguido por Coronel Fabriciano apresentado uma razão de 0,64 leitos por mil habitantes, com apenas 0,3 leitos para cada grupo de habitantes vinculados ao SUS. O município de Santana do Paraíso não possui hospital em seu território e, portanto, não possui nenhum leito disponível, o que certamente contribui para sobrecarregar o atendimento nos municípios vizinhos. Tabela 82 Número de leitos por habitantes, RMVA, Minas Gerais e Brasil, LOCAL 2013 SUS NÃO SUS TOTAL LEITOS HAB. Cel. Fabriciano ,64 Ipatinga ,20 Timóteo ,80 Minas Gerais ,08 Brasil ,25 Fonte: CNES/DATASUS, Gasto público em saúde per capita O município de Ipatinga é o que registra maior gasto público em saúde por habitante. Em 2013 o valor gasto por habitante chegou a ser mais de três vezes o valor gasto em Coronel Fabrianoe mais do dobro de Santana do Paraíso. O município de Timóteo é o segundo em investimento público em saúde. O maior investimento que o município de Ipatinga faz no tocante à saúde da população pode também ser observado na alta concentração de leitos hospitalares nesse município, como já discutido anteriormente, bem como nos serviços especializados. Esse tipo de concentração dos serviços de 499

66 saúde não constitui necessariamente um problema se o fluxo dos pacientes, o acesso aos serviços e o pagamento pelos serviços prestados forem organizados a partir de uma perspectiva metropolitana, por meio de consórcios e/ou outros instrumentos de gestão integrada. Tabela 83 Gasto público, RMVA, 2013 em saúde per capta. MUNICÍPIO ANO Coronel Fabriciano 158,42 183,63 208,22 227,82 Ipatinga 669,12 688,33 710,11 704,77 Santana do Paraíso 260,38 256,51 312,95 306,87 Timóteo 398,71 385,68 419,31 364,2 Fonte: Datasus, 2014 Ainda com relação aos gastos públicos em saúde, verifica-se que todos os municípios da RMVA investem mais do que é previsto na Lei Complementar nº 141 que regulamenta a emenda constitucional 29, que estabelece o percentual mínimo de investimento em saúde provenientes de recursos próprios. A referida lei estabelece que o município deve investir 15% da receita municipal em saúde e os estados e a união 12%. Tabela 84 Percentual de recursos próprios investidos em saúde, RMVA, 2010 a % DE RECURSOS PRÓPRIOS MUNICÍPIO Coronel Fabriciano 21 20,86 22,82 21,74 Ipatinga 24,82 25,33 23,01 22,97 Santana do Paraíso 18,03 18,74 21,02 21,8 Timóteo 20,32 19,6 21,98 21,17 Fonte: Datasus, 2014 Ressalta-se mais uma vez que o previsto envelhecimento da população requer que o planejamento à longo prazo das políticas de saúde tenha em vista respostas adequadas às necessidades específicas da população idosa, que demandará serviços de saúde em nível cada mais especializado. Todavia, não se pode perder de vista o imprescindível investimento na saúde preventiva e no atendimento básico, o que demanda expansão do número de postos de saúde e em equipes de saúde da família, fatores esses que não esbarram apenas em questões financeiras, mas também da disponibilidade de terrenos públicos na região e de profissionais qualificados na área de saúde. Neste último quesito, a demanda que se coloca não se restringe aos profissionais médicos, mas se estende a enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, dentre outros. Ainda em relação aos serviços de saúde, acompanhando sua expansão fazem-se necessários investimentos em serviços de laboratório e em outras formas de exames 500

67 complementares que possibilitam o diagnóstico correto de muitas doenças, e um maior investimento em serviços de urgência e emergência, com um serviço de SAMU único para a região, cortada por uma rodovia federal BR 381 caracterizada por intenso fluxo de veículos e expressivos índices de morbimortalidade decorrente de acidentes automobilístico. Finalmente, em relação à cobertura dos serviços de saúde, um aspecto final a ser destacado seria a garantia de acesso aos serviços de saúde necessários para os portadores de alguma deficiência física ou mental. Na Tabela 85 apresentamos os dados do Censo de 2010 referentes a prevalência de deficiência auditiva parcial ou total na RMVA, de deficiência motora parcial ou total, da deficiência visual total ou parcial e da deficiência mental. As necessidades desses grupos específicos devem ser consideradas e atendidas pelo sistema de saúde que além de garantir a atenção básica, deve oferecer serviços necessários à reabilitação, quando possível, e para a inserção social do deficiente, em conjunto com a escola, com vistas ao treinamento para uma vida o mais autônoma possível. Tabela 85 Proporção da População que Declarou ser Portadora de Alguma Deficiência nos Municípios da RMVA, 2010,. Deficiência Deficiência Deficiência Deficiência Deficiência Nenhuma Cidades Deficiência Deficiência auditiva auditiva motora motora visual dessas da RMVA visual total mental parcial total parcial total parcial deficiências Cel. 0,22 1,65 Fabrician o 5,62 0,11 7,43 0,46 18,23 75,95 0,21 1,45 4,98 0,15 6,23 0,38 16,61 Ipatinga 77,68 Stna. Paraíso Timóteo 5,44 0,06 7,37 0,33 18,00 4,58 0,15 6,31 0,37 14,65 Fonte: Dados dos censos demográficos ( 0,14 1,49 0,11 1,21 75,84 79, Segurança O estudo da criminalidade enfrenta um problema clássico que é a denominada cifra negra os crimes não registrados pelos órgãos de Segurança Pública. Para que um crime componha uma estatística ele precisa ser objeto de queixa da vítima ou da denúncia de outro cidadão ou, ainda, ser flagrado pela polícia. Como os criminosos tendem a esconder a sua atividade, e parte das vítimas, por razões diversas, não registram suas queixas, expressivo número de crimes não chega ao conhecimento da polícia e, por isso, não compõe as estatísticas relativas ao fenômeno. Essa subnotificação é atestada por pesquisas de vitimização, nas quais se pergunta à população do universo pesquisado se já foi vítima de algum tipo de crime. A recente Pesquisa Nacional de Vitimização (2013), realizada pelo Crisp (Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública) e Datafolha, por solicitação do Ministério da 501

68 Justiça, evidencia que 32,6% da população brasileira já fora vítima de algum crime; considerando-se os últimos 12 meses, esse percentual é de 21,0%. Constatou-se ainda, na referida pesquisa, que o crime mais comum é a agressão, seguida da discriminação e do furto de objetos. Note-se que, dentre os entrevistados que afirmaram terem sido vítimas de violência, apenas 19,9% registraram queixas 37. No entanto, não se observa correspondência entre os crimes mais comuns e as queixas. Roubo de carro e roubo de motos são os crimes que as pessoas mais denunciam 90,0% e 80,7%, respectivamente. Em seguida, aparecem os furtos de moto e carro 38. As agressões, o tipo de violência mais comum, correspondem a apenas 17,2% das queixas às autoridades policiais, ao passo que os furtos de objetos correspondem a 22,6%, e a discriminação corresponde a 2,1%. Os registros dos crimes também expressam a desigualdade social: as maiores taxas de notificação foram registradas entre pessoas da classe A (52,7%); entre os mais escolarizados (50,0%); e os que têm entre 25 e 34 anos (50,0%). Entre os motivos que levam as vítimas a deixarem de registrar a ocorrência o mais frequente é a crença de que a polícia nada pode fazer, em face da existência de testemunhas ou provas da ocorrência (24,7%); em segundo lugar, tem-se a visão, da vítima, de que a notificação não é importante (22,0%); a terceira principal motivação se refere à falta de confiança na polícia (15,5%) e, por último, a consideração da insignificância do bem roubado (15,0%). Os dados da referida pesquisa de vitimização expressam a importância e magnitude desse fenômeno social, o que reflete também na sensação de insegurança da população. Destaca-se, neste contexto, que somente 7,0% da população brasileira acredita que nunca será vítima de violência. Esse sentimento acaba por produzir mudanças no comportamento cotidiano das pessoas 64,3% dos entrevistados afirmaram que deixam de sair à noite; 53,7% deixam de frequentar certas partes da cidade; 51,6% que evitam conversar ou atender a pessoas estranhas (51,6%), entre outros comportamentos que empobrecem a vida urbana. Além de contribuir para o esvaziamento dos espaços públicos, as referidas mudanças comportamentais geram /ou reforçam desconfiança entre as classes sociais. Como tão bem mostrou a urbanista Jane Jacobs (2000), os espaços são tão mais inseguros quanto menos frequentados. Espaços com funções diversas, funcionado em diferentes horários, fazem com que as ruas tenham movimento e, por consequência, tornem-se mais seguras. 37 O universo da pesquisa se compôs de homens e mulheres com idade igual ou superior a 16 anos, residentes em municípios com mais de 15 mil habitantes na área urbana. 38 O roubo se distingue do furto por implicar em grave ameaça ou violência à vítima. Já o furto não o é. 502

69 Não sem razão, 73,0% dos entrevistados afirmaram que, dentre as mudanças de comportamento adotadas no espaço público, evitam frequentar locais desertos ou eventos com poucas pessoas circulando. Em razão dos fatores acima expostos, neste diagnóstico optou-se por tomar para análise os denominados crimes violentos, considerando-se que são estes os tipos que a população tende a registrar com maior frequência, e que a polícia toma conhecimento por diferentes meios (denúncias efetuadas pela vítima ou por outro cidadão, ou flagrantes da polícia). Consideram-se crimes violentos : o homicídio, tentado ou consumado; o roubo; o sequestro e o estupro Crimes Violentos na RMVA A Tabela 18, a seguir, apresenta dados relativos aos crimes violentos registrados pela 12ª Companhia de Polícia Militar de Minas Gerais, no período de 2010 a Observa-se que no período analisado o total de crimes violentos na RMVA cresceu 77,5%. Esse crescimento mostrou-se gradual ao longo da série, embora em maior proporção entre os anos 2012 e Em 2010, foram registrados 974 crimes violentos na RMVA, os quais elevaram-se a em 2011, a em 2012 e a 1.729, em Analisando a evolução do total de crimes violentos registrados em cada município do núcleo metropolitano, notam-se comportamentos específicos. Em Ipatinga e Coronel Fabriciano, o número total de crimes violentos ao longo da série analisada apresentou a mesma tendência da RMVA - cresceu gradualmente, embora em maior escala entre os anos 2012 e Em Coronel Fabriciano, registrouse o crescimento de 275,2% dos crimes violentos no período. Em Ipatinga, esse crescimento foi de 51,8%. Entre os anos de 2012 e 2013, o crescimento no número de crimes violentos nos referidos municípios Coronel Fabriciano e Ipatinga - foi de, respectivamente, 87,6% e 43,8%. Em Santana do Paraíso, registrou-se crescimento de 75,0% no número de crimes violentos entre os anos 2010 e 2013, proporção essa que decorreu, sobretudo, do aumento verificado entre os anos 2012 e Em Timóteo, por sua vez, registrou-se o menor crescimento relativo de crimes violentos no período analisado (27,0%), dentre os municípios do núcleo metropolitano. É interessante observar que, afora o crescimento de 33,3% registrado entre os anos 2010 e 2011, nos demais anos o total de crimes violentos se manteve relativamente estável. Neste último município, o pico da série foi registrado em 2011, com 124 crimes violentos, contra 93 em No ano 2012, esse número apresentou ligeira redução, declinando a 116, voltando a se elevar, também ligeiramente, no ano 2013, para 118 crimes violentos. 503

70 Tabela 86 Crimes Violentos na RMVA e nos Municípios do Núcleo Metropolitano, 2010 a Município Crimes violentos Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo RMVA Minas Gerais Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar, 2013 Gráfico 37 Número de Crimes Violentos, RMVA, Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo Fonte: Elaboração pela Unileste a partir dos dados da 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Tipologias de Crimes Violentos na RMVA Após verificar o crescimento no número total de crimes violentos registrados nos municípios do núcleo metropolitano, relativos ao período de 2010 a 2013, analisa-se a tipologia dos crimes violentos. Conforme já exposto, consideram-se crimes violentos o homicídio tentado ou consumado, o roubo, o sequestro e o estupro. O exame da Tabela 87, abaixo, possibilita notar que o roubo consumado é o tipo de crime mais frequente dentre os crimes violentos registrados na RMVA ao longo da série histórica em análise. Essa modalidade representou 73,4% do total de crimes violentos em 2010, elevou-se a 78,9% em 2011, declinou a 75,9% em 2012 e cresceu a 81,0% em Embora em termos proporcionais esse tipo de 504

71 crime violento não tenha variado expressivamente ao longo da série, a evolução dos números absolutos evidencia uma tendência de crescimento. Note-se que em 2010 foram registrados 715 roubos consumados contra em 2013, o que representa crescimento de 95,8%. Os homicídios tentados e os homicídios consumados aparecem, respectivamente, como os segundo e terceiro tipo de crimes violentos mais frequentes ao longo da série. Os homicídios tentados corresponderam, em média, a 12,1% das ocorrências registradas nos anos 2010 a 2013, proporção essa que se manteve com relativa estabilidade no conjunto das ocorrências do período. Todavia, esse tipo de ocorrência passou de 126 registros em 2010 para 193 em 2013, representando um crescimento de 53,2%. Os homicídios consumados também registraram crescimento no período analisado, passando de 81 em 2010 para 120 em Esse crescimento correspondeu, em termos relativos, a 48,1%. As categorias Sequestro e Cárcere Privado, Extorsão Mediante Sequestro e Estupro Tentado apresentaram baixas frequências comparadas às frequências das demais modalidades de crimes violentos na RMVA, no período em análise. Registraram-se 4 ocorrências de Sequestro e Cárcere Privado em 2010 e 5 em Em 2011 e 2012, não houve registro de tal ocorrência. Por sua vez, a modalidade Extorsão Mediante Sequestro teve um registro em Já as categorias relativas ao estupro estupro tentado e estupro consumado apresentaram tendência de queda ao longo da série. Note-se que em 2010, foram registrados 37 estupros consumados na RMVA, contra 11 em 2011, 13 em 2012, e 8 em O estupro tentado também registrou redução no número de ocorrências, passando de 11 em 2010, para 8 em 2011, 2 nos anos 2012 e

72 Tabela 87 Tipologias de Crimes Violentos nos Municípios do Núcleo da RMVA, 2010 a Tipo de Crime Violento 2010 % 2011 % 2012 % 2013 % Homicídio Tentado , , , ,2 Homicídio Consumado 81 8,3 92 8, , ,9 Sequestro e Cárcere Privado 4 0, ,3 Extorsão Mediante Sequestro ,1 Roubo Consumado , , , Estupro Tentado 11 1,1 8 0,8 2 0,2 2 0,1 Estupro Consumado 37 3,8 11 1,1 13 1,1 8 0,5 Total Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Evolução dos Crimes Violentos segundo a Tipologia nos Municípios do Núcleo Metropolitano A seguir, apresentam-se as análises relativas à evolução das tipologias de crimes violentos registrados nos municípios do Núcleo Metropolitano Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. Coronel Fabriciano Os indicadores constantes da Tabela 88, abaixo, evidenciam que o total de crimes violentos cresceu significativamente em Coronel Fabriciano, no período de 2010 a Observe-se que em 2010 foram registrados ao todo 117 crimes violentos no município, ao passo que em 2013 esse número elevou-se a 439. Tem-se, portanto, no período, o crescimento proporcional de 275,2% no número total de crimes violentos no município. Observando as tipologias de crimes violentos registrados no município no período em tela, observa-se um perfil de ocorrências similar ao verificado na RMVA como um todo. O roubo consumado ocupa a primeira posição no ranking das ocorrências de crimes violentos locais, tendo crescido em termos absolutos e proporcionais. Em 2010, foram registradas 71 ocorrências dessa modalidade de crime violento, contra 149 em 2011, 150 em 2012 e 325 em No período, o roubo consumado cresceu 357,7%, crescimento esse que se mostrou mais expressivo entre os anos 2010/2011 e 2012/2013. Os homicídios tentados ou consumados registraram crescimento ao longo da série em análise. Os homicídios tentados, que somavam 18 em 2010, passaram a 29 em 2011, a 42 em 2011 e, por fim, alcançaram 62 em No período, esse crescimento correspondeu a 244,4%. E ainda, os homicídios consumados cresceram em menor proporção se comparados aos homicídios tentados (125,0%), passando de 20 em 2010 para 35 em 2011, 41 em 2012 e 45 em

73 Tabela 88 Evolução dos Crimes Violentos em Coronel Fabriciano, 2010 a Tipo de Crime Violento 2010 % 2011 % 2012 % 2013 % Homicídio Tentado 18 15, , , ,1 Homicídio Consumado 20 17, , , ,3 Sequestro e Cárcere Privado ,7 Extorsão Mediante Sequestro Roubo Consumado 71 60, , , Estupro Tentado 1 0,9 1 0,5 1 0,4 1 0,2 Estupro Consumado , ,7 Total Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais Ipatinga A observação da Tabela 89, abaixo, possibilita notar que o total de crimes violentos cresceu em Ipatinga, no período de 2010 a Observe-se que em 2010 foram registrados ao todo 712 crimes violentos no município, ao passo que em 2013 esse número cresceu a Tem-se, portanto, no período, o crescimento proporcional de 51,8% no número total de crimes violentos no município. Também em Ipatinga, o roubo consumado configurou o mais frequente tipo de crime violento registrado no período 2010 a No primeiro ano da série histórica considerada (2010), foram registrados 548 roubos consumados no município 77,0% do número total de crimes violentos, no último ano da série (2013), registraram-se 927 roubos consumados, número esse que representou 85,8% do total de crimes violentos. Comparado aos índices registrados nos demais municípios do núcleo metropolitano, essa modalidade de crime violento se mostra ainda mais representativa em Ipatinga. O homicídio tentado experimentou crescimento de 16,3% no período, passando de 86 em 2010 para 100 em Já o homicídio consumado apresentou relativa estabilidade foram registradas 48 ocorrências desse tipo em 2010, e 45 em O estupro - seja o tentado ou o consumado apresentou tendência de queda ao longo do período: o estupro tentado passou de 8 registros em 2010 para 1 registro em 2013, o estupro consumado, que somou 19 registros em 2010, declinou a 5 registros em

74 Tabela 89 Evolução dos Crimes Violentos em Ipatinga, 2010 a Tipo de Crime Violento 2010 % 2011 % 2012 % 2013 % Homicídio Tentado 86 12, , ,3 Homicídio Consumado 48 6,7 36 5,8 47 6,3 45 4,2 Sequestro e Cárcere Privado 3 0, ,2 Extorsão Mediante Sequestro ,1 Roubo Consumado , , ,8 Estupro Tentado 8 1,1 5 0,8 1 0,1 1 0,1 Estupro Consumado 19 2,7 8 1,3 11 1,5 5 0,5 Total Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais Timóteo Os indicadores constantes da Tabela 90, abaixo, evidenciam que o total de crimes violentos registrados em Timóteo apresentou a mais baixa taxa de crescimento no período de 2010 a 2013, se comparado com os verificados nos demais municípios da RMVA. Observe-se que em 2010 foram registrados ao todo 93 crimes violentos no município, ao passo que em 2013 esse número ascendeu a 118. Tem-se, portanto, no período, o crescimento proporcional de 27,0% no número total de crimes violentos no município. Dentre os tipos de crimes violentos registrados em Timóteo, o roubo consumado é o que se mostrou mais frequente. Foram registradas 60 ocorrências dessa modalidade de crime violento em 2010, 96 em 2011, 84 em 2012 e 88 em 2013, o que equivale a um aumento proporcional de 46,7% ao longo do período. Em seguida, aparecem, por ordem, os homicídios tentados e os homicídios consumados, ambos com variações relativamente pequenas de números de ocorrências ao longo da série. Os homicídios tentados somaram 18 ocorrências em 2010, 14 em 2011, 22 em 2012 e 15 em Já os homicídios consumados cresceram de modo significativo no período (66,6%), passando de 9 em 2010 para 15 em 2013.Os estupros - tentados ou consumados foram assim registrados nos anos 2010 e 2011: 2 estupros tentados em 2010 e 2 em 2011, 4 estupros consumados em 2010 e 2 em

75 Tabela 90 Evolução dos Crimes Violentos em Timóteo, 2010 a Tipo de Crime Violento 2010 % 2011 % 2012 % 2013 % Homicídio Tentado 18 19, , ,7 Homicídio Consumado 9 9,7 10 8,1 10 8, ,7 Sequestro e Cárcere Privado Extorsão Mediante Sequestro Roubo Consumado 60 64, , , ,6 Estupro Tentado 2 2,2 2 1, Estupro Consumado 4 4,3 2 1, Total Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais. Santana do Paraíso Conforme se pode verificar na Tabela 91, abaixo, o total de crimes violentos registrados em Santana do Paraíso elevou-se no período de 2010 a 2013, se comparados com os verificados nos demais municípios da RMVA. Observe-se que em 2010 foram registrados ao todo 52 crimes violentos no município, ao passo que em 2013 esse número foi a 91. Tem-se, portanto, no período, o crescimento proporcional de 75,0% no número total de crimes violentos no município. Assim como nos demais municípios do núcleo metropolitano, o roubo consumado configurou no crime violento mais frequente em Santana do Paraíso, no período analisado, conforme registros da 12ª Companhia de Polícia da Militar de Minas Gerais. Essa modalidade de crime cresceu 70,6% no período em análise, passando de 36 registros em 2010 para 60 em Todavia, é importante notar que o referido indicador apresentou oscilação no período: elevação em 2011, declínio em 2012 e nova elevação em Os homicídios tentados constituem o segundo mais frequente tipo de crime violento registrado no município, seguido pelos homicídios consumados. Note-se que o número de homicídios tentados cresceu gradualmente entre os anos 2010, 2011 e 2012 e se manteve constante em Os números de homicídios consumados, por sua vez, apresentaram oscilação no período, elevando-se em 2011 (11), declinando em 2012 (6) e voltando crescer em 2013 (15). À exceção do estupro consumado, que teve ocorrências registradas em 2010 (7) e 2012 (2), para os demais tipos de crimes violentos não houve registros de ocorrências no período. 509

76 Tabela 91 Evolução dos Crimes Violentos em Santana do Paraíso, 2010 a Tipo de Crime Violento 2010 % 2011 % 2012 % 2013 % Homicídio Tentado 4 7,7 9 12, , ,6 Homicídio Consumado 4 7, ,3 6 9, ,5 Sequestro e Cárcere Privado 1 1, Extorsão Mediante Sequestro Roubo Consumado 36 69, , , ,9 Estupro Tentado Estupro Consumado 7 13, ,3 0 0 Total Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais Taxa de Crimes Violentos nos Municípios do Núcleo Metropolitano A análise de crimes violentos na RMVA até então realizada pautou-se em números absolutos acerca das ocorrências registradas pela Polícia Militar de Minas Gerais. Todavia, os números relativos a cada município do núcleo metropolitano precisam ser ponderados considerando-se o tamanho de suas respectivas populações, a fim de calcular a taxa de crimes violentos 39. O cálculo da referida taxa favorece, pois, a adequada mensuração do fenômeno em cada município e a análise em perspectiva comparativa. A Tabela 92 abaixo apresenta as taxas de crime violento por 100 mil habitantes relativas aos municípios do núcleo da RMVA, nos anos 2012 e Observa-se que no conjunto dos municípios da RMVA, a taxa de crimes violentos apresentou variação para mais de 43,8%, segundo dados disponibilizados pela 12ª de Polícia Militar de Minas Gerais. A taxa de crimes violentos da região, que em 2012 era de 254,72, elevou-se a 366,33, em Dentre os municípios do núcleo metropolitano, Ipatinga foi aquele que apresentou as mais altas taxas de crimes violentos no período em análise: 308,68 em 2012 e 425,87 para cada grupo de 100 mil habitantes em Santana do Paraíso ocupou a segunda posição em 2012, com taxa de 232,05, seguido por Coronel Fabriciano, que registrou taxa de 218,33 neste ano. No entanto, em 2013, Coronel Fabriciano passou a apresentar a segunda mais alta taxa de crimes violentos (405,69) dentre os quatro municípios, superando Santana do Paraíso (332,49). Portanto, em Coronel Fabriciano a taxa de crimes violentos que era de 218,33 em 2012 subiu para 405,69 em 2013, o que equivale a uma variação para 39 A taxa de crimes violentos se refere ao grupo de cada mil habitantes e é calculada da seguinte forma: =[Qtde de registros OU vítimas População] * Fonte: SEDS. Disponível em: < indices%20de%20criminalidade% pdf%20-%20%202.pdf.> 510

77 mais de 85,8%. Em Santana do Paraíso, essa variação foi de 43,3% no período. Neste município, a taxa de crimes violentos registrada em 2012 fora de 232,05, ao passo que a de 2013 fora de 332,49 por 100 mil habitantes. Já em Timóteo, a taxa apresentou ligeiro declínio entre os anos analisados, passando de 143,14 em 2012 para 142,13/100 mil habitantes em Esse declínio foi da ordem de 0,7%. Para efeito de comparação, as taxas da RMVA, bem como dos municípios de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso estão abaixo das taxas registradas no estado de Minas Gerais nos anos 2012 e ,30 e 427,30, respectivamente. Tabela 92 Taxa de Crimes Violentos nos municípios do núcleo da RMVA, 2012 e 2013 Taxa de Crimes Violentos Municípios VAR% Ipatinga 308,7 425,9 38,0 Coronel Fabriciano 218,3 405,7 85,8 Timóteo 143,1 142,1-0,7 Santana do Paraíso 232,1 332,5 43,3 RMVA 254,7 366,3 43,8 Fonte: Cinds - Ambiente Transacional Sids_Reds / Projeção populacional Fundação João Pinheiro Taxa de Homicídios nos Municípios do Núcleo Metropolitano A Tabela 93 abaixo apresenta as taxas de homicídios nos anos de 2012 e 2013, calculadas para o conjunto da RMVA e para cada um dos municípios que integram o núcleo metropolitano.. Observa-se que na RMVA a taxa de homicídios cresceu 16,7% entre os anos 2012 e 2013, passando de 21,85 em 2012 para 25,50/100 mil habitantes em Dentre os municípios do núcleo metropolitano, Coronel Fabriciano foi aquele que registrou a mais alta taxa de homicídios em 2012 (38,42), seguido por Santana do Paraíso (22,82), Ipatinga (17,85) e Timóteo (12,23). Em 2013, Santana do Paraíso passou a ocupar a primeira posição no ranking da taxa de homicídios dos municípios do núcleo metropolitano, com índice de 56,04, superando Coronel Fabriciano, município no qual se registrou o índice de 41,97. É importante notar que a assunção de Santana do Paraíso à primeira posição no ranking em 2013 se deve ao fato de a taxa de homicídios no município ter-se elevado 145,5% no período, a maior elevação verificada dentre os quatro municípios. Coronel Fabriciano, por sua vez, apresentou relativa estabilidade na evolução da referida taxa o crescimento da mesma entre 2012 e 2013 foi a menor dentre os municípios do núcleo metropolitano 511

78 (9,2%). Observa-se ainda na tabela 28que Ipatinga e Timóteo registraram as menores taxas de homicídios no período. Todavia, enquanto em Ipatinga a taxa de homicídios se manteve relativamente estável, variando negativamente (-0,9%) no período, Timóteo apresentou a segunda maior variação da referida taxa (48,9%), perdendo apenas para Santana do Paraíso. Em Timóteo, a taxa de homicídios que era de 12,23 em 2012 subiu para 18,22 em Em Ipatinga, a taxa de homicídios declinou ligeiramente no período, passando de 17,85 em 2012 para 17,70/100 mil habitantes em A título de comparação, destaca-se que as taxas de homicídio registradas nos municípios de Ipatinga e Timóteo se mostram abaixo das registradas no estado de Minas Gerais, nos anos 2012 e 2013, ao passo que os municípios de Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso apresentaram taxas superiores às do Estado. Tabela 93 Taxa de Homicídios nos Municípios do Núcleo da RMVA, 2012 e Taxa de Homicídios Municípios VAR% Ipatinga 17,9 17,7-0,9 Coronel Fabriciano 38,4 42,0 9,2 Timóteo 12,2 18,2 48,9 Santana do Paraíso 22,8 56,0 145,5 RMVA 21,9 25,5 16,7 Minas Gerais 20,0 20,2 1,0 Fonte: Cinds - Ambiente Transacional Sids_Reds / Projeção populacional Fundação João Pinheiro Espacialização dos Crimes Violentos no Núcleo da RMVA Nesta seção, serão analisados dados sobre crimes violentos praticados nos municípios da RMVA, segundo os territórios de ocorrência. Para tanto, serão analisados os registros estatísticos relativos ao período de janeiro a outubro de 2013, disponibilizados pela 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais. Busca-se, dessa forma, identificar as zonas territoriais mais problemáticas do ponto de vista da ocorrência de crimes violentos. Na literatura sobre segurança pública e criminalidade, essas áreas são recorrentemente denominadas Zonas Quentes de Criminalidade (ZQC) locais de concentração de crimes e delitos. Esse tipo de análise considera, em geral, além do local de ocorrência do delito, a sua tipologia, o modo como ocorreu e os aspectos relacionados às frequências temporais - mês, dia do mês, dia da semana e hora do fato -, em busca de padrões de comportamento. 512

79 Na presente análise, considerar-se-ão apenas as frequências de ocorrências ao longo de um período de 10 meses, considerando-se a escala de bairros. É importante salientar que as análises que se seguem são adstritas a um período de tempo relativamente pequeno e, sobretudo por isso, não se pode cristalizar os resultados apresentados. Noutros termos, é mister considerar os dinamismos das frequências, das tipologias e da distribuição das ocorrências criminais nos espaços, evitando observações distorcidas e que, por vezes, geram estigmas concernentes a determinados territórios e suas populações. A Figura 187 a seguir apresenta a distribuição espacial das ocorrências registradas pela Polícia Militar de Minas Gerais em bairros dos quatro municípios da RMVA, no período de janeiro a dezembro de Adota-se a classificação do número de ocorrências em escalas que variam segundo os quantitativos registrados no período. No conjunto da RMVA, a escala adotada fora entre 5 e 16 ocorrências, 17 e 32 ocorrências, 33 e 60 ocorrências, 61 e 105 ocorrências. As referidas escalas são representadas por círculos que se diferenciam em termos de tamanhos e cores. Os territórios com maior número de crimes violentos registrados são representados com círculos de maior tamanho e cores mais fortes. Contudo, a redução na escala de crimes implica na redução do tamanho dos círculos e suavização das cores. As análises serão realizadas distinguindo os municípios que integram o núcleo da RMVA e suas respectivas áreas de concentração de crimes violentos. Serão tecidos comentários acerca dos perfis de uso e ocupação do solo de tais bairros, sem, contudo, pretender associá-las, em relação de causaefeito, aos fatores determinantes da incidência de crimes violentos em seus territórios. Como se sabe, são muitos os fatores condicionantes do crime e da criminalidade, os quais se relacionam a aspectos tais como: densidade populacional e grau de urbanização, variação na composição do contingente populacional local, presença de população transitória ou de não residentes, meios de transporte disponíveis e sistema viário local, aspectos culturais educacionais, oportunidades de lazer e entretenimento, efetividade das instituições policiais locais, dentre outros. 513

80 Figura 187 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos nos Municípios da RMVA, Janeiro a Outubro de Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Coronel Fabriciano Em Coronel Fabriciano, conforme se pode notar na Figura 199 a seguir, consideram-se 68 áreas com perfis de uso e ocupação distintos: algumas com uso predominantemente comercial, como é o caso do centro, outras de uso misto, combinando comércio, serviços e residências, como são os casos dos bairros Melo Viana e Caladinho, e outras de uso predominantemente residencial, a maioria. As áreas que concentraram as ocorrências de crimes violentos no período em análise são: o Centro e os Bairros Giovanini, Melo Viana, Floresta, Aparecida do Norte, Morada do Vale e Caladinho. Todavia, essas áreas se distinguem em termos do número de ocorrências registradas, no período em análise. O Centro, área que concentra a maior parte dos estabelecimentos comerciais e de serviços no município, registra o mais alto quantitativo de crimes violentos no período entre 24 e 39 ocorrências. Em seguida, aparecem os bairros Melo Viana, Giovaninni e Floresta, com quantitativos de crimes violentos que variam entre 17 e 23. Os bairros Giovaninni e Melo Viana se localizam nas adjacências de um importante eixo viário de ligação do centro da cidade com um conjunto de outros bairros, a 514

81 Avenida Dr. Geraldo de Magalhães Pinto, constituindo-se na segunda maior centralidade comercial e de serviços do município, exercendo por isso forte atração de pessoas. Já o bairro Floresta possui um expressivo contingente populacional. Situado ao norte do território municipal, e que, por concentrar comércio e serviços públicos e privados, também constitui-se uma centralidade na região em que se situa no município. Os bairros Aparecida do Norte (entre 15 e 16 registros de crimes violentos) e Morada do Vale (14 registros de crimes violentos) caracterizam-se pela precariedade de suas infraestruturas urbanas e baixo nível de renda de suas populações. Por fim, aparece o bairro Caladinho, com 13 ocorrências de crimes violentos no período. Este bairro é cortado pela BR 381, ao longo da qual se dispõe um expressivo e diversificado conjunto de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, somados a alguns poucos de natureza industrial marmorarias, mecânicas, garagens de ônibus, farmácias, motéis, madeireiras, centro universitário, postos de gasolina, bares, Igrejas e unidade de saúde. Tabela 94 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Coronel Fabriciano, janeiro a outubro de 2013 Escala de Crimes Violentos Áreas 24 a 39 Centro 17 a 23 Melo Viana, Giovaninni, Floresta 15 e 16 Aparecida do Norte 14 Morada do Vale 13 Caladinho Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais,

82 Figura 188 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos em Coronel Fabriciano; janeiro a outubro de Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Ipatinga Conforme se pode notar na Figura 189 a seguir, em Ipatinga contabilizam-se 27 áreas que, assim como em Coronel Fabriciano, possuem perfis diversificados de uso e ocupação do solo. As áreas que concentraram os registros de crimes violentos no período em análise são: Canaã, Cidade Nobre, Veneza, Iguaçu, Bethânia, Centro, Vila Celeste, Jardim Panorama, Esperança, Bom Jardim, Caravelas e Horto. A incidência de crimes violentos registrados em tais áreas se hierarquiza segundo a seguinte escala: 516

83 Tabela 95 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Ipatinga, janeiro a outubro de 2013 Escala de Crimes Violentos Áreas 75 a 105 Canaã, Cidade Nobre 61 a 74 Veneza, Iguaçu 53 a 60 Bethânia, Centro 33 a 52 Vila Celeste, Jardim Panorama, Esperança, Bom Jardim 28 a 32 Caravelas, Horto Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Observa-se, pois, que as áreas que registraram as maiores frequências de crimes violentos no período são os bairros Canaã e Cidade Nobre, na escala de 75 a 105 crimes violentos. Em comum, esses bairros tem o fato de serem cortados por importantes eixos viários municipais, ao longo dos quais se tem um significativo e diversificado número de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, gerando, por isso, grande fluxo de pessoas. O bairro Cidade Nobre caracteriza-se ainda por concentrar um grande número de bares e casas noturnas localizadas entorno de uma praça, formando, assim, uma zona de lazer. Nas adjacências dos dois principais eixos viários do bairro há grande número de prédios de apartamentos, muitos dos quais construídos ao longo das últimas duas décadas. Portanto, o bairro Cidade Nobre, uma das primeiras áreas a experimentar de forma intensa o processo de verticalização da cidade, transformou-se aceleradamente nos últimos anos, sobretudo em termos de adensamento populacional. O bairro Canaã, por sua vez, é o segundo maior centro comercial do município, e um dos mais populosos. Desde a década de 1990, o referido bairro experimenta um acelerado processo de adensamento populacional, induzido pela instalação de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços de grande, médio e pequeno portes, em sua avenida principal e adjacências bancos, supermercados, restaurantes, revendedoras de veículos automotores, postos de gasolina, universidade, dentre outros. Portanto, guardadas as especificidades em termos dos perfis socioeconômicos de suas populações, os dois bairros que concentraram o maior número de crimes violentos entre janeiro e outubro de 2013 comungam o fato de terem experimentado intenso e acelerado processo de expansão urbana e crescimento populacional nas últimas duas décadas. Os bairros Veneza e Iguaçu, situados na segunda mais alta escala de valores quando se trata de incidência de crimes violentos (61 a 74 crimes violentos), também se caracterizam por serem de uso misto, conciliando em proporções equilibradas as atividades econômicas e as residenciais. Note-se que ambos os bairros são cortados por importantes eixos de interligação viária na cidade Avenida Brasil, no Iguaçu, e Avenida Macapá, no Veneza - ao longo dos quais se tem expressivo e diversificado número 517

84 de estabelecimentos comerciais e de serviços, atraindo e gerando grande fluxo de pessoas. Às margens desses eixos viários, encontra-se um expressivo contingente populacional. Na terceira posição em termos de incidência de crimes violentos, encontram-se o Centro e o bairro Bethânia (53 a 60 crimes violentos). Este último bairro é contíguo ao bairro Canaã, com o qual partilha o mesmo processo de expansão urbana e adensamento populacional. Embora atrativo do ponto de vista do fluxo de pessoas, dinheiro e bens, o centro da cidade de Ipatinga dispõe de expressivo aparato de policiamento ostensivo, diminuindo as possibilidades da ação criminosa 40. Provavelmente por essa razão, diferentemente do que se verificou em Coronel Fabriciano, o centro da cidade de Ipatinga não ocupou a primeira posição na escala de incidência de crimes violentos no período analisado. Os bairros que se situaram na quarta posição em termos de incidência de crimes violentos Vila Celeste, Jardim Panorama, Esperança e Bom Jardim (33 a 52 crimes violentos) - possuem perfis de uso e ocupação predominantemente residencial e se caracterizam ainda por concentrarem população com baixos níveis de renda. Por fim, os bairros Caravelas e Horto registraram cada um cerca de 28 e 32 crimes violentos em seus domínios, no período. Embora concebido com uma unidade autônoma no projeto urbanístico de Ipatinga, o que significava conciliar o uso e ocupação residencial com atividades econômicas, diga-se comércio e serviços para o atendimento das necessidades da população ali residente e nas adjacências, o bairro Horto vem experimentando intensa e acelerada transformação em seu perfil urbano nas últimas duas décadas. Além da diversificação dos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que lhe é peculiar, inclusive bancários, passou recentemente a abrigar uma faculdade (importante polo gerador de tráfego) além de ser alvo investimentos do capital imobiliário na construção de prédios de apartamento de médio e alto padrões construtivos. Já o bairro Caravelas tem perfil predominantemente residencial. 40 O Programa Olho Vivo, que consiste da instalação de câmeras de filmagem em pontos estratégicos do território municipal para fins de monitoramento e prevenção de ocorrências criminais, funcionou no período de 4 de setembro de 2009 a 30 de julho de 2012, mediante convênio estabelecido entre a Polícia Militar de Minas Gerais e a Prefeitura Municipal de Ipatinga. 518

85 Figura 189 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos em Ipatinga; Janeiro a Outubro de Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Santana do Paraíso Em Santana do Paraíso, contam-se 07 áreas no mapeamento realizado pela Polícia Militar de Minas Gerais. Em 05 dessas 07 áreas, foram registrados crimes violentos no período de janeiro a outubro de São elas: Bairro Industrial, Parque Caravelas, Cidade Nova, Águas Claras e Centro. O bairro Industrial concentrou a maior quantidade de crimes violentos no período - entre 13 e 15 - seguido pelo bairro Cidade Nova, com registros na faixa de 7 a 12 crimes violentos. O Centro e os bairros Parque Caravelas e Águas Claras registraram, cada um, 06 crimes violentos (Figura 201). É interessante notar que Santana do Paraíso possui significativa extensão territorial, parte da qual se constitui em Área de Proteção Ambiental (APA) e que seu centro urbano encontra-se distante de suas demais áreas urbanizadas. Essa configuração espacial decorre do fato de que a expansão urbana de Santana do Paraíso tem ocorrido nas áreas de fronteira com Ipatinga, num processo que se pode denominar transbordamento do tecido urbano desta última cidade. Os bairros Cidade Nova, Parque Caravelas, Jardim Vitória e Águas Claras são exemplos desse processo. É, pois, em dois desses bairros de fronteira - o Industrial e Cidade Nova - que se registraram os maiores quantitativos de crimes 519

86 violentos no período. Todavia, é importante destacar que o Industrial é um bairro mais antigo, que concentra população de baixa renda e problemas relacionados à precariedade de infraestrutura urbana. Já o bairro Cidade Nova é resultado de um loteamento regular, provido de infraestrutura urbana, implantado no início dos anos O bairro vem se adensando gradualmente, com casas e edifícios de apartamento. Tabela 96 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Santana do Paraíso, Janeiro a Outubro de 2013 Escala de Crimes Violentos Áreas 13 a 15 Industrial 7 a 12 Cidade Nova 6 Centro, Parque Caravelas, Águas Claras Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Figura 190 Mapa de Ocorrência de Crimes Violentos em Santana do Paraíso; Janeiro a Outubro de Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Timóteo Em Timóteo há 47 áreas mapeadas pela Polícia Militar para o monitoramento da distribuição dos crimes violentos pelos nos territórios do município (Figura 202). Em 6 dessas 47 áreas se concentraram 520

87 os crimes violentos no período de janeiro a outubro de 2013, a saber: o bairro Novo Tempo, o Centro de Acesita e os bairros Alegre, Cachoeira do Vale e Alvorada. O bairro Novo Tempo concentrou a maior quantidade de crimes violentos no período, entre 8 e 9 ocorrências, seguido pelo Centro de Acesita, com 7 registros o bairro Alegre, com 6 registros e, por fim, o distrito de Cachoeira do Vale e o bairro Alvorada, com 5 registros, cada. É interessante notar que, a exceção do Centro de Acesita, as demais áreas se caracterizam por se localizarem em porções periféricas do tecido urbano da cidade. O Distrito de Cachoeira do Vale se localiza às margens do Rio Piracicaba e, até recentemente, do antigo trajeto da BR 381 no município. Trata-se de um bairro com aproximadamente habitantes (IBGE, 2010), tipicamente residencial, embora às margens de sua avenida principal a antiga BR se encontrem instalados diversos estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços: bares, padarias, mercearias, farmácias, açougues, borracharias, dentre outros. Por ter sido até recentemente interceptado por uma BR, o distrito de Cachoeira do Vale se fez também, desde a sua origem, na década de 1970, um lugar de passagem, experimentando, por isso, intenso fluxo de pessoas. O Centro de Acesita se situa nas imediações da planta industrial da empresa Aperam, antiga Aços Especiais Itabira Acesita. Ao longo de sua avenida central, concentra-se um conjunto expressivo e diversificado de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços privados e públicos, atraindo por isso um grande número de pessoas. Todavia, nas adjacências à sua porção de uso comercial, encontram-se áreas de uso predominantemente residencial. Os demais bairros mapeados Novo Tempo, Alegre e Alvorada caracterizam-se pela localização nas franjas da mancha urbana do município e por uma ocupação desordenado, por vezes irregular. Além das carências e precariedades de infraestrutura básica, esses bairros se caracterizam por serem majoritariamente habitados por população de baixa nível de renda. 521

88 Tabela 97 Ocorrências de Crimes Violentos em Áreas de Timóteo, Janeiro a Outubro de Escala de Crimes Violentos Áreas 8 e 9 Novo Tempo 7 Centro de Acesita 6 Alegre 5 Alvorada, Cachoeira do Vale Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Figura 191 Mapa de Ocorrências de Crimes Violentos em Timóteo; Janeiro a Outubro de Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais,

89 Considerações Gerais Os roubos consumados configuram o tipo de crime violento mais frequente na RMVA como um todo e em cada um dos municípios do núcleo metropolitano no período de 2010 a Em Ipatinga, a proporção desse tipo de crime é ligeiramente superior à verificada nos demais municípios do núcleo metropolitano. É interessante considerar que essa modalidade de crime violento tende a ocorrer de modo mais frequente em municípios de maior porte e dinamismo econômico, onde se concentram as atividades econômicas regionais, exercendo, por isso, mais atração sobre os agentes delituosos; O homicídio tentado é a segunda modalidade de crime violento registrada na RMVA como um todo e em cada um dos municípios do núcleo metropolitano; Os registros de sequestros são muito baixos e os de estupros variam muito de um ano para outro. Este aspecto, comum ao crime de estupro, cujo registro é dos menos confiáveis, uma vez que muitas vítimas não denunciam o crime sofrido, seja pelo constrangimento da denúncia depois da violência sofrida, seja por ameaça dos agressores; Ipatinga ocupa a primeira posição na taxa de crimes violentos em 2012 e Mas quando se trata da taxa de homicídios, o município ocupa a terceira posição em 2012 e a quarta em A taxa de homicídios de Ipatinga que se apresentara relativamente baixa em 2012 (17,85) manteve-se relativamente estável, apresentando inclusive variação para menos do período (-0,9%). Esses índices refletem o peso relativo do roubo consumado na composição e variação para mais (38,0%) do total de crimes violentos em Ipatinga entre os anos 2012 e 2013; Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano alternaram-se na segunda e terceira posição do ranking relativo à taxa de crimes violentos, nos anos 2012 e Embora Santana do Paraíso tenha apresentado crescimento da taxa de crimes violentos de 43,3% no período (232,05 em 2012 para 332,49 em 2013) em Coronel Fabriciano essa variação para mais foi ainda maior (85,8%); Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano alternaram-se na primeira e na segunda posição do ranking relativo à taxa de homicídios, nos anos 2012 e Destaca-se que o crescimento da taxa de homicídios registrada em Santana do Paraíso, no período, foi a maior dentre os quatro municípios (145,5%). Coronel Fabriciano, por sua vez, apresentou ligeira variação para mais (9,2%), a menor entre os quatro municípios do núcleo metropolitano; Timóteo apresentou as mais baixas e estáveis taxas de crimes violentos dentre os municípios do núcleo metropolitano, no período: 143,14 em 2012 e 142,13 por 100 mil habitantes em 2013, portanto, com variação para menos de -0,7%. Timóteo também apresentou a menor 523

90 taxa de homicídio em 2012 (12,23). Porém, em 2013, tal taxa cresceu 48,9%, alcançando o índice de 18,22, superior ao de Ipatinga (17,70); Portanto, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso apresentaram os piores índices, em 2012 e 2013, quando se trata de taxa de homicídio. Neste quesito, Timóteo e Ipatinga apresentaram índices melhores, no período, embora em Timóteo tenha se registrado expressivo crescimento da taxa em questão. Quando se trata da taxa de crimes violentos, Ipatinga apresenta as mais altas no período, dado o peso que a tipologia roubo consumado assume na composição das mesmas. Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano, também nesse tipo de ocorrência, aparecem em posição de destaque, alternando-se na segunda e na terceira posições; Diversos são os fatores determinantes da elevação no número de crimes violentos na RMVA, conforme análise do Coronel da 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais. Dentre esses fatores destacam-se: a expansão do consumo e do tráfico de drogas na região, a insuficiência do efetivo de policiais em relação ao tamanho da população e a falta de um Centro Socioeducativo para menores infratores na região até o mês de setembro de 2013.Do ponto de vista dos gestores municipais, entrevistados, o crescimento dos registros de crimes violentos na RMVA está relacionado, sobretudo, à insuficiência do efetivo de policiais nas unidades de segurança pública locais, aspecto esse que será abordado mais à frente. Nas oficinas de leitura comunitária, a sensação de insegurança expressa pelos participantes se soma à visão de que o consumo e o tráfico de drogas tem sido os principais determinantes do crescimento da violência nas cidades da RMVA Crimes Violentos no Colar Metropolitano Nesta seção, apresentam-se análises acerca dos crimes violentos registrados em 2013 nos municípios que integram o denominado colar da RMVA, destacando-se a participação dos diferentes tipos na composição do número total. Apresentam-se também, a seguir, as análises acerca das taxas de crimes violentos dos municípios do colar referentes ao ano Total e Tipologia de Crimes Violentos no Colar Metropolitano Os dados da Tabela 98 abaixo evidenciam que o número de crimes violentos praticados nos municípios do colar metropolitano cresceu 32,7% entre os anos 2010 e Em 2010, foram registrados ao todo 297 crimes violentos nos municípios do colar, número esse elevado para 359 em 2011 e mantido em 2012, voltando a elevar-se a 394 em

91 Em números absolutos, os municípios que registraram mais ocorrências foram Caratinga e Belo Oriente. Estes municípios possuem os maiores contingentes populacionais dentre os municípios do colar metropolitano. Todavia, em Caratinga o número de crimes violentos apresentou relativa estabilidade ao longo do período em análise 2010/2013. Neste município registraram-se 148 crimes violentos em 2010, os quais se elevaram a 188 em 2011 (27,0% de crescimento), e declinaram a 154 em 2012, mantendo-se com o mesmo valor em Portanto, comparando os anos 2010 e 2013, tem-se um crescimento de 4,1% de crimes violentos em Caratinga. Em Belo Oriente, por sua vez, a evolução do número de crimes violentos revela crescimento de 237,5% no período. Em 2010 foram registrados 16 ocorrências desse tipo de crime no município, as quais se elevaram gradualmente para 22 em 2011, 32 em 2012, até alcançar o patamar de 54 em Em termos de crescimento dos índices de crimes violentos, também se destacam os municípios de Ipaba e Pingo D Água. Em Ipaba foram registrados 16 crimes violentos em 2010, número elevado a 19 em 2011, a 29 em 2012 e, por fim, a 38 em Portanto, o crescimento gradual desse tipo de crime verificado no município ao longo do período foi de 137,5%, comparando-se as ocorrências registradas nos anos dos extremos da série, 2010 e Em Pingo D Água, registraram-se 03 crimes violentos em 2010, elevando-se para 6 em 2011, 8 em 2012 e 9 em Municípios como Açucena, Antônio Dias, Bom Jesus do Galho, Dionísio, Dom Cavati, Iapu, Joanésia, Marliéria e Sobrália apresentaram variação nos números de crimes violentos ao longo do período o que sugere ligeira tendência de crescimento. Nos demais municípios do colar metropolitano, os registros de crimes violentos apresentaram relativa estabilidade no período analisado. Todavia, vale assinalar que o processo de interiorização da criminalidade no Brasil tem tornado municípios de pequeno porte, assim como os situados no colar da RMVA, em alvos do crime organizado, sobretudo em razão da vulnerabilidade de seus sistemas de defesa social. 525

92 Tabela 98 Crimes Violentos nos Municípios do Colar Metropolitano, 2010 a Unidade de Referência Crimes Violentos Açucena Antônio Dias Belo Oriente Bom Jesus do Galho Braúnas Bugre Caratinga Córrego Novo Dionísio Dom Cavati Entre Folhas Iapú Ipaba Jaguaraçu Joanésia Marliéria Mesquita Naque Periquito Pingo d'água São João do Oriente São José do Goiabal Sobrália Vargem Alegre COLAR RMVA Fonte: 12ª Regional da Polícia Militar de Minas Gerais, A Tabela 99 abaixo apresenta dados sobre os tipos de crimes violentos ocorridos nos municípios do colar metropolitano no ano Observa-se que dos 394 crimes violentos praticados nos 24 municípios que compõem o colar da RMVA, 267 se referem a roubos consumados, o que representa 67,8% do total de crimes violentos praticados no referido espaço geográfico. À exceção dos municípios de Antônio Dias, Pingo D água e Vargem Alegre, o roubo consumado se constitui, em 2013, o tipo de crime violento mais frequente nos municípios do colar, alcançando proporções que variam entre 50,0% e 100,0% do total de crimes violentos registrados. Em Antônio Dias, o número de homicídios tentados (3) igualou-se ao de roubo consumado (3), em Pingo D água foram os homicídios consumados (4) que superaram os roubos consumados (3), em Vargem Alegre, por sua vez, são os homicídios tentados (3) 526

93 o tipo de crime violento mais frequente em 2013, contra 2 registros de roubo consumado e 2 registros de homicídio consumado. Os homicídios tentados representaram 16,8% do total de crimes violentos praticados no colar metropolitano em 2013, com 66 registros. Já os homicídios consumados representaram 11,7% do total de crimes violentos nos municípios do colar. Casos de sequestro ou cárcere privado ou de extorsão mediante sequestro foram pouco frequentes ou inexistentes em 2013, respectivamente, 4 e 0, considerado-se o conjunto dos municípios do colar metropolitano. Também os registros de estupro tentado e de estupro consumado aparecem em menor proporção, respectivamente, de 2 e 9, no conjunto dos municípios do colar. Todavia, a análise com base em números absolutos precisa ser ponderada, considerando o tamanho da população dos municípios do colar metropolitano. Recomenda-se então, nesse caso, o cálculo da taxa de crimes violentos nos respectivos municípios, referente ao ano 2013, de modo a favorecer a adequada mensuração do fenômeno e a análise em perspectiva comparativa. 527

94 Tabela 99 Tipologia de Crimes Violentos nos Municípios do Colar Metropolitano, Municípios Crimes Violentos Homicídio Consumado Homicídio Tentado Sequestro ou Cárcere Privado Roubo Consumado Extorsão Mediante Sequestro Estupro Consumado Estupro Tentado Açucena Antônio Dias Belo Oriente Bom Jesus do Galho Braúnas Bugre Caratinga Córrego Novo Dionísio Dom Cavati Entre Folhas Iapú Ipaba Jaguaraçu Joanésia Marliéria Mesquita Naque Periquito Pingo d'água São João do Oriente São José do Goiabal Sobrália Vargem Alegre Total Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Taxa de Crimes Violentos nos Municípios do Colar Metropolitano A Tabela 100 abaixo apresenta dados acerca da taxa de crimes violentos registrados nos municípios do colar metropolitano ao longo do período 2010/2013. Observa-se que, embora com valores relativamente mais baixos que os registrados nos municípios do núcleo metropolitano, em seu conjunto, os municípios do colar registraram tendência de crescimento da taxa de crimes violentos. Note-se que, em 2010, a taxa então de 112,40 crimes violentos por 100 mil habitantes elevou-se a 135,59, mantendo-se relativamente estável em 2012, com valor de 135,34 e seguiu crescendo em 2013, quando atingiu o valor de 143,54 crimes violentos por 100 mil habitantes. Entre os anos 2010 e 528

95 2013, registrou-se, portanto, no conjunto dos municípios do colar metropolitano, aumento de 27,7% no valo da taxa em questão. A comparação das taxas de crimes violentos registradas nos municípios do colar metropolitano ao longo do período em análise possibilita notar algumas importantes distinções: Periquito, Belo Oriente, Caratinga e Ipaba apresentaram as mais altas taxas de crimes violentos por 100 mil habitantes no universo em tela, taxas essas cujos valores se assemelham às registradas nos municípios do núcleo metropolitano. Nesse primeiro grupo de municípios, destaca-se a situação de Periquito, que em 2010 registrou 255,83 crimes violentos por 100 mil habitantes, valor esse que elevou-se a 456,82 em 2011, declinando a 286,74 em 2012, mantem-se relativamente estável em 2013, ano em que registrou-se 279,72 crimes violentos por 100 mil habitantes. Em Belo Oriente e Ipaba chama atenção o crescimento gradual da taxa de crimes violentos no período, revelando uma tendência a ser monitorada. Em Belo Oriente, a taxa de crimes violentos por 100 mil habitantes que foi 68,39 em 2010, se elevou a 92,85 em 2011, a 133,42 em 2012 e, finalmente, a 215,78 em Em Ipaba, a taxa de crimes violentos por 100 mil habitantes registrada no ano 2010 foi de 95,76, a qual aumentou para 112,59 em 2011 e, posteriormente, para 170,22e 214,34, respectivamente, nos anos 2012 e Trata-se, nesse caso, de municípios significativamente urbanizados e localizados relativamente próximo ao núcleo metropolitano, mais precisamente de Ipatinga. Braúnas e Bugre, por sua vez, foram os municípios que registraram as menores taxas de crimes violentos por 100 mil habitantes ao longo do período. 529

96 Tabela 100 Taxa de Crimes Violentos nos Municípios do Colar da RMVA, 2010 a Município Registro População Taxa Registro População Taxa Registro População Taxa Registro População Taxa Açucena , , , ,25 Antônio Dias , , , ,42 Belo Oriente , , , ,78 Bom Jesus do Galho , , , ,95 Braúnas , , , ,00 Bugre , , , ,26 Caratinga , , , ,92 Córrego Novo , , , ,00 Dionísio , , , ,86 Dom Cavati , , , ,72 Entre Folhas , , , ,28 Iapu , , , ,16 Ipaba , , , ,34 Jaguaraçu , , , ,27 Joanésia , , , ,25 Marliéria , , , ,46 Mesquita , , , ,44 Naque , , , ,45 Periquito , , , ,72 Pingo d'água , , , ,65 São João do Oriente , , , ,68 São José do Goiabal , , , ,48 Sobrália , , , ,75 Vargem Alegre , , , ,50 COLAR , , , ,54 Fonte: 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, Efetivo Policial nos Municípios do Núcleo da RMVA A Secretaria Nacional de Segurança Pública não admite a existência de um número ideal de policiais por habitantes, aplicável em todas as regiões do Brasil ou do mundo. O número ideal de policiais para cada região dependeria, assim, de fatores tais como: recursos físicos existentes para os policiais, qualificação dos mesmos, características do ambiente urbano ou rural e características da população residente. Com efeito, o número de policiais não estaria diretamente relacionado com eficiência e eficácia em termos de segurança pública 41. Cada organização policial militar, dependendo das 41 No Relatório do Secretário Geral das Nações Unidas, por ocasião do 20º Congresso de Prevenção ao Crime e Justiça Criminal, realizado na cidade de Salvador-BA, em abril de 2010 (UN, 2010), afirma-se no ponto 48, após pesquisa (survey) realizada entre vários países, que existe uma média mundial de 300 policiais para cada 100 mil habitantes no ano de Trata-se de uma constatação, de uma conclusão com base em dados fornecidos e preenchidos por Estados-membros da ONU para a referida pesquisa, e não uma recomendação. 530

97 características do ambiente (urbano/rural), das características da população e de outros fatores vinculantes do aumento da criminalidade, acrescentará uma necessidade diferenciada de efetivo. Com efeito, a redução da criminalidade passa a ser vista como algo complexo e que, por isso, dependeria da mobilização de um amplo espectro de atores públicos estatais e da sociedade civil, bem como de policiamento estratégico e racionalmente orientado para problemas bem delimitados e metas bem definidas, segundo metodologias adequadas, operando em condições técnico-organizacionais apropriadas e adotando posturas compatíveis com as expectativas dos cidadãos (BISCAIA; MARIANO; SOARES; AGUIAR, 2003). Todavia, algumas corporações policiais brasileiras vêm utilizando o Sistema Norte-Americano como referência para o cálculo do efetivo policial. Esse sistema é originário de profunda análise estatística e científica por técnicos americanos, que chegaram a um consenso de que o efetivo necessário para o sistema policial local varia de 1,5 (um e meio) a 2,5 (dois e meio) policiais para cada (mil) habitantes, tanto na área urbana como na área rural (CARSTENS & PERIOTTO, apud Conforto, 2010). Na variação de 1,5 a 2,5 policiais para cada habitantes estão inseridos os fatores criminológicos, que variam de local para local, e que aumentam ou diminuem o índice de criminalidade, aumentando ou diminuindo em consequência o efetivo policial (CARSTENS & PERIOTTO, 2010). Conforto apud Cartens & Periotto (2010) aponta os seguintes os fatores criminológicos: localidades portuárias, de fronteira, de jogos e diversões, de população flutuante e de baixa renda per capita. Assim, com base nos fatores criminológicos, acresce, no sistema policial, uma fração correspondente a 0,2 (dois décimos) policial por (mil) habitantes, quando a localidade tem um fator criminológico, 0,4 (quatro décimos) policial por (mil) habitantes, quando a localidade tem dois fatores criminológicos e assim sucessivamente até o acréscimo de 1 (um) policial por (mil) habitantes, correspondente a um máximo de 5 (cinco) fatores criminológicos. Considerando-se que o sistema padrão na maioria das Unidades Operacionais de Polícia Militar emprega 80,0% do efetivo na atividade operacional e o restante, 20,0%, é dividido entre efetivo administrativo, cursos, férias, licença, entre outros, tem-se que, para cada 1,5 policiais por mil habitantes, 1,2 estariam sendo aplicados na atividade operacional. Então, partindo de uma realidade isenta de fatores criminológicos, tem-se de 1,2 policiais por mil habitantes. Para uma localidade com cinco fatores criminológicos, chega-se ao teto de 2,2 policiais por 531

98 1.000 (mil) habitantes, tomando-se por premissa que aumenta-se 0,2 policiais por habitantes para cada fator criminológico. Ou seja: o efetivo necessário ao policiamento ostensivo (E) resultaria do seguinte cálculo: Figura 192 Fórmula de cálculo do número de policiais necessários E = (1,2 + 0,2 N) H Fonte: CARSTENS & PERIOTTO, Sendo que: N representa a quantidade de fatores criminológicos e H representa a população (n.º de habitantes). Considerando-se, pois, com base no referencial Norte-Americano para o cálculo do efetivo policial, que a RMVA não apresenta nenhum dos fatores criminológicos acima expostos, a razão adequada de policiais por habitantes seria de 1,2. Dessa forma, os efetivos ideais para os municípios do núcleo metropolitano seriam, respectivamente: Coronel Fabriciano: 152 policiais Ipatinga: 354 policiais Santana do Paraíso: 42 policiais Timóteo: 120 policiais Confrontando os dados acerca do efetivo de policiais nos municípios do núcleo da RMVA (Tabela 101) com os resultados dos cálculos de efetivo policial, realizados com base no método Norte-Americano, observa-se que: o município de Ipatinga estaria com número de policiais superior ao mínimo adequado, Coronel Fabriciano estaria com o número exato necessário e Santana do Paraíso e Timóteo, por sua vez, estariam com contingentes inferiores ao mínimo adequado. Todavia, as Polícias Militares do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais estabelecem preliminarmente o critério de que em municípios com população abaixo de habitantes a relação de policiais por população é de 1:1.000 (1policial para cada mil habitantes), nos municípios com população entre e habitantes a relação de policiais por população é de 1:800 (1,25 policiais por mil habitantes) e nos municípios com população acima de habitantes a relação de policiais por população é de 1:400 (2,5 policiais por mil habitantes) (CARTENS & PERIOTTO, 2010). 532

99 Tomando-se, pois, por base esse critério preliminarmente estabelecido pelas Polícias de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, verifica-se que todos os municípios que compõem o núcleo da RMVA possuem efetivos policiais inferiores ao parâmetro então estabelecido. Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo, que possuem populações acima de habitantes, deveriam ter 2,5 policiais por mil habitantes, ao passo que possuem, respectivamente, 1,4; 1,8 e 1,1 policiais por mil habitantes. Tabela 101 Policiais por 1000 habitantes na RMVA, Município População Efetivo Taxa Coronel Fabriciano ,4 Ipatinga ,8 Santana do Paraíso ,9 Timóteo ,1 Fonte: IBGE, população estimada, 2013; 12ªRegional de PMMG, Arranjo Institucional de Segurança Pública As análises sobre arranjo institucional no campo da segurança pública que ora se apresentam estão condicionadas por dois fatores importantes, a saber: 1) O artigo 144 da Constituição Federal é omisso em relação às responsabilidades dos municípios na provisão de segurança pública, ao mesmo tempo em que reforça a concentração de funções na esfera estadual e o desequilíbrio sistêmico entre as três esferas administrativas. Por consequência, a reflexão remete à perspectiva e aos modos como as organizações de segurança pública da esfera estadual se inserem no contexto socioeconômico e territorial local e, assim, respondem às demandas dos municípios da RMVA e 2) O diagnóstico acontece num contexto marcado pelo debate acerca de pretensas reformas estruturantes do Sistema Nacional de Segurança Pública, consubstanciadas no Projeto de Lei nº 334/2012, de criação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) e no Projeto de Lei Complementar nº 51, que tem por objetivo transformar a arquitetura da segurança pública no país. 533

100 O debate sobre o arranjo institucional da segurança pública O Art. 6 da Constituição Federal de 1988 define a Segurança como um direito social, assim como o são a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados. No Art. 144, que integra o Capítulo III Da Segurança Pública - a segurança pública é definida como dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, devendo ser exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a: I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na formada lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na formada lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. Aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe-se-lhes a execução de atividades de defesa civil. 534

101 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do 4º do art. 39. Observa-se, pois, que o 7º do Art. 144 dispõe sobre a necessidade de regulamentação da organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. Em resposta a tal necessidade, o Projeto de Lei nº 3.734/12, do Poder Executivo, em tramitação na Câmara dos Deputados Federais, destina-se à criação do Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), que deverá disciplinar a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública. Portanto, o SUSP tem por objetivo articular as ações federais, estaduais e municipais na área de segurança pública e da Justiça Criminal, hoje dispersas. Todavia, a integração prática das instituições constitutivas do referido Sistema deverá preservar a sua autonomia e responsabilidades42. Em seu artigo 6º o PL prevê que o Susp deverá ser integrado pela polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros. As guardas municipais poderão colaborar em atividades suplementares de prevenção. O PL prevê ainda a realização de operações combinadas pelos órgãos de segurança federais e estaduais, planejadas e desencadeadas em equipe; a aceitação mútua de registros de ocorrências e de procedimentos de apuração; o compartilhamento de informações, bem como o intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos. O Projeto de Lei que cria o Sistema Único de Segurança Pública busca substituir o princípio de gestão de crises pelo de gestão de resultados. Para isso, se estrutura em seis eixos: Gestão unificada da informação: Criação de uma central que deverá receber todas as demandas na área de segurança pública, de modo a favorecer a realização de diagnósticos e o planejamento das ações compartilhadas; 42 Concomitantemente, tramita também o PL 3.735/12 que deverá instituir o Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (Sinesp). 535

102 Gestão do sistema de segurança: Delegacias com perícia, polícia civil e polícia militar deverão ser implantadas para cuidar de determinadas áreas geográficas das cidades; Formação e aperfeiçoamento de policiais: Prevê-se a formação e o treinamento, em academias integradas, das policiais civis e militares. À Secretaria Nacional de Segurança Pública caberá, através de seu setor de formação e aperfeiçoamento, a proposição dos currículos das academias, observando a valorização do profissional; Valorização das perícias: Investimentos na fase de investigação dos crimes, a fim de qualificar a sua compreensão e, com efeito, subsidiar as decisões judiciais; Prevenção: Priorização da realização de ações concretas com vistas à prevenção e redução da violência nos estados. A Polícia Comunitária deverá exercer importante papel nesse processo; Ouvidorias independentes e corregedorias unificadas: Criação de órgãos para receber as reclamações da população e identificar possíveis abusos da ação policial, com o objetivo de exercer o controle externo sobre a ação da segurança pública nos estados. As corregedorias deverão fiscalizar os atos dos policiais civis e militares. Figura 193 Representação do Sistema Único de Segurança Pública. SUSP Fonte: Site do Ministério da Justiça, A gestão do SUSP será de responsabilidade do Ministério da Justiça, que deverá orientar e acompanhar as atividades integradas, coordenar as ações da Força Nacional de Segurança Pública, promover programas de aparelhamento, treinamento e modernização das polícias e corpos de bombeiros, implementar redes de informação e troca de experiências, realizar estudos e pesquisas 536

103 nacionais, consolidar dados e informações estatísticas sobre criminalidade e vitimização e coordenar as atividades de inteligência da segurança pública. O projeto prevê a criação do Conselho Nacional de Segurança Pública, com a participação de representantes do Ministério da Justiça e dos comandos das polícias Civil e Militar e dos bombeiros dos estados e do Distrito Federal. Estados, Distrito Federal e municípios também poderão criar conselhos de segurança regionais, com a finalidade de planejar e desencadear ações de segurança pública na sua área de competência. A adesão dos Estados se dá por meio da assinatura de um protocolo de intenções com o Ministério da Justiça. Cria-se, então, no estado um Gabinete de Gestão Integrada (GGI) composto pelo Secretário de Estado de Segurança Pública, como coordenador e por representantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e guardas municipais. O GGI deve contar com a cooperação ativa do Ministério Público e do Poder Judiciário. Esse Comitê incumbir-se-á de definição de ações de prevenção e combate à criminalidade, sobretudo ao crime organizado relacionado ao tráfico de drogas e de armas, contrabando, lavagem de dinheiro, pirataria, dentre outras atividades. A integração sistêmica dos órgãos de segurança pública, bem como de seus respectivos planos e ações é assegurada por meio do repasse das decisões do comitê estadual a um comitê gestor nacional. O comitê deverá ter ainda dentre as suas atribuições a de definir as prioridades para investimentos federais na área de segurança pública no estado. A participação da sociedade civil está condicionada à criação de ouvidorias e corregedorias, as quais se encarregarão de criar mecanismos para a escuta da população e a verificação do funcionamento das instituições policiais em todos os níveis da Federação. A criação das ouvidorias é facultativa, podendo ser instituídas pela União, pelos estados e pelo Distrito Federal. As ouvidorias e corregedorias terão, no sistema, a incumbência de gerenciar processos e procedimentos de apuração de responsabilidade funcional, por meio de sindicância e de processos administrativos disciplinares, bem como de propor e subsidiar ações de aperfeiçoamento das atividades dos órgãos de segurança pública. Conforme divulgado no site do Ministério da Justiça, o estado de Minas Gerais criou por meio do Decreto nº /2003, em atendimento ao disposto no Protocolo de Intenções Nº003/2003, o Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública, encarregado de promover o combate à criminalidade. Neste mesmo ano, foi criada a Secretaria de Defesa Social, em substituição às Secretarias de Segurança e Justiça. A criação da SEDS representa, pois, o início do delineamento da 537

104 Política Estadual de Segurança Pública. O Sistema de Defesa Social de Minas Gerais, gerido pela Secretaria de Estado de Defesa Social, possui a seguinte configuração: SUAPI Subsecretaria de Administração Prisional SUASE - Subsecretaria de Atendimento às medidas Socioeducativas: responsável por elaborar e coordenar a política de atendimento ao adolescente autor de ato infracional. Polícia Civil de Minas Gerais Polícia Militar de Minas Gerais Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais Defensoria Figura 194 Sistema de Estado de Defesa Social de Minas Gerais SISTEMA ESTADUAL DE DEFESA SOCIAL CBMMG PMMG DEFENSORIA SISTEMA CBMMG DEFENSORIA Fonte: Secretaria de Estado de Defesa Social, Conforme disposto no 8º do artigo 144 da Constituição Federal de 1988, os municípios podem constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. Todavia, no Projeto de Lei nº 3.734/2012, que cria o Sistema Nacional de Defesa Social, prevê-se a ampliação da participação dos municípios no planejamento e gestão da segurança pública local: além de constituir guardas municipais, os municípios poderão instituir os Gabinetes de Gestão Integrada Municipal GGI-M. A implantação e funcionamento dos GGI-M representam, pois, a adesão dos municípios ao processo de implantação do Sistema Nacional de Defesa Social e a assunção de responsabilidades no planejamento e gestão de aspectos relacionados à segurança pública local. Esse órgão é um fórum deliberativo e executivo composto por representantes do poder público das diversas esferas e por representantes das diferentes forças de segurança pública com atuação no Município. Ele opera por consenso e sem hierarquia, não cabendo a nenhum de seus integrantes a função de determinar ou decidir qualquer medida, devendo haver respeito às autonomias de cada uma das instituições que o compõem. 538

105 Embora inicialmente concebidos no âmbito do Sistema Único de Segurança Pública, atualmente o GGI- M tem como objetivo fundamental ser um espaço de interlocução permanente entre as instituições do sistema de justiça criminal e as instâncias promotoras da segurança pública no âmbito local, sem prejuízo das respectivas autonomias e sem qualquer tipo de subordinação funcional ou política, com vistas à redução da violência e da criminalidade no município. O GGI-M constitui-se uma instância indispensável para o diagnóstico dos problemas locais, a racionalização dos recursos de segurança pública e a conexão com a mobilização comunitária, realizada a partir dos Conselhos Comunitários de Segurança. O GGI-M possui alguns objetivos específicos, quais sejam: a)implementar as políticas vinculadas ao plano nacional de segurança pública e aos planos estaduais, distrital e municipais, observadas as peculiaridades locais; b) Estabelecer uma rede municipal, estadual/distrital e nacional de intercâmbio de informações, experiências e práticas de gestão, que alimente um sistema de planejamento em nível nacional, com agendas de fóruns regionais e nacionais; c) Elaborar um planejamento estratégico das ações integradas a serem implementadas; d) Criar indicadores que possam medir a eficiência do sistema de segurança pública; e) Identificar demandas e eleger prioridades, com base em diagnósticos locais; f) Garantir um sistema no qual a inteligência e as estatísticas trabalhem de forma integrada; g) Difundir a filosofia de gestão integrada em segurança pública; São diretrizes do GGI-M: a) Promover a integração entre os órgãos de segurança pública em âmbito federal, distrital, estadual e municipal, bem como os que operam políticas sociais que contribuem com a segurança pública, no âmbito local; b) Compartilhar as ações dos Estados, Distrito Federal e Municípios, definidas em função dos indicadores de violência e vulnerabilidade, priorizando as medidas de maior impacto para reversão dos indicadores; 539

106 c) Criar Câmaras Temáticas para analisar temas específicos, facultando a participação da sociedade civil organizada, que terão por objetivo encaminhar proposições para análise e deliberação do colegiado pleno; d) Criar Câmaras Técnicas, compostas por profissionais da área de segurança pública indicados pelo Colegiado Pleno, para análise de temas específicos, programas de prevenção e repressão ao crime; e) Propor estratégias e metodologias de monitoramento dos resultados de ações a eles relativas, com a participação de outras instituições, se necessário e conveniente, respeitadas as diretrizes do Ministério da Justiça; f) Coordenar ações integradas entre os órgãos federais, estaduais, distritais e municipais voltadas à prevenção e repressão da violência e criminalidade no Município; g) Acompanhar a implementação dos projetos e políticas pertinentes a ele, promovendo a avaliação quantitativa e qualitativa dos resultados obtidos e indicando, se for o caso, mecanismos para revisão das políticas públicas adotadas; h) Contribuir para a integração e harmonização dos órgãos do sistema de justiça criminal, na execução de diagnósticos, planejamentos, implementação e monitoramento de Políticas de Segurança Pública; i) Monitorar e avaliar a execução dos planos municipais de segurança pública; j) Planejar ações integradas nas áreas definidas no município, em função dos indicadores de violência e vulnerabilidade, priorizando as medidas de maior impacto para reversão das estatísticas negativas; k) Acompanhar os programas estruturantes e de logística em desenvolvimento, observando as diretrizes de integração dos diferentes níveis de governo e de políticas sociais afins, bem como a priorização para as medidas que tragam maior impacto no desempenho dos programas de segurança pública; l) Interagir com os demais órgãos públicos estabelecendo uma permanente e sistemática articulação com entidades e instituições que operam as políticas sociais básicas, visando expandir a participação de outros atores no desenvolvimento e execução de programas e ações de prevenção à violência; 540

107 m) Interagir com a Sociedade Civil criando um fluxo que possibilite a articulação célere com os segmentos sociais e privados, empresas, organizações não governamentais, OSCIPS, associações e entidades comunitárias organizadas, clubes de serviços, igrejas, maçonarias, no sentido que haja uma contribuição, que possa se traduzir no compartilhamento de informações de dados, de estudos, de pesquisa e diagnósticos; n) Fomentar encontros, fóruns, periodicamente, objetivando a maior integração das ações da política de segurança pública; o) Mediar os planejamentos operacional, tático e estratégico entre os órgãos que o compõe e p) Primar pela publicidade das informações relativas as políticas desenvolvidas no âmbito do GGI-M, sempre que possível, e desde que não comprometa o sigilo necessário às operações de segurança pública. O GGI-M deve ser composto, no mínimo, pelo Prefeito(a) Municipal, Secretário(a) Municipal de Segurança Pública e Defesa Social ou semelhante, Secretário(a) Municipal de Transporte, Secretário(a) Municipal de Obras e Infraestrutura, Secretário(a) Municipal de Saúde, Secretário(a) Municipal de Educação, Secretário(a) Municipal de Assistência Social, Comandante da Guarda Municipal (onde houver), Comandante local do Batalhão da Polícia Militar do Estado, Comandante local do Batalhão de Corpo de Bombeiros Militar do Estado, Delegado(a) local da Polícia Civil do Estado, Representante local da Polícia Científica do Estado, Representante local da Polícia Federal, Representante local da Polícia Rodoviária Federal e Representante local da Receita Federal. O Prefeito(a) Municipal é sempre o(a) Presidente do GGI-M. A ele(a) cabe o agendamento das reuniões e a condução da política pública de segurança municipal. Na composição do GGI-M também é assegurada a participação de um representante indicado por cada um destes entes: Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, preferencialmente representantes lotados na municipalidade. O Colegiado Pleno desse órgão, instância superior e colegiada, é responsável pela coordenação e deliberação das ações e medidas que serão adotadas para enfrentamento da criminalidade e prevenção à violência. (SENASP/MJ, 2014) 541

108 Projeto de Emenda Constitucional 51 É importante considerar, ainda, o Projeto de Emenda Constitucional Nº 51 elaborado pelo Senador Lindenberg Faria. O mesmo se justifica pela necessidade de estender a transição democrática experimentada pelo país desde a década de 1980 à área da segurança pública, alterando por isso os artigos 21, 24 e 144 da Constituição Federal. Advoga-se, com efeito, a superação de velhos problemas institucionais do sistema nacional de segurança pública, sobretudo aqueles relacionados aos desequilíbrios de atribuições legais entre as esferas governamentais e à fragmentação do ciclo de trabalho policial entre as polícias militar e civil. Em termos práticos, a União e os Municípios assumiriam mais responsabilidades em face do quadro de elevada concentração de atribuições sobre a esfera estadual. Os horizontes fundamentais de intervenção da PEC 51 são os que se apresentam a seguir: Valorização dos municípios e da União no sistema de segurança pública, ampliando suas responsabilidades; Instituição do ciclo completo de trabalho policial, reforçando a integração das ações ostensivas desenvolvidas pela Polícia Militar com as ações investigativas, sob incumbência da Polícia Civil; Instituição de carreira única no interior de cada instituição, de modo a superar com as desigualdades internas; Desmilitarização da instituição policial por meio da substituição do modelo organizativo inspirado no Exército, com sua estrutura verticalizada, baseado na lógica do pronto-emprego, pela lógica da garantia de direitos. Segundo os proponentes da PEC 51, a polícia ostensiva possui finalidade diferente do Exército e, por isso, deveria adotar um modelo organizativo distinto, horizontalizado, no qual a atuação dos agentes de segurança pública se caracterizaria pelo exercício da inteligência criativa no território. Esta se constitui, pois, em uma orientação para a atuação policial, caracterizada pela presença cotidiana da polícia no território, observando e dialogando permanentemente com os moradores, a fim de formular diagnósticos e, com base nesse, estabelecer prioridades e efetivar medidas que favoreçam a segurança local. O policial se constituiria, com efeito, em um gestor local de segurança pública e a sua atuação estaria voltada para a garantia de direitos em lugar do pronto-emprego, de caráter bélico. É importante destacar ainda que os Estados teriam autonomia para adotarem estruturas organizativas afeitas às suas necessidades específicas. Assim, a depender das decisões estaduais, os Municípios poderiam assumir novas e amplas responsabilidades, inclusive a municipalização integral do 542

109 policiamento ostensivo e investigativo. Contrariando, pois, o que estabelece o artigo 144 da Constituição, omisso em relação ao Município, este poderia se tornar um ente efetivo no Sistema Nacional de Segurança Pública, assumindo responsabilidades complementares com as demais esferas administrativas, a exemplo do que ocorre em outras políticas públicas. As responsabilidades da União também seriam ampliadas, sobretudo em termos de organização e gestão do sistema de informações sobre segurança pública e de supervisão e regulamentação da formação policial, de modo a garantir uma base comum e afinada com as finalidades afirmadas na Constituição, respeitando as diferenças institucionais, regionais e de especialidades. O PEC também propõe avanços em termos de controle e participação social no planejamento, gestão e avaliação da política de segurança pública, fator decisivo para alterar o padrão de relacionamento das instituições policiais com as populações mais vulneráveis, caracterizado por posturas hostis. Conforme afirma Luís Eduardo Soares, a brutalidade policial letal atingiu, em nosso país, patamares inqualificáveis. Para dar um exemplo, no estado do Rio, entre 2003 e 2012, pessoas foram mortas em ações policiais. (SOARES, 2014) Portanto, as análises acerca do arranjo institucional atinente à segurança pública se realizam num cenário em que se debatem reformas estruturantes do modelo sistêmico ora vigente. Destacam-se, nesse aspecto, as proposições e discussões sobre as responsabilidades e modos de integração dos municípios e da União ao Sistema Nacional de Segurança Pública. Enseja-se, pois, debater os arranjos institucionais e estruturas organizacionais mais afeitas às necessidades de regiões metropolitanas, notadamente às da RMVA. 543

110 O Arranjo Institucional de Segurança Pública nos Municípios da RMVA A análise sobre o arranjo institucional dos municípios do núcleo metropolitano no campo da segurança pública será procedida em tripla perspectiva: a) da sua integração ao Sistema Nacional de Defesa Social, em implementação; b) da estrutura administrativa disponível para a efetivação da segurança pública e c) do arcabouço legal Integração Sistêmica Do ponto de vista da integração sistêmica, constatou-se que, dentre os quatro municípios que compõem o núcleo metropolitano, Ipatinga é aquele que empreendeu ações com vistas à sua articulação ao Sistema Nacional de Defesa Social. Além de criar a Secretaria Municipal de Segurança e Convivência Cidadã, por meio da Lei Municipal nº de 12 de março de 2013, que dispõe sobre a organização administrativa da Prefeitura Municipal de Ipatinga e dá outras providências, regulamentada pelo Decreto nº 7.596, de 13 de dezembro de 2013, o Município instituiu o Gabinete de Gestão Integrada Municipal - GGI-M, encontrando-se em pleno funcionamento. Conforme exposto no art. 20 da supracitada Lei, a Secretaria Municipal de Municipal de Segurança e Convivência Cidadã é o órgão de assessoramento ao Prefeito e de planejamento, execução, coordenação e controle das atividades relacionadas à segurança pública, em parceria com os órgãos estaduais, competindo-lhe especialmente: I - Elaborar e propor ao Prefeito, em articulação com as demais secretarias, a política de defesa social do município, de educação cidadã, de defesa civil e de proteção e defesa do consumidor; II - Responsabilizar-se pelo planejamento, implantação, gerência e administração da Guarda Municipal, conforme Legislação pertinente; III - Promover a política de articulação e mediação entre a Prefeitura, a Sociedade Civil, os Conselhos de Segurança Pública, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Civil e Militar, o DETRAN, a Polícia Federal, o Corpo de Bombeiros Militar e demais órgãos e instituições de segurança, visando a cooperação e a ampliação da capacidade de defesa da população; IV - Articular, no âmbito da Região Metropolitana, as políticas e ações de defesa social que contribuam para a redução da violência e da criminalidade; V - Planejar, implementar e monitorar os programas de educação para o trânsito e de combate às drogas; VI - Planejar e implementar as ações de vigilância e segurança patrimonial; 544

111 VII - Monitorar as áreas de risco do Município; VIII - Planejar e coordenar as ações de defesa civil no Município; IX - Contribuir com ações efetivas, dentro dos seus limites de competência, para a redução e a contenção dos índices de criminalidade; X - Estabelecer ações, convênios e parcerias, quando necessário, com entidades nacionais e/ou internacionais que exerçam atividades destinadas a estudos e pesquisas de interesse da segurança pública. Além dos mecanismos de integração ao sistema nacional de defesa social, previstos em Lei, o Município estabelece convênios de forma sistemática com a Polícia Militar de Minas Gerais com vistas a prover recursos para a efetivação da segurança pública local. Os demais Municípios do núcleo metropolitano Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo - não possuem órgão executivo da política de segurança pública e nem GGI-M instalados. As questões relacionadas à segurança pública são tratadas de modo transversal às demais políticas setoriais e, fundamentalmente, em perspectiva educativa. A integração com os órgãos de segurança pública estadual se dá por meio de convênios, através dos quais os municípios repassam recursos à Polícia Militar de Minas Gerais para a implantação e manutenção de estruturas físicas, aquisição de insumos, equipamentos, dentre outros. Os Conselhos de Segurança Pública CONSEPs, instituídos pela Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais, através da Polícia Militar, constituem-se na principal instância de interlocução dos órgãos de defesa social com a sociedade civil. Em todos os municípios do núcleo metropolitano esses Conselhos encontram-se instalados e em funcionamento. Os CONSEPs foram organizados em diversos núcleos, segundo as regionais administrativas dos municípios. A Polícia Militar também desenvolve diversos programas de prevenção à criminalidade, conforme descrição constante em material disponibilizado pela 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais: Coronel Fabriciano Disque Denúncia Unificado - 181: Campanha de incentivo à utilização do DDU 181 por meio da distribuição de panfletos em blitz educativas e palestras diversas, afixação de adesivos em caixas de supermercados da cidade, outdoors e evento público; 545

112 Rede de vizinhos protegidos (área central): Trata-se de uma rede de colaboração entre os moradores, que adotam medidas de auto-segurança, com vistas a reduzir os crimes contra o patrimônio no bairro. Realizam-se reuniões trimestrais para avaliação do programa e apresentação de propostas para melhorias. O programa tem o apoio do Conselho de Segurança Pública; Rede de comerciantes protegidos: Nos mesmos moldes da Rede de vizinhos protegidos, tem-se a Rede de Comerciantes Protegidos. Todos os comerciantes cadastrados possuem um alarme em seu estabelecimento, que quando acionado, avisa todos os integrantes da rede que há algo errado (roubo, por exemplo) acontecendo em seu comércio. Também há a realização de reuniões trimestrais; Limpeza de lotes vagos: Campanha pela PM em parceria com a Prefeitura Municipal por meio da distribuição de panfletos incentivando aos cidadãos a manterem lotes limpos e cercados, evitando que a área seja invadida por infratores, principalmente usuários e traficantes de drogas; Retirada de veículos abandonados nas ruas: Através de projeto de lei municipal, a Prefeitura de Coronel Fabriciano, em parceria com a Policia Militar do município, passou a recolher para o pátio credenciado do DETRAN todos os veículos abandonados nas ruas da cidade há mais de 03 dias. Ipatinga Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência - PROERD: é desenvolvido nas escolas públicas e particulares, no 5º e 7º ano do Ensino Fundamental, na educação infantil (PROERD Kids) e para adultos (Proerd para pais), por policiais militares treinados. O objetivo é transmitir mensagem de valorização à vida, e sobre a importância de manter-se longe das drogas e da violência. Após quatro meses de curso, as crianças recebem o certificado PROERD, ocasião em que prestam o compromisso de manterem-se afastados e longe das drogas e da violência. O PROERD Pais é composto de cinco encontros de aproximadamente duas horas; Policiamento de Proteção Integral POPI: Os militares trabalham em conjunto com escolas Municipais, Estaduais e Particulares com a finalidade de: identificar desvios de conduta; de prestar orientação sobre a conduta correta; acompanhar aos alunos que se encontram fora do convívio familiar, dentre outros; Projeto Volta às Aulas: Executado no início do Ano Letivo, após planejamento com a Direção dos educandários, a Banda de Música da Polícia Militar estabelece um cronograma de apresentação nas diversas escolas da cidade de Ipatinga onde é feita uma breve apresentação sobre a utilização dos instrumentos musicais afim de que alunos sejam desapertados; 546

113 Expresso Música: São ministradas aulas práticas e teóricas de música e instrumentos musicais. As aulas são desenvolvidas uma vez por semana no período de fevereiro a dezembro; Anjo da Escola: Baseia-se em visitas às escolas e atendimento aos alunos que vivem em situações de risco, que às vezes são filhos de infratores, sendo que muitos já até presenciaram assassinatos, fatores que são extremamente negativos e prejudiciais a formação do caráter de cada um; Projeto violão e fanfarra: Os Militares da BMUS visitam escolas públicas e ministram orientações musicais com instrumentos que foram adquiridos através de verba do Governo Federal. Além do aprendizado musical o projeto agrega disciplina e valores; Rede de Vizinhos Protegidos: Ativado no setor 7 da 138ª Cia de Polícia Militar. Santana do Paraíso Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência PROERD: ministrado nas E. E. Salvelino Fernandes Madeira, E. E. Albertino Ferreira Drumond, E. E. Antônio Luiz, E. M. João Matias de Oliveira e E. E. Joaquim Elisiario da Silva. Rede de Vizinhos Protegidos: executado no bairro Cidade Nova, com 08 casas contempladas. Timóteo Transitolândia: projeto existente na 85ª Cia de Polícia Militar, com vistas a educar e conscientizar as crianças e jovens, sobre as regras de trânsito, tanto para pedestres quanto para motoristas. Nossos jovens longe das drogas: projeto idealizado pelo Comando da 85ª Cia de Policia Militar e a Loja Maçônica de Timóteo. O Programa consiste da realização de palestras e de distribuição de panfletos educativos, para jovens, sobre o perigo do envolvimento com drogas Estrutura Administrativa A 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais é o órgão ao qual estão subordinadas as Unidades de Execução Operacional da Polícia Militar que atendem aos municípios do núcleo e do colar da Região Metropolitana do Vale do Aço, à exceção de Sobrália. A Unidade Executora Operacional existente neste município é 3º Gp, articulado à seguinte estrutura hierárquica: 2º Pelotão da Polícia Militar / 45ª Companhia de Polícia Militar / 43º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais / 8ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais, situada em Governador Valadares. 547

114 À 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais, situada em Ipatinga, subordinam-se o 14º Batalhão da PMMG, situado em Ipatinga, o 58º Batalhão da PMMG, situado em Coronel Fabriciano, a 17ª Companhia de Polícia Militar Independente, locada em João Monlevade e a 22ª Companhia de Polícia Militar Independente, situada em Caratinga. Quadro 21 Unidades Operacionais da Policia Militar de Minas Gerais na RMVA Região UEOp Município 12ª RPM 14º BPM 58º BPM 17ª Cia PM Ind (em João Monlevade) 22ª Cia PM Independente Fonte: Painel administrativo / P1/12ª RPM. Açucena Belo Oriente Braúnas Bugre Iapu Ipaba Ipatinga Joanésia Mesquita Naque Santana do Paraíso Antonio Dias Coronel Fabriciano Jaguaraçu Marliéria Timóteo Dionísio São José do Goiabal Bom Jesus do Galho Caratinga Córrego Novo Dom Cavati Entre Folhas - 4 Pel PM / 2 Gp Inhapim Pingo D Água São João do Oriente Vargem Alegre _ 4 Pel PM / 7 Gp Portanto, a estrutura instalada com as diversas Unidades Executoras Operacionais da Policia Militar abarca a totalidade dos municípios do núcleo e do colar da RMVA. 548

115 Articulada de maneira direta à Polícia Militar, que exerce o policiamento ostensivo, tem-se, no organograma do Sistema de Defesa Social do estado de Minas Gerais, a Polícia Civil, com funções investigativas. A Polícia Civil é o órgão da segurança pública que exerce as funções de polícia judiciária, às quais cabem o cumprimento das determinações emanadas do poder judiciário, bem como a apuração das infrações penais, que não sejam as militares ou não cometidas contra interesses da União. A ação investigativa da Polícia Civil consiste na coleta e analisa indícios da prática de infração penal, tendo por objetivos: identificar a autoria do fato definido na legislação penal e fornecer subsídios para a abertura de processo criminal, com vistas à punição dos infratores. Cumprem, ainda, à Polícia Civil, os processos de identificação civil, os registros e licenciamentos de veículos automotores, bem como a habilitação de condutores. A estrutura da Polícia Civil instalada na RMVA para o exercício da Polícia Judiciária conta com o 12º Departamento de Polícia Civil, em Ipatinga, o qual coordena o trabalho de seis delegacias regionais: Ipatinga, João Monlevade, Itabira, Caratinga, Manhuaçu e Ponte Nova. Juntas, essas delegacias regionais comandam a Polícia Civil em 97 municípios 43. Em Ipatinga, há ainda a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, à qual estão subordinadas 06 Áreas Integradas de Segurança Pública AISP, compostas por diferentes municípios 44. Às AISPs se vinculam as Delegacias de Polícia Civil instaladas nos municípios. As 06 AISPs subordinadas à 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Ipatinga contemplam ao todo 16 municípios, conforme se descreve a seguir: 116, 117 e Ipatinga; Ipaba, Iapu e Bugre; Belo Oriente, Açucena e Naque; Mesquita, Braúna e Joanésia; Santana do Paraíso; Coronel Fabriciano e Antônio Dias e Timóteo, Jaguaraçu e Marliéria. 43 Disponível em: Acesso em 15/04/ Os municípios da área de abrangência da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Ipatinga são: Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Braúnas, Bugre, Coronel Fabriciano, Iapu, Ipaba, Ipatinga, Jaguaraçu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Santana do Paraíso, Timóteo. Os demais municípios do colar metropolitano são da área de abrangência de outras Delegacias Regionais de Polícia Civil. 549

116 Destaca-se que as delegacias de Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo funcionam no horário de 08h30 as 12h e de 14h as 18h30. Após o horário de expediente, a 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil de Ipatinga estende o seu funcionamento em regime de plantão, acolhendo as demandas das demais unidades de polícia civil. Dessa forma, assegura-se o atendimento e o trato de polícia judiciária às ocorrências aos municípios compreendidos nas AISPs por 24 horas diárias. O referido regime de plantão se instala também na 1ª Delegacia Regional de Policia Civil de Ipatinga nos fins de semana e feriados. É importante salientar, contudo, que alguns dos municípios acima mencionados possuem unidades de Polícia Civil, mas não dispõem da presença de delegado por todo o expediente. Em razão do baixo número de ocorrências registradas tem-se, por vezes, 01 delegado para atender em unidades de polícia civil de mais de um município, a exemplo do que ocorre nas AIS s 319 (Ipaba, Iapu e Bugre), 320 (Belo Oriente, Açucena e Naque) e 321 (Mesquita, Braúna e Joanésia). Em municípios como Antônio Dias, Jaguaraçu e Marliéria, quando da ocorrência de um delito que requeira a configuração de flagrante, a ausência do delegado implica o deslocamento para Delegacias dos demais municípios da AISP. No caso de Antônio Dias, para a Delegacia de Polícia Civil de Coronel Fabriciano Já nos casos de Jaguaraçu e Marliéria, para a Delegacia de Polícia Civil de Timóteo. Essa forma de organização das Unidades de Polícia Civil, com a definição de suas respectivas áreas de abrangência, assegura, portanto, a cobertura dos municípios da região metropolitana do Vale do Aço. Todavia, a necessidade de deslocamento da Policia Militar em ocasiões nas quais se encerrara o expediente das respectivas Delegacias de Polícia Civil dos municípios em que ocorreu a infração penal implica em prejuízo ao policiamento ostensivo. Isso porque o tempo de deslocamento de viatura e de policiais militares a outro município, bem como de espera do cumprimento dos procedimentos da polícia judiciária, oneram as atividades de patrulhamento nas cidades de origem. Esse tipo de situação afeta de forma ainda mais contundente os municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo, os quais registram maiores números de ocorrências, comparados com os municípios do colar metropolitano. Ademais, a fragmentação da atividade policial dividida entre o policiamento ostensivo e o investigativo dificulta o alcance da necessária efetividade no processo de trabalho em segurança pública no Brasil, notadamente da polícia judiciária. A seguir, apresenta-se tabela com o efetivo da Policia Civil nos quatro municípios do núcleo metropolitano, segundo as funções exercidas. 550

117 Tabela 102 Efetivo da Polícia Civil nos Municípios do Núcleo da RMVA, Médico Município Delegado Escrivão Investigador Analista Legista Téc. Admin. Perito Criminal Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo Fonte: 12º Departamento de Polícia Civil de Minas Gerais. TOTAL É importante salientar, por fim, que a 12ª Subcorregedoria da Polícia Militar na 12ª Regional de Polícia Militar de Minas Gerais conta, em sua estrutura organizativa, com uma Subcorregedoria, e que a Polícia Civil dispõe de Delegado que representa a corregedoria na região Arcabouço Legal Do ponto de vista do arcabouço legal existente, para além da Constituição Federal, da Constituição Estadual e demais leis que instituem o Sistema Estadual de Defesa Social, no plano municipal não se tem arcabouço legal específico, constituído para sustentar a execução de políticas de segurança pública locais. Em Ipatinga, conforme já exposto, tem-se a Lei que dispõe sobre a organização administrativa da Prefeitura Municipal de Ipatinga, no bojo da qual se criou a Secretaria Municipal de Segurança Pública e Convivência Cidadã, o Decreto Regulamentador e o Gabinete de Gestão Integrada Municipal GGI-M. Nos demais municípios do núcleo metropolitano, não há leis e/ou decretos diretamente relacionados ao tema da segurança pública, que cumpram a função de instituir competências e prerrogativas legais para o tratamento da questão. Tem-se assim uma lacuna de instrumentos legais que reflete as restritas competências até então delegadas aos municípios no artigo 144 da Constituição Federal. 7.3 Habitação A moradia constitui-se em condição básica da existência humana, tendo a sua provisão alçado ao status de direito social. Na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) em seu artigo XXV postula-se : Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.(declaração DOS DIREITOS HUMANOS, 1948, online) 551

118 Na Agenda 21 (1995), o acesso à habitação sadia e segura é considerada essencial para o bem estar econômico, social, psicológico e físico da pessoa humana e deve ser parte fundamental das ações nacionais e internacionais. (...) O direito à moradia é um direito humano básico (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 1999, P.73). À época, estimava-se que pelo menos um bilhão de pessoas não tinham acesso a habitação sadia e segura. Na Conferência das Nações Unidas sobre os Assentamentos Humanos - Habitat II - celebrada em Istambul, em 1996, o acesso à habitação adequada para todos e a melhoria das condições habitacionais dos assentamentos humanos, tornando-os mais seguros, saudáveis, habitáveis, equitativos, sustentáveis e produtivos foram assumidos como objetivo universal. No Brasil, a moradia se constitui um direito social inscrito no artigo 6º da Constituição Federal de Nesta a moradia digna é considerada como aquela provida de condições adequadas de salubridade, segurança na posse, acessibilidade, disponibilidade e acesso a infraestrutura e serviços urbanos. Morar é uma das principais funções sociais da cidade e, por isso, requer a inserção adequada da habitação no ambiente urbano. Todavia, o processo de urbanização brasileiro se caracteriza pela geração de profundas desigualdades sociais, inclusive no acesso a terra e a habitação. O saldo desse processo foi o surgimento e a expansão de assentamentos precários, um expressivo déficit habitacional, irregularidade fundiária, degradação ambiental, entre outros. É importante considerar ainda que na sociedade capitalista a moradia extrapola seu valor de uso e também exerce função econômica, alimentando extensa rede de atividades articuladas à indústria da construção civil. O objetivo deste estudo é diagnosticar a situação habitacional da RMVA e dos municípios que a integram, identificando os aspectos de maior precariedade e vulnerabilidade. Não se trata de tarefa simples, em face das diversas expressões da questão habitacional nos ambientes urbano e rural: desigualdades sociais no acesso à terra e à moradia digna, associadas à lógica especulação no mercado imobiliário e à ineficiência no desenvolvimento das políticas públicas habitacionais; assentamentos humanos precários, decorrentes da insuficiência de infraestrutura e de serviços urbanos e sociais, da irregularidade fundiária, da inadequação de domicílios e, por vezes, da ocorrência de situações de risco geológico; déficit habitacional; segregação sócio espacial; loteamentos irregulares ou clandestinos; degradação ambiental, dentre outras. Conhecer, distinguir e dimensionar essas diversas expressões da questão habitacional é um desafio para planejadores, gestores e estudiosos da questão urbana. Ademais, há de se considerar que estudos mais específicos e de maior profundidade são pressupostos do processo de planejamento e gestão da política habitacional dos municípios, em conformidade com 552

119 as diretrizes do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social. Portanto, aos municípios cabe, além da adesão ao referido Sistema, elaborar os Planos Locais de Habitação de Interesse Social (PLHIS), considerando os diversos aspectos que encerram a questão habitacional local. No processo de levantamento de dados para elaboração deste diagnóstico, logrou-se acesso aos PLHIS de três dentre os quatro municípios da RMVA, a saber: Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo. Todavia, é importante ressaltar que os mesmos foram elaborados em diferentes contextos em termos do processo de planejamento urbano-habitacional dos respectivos municípios e das bases de dados disponíveis para análise, requerendo por isso algumas ponderações na consideração dos mesmos. Para a elaboração do diagnóstico habitacional, foram analisados dados primários e secundários de natureza quantitativa e qualitativa, relativos aos municípios da RMVA. Para os municípios do colar metropolitano foram estendidas as análises acerca de dois aspectos fundamentais na caracterização da situação habitacional - o déficit e a inadequação habitacionais. As principais fontes de dados secundários foram os censos realizados pelo IBGE nos anos 2000 e 2010, bem como os dados e estudos elaborados pela Fundação João Pinheiro. Sempre que disponíveis foram tomados indicadores em série histórica, a fim de avaliar a evolução dos mesmos na dinâmica socioeconômica dos municípios da RMVA e, assim, evitar as armadilhas de um retrato estático. Os dados primários foram coletados nas Prefeituras Municipais dos municípios da RMVA por meio de pesquisa documental e de entrevistas com gestores e técnicos que atuam no desenvolvimento da política habitacional. Destacam-se, nesse caso, como fontes de dados os diagnósticos que integram os respectivos Planos Locais de Habitação de Interesse Social, nos quais se abordam as principais dimensões da situação habitacional dos municípios. As variáveis a serem analisadas neste diagnóstico, para as quais se encontram dados disponíveis, são: perfil e condições habitacionais gerais; déficit habitacional; inadequação de domicílios; domicílios e população em aglomerados subnormais Condições Habitacionais A análise das condições habitacionais gerais no núcleo metropolitano será procedida com base em dados relativos às tipologias de habitação prevalentes, às condições de ocupação dos domicílios, ao percentual da população com acesso a infraestrutura e serviços básicos de energia elétrica, banheiro e água encanada, coleta de lixo e ao percentual de pessoas residentes em domicílios com inadequação em termos de abastecimento de água e esgotamento sanitário. 553

120 Tipologias de Habitação em Municípios da RMVA As tipologias de habitação revelam aspectos importantes do perfil habitacional e possibilitam ainda alguma aproximação analítica acerca da dinâmica do mercado imobiliário local. Na RMVA, conforme exposto na Tabela 35, a tipologia habitacional mais prevalente são as casas : 92,6% em Santana do Paraíso; 88,8% em Coronel Fabriciano; 84,0% em Timóteo; e 80,7% em Ipatinga. Tem-se, pois, a preponderância em maioria absoluta do tipo de habitação que caracteriza o processo de formação das cidades da RMVA. A segunda mais frequente tipologia de habitação nos quatro municípios é o apartamento : 18,0% em Ipatinga, 15,1% em Timóteo, 10,1% em Coronel Fabriciano e 7,2% em Santana do Paraíso. Percebe-se, pois, que a presença desse tipo de habitação nos municípios reflete o processo de verticalização neles em curso, processo esse ditado pelos interesses de investimento do capital imobiliário local. A terceira tipologia observada nos municípios da RMVA, embora em pequena proporção, denota condições mais precárias de habitação casa de cômodos, cortiços ou cabeça de porco. Tanto em termos absolutos, quanto em proporcionais, esta tipologia se mostra mais frequente em Ipatinga (731 registros representando 1,0% do total de domicílios), seguido por Coronel Fabriciano, onde se identificaram 213 habitações dessa tipologia, equivalentes a 0,7% do total de domicílios locais, Timóteo, com 133 registros desse tipo de habitação, correspondentes a 0,5% do total de domicílios e, por fim, Santana do Paraíso, com 13 domicílios nessa tipologia (0,2% do total de domicílios). Tabela 103 Tipologia dos Domicílios nos Municípios da RMVA, 2010 Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo Tipo de domicílio Domic. Abs. Domic. % Domic. Abs Domic. % Domic. Abs Domic. % Domic.Abs Domic. % Casa , , , Casa de vila ou em condomínio 131 0, ,3 2 0, ,3 Apartamento , , ,1 Casa de cômodos, cortiço ou cabeça de porco Oca ou maloca 213 0, , , Fonte: IBGE,Censo Demográfico,

121 7.3.2 Situação do Domicílio Uma das contrafaces do déficit habitacional calculado em determinado espaço geográfico é a situação dos domicílios particulares nele constatado. Por isso, cumpre verificar as proporções de domicílios que se encontram ocupados, não ocupados e os de uso coletivo. Nestes dois últimos casos, cumpre verificar ainda se à época do Censo de 2010 a não ocupação do domicílio coincidia com o fato de o mesmo estar fechado, em uso ocasional, ou vago ; e ainda, se os domicílios coletivos tinham ou não moradores. Os domicílios não ocupados constituem um ativo habitacional que, dependendo dos instrumentos urbanísticos disponíveis no plano municipal, pode se tornar objeto de medidas do poder público com vistas ao enfrentamento do déficit habitacional. A Tabela 104 abaixo apresenta dados sobre a situação dos domicílios nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço. Observa-se que os domicílios não ocupados representaram 18,9% do total de domicílios recenseados em 2010 em Santana do Paraíso, 9,0% em Ipatinga, a 8,9% em Coronel Fabriciano e a 6,9% em Timóteo. Em termos comparativos, destaca-se que apenas o município de Santana do Paraíso apresentou proporção de domicílios não ocupados superior aos observados em Minas Gerais (15,9%) e no Brasil (14,9%). 555

122 Tabela 104 Situação dos Domicílios nos Municípios da RMVA, Coronel Brasil Minas Gerais Fabriciano Situação Domicílios Domicí Domicílios Domicí Domicíli Domicí Domicíli dos Abs. lios (%) Abs. lios (%) os Abs. lios (%) os Abs. Domicílios Total Particular Particular - ocupado Particular - não - ocupado Particular - não ocupado - fechado Particular - não ocupado - uso ocasional Particular - não ocupado - vago Coletivo Coletivo - com morador Coletivo - sem morador ,8 6-0, 97 4, 94 11,1 0, ,8 4 84,9 9 14,9-5, 82 9, 02 0, 16 0, 07 0, ,3 5-0, 58 4, 98 11,9 5 0, ,8 2 83,9 6 15,9-6, 25 9, 61 0, 18 0, 08 0, , , 92 0, 92 10,6 3 0, ,9 90,9 7 8, 9-1, 4 7, 53 0, 1 0, 05 0, Ipatinga Domicí lios (%) , Fonte: IBGE, Censo Demográfico, , 29 1, 11 10,4 2 0, ,8 9 90,9 2 9, 0 Santana do Paraíso Domicí lios Abs , 28 7, 69 0, 11 0, 06 0, Domicí lios (%) , , 23 3, 14 10,2 7 0, ,8 6 81,0 1 18,9 Domicíli os Abs , 55 13,2 9 0, 14 0, 03 0, Timóteo Domicí lios (%) , , 19 2, 28 9, 64 0, ,9 2 93,1 7 6, 9 1, 43 5, 32 0, 08 0, 04 0, Condição de Ocupação dos Domicílios em Municípios da RMVA A condição de ocupação dos domicílios é outro importante aspecto a ser examinado na análise acerca da situação habitacional configurada nos municípios da RMVA. Ela reflete as questões atinentes à segurança e à vulnerabilidade da posse habitacional. A condição de ocupação do domicílio designada como próprio é aqui entendida como aquela que expressa maior segurança da posse, ainda que este possa estar em processo de aquisição. Os domicílios alugados não conferem ao ocupante o mesmo grau de segurança dos domicílios próprio, todavia não refletem necessariamente uma situação de vulnerabilidade, podendo assim condizer com uma modalidade de acesso a habitação afeita à necessidades de determinados segmentos da população. Entretanto, considerando o excludente histórico da provisão habitacional no país, os domicílios alugados são, na maioria das vezes, ocupados 556

123 por famílias que intentam alçar à condição de proprietárias 45.Os domicílios cedidos expressam condição de ocupação mais instável dada que pautada em relação de concessão na maioria das vezes desprovida de instrumento contratual. Trata-se em geral de relação de dependência entre as partes, sujeita a mudanças por circunstâncias diversas. A Tabela 105 a seguir apresenta indicadores da condição de ocupação domiciliar nos municípios da RMVA, apurada no censo do IBGE em Observa-se que nos quatro municípios da RMVA prevalece a condição de ocupação domiciliar designada próprio: 77,8% em Santana do Paraíso; 72,5% em Timóteo, 71,9% em Coronel Fabriciano e 63,7% em Ipatinga. Tem-se, portanto, no caso da RMVA a associação entre maiores tamanhos populacionais dos municípios e menores índices de domicílios próprios. Os domicílios alugados correspondem à segunda condição de ocupação mais frequente nos municípios da RMVA: 27,4% em Ipatinga; 20,6% em Coronel Fabriciano; 19,1% em Timóteo e 14,3% em Santana do Paraíso. A condição de ocupação domiciliar cedido é a terceira mais frequente nos quatro municípios da RMVA, registrando maior proporção em Ipatinga (8,7%), seguido por Timóteo (7,7%), Santana do Paraíso (7,6%) e Coronel Fabriciano (7,3%). Os domicílios ocupados mediante outra condição se constituem a quarta mais frequente, embora com proporções pouco expressivas. Tabela 105 Condição de Ocupação dos Domicílios Condição de ocupação do domicílio Brasil Dom. Abs. Do m % Minas Gerais Dom. Abs. Dom % Coronel Fabriciano Dom. Abs. Dom. % Ipatinga Dom. Abs. Do m % Santana do Paraíso Dom. Abs. Dom. % Timóteo Dom. Abs. Do m % Total Próprio ,3 72, ,9 63, , ,5 Alugado , , , , , ,1 Cedido , , , , , ,7 Outra condição , , , ,2 23 0, ,7 Fonte: IBGE, Censo Demográfico, As famílias que auferem renda mensal de até 3 salários mínimos e que despendem 30% ou mais dessa renda com pagamento de aluguel passaram a compor o cálculo do déficit habitacional desde o ano Ponderou-se, para isso, que para determinada parcela pobre da sociedade, o aluguel não é uma opção, diferentemente do que ocorre com alguns setores da classe média. Para eles, pagar aluguel em bairros melhores e de mais status é preferível a comprar imóvel em áreas suburbanas de pior localização (FJP, 2013, p. 18). 557

124 Acesso à Infraestrutura Básica nos Municípios da RMVA Os dados apresentados na Tabela 106 abaixo evidenciam a expressiva cobertura dos serviços básicos nos municípios do núcleo da RMVA, em Desde os anos 1991 e 2000, os indicadores referentes ao acesso da população de Ipatinga, Timóteo e Coronel Fabriciano a serviços básicos se mostravam positivos, inclusive com valores superiores aos registrados no estado de Minas Gerais e no Brasil. Santana do Paraíso, por sua vez, registrou valores inferiores aos demais municípios do núcleo metropolitano, no estado de Minas Gerais e no país em termos de indicadores relativos ao acesso da população à água encanada, a banheiro e água encanada, e a coleta de lixo. Destaca-se que, em 1991, o percentual da população atendida por água encanada em Santana do Paraíso era de 65,6%, ao passo que em Coronel Fabriciano esse indicador era de 88,4%, em Ipatinga de 90,7% e em Timóteo de 95,9%. Em 2000, Santana do Paraíso já alçara à cobertura de 85,1% de sua população com esse serviço, a qual se elevou a 96,7% no ano Observa-se o mesmo tipo de evolução do indicador relativo à população com acesso a banheiro e água encanada, em Santana do Paraíso. Neste tipo de serviço registrou-se cobertura de 62,7% em 1991, a qual se elevou a 83,2% no ano 2000 e a 96,2% em Em relação ao serviço de coleta de lixo, a evolução da cobertura do serviço em Santana do Paraíso foi ainda mais expressiva no período em análise: em 1991, o contingente populacional que acessava o serviço no município correspondia a 2,7%, o qual aumentou significativamente nas décadas seguintes 61,9% no ano 2000 e 97,4% em Destaca-se que, em 1991, Coronel Fabriciano também registrou percentual de cobertura do serviço de lixo (64,0%), índice inferior aos registrados no estado de Minas Gerais e no país. Portanto, nos quatro municípios que compõem o núcleo da RMVA, a oferta de serviços básicos no ano 2010 se mostrou próxima à universalização. Note-se que, no referido ano, os indicadores com valores mais baixos, registrados pelo Censo IBGE, referem-se a domicílios com água encanada, em Timóteo (96,0%) e em Santana do Paraíso (97,0%) e a coleta de lixo, em Santana do Paraíso (97,0%). Nos demais indicadores, registraram-se valores acima de 98,0%. Também em termos do percentual de pessoas residindo em domicílios com inadequação no abastecimento de água e no esgotamento sanitário, 46 Santana do Paraíso apresentou indicadores inferiores aos registrados nos demais municípios do núcleo metropolitano e no estado de Minas Gerais, embora mais positivos que os registrados no país. Em 2010, esse indicador, que era de 6,8% 46 Domicílios nos quais o abastecimento de água não se realiza por meio de rede geral e cujo esgotamento sanitário não é realizado por rede coletora de esgoto ou fossa séptica. 558

125 em 1991 e de 7,4% em 2000, reduziu-se a 1,5%, revelando, portanto, evolução positiva. Observa-se, ainda, que os demais municípios do núcleo metropolitano registraram valores abaixo de 1,0%. Todavia, a questão a ser explorada em relação a este item se refere à qualidade dos serviços, ou seja, se o abastecimento de água é suficiente, se a coleta de lixo é regular e realizada de forma adequada, dentre outros. Em geral, esses serviços costumam ter qualidades diferenciadas dependendo dos territórios municipais, o que reforça as desigualdades no acesso à cidade. Tabela 106 Condições Habitacionais nos Municípios do Núcleo da RMVA, 1991, 2000 e 2010 Unidade de Referência Energia Água Encanada Coleta de Lixo % de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados Brasil 84,8 93,5 98,6 71,3 81,8 92,7 77,9 91,1 97,0 10,4 8,9 6,1 Minas Gerais 85,4 95,7 99,4 77,6 89,4 94,4 71,3 92,0 97,9 4,2 4,3 1,8 Coronel F. 95,4 99,4 99,8 88,4 92,6 97,5 64,0 94,1 98,4 2,1 1,6 0,6 Ipatinga 97,7 99,8 99,9 90,7 95,7 98,1 83,5 98,5 99,9 3,3 0,9 0,1 Santana P. 95,2 97,0 99,6 65,6 85,1 96,7 2,7 61,9 97,4 6,8 7,4 1,5 Timóteo 98,9 98,6 99,9 95,9 96,0 96,3 90,1 95,1 98,9 0,9 1,6 0,5 Fonte: FJP, Acesso à infraestrutura nos municípios do Colar Metropolitano Nos municípios do colar metropolitano, as condições habitacionais apresentaram evolução positiva ao longo das três décadas analisadas, conforme revelam os indicadores constantes da Tabela 33 abaixo. Todavia, há diferenças e aspectos específicos a essa evolução que devem ser observadas. Os indicadores relativos ao percentual da população que acessa serviço de energia elétrica revelam que em todos os municípios do colar metropolitano o atendimento encontra-se próximo da universalização, no ano Os referidos indicadores revelam ainda significativa evolução entre os anos 1991 e 2010, como verificado nos municípios de Açucena, Braúnas, Córrego Novo e Mesquita. Nesses municípios o acesso ao serviço de energia elétrica evoluiu de atendimentos que giravam em torno de 40,0% a 50,0% da população para patamares superiores a 95,0%. O percentual da população com acesso à água encanada é uma variável da condição habitacional, cujos resultados registrados em 2010 se mostram menos homogêneos entre os municípios que os de acesso à energia elétrica. Nesse caso, têm-se municípios que, em 2010, alcançaram indicadores superiores a 90,0% da população atendida pelo serviço, a maioria Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Bugre, 559

126 Caratinga, Córrego Novo, Dionísio, Dom Cavati, Entre Folhas, Iapu, Ipaba, Jaguaraçu, Joanésia, Naque, Periquito, Pingo D água, São João do Oriente, e Sobrália. Outros municípios, em menor número, registraram indicadores em patamares ligeiramente inferiores aos primeiros, na faixa de 87,0% a 89,0% - Marliéria, Mesquita, São José do Goiabal e Vargem Alegre. Há, ainda, o grupo de municípios que apresentaram os mais baixos indicadores: Antônio Dias (70,6%), Braúnas (75,6%) e Açucena (78,0%). Nota-se que os indicadores apresentados por esses dois últimos grupos de municípios se encontram abaixo dos registrados no estado de Minas Gerais e no Brasil. Há que se ressaltar ainda que o crescimento dos valores do indicador em tela se fez muito expressivo nos municípios do colar metropolitano ao longo do período 1991/2010. Exemplo disso é a evolução registrada nos municípios de Bugre, Ipaba e Joanésia. Em Bugre o percentual de população com acesso a água encanada que era de 39,8% em 1991 se elevou a 95,7% em 2010; em Ipaba, o crescimento registrado foi de 38,8% em 1991 para 95,3% em 2010; em Joanésia esse crescimento foi de 40,0% em 1991 para 90,1% em Por outro lado, Braúnas, que registrou bom crescimento do indicador em questão entre os anos 1991 e 2000 (31,3% para 74,2%) evoluiu muito pouco na década seguinte, registrando em 2010 o índice de 75,6%, portanto, com 1,4% de diferença positiva. Em termos do acesso a serviço de coleta de lixo observa-se que à exceção de Açucena, Braúnas, Joanésia, Mesquita e Periquito, os demais municípios do colar metropolitano apresentaram, em 2010, percentuais de atendimento da população superiores a 91,0%. Em Bugre e Jaguaraçu o serviço alcançava a 100,0% da população em Em outros, como Córrego Novo, Dionísio, Ipaba, Marliéria e Pingo D Água o serviço encontra-se próximo da universalização. Por outro lado, há que se registrar o baixo percentual de acesso ao serviço pela população de Açucena. Neste município, em 2010, apenas 49,4% acessava o serviço de coleta de lixo, o que sugere a prevalência de formas alternativas de destinação, prejudiciais ao ambiente e à saúde da população. É importante notar que em Minas Gerais e no Brasil, os percentuais da população com acesso ao serviço de coleta de lixo, em 2010, são, respectivamente, de 97,9% e 97,0%. Por fim, quando se analisa o percentual de pessoas em domicílios cujo abastecimento de água e o esgotamento sanitário são inadequados, nota-se que, em quase todos os municípios do colar metropolitano, os índices registrados se apresentam com baixos valores em 2010, inclusive inferiores aos registrados no Brasil e no estado de Minas Gerais. A exceção, nesse caso, fica por conta de Antônio Dias e Açucena, os quais registraram índices de 12,2% e 7,5%, em Para fins de comparação observa-se que os índices registrados em Minas Gerais (1,8%) e no Brasil (6,1%) são inferiores aos registrados nesses dois últimos municípios do colar, mencionados. 560

127 Tabela 107 Condições Habitacionais nos Municípios do Colar da RMVA: Percentual da População com Acesso aos Serviços Básicos, 1991, 2000 e Unidade de Referência Energia Água Encanada Banheiro e Água Encanada Coleta de Lixo % de pessoas em domicílios com abastecimento de água e esgotamento sanitário inadequados Brasil 84,8 93,5 98,6 71,3 81,8 92,7 67,0 76,7 87,2 77,9 91,1 97,0 10,4 8,9 6,1 Minas Gerais 85,4 95,7 99,4 77,6 89,4 94,4 73,9 87,2 94,9 71,3 92,0 97,9 4,2 4,3 1,8 Açucena 51,4 74,8 95,1 25,6 63,4 78,0 23,7 60,9 82,9 18,8 28,4 49,4 8,9 11,0 7,5 Antônio Dias 65,4 87,1 97,8 57,5 65,4 70,6 54,4 74,6 85,2 25,7 65,0 91,6 3,7 16,6 12,2 Belo Oriente 89,8 99,0 99,7 58,7 85,9 94,8 53,2 81,9 94,9 37,6 63,3 95,5 2,8 8,9 0,8 Bom J. Galho 64,2 92,6 99,0 51,6 81,8 91,9 49,0 80,6 98,2 47,8 62,4 90,7 1,8 2,9 0,5 Braúnas 43,6 99,4 98,8 31,3 74,2 75,6 30,1 63,6 94,8 0,0 72,7 89,6 3,9 13,1 1,7 Bugre 62,5 93,1 99,7 39,8 84,4 95,7 36,3 77,0 99,4 19,5 53,1 100,0 1,0 3,2 0,4 Caratinga 83,1 97,5 99,7 73,2 91,3 96,0 67,8 90,2 97,5 64,7 87,6 97,6 3,0 4,1 0,9 Córrego Novo 55,7 91,1 97,6 54,4 83,4 91,2 46,7 79,1 97,0 43,1 63,2 98,9 0,0 3,5 1,7 Dionísio 81,3 96,0 99,4 67,5 90,9 91,3 65,0 90,8 97,9 36,5 88,4 98,4 5,5 4,0 1,3 Dom Cavati 85,0 98,6 99,9 71,7 95,7 96,3 70,2 96,2 98,8 63,8 89,6 97,4 3,9 0,8 0,2 Entre Folhas 60,9 98,0 99,6 62,4 89,5 95,5 51,4 89,9 99,5 0,0 85,2 96,4 5,7 4,7 0,1 Iapú 67,5 96,2 99,9 58,9 85,8 95,9 56,2 83,0 98,0 27,8 75,2 97,9 0,9 10,2 1,0 Ipaba 79,6 98,6 98,4 38,8 91,3 95,3 37,5 87,5 97,0 29,9 89,2 98,7 0,0 4,6 0,5 Jaguaraçu 80,2 99,5 99,4 75,1 84,2 92,0 72,2 87,2 98,5 47,3 91,1 100,0 4,3 4,3 1,0 Joanésia 65,7 95,5 99,1 40,0 75,5 90,1 33,1 72,1 95,6 35,5 61,3 85,0 11,4 13,5 0,4 Marliéria 77,1 98,6 97,8 57,9 84,3 89,2 55,4 88,7 95,5 52,6 87,7 98,0 6,1 5,8 1,6 Mesquita 53,9 90,2 98,3 38,3 82,6 88,9 33,8 76,9 97,3 10,9 70,1 84,9 13,1 7,2 1,0 Naque 91,6 97,5 99,7 80,1 87,8 99,5 69,7 86,6 97,7 37,9 65,0 92,1 1,0 4,4 0,9 Periquito 84,0 97,0 98,5 45,5 72,5 99,1 40,7 66,9 95,1 31,2 13,4 76,0 6,4 16,1 0,5 Pingo D'Água 87,8 91,5 98,5 72,0 88,5 98,6 70,7 82,7 98,9 0,0 85,8 98,5 1,0 10,3 0,5 São João O. 74,5 98,0 99,9 72,2 90,5 98,8 69,1 87,1 99,3 66,7 88,7 97,0 2,2 1,2 0,1 São José do Goiabal 67,6 93,5 98,3 56,4 86,8 87,9 53,5 82,0 96,3 47,6 96,4 97,8 4,6 7,2 1,6 Sobrália 73,0 99,3 100,0 53,3 86,6 97,5 52,0 83,8 97,6 26,8 89,0 95,2 2,3 9,9 1,1 Vargem Alegre 72,1 93,2 99,6 64,5 85,5 90,0 61,7 82,8 97,5 1,4 85,9 95,0 1,1 4,4 0,1 Fonte: FJP, Déficit Habitacional O déficit habitacional é um indicador da necessidade de construção de novas moradias para atender à demanda da população. O conceito engloba as moradias que devem ser repostas em razão da precariedade das construções, não podendo ser habitadas. Inclui também a necessidade de incremento do estoque em função da coabitação familiar forçada (famílias que pretendem constituir 561

128 um domicílio unifamiliar), dos moradores de baixa renda com dificuldades de pagar aluguel e dos que vivem em casas e apartamentos alugados com grande densidade. Inclui-se ainda nessa rubrica a moradia em imóveis e locais com fins não residenciais (Figura 195). O déficit habitacional pode ser entendido, portanto, como déficit por reposição de estoque e déficit por incremento de estoque (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). Figura 195 Composição do Déficit Habitacional Déficit Habitacional Déficit por Reposição de Estoque Déficit por Incremento de Estoque Domicílios Improvisados + Habitações Precárias (Domicílios Rústicos + Domicílios Improvisados) Coabitação + Domicílios Alugados (Fortemente adensados e famílias com renda de até 3saláriosmínimos que comprometem 30% ou mais de Fonte: Elaboração Unileste, O déficit habitacional é calculado como a soma de quatro componentes: Domicílios precários: soma dos domicílios improvisados e dos domicílios rústicos; Coabitação familiar: soma dos cômodos e das famílias conviventes secundárias com intenção de constituir um domicílio exclusivo; Ônus excessivo com aluguel urbano; e Adensamento excessivo de domicílios alugados 47 (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). A seguir apresentam-se alguns dos conceitos utilizados pela Fundação João Pinheiro para calcular o déficit habitacional no Brasil. Domicílios improvisados: englobam todos os locais e imóveis sem fins residenciais e lugares que servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e viadutos, 47 Este último componente foi incorporado aos cálculos do déficit habitacional a partir de 2008 e, por isso, não consta nos resultados do estudo realizado em

129 barracas, carcaças de carros abandonados e cavernas, entre outros), o que indica a carência de novas unidades domiciliares; Domicílios rústicos: são aqueles sem paredes de alvenaria ou madeira aparelhada que, em decorrência das condições de insalubridade, proporcionam desconforto e trazem risco de contaminação por doenças; Coabitação familiar: compreende as famílias conviventes secundárias que declararam intenção de constituir um domicílio exclusivo; Ônus excessivo com aluguel urbano: corresponde ao número de famílias urbanas com renda de até três salários mínimos que moram em casa ou em apartamento (domicílios urbanos duráveis) e que despendem 30% ou mais de sua renda com aluguel; Adensamento excessivo de domicílios alugados: consideram-se domicílios que possuem número médio de moradores por dormitório acima de três (3) (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). O estudo Déficit Habitacional Municipal no Brasil , elaborado pela Fundação João Pinheiro com base em dados do Censo IBGE/2010, informa que o Brasil apresentava no referido ano uma carência de 6 milhões e 940 mil habitações. Deste total, 85,0% se concentravam em áreas urbanas e 15,0% em áreas rurais. A carência de habitações em relação ao total de domicílios contabilizados no Brasil, à época, denominada déficit habitacional relativo, era de 12,1% Déficit Habitacional nos Municípios da RMVA A Tabela 108, abaixo, apresenta dados sobre o déficit habitacional registrado nos municípios que compõem o núcleo da Região Metropolitana do Vale do Aço, relativo aos anos 2000 e Observase que em 2000 o déficit habitacional dos quatro municípios que compõem o núcleo metropolitano era de domicílios, o qual correspondia a 8,8% dos domicílios do referido espaço geográfico. A maioria absoluta desses domicílios que compunham o déficit habitacional à época (98,0%) se localizava em áreas urbanas e 2,0% em áreas rurais 49. Em uma década o déficit habitacional dos quatro 48 A publicação Déficit Habitacional Municipal no Brasil 2010 foi divulgada em 19 de dezembro de 2013, pelo Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP) e pela Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades. O estudo é anual e aborda os aspectos do setor habitacional no Brasil e a evolução de seus indicadores, considerando a falta ou inadequação do estoque de moradias. Calculados com base no Censo Demográfico brasileiro de 2010, os dados apresentam estimativas do déficit habitacional e da inadequação de domicílios para todos os municípios brasileiros, o que permite tratar a questão habitacional de forma pontual e diferenciada. 49 No ano 2000, a população urbana dos municípios que compõem o núcleo metropolitano correspondia a habitantes. A população rural, por sua vez, correspondia a habitantes (IBGE, 2000) 563

130 municípios do núcleo metropolitano cresceu em termos absolutos e relativos: em 2010, o déficit habitacional passou a domicílios, os quais correspondiam a 10,0% do total de domicílios identificados em seus territórios. Em termos relativos, em 2010 o déficit habitacional do núcleo metropolitano (10,0%) superou o déficit habitacional registrado no estado de Minas Gerais (9,2%). Analisando o déficit habitacional de cada um dos quatro municípios do núcleo metropolitano, constata-se que Ipatinga é o município que mais contribui para a composição do déficit registrado desse espaço geográfico, nos anos 2000 e Em 2000, Ipatinga registrou déficit habitacional de domicílios (8,3% do total de domicílios), quantitativo esse que correspondeu a 50,5% do déficit total dos quatro municípios da RMVA. Em 2010, o déficit habitacional de Ipatinga alcançou o quantitativo de domicílios (12,3% do total de domicílios), número este que corresponde a 48,1% do déficit total registrado nos quatro municípios do núcleo metropolitano. Ao longo da década o crescimento do déficit habitacional de Ipatinga correspondeu a 92,8%. Todavia, o município vem realizando projetos de produção de moradias em parceria com a Associação Habitacional de Ipatinga, por meio do Programa Minha Casa, Minha Vida. Com efeito, o déficit habitacional contabilizado pela Fundação João Pinheiro com base em dados do Censo IBGE 2010 vem sendo gradualmente enfrentado. O processo de implementação da política municipal de habitação de Ipatinga, em curso, gera perspectivas de desenvolvimento de ações sistemáticas, em consonância com o Plano Local de Habitação de Interesse Social (aprovado em 2011), em vias de revisão no município. Em Coronel Fabriciano, o déficit habitacional também cresceu em termos absolutos e relativos entre os anos 2000 e Em 2000, o déficit habitacional registrado no município era de domicílios, os quais equivaliam a 8,8% do total de domicílios locais. Em 2010, esse percentual foi a 10,4% do total de domicílios locais, correspondendo em termos absolutos a domicílios. Depois de Ipatinga, Coronel Fabriciano é o município que mais contribui para a composição do déficit habitacional do conjunto dos municípios do núcleo metropolitano: em 2000, a contribuição do município fora de 24,6%, em 2010, essa contribuição se reduziu a 17,6%. Destaca-se ainda que em uma década o déficit habitacional de Coronel Fabriciano cresceu 45,2%. Santana do Paraíso apresenta uma situação singular no que se refere à evolução do déficit habitacional no município entre os anos 2000 e Em 2000, o município registrou déficit habitacional de 834 domicílios, os quais, em termos relativos, representavam o mais alto déficit habitacional dentre os municípios do núcleo metropolitano 18,1% do total de domicílios locais. Todavia, em 2010, o déficit 564

131 habitacional local reduziu em termos absolutos e relativos, passando a 604 domicílios, que correspondem a 7,6% do total de domicílios do município. Em uma década o déficit habitacional de Santana do Paraíso se reduziu 27,6%. Em Timóteo, o déficit habitacional cresceu tem termos absolutos e relativos. No ano 2000, o município registrava déficit habitacional de domicílios (7,3% do total de domicílios), o elevando-se a domicílios em 2010 (9,3% do total de domicílios). Portanto, em uma década o déficit habitacional em Timóteo se elevou 66,3%. Portanto, no ano 2000, embora em números absolutos os déficits de Ipatinga (4.656), Coronel Fabriciano (2.269) e Timóteo (1.378) sejam superiores ao de Santana do Paraíso (834), os três primeiros municípios se apresentaram em melhores condições em relação a este último. Em 2010, contudo, Santana do Paraíso passou a apresentar déficit habitacional mais positivo que os demais municípios, sendo o único município do núcleo metropolitano a registrar déficit relativo abaixo do estado de Minas Gerais. Por outro lado, em 2010, Ipatinga se tornou o município com maior déficit habitacional relativo: 12,3% do total de domicílios locais. Tudo isso pode ser observado na Figura 196 abaixo. Tabela 108 Déficit Habitacional nos Municípios da RMVA, 2000 e 2010 Unidade de Referência Número de Domicílios Frequência % Frequência % Coronel Fabriciano , ,4 Ipatinga , ,3 Santana do Paraíso , ,6 Timóteo , ,3 RMVA , ,0 Minas Gerais , ,2 Fonte: Fundação João Pinheiro,

132 Figura 196 Mapa Déficit Habitacional Total nos Municípios da RMVA (Correspondente aos anos de 2000 e 2010) Fonte: Fundação João Pinheiro, Todavia, ao déficit habitacional calculado pela Fundação João Pinheiro deve-se acrescentar as estimativas de reposição de moradias decorrentes de projetos de intervenção urbana e de remoção de famílias de áreas de risco. Para isso, tomam-se como fonte de informações os respectivos Planos Locais de Habitação de Interesse Social dos municípios da RMVA. Não se obteve o Plano Local de Habitação de Interesse Social do município de Santana do Paraíso e, por isso, não se fez possível tecer considerações sobre o déficit habitacional assim como configurado em tal documento. Em Coronel Fabriciano, o diagnóstico do PLHIS, elaborado em 2009, estimou para o referido ano o déficit habitacional básico de moradias. A este quantitativo foram acrescentadas, em caráter estimativo, 352 famílias afetadas com ônus excessivo da renda por dispêndio com aluguel e, ainda, 824 remoções em função de obras públicas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento PAC (CORONEL FABRICIANO, 2010). 566

133 Em Ipatinga, o diagnóstico do PLHIS (2011) tomou por base os dados do CADÚnico e do Departamento de Habitação de Interesse Social (DEHAIS) 50 para estimar as necessidades habitacionais locais. Não se consideraram as demandas decorrentes de obras de urbanização e de intervenção em assentamentos precários do município. A somatória proposta dos dados de ambos os cadastros resultou no déficit habitacional total de moradias. É importante destacar, por outro lado, que conforme consta no diagnóstico do PLHIS de Ipatinga, no período de 1989 a 2010 o município produziu unidades habitacionais (IPATINGA, 2011). Em Timóteo, por sua vez, o diagnóstico do PLHIS (2012) não apresentou quadro que sintetizasse o déficit habitacional. Contudo, as análises realizadas com base em dados do Censo IBGE 2010 e do CadÚnico contabilizaram, à época, 406 domicílios para reposição de estoque em função de risco ambiental e construtivo. Outro aspecto a ser considerado na política de provisão habitacional diz respeito à projeção da demanda em função dos fatores demográficos. Nesse sentido, para além da observação da demanda presente, o planejamento e a gestão da política habitacional local precisa se estruturar de modo a contemplar também a evolução projetada do número de domicílios no município, notadamente na faixa de renda de interesse social até 5 salários mínimos. Nos PLHIS dos municípios da RMVA ora analisados, constam as respectivas projeções de crescimento no número de domicílios em horizontes temporais de até 20 anos e, nesse universo, de domicílios a serem contemplados pela política habitacional de interesse social. Em Coronel Fabriciano, o PLHIS projeta, por meio de vários procedimentos de cálculo estatístico, o acréscimo de domicílios até o ano 2029, dos quais na faixa de renda de interesse social no âmbito da política habitacional (CORONEL FABRICIANO, 2010). Em Ipatinga, essa projeção apresenta como resultado o déficit habitacional de novas unidades no ano Em Timóteo, o PLHIS menciona estudo realizado pelo CEDEPLAR, em 2009, no qual se teria projetado que o município alcançaria o número de domicílios em Neste mesmo ano o déficit habitacional projetado seria de moradias. Portanto, em que pesem as eventuais imprecisões das estimativas e projeções do déficit habitacional para o planejamento e a gestão desta política setorial nos municípios, a realização e atualização de estudos e diagnósticos acerca das necessidades habitacionais locais se constituem uma necessidade permanente, a ser incorporada ao cotidiano de gestores e técnicos a ela dedicados. Cumpre, com 50 De acordo com o diagnóstico do PLHIS de Ipatinga (2011), o DEHAIS recebeu mais de fichas de cadastro com solicitações de unidades e de melhorias habitacionais. Do total de famílias cadastradas, demandavam melhorias habitacionais. As demais se inscreveram em busca de novas unidades habitacionais. 567

134 efeito, que se aprimorem, padronizem e difundam os procedimentos metodológicos para a realização desses estudos e projeções das demanda, a fim de que se tornem cada vez mais precisos. Desse processo resultará maior clareza na proposição de prioridades e destinação de investimentos públicos e privados Composição do Déficit Habitacional A análise da Tabela 109 abaixo possibilita notar que o ônus excessivo com aluguel e a coabitação domiciliar são os fatores que mais contribuíram na composição do déficit habitacional nos quatro municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço, em Juntos, esses dois fatores contribuíram com 88,9% na composição do déficit habitacional em Coronel Fabriciano; com 95,1% em Ipatinga; com 91,4% em Santana do Paraíso e com 88,7% em Timóteo. O ônus excessivo com aluguel constitui o principal fator na composição do déficit habitacional em Coronel Fabriciano e em Ipatinga, contribuindo com 45,1% e 54,0%, respectivamente; ao passo que a coabitação familiar contribui com 43,8% e 41,1% nesses municípios. Em Santana do Paraíso e em Timóteo, a coabitação familiar é o principal fator contribuinte na composição do déficit habitacional, com 47,7% e 49,0%, respectivamente, seguido pelo ônus excessivo com aluguel, fator que esse que registrou índices de 43,7% e 39,7%. Domicílios precários e adensamento excessivo de domicílios alugados apresentaram menores contribuições nos quatro municípios, conforme se pode notar na tabela 4, abaixo. Destaca-se que mais de 70% do déficit habitacional no Brasil é composto pela coabitação familiar (43,1%) e pelo ônus excessivo com aluguel (30,6%). Esses dois componentes representam 5,1 milhões de unidades de déficit. Domicílios precários, com 19,4%, e adensamento excessivo de domicílios alugados (6,9%) são os componentes menos expressivos do déficit e que, juntos, correspondem a cerca de 1,8 milhão de unidades (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013, p. 33). Trata-se, pois, da prevalência de fatores relativos às necessidades de incremento de estoque, as quais, por sua vez, estão relacionadas a múltiplos aspectos de ordem socioeconômica de modo mais amplo, ao desempenho da economia nacional, e, de modo específico, à eficácia das políticas habitacionais nas esferas nacional, estadual e municipal e à dinâmica do mercado imobiliário. 568

135 Tabela 109 Composição do Déficit Habitacional nos Municípios do Núcleo da RMVA, 2010 Itens de composição do déficit Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo Total Relativo Total Relativo Total Relativo Total Relativo Domicílios precários 211 0, ,2 33 0, ,6 Coabitação familiar , , ,6 Ônus excessivo com aluguel , , , ,7 Adensamento excessivo de domicílios alugados 156 0, ,4 19 0, ,4 Déficit habitacional , , , ,3 Fonte: FJP, Déficit Habitacional Segundo o Nível de Renda Domiciliar Em todos os municípios do núcleo metropolitano, a exemplo do que se verifica, em 2010, na RMVA, no estado de Minas Gerais e no Brasil, o Déficit habitacional foi composto majoritariamente por domicílios com renda de 0 a 3 salários mínimos. Considerando-se o conjunto dos municípios da RMVA tem-se que, no ano em questão, 69,3% dos domicílios que compõem o déficit habitacional auferem renda mensal de 0 a 3 salários mínimos; em Coronel Fabriciano esse percentual é de 68,4%; em Ipatinga, de 70,6%; em Santana do Paraíso, de 70,0%; e em Timóteo, de 65,7%. Para fins de comparação, observa-se que em Minas Gerais e no Brasil esse percentual é de 64,3% e 64,2%, respectivamente. A esses podem somam-se os domicílios sem rendimentos, os quais representam 1,3% do total de domicílios em Coronel Fabriciano; 2,1% em Ipatinga e 1,8% em Santana do Paraíso. Em Timóteo, não foram registrados domicílios nesta categoria. Os domicílios com renda entre 3 e 6 salários mínimos aparecem como os segundos mais frequentes na composição do déficit habitacional nos espaços geográficos analisados: 14,0% no conjunto da RMVA; 14,9% em Coronel Fabriciano; 13,6% em Timóteo; 12,8% em Ipatinga e 12,1% em Santana do Paraíso. Em Minas Gerais, esse percentual é de 15,8% e no Brasil, de 13,8%. Note-se que, em Timóteo, os domicílios com esse nível de renda ocupam a terceira posição no ranking da composição do déficit habitacional. Em terceira posição no ranking da composição do déficit habitacional segundo o nível de renda domiciliar, encontram-se os domicílios com renda entre 6 e 10 salários mínimos. Estes representam 11,1% no conjunto dos municípios que compõem o núcleo metropolitano; 10,3% em Ipatinga; 12,0% 569

136 em Santana do Paraíso; 12,4% em Coronel Fabriciano e 16,4% em Timóteo. Em Minas Gerais e no Brasil, esse percentual é de 12,8% e 11,9%, respectivamente. Por fim, aparecem os domicílios com renda de 10 ou mais salários, que representam proporções que variam entre 3,0% em Coronel Fabriciano, a menor, e 4,3% em Timóteo, a maior e os domicílios sem rendimento, com percentuais entre 0,0%, em Timóteo, a 2,1% em Ipatinga. À exceção do percentual registrado no Brasil (5,0%), no estado de Minas Gerais e no núcleo da RMVA, os percentuais apresentam valores próximos aos dos municípios do núcleo metropolitano. Portanto, assim como no Brasil e em Minas Gerais, nos municípios do núcleo metropolitano o déficit habitacional é composto majoritariamente por domicílios com baixos níveis de renda 0 a 3 salários mínimos - e sem rendimentos. Embora em menores proporções na composição do déficit habitacional dos municípios da RMVA, as demais faixas de renda domiciliares requerem atenção em termos de proposição e desenvolvimento de políticas específicas de provisão habitacional. Neste ponto, há que se fazer uma importante ponderação: até a década de 1990 o mercado imobiliário privado atendia exclusivamente aos segmentos de luxo. Todavia, desde a criação do Ministério das Cidades, em 2003, e a consequente construção de um novo paradigma para a política habitacional no Brasil, o governo federal em parceria com o Conselho das Cidades e o Conselho Curador do FGTS vem criando mecanismos para a ampliação do mercado imobiliário para o atendimento das demandas das classes médias, de modo a concentrar os recursos financeiros sob gestão federal nas faixas de renda situadas abaixo de 5 salários. Duas medidas foram fundamentais para a ampliação do mercado: 1) A aprovação da Lei nº /2004, de iniciativa do Ministério das Cidades, que conferiu maior segurança jurídica e econômica ao mercado privado bastante frágil em função da alta inadimplência e 2) A aprovação da Resolução nº pelo Conselho Monetário Nacional que tornou desvantajosa para os bancos a retenção de recursos da poupança privada, no Banco Central. Em decorrência dessas medidas o orçamento para financiamento habitacional alcançara valores significativos, com recursos aportados de diversas fontes: Orçamento Geral da União (OGU), Fundo de Amparo ao Trabalho (FAT), Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), Tesouro Nacional, mas em especial do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). (MARICATO, 2005). 570

137 Tabela 110 Déficit Habitacional Segundo o Nível de Renda Domiciliar, 2010 Unidade de Referência Déficit Habitacional Total para domicílios sem rendimento Déficit Habitacional Total para domicílios com rendimento 0-3 salários mínimos Déficit Habitacional Total para domicílios com rendimento 3-6 salários mínimos Déficit Habitacional Total para domicílios com rendimento 6-10 salários mínimos Déficit Habitacional Total para domicílios com rendimento 10 ou mais salários mínimos 2010 % 2010 % 2010 % 2010 % 2010 % Brasil ,1 5, ,1 64, ,1 13, ,0 11, ,3 5,2 Minas Gerais ,5 2, ,8 64, ,5 15, ,7 12, ,0 4,7 Coronel Fabriciano 44,0 1, ,8 68,4 489,8 14,9 409,6 12,4 97,5 3,0 Ipatinga 189,1 2, ,1 70, ,2 12,8 920,9 10,3 380,2 4,2 Santana do Paraíso 11,0 1,8 422,9 70,0 73,1 12,1 72,2 12,0 24,6 4,1 Timóteo 0,0 0, ,5 65,7 310,5 13,6 375,6 16,4 99,3 4,3 RMV A 381,4 2, ,3 69, ,6 14, ,7 11,1 674,4 3,6 Fonte: FJP, Déficit Habitacional nos Municípios do Colar Metropolitano Nesta seção analisa-se o déficit habitacional registrado nos municípios do Colar da RMVA em 2010 (IBGE, 2010). Observa-se na Tabela 43 abaixo que em 2010 o déficit habitacional contabilizado no conjunto dos municípios que integram o colar metropolitano foi de domicílios. Observa-se ainda que em números absolutos Caratinga (2.296), seguido por Belo Oriente (569), Ipaba (376), Bom Jesus do Galho (273) e Açucena (247) são os municípios que apresentaram os mais altos índices. Todavia, em termos relativos, os municípios de Marliéria e Pingo D água são os que apresentaram os índices mais altos, respectivamente, 10,5% e 10,2% do total de domicílios locais. Com percentuais ligeiramente inferiores aparecem Caratinga (8,6%); Naque (8,5%), Mesquita, Belo Oriente e Braúnas (8,4%), Periquito (8,3%), Açucena e Ipaba (8,1%) e Dom Cavati (7,0%). Os demais municípios apresentaram índices abaixo de 7,0%. Destaca-se, por outro lado, os municípios que registraram os mais baixos índices de déficit habitacional relativo: Córrego Novo (2,5%), Iapu (3,7%), Entre Folhas (4,1%) e Bugre (4,3%). A análise da Tabela 111, abaixo, possibilita notar ainda que na grande maioria dos municípios do colar metropolitano o déficit habitacional se concentra nas áreas urbanas. A exceção nesse caso são os municípios de Açucena, Antônio Dias e Córrego Novo. Em Açucena, o déficit habitacional na área rural (165) se mostra superior ao da área urbana (82). Já nos municípios de Antônio Dias e Córrego Novo, embora o déficit habitacional da área urbana supere o registrado na área rural, não se notam grandes diferenças entre seus valores. Em Antônio Dias, o déficit na área urbana é de 90 domicílios e o da área rural de 85 domicílios; em Córrego Novo registrou déficit habitacional de 16 domicílios na área urbana e 9 na área rural. Isso também pode ser observado na Figura 208 abaixo. 571

138 Tabela 111 Déficit Habitacional nos Municípios do Colar Metropolitano, 2010 Unidade de Referência Déficit Habitacional Urbano Rural Total % Açucena ,1 Antônio Dias ,1 Belo Oriente ,4 Bom Jesus do Galho ,7 Braúnas ,4 Bugre ,3 Caratinga ,6 Córrego Novo ,5 Dionísio ,9 Dom Cavati Entre Folhas ,1 Iapú ,7 Ipaba ,1 Jaguaraçu ,2 Joanésia ,7 Marliéria ,5 Mesquita ,4 Naque ,5 Periquito ,3 Pingo d'água ,2 São João do Oriente ,9 São José do Goiabal Sobrália ,9 Vargem Alegre ,2 Colar da RMVA ,5 Fonte: FJP,

139 Figura 197 Déficit Habitacional nos Municípios da RMVA e do Colar Metropolitano, em 2010 Fonte: Fundação João Pinheiro, Inadequação Habitacional 51 A qualidade do estoque habitacional existente é outro importante aspecto a ser observado em análises acerca de necessidades habitacionais. Para a análise desse aspecto, a Fundação João Pinheiro adota a categoria Inadequação de Domicílios, a qual compreende as habitações que não proporcionam a seus moradores desejáveis condições de habitabilidade, embora isso não implique em necessidade de construção de novas unidades (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). A inadequação habitacional pode ser expressa pela carência no acesso a pelo menos um item da infraestrutura urbana - iluminação elétrica, abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo 52 -, por problemas de regularização fundiária, ou ainda por adensamento excessivo. A identificação e contagem dos domicílios com adensamento excessivo considera a densidade de até 3 moradores por 51 O conceito adotado pela Fundação João Pinheiro possibilitou somente a identificação das moradias inadequadas em áreas urbanas. Não foram contempladas as áreas rurais, em razão de essas apresentarem formas diferenciadas de adequação não captadas pelos dados utilizados. 52 Na metodologia adotada pela Fundação João Pinheiro, consideram-se como carentes de infraestrutura todos os domicílios que não dispõem de ao menos um dos serviços citados. 573

140 dormitório em domicílios urbanos, excluindo-se aqueles com presença de famílias conviventes ou quartos/cômodos alugados, de modo a não haver sobreposição com a coabitação familiar, componente do déficit. Todavia, conforme exposto no estudo Déficit Habitacional Municipal no Brasil 2010, publicado pela Fundação João Pinheiro em 2013, O censo demográfico de 2010 não permite a estimativa de todos os componentes da inadequação de domicílios urbanos contemplados nos últimos estudos. A ausência de variáveis que permitam identificar o tipo de cobertura do imóvel ou a sua condição de adequação fundiária limitaram a estimativa em três componentes: infraestrutura urbana, presença de sanitário exclusivo e adensamento excessivo de domicílios próprios[...]. (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013, p. 20, grifo nosso) 53. Sob o prisma das políticas públicas necessárias ao enfrentamento da inadequação de domicílios, é importante advertir que esse tipo de problema habitacional articula dois componentes que não são mutuamente exclusivos. Por isso, a combinação dos mesmos - a inadequação por infraestrutura e a inadequação por adensamento excessivo requer um contingente de ações públicas integradas destinadas à restauração das condições de habitabilidade desses domicílios. Dessa forma, por vezes faz-se necessária mais de uma intervenção na mesma unidade Inadequação Domiciliar nos Municípios da RMVA A Tabela 112 a seguir apresenta dados sobre inadequação de moradias nos municípios da RMVA, em 2010, conforme apuração da Fundação João Pinheiro. Observam-se quatro categorias inscritas na referida tabela em referência aos aspectos de inadequação da moradia: total de inadequação por unidade territorial analisada; carência de infraestrutura; domicílio sem banheiro exclusivo e adensamento excessivo (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013) 54. No conjunto da RMVA, foram identificados domicílios em condições inadequadas, no ano Esses correspondiam a 17,1% do total de domicílios urbanos. O fator de inadequação prevalente nessa 53 Excluíram-se do estoque analisado os domicílios inseridos em alguma das categorias do déficit habitacional. Tal procedimento leva em consideração a premissa de que a construção de uma nova moradia que substitua uma unidade classificada como déficit elimina uma eventual condição de inadequação (FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO, 2013). 54 Os dados relativos à inadequação de domicílios em 2010, disponibilizados pela Fundação João Pinheiro, não contemplam o aspecto Inadequação Fundiária, diferentemente dos dados relativos ao censo IBGE realizado no ano Justifica-se que os dados do Censo IBGE IBGE não possibilitaram considerar tal aspecto nos cálculos sobre inadequação domiciliar. 574

141 unidade territorial se refere à carência de infraestrutura, que atinge a 15,5% do total de domicílios urbanos; seguido pelo adensamento excessivo, que atinge a 1,7% do total de domicílios urbanos; e a falta de banheiro exclusivo, que atinge 0,5% dos domicílios urbanos da RMVA. Observa-se que também em cada um dos municípios da RMVA a carência de infraestrutura se constitui o fator mais prevalente da inadequação habitacional, seguida pelo adensamento excessivo e a falta de banheiro exclusivo. Dentre os municípios que compõem a RMVA, Santana do Paraíso é o que apresenta maior proporção de domicílios inadequados no total de domicílios urbanos: 41,5%, os quais equivalem a domicílios. Nesse município foram identificados domicílios urbanos com carência de infraestrutura, os quais equivalem a 40,0% dos domicílios. O segundo principal determinante da inadequação habitacional no município é o adensamento excessivo, que atinge a 2,1% do total de domicílios urbanos; seguido pelo fato falta de banheiro exclusivo, que atinge a 0,8% dos domicílios urbanos. Coronel Fabriciano é, dentre os municípios da RMVA, o segundo em percentual de domicílios urbanos inadequados. Nesse município foram identificados domicílios inadequados na zona urbana em 2010, os quais equivaliam a 21,3% do total de domicílios urbanos do município. A maioria absoluta da referida inadequação se refere ao fator carência de infraestrutura, o qual atinge 20,0% dos domicílios urbanos locais. Os fatores Adensamento Excessivo e Sem banheiro Exclusivo atingem 1,6% e 0,5% dos domicílios urbanos, respectivamente. Ipatinga e Timóteo apresentaram proporções equivalentes de domicílios urbanos inadequados, 11,0%. Todavia, em números absolutos Ipatinga supera Timóteo no quesito em tela, registrando domicílios urbanos inadequados contra deste último município. Em ambos, a carência de infraestrutura é o fator mais determinante para a inadequação domiciliar. Em Ipatinga, esse fator atinge a 9,3% do total de domicílios urbanos, ao passo que o adensamento excessivo e a falta de banheiro exclusivo atingem 1,6% e 0,3%, respectivamente. Em Timóteo, por sua vez, a carência de infraestrutura atinge 9,7% dos domicílios, ao passo que o adensamento excessivo e a falta de banheiro exclusivo atingem 2,1% e 0,8% do total de domicílios urbanos, respectivamente. 575

142 Tabela 112 Inadequação da Moradia nos Municípios da RMVA, Unidade Territorial Inadequação Total Carência Infraestrutura Sem Banheiro Exclusivo Adensamento Excessivo Abs. % Abs. % Abs. % Abs. % Coronel Fabriciano , , , ,6 Ipatinga , , , ,6 Santana do Paraíso , ,0 58 0, ,1 Timóteo , , , ,5 RMVA , , , ,7 Minas Gerais , , , ,7 Fonte: FJP, Inadequação Domiciliar nos Municípios do Colar Metropolitano Nos municípios do colar metropolitano, a inadequação domiciliar se apresenta de forma mais aguda que nos municípios da RMVA. À exceção de alguns poucos municípios, nos quais se registraram valores mais baixos que os registrados nos municípios da RMVA, a maioria apresenta valores acima dos verificados nestes. Destacam-se nesse aspecto os municípios de Bugre, Joanésia e Açucena, nos quais os domicílios inadequados representam, respectivamente, 89,4%, 73,2% e 61,9% do total de domicílios urbanos. Outro grupo de municípios se apresenta com valores mais baixos que os primeiros, porém, em patamares ainda superiores aos verificados nos municípios da RMVA, à exceção de Santana do Paraíso, casos de: Marliéria (39,3%), Mesquita (38,2%), Periquito (36,9%), Entre Folhas (36,9%) e Bom Jesus do Galho (32,1%). Com percentuais de domicílios inadequados em patamares um pouco mais baixos têm-se o grupo de municípios formados por: Sobrália (25,0%); Iapu (23,2%), Caratinga (22,7%), Dom Cavati (21,9%), Belo Oriente (21,6%); Ipaba e Naque (20,9%), e Braúnas (20,8%). Por fim, há um grupo de municípios do colar metropolitano que apresenta percentuais de domicílios urbanos inadequados próximos ou inferiores ao percentual registrado na RMVA (17,1%) e no estado de Minas Gerais (14,6%); este grupo é formado por: Vargem Alegre (17,8%); Dionísio (16,0%); Antônio Dias (15,6%); São João do Oriente (14,6%); Córrego Novo (8,8%); Jaguaraçu (6,8%); e Pingo D Água (5,9%). 576

143 Tabela 113 Inadequação de Domicílios nos Municípios do Colar Metropolitano, Unidade Territorial Inadequação Carência de Infraestrutura Sem banheiro exclusivo Adensamento excessivo Abs. % Abs. % Abs. % Abs. % Açucena , ,2 13 0,9 16 1,1 Antônio Dias , ,0 3 0,2 22 1,6 Belo Oriente , , , ,3 Bom Jesus do Galho , ,8 18 0,6 64 2,0 Braúnas 94 20, ,0 2 0,5 12 2,6 Bugre , ,4 0 0,0 0 0,0 Caratinga , , , ,3 Córrego Novo 58 8,8 41 6,3 0 0,0 17 2,5 Dionísio , ,2 7 0,3 31 1,4 Dom Cavati , ,7 3 0,2 20 1,3 Entre Folhas , ,3 3 0,2 29 2,3 Iapu , ,7 5 0,2 46 2,0 Ipaba , ,0 48 1,2 71 1,7 Jaguaraçu 43 6,8 31 4,9 0 0,0 12 1,8 Joanésia , ,2 9 1,3 6 0,9 Marliéria , ,9 5 0,6 10 1,2 Mesquita , ,5 9 0,8 24 2,1 Naque , ,2 12 0,7 57 3,3 Periquito , ,5 15 1,0 46 3,0 Pingo D'Água 70 5,9 51 4,3 2 0,2 19 1,6 São João do Oriente , ,0 10 0,5 20 1,0 São José do Goiabal Sobrália , ,1 9 0,7 34 2,6 Vargem Alegre , ,8 16 1,1 24 1,6 Fonte: FJP, Aglomerados Subnormais Conforme definição do IBGE (2010), aglomerado subnormal é um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais (barracos, casas...) carentes, em sua maioria de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010, p. 18). Nessa definição do IBGE, dois aspectos se destacam. O primeiro diz respeito à forma como os aglomerados subnormais são definidos: é necessário que exista um conjunto composto por, no mínimo, 51 unidades habitacionais. Portanto, se em determinado território há número menor que 51 unidades habitacionais, este não será considerado um aglomerado 577

144 subnormal e, por isso, sua contabilidade no Censo será feita junto com os setores não especiais 55. O outro aspecto importante se refere à propriedade do terreno, que deve ser pública ou alheia. Assim, além da precariedade das habitações e da sua disposição no espaço de forma desordenada e densa, a propriedade alheia do terreno é o fator de maior distinção dos aglomerados subnormais de outras formas precárias de habitação. Embora o IBGE tenha empenhado recursos e empreendido esforços no sentido de aprimorar os estudos dos denominados aglomerados subnormais 56, as limitações desse conceito e dos procedimentos metodológicos utilizados nas suas identificação e investigação, vêm suscitando diversas críticas de estudiosos e organizações que se dedicam à questão habitacional no Brasil. Para esses estudiosos, os aglomerados subnormais identificados e pesquisados pelo IBGE não espelha a precariedade dos assentamentos populares do país porque a definição dos mesmos está subordinada aos critérios logísticos do Censo Demográfico. Em face da advogada limitação do conceito, que conduziria à subestimação das vulnerabilidades habitacionais concentradas em determinados territórios, alguns estudiosos da questão habitacional no Brasil vem adotando o conceito mais amplo de assentamentos precários. Estes são então definidos pelo Centro de Estudos da Metrópole como (...) setores com grande concentração de domicílios improvisados, sem coleta de lixo ou cujos responsáveis têm renda muito baixa, por exemplo, mas que não constituam favela ou assemelhado (CEM, 2007). O Centro de Estudos da Metrópole (CEM) realizou, em parceria com o Ministério da Cidade, estudo sobre assentamentos precários, tomando por base os dados do Censo Demográfico realizado pelo IBGE no ano Contudo, não se tem estudos sobre o tema realizados com base nos dados do Censo de Para suprir essa lacuna serão considerados neste diagnóstico, para fins de confrontação, os dados e análises acerca dos assentamentos precários inscritos nos Planos Locais de Habitação de Interesse Social e nos Planos Diretores dos municípios da RMVA. Ademais, são esses planos que orientam e sustentam as intervenções das Prefeituras Municipais no enfrentamento da questão habitacional local. 55 São considerados setores especiais, além dos aglomerados subnormais, os quartéis e bases militares, alojamentos, acampamentos, embarcações, barcos, navios, aldeia indígena, penitenciárias, asilos, orfanatos, conventos e hospitais. 56 Na publicação específica do IBGE sobre aglomerados subnormais, é possível ver os esforços metodológicos e tecnológicos empregados no censo de 2010, como o uso de imagens de satélite de alta resolução e o desenvolvimento de uma pesquisa específica - o Levantamento de Informações Territoriais (LIT), buscando aprimorar a coleta de dados. 578

145 Todavia, neste diagnóstico optou-se por analisar primeiramente os dados sobre aglomerados subnormais resultantes do censo demográfico realizado pelo IBGE em 2010 para, em seguida, expandir tal análise para os assentamentos precários. Segundo os dados do Censo de 2010, no Brasil pessoas residem em aglomerados subnormais, contingente esse que corresponde a 6% do total da população. Essas pessoas residem em de domicílios, os quais correspondem a 5,6% do total de domicílios contabilizados no país em 2010 pelo IBGE. É importante ressaltar que 49,8% desses domicílios localizados em aglomerados subnormais encontram-se na região sudeste, sendo que 42,5% em municípios com mais de 2 milhões de habitantes. Portanto, a precariedade habitacional expressa pelos denominados aglomerados subnormais é um fenômeno fundamentalmente urbano, concentrado nos municípios mais populosos e urbanizados, embora desde a última década já se observe um processo de desconcentração da precariedade habitacional, com o surgimento e /ou crescimento de aglomerados subnormais em municípios de médio e pequeno porte Aglomerados Subnormais nos Municípios da RMVA: Quantitativo e Evolução de Domicílios e de Pessoas Residentes Em seu conjunto os aglomerados subnormais identificados nos municípios que integram o núcleo metropolitano abrigam domicílios, os quais correspondem a 9,8% dos domicílios contabilizados pelo IBGE no censo de Nos domicílios localizados nos aglomerados subnormais da RMVA residem pessoas, tendo-se em média 3,5 pessoas por domicílio 57. Observa-se na Tabela 46 abaixo que os municípios da RMVA que possuíam domicílios em aglomerados subnormais no ano 2000, 5,6% do total de domicílios deste espaço geográfico, passaram a ter domicílios neste tipo de aglomerado, em 2010 equivalentes a 10,4% do total de domicílios do espaço geográfico em tela. Portanto, enquanto o total de domicílios na RMVA cresceu 23,5% ao longo da década, passando de no ano 2000 para no ano 2010, no mesmo período o número de domicílios em aglomerados subnormais cresceu 128,5%. Esse crescimento se mostra proporcionalmente ainda mais expressivo quando se analisam dados relativos aos aglomerados subnormais, identificados pelos censos de 2000 e 2010, nos municípios de 57 Nos Censos do IBGE realizados nos anos 2000 e 2010, não há dados sobre aglomerados subnormais em Santana do Paraíso. Por isso, as referências aos aglomerados subnormais dos municípios do núcleo da RMVA contemplam Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo. 579

146 Coronel Fabriciano e Timóteo (Tabela 114). Todavia, é importante advertir que embora o crescimento no número de aglomerados subnormais nesses municípios seja um fato inconteste, as proporções reveladas pelos dados abaixo apresentados são enviesadas pelas diferenças de procedimentos de pesquisa adotadas pelo IBGE nos censos de 2000 e 2010, diga-se, precisamente, dos aglomerados tomados como objeto de pesquisa. Em Coronel Fabriciano, o número de domicílios em aglomerados subnormais elevou-se de 612 no ano 2000, equivalentes a 2,4% do total de domicílios contabilizados no município, para domicílios, equivalentes a 19,7% do total de domicílios do município em Observa-se que em Coronel Fabriciano o número total de domicílios cresceu 24,1% ao longo da década, passando de em 2000 para , ao passo que, nesse mesmo período, o número de domicílios em aglomerados subnormais teria se elevado 920,1%. Em Timóteo, o crescimento proporcional de domicílios em aglomerados subnormais ao longo da década foi um pouco menor que o de Coronel Fabriciano. Vejase: Timóteo, que possuía o menor índice de domicílios em aglomerados subnormais dentre os municípios da RMVA no ano 2000, 2,0% do total de domicílios locais, passou a ter 14,3% no ano O número de domicílios em aglomerados subnormais no município saiu de 383 no ano 2000 para no ano de 2010, o que equivaleria, portanto, a um crescimento de 851,2%. Nesse mesmo período, o número total de domicílios existentes no município cresceu 30,3%, passando de no ano 2000 para em Por sua vez, Ipatinga, que em 2000 registrou o maior percentual de domicílios em aglomerados subnormais (8,7%) dentre os municípios do núcleo metropolitano, passou a registrar o menor percentual no ano 2010 (4,9%). Ao longo do período, o número de domicílios em aglomerados subnormais declinou 27,3% no município, passando de no ano 2000 para em Nesse mesmo período, o número total de domicílios de Ipatinga cresceu 30,6%, passando de no ano 2000 para em

147 Tabela 114 Domicílios em Aglomerados Subnormais nos Municípios do Núcleo da RMVA, em 2000 e 2010 Domicílios particulares ocupados Domicílios particulares ocupados Unidade de Referência Total Em aglomerados subnormais % Total Em aglomerados subnormais % Coronel Fabriciano , ,7 Ipatinga , ,9 Santana do Paraíso Timóteo , ,8 RMVA , ,81 Brasil* , ,61 *Os dados relativos ao Brasil contemplam os municípios selecionados para estudo, pelo CEM.Não foi possível apresentar os dados do estado de Minas Gerais no ano 2000 porque, no estudo realizado pelo CEM, esses aparecem agregados a outros municípios do Centro-Oeste. Fonte: IBGE, Censo 2000 e Censo Portanto, a evolução dos indicadores em tela revela, entre outros aspectos, fatores relacionados à migração, às dinâmicas do mercado imobiliário vigentes nos municípios, a falta e/ou insuficiência das políticas públicas habitacionais para a população de mais baixa renda, e as dificuldades de inserção econômica dessa parcela da população, pouco qualificada profissionalmente. Todavia, conforme já exposto, nos casos de Coronel Fabriciano e de Timóteo, nos quais o crescimento do número de domicílios em aglomerados subnormais se mostrou muito superior ao crescimento do número total de domicílios, pesou também as diferenças de concepção e compreensão acerca dos aglomerados a serem pesquisados como subnormais nos censos de 2000 e Teria havido, assim, uma subestimação do número de aglomerados subnormais no censo de 2000, em face do maior emprego de recursos e do aprimoramento metodológico para a pesquisa desse tipo de área no censo de Destaca-se, com base em informações coletadas na Agência Regional do IBGE de Ipatinga, que em Coronel Fabriciano foram definidos 5 aglomerados subnormais para a coleta de dados do censo em 2000, ao passo que no ano 2010 definiram-se 20. Em Timóteo definiu-se 01 aglomerado subnormal para coleta de dados no censo do ano 2000, contra 7 em Em Ipatinga foram apontados e pesquisados 14 aglomerados subnormais no censo de 2000 e 8 aglomerados no censo de As diferenças na evolução dos dados sobre domicílios em aglomerados subnormais relativos aos municípios da RMVA na última década remete também à reflexão acerca das questões atinentes ao planejamento e à gestão pública no campo urbanístico-habitacional. É, pois, premente a necessidade de se ampliar e/ou fortalecer as políticas, programas e instrumentos de planejamento e gestão urbanístico-ambiental e, mais especificamente, de controle do uso e ocupação do solo, como recurso para o enfrentamento dos processos de expansão urbana desordenada e irregular, em curso na RMVA. 581

148 Em que pesem os efeitos positivos de programas de urbanização de assentamentos precários, de regularização fundiária, de produção e adequação habitacional, já desenvolvidos e/ou em vias de se desenvolverem nos municípios da RMVA, sobre as condições habitacionais da sua população, tais efeitos se exercem em perspectiva remediadora. Nesse sentido, há que se avaliar também de modo acurado o estágio em que se encontram os municípios da RMVA e de seu colar em termos de desenvolvimento institucional para o planejamento e a gestão das políticas urbanas e habitacionais. (A esse respeito, ver análise sobre o Arranjo Institucional sobre o tema Habitação, constante no item 12, do Eixo Temático Ordenamento Territorial). Por outro lado, a evolução dos indicadores de Ipatinga acerca do número de domicílios em aglomerados subnormais, ao longo da década, remete à reflexão acerca de quais fatores teriam contribuído de modo mais determinante para o declínio do percentual de domicílios em aglomerados subnormais no município. Os indicadores positivos de Ipatinga suscitam a hipótese do êxito das políticas urbanas de urbanização e de controle da expansão urbana, implementadas no município nas duas últimas décadas. Nessa perspectiva, tal resultado refletiria a relativa continuidade das ações estruturantes desenvolvidas no município desde a década de 1990, a começar pela elaboração do Plano Municipal de Redução da Pobreza, por meio do qual foram identificadas 23 áreas urbanas com características de subnormalidade - irregularidade e desordenamento de ocupação, carências de acesso à infraestrutura e serviços urbanos e sociais, ocupação por população de baixa renda, dentre outras. O conhecimento de tais áreas se constituiu desde então em subsídio para a elaboração de programas e projetos de intervenção integrada, por meio dos quais se provisionou a infraestrutura urbana nelas, até então, ausentes ou insuficientes, de modo a promover a sua incorporação ao tecido urbano da cidade, e, ainda, se desenvolveu o trabalho técnico social com vistas à inclusão social das populações ali residentes. As experiências de desenvolvimento dos programas de reassentamento da população habitante no antigo centro da cidade, em meados da década de 1990, bem como do Programa Habitar Brasil, no início dos anos 2000 e, posteriormente, do Programa de Aceleração do Crescimento, teriam assim se refletido sobre os resultados apurados no censo do IBGE em Os dados relativos à população residente em aglomerados subnormais identificados nos municípios do núcleo metropolitano, pelos censos do IBGE nos anos 2000 e 2010, refletem, em boa medida, os mesmos aspectos abordados em relação aos domicílios, conforme se pode notar na Tabela 115, a seguir. 582

149 Tabela 115 População Residente em Aglomerados Subnormais dos Municípios da RMVA, 2000 e Unidade de Referências População residente em domicílios particulares ocupados Total População residente em domicílios particulares ocupados Em aglomerados subnormais % Total Em aglomerados subnormais Coronel Fabriciano , ,31 Ipatinga , ,38 Santana do Paraíso Timóteo , ,48 RMVA , ,96 Minas Gerais ,07 Brasil* , ,01 *Os dados relativos ao Brasil contemplam os municípios selecionados para estudo, pelo CEM. Não foi possível apresentar os dados do estado de Minas Gerais no ano 2000 porque, no estudo realizado pelo CEM, esses aparecem agregados a outros municípios do Centro-Oeste. Fonte: IBGE 2010 % Aspectos Gerais dos Aglomerados Subnormais na RMVA Segundo dados do Censo IBGE 2010, há 35 aglomerados subnormais nos municípios que compõem o núcleo da RMVA. A sua maior parte encontra-se no município de Coronel Fabriciano (20), seguido pelos municípios de Ipatinga (8) e Timóteo (7). Em termos do número de domicílios existentes em cada aglomerado subnormal, observa-se que Timóteo apresenta indicador com o mais alto valor (520), seguido por Ipatinga, município no qual os aglomerados subnormais tem em média 444 domicílios e Coronel Fabriciano, com média de 312 domicílios por aglomerado subnormal. A título de comparação, destaca-se que os números médios de domicílios por aglomerados subnormais registrados em Timóteo, Ipatinga e Coronel Fabriciano se mostram acima dos números registrados no estado de Minas Gerais (460) e do Brasil (509), no ano Todavia, os números de Ipatinga e Timóteo se apresentam acima do número referente à RMVA, na qual se tem em média 384 domicílios por aglomerado subnormal. Por outro lado, o número médio de domicílios por aglomerado subnormal de Coronel Fabriciano (312) se mostrou abaixo de todos os demais espaços geográficos ora analisados. 583

150 Tabela 116 Número de Aglomerados e Média de Domicílios por Aglomerado Subnormal nos Municípios da RMVA, em 2010 Município Número de aglomerados subnormais Média de domicílios por aglomerado subnormal Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo RMVA Brasil* Minas Gerais Fonte: IBGE, A Tabela 117 a seguir apresenta a relação de aglomerados subnormais identificados nos municípios do núcleo metropolitano, com os respectivos números de domicílios e população por gênero. Tabela 117 Domicílios Particulares Ocupados em Aglomerados Subnormais, População Residente por Sexo, e Média de Moradores Municípios e aglomerados subnormais Domicílios particulares em aglomerados subnormais População residente em domicílios em aglomerados subnormais Total Homens Mulheres Média de moradores por domicílio Coronel Fabriciano (20) ,4 Alto Caladinho ,1 Alto Ponte Nova ,7 Alto Santa Terezinha ,3 APP Córrego Caladão ,1 Caladão ,3 Expansão do Contente ,4 Expansão do Potyra ,4 Frederico Ozanan ,7 Manoel Domingos Morada do Vale ,5 Morro do Carmo ,3 Morro Padre Rocha ,7 Pedreira ,4 Prainha ,3 Santa Luzia ,9 Santa Rita ,8 São Geraldo ,2 Serra Pelada ,5 Surinan ,1 584

151 Vila São Francisco ,2 Ipatinga (8) ,6 Alto do Iguaçu ,6 Assentamento Boston ,7 Assentamento Pusco ,6 Assentamento Turim ,5 Cemitério Velho Centro ,3 Nova Esperança ,7 Serra DouradaBom Jardim ,5 Vila da Paz ,5 Timóteo (7) ,5 Ana Moura ,3 Bairro Bela Vista ,5 Grota dos Vieiras ,4 Macuco ,5 Nova Esperança ,5 Novo Tempo ,7 Pelonha ,4 Fonte: IBGE, A Figura 198 a seguir apresenta os aglomerados subnormais identificados nos municípios que compõem o núcleo da RMVA, em2010. A observação deste mapa em perspectiva comparativa com o mapa de aglomerados subnormais referente ao ano 2000, elaborado com base em dados do estudo realizado pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), possibilita notar que: Em Timóteo: a) há uma nova área com aglomerados subnormais, situada mais ao sul, na fronteira com o município de Jaguaraçu, que não aparecia em 2000; b) a área situada na fronteira com Marliéria, identificada em 2000, se manteve em 2010 e c) a área situada na divisa com Coronel Fabriciano, que em 2000 fora classificada como de assentamentos precários, em 2010 foi definida como de aglomerados subnormais; Em Coronel Fabriciano registram-se aglomerados subnormais em várias partes do território municipal, os quais não foram identificados no censo IBGE A identificação dos mesmos no censo IBGE 2010 pode estar relacionada ao crescimento do número de domicílios no seu interior. Assim, provavelmente, em 2000 elas tinham menos de 51 domicílios e, por isso, não foram contabilizadas como aglomerados subnormais. Note-se na Tabela 42 que em Coronel Fabriciano sete dentre os 20 aglomerados subnormais identificados possuem menos de 200 domicílios, em 2010; 585

152 Em Ipatinga, em 2010, duas grandes áreas não aparecem no mapa: uma na fronteira com Santana do Paraíso; e outra mais ao centro do município. Figura 198 Aglomerado Subnormais e Setores Precários na RMVA, 2000 Figura 199 Aglomerados Subnormais na RMVA, 2010 Fonte: IBGE 2000 Fonte: IBGE Acesso à Infraestrutura Básica nos Aglomerados Subnormais da RMVA Nesta seção, analisa-se o acesso dos domicílios que compõem aglomerados subnormais da RMVA à infraestrutura básica, tomando por base os seguintes aspectos: abastecimento de água, esgotamento sanitário, destino do lixo, e energia elétrica. As Tabelas 118, 119, 120 e 121 apresentam os dados do censo IBGE 2010 que subsidiam as análises que se seguem. O abastecimento de água por rede geral é a forma mais frequente nos domicílios dos aglomerados subnormais de Coronel Fabriciano (87,0%), Ipatinga (94,0%) e Timóteo (87,0%). O abastecimento por poço ou nascente na propriedade é a segunda forma de abastecimento mais frequente nos três municípios, conforme apresentados, com 10,8%, 5,4%, e 5,9%, respectivamente. Em Timóteo abastecimento por poço ou nascente fora da propriedade apresenta frequência expressiva 5,6%. Destaca-se ainda, neste último município, o abastecimento por carro pipa em 30 domicílios, assim como se destacam as outras formas de abastecimento, em Coronel Fabriciano, com 42 registros. As demais formas de abastecimento se mostram pouco frequentes nos três municípios em análise; 586

153 O acesso à rede geral ou pluvial é a forma mais frequente de destinação do esgoto nos domicílios dos aglomerados subnormais de Coronel Fabriciano (79,0%), Ipatinga (93,0%) e Timóteo (85,0%). O destino em rio ou lagos é a segunda forma mais frequente de destinação de esgoto dos domicílios que compõem os aglomerados subnormais de Coronel Fabriciano (13,5%) e Timóteo (12,0%). Em Ipatinga, por sua vez, a segunda forma mais frequente é a fossa rudimentar, com 4,3% de frequência. Essa forma de destinação é também a terceira mais frequente em Coronel Fabriciano (3,4%) e Timóteo (2,2%). Destacam-se, ainda, em Coronel Fabriciano as outras formas de destinação do esgoto nos aglomerados subnormais, que representam 13,5% de frequência e o registro de que 23 domicílios não possuíam banheiros ou sanitário. As demais formas de destinação registradas apresentam baixas frequências; O acesso a serviço de limpeza urbana nos domicílios situados em aglomerados subnormais dos municípios do núcleo metropolitano encontra-se praticamente universalizado. Em Coronel Fabriciano o serviço atende a 97,6% dos domicílios, em Ipatinga a 99,4% e em Timóteo a 98,7%. O atendimento direto por serviço de limpeza é a forma mais frequente de prestação do serviço nos três municípios: 96,0% em Coronel Fabriciano, e 98,0% em Ipatinga e em Timóteo. A destinação em caçamba do serviço de limpeza, a queima, e a deposição em rios e lagos são as demais formas registradas, embora com baixas frequências; O serviço de energia elétrica também se encontra praticamente universalizado em domicílios de aglomerados subnormais nos municípios do núcleo metropolitano. Os domicílios desse universo que dispõem de energia elétrica através de serviço prestado por empresa distribuidora representam mais de 99,0% nos três municípios ora analisados. Os domicílios que não dispunham de energia elétrica ou que se valiam de outras fontes de acesso à energia são pouco frequentes, ou residuais. Os que não tinham acesso a energia elétrica somavam 17 em Coronel Fabriciano, 8 em Timóteo e 21 em Ipatinga. 587

154 Tabela 118 Abastecimento de Água em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA, 2010 Municípios Total Rede geral de distribuiçã o Domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais Poço ou nascente na propriedade Forma de abastecimento de água Poço ou nascente fora da propriedade Carropipa Água da chuva armazenada em cisterna Água da chuva armazenada de outra forma Rios, açudes, lagos ou igarapés Coronel Fabriciano Ipatinga Timóteo Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010 Outra Tabela 119 Esgotamento Sanitário em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA, 2010 Domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais Municípios Total Rede geral de esgoto ou pluvial Fossa séptica Tipo de esgotamento sanitário Fossa rudimentar Vala Rio, lago ou mar Outro Não tinham banheiro ou sanitário Coronel Fabriciano Ipatinga Timóteo Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010 Tabela 120 Destino do Lixo em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA Municípios Total Total Domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais Coletado Diretament e por serviço de limpeza Em caçamba de serviço de limpeza Destino do lixo Queimado Enterrado Jogado em terreno baldio ou logradouro Jogado em rio, lago ou mar Coronel Fabriciano Ipatinga Timóteo Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 2010 Outro 588

155 Tabela 121 Energia Elétrica em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA, 2010 Municípios Total Domicílios particulares permanentes em aglomerados subnormais Total Total Existência de energia elétrica Tinham De companhia distribuidora Com medidor de uso exclusivo do domicílio Com medidor comum a mais de um domicílio Sem medidor De outra fonte Não tinham Coronel Fabriciano Ipatinga Timóteo Fonte: IBGE, Censo Demográfico, Renda Domiciliar Per Capita nos Aglomerados Subnormais dos Municípios do Núcleo da RMVA A Tabela 122 abaixo apresenta as classes de rendimento mensal per capita em domicílios de aglomerados subnormais do núcleo metropolitano. Observa-se que em todos os municípios da RMVA, bem como no estado de Minas Gerais e no Brasil, predominam os domicílios em cuja renda per capita mensal situa-se na faixa de mais de ½ a 1 salário mínimo. A segunda faixa de renda per capita domiciliar mais frequente, também em todos os entes analisados (municípios, estado e união), é a de mais de¼ a ½ salário mínimo, seguida pelas faixas mais de 1 a 2 salários mínimos e até ¼ de salário mínimo. Portanto, há que se fazer duas observações gerais: 1) os domicílios com faixas de renda per capita mais baixas se constituem a maioria no conjunto dos domicílios que integram os aglomerados subnormais nos municípios do núcleo metropolitano e 2) em termos proporcionais, as frequências de domicílios segundo as faixas de renda mensal per capita se mostram semelhantes em todos os entes analisados (municípios, estado e união). Analisando-se de modo específico cada município do núcleo metropolitano, nota-se que no conjunto dos aglomerados subnormais de Ipatinga os domicílios com as mais baixas faixas de renda per capita mensal registram proporções ligeiramente superiores que nos demais municípios, bem como no estado de Minas Gerais e no Brasil. Em Ipatinga, somando-se os domicílios da categoria sem rendimentos com aqueles que se enquadram nas faixas de renda até ¼ de salário mínimo e mais de ¼ até ½ salário mínimo, tem-se o percentual de 45,6% do total dos domicílios em aglomerados subnormais do município. Considerando os domicílios de aglomerados subnormais de Timóteo essa soma resulta em 39,2%, e em Coronel Fabriciano, por sua vez, em 35,1%. Ainda a título de comparação informa-se que nos aglomerados subnormais do estado de Minas Gerais a soma do percentual de 589

156 domicílios das faixas de renda em questão corresponde a 39,1%, ao passo que nos aglomerados subnormais do Brasil, a 44,2%. Portanto, além de expressar as desigualdades sócio territoriais intramunicipais em termos do acesso a terra e a moradia digna, os aglomerados subnormais dos municípios que compõem o núcleo da RMVA possuem em seu universo contingentes de famílias em condições de pobreza e extrema pobreza, considerado o critério da renda. A essa carência se somam outras, próprias da subnormalidade urbanohabitacional, que fazem ampliar as expressões da pobreza: precariedade das condições de habitabilidade; falta e/ou insuficiência de acesso à infraestrutura e a serviços urbanos e sociais, exposição a fatores de risco físico e ambiental, à violência, entre outros aspectos. Tabela 122 Faixas de Renda Domiciliar Per Capita em Domicílios de Aglomerados Subnormais da RMVA, 2010 Classes de rendimento nominal mensal domiciliar per capita (Salário Mínimo) Coronel Fabriciano Ipatinga Timóteo Minas Gerais Brasil Domicílios % Domicílios % Domicílios % Domicílios % Domicílios % Total Até 1/ , , , ,3 Mais de 1/4 a 1/ , , , , ,7 Mais de 1/2 a , , , Mais de 1 a , , , , ,2 Mais de 2 a ,1 79 2, , , ,8 Mais de 3 a ,9 33 0,9 48 1, ,2 Mais de ,8 24 0,7 17 0, , ,6 Sem rendimento 227 3, , , , ,2 Fonte: IBGE, Censo Demográfico, Aglomerados Subnormais em Municípios do Colar Metropolitano Conforme se pode observar na Tabela 123, a seguir, dentre os municípios do colar metropolitano, Belo Oriente, Bom Jesus do Galho e Caratinga são aqueles nos quais foram identificados aglomerados subnormais no censo IBGE Em Caratinga foram identificados 7 aglomerados subnormais, nos quais contaram-se domicílios. Estes correspondem a 17,5% do total de domicílios do município (26.687). Nos 7aglomerados subnormais de Caratinga residem pessoas, contingente esse que corresponde a 18,6% da população do município (84.658). Em Bom Jesus do Galho foram identificados 2 aglomerados 590

157 subnormais, nos quais contaram-se 486 domicílios, que equivalem a 10,1% do total de domicílios do município, e habitantes, que representam 10,4% da população total do município. Em Belo Oriente identificou-se 1 aglomerado subnormal, no qual contaram-se 507 domicílios e moradores. Os domicílios localizados no aglomerado subnormal deste município representavam à época do censo ,6% do total de domicílios, ao passo que a população residente nestes correspondia a 8,1% do total da população de Belo Oriente. Os dados ora analisados sugerem que o problema da subnormalidade habitacional não se fazia expressivo nos municípios do colar metropolitano em 2010, considerando que em apenas 3 dentre os 24 municípios desse universo se identificaram aglomerados subnormais. No entanto, é importante considerar que embora o IBGE disponha de critérios claros para a classificação de aglomerados subnormais, a definição dos aglomerados a serem pesquisados como tais coube, em última instância e observado o conceito, aos gestores e técnicos da administração pública municipal. Contudo, há que se observar também que em municípios de menor porte as vulnerabilidades habitacionais tendem, por vezes, a se pulverizar pelo território em vez de se aglomerarem. A título de comparação, em Minas Gerais 2,8% do total de domicílios encontram-se em aglomerados subnormais; no Brasil essa proporção é de 5,6%. Destaca-se, ainda, que os aglomerados subnormais identificados nos municípios do colar metropolitano apresentam dimensões em termos de número de domicílios e população residente que não os distinguem substancialmente dos aglomerados subnormais pesquisados nos municípios do núcleo da RMVA. Tabela 123 Domicílios e População Residente em Aglomerados Subnormais de Municípios do Colar Metropolitano, Brasil, Unidade da Federação e Município Domicílios particulares ocupados (Unidades) Domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais (Unidades) População residente em domicílios particulares ocupados (Pessoas) População residente em domicílios particulares ocupados em aglomerados subnormais (Pessoas) Número de aglomerados subnormais (Unidades) Brasil Minas Gerais Belo Oriente Bom Jesus do Galho Caratinga - MG Fonte: IBGE, Censo Demográfico,

158 7.3.6 Assentamentos Precários Conforme já exposto, o Centro de Estudos da Metrópole realizou, em parceria com o Ministério das Cidades, pesquisa sobre assentamentos precários, tomando por base os dados do Censo Demográfico IBGE Nesse estudo, foram identificados entre os setores censitários não classificados, pelo IBGE, como Aglomerados Subnormais aqueles que mais se assemelhavam aos do tipo subnormal, segundo variáveis socioeconômicas, demográficas e de características habitacionais. Esse subconjunto de assentamentos constitui os setores precários. (BRASIL, 2007, p ). 58 O estudo considerou 19 variáveis relacionadas às características da habitação, ao acesso a infraestrutura (água, lixo, esgoto, banheiros, propriedade), à renda e escolaridade do responsável pelo domicílio e à demografia. O universo da pesquisa abarcou 561 municípios 59 nos quais foram identificados, ao todo, setores subnormais e setores precários. Em 2000, o quantitativo de setores subnormais correspondia a 7,5% do total de setores censitários e os setores precários, por sua vez, correspondiam a 6,7%. Conforme exposto, esse estudo foi realizado com dados do Censo IBGE 2000 e não foi atualizado. Todavia, o mesmo será aqui utilizado como subsídio à comparação com os dados da subnormalidade mensurada no censo IBGE As variáveis utilizadas para identificar os assentamentos precários são as que se apresentam no Quadro 22 a seguir (CEM, 2003). 58 Detalhes metodológicos da seleção assim como as variáveis utilizadas podem ser consultados no Capítulo 1 do estudo (BRASIL, 2007). 59 Foram incluídos todos os municípios pertencentes a regiões metropolitanas, os municípios com população superior a 150 mil habitantes em 2000 e, a pedido do Ministério das Cidades, 6 municípios de menor porte que receberiam investimentos expressivos do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento. 592

159 Quadro 22 Variáveis Utilizadas na Definição de Assentamentos Precários Dimensão Habitação e Infraestrutura Renda e escolaridade do responsável pelo domicílio Aspectos demográficos Variável Porcentagem de domicílios sem coleta de lixo Porcentagem de domicílios sem ligação à rede de abastecimento de água Porcentagem de domicílios sem banheiros ou sanitários Porcentagem de domicílios sem ligação à rede de esgoto ou fossa séptica Porcentagem de domicílios do tipo cômodo Porcentagem de domicílios outra forma de posse da moradia Porcentagem de domicílios outra forma de posse do terreno Número médio de banheiros por domicílio Porcentagem de responsáveis por domicílios não alfabetizados Porcentagem de responsáveis por domicílios com menos de 30 anos não alfabetizados Porcentagem de responsáveis por domicílios com renda de até três salários mínimos Porcentagem de responsáveis por domicílios com menos de oito anos de estudo Anos médios de estudos do responsável pelo domicílio Renda média do responsável pelo domicílio Número de domicílios particulares permanentes no setor censitário Número de domicílios improvisados no setor censitário Número de pessoas residentes no setor censitário Porcentagem de responsáveis por domicílios com menos de 30 anos Número médio de pessoas por domicílio Fonte: Ministério das Cidades/Secretaria Nacional de Habitação, CEM, CEBRAP Domicílios em Assentamentos Precários nos Municípios da RMVA As Tabelas 124 e 125, à frente, foram elaboradas a partir dos dados do estudo do Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Adverte-se que não foi possível apresentar os dados do estado de Minas Gerais porque, no estudo, esses aparecem agregados a outros municípios do Centro-Oeste. Mas, para efeito de comparação, apresentam-se também os dados dos municípios da RMVA, de Belo Horizonte, da RMBH com o seu colar, e do Brasil. A Tabela 124 apresenta os dados relativos aos domicílios e a Tabela 125 os dados relativos à população. Nas duas tabelas, as situações de Ipatinga e Santana do Paraíso chamam atenção, ainda que por razões distintas. Ipatinga por já apresentar alto número de domicílios em setores subnormais , que corresponde a 8,7% do total de domicílios no município. Destaca-se que o índice registrado em Ipatinga só se mostra inferior ao de Belo Horizonte (10,6%). Somados os domicílios em setores subnormais (4.886) aos domicílios em setores precários (1.106) tem-se um total de domicílios em condição de vulnerabilidade no município de Ipatinga, os quais correspondem a 10,5% do total de domicílios locais. Timóteo e Coronel Fabriciano apresentaram, à época, baixos percentuais de domicílios em 593

160 setores subnormais 2,0% e 2,4%, respectivamente, comparados com os registrados relativos ao núcleo da RMVA, à RMBH e seu colar, e ao Brasil. Todavia, em Timóteo o número de domicílios em assentamentos precários (1.444) correspondia a 7,7% do total. Somados os domicílios em setores precários com os domicílios em setores subnormais tinha-se, em Timóteo, o total de domicílios em condição de vulnerabilidade, os quais correspondiam no ano 2000 a 9,7% dos domicílios contabilizados no município. Em Coronel Fabriciano, o número de domicílios em assentamentos precários (546) correspondia a 2,1% do total de domicílios locais; quando somados aos domicílios em setores subnormais (612) tinha-se à época um total de domicílios em condição de vulnerabilidade no município, os quais correspondiam a 4,5% do total de domicílios locais. Observa-se na Tabela 123 anteriormente apresentada, que não registro há de domicílios em setores subnormais em Santana do Paraíso, referente ao ano Contudo, é expressivo o número de domicílios em setores precários: 23,0% de seus domicílios foram considerados precários à época, índice superior ao registrado nos demais municípios do núcleo metropolitano, mesmo quando se somam, nestes, os números de domicílios em setores subnormais com os localizados em setores precários. Os dados sugerem que, já no ano 2000, Santana do Paraíso experimentava, de maneira aguda, os problemas e contradições de um processo de expansão urbana desprovido de adequado planejamento e controle dos processos de ocupação e uso do solo. A Tabela 124 apresenta dados relativos às pessoas residentes em setores subnormais e em setores precários no ano Esses dados evidenciam que as tendências notadas nas análises acerca dos domicílios se repetem quando se analisam as pessoas. 594

161 Tabela 124 Estimativa de Domicílios em Assentamentos Precários em Áreas Urbanas.* Belo Horizonte, RM de Belo Horizonte e Colar Metropolitano, Brasil, RMVA e Municípios, Unidade de Referência Total de domicílios em todos os tipos de setores Domicílios em setores subnormais Domicílios em setores precários Domicílios em setores subnormais + setores precários N N % N % N % Belo Horizonte , , ,29 RMBH e Colar , , ,98 Brasil* , , ,99 RMVA , , ,54 Coronel Fabriciano , , ,54 Ipatinga , , ,54 Santana do Paraíso Timóteo , , ,7 * Inclui setores em área rural de extensão urbana. * 1 Municípios selecionados. Fonte: Elaboração própria a partir do CEM/CEBRAP, dados do Censo Demográfico IBGE (2000). Tabela 125 Estimativa da População Residindo em Assentamentos Precários em Áreas Urbanas.* Belo Horizonte, RMBH e Colar, Brasil, RMVA e Municípios, Unidade Total de pessoas em todos os tipos de setores Pessoas em aglomerados subnormais Pessoas em assentamentos precários Pessoas em aglomerados subnormais + assentamentos precários N N % N % N % Belo Horizonte , , ,3 RMBH e Colar , , ,3 Brasil* , , ,1 RMVA , , ,38 Coronel Fabriciano , , ,87 Ipatinga , , ,64 Santana do Paraíso % , ,97 Timóteo , , ,68 * Inclui setores em área rural de extensão urbana. * 1 Municípios selecionados. Fonte: Elaboração própria a partir do CEM/CEBRAP, dados do Censo Demográfico IBGE (2000). A Figura 200 apresenta a localização de aglomerados subnormais e precários no território dos municípios que compõem a RMVA. Destaca-se a região de fronteira entre Ipatinga e Santana do Paraíso, que no ano 2000 já se configurava como área em que se concentravam expressivas vulnerabilidades habitacionais, dadas as presenças de setores subnormais e de setores precários. Ainda em Ipatinga identificaram-se duas porções territoriais que concentram vulnerabilidades habitacionais: setores precários ao norte do território, em outra área de fronteira com Santana do Paraíso setores subnormais na periferia da mancha urbana. Em Santana do Paraíso, destaca-se, também, a área de fronteira com o município de Ipaba, na qual se identificaram setores precários. Em 595

162 Coronel Fabriciano, identificaram-se à época duas áreas de precariedade, uma na parte central da mancha urbana, e outra na situada mais ao norte, na periferia da mancha urbana. Em Timóteo, identificaram-se duas áreas concentradoras de vulnerabilidades habitacionais, uma, de significativa extensão, próxima à zona rural, e outra, de menor extensão, na fronteira com Coronel Fabriciano. Já os setores subnormais deste município, foram identificados na fronteira com o município de Jaguaraçu. Todavia, há que se advertir: os dados ora analisados indicam processos de expansão urbana, irregulares e desordenados, em curso nos municípios que compõem o núcleo da RMVA no ano Desde então as dinâmicas socioeconômicas e de uso e ocupação do solo em tais municípios produziram alterações no quantitativo e na distribuição espacial das vulnerabilidades habitacionais. A configuração mais recente das vulnerabilidades habitacionais no território dos municípios do núcleo metropolitano será analisada com base em dados sobre setores subnormais identificados pelo IBGE no ano

163 Figura 200 Distribuição Espacial dos Setores Subnormais e dos Setores Precários nos Municípios do Núcleo da RMVA. Fonte: BRASIL, 2000 Coronel Fabriciano Em Coronel Fabriciano, realizou-se, em 2009, pesquisa sobre assentamentos precários no processo de elaboração do PLHIS. Na oportunidade, consideraram-se assentamentos precários de interesse social aqueles em que: A população apresentasse renda familiar predominantemente na faixa de até seis salários mínimos, em consonância com o corte estabelecido pelo Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social; Se verificasse a presença de pelo menos um dos seguintes fatores de precariedade físicoambiental ou jurídico-legal: irregularidade jurídica em termos de situação de posse/propriedade, ou irregularidade urbanística/dominial em relação à legislação urbanística, especificamente ao parcelamento, deficiência de infraestrutura em termos de sistemas viários e de saneamento, presença de situações de risco geológico-geotécnico, 597

164 especialmente inundação e escorregamento; predominância de edificações com baixo padrão construtivo. A pesquisa identificou 59 assentamentos precários de interesse social, nos quais foram contabilizados ao todo domicílios. Dentre os vários tipos de assentamentos identificados, o predominante foi a Ocupação Espontânea, equivalente a 52,5% do total de assentamentos e com 38,8% dos domicílios em situação irregular. A segunda tipologia mais frequente foram os Loteamentos Privados Irregulares, correspondentes a 27,1% dos assentamentos precários, nos quais se encontraram 36,0% dos domicílios (CORONEL FABRICIANO, 2010). Portanto, o diagnóstico que sustentou a elaboração do PlLHIS de Coronel Fabriciano, em 2010, identificou um número de domicílios em assentamentos precários (5.148 domicílios) significativamente superior ao número contabilizado pelo Centro de Estudos da Metrópole, com base em dados do censo realizado pelo IBGE no ano 2000 (546 domicílios). Há de se destacar que essas diferenças de quantitativos se devem aos distintos períodos em que se realizaram os respectivos estudos, mas, sobretudo, às diferenças de procedimentos investigativos. O estudo que subsidiou o PLHIS valeu-se de levantamentos de dados in loco, visto que tinha como objeto apenas um município, diferentemente do estudo realizado pelo CEM. Ipatinga Em Ipatinga, o estudo do CEM identificou, em 2000, dezessete áreas como subnormais e precárias, as quais formavam por assim dizer os assentamentos precários. Em tais áreas foram contabilizados, à época, domicílios, equivalentes a 10,7% do total de domicílios do município. No Plano Local de Habitação de Interesse Social, datado de 2011, as informações sobre assentamentos precários tomam por base o diagnóstico em processo de elaboração para sustentação da Revisão do Plano Diretor Municipal, datado de No referido PLHIS, informa-se, pois, a existência de 52 assentamentos precários no município, os quais abrigam domicílios. Timóteo A abordagem acerca de assentamentos precários constante no PLHIS de Timóteo (2012) se vale de informações disponibilizadas no estudo realizado pelo CEM (2003), em estudo realizado pelo Programa Habitar Brasil (2007), e em dados do Cadastro Único (CadÚnico, 2012). No PLHIS são mencionados 7 assentamentos precários Cachoeira do Vale, Bela Vista, Novo Tempo, Macuco, Nova Esperança, Ana Moura e a região do Petrópolis. 598

165 Destaca-se que o Plano Diretor Municipal deverá ser revisado em breve, uma vez que a sua elaboração data de Com efeito, no bojo dessa revisão deverá ser procedida atualização do diagnóstico acerca dos assentamentos precários existentes no município, favorecendo o planejamento e a gestão da política habitacional local Considerações Gerais As dimensões tomadas para análise da situação habitacional na RMVA evidenciam as contradições e desigualdades no acesso a terra e a moradia digna, características do processo de urbanização brasileiro. Os indicadores relativos às condições habitacionais, avaliadas com base no percentual da população que acessa serviços de infraestrutura básica (água encanada, esgotamento sanitário, coleta de lixo e energia elétrica), revelam a proximidade da universalização do atendimento. Contudo, a elevação do déficit habitacional total e relativo, as elevadas proporções de moradias que apresentam algum tipo de inadequação, a ampliação do número dos denominados aglomerados subnormais e assentamentos precários e dos domicílios que os compõem e os contingentes populacionais residindo em áreas de risco físico-geológico são a outra face da situação habitacional na RMVA. O déficit habitacional, composto principalmente pelos fatores coabitação e ônus excessivo com aluguel, concentra-se nos segmentos populacionais de mais baixa renda, residentes em precárias condições do ponto de vista físico-ambiental e de acesso à infraestrutura básica. Conforme já exposto, em todos os municípios do núcleo metropolitano, a exemplo do que se verifica no conjunto da RMVA, no estado de Minas Gerais, e no Brasil, em 2010, o Déficit habitacional foi composto majoritariamente por domicílios com renda de 0 a 3 salários mínimos. Não por acaso esses segmentos populacionais de baixa renda ocupam as periferias da mancha urbana das cidades e as áreas de fronteiras com outros municípios, onde se concentram os aglomerados subnormais. Estes se constituem na expressão socioterritorial da pobreza intramunicipal. No interior desses aglomerados tem-se em média 30,0% a 40,0% de domicílios em condição de pobreza ou extrema pobreza. É importante ressaltar, todavia, que os modos como os problemas habitacionais se expressam em cada um dos municípios do núcleo metropolitano guardam especificidades, que dependem das suas características demográficas, econômicas e urbanísticas, bem como das formas como se inserem na dinâmica regional. A reflexão acerca da lógica que permeia a localização da moradia, por exemplo, remete à situação de Santana do Paraíso, município cuja população em idade ativa mais dependente de emprego fora de seu território, dentre os integrantes da RMVA. No entanto, a sua população, 599

166 conforme expresso nas oficinas de leitura comunitária enfrenta dificuldades de acesso a serviços de transporte público coletivo para os municípios que concentram os serviços públicos sociais diga-se, principalmente, de alta complexidade em saúde e de educação de terceiro grau, e a oferta de postos de trabalho Reflexo disso é o fato de que o município é aquele que possui o maior número de motocicletas dentro de sua frota de veículos. Esse é um fato muito comum nas regiões metropolitanas: a dependência de mão de obra que reside distante do local do trabalho. Em geral, mão de obra pouco qualificada, com baixa remuneração e que ainda tem que arcar com os gastos de tempo e financeiro para chegar até o local do trabalho e acessar os serviços sociais, públicos e particulares. Dentre as especificidades da forma de inserção na dinâmica regional consta também o nível de desenvolvimento institucional para a formulação e gestão de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento urbano e habitacional. As desigualdades em termos de estruturas administrativas, a portes e aparatos técnicos, arcabouço legal, dentre outros, se consubstanciam como entraves ao planejamento e a gestão integrada das necessidades habitacionais particulares e comuns. A experiência mostra que municípios providos de políticas e instrumentos mais eficazes de controle do uso e da ocupação do solo tendem a transferir para outros municípios, com menor capacidade de controle, as formas de ocupação mais precárias. Embora não se apresentem na mesma escala, nos municípios do colar metropolitano, os problemas habitacionais começam a ganhar contornos notados em centros de médio e grande porte. Nesse aspecto, destacam-se os municípios de Caratinga, Belo Oriente, Ipaba, Periquito e Pingo D água. Todavia, salvo algumas particularidades, conforme anteriormente exposto, os indicadores de acesso da população à infraestrutura básica (água encanada, esgotamento sanitário, destinação de lixo, e energia elétrica) aumentaram ao longo das duas últimas décadas e, em 2010, se apresentaram em patamares próximos aos verificados no conjunto dos municípios do núcleo metropolitano, e, por vezes, superiores aos do estado de Minas Gerais, e do Brasil. Essa constatação se refere, sobretudo, ao percentual da população com acesso a serviços de energia elétrica e água encanada. Em termos do déficit habitacional relativo, os valores dos indicadores verificados nos municípios do colar metropolitano se assemelham aos dos municípios do núcleo. Porém, em se tratando de aglomerados subnormais o censo do IBGE 2010 os identificou apenas em Belo Oriente, Bom Jesus do Galho e Caratinga. Destaca-se que os aglomerados subnormais identificados em tais municípios apresentam características similares às dos identificados nos municípios do núcleo quando se trata de seus respectivos números de domicílios e tamanhos populacionais. 600

167 Por fim, é importante salientar que, embora os dados apresentados contribuam para traçar um retrato das carências habitacionais na RMVA na última década, a sua compreensão requer um olhar mais ampliado e integrado aos diagnósticos dos demais eixos temáticos, pois todos eles abarcam algum aspecto relacionado à questão habitacional - meio ambiente, econômico, mobilidade urbana, arranjo institucional, e, em especial, o eixo do ordenamento territorial. A este coube identificar as condições de ocupação do uso do solo, buscando alternativas para a seu uso mais democrático e menos segregado, os loteamentos irregulares e as áreas de risco. 7.4 Educação Entre todos os temas setoriais que envolvem a elaboração de um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado, a educação é a área que mais se articula com todas as demais, estando diretamente relacionada à geração de trabalho e renda, à superação de situações de pobreza e vulnerabilidade, à redução da criminalidade, além de possibilitar ao sujeito o acesso efetivo e democrático aos serviços básicos, como parte constituinte de sua vida cidadã. Desde 1991, a Educação é, dentre as três áreas que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, a dimensão que mais vem crescendo e contribuindo para a melhoria do IDH do país, devido principalmente à elevação dos níveis de escolaridade da população. Ao longo das últimas décadas a política educacional brasileira, considerando a União, os estados e os municípios, teve como foco a universalização do ensino fundamental, o que inclui crianças de 7 a 14 anos. No caso específico de Minas Gerais, a entrada na escola passou a se dar aos 6 anos de idade, o que, associado a outras iniciativas para o nível fundamental de ensino, obteve bons resultados, conforme sugere o gráfico abaixo, que se refere à evolução do Proalfa, que é um exame aplicado anualmente nas escolas da rede municipal e estadual de Minas Gerais, que tem por objetivo avaliar a capacidade de leitura, escrita, interpretação e síntese dos estudantes de nível fundamental (SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS, 2012). 601

168 Gráfico 38 Evolução do Proalfa na Rede Estadual Observamos que em 2013, 92,3% dos alunos avaliados apresentaram desempenho considerado recomendado pela Secretaria de Educação, enquanto em 2006, ano em que o exame passou a ser adotado, mais da metade dos alunos das escolas da rede pública do estado de Minas Gerais, tinham desempenho baixo (30,8%) ou intermediário (20,6%). Porém, como pode ser avaliado através de outros exames, o desempenho dos estudantes da rede pública ainda fica muito aquém do desempenho daqueles que tem acesso à rede privada de ensino. Para além de inserir, elevar os níveis de aprendizagem precisa ser a grande meta das políticas públicas de educação para os próximos anos. Além disso, ao analisarmos os indicadores de acesso a outros níveis de ensino, como por exemplo o nível médio e superior, observamos que não há uma continuidade nas políticas educacionais, já que nos anos finais do processo de escolarização a evasão e as taxas de defasagem idade-série aumentam sobremaneira no estado de Minas Gerais, realidade que não difere substancialmente da encontrada na Região do Vale do Aço, como veremos a seguir Principais Indicadores Educacionais na RMVA Os indicadores educacionais analisados neste estudo revelam que em consonância com o cenário estadual e nacional, na Região Metropolitana do Vale do Aço, a educação vem passando por transformações positivas desde o início da década de A dimensão educação é usualmente avaliada através do IDHM Educação, dimensão medida pela escolaridade da população adulta e pelo fluxo escolar da população jovem (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO, 2013). Na RMVA, apenas Santana do Paraíso tem IDHM Educação considerado médio e abaixo das médias estadual e nacional. 602

169 Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo apresentam apresentado na Tabela 126 abaixo. indicadores considerados altos, conforme O acesso ao ensino fundamental obteve crescimento significativo, tornando-se quase universal. Segundo o Censo de 2010, na RMVA 97,9% das crianças de 6 a 14 anos estão na escola, índice ligeiramente acima das médias nacional e estadual que são de 96,7% e 97,54%, respectivamente (IBGE), como veremos detalhadamente neste tópico. Essa situação também é constatada nos municípios do chamado Colar Metropolitano. Comparando os índices de 1991, 2000 e 2010, pode-se observar aumento nos níveis de escolaridade no país, no estado e na Região do Vale do Aço. No Brasil o IDHM Educação passou de 0,279 em 1991, para 0,456 em 2000 e 0,637 em Em Minas Gerais os índices registrados foram 0,257, 0,470 e 0,638, respectivamente. O índice médio do IDHM Educação entre os quatro municípios da RMVA em 1991 era de 0,291, em 2000 era 0,523 e em 2010, 0,673. Observa-se que entre as décadas de 1990 e 2000 as cidades da região metropolitana do Vale do Aço registraram maior aumento proporcional do IDHM Educação Já na última década, entre 2000 e 2010, o aumento proporcional dos indicadores educacionais do Brasil foi maior que o de Minas Gerais e que o da RMVA. Quanto à expectativa de anos de estudo, que é medida pelo número médio de anos de estudo que uma geração de crianças que ingressa na escola deverá completar ao atingir 18 anos de idade, se os padrões atuais se mantiverem ao longo de sua vida escolar (Atlas PNUD, 2010), observamos que em Minas Gerais e no Brasil, no intervalo , houve um ligeiro aumento do indicador, enquanto entre os municípios da RMVA, com exceção de Timóteo, houve uma diminuição na expectativa, ainda que bastante modesta. Em relação ao analfabetismo funcional, que se refere, segundo o IBGE, à proporção de pessoas com 15 anos ou mais de idade com menos de quatro anos de estudo completos, a RMVA possuem 6,2% da população nessa faixa etária em tal situação. Entre os quatro municípios da região metropolitana apenas Santana do Paraíso (9,3%) registrou proporção de analfabetos funcionais superior à do estado de Minas Gerais (8,3%). Considerando todo o Colar Metropolitano a média de analfabetismo funcional sobe para 14,9%, número bem maior que a proporção nacional, que é de 9,6%. Porém, quando comparados os indicadores de 1991, 2000 e 2010, observa-se que o país, o estado e a RMVA conseguiram diminuir substancialmente a taxa de analfabetismo funcional. No Brasil, em 1991, 19,4% da população acima de 15 anos tinha menos de quatro anos de estudo, em 2000 esse número caiu 603

170 para 12,94% e em 2010, 9,6%. Em Minas Gerais esses números são: 17,5%, 11,5% e 8,3%, respectivamente. Entre os quatro municípios da RMVA em 1991 a proporção de analfabetos funcionais era de 14,2%, em 2000 era de 9,5% e em 2010, 6,2%. Contudo, é preciso destacar que a análise dos municípios do Colar Metropolitano e da Região Metropolitana do Vale do Aço, neste caso, Santana do Paraíso, possibilita notar a existência de enormes desigualdades entre eles, o que demanda políticas públicas que considerem os problemas macro e microrregionais, como o fluxo metropolitano dado o processo de conurbação das cidades e a concentração de equipamentos públicos e a segregação entre os municípios, que inegavelmente compromete o acesso das camadas mais pobres da população às políticas de infraestrutura urbana. Tabela 126 IDHM Educação, Expectativa de Anos de Estudo e Analfabetismo Funcional na RMVA, em Minas Gerais e Brasil, 2000 e Taxa de Taxa de analfabetismo analfabetismo Cidades da Expectativa Expectativa IDMH IDMH para maiores para maiores RMVA anos de anos de Educação Educação de 15 anos/ de 15 anos/ Minas Gerais estudo estudo (2000) (2010) analfabetismo analfabetismo e (2000) (2010) funcional funcional Brasil % (2000) %(2010) Cel. 0,517 0,696 9,4 9,3 8,6 6,1 Fabriciano Ipatinga Stna. Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil 0,583 0,705 10,6 9,7 6,9 5,0 0,394 0,552 9,0 8,4 15,9 9,3 0,598 0,742 9,9 9,9 6,5 4,4 0,470 0,638 9,1 9,4 11,4 9,4 0,456 0,637 8,7 9,5 12,9 9,6 Fonte: Censo 2010/Atlas PNUD Outro indicador interessante para traçarmos um perfil educacional da RMVA é o subíndice de frequência escolar, que representa a frequência de crianças e jovens à escola em séries adequadas à sua idade. Esse indicador é obtido através da média aritmética simples de quatro indicadores importantes nesse contexto, a saber: a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola, a proporção de crianças de 11 a 13 anos no 2º ciclo do fundamental, a proporção de jovens de 15 a 17 anos com o fundamental completo e a proporção de jovens de 18 a 20 anos com o médio completo (PNUD, 2013). Observa-se no Gráfico 39, abaixo, que entre as quatro cidades da RMVA apenas Santana do Paraíso (0,45) registrou subíndice menor que o do Brasil (0,54) e do estado de Minas Gerais (0,51). Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo registraram subíndices de 0,58, 0,62 e 0,65, respectivamente 60. Já em 60 Quanto melhor o desempenho municipal nesta dimensão, mais próximo o seu índice estará de

171 relação ao Colar, os resultados são preocupantes. Nenhum dos 24 municípios apresentou subíndice sequer próximo ao de Minas Gerais. Esse cenário alerta para grandes desigualdades intrarregionais. A heterogeneidade da região do Vale do Aço reflete a ausência de efetivas estruturas para a gestão dos territórios metropolitanos. Gráfico 39 Subíndice de Frequência Escolar no Brasil, Minas Gerais e RMVA Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil Fonte: Atlas PNUD/ Educação entre Crianças e Jovens A proporção de crianças e jovens frequentando ou tendo completado determinados ciclos indica a situação da educação entre a população em idade escolar dos municípios e compõe o IDHM Educação, na tabela acima demonstrado. Embora desde 2004 o Governo de Minas tenha implementado o projeto que amplia o ensino fundamental de 8 para 9 anos, com as crianças ingressando no 1º ano com 6 anos, na data do Censo IBGE 2010 poucos municípios da região do Vale do Aço tinham alcançado a meta de 100% de cobertura educacional para crianças dessa idade. Todavia, entre os quatro municípios da região metropolitana apenas Santana do Paraíso (93%) registrou proporção de acesso menor que a do país (94,9%) e do estado (96,9%) e apenas Timóteo tinha, em 2010, 100% das crianças de 6 anos na escola. No período de 2000 a 2010, a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola cresceu 29,14% em Minas Gerais e 28,5% no Brasil. Na RMVA o crescimento foi significativamente menor, ficando em apenas 14%. Contudo, pesa o fato do município de Santana do Paraíso ter, em 2010, mais de 30% de crianças de 5 a 6 anos fora da escola, já que nos demais municípios o atendimento a essa faixa etária é melhor 605

172 do que no estado e no país, sendo que Coronel Fabriciano e Timóteo já estão quase atingido a meta de universalização do atendimento às crianças dessa faixa de idade. Em relação à cobertura do atendimento educacional da infância (0 a 6 anos), que só muito recentemente passou a fazer parte da educação básica, os dados demonstram que a extensão do ensino fundamental à faixa etária de 6 anos ainda encontra problemas, embora seja meta do Ministério da Educação universalizar até 2016 o atendimento de creches e pré-escolas. Quanto às creches, os dados do Censo 2010 apresentam números extremamente adversos para a região do Vale do Aço. Na RMVA apenas 16,5% das crianças de 0 a 3 anos estão na escola; e considerando todo o Colar essa média cai para 10,64%. A média de cobertura do país é de 23,5% e de Minas Gerais, 20,3%. Entre os 27 municípios da região apenas em São José do Goiabal se registrou nível de acesso à creche superior ao do Brasil. Esses números mostram uma grande necessidade de expansão de oferta de vagas em creches, mas deve-se atentar para o risco de essa ampliação ser feita sem os padrões de qualidade adequados, tendo em vista o quão distante os municípios ainda estão das metas traçadas para Escolas para atuar nesse nível de ensino demandam adaptação de seus espaços físicos, bem como corpo docente qualificado para o atendimento e promoção do bem estar das crianças. No que se refere à educação infantil (4 a 5 anos), o Vale do Aço apresenta desigualdades intrarregionais acentuadas. Em relação aos municípios metropolitanos, Coronel Fabriciano e Timóteo tem mais de 90% das crianças nessa faixa etária sendo atendidas. Já Ipatinga tem 75,5% de cobertura na educação infantil e Santana do Paraíso apenas 36,4%, enquanto no Brasil esse número é 80,1% e em Minas Gerais, 77,7%. É necessário enfatizar que uma demanda não atendida de vagas em creches e pré-escolas também impacta diretamente na capacidade das famílias superarem situações de vulnerabilidade social, já que grande parte das mães acaba se privando de trabalhar ou até mesmo de dar continuidade aos estudos por não terem com quem deixar seus filhos. Urge ofertar, com qualidade, creches e pré-escolas para todas as crianças, sobretudo pensando em uma educação integral e em tempo integral, para que se amplie o tempo e as oportunidades educativas, não só em benefício das crianças, mas também de suas famílias. 606

173 A ampliação do tempo escolar é uma importante referência para políticas públicas futuras, mas precisa levar em consideração fatores que muitas vezes não ficam explícitos nos números. Atender 100% das crianças não gera os efeitos esperados caso não se leve em conta a precariedade dos equipamentos públicos e da infraestrutura das escolas. E tão importante quando a reconfiguração socioespacial, são a valorização dos profissionais da educação e as relações entre as escolas e as comunidades que elas atendem. Educação e cultura devem ser temáticas integradas a nível institucional e familiar. Isso requer educadores e demais funcionários com devida capacitação e reconhecimento profissional 61. Além disso, outra variável que deve ser considerada é a distribuição geográfica das instituições de ensino. Não raro, bairros afastados e com maior vulnerabilidade social, e as zonas rurais, são os que sofrem ora com a falta de escolas, ora com demoras no acesso aos programas/projetos educacionais. Normalmente novos investimentos e políticas públicas começam a ser implementadas em escolas da região central e tardiamente chegam às periferias/áreas rurais, a exemplo do programa Reinventando o Ensino Médio, que será discutido a seguir. Em pesquisa realizada pelo Dataminas entre moradores da RMVA em janeiro de 2014, 58,6% dos entrevistados citaram a falta de serviços de educação e saúde próximos à suas residências como problema que enfrentam. Quanto à taxa de frequência líquida à pré-escola e ao ensino fundamental, que refere-se à razão entre o número de pessoas na faixa etária adequada frequentando o nível de ensino e a população total dessa mesma faixa etária multiplicado por 100 (Atlas PNUD), observamos que na RMVA a taxa de frequência líquida à pré-escola cresceu 25% na última década. No entanto, ainda em 2010, Ipatinga e Santana do Paraíso tem taxas de frequência líquida a esse nível de ensino menores do que as encontradas no estado e no país. Em relação à taxa de frequência líquida ao ensino fundamental houve na RMVA um decréscimo, ainda que pequeno da mesma, mas todos os quatro municípios tem taxas superiores às de Minas Gerais e do Brasil. 61 A contratação de capacitação de profissionais foi apontada de forma espontânea como uma das soluções para os problemas comuns à RMVA (DATAMINAS, 2014). 607

174 Tabela 127 Indicadores de Acesso à Escola e ao Ensino Fundamental na RMVA, em Minas Gerais e Brasil, 2000 e 2010 População População Taxa de Taxa de entre Taxa de Taxa de entre frequência frequência Cidades 5 a 6 anos frequência frequência 5 a 6 anos que líquida ao líquida ao da RMVA que líquida à líquida à frequenta ensino ensino Minas frequenta pré-escola pré-escola escola fundamental fundamental Gerais e escola % % % % % Brasil % (2000) (2000) (2010) (2010) (2000) (2010) Cel. 74,07 97,2 42,5 75,2 95,4 93,8 Fabriciano Ipatinga 80,80 91,7 46,9 50,7 94,2 92,4 Stna. Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil 60,68 66,2 17,0 26,8 94,9 94,3 94,50 98,4 70,7 69,7 95,2 95,9 71,94 92,2 39,5 58,1 92,0 93,2 71,47 91,1 38,5 55,0 90,1 92,1 Fonte: Censo 2010/Atlas PNUD Em relação aos dados sobre defasagem/atraso escolar, observamos que em 2000, 67,81% das crianças de 6 a 14 anos da RMVA estavam cursando o ensino fundamental regular na série correta para a idade, proporção acima da estadual e da nacional. Em 2010 essa média caiu para 67,33%, mas mesmo assim manteve-se acima das proporções de Minas Gerais e do Brasil. Mais uma vez o que propicia um cenário desfavorável para a região é o município de Santana do Paraíso, o único cujos percentuais não ultrapassam a média mineira e brasileira. A precariedade dos indicadores educacionais de Santana do Paraíso pode ser percebida pelos moradores do município através da supracitada pesquisa realizada pelo Dataminas. A má qualidade do ensino e os poucos investimentos em educação apareceram como queixa dos moradores da região As mesmas questões também foram comumente declaradas entre os moradores de Coronel Fabriciano e as queixas em relação ao ensino/educação, apareceram em aproximadamente 10% das respostas na RMVA. 608

175 Gráfico 40 Percentual de Crianças de 6 a 14 anos no Ensino Fundamental sem Atraso Série1 Fonte: Elaborado a partir de dados do PNUD, De acordo com Castro (2008), a taxa de distorção idade-série atinge picos no 6º ano do ensino fundamental, e isso ocorre na maioria das vezes pelo excesso de aprovações no período do 1º ao 4º ano, permitindo ao aluno progredir nos estudos com dificuldades de leitura, escrita, interpretação de textos e operações matemáticas adequadas à faixa etária. Uma das principais consequências da distorção idade-série é o baixo desempenho dos alunos em atraso escolar quando comparados aos alunos regulares, o que pode acarretar em um problema ainda maior do que o atraso, que é a evasão. 609

176 Tabela 128 Indicadores de Atraso Escolar no Nível Fundamental na RMVA, em Minas Gerais e Brasil, 2000 e Percentual de Percentual de Percentual de Percentual de População População 6 a 14 anos 6 a 14 anos entre entre 6 a 14 anos no 6 a 14 anos Cidades da no ensino no ensino 6 a 14 anos 6 a 14 anos RMVA ensino no ensino que que fundamental fundamental Minas Gerais e fundamental fundamental frequenta frequenta Brasil com um ano com um ano escola escola sem atraso sem atraso de atraso 63 de atraso % % (2000) (2010) (2000) (2010) (2000) (2010) Cel Fabriciano 66,2 67,7 18,9 19,9 96,7 98,1 Ipatinga 78,3 71,9 16,0 16,4 97,2 97,8 Stna do Paraíso 58,7 60,7 22,4 20,3 96,9 97,1 Timóteo 67,8 68,9 19,7 20,3 97,4 98,6 Minas Gerais 63,7 65,8 20,5 19,4 94,6 97,5 Brasil 58,8 65,6 19,0 18,4 93,1 96,7 Fonte: Censo 2000/Censo Além da taxa de frequência líquida e dos dados sobre defasagem/atraso escolar no fundamental, outro indicador que nos ajuda a mensurar o acesso a esse nível de ensino é o que se refere à proporção da população em idade adequada que está frequentando alguma série desse ciclo. Observamos que há, tanto na RMVA, quanto no estado e no país, um cenário de quase universalização do acesso ao ensino fundamental para as crianças de 6 a 14 anos de idade, panorama que não se repete para o nível médio, já que o acesso dos adolescentes em idade adequada, que são aqueles de 15, 16 e 17 anos, não se mantém no mesmo nível observado para as séries do fundamental. Na RMVA, 82,47% do público nessa faixa etária está frequentando a série adequada, média abaixo da do Brasil e do estado de Minas Gerais. Entre os quatro municípios que compõem a região metropolitana, Santana do Paraíso é o que tem um menor número de adolescentes de 15 a 17 anos frequentando o Ensino Médio 75,4%, enquanto Timóteo tem o maior índice de acesso 88,39%. Quanto ao Colar Metropolitano, os municípios de Entre Folhas, Jaguaraçu e Vargem Alegre também apresentam baixo índice de acesso deste público etário ao ensino de nível médio. Entre a população de 18 a 20 anos apenas 44,9% concluíram o ensino médio na RMVA. Quando se aumenta o recorte etário para os jovens de 19 a 29 anos, ainda assim, pouco mais da metade (56,8%) possui segundo grau completo. Considerando-se todo o Colar Metropolitano a proporção cai para 44,2%. Esse cenário aponta para um grande e urgente desafio da região, a ampliação dos anos de escolaridade, pensando não só na oferta de vagas, mas sobretudo na superação da baixa qualidade do 63 Salienta-se que esse indicador não expressa situação de atraso escolar, porque o aluno é considerado em situação de distorção ou defasagem idade-série quando a diferença entre a idade do aluno e a idade prevista para a série é de dois anos ou mais. 610

177 ensino público, já que, não raro, a evasão do ensino médio se dá, dentre outros fatores, em função de uma escola pouco atrativa, o que pode ser observado, para além dos dados secundários aqui analisados, em entrevistas realizadas na secretarias de educação dos quatro municípios da RMVA, nas quais foram relatados problemas com a infraestrutura e com a falta de profissionais nas escolas de nível médio. Essas desigualdades entre os municípios da região revelam que a gestão dos sistemas de ensino não incorpora a dinâmica do território (tendo em vista as desigualdades intramunicipais) e isso compromete os indicadores educacionais, desde a educação infantil até a de nível superior, além de comprometer o acesso da população mais vulnerável ao mercado de trabalho, gerando assim um ciclo geracional da pobreza, como veremos a seguir. Essa queda no acesso à escola, quando se compara os níveis fundamental e médio, reforça os riscos associados à defasagem idade/série. Aqueles adolescentes que não concluem o ensino médio na faixa etária adequada acabam por não ter garantia de prosseguimento dos estudos. Não raro a evasão escolar está associada à necessidade de cuidar dos irmãos menores, de trabalhar para contribuir com as despesas de casa e/ou ao menos arcar com as despesas pessoais, ou ainda se dá em função de uma falta de perspectiva, na medida em que muitos adolescentes e jovens não acreditam que o prosseguimento nos estudos possa lhes garantir maiores possibilidades de inserção no mercado de trabalho. Quaisquer que sejam as causas da evasão, fato é que os jovens que se encontram nessa situação representam um grupo de alta vulnerabilidade social e que no entanto não são atendidos pelo município cuja oferta visa atender às crianças de até 14 anos, ou seja, de nível de ensino fundamental, e nem pelo estado, que concentra suas ações no ensino médio regular. Nesse sentido a ampliação da cobertura da Educação de Jovens e Adultos (EJA) se torna importante e emergencial, bem como um foco na qualidade do ensino e das escolas, que precisam ser instituições de crédito na perspectiva dos adolescentes e jovens. As dificuldades observadas no fluxo escolar do Ensino Médio no estado de Minas Gerais, com elevada evasão e baixa taxa esperada de conclusão levaram a Secretaria de Estado de Educação, a idealizar, em 2011, o programa Reinventado o Ensino Médio, que tem como objetivos repensar o currículo para este nível de ensino e aumentar a carga horária com disciplinas voltadas para a área de empregabilidade. Além disso, o turno da noite passou a ser exclusivo para a modalidade da EJA. A 611

178 previsão é de que ao final deste ano de 2014 o programa chegue a todas as escolas do estado. Por ser muito recente, nenhum efeito dessa política foi observado na região do Vale do Aço, porém já podemos apontar um primeiro equívoco do programa, já que, segundo os gestores de educação entrevistados nas prefeituras dos quatro municípios da RMVA, são as escolas da região central que estão sendo atendidas nesse primeiro momento. Essa informação nos revela um mau planejamento da política pública, que deveria priorizar as escolas e regiões mais vulneráveis, que são aquelas mais afastadas, localizadas nos bairros periféricos das cidades e nas escolas da zona rural. Tabela 129 Indicadores de Frequência Escolar na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Cidades da RMVA Minas Gerais e Brasil População entre 15 a 17 anos que frequenta escola % (2000) População entre 15 a 17 anos que frequenta escola % (2010) Taxa de frequência líquida ao ensino médio % (2000) Taxa de frequência líquida ao ensino médio % (2010) Cel. Fabriciano 82,50 83,0 46,09 49,7 Ipatinga Stna. Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil 83,72 83,4 56,30 51,1 75,96 75,4 35,60 41,1 87,72 88,4 51,17 60,3 75,82 83,6 37,27 46,6 77,42 83,3 32,71 43,4 Fonte: Censo 2000/Censo Outro indicador que nos revela o aumento da defasagem/atraso escolar no ensino médio, quando comparado ao nível fundamental, é a proporção de adolescentes entre 15 e 17 frequentando esse nível de ensino. Na RMVA apenas 72,84% dos adolescentes dessa faixa etária estão frequentando o ensino médio sem atraso. Essa proporção é maior do que a encontrada em Minas Gerais e no Brasil. Mas analisando-se os quatro municípios separadamente, observamos que Santana do Paraíso tem uma grande proporção de adolescentes em situação de defasagem idade-série, conforme representado no gráfico abaixo: 612

179 Gráfico 41 Percentual de Adolescentes de 15 a 17 anos no Ensino Médio sem Atraso Série1 Fonte: Elaborado a partir de dados do PNUD, Essa alta proporção de distorção idade-série no nível médio, sobretudo associada a municípios em condições de grande desigualdade, como é o caso de Santana do Paraíso, deve ser ponto fundamental na elaboração de políticas públicas, visto que a mesma possui impactos sobre a eficiência e a eficácia do sistema educacional e se relaciona com um conjunto de variáveis da área da educação, como as taxas de reprovação e de repetência e as condições de infraestrutura, mencionadas pelos gestores municipais entrevistados, que, comprovadamente, influenciam o desempenho dos alunos. Além disso, não só a infraestrutura, mas a falta de escolas/de vagas também é uma realidade na RMVA, sobretudo em Santana do Paraíso. Segundo os dados do Censo 2010, 27,1% dos estudantes do município frequentam escola em outra cidade, o que, certamente, aumenta as chances de evasão, já que a necessidade de se deslocar para outro município, é mais um fator dificultador no processo de escolarização. Em Coronel Fabriciano a proporção de alunos que frequentavam, em 2010, escola em outro município era de 12,3%, em Ipatinga, 5,6% e em Timóteo, 13,8%. O fluxo de alunos para outras cidades na RMVA (14,7%) é consideravelmente maior que a proporção no estado de Minas Gerais (7,6%), dado que deve estar intimamente associado às políticas de mobilidade urbana para a região. 613

180 Tabela 130 Indicadores de Defasagem Escolar no Nível médio na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Proporção de 15 a Frequenta escola Percentual de 15 a Percentual de 15 a 17 Proporção de 15 a anos no ensino em outro município Cidades da RMVA 17 anos no anos no Ensino anos no ensino médio médio Minas Gerais e Ensino médio médio com um ano com um ano (2010) Brasil sem atraso sem atraso de atraso de atraso (2000) (2010) (2000) (2010) Coronel Fabriciano 55,80 76,41 31,99 17,10 12,3 Ipatinga 57,43 77,81 33,54 17,20 5,6 Santana do Paraíso 54,13 61,00 27,35 24,26 27,1 Timóteo 55,39 76,15 37,36 18,61 13,8 Minas Gerais 59,65 72,86 30,35 20,43 7,6 Brasil 63,78 72,80 26,18 20,46 Fonte: Atlas PNUD/ Educação entre a População Adulta A escolaridade da população adulta é um importante indicador de acesso a conhecimento e também compõe o IDHM Educação. Embora entre 2000 e 2010 os indicadores dessa área tenham avançado, na RMVA apenas 44,97% da população entre 18 e 20 anos tem o ensino médio completo. Apesar de essa proporção ser maior que a do estado e do país, o número pode ser considerado muito baixo, além de mais uma vez, Santana do Paraíso apresentar um percentual preocupante de jovens sem o ensino médio completo. Na tabela abaixo também se pode verificar que essa desigualdade intrarregional no acesso à educação persiste até ao final do processo de escolarização. Em relação ao acesso ao ensino superior, Ipatinga e Timóteo apresentam os maiores percentuais de população com mais de 25 anos com ensino superior completo na RMVA, próximos à média brasileira e acima da média do estado. Em seguida, aparecem Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso, que por sua vez tem apenas 4,3% da população acima de 25 anos com ensino superior completo, percentual bem inferior à média da região, do estado e do país. As diferenças em termos do acesso e conclusão do nível de ensino superior entre as populações dos municípios da RMVA contribuem, pois, para reforçar as desigualdades sociais intrarregionais. Com efeito, faz-se necessário desenvolver políticas que promovam o acesso da população da RMVA, sobretudo dos municípios de Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso, ao ensino superior. Já a taxa de frequência líquida à educação de terceiro grau 64 cresceu substancialmente na última década entre os municípios da RMVA, passando de 4,8%, para 14,5%. Destacam-se os municípios de 64 Razão entre o número de pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos frequentando o ensino superior e a população total dessa mesma faixa etária multiplicado por 100 (Atlas PNUD, 2010). 614

181 Ipatinga e Timóteo, com taxas de 19,68 e 18,64, respectivamente. Esse crescimento do acesso ao ensino superior experimentado por alguns municípios do Vale do Aço também pode ser mensurado na pesquisa realizada pelo Dataminas. Entre os entrevistados que consideraram que o Vale do Aço melhorou nos últimos anos, um dos motivos mais apontados para essa avaliação positiva foram os investimentos em educação, principalmente em relação ao ensino superior. Ainda em relação a esta pesquisa, é importante salientar que os entrevistados que demonstraram maior nível de conhecimento sobre a RMVA são justamente aqueles que tem formação superior, bem como aqueles que trabalham nas siderúrgicas ou no serviço público. Esse dado revela a importância da educação não apenas em função do mercado de trabalho, mas sobretudo para a formação cidadã. São também os entrevistados de nível superior os que mais atribuem importância e tem a percepção de que morar em uma cidade que faz parte de uma região metropolitana tem impactos referentes à gestão das políticas públicas, bem como em outras esferas da dinâmica das cidades. Tabela 131 Indicadores de Frequência Escolar e Acesso ao Ensino Superior na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e 2010 População População Taxa de Taxa de População Cidades da População entre entre 18 e com 25 frequência frequência com 25 anos anos ou RMVA 18 e 20 anos com 20 anos com líquida ao líquida ao ou mais com mais com Minas Gerais médio completo médio ensino ensino superior superior e % completo superior superior completo completo Brasil (2000) % % % % % (2010) (2000) (2010) (2000) (2010) C. Fabriciano 28,1 49,4 5,26 14,69 4,64 8,72 Ipatinga Stn do Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil 30,7 19,4 32,4 26,3 24,82 50,8 6,87 19,68 6,04 11,35 28,3 0,36 4,99 1,35 4,26 51,4 6,71 18,64 5,90 11,61 42,8 6,64 14,97 6,10 10,57 41,0 7,37 13,95 6,77 11,27 Fonte: Censo 2000/Censo Atlas PNUD, A análise dos microdados do Censo 2010 nos permite saber a proporção de jovens de 19 a 29 anos que estão cursando ou terminaram o ensino superior e a proporção de jovens de 18 a 24 anos que estão frequentando a educação de terceiro grau. Entre os municípios da RMVA, Ipatinga (23,8%) é o que tem a maior proporção de jovens de 19 a 29 anos cursando ou com ensino superior completo, seguido de Timóteo, com 22,4%, Coronel Fabriciano, com 17,8% e Santana do Paraíso, cuja proporção é de apenas 615

182 7%. Quanto ao Colar, Caratinga (18,3%) e Dom Cavati (19,1%) 65 apresentam proporções expressivas de jovens com acesso ao ensino superior, estando acima inclusive de Coronel Fabriciano. No restante do Colar Metropolitano é interessante observar que apenas cinco municípios registraram proporção de acesso ao terceiro grau pior que Santana do Paraíso; todos os demais 19 municípios superam os 7% de Santana do Paraíso, dado que surpreende em função da proximidade do município à Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo, que são as cidades que concentram as instituições de ensino superior da região. O que pode explicar o fenômeno é a diferença entre os municípios do Colar Metropolitano em termos de incentivo à população para acesso às faculdades, sobretudo em termos de provisão de transporte. Santana do Paraíso não dispõe desse tipo de serviço e, em razão da condição de pobreza experimentada por parte de sua população, o custo do transporte acaba sendo um fator dificultador 66. Quando se muda o recorte etário para jovens entre 18 e 24 anos, verifica-se que em Coronel Fabriciano 56% dessa população cursa ensino superior, 60,7% em Ipatinga, 50,8% em Timóteo e apenas 21,8% em Santana do Paraíso. Novamente apenas cinco municípios do Colar tem proporção mais baixa do que a de Santana do Paraíso de jovens entre 18 e 24 anos cursando o terceiro grau, todos os outros 19 municípios tem uma proporção maior de seus jovens com acesso à faculdade. Caratinga e Dom Cavati se destacam novamente com mais jovens dessa faixa etária cursando ensino superior do que Timóteo e Coronel Fabriciano. Outro indicador importante para a composição do IDHM Educação, e logo, para a presente análise, é o subíndice de escolaridade fundamental da população adulta, que representa o nível de escolaridade entre os adultos, e é obtido pela proporção de jovens e adultos com 18 anos ou mais que tem o fundamental completo. Em 1991 o subíndice de escolaridade no Brasil era 0,30 e em Minas Gerais, 0,26. Entre os quatro municípios da RMVA a média na década era maior que a do estado e próxima à do país, ficando em 0,29. Porém, vale ressaltar que em Santana do Paraíso o subíndice de escolaridade 65 Em Caratinga existe um centro universitário instalado, o que diminui a dependência da sua população de se dirigir à RMVA para ter acesso a ensino de nível superior. Dom Cavati está a aproximadamente 50Km de Caratinga e pode também ser beneficiada neste aspecto, não tendo a sua população que se deslocar aos municípios da RMVA para ter acesso às faculdades/universidades. 66 Entre Santana do Paraíso e Ipatinga, por exemplo, o valor da passagem é R$3,75, o que representa um custo diário de R$7,50, semanal de R$37,50 e mensal de R$150,00. Em um município cuja renda per capita é de R$495,81(Censo IBGE, 2010), esse custo de transporte certamente não é trivial. Em trajetos superiores a 75Km o transporte é isento de ICMS (imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual, intermunicipal e de comunicação). A proximidade de Santana do Paraíso à cidade polo da região Ipatinga não significa então uma passagem mais barata, e além disso, também devido à proximidade, a prefeitura não disponibiliza transporte para estudantes. 616

183 era de apenas 0,13. No ano 2000, o Brasil registrou subíndice de escolaridade de em 0,39 e Minas, de 0,36, ao passo que a média da RMVA passou a superá-los, alcançando o subíndice de 0,41. Entre 1991 e 2000 Santana do Paraíso dobrou seu subíndice, passando de 0,13 para 0,26. Já em 2010, o Brasil (0,54) seguiu com subíndice de escolaridade fundamental da população adulta melhor que o de Minas Gerais (0,51), assim como a RMVA também se manteve à frente (0,57) do estado. Gráfico 42 Subíndice de Escolaridade Fundamental da População Adulta no Brasil, Minas Gerais e RMVA Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil Fonte: Atlas PNUD/2013. De maneira geral, fazendo uma leitura histórico-comparativa dos anos 1991, 2000 e 2010, percebe-se que a Região Metropolitana do Vale do Aço apresentou melhoras em seus indicadores acima das médias nacional e estadual. O mesmo não ocorreu no Colar Metropolitano, que ainda hoje está muito aquém dos indicadores do país e dos estados. Além disso observamos, no que se refere à área da educação, que Santana do Paraíso está muito mais próxima aos municípios do Colar do que da RMVA Escolaridade e Mercado de Trabalho na RMVA Como consequência da elevação dos níveis de escolarização em toda a região, os municípios da RMVA apresentam uma proporção da população ocupada e maior de 18 anos com ensino médio completo bem mais alta que no resto do estado e no país, com exceção de Santana do Paraíso, que é o único município da RMVA que tem uma proporção de ocupados com fundamental completo e médio completo abaixo da encontrada no Brasil e em Minas Gerais, cenário que se repete em todo o Colar Metropolitano. Nenhum dos 24 municípios do Colar chega sequer próximo às proporções do país e do estado, evidenciando a má distribuição dos equipamentos e serviços públicos, que se concentram na RMVA, sobretudo em Ipatinga e nas cidades vizinhas, Coronel Fabriciano e Timóteo. 617

184 Contudo, quando se trata de acesso à educação de nível superior, embora Timóteo (14,62%) e Ipatinga (13,72%) apresentem uma proporção de ocupados (com 18 anos ou mais) com ensino superior completo, acima da proporção do país (13,19%) e do estado (12,26%), pode-se considerar, tendo em vista o potencial econômico da região, esses números muito baixos. Embora desde a década de 1990 as reformas educacionais tenham favorecido um significativo aumento de vagas no ensino superior em razão do crescimento de instituições privadas no país e a partir de 2005, o ProUni tenha favorecido a entrada de jovens carentes nas universidades, observa-se que estes incentivos ainda são muito centralizados e além disso, a evasão do ensino superior ainda é muito alta. Vale lembrar que em Coronel Fabriciano a proporção de ocupados com 18 anos ou mais com ensino superior é de 10,8% e em Santana do Paraíso de apenas 5,8%. No Colar, mais uma vez, nenhum município tem uma proporção sequer próxima à de Minas Gerais, com exceção de Caratinga, que não supera os números do estado e do país, mas está à frente de Coronel Fabriciano por exemplo, com 11,57% dos ocupados com escolaridade de terceiro grau. Esse baixo acesso ao ensino superior deixa um importante e numeroso grupo da população em situação de ainda maior vulnerabilidade, que são os jovens. A escolaridade como fator determinante da inserção ocupacional é importante, sobretudo, entre pessoas de 19 a 29 anos de idade, principalmente em períodos como o atual, em que se tem o denominado bônus demográfico no país, ou seja, em que a força de trabalho da população ativa é maior do que a parcela dependente da população (crianças e idosos). 618

185 Tabela 132 Indicadores de Qualificação da Mão-de-Obra, RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Proporção Proporção de de Proporção de Proporção de Proporção de Proporção de ocupados ocupados ocupados com ocupados com ocupados ocupados Cidades da com com fundamental ensino médio com superior com superior RMVA ensino médio Minas Gerais fundamental completo com completo com completo completo completo e completo 18 anos ou 18 anos ou com 18 anos com 18 anos Brasil com 18 anos com 18 anos mais mais ou mais ou mais ou mais ou mais (2010) (2010) (2000) (2010) (2000) (2000) Coronel 33,98 Fabriciano 52,46 69,57 48,84 6,53 10,80 Ipatinga 55,85 72,05 35,14 51,30 S. do Paraíso 35,12 52,50 19,57 31,37 1,43 Timóteo Minas Gerais 62,31 75,54 42,96 7,41 13,72 5,82 41,29 56,73 7,89 14,62 58,71 27,97 41,34 7,16 12,26 Brasil 46,47 62,29 30,84 44,91 7,97 13,19 Fonte: Censo 2000/Censo Outro indicador interessante, que abrange os temas da educação e do acesso ao mercado de trabalho, é a proporção da população com 18 anos ou mais que não possui nível de ensino fundamental completo e está em ocupação informal 67. Mais uma vez Santana do Paraíso desponta no cenário de segregação, desigualdade e vulnerabilidade social, com 38,39% da população dessa faixa etária nessas condições, ao passo que nos demais municípios da RMVA a média é de 28,5%. No Brasil (35,24%) e em Minas Gerais (36,12%) os números são piores que os de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo, mas melhores que os de Santana do Paraíso. Quanto ao Colar, o número surpreende com 54% dos jovens sem fundamental completo e em ocupação informal, o que reforça as desigualdades intra e interregionais na região do Vale do Aço. Em relação à educação de nível técnico as bases censitárias ou outros dados secundários não contemplam a proporção de pessoas atendidas por faixas etárias. Contudo, há a informação disponível do número de matrículas neste nível de ensino, considerando também se são ofertados em estabelecimentos públicos ou privados, conforme apresentado no quadro abaixo, no qual Santana do Paraíso não foi contemplado, por não ter nenhuma escola/instituição de ensino técnico. 67 Trabalho informal é aquele exercido sem vínculos registrados na carteira de trabalho ou em documentação equivalente. 619

186 Observamos que grande parte das vagas ofertadas em instituições de nível técnico é em instituições particulares conveniadas com esferas governamentais, a exemplo de programas como o PEP Programa de Educação Profissional criado em 2007 pelo Governo do Estado e do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego criado em 2011 pelo Governo Federal. Quadro 23 Instituições de Nível Técnico em Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo. Cidade Número de estabelecimentos Tipo de estabelecimento Número de matrículas Particular, conveniado com o governo do 666 Estado Particular, conveniado com o governo do Estado Coronel Fabriciano Ipatinga 9 Timóteo 3 Particular, conveniado com o governo do 312 Estado e do Município Público governo do 60 Estado Particular 815 Particular, conveniado com o governo do 497 Estado Particular 232 Particular, conveniado com o governo do 581 Estado Particular 29 Particular, conveniado com o governo do 981 Estado Particular, conveniado com o governo do 484 Estado Particular 79 Particular, conveniado com o governo do 761 Estado Particular, conveniado com o governo do 440 Estado e do Município Público governo do 29 Estado Público governo 169 Federal Fonte: Ministério da Educação/Sistema e-mec/2014. Total de matrículas No entanto, como os números apresentados na tabela acima são pouco elucidativos, no intuito de aprofundar nessa e em outras questões, foram realizadas entrevistas nas Secretarias de Educação dos municípios da RMVA. Apesar das equipes entrevistadas em Timóteo e em Coronel Fabriciano não terem passado informações a respeito, o cenário apresentado nas entrevistas realizadas em Santana do Paraíso e Ipatinga ajudam a traçar um perfil da realidade local. 620

187 Em Santana do Paraíso, o que foi levantado, ainda que de maneira superficial, é que existe no município a oferta de cursos de capacitação na área de gestão, tecnologia e informática no CVT 68 Centro Vocacional Tecnológico. O dado sobre o número de alunos e a faixa etária atendida não foi informado. Além dos cursos do CVT as outras iniciativas citadas foram o Pro Jovem, que através de recursos do PAC 2 Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal está oferecendo cursos na área de gestão, Recursos Humanos, auxiliar administrativo, secretariado, corte e costura, fotografia, estilista/modista e desenho técnico, para a população acima de 15 anos 69, e também citaram o PRONATEC (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) que não oferece cursos no município de Santana do Paraíso, porém a prefeitura oferece transporte para que os jovens possam frequentar os cursos ofertados em municípios vizinhos. Contudo, foi salientado durante a entrevista, que grande parte dos jovens que se interessam pelo Pronatec não tem escolaridade suficiente para participar, o que reforça a discussão neste estudo apresentada sobre o ciclo geracional da pobreza. A equipe entrevistada ressaltou que a maioria dos recursos destinados à profissionalização vem do Governo Federal, e que do Governo do Estado recebem uma pequena quantia mensal, que não é suficiente para implementar programas/projetos que de fato deem um retorno positivo para a realidade local. Outro ponto levantado foi um programa que eles denominam Projeto Capoeira, financiado com recursos do próprio município, e que atua dando aulas de capoeira em bairros mais vulneráveis/carentes. Um último ponto informado pela equipe de gestores de Santana do Paraíso foi que, ainda neste ano de 2014, será implantado no município, com recursos do Governo do Estado, o UAITEC Universidade Aberta Integrada, que seria a transformação do supracitado CVT em um espaço onde serão oferecidos cursos à distância com perspectiva de oferta de conteúdos de idiomas, tecnólogos, graduação e pósgraduação em diversas áreas, mas a política ainda não saiu do papel. Em Ipatinga, tanto na Secretaria de Assistência Social como na de Educação, a temática do ensino técnico foi abordada. Segundo informações das equipes o município também é atendido pelo Pronatec, destinado à população jovem e adulta, com cursos de solda, de idiomas e diversos outros na 68 Os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) são unidades de ensino e de profissionalização, voltados para a difusão do acesso ao conhecimento científico e tecnológico e mantidas pelo MCTI Ministério da Ciência Tecnologia e Informação. 69 Segundo os profissionais entrevistados a idade máxima que o programa atende, em função da demanda, é 24 anos. 621

188 área do comércio, da indústria e do transporte. O que foi durante as entrevistas salientado foi a necessidade de se qualificar a mão de obra local, sendo este o único caminho para a superação da pobreza e da desigualdade. Em Ipatinga, bem como foi relatado em Santana do Paraíso, salientaram que os recursos repassados pelo Governo Estadual são muito pequenos tendo em vista as necessidades locais. O que se pode observar na análise das entrevistas é que os municípios não são contemplados com cursos técnicos de fato, mas apenas profissionalizantes 70, que são por sua vez são de curta duração e não garantem piso salarial a seus egressos (o que ocorre entre os profissionais de nível técnico). Investimentos formação técnica são fundamentais para que se possa oferecer ao mercado mão de obra de fato qualificada o que, certamente, impacta em várias outras esferas, como o aumento da renda dos trabalhadores e por conseguinte, diminuição das desigualdades e vulnerabilidades Principais Apontamentos para a Área da Educação na RMVA Os indicadores analisados revelam que a região do Vale do Aço apresenta fortes desigualdades intrarregionais, seja na área metropolitana - já que Santana do Paraíso ainda está muito aquém dos municípios vizinhos (Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo) no que se refere aos indicadores educacionais, seja no Colar, onde se encontram municípios em condições de muita defasagem, quando comparados ao país, ao estado e à própria região da qual fazem parte. Esse cenário aponta para a necessidade de se pensar políticas públicas que não sejam padronizadas, ou seja, que levem em conta as especificidades locais em sua elaboração e implementação. O governo estadual deve considerar a heterogeneidade dos municípios que o compõem, já que as especificidades não são apenas regionais, e sim, municipais. Para tanto, deve-se identificar os aspectos segundo os quais os municípios se diferem ou se assemelham, além de considerar que as ações devem levar em conta a dinâmica específica de uma região metropolitana. Santana do Paraíso, por exemplo, enfrenta problemas de cunho metropolitano (de uma RM de aproximadamente 400 mil habitantes), embora seja atendido por políticas públicas destinadas a municípios de pequeno porte. Quanto à perspectiva dos moradores entrevistados pelo Dataminas em janeiro de 2014, as soluções para resolver as precariedades na educação são, em primeiro lugar, implantar escolas de tempo 70 O quadro acima apresentado não nos permite diferenciar as matrículas em cursos técnicos de fato, das matrículas de cursos profissionalizantes. 622

189 integral e melhorar a qualidade do ensino, em segundo, construir mais escolas e contratar mais professores; em terceiro lugar qualificar a mão de obra dos servidores da educação e em quarto, ofertar cursos para a população jovem. Ressalta-se, mais uma vez, que todas essas demandas devem ser prioritariamente atendidas nas regiões mais carentes/vulneráveis. 7.5 Cultura Segundo Clifford Geertz, a cultura é uma teia de significados construída pelos homens, na qual estes estão amarrados (GEERTZ, 1989). Nessa perspectiva, a cultura é um fenômeno abrangente, que transcende as diversas formas de manifestação artística. De acordo com o Artigo 215 da Constituição de 1988, é dever do Estado assegurar a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, bem como apoiar e incentivar a valorização e a difusão das manifestações culturais. Destaca-se também como dever do Estado: Proteger as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional; Elaborar o Plano Nacional de Cultura, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público, a fim de assegurar: a defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; a produção, promoção e difusão de bens culturais; a formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; a democratização do acesso aos bens de cultura e a valorização da diversidade étnica e regional (BRASIL, 2013, p. 42). Considerando, pois, as premissas acima expostas, o diagnóstico deste item remete à identificação das potencialidades culturais dos municípios da RMVA, bem como dos equipamentos e das políticas públicas existentes. Essa identificação é o que possibilita notar com precisão as desigualdades entre os municípios e com efeito, subsidiar a proposição de políticas capazes de valorizar as potencialidades locais e fomentar o intercâmbio e a cooperação intermunicipal. Nesse sentido, a avaliação do nível de desenvolvimento institucional dos municípios em termos de adesão ao sistema nacional de cultura é um componente importante do diagnóstico. Para tanto, os aspectos ora abordados são: o arranjo institucional dos municípios da RMVA para o desenvolvimento da política cultural, considerando os elementos e requisitos necessários à sua 623

190 integração do Sistema Nacional de Cultura, as principais manifestações e grupos artístico-culturais locais; e os equipamentos que propiciam a realização de atividades culturais, notando a distribuição dos mesmos e, assim, a sua contribuição para a democratização do acesso à arte e aos bens culturais, conforme expresso na Constituição Federal de De modo específico, aborda-se o patrimônio histórico e a organização institucional dos municípios para o desenvolvimento da política pública setorial atinente à preservação dos bens culturais materiais e imateriais. É importante advertir que, diferentemente de outros campos da área social que contam com dados diversificados em sistemas de informação consolidados, no campo da cultura a carência de informações sistematizadas é um fator que dificulta a elaboração de diagnósticos precisos e, por consequência, a formulação e execução de políticas públicas específicas e integradas. Todavia, em 2004, o Ministério da Cultura e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) assinaram um acordo visando à coleta e sistematização de dados sobre cultura no país. O primeiro resultado desta parceria foi a inclusão de um bloco referente à cultura na Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 71 de 2005 e, em 2006, da realização de um suplemento dedicado à cultura na mesma pesquisa, que abrange todos os municípios brasileiros. (CALABRE, 2012, p. 171). Até o momento, o estudo mais completo sobre a cultura no âmbito do Munic é o que se encontra na edição de 2006, como suplemento especial. Em 2009 e 2012 o tema foi novamente incluído na pesquisa básica do Munic, mas de forma menos detalhada. Portanto, embora careçam de atualização, os dados do Munic serão de grande valia para o diagnóstico que ora se apresenta. Além da coleta de dados secundários na base de dados do Munic, também foram acessados dados secundários disponibilizados por outras fontes, tais como: O estudo realizado pela Fundação Aperam, em parceria com o Sebrae, nas cidades de Coronel Fabriciano e Timóteo, como parte do Projeto Empreendedorismo Cultural, iniciado em Este estudo teve como uma de suas primeiras atividades a identificação de lideranças e espaços culturais nas duas cidades. Dele surgiu um mapeamento do cenário cultural em suas diversas esferas (artes plásticas, artes cênicas, literatura, música, artes visuais, manifestações e gestão de projetos), resultando no levantamento de suas potencialidades e fragilidades; A pesquisa Projeto cidades e políticas públicas de cultura, realizada nas cidades de Ipatinga e Santana do Paraíso, também no ano de 2011, por equipe da Artmanagens e OHM Cultura com 71 Periodicamente o IBGE faz um levantamento pormenorizado de informações sobre a estrutura, a dinâmica e o funcionamento das instituições públicas municipais. A fonte da informação são as próprias prefeituras. 624

191 patrocínio da Usiminas e apoio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do estado de Minas Gerais. Essa pesquisa teve como resultado uma publicação que traz a análise da cultura dos referidos municípios, assim como suas fraquezas e potencialidades, além de um levantamento de sugestões e definições de diretrizes estratégicas; Os indicadores de cultura que compõem o Índice Mineiro de Responsabilidade Social IMRS/Cultura (2013), que possibilitaram verificar os investimentos dos municípios em política cultural. Em termos de dados primários, realizou-se pesquisa documental nas prefeituras municipais 72, o que favoreceu o acesso a leis e outros documentos, e entrevista com gestores e técnicos da área, por meio de roteiro estruturado Arranjo Institucional: Organização e Desenvolvimento da Política Pública de Cultura Segundo Mônica Starling (2012), historicamente as políticas culturais no Brasil se caracterizaram por sua fragilidade institucional e pela precariedade de seu orçamento. Durante os anos 30, a cultura fora inscrita formalmente como política a ser desenvolvida pelo Ministério de Educação e Saúde, passando a compor o Ministério de Educação e Cultura, em Esta situação só se modificou em meados dos anos 1980 com a organização de um ministério específico, independente e autônomo. Em 1990, durante o governo Collor, o Ministério da Cultura foi transformado em Secretaria, sendo restaurado à condição de Ministério em 1993, durante o governo de Itamar Franco, embora com uma grande dificuldade de permanência de seus gestores. Mesmo nos anos de estabilidade da gestão de Francisco Weffort ( ), durante o governo Fernando Henrique, a fragilidade institucional do setor não se modificou. À época, a precariedade orçamentária e as dificuldades de descentralização e nacionalização da política e de seus equipamentos culturais, acabaram por definir uma atuação localizada e desigual do órgão no território nacional (STARLING, 2012, p. 149). Dessa forma, o início do processo de organização das políticas de cultura no país se caracterizou pela instabilidade, dada a sua posição secundária na ordem de prioridades governamentais e a falta de maturidade institucional e capacidade técnica dos agentes culturais, responsáveis pelo planejamento e gestão desta política. (STARLING, 2012, p. 149). 72 Não se obteve acesso a dados primários sobre cultura na Prefeitura Municipal de Timóteo. 625

192 Em 2003, teve início um importante processo de reestruturação da política cultural, a começar pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio do Decreto nº 4.805/2003. Segundo Calabre (2012) esta reestruturação conferiu novo significado à cultura na esfera pública e abriu novos canais de diálogos do poder público com a sociedade civil. Em 2005, o Decreto nº /2005 criou o Sistema Nacional de Cultura (SNC) e reestruturou o Conselho Nacional de Política Cultural. O SNC é um sistema de articulação, gestão, informação e promoção de políticas de cultura, pactuado entre os entes federados, com participação da sociedade civil 73. O objetivo principal da sua criação à época era programar uma política pública de cultura democrática e permanente, pactuada entre os entes da federação, e com a participação da sociedade civil, de modo a estabelecer e efetivar o Plano Nacional de Cultura, promovendo desenvolvimento com pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional. Em outros termos, tinha-se por objetivo assegurar que as políticas de cultura se transformassem efetivamente em políticas de Estado, permitindo e estimulando a participação e o controle social. (CALABRE, 2012, p. 174). Ainda em 2005, nos dias 13 a 16 de dezembro, realizou-se a 1ª Conferência Nacional de Cultura, a qual se constituiu uma importante inovação em termos de participação e controle social por parte da sociedade civil no planejamento e na gestão pública de cultura. O processo de realização da Conferência Nacional contou com a prévia realização de Conferências Municipais e Estaduais, momentos em que se discutiu, entre outros aspectos de interesse local, a integração desses entes ao Sistema Nacional de Cultura, e a elaboração da Política Nacional de Cultura. As conferências municipais, estaduais e interestaduais possibilitaram, em todas as regiões do País, a instalação de diferentes espaços de reflexão, de debate sobre a situação da cultura nos níveis local e nacional. A partir de avaliações coletivas e de debates, são abertas possibilidades de busca e de proposição de novas formas de atuação do poder público. (CALABRE, 2012, p. 170). A realização da 1ª Conferência Nacional de Cultura compôs uma das etapas do processo de elaboração do Plano Nacional de Cultura (PNC), determinado pela Emenda Constitucional nº 48, de agosto de Na referida Conferência, foram discutidos diversos aspectos relacionados às potencialidades e valores da cultura nacional e propostas as diretrizes para a construção do Plano Nacional de Cultura, posteriormente instituído pela Lei nº , de 02 de dezembro de Outra medida tomada à época foi reformular a Lei Federal de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet. Esta é conhecida principalmente por seus mecanismos de incentivos fiscais, possibilitando a pessoas físicas e jurídicas aplicarem parte do Imposto de Renda devido em ações culturais. Assim, esses apoiadores além de ter benefícios fiscais sobre o valor do incentivo, podem fortalecer iniciativas culturais que não se enquadram em programas do Ministério da Cultura (MinC). 626

193 A Ementa Constitucional Nº 71, de 29 de novembro de 2012, fez acrescentar o Art. 216-A a Constituição Federal de 1988, instituindo o Sistema Nacional de Cultura. Desde então, intensificaramse as discussões acerca da sua organização nas três esferas do governo. Art. 216-A. O Sistema Nacional de Cultura, organizado em regime de colaboração, de forma descentralizada e participativa, institui um processo de gestão e promoção conjunta de políticas públicas de cultura, democráticas e permanentes, pactuadas entre os entes da Federação e a sociedade, tendo por objetivo promover o desenvolvimento humano, social e econômico com pleno exercício dos direitos culturais (BRASIL, 2012). A proposta de um regime descentralizado e participativo para o desenvolvimento das políticas culturais prevê a adesão dos municípios ao Sistema Nacional de Cultura por meio da criação dos Sistemas Municipais de Cultura, compostos ao menos por cinco elementos articulados: Secretaria de Cultura (ou órgão equivalente); Conselho; Conferência, Plano e Fundo Municipal de Cultura. De acordo com a pesquisa realizada pelo IBGE/Munic em 2006, 33,9% dos municípios brasileiros reconheciam a necessidade de estabelecer instrumentos desta natureza e se mostravam dispostos a colaborar com seu desenvolvimento, assinando o protocolo de intenções e aderindo ao SNC. Ainda conforme os dados do Munic de 2006, a configuração dos órgãos gestores municipais de cultura no Brasil é marcada por uma posição secundária, uma vez que 72% deles possuíam esse setor subordinado a outros temas (educação, e esporte e lazer, principalmente). Em 2012 esse percentual caiu para 63,9%. Dentre os municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço e seu colar, tem-se situação similar. Nos dados do Munic/2006, todos os municípios do núcleo da RMVA declararam ter órgão executivo da política cultural em conjunto com outras políticas, situação essa que se estende aos municípios do Colar Metropolitano. A observação dos indicadores de cultura sintetizados no Índice Mineiro de Responsabilidade Social / Cultura (2013) 74, possibilita constatar que apenas Ipaba e Sobrália afirmaram não possuir órgão executivo de política cultural; nos demais municípios o órgão executivo de cultura encontra-se subordinado a outras políticas. A seguir, analisa-se de modo mais detido o arranjo institucional da política cultural nos municípios da RMVA, tomando por referência o processo construção do Sistema Nacional de Cultura e os elementos que o constituem. 74 Os dados do IMRS/Cultura foram extraídos de base de dados disponibilizada pela Fundação João Pinheiro e abrangem os anos de 2000 a

194 A análise dos dados primários levantamentos no processo de elaboração deste diagnóstico possibilita notar que, dentre os quatro municípios da RMVA, Ipatinga é o que possui política de cultura melhor estruturada, em se observando as diretrizes que regem a construção do Sistema e da Política Nacional de Cultura. Desde 1995, o município possui Lei Municipal de Incentivo à Cultura Lei nº 1.414/95, de 19 de outubro de 1995 que dispõe sobre incentivo fiscal para a realização de projetos culturais no âmbito do município e dá outras providências. Esta lei, que se constitui um importante mecanismo de estímulo à produção artístico-cultural de grupos e artistas locais, foi regulamentada pelo Decreto nº 3.588/1996 de 24 de setembro de Os demais municípios da RMVA não dispõem de legislação que promova tal incentivo à produção artística e cultural local. Como se pode ver no Quadro 5 abaixo em 2005 Ipatinga e Timóteo eram os municípios da RMVA que possuíam Conselho Municipal de Cultura instituído por Lei. Em Ipatinga, o Conselho Municipal de Cultura foi instituído por meio da Lei Municipal n 2.145, de 04 de novembro de 2005, regulamentada quatro anos mais tarde pelo Decreto n 6.553, de 29 de setembro de Nesse município, a criação do Conselho Municipal de Cultura decorreu da realização da 1ª Conferência Municipal de Cultura, em Todavia, embora instituído em 2005, o Conselho Municipal de Cultura de Ipatinga esteve inativo até o ano de 2009, em razão de incongruência da lei de criação do mesmo com a Lei Orgânica Municipal. Essa incongruência foi sanada por meio do Decreto nº 2.533, de 13 de abril de 2009, que alterou a composição do Conselho Municipal de Cultura, inserindo um representante da Secretaria Municipal de Administração e retirando o representante do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico. Em 15 de setembro de 2009, publicou-se o Decreto nº 6.531/2009, que nomeou os primeiros membros efetivos e suplentes do Conselho Municipal de Cultura de Ipatinga. Segundo informações prestadas por gestores da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Ipatinga aderiu ao Sistema Nacional de Cultura (SNC) por meio de acordo de cooperação Federativa entre Ministério da Cultura e a Prefeitura Municipal, firmado no dia 06 de setembro de Além de dispor de órgão executivo e de conselho relativos à política cultural, bem como de Lei de Incentivo à Cultura, o município já realizou três Conferências Municipais, nas quais a criação do Sistema e da Política Municipal de Cultura se fez o centro das discussões. Como resultado desse processo, os agentes culturais locais artistas, grupos e produtores, juntamente com o Conselho Municipal de 75 Em 2014, o Edital da Lei Municipal de Incentivo à Cultura nº 1.414/95 foi publicado no mês de março e os projetos então apresentados se encontram em processo de avaliação pela Comissão Municipal de Incentivo à Cultura - CMIC. Ainda de acordo com os gestores da área cultural da Prefeitura Municipal de Ipatinga para o incentivo à cultura no ano de 2014, foram destinados R$ ,00 (seiscentos mil reais). 628

195 Cultura, vem trabalhando na elaboração de minuta de Lei de Criação do Sistema Municipal de Cultura. Outra importante iniciativa em curso se refere à contratação de empresa para realizar o mapeamento cultural da cidade, o que segundo os gestores locais se constitui requisito fundamental para criação do Plano Municipal de Cultura. Quadro 24 Existência de Conselho Municipal de Cultura, 2005 a 2010; e Municíp io Coronel Nã Nã Nã Nã Nã Nã Fabriciano o o o o o o Ipatinga Si Si Si Si Si Si m m m m m m Santana Nã Nã Nã Nã Nã Nã do Paraíso o o o o o o Timóteo Si Si Si Nã Nã Nã m m m o o o Fonte: IMRS/Cultura, 2013; e Entrevistas com gestores públicos da área cultural, Nã o Si m Nã o Si m Em Timóteo, de acordo com os dados do IMRS / Cultura (2013), o Conselho Municipal de Cultura do município criado pela Lei Municipal Nº 945 de 1984, se manteve ativo entre os anos de 2005 a 2007, retornando suas atividades somente em É importante destacar que nesse período de inatividade do Conselho Municipal ocorreu a 1ª Conferência Municipal de Cultura de Timóteo, em 27 de outubro de Esta teve como objetivo discutir as políticas públicas para a área e a integração do município ao Sistema Nacional de Cultura. Apesar de não possuírem um Conselho Municipal de Cultura, em Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso o poder público e a sociedade civil vêm discutindo a implementação do Sistema Municipal de Cultura, integrado ao Sistema Nacional. Destaca-se que ambos os municípios promoveram, em agosto de 2013, a 3ª Conferência Municipal de Cultura, nas quais a temática da elaboração da política municipal de cultura foi o centro das discussões. Gestores municipais de Santana do Paraíso informaram em entrevista que o município tem por meta instituir o Conselho e o Fundo Municipal de Cultura, bem como elaborar o Plano Municipal de Cultura em O Quadro 6 abaixo apresenta o status da instituição do Sistema de Cultura nos municípios da RMVA, considerando a existência dos cinco elementos básicos que compõem o referido Sistema: órgão executivo; Conselho; Fundo; Plano; e Conferência Municipal. A observação do mesmo possibilita notar que dois elementos se encontram presentes em todos os municípios da RMVA: órgão executivo da 629

196 política cultural; e Conferência Municipal de Cultura. Todavia, há de se ressaltar que os referidos órgãos executivos da política cultural inscritos nas estruturas administrativas dos municípios da RMVA encontram-se associados a outras políticas, o que, por vezes, representa limites em termos de autonomia e mesmo de importância conferida à política cultural no âmbito da gestão municipal. Por sua vez, as três edições das Conferências Municipais de Cultura realizadas em todos os quatro municípios se configuram como respostas à indução realizada pelo Ministério da Cultura no bojo do processo de implantação e consolidação do Sistema Nacional de Cultura e de elaboração do Plano Nacional de Cultura. Em Ipatinga e Timóteo, registra-se a existência de outro elemento do Sistema de Cultura: Conselho Municipal de Cultura. Embora não se pretenda analisar a efetividade de tais Conselhos, os dados apresentados no Quadro 5 acima evidenciam a inatividade de tais Conselhos em determinados períodos de sua existência. Em certa medida, essa constatação demonstra que a participação da sociedade civil nos processos de planejamento e gestão da política pública cultural local ainda está por se ampliar e consolidar. Os desafios nesse sentido se mostram ainda maiores nos municípios de Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso. Por fim, quando se trata de Fundo Municipal de Cultura e de Plano Municipal de Cultura, verifica-se a inexistência dos mesmos nos quatro municípios da RMVA. Como já exposto, em Ipatinga tem-se em curso iniciativas concretas visando à complementação do Sistema Municipal de Cultura com os elementos ausentes. Exemplos disso são: a elaboração da Minuta de Lei do Sistema e da Política Municipal de Cultura em andamento, em regime prioritário, no Conselho Municipal de Cultura e o mapeamento cultural de manifestações e patrimônios culturais, grupos e artistas em vias de execução pela Prefeitura Municipal, para subsídio à elaboração do Plano Municipal de Cultura. 630

197 Quadro 25 Organização do Sistema Municipal de Cultura nos municípios da RMVA, 2012 e Órgão Conselho Fundo Plano Conferência Executivo da Municipal Municipal Municipal Municipal Política MUNICÍPIOS de Cultura de Cultura de Cultura de cultura Cultural Órgão gestor Existência Existência Existência Existência Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Secretaria Municipal em conjunto com outras políticas Secretaria Municipal em conjunto com outras políticas Setor subordinado a Secretaria com outras políticas NÃO NÃO NÃO SIM SIM NÃO NÃO SIM NÃO NÃO NÃO SIM Timóteo Secretaria Municipal em conjunto com outras políticas SIM NÃO NÃO SIM Fonte: Munic/IBGE Dados primários coletados em sites e em entrevistas com gestores municipais; Espaços e Equipamentos Culturais nos Municípios da RMVA Nas oficinas de leitura comunitária realizadas nos quatro municípios da RMVA na etapa de elaboração do diagnóstico do PDDI, a falta de espaços e de equipamentos para o desenvolvimento e de atividades culturais nos municípios foi recorrentemente apontada pelos participantes dos Grupos de Trabalho do eixo de Desenvolvimento Social. Além disso, a má distribuição equipamentos e a dificuldade de acesso aos mesmos existentes também foram apontadas como fragilidades existentes. Portanto, a carência desses equipamentos e a sua má distribuição entre os municípios se constituem, aos olhos dos participantes das referidas Oficinas, um fator de desigualdade entre os municípios da RMVA. O que se revela nessa perspectiva é o desequilíbrio de acesso entre territórios das cidades, bem como entre estas, que reflete a baixa correspondência entre crescimento urbano e a distribuição dos equipamentos culturais. 631

198 Conforme aponta Botelho (2006), a análise da distribuição espacial dos equipamentos culturais é apenas um dos lados da questão. Seria necessário complementar essas informações com pesquisas que nos forneçam dados sobre a efetiva utilização desses equipamentos, bem como sobre a maneira pela qual a população em seu conjunto emprega seu tempo cotidiano (BOTELHO, 2006, p.01). A questão torna-se mais complexa ainda quando se compreende que não basta mais construir centros de cultura ou incentivar o acesso e a frequência a museus ou teatros, como mecanismo para se alcançar uma resposta positiva da população antes excluída desses bens. A experiência mostrou a necessidade de se promover, em lugar disso, uma mudança fundamental de paradigma, pois não há público no singular e um padrão de resposta a qualquer mudança que se promova na oferta. Em lugar disso, há que se observar a diversidade de padrões de cultura apresentados por públicos que respondem de modos diferentes às ofertas conforme localização espacial, faixa etária, condição de classe, história familiar, bagagem cultural. (BOTELHO, 2006). Portanto, os equipamentos culturais se apresentam como instrumentos fundamentais não apenas para a democratização do acesso à arte e aos bens culturais de cada município, da região, do país e do exterior. Os mesmos devem ser pensados também sob o prisma das diferenças de padrões culturais presentes na população e, assim, como fatores que propiciam a livre criação e a expressão de diversos sujeitos. No presente diagnóstico, a abordagem ater-se-á, preliminarmente, à existência, tipologia e distribuição dos equipamentos culturais nos municípios da RMVA, sem, contudo, descer em profundidade à análise acerca da correspondência e adequabilidade dos tipos disponíveis e ofertados com os diversos padrões culturais da população. A expansão e aprofundamento desse tipo de análise é algo que se coloca como desafio para a formulação e revisão dos planos diretores municipais, em consonância com os planos municipais de cultura. Assim, os equipamentos culturais constituem o estoque fixo ligado à cultura existente no momento de pesquisa no município (IBGE, 2007, p. 101). Consideradas as premissas acima expostas, tomam-se para análise os seguintes indicadores disponibilizados pelo Munic IBGE /Suplemento Especial de Cultura 2006 e a Pesquisa Básica de 2012: bibliotecas públicas, arquivo público e/ou centro de documentação, museus, teatros ou salas de espetáculos, centro cultural, cinema, vídeo locadora, provedor de internet, unidade de ensino superior, shopping center, loja de disco, CDs, fitas e DVDs, livrarias, rádio AM local, rádio FM local, rádio comunitária, geradora de TV e lanhouse. Tem-se, pois, equipamentos de diversos tipos, relacionados à realização de estudos, pesquisas e à documentação, à memória, à realização de 632

199 espetáculos, à exibição da produção fílmica, à comercialização de bens culturais e à comunicação social. As análises acerca dos equipamentos culturais se baseiam também em discussões e manifestações coletadas nas Oficinas de Leitura Comunitária, bem como em entrevistas com gestores culturais das Prefeituras Municipais de Ipatinga e de Santana do Paraíso. É preciso ainda advertir que a existência de um equipamento cultural não significa frequência de uso. Por isso, o diálogo com a comunidade nas oficinas de leitura comunitária e com os gestores da cultura foram procedimentos essenciais para a compreensão qualitativa do objeto que ora se investiga 76. Segundo os dados do Munic/IBGE 2012, entre os anos de 1999 e 2012 as bibliotecas públicas foram, em termos de alcance, o principal equipamento cultural existente no país, alcançando 97% dos municípios em 2012, com tendência à universalização. Como é possível observar no Quadro 7, a seguir, entre 2006 e 2012 as bibliotecas públicas se mostraram existentes nos quatro municípios da RMVA. No entanto, as condições em que se apresentam tais equipamentos nem sempre são razoáveis. Em Santana do Paraíso, a uma única biblioteca pública existente funciona em espaço alugado no centro da cidade, com dimensões insuficientes para o pleno exercício da função. O acervo da referida biblioteca é considerado rico pelos gestores municipais entrevistados, porém, o mesmo não se encontra catalogado. Nos outros três municípios as bibliotecas públicas se localizam em espaços mais amplos e seus acervos se encontram catalogados. Entretanto, as mesmas não dispõem de sistema informatizado dos acervos que possibilite a sua gestão, fácil acesso, e a interlocução entre os municípios. A ausência de teatros e/ou salas de espetáculos, museu e centros culturais em Santana do Paraíso é outro ponto que chama atenção nos dados levantados. Segundo os gestores entrevistados, não falta desses equipamentos culturais o município aluga salas privadas para a realização de eventos e atividades artísticas. Nos demais municípios da RMVA, os mais importantes teatros existentes estão vinculados a instituições privadas, caso do Centro Cultural da Fundação Aperam/Acesita, inaugurado em outubro de 1994, e localizado na antiga Casa de Hóspedes da então empresa Acesita S/A, em Timóteo. Atualmente, o prédio abriga um museu da Empresa; um teatro; área de exposição, salas destinadas à realização de cursos e oficinas, além de um bosque onde acontecem eventos variados. O referido 76 Foram realizadas entrevistas com gestores dos órgãos municipais de execução da política cultura nos municípios de Ipatinga e Santana do Paraíso. Não se obteve êxito no agendamento de entrevistas com gestores da área cultural dos municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo. 633

200 Centro Cultural se constitui, pois, um dos principais equipamentos culturais da RMVA, dado o seu perfil metropolitano. Além do Centro Cultural da Fundação Aperam/Acesita, o município dispõe de alguns espaços públicos de cultura como: o Teatro Arena do Timirim; o museu Casa da Memória; a Praça 29 de Abril; o complexo da Praça 1 de Maio, que possui um coreto e um ginásio poliesportivo, dentre outros. Em Coronel Fabriciano, destacam-se dois equipamentos culturais destinados à apresentação de espetáculos de teatro, de dança, de música, a seminários, e a projetos vinculados à educação, dentre outros: o teatro Papa João Paulo II, localizado no campus I do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste); e o Centro de Arte e Educação, do poder público, inaugurado em Outro significativo espaço cultural existente em Coronel Fabriciano é a Praça da Estação, local onde se realizam diversos tipos de eventos culturais, sobretudo, feiras artesanais e shows musicais. Ipatinga concentra o maior número e os mais diversificados tipos de equipamentos culturais existentes nos municípios da RMVA. O Centro Cultural Usiminas (CCU), localizado no Shopping Center Vale do Aço, está diretamente vinculado ao grupo Usiminas e à sua política de atuação. O CCU é um dos pilares do Instituto Cultural Usiminas, juntamente com o Teatro Zélia Olguim, localizado no Bairro Cariru. Segundo Drummond, o CCU foi criado em 1993 com o objetivo de centralizar as solicitações de patrocínio para a Usiminas, em diálogo com a comunidade. (DRUMMOND, 2012, p. 130). O referido Centro Cultural abriga um teatro com salão de espera e café-bar, galeria para exposição de arte e uma biblioteca aberta ao público. Trata-se, pois, de um equipamento cultural de caráter metropolitano, dada a sua dimensão e a natureza dos eventos que compõem a agenda cultural. Ipatinga possui diversos outros equipamentos de cultura, públicos ou privados. Dentre os equipamentos públicos, destacam-se: A Escola Municipal de Artes Cênicas Antônio Roberto Guarnieri, fundada em 1995 com o nome de Escola de Iniciação Teatral. Esta Escola funcionou durante dez anos no espaço Sete de Outubro, tornando-se um importante instrumento de formação de atores no município. Todavia, a mesma encontra-se desativada desde 2007, embora tenha desenvolvido alguns projetos pontuais nos últimos anos; A Escola de Municipal de Música Tenente Oswaldo Machado (TOM), que funcionava no centro da cidade e também se encontra desativada desde 2010; 634

201 O Museu Estação Memória Zeza Souto, situado no centro da cidade, em edificação que abrigara a estação ferroviária construída na década de 1930 para substituir a primeira estação ferroviária do município, a Estação de Pedra Mole; O Complexo Turístico Pouso de Água Limpa, que inclui Maria Fumaça, os trens de passageiros tombados pelo patrimônio municipal, e o Parque das Ciências, cadastrado como museu no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). O Parque das Ciências teve suas atividades recentemente retomadas, após longo período de inatividade. No campo dos equipamentos culturais privados, destacam-se ainda as sedes de grupos de artes cênicas locais: Hibridus Companhia de Dança, Flux Companhia de Dança, Teatro Circu-LarFarroupilha, Casa do Teatro Perna di Palco, Espaço Cultural Casa Laboratório, Companhia Bruta de Teatro, entre outros. De acordo com os cadastros realizados no Ibram 77, os municípios da RMVA possuem quatro museus, sendo dois em Ipatinga, um em Coronel Fabriciano e um em Timóteo. Dentre esses, apenas o Museu Padre Joseph Cornelius Marie De Man, localizado no campus I do Unileste, em Coronel Fabriciano, é administrado por instituição privada. Além de possuir estrutura apta a receber público diversificado por meio de visitas guiadas, o referido museu possui acervo destinado às seguintes áreas: Artes Visuais; Ciências Naturais e História Natural; Ciência e Tecnologia, História, Imagem e Som. Os demais museus da RMVA - a Estação Memória Zeza Souto em Ipatinga e a Casa de Memória e Pesquisa do Legislativo de Timóteo - se constituem importantes instrumentos públicos de preservação do patrimônio histórico e cultural local. Observou-se por meio de visita in loco que os mesmos prestam relevantes serviços à comunidade em termos de documentação e preservação da memória e da identidade local, embora careçam de planejamento museográfico e de técnicas de preservação e conservação dos arquivos, o que dificulta as pesquisas e coloca em risco a preservação do acervo. O quarto museu cadastrado, como já apontado acima, é o Parque das Ciências, localizado no Parque Ipanema, em Ipatinga. Inaugurado no ano 2000, o Parque das Ciências caracteriza-se como um Centro de Ciências Interativo, que por meio da realização de exposições em várias áreas do conhecimento, busca despertar o gosto pela ciência e a curiosidade, estimulando os visitantes a conhecerem os fenômenos naturais. Devido à situação precária de conservação de seus equipamentos, o Parque da 77 Os dados contidos no cadastro do Ibram são de responsabilidade das próprias instituições. As informações são autodeclaradas e não há verificação do Instituto acerca da fidedignidade das informações prestadas. 635

202 Ciência se manteve desativado durante o ano de 2013, retomando suas atividades no primeiro semestre de Outros aspectos chamam a atenção na observação do Quadro 7 abaixo: A existência de salas de cinema apenas em Ipatinga, no interior de um espaço semipúblico, destinado a compras e entretenimento o Shopping Center Vale do Aço. Segundo Teixeira (2013), o conceito de espaço semipúblico é uma derivação do conceito de espaço público, correntemente definido como aberto a todos e possuindo, simultaneamente, uma dimensão física e simbólica. Não é algo previamente dado, mas que se institucionaliza à medida que seus usos e apropriações ocorrem. Já o espaço semipúblico pressupõe restrições. Podem ser públicos ou privados e, ainda que se destinem ao uso público, restringem a entrada em determinados horários ou pressupõem alguma forma de pagamento ou de constrangimento ao consumo. Em geral, contam com um corpo vigilante, público ou privado 78.Esse fato requer a ponderação de ao menos dois aspectos: primeiramente, o processo de interiorização das salas de cinema em Shopping Centers, dificultando o acesso a determinados grupos sociais; segundo, o processo de substituição dos cinemas de maior porte por salas de cinema, com menores dimensões. A esse respeito há de se ressaltar que, até as décadas de 1980 e 1990, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo possuíam cinemas em suas áreas centrais, os quais foram fechados em decorrência das transformações ocorridas à época em termos de acesso à produção fílmica, falta de política pública para a produção do cinema nacional e de padrões culturais, dada emergência de outras formas de acesso, tais como o vídeo cassete; A presença de vídeo locadoras nos quatro municípios da RMVA, refletindo as mudanças nos padrões de acesso à produção fílmica desde a década de 1980, no Brasil; Santana do Paraíso, como o único dentre os quatro municípios da RMVA no qual não se registrou a existência de determinados equipamentos culturais, educacionais e de recursos tecnológicos de comunicação, a saber: provedor de internet, escola de ensino superior, museu, teatro e sala de espetáculo, rádio AM local. A comparação dos dados de 2006 e de 2012 referentes aos equipamentos culturais possibilita constatar ganhos e perdas. Exemplos dos ganhos em termos de equipamentos culturais são: a existência de museu em Ipatinga, Centro cultural em Coronel Fabriciano, rádio AM local em Timóteo e em Santana do Paraíso. Já as perdas se referem à unidade de ensino superior em Santana do Paraíso, 78 Disponível em: Acessado em 05 de maio de

203 Lojas de discos, CDs, fitas e DVDs em Coronel Fabriciano e Livraria em Santana do Paraíso. Importante também chamar atenção para dois meios de comunicação que se desenvolveram na região no período entre 2006 e 2012: as rádios comunitárias, que em 2006 estavam presentes apenas em uma das cidades e atualmente se encontram em todas elas; e as denominadas lanhouse, incluídas na pesquisa no ano de 2012, que refletem a crescente importância da internet na região. Em termos gerais, observa-se que Santana do Paraíso é o município que registra o maior número de ausências nos anos 2006 e 2012, considerados os equipamentos e recursos de comunicação constantes no Quadro 27, abaixo. Na sequência tem-se o município de Timóteo, em 2006, e Coronel Fabriciano, em É interessante notar ainda que Timóteo reduziu o número de ausências entre os anos 2006 e 2012, passando de 6 para 3. Quadro 26 Existência de equipamentos culturais e de meios de comunicação, 2006 e Municípios Equipamentos Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo Bibliotecas públicas Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Museus Sim Sim Não Sim Não Não Sim Sim Teatros ou salas de espetáculos Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Centro cultural Não Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Cinemas Não Não Sim Sim Não Não Não Não Videolocadoras Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Provedor de internet Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Unidades de ensino superior Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Shopping center Não Não Sim Sim Não Não Não Não Lojas de discos, CDs, fitas e DVDs Sim Não Sim Sim Não Não Não Sim Livrarias Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Rádio AM local Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Sim Rádio FM local Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Rádio comunitária Não Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Geradora de TV Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Lan house X Sim x Sim X Sim x Sim Arquivo público e/ou centro de documentação X Não x Sim X Não x Sim Total de Não Fonte: IBGE MUNIC Suplemento Especial Cultura 2006 e Pesquisa Básica A Figura 201 a seguir apresenta a distribuição dos equipamentos culturais nos municípios da RMVA, conforme dados disponibilizados pelo IBGE Munic Representam-se, exclusivamente, bibliotecas, teatros, cinemas, espaços de cultura e museus. Conforme já expresso nas abordagens anteriores, a Figura 15 evidencia desequilíbrio na distribuição dos equipamentos de cultura entre os quatro municípios da RMVA, com concentração no município 637

204 de Ipatinga, o que confirma os apontamentos dos participantes das oficinas de leitura comunitária. Nas oficinas, apontou-se não apenas a escassez de equipamentos, como também a dificuldade de acesso aos mesmos, principalmente pelos moradores de Santana do Paraíso, em função de problemas relacionados à mobilidade urbana, sobretudo de disponibilidade de transporte público. A questão da mobilidade, assim como os aspectos relacionados à renda, às ações de democratização cultural e à informação sobre as agendas culturais são, pois, aspectos fundamentais para o acesso aos equipamentos e atividades culturais. Há que se atentar ainda para o fato de que a existência de equipamentos não significa necessariamente boas condições de uso, a exemplo do que se abordou acerca dos museus existentes em Ipatinga e Timóteo. 638

205 Figura 201 Mapa de Distribuição dos Equipamentos de Cultura na RMVA 2013 Fonte: IBGE Munic Nos municípios do colar metropolitano, os dados do IMRS (2013) apontam carência ainda maior de equipamentos culturais. O Quadro 28 a seguir informam os municípios nos quais existem pelo menos 639

206 dois equipamentos culturais - teatro, museu, cinema, centro cultural -, exceto biblioteca, entre os anos 2000 e Como se pode observar no quadro abaixo, até o ano 2005 nenhum dos municípios do colar possuía equipamentos culturais, exceto biblioteca. A partir do referido ano, oito municípios registraram pelo menos dois equipamentos culturais Belo Oriente, Caratinga, Dionísio, Dom Cavati, Marliéria, Periquito, Pingo D Água, e São João do Oriente. Dentre esses seis municípios mantiveram esses equipamentos até o ano 2007; e dois os mantiveram até o ano Caratinga e Dom Cavati. Quadro 27 Pluralidade de equipamentos culturais, exceto biblioteca, 2000 a Município Açucena Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Antônio Dias Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Belo Oriente Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Bom Jesus do Galho Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Braúnas Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Bugre Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Caratinga Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Córrego Novo Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Dionísio Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Dom Cavati Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim Entre Folhas Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Iapu Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Ipaba Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Jaguaraçu Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Joanésia Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Marliéria Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Mesquita Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Naque Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Periquito Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não Pingo D' Água Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não São João do Oriente Não Não Não Não Não Sim Sim Sim Não Não Não Não São José do Goiabal Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Sobrália Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Vargem Alegre Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não Fonte: IMRS, Principais Manifestações Culturais, Artistas e Grupos Culturais dos Municípios da RMVA A desigualdade observada na distribuição dos equipamentos e espaços culturais entre os municípios da RMVA também se identifica em termos de existência e diversidade de manifestações culturais e de grupos artísticos. As análises desses aspectos serão procedidas com base nos dados da pesquisa de 640

207 informações básicas municipais IBGE realizada nos anos 2006 e 2012, e da pesquisa Cidades e Políticas Públicas de Cultura (2011). É importante salientar dois aspectos: 1) A inexistência de informações sistematizadas acerca dos grupos e manifestações culturais nas Prefeituras Municipais da RMVA reflete o desconhecimento da realidade local, fundamental para a formulação da política municipal de cultura e 2) Os dados da pesquisa IBGE/Munic-2012 se referem aos grupos artísticos juridicamente instituídos, com ou sem caráter comercial. Essa opção metodológica acaba por perder de vista os grupos e manifestações de caráter informal, a exemplo dos blocos carnavalescos, grupos de capoeira e demais manifestações da cultura popular. Todavia, os dados da referida pesquisa possibilitam caracterizar esse universo, sobretudo sob o aspecto da formalidade dos grupos culturais. Observa-se que em seu conjunto os municípios da RMVA possuem expressiva diversidade de grupos e manifestações culturais. Os grupos e manifestações de teatro, dança, música, coral, capoeira e as denominadas manifestações tradicionais populares são as mais comuns aos quatro municípios da RMVA, salvo algumas exceções relativas à Santana do Paraíso. Grupos e manifestações relacionadas a escolas de samba e blocos carnavalescos, cine clube, associação literária foram registrados de modo localizado. As escolas de samba e os blocos carnavalescos são manifestações tradicionais em Timóteo, embora a atuação dos mesmos seja marcada pela descontinuidade. Em termos comparativos, Ipatinga é o município que apresentou em média, considerados os anos de 2006 e 2012, maior diversidade de grupos e manifestações culturais, ao passo que Santana do Paraíso foi o que registrou menor diversidade. Considerados somente os dados da pesquisa Munic de 2012, Timóteo se apresenta como o município com maior diversidade de grupos e manifestações culturais, dentre os municípios da RMVA. Curiosamente, Timóteo não registrou nenhum tipo de grupo ou manifestação cultural em Todavia, a pesquisa realizada pelo Projeto Cidades e Políticas Públicas de Cultura (2011) informa a existência, em Santana do Paraíso, de um grupo de teatro, um de dança e um de capoeira, além de artistas individuais, nas áreas de dança, teatro, fotografia, cenografia, literatura e música. (DRUMMOND, 2012, p. 111). Segundo informações prestadas pelo gestor entrevistado em Santana do Paraíso, desde 2010 um Grupo de Canto e Coral vem se apresentando na cantata de Natal do município. A divergência entre os dados apresentados pela referida pesquisa e a pesquisa do Munic/IBGE decorre, provavelmente das fontes de informação, pois os levantamentos do IBGE se 641

208 baseiam em informações prestadas por gestores dos órgãos municipais, ao passo que citado projeto aposta em moradores e gestores culturais como fontes de dados. O gestor municipal entrevistado destacou três eventos culturais realizados em Santana do Paraíso: 1) A já tradicional Festa de Santana, que ocorre no mês de julho, e se caracteriza pela queima da fogueira, barraquinhas com venda de comidas típicas, shows, novena e procissão 2) O aniversário da Cidade, comemorado em abril com festa em espaço público, shows musicais e a tradicional distribuição de bolo de aniversário com metragem correspondente ao número de anos comemorado pelo município e 3) a Festa do Divino, na qual o rei e a rainha do Congado são escolhidos e coroados, ao que se segue um almoço para os membros do Congado e da Bandeira do Divino. (DRUMMOND, 2012). Quadro 28 Existência de Grupos Artísticos e Culturais, 2006 e 2012 Tipologia de Grupos e Manifestações Culturais Municípios Coronel Santana do Ipatinga Timóteo Fabriciano Paraíso Teatro Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Manifestação tradicional popular Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Sim Cineclube Não Não Não Não Não Não Não Sim Dança Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Musical Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Orquestra Não Não Sim Sim Não Não Não Sim Banda Sim Sim Sim Não Não Não Não Sim Coral Sim Sim Sim Sim Não Sim Não Sim Associação literária Não Não Sim Sim Não Não Não Sim Capoeira Sim Sim Sim Sim Não Não Não Sim Circo Não Não Sim Sim Não Não Não Não Escola de samba Não Não Não Não Não Não Não Sim Bloco carnavalesco Não Não Não Não Não Não Não Sim Desenho e pintura Não Não Não Não Não Não Não Sim Artes plásticas e visuais Não Sim Não Não Não Não Não Sim Artesanato Sim Sim Sim Não Não Sim Não Não Outros Não Não Não Não Não Não Não Não Tipologia de grupos existentes * Foram considerados os grupos artísticos existentes no município com ou sem caráter comercial, juridicamente. Fonte: IBGE, Pesquisa de Informações Básicas Municipais A realidade identificada em Ipatinga é bem diferente da que se apresenta em Santana do Paraíso, mesmo com a instabilidade política experimentada pelo município nos últimos anos, instabilidade essa que prejudicou significativamente o desenvolvimento da política cultural. Reflexos de tal instabilidade foram: o fechamento das escolas de música e de teatro, do Parque da Ciência e da precarização do 642

209 Museu Estação Memória. Segundo a gestora do Departamento de Cultura, entrevistada, a reestruturação desses equipamentos culturais e a manutenção/preservação do patrimônio histórico, constitui uma das ações prioritárias no âmbito da política cultural local. Embora o mapeamento de grupos e manifestações culturais seja até então objeto de ações pontuais, os gestores municipais demonstram clareza acerca da necessidade de se realizar tal estudo de modo sistematizado, a fim de subsidiar a elaboração do Plano Municipal de Cultura. Como já exposto o município está em vias de contratação de empresa para a realização do referido estudo de forma sistemática e participativa. Todavia, o cadastramento até realizado pelo Departamento de Cultura contabiliza 345 grupos, artistas autônomos e agentes culturais dos mais variados segmentos no município. Dentre esses constam: 13 grupos de dança, 12 grupos de teatro, e 15 grupos de manifestações populares. No quadro abaixo encontram-se os nomes dos grupos identificados durante a pesquisa. Por causa de suas limitações, não foi possível verificarmos se todos os grupos e manifestações identificadas ainda permanecem atuantes, porém optou-se por manter todos na listagem devido à importância de cada um deles no processo de desenvolvimento do movimento cultural do município. Em decorrência das ações realizadas pelos grupos culturais e do Centro Cultural Usiminas, com recursos capitados pelo mecanismo posto nas Leis Municipal e Estadual de Cultura, Ipatinga acaba por dispor de expressiva oferta de espetáculos e cursos, oficinas e workshops de formação em diversos segmentos artístico-culturais teatro, dança, cinema, artes plásticas, música, dentre outros. Esse quadro reflete o processo de profissionalização dos artistas e agentes culturais da cidade, intensificada a partir da década de No campo musical, Ipatinga conta com diversos artistas autônomos, bandas e grupos tradicionais, de estilos diversificados. Existem no município mais de 10 corais, com aproximadamente 30 membros cada um. Citam-se, a título de exemplo, a Associação Coral Fundação São Francisco Xavier, a Associação Coral Usina Intendente Câmara e o Coral Viva Voz. Todavia, destaca-se que as expressões musicais se desenvolvem majoritariamente em perspectiva interpretativa de obras de outros artistas, investindo-se pouco em trabalhos autorais. 643

210 Quadro 29 Grupos Culturais Existentes no Município de Ipatinga, 2013 Grupos de Cultura Grupos de dança Grupos de teatro Popular Grupo Farroupilha Hibridus Companhia de Dança Grupo Perna di Palco Flux Cia de Dança Cia Bruta In Boa Cia de Dança Grupo de Teatro CleydeYaconis Cia Cintia Barros de Dança Árabe Cia Corpo de Prova Manifestações de cultura popular Festa de Nossa Senhora do Rosário Batucada Festa de Reis Festa do Divino Bumba meu boi Haggios Cia de Dança Grupo de Teatro Congado do Festival da Banana Meia Cia de Dança Esterco Ipaneminha O Grito do Rock Novo Proceder Grupo Argumento Grupo de União e Consciência Negra de Festival Balido Núcleo Dança-Dor Grupo de teatro do GRUCON Ipatinga (Grucon-ISP) Festa da Mentira Ailton Amâncio Studio de Dança Grupo de teatro Boca de Cena Associação do Queimado Quilombo Noite do Vinil Noite Fora do Eixo Academia Olguim Grupo Entreactos Teatral Rock Matinê Academia Rosaly Coura Grupo Lainha Centro de Referencia em Dança do Vale do Aço Grupo HéliaBarbuto Grupo de Teatro das Agentes Comunitárias de Saúde do Bairro Nova Esperança Fonte: Prefeitura Municipal de Ipatinga, As cidades de Coronel Fabriciano e Timóteo apresentam perfis semelhantes em termos de grupos e manifestações culturais. Em Coronel Fabriciano, a pesquisa realizada pela Fundação Aperam/Acesita (2011) denota a presença de 05 grupos de teatro, 05 grupos de dança, 03 grupos de cultura popular e de 12 manifestações de cultura popular artesanato, festas religiosas, marujada, boi balaio, capoeira, dentre outras. Nos resultados da referida pesquisa, afirma-se que os artistas e grupos de teatro e de 644

211 dança de Coronel Fabriciano apresentam bom nível de profissionalização, desenvolvendo atividades sistemáticas. Esse é, pois, uma potencialidade notada no município. Todavia, a fragilidade da política pública de cultura no município, a falta de leis e mecanismos de incentivo à cultura e a dificuldade de acesso a atividades de formação e aprimoramento são fragilidades assinaladas na referida pesquisa. Na área musical, o município conta com diversos artistas e grupos que atuam, sobretudo, em bares, restaurantes e festas. Todavia, assim como em Ipatinga, os mesmos atuam em perspectiva interpretativa da obra de outros autores, investindo pouco em produção autoral. Quadro 30 Grupos Culturais Existentes no Município de Coronel Fabriciano, 2013 Grupos de dança Grupos de teatro Grupos de cultura popular Manifestações de cultura popular Artesanato de esteiras Núcleo de Dança Compasso Bia Antunes Centro de Dança Academia de dança na Trilha da Arte Cia Núcleo de Dança Balé da Educação Integral Grupo de teatro Leme Grupo de teatro Rizoma Grupo de teatro Tralha Grupo de teatro Bramila Grupo de teatro da Paixão de Cristo (atua no evento da Semana Santa) Capoeira Ominira Corporação Musical Nossa Senhora Auxiliadora Congado do Cocais dos Arrudas Fonte: Fundação Aperam/Acesita, Chapéu, balaio e doces da localidade de Cocais Pintura em tecido, biscuit, pinturas em gesso Missa Conga Festa do Padroeiro Festa de Corpus Christi Teatro da Paixão de Cristo Festa do Rosário do Cocais Festa dos Josés e Marias Noite da Prosa (Cocais) Encontro de Marujada no Bairro Mangueiras Festa do Boi Balaio O Quadro 31 abaixo apresenta a listagem dos grupos culturais identificados em Timóteo pela pesquisa da Fundação Aperam/Acesita (2011). Foram identificados 04 grupos e 01 artista autônomo que se dedicam à dança; 06 grupos e 04 artistas autônomos que se dedicam ao teatro; 09 grupos de cultura popular, além dos blocos caricatos; e 07 manifestações culturais diversas festivais, marujada, festa Religiosa, e seresta. Destaca-se que Timóteo é o único dos quatro municípios da RMVA em que se registra a presença de escolas de samba e de blocos caricatos. Destaca-se a existência dos grupos de 645

212 Congado do Cocais dos Arrudas e de São Sebastião, embora ambos estivessem com dificuldades de manterem a tradição à época da realização da pesquisa pela Fundação Aperam/Acesita (2011). Assim como Ipatinga e Coronel Fabriciano, Timóteo conta, na área musical, com diversos artistas autônomos e grupos musicais coral da Fundação Aperam/Acesita, baterias de escola de samba, bandas de rock e de seresta. A atuação de grande parte dos artistas autônomos e dos grupos musicais do município se concentra em bares, restaurantes e festas. Também em Timóteo, a maioria dos artistas e grupos musicais não investe em produção musical autoral, interpretação de músicas de outros artistas. dedicando-se principalmente à Quadro 31 Grupos Culturais Existentes no Município de Timóteo, 2013 Grupos de dança Grupos de teatro Grupos de Cultura Popukar Grupo folclórico Congado São Sebastião Manifestações de cultura popular Grupo Arte na Maturidade Grupo de Congado do Cocais dos Arrudas Thiago Barbosa Grupo Afoxé Mahatma Grupo Pirilampo Grupo de teatro Atempus Usina Dramática Alzira Alcantario Animarte Escola de Samba Bocas Brancas Escola de Samba Vai Quem Quer Escola de Samba Quitandinha Festival Arte Viva Corrida Rústica de São Sebastião Festa do Rosário Marujada Grupo Orfeu Cia. De Dança Trupe da Alegria Blocos caricatos Capoeira Arte Brasil Cia de Dança Jorge Soares Gil Vicente Kakau Heliane Guedes CECAB - Centro de Estudos da Cultura Ancestral Brasileira Associação de capoeira Lenço de Seda Seresta do Sales Festim - Festival Nacional de Teatro de Timóteo Suely Itamar Associação de Capoeira Arte Brasil (Mestre Cabelo) Amantes da Lua Cheia Fonte: Fundação Aperam/Acesita, A Organização e Desenvolvimento da Política Pública de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural As ações e políticas voltadas para a preservação do patrimônio histórico e cultural também fazem parte dos componentes previstos para organização do Sistema Nacional de Cultura. Iniciada ainda durante a década de 1930 com os ideais modernistas, a política pública de proteção teve seus primeiros 646

213 conceitos e discussões realizadas no processo de instituição do Decreto Lei nº 25/1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Segundo Moreira (2013) este Decreto foi responsável pela criação do Serviço de Proteção ao Patrimônio Histórico e Artístico Nacional SPHAN, órgão federal orientado para a defesa e proteção do patrimônio, além de instituir o tombamento de bens como o principal instrumento da política de proteção ao patrimônio histórico e artístico nacional. (MOREIRA, 2013, p. 27). Já durante os anos 1970, em face da necessidade de criação de órgãos e legislações que fortalecessem a atuação dos estados e municípios nas políticas de cultura, o estado de Minas Gerais criou o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico IEPHA, com o objetivo de descentralizar a política de preservação do patrimônio. Desde então o IEPHA/MG se tornou o órgão responsável pela formulação e execução da política de proteção ao patrimônio cultural de Minas Gerais. Todavia, como destaca Moreira (2013) a produção do patrimônio, ou seja, a escolha e identificação dos bens constitutivos do patrimônio continuaram sendo realizada pelo Estado e pelos técnicos considerados capacitados para tal tarefa. (MOREIRA, 2013, p. 30). A política do patrimônio histórico e cultural se fortaleceu ainda mais com a Constituição de 1988, uma vez que ela não apenas reconhece a atuação dos municípios nas questões de interesse próprio, como também possibilita a criação e o fortalecimento de novas políticas públicas no campo do patrimônio cultural. Com efeito, a partir de meados dos anos 1990 verifica-se o aumento significativo no número de Conselhos de Patrimônio Cultural nos municípios de Minas Gerais. De acordo com os dados do Munic/IBGE (2006), cerca de 70% dos conselhos de patrimônio cultural existentes no Brasil localizavam-se em Minas Gerais. Este fenômeno está relacionado diretamente à política de financiamento à cultura do estado mineiro, o ICMS Cultural, instituído em A Lei Estadual n.º /95, popularmente conhecida como Lei Robin Hood, estabeleceu a redistribuição do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços) por meio de diversos critérios, entre os quais a proteção ao patrimônio cultural. Isso significa que todo município que possui lei de proteção, conselho municipal do patrimônio, que resguarda os bens culturais por meio do tombamento, que inventaria seus bens, cuida e restaura, tem direito a uma parcela maior da arrecadação do imposto de circulação. Nos municípios da RMVA, os reflexos da instituição da Lei Robin Hood se fizeram incidir rapidamente. Em 1996, por meio do Decreto Municipal n 3.604, a Prefeitura Municipal de Ipatinga criou o Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico (COMPHAI) e definiu suas atribuições. Todavia, a organização e proteção do patrimônio histórico e artístico já vinham sendo realizados desde a década de 1980 com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Municipal, por meio da Lei n 689/1980. Atualmente, além do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico, Ipatinga 647

214 possui o Fundo Municipal de Proteção ao Patrimônio Cultural (FUMPAC), instituído pela Lei Municipal nº 2.482/2008,e regulamentada pelo Decreto Municipal nº 6562/2009. Conforme previsto em sua Lei de criação, o FUMPAC destina-se: ao fomento das atividades relacionadas ao patrimônio cultural no Município, visando a promoção das atividades de resgate, valorização, manutenção, promoção e preservação do patrimônio cultural local, à melhoria da infraestrutura urbana e rural dotadas de patrimônio cultural, à guarda, conservação, preservação e restauro dos bens culturais protegidos existentes no Município, ao treinamento e capacitação de membros dos órgãos vinculados à defesa do patrimônio cultural municipal, à manutenção e criação de serviços de apoio à proteção do patrimônio cultural no Município, bem como à capacitação de integrantes do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Ipatinga e servidores dos órgãos municipais de cultura. De acordo com os gestores da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, para o ano 2014 o edital do FUMPAC prevê R$ ,00 (cento e quarenta mil reais). Coronel Fabriciano também iniciou suas políticas de preservação e proteção do patrimônio histórico e artístico ainda na década de 1980, por meio da instituição da Lei Municipal N 2.097/1988, que organiza a proteção e cria o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural. Porém, esse só foi instituído em Desde então, Coronel Fabriciano possui um dos conselhos mais estáveis dentre os municípios da RMVA, como se pode ver no Quadro 13, abaixo. Recentemente o município aprovou duas novas leis que fortalecem sua política de proteção ao patrimônio histórico e artístico: a Lei Nº 2.359/2013, que instituiu o Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural - FUMPAC; e a Lei Nº 2.360/2013, que criou as Normas de Proteção do Patrimônio Cultural. Também em Santana do Paraíso, a criação do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Artístico se fez em resposta à indução promovida pela Lei Robin Hood. Desde então o município vem desenvolvendo ações de inventário e tombamento de seus bens culturais materiais. Todavia, de acordo com os dados primários coletados na Seção de Cultura da Secretaria Municipal de Educação, Cultura, esporte e Lazer, um dos principais obstáculos enfrentados para o desenvolvimento da política em questão no município é a implantação de uma sistemática de atuação do Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico. Timóteo iniciou a organização de sua política de preservação do patrimônio histórico e artístico por meio da Lei Municipal N 2.397/2002, que estabeleceu os dispositivos sobre a matéria e instituiu o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, além da Lei Municipal nº de setembro de 2008, que 648

215 criou o Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural - FUMPAC. Todavia, como se pode notar no Quadro 33, abaixo, o Conselho local esteve inativo desde 2005, tendo as suas ações sido retomadas em Quadro 32 Existência de Conselho Municipal de Patrimônio Cultural nos Municípios da RMVA Município Coronel S S S S S S S S Fabriciano im im im im im im im im Ipatinga S S S N N N N S im im im ão ão ão ão im Santana do S S S S S S S S paraíso im im im im im im im im Timóteo N N N S ão ão ão im Fonte: IMRS, Patrimônio Histórico e Cultural nos Municípios da RMVA Até meados dos anos 1990 era de responsabilidade exclusiva do IEPHA/MG gerenciar as ações de preservação do patrimônio histórico e cultural em Minas Gerais. Segundo Moreira (2013) a Lei Robin Hood - Lei Estadual nº /95 - surge como uma política de descentralização das ações de proteção ao patrimônio histórico e artístico no estado, integrando os municípios à sistemática de gestão do patrimônio. O repasse do ICMS Patrimônio Cultural em Minas Gerais é considerada por muitos gestores um incentivo essencial para os municípios na assunção de responsabilidades de proteção ao patrimônio histórico e cultural local. As referências para a habilitação dos municípios ao repasse do ICMS Patrimônio Cultural estão contidas na Lei Robin Hood e nas Deliberações Normativas do IEPHA/MG. Conforme Moreira (2013), a exigência da Lei para a pontuação dos municípios se apoiava basicamente em duas ações: a) a existência de tombamentos em nível federal, estadual e municipal e b) o planejamento de uma política municipal de proteção do patrimônio cultural. (MOREIRA, 2013, p. 49). Nesse contexto, a adesão do município ao sistema de gestão do patrimônio cultural, a formulação da política municipal, e a continuidade na efetivação desta são fatores fundamentais para que se logre êxito na proteção ao patrimônio cultural local. A Tabela 59 abaixo apresenta dados sobre a pontuação dos municípios da RMVA no ICMS Patrimônio Cultural, referentes ao período de 1996 a A observação da mesma possibilita analisar o desempenho dos referidos municípios na política de 649

216 proteção ao patrimônio cultural local. Nota-se, pois, que Ipatinga e Coronel Fabriciano foram os primeiros municípios da RMVA a pontuar na sistemática do ICMS Patrimônio Cultural, respectivamente nos anos de 1997 e Santana do Paraíso e Timóteo obtiveram pontuação um pouco mais tarde, nos anos de 2001 e 2002, respectivamente. Destaca-se ainda que Coronel Fabriciano foi o único município que registrou pontuação em todos os anos da série. Embora a pontuação de Coronel Fabriciano tenha apresentado oscilação, essa manteve tendência de elevação, fechando o ano de 2012 com índice de 5,5. Em Ipatinga, por sua vez, a pontuação se apresenta com oscilação e com interrupções, a exemplo dos anos 2008 e 2012, o que demonstra a instabilidade da política de proteção ao patrimônio local. Todavia, também neste município tem-se tendência de elevação da pontuação, a qual alcançou o patamar de 6,65 em Em 2012, o município não pontuou. Também em Santana do Paraíso e em Timóteo observa-se a oscilação da pontuação, e a sua não efetivação em alguns anos, o que reflete a instabilidade das políticas municipais de proteção e o descuido com os patrimônios tombados. 650

217 Tabela 133 Pontuação dos municípios da RMVA no ICMS Patrimônio Cultural, no período de 1996 a 2012 MUNICÍPIO/ Coronel Santana Ipatinga EXERCÍCIO Fabriciano do Paraíso Timóteo ,48 2,58 0,3 0, ,5 x 0, ,8 5,9 1, ,8 5,2 1, ,15 x x ,5 3,4 0,7 3, x 1,7 1, ,6 3,95 1,55 3, ,8 3,7 1 2, ,6 6,65 x x ,5 X 7,75 X Fonte: IEPHA, A planilha de pontuação do ICMS Patrimônio Cultural, referente a 2010 com exercício em 2011, divulgada pelo IEPHA/MG, apresenta dois importantes indicadores que possibilitam avançar a análise do desempenho dos municípios na política de proteção ao patrimônio cultural: 1) O número potencial dos municípios, ou seja, o valor máximo em pontuação que estes podem atingir e 2) A taxa de eficiência dos mesmos 79. Destaca-se que na base de dados do IEPHA não há registros relativos aos municípios de Santana do Paraíso e Timóteo, quando se trata dos supracitados indicadores. Desse modo, a análise seguinte contempla os municípios de Coronel Fabriciano e Ipatinga, para os quais se tem dados disponíveis. Destaca-se que, embora o município de Coronel Fabriciano tenha apresentado continuidade em termos de pontuação, a sua taxa de eficiência se mostra abaixo do potencial identificado. Como se pode observar na Tabela 59 acima, em 2011 o município recebeu 4,6 pontos no total. No entanto, 79 Estes indicadores não aparecem nas planilhas de Pontuação do ICMS Patrimônio Cultural referentes aos anos de 2012, 2013 e

218 segundo a avaliação do IEPHA/MG Coronel Fabriciano poderia alcançar até 9,7 pontos, o que configura uma taxa de eficiência de 47,4%. Ipatinga possui uma taxa um pouco maior - 64,6%, com o município tendo alcançado 6,65 pontos dos 10,3 passíveis de serem atingidos de acordo com a avaliação do IEPHA-MG. Como já exposto, a taxa de desempenho dos outros dois municípios da RMVA não foram calculadas pelo IEPHA. A relação de bens protegidos nos municípios da RMVA até o ano 2012, divulgada pelo IEPHA/MG, denota a sua diversidade. Nesta relação incluem-se quadros e imagens sacras, documentos como a Carta de Nomeação do Coronel Fabriciano, a Locomotiva Maria Fumaça e seus carros de passageiros localizados na cidade de Ipatinga. Mas, sobretudo, os bens imóveis, dentre os quais se destacam e: a Igreja Matriz de São Sebastião e seu acervo e a fachada do Colégio Angélica, em Coronel Fabriciano, a antiga Estação Ferroviária de Ipatinga, que abriga o Museu Estação Memória Zeza Souto, a Igreja Matriz de Santana do Paraíso, a Escola Técnica de Metalurgia, em Timóteo. Destaca-se ainda, em Timóteo, o registro de um patrimônio na modalidade denominada Conjuntos Arquitetônicos, Paisagísticos, Naturais, Arqueológicos o Parque Estadual do Rio Doce (PERD). A relação completa dos bens tombados nos municípios da RMVA consta no quadro, a seguir. 652

219 Quadro 33 Relação de Bens Protegidos na RMVA Apresentados ao ICMS Patrimônio Cultural - exercício 2013 Bens Imóveis (BI) Bens Móveis (BM) Coronel Fabriciano Ipatinga Timóteo 1. Capela e Clausura do Hospital Siderúrgica 2. Capela N. Sra. da Vitória 3. Capela São José Igreja de Cocais de Cima 4. Fazendinha (antiga casa de hóspedes do ICMG)/ atual reitoria do UNILESTE 5. Casa do Sr. Gilson Lana 6. Fachada do Colégio Angélica 7. Grupo Escolar Professor Pedro Calmon 8. Igreja de N. Sra. das Vitórias 9. Igreja Matriz de São Sebastião e seu Acervo 10. Museu do Instituto Católico de Minas Gerais e todo o seu Acervo (UNILESTE) 11. Salão Paroquial São José 12. Sobrado dos Pereira 13. Teatro do Instituto Católico de Minas Gerais (UNILESTE) - Teatro Papa João Paulo II 1. Academia Zélia Olguin 2. Antiga Estação Ferroviária de Ipatinga - Estação Memória 3. Antiga Fazendinha 4. Árvore Ficus Elástica - Bairro Cariru 5. Árvore Ipê Peroba na rua Serra Estrela 6. Casa de Ferroviários 7. Fazenda Bom Jardim 8. Grande Hotel 9. Igreja de São Vicente de Paula - Ipaneminha 10. Igreja do Barra Alegre 11. Igreja N. Sra. da Esperança (Boa Esperança) 12. Pontilhão de ferro sobre o ribeirão Ipanema 13. Ruínas da Primeira Estação Ferroviária - Estação Pedra-Mole 14. Sede do Clube Dançante N. Sra. do Rosário-Congado Ipaneminha 15. Teatro Zélia Olguin 1. Escola Técnica de Metalurgia da Acesita 2. Antiga tubulação de água do Morro Bela Vista 3. Chafariz e Olho d'água Biquinha 4. Parque do Rio Doce* 1. Carta de Nomeação do Coronel Fabriciano 2. Imagem N. Sra. do Carmo da praça do Cruzeiro (transferida para a igreja N. Sra. Do Carmo no Morro do Carmo) 3. Imagem de N. S. do Carmo do Hospital UNIMED (antigo hospital N. Sra. Do Carmo) 4. Primeira imagem de São Sebastião 5. Quadro "O Batismo" - Igreja Matriz de São Sebastião 6. Quadro "Último Trem" 7. Quadro "Vista da Cidade" - prédio da Câmara Municipal Quadros da Via Sacra da Igreja Matriz de São Sebastião 9. Via Sacra da Matriz 1. Imagem de N. S. da Esperança 2. Locomotiva Maria Fumaça e Carros de Passageiros 1. Oratório do Divino Espírito Santo 653

220 Santan a do Paraiso 1. Igreja Matriz de Santana do Paraíso 2. Árvore da Gameleira 3. Casarão do Ipaba *CP: Conjuntos Arquitetônicos, Paisagísticos, Naturais, Arqueológicos Fonte: IEPHA-MG: Relação de Bens Protegidos em Minas Gerais apresentados ao ICMS Patrimônio Cultural até o ano de 2012 exercício A Figura 202 a seguir apresenta a distribuição dos patrimônios culturais materiais nos municípios da RMVA. 654

221 Figura 202 Mapa de localização dos bens imóveis protegidos na RMVA Fonte: IEPHA,

222 Figura 203 Locomotiva Maria Fumaça. Figura 204 Igreja de São Vicente de Paula no Ipaneminha, Ipatinga. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Ipatinga, Figura 205 Fachada do Colégio Angélica em Coronel Fabriciano. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano,

223 Figura 206 Capela São José Igreja de Cocais de Cima em Coronel Fabriciano. Fonte: Site da Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano, Figura 207 Igreja Matriz de Santana do Paraíso. Fonte: Site da Prefeitura de Santana do Paraíso, Figura 208 Parque Estadual do Rio Doce, em Timóteo. Fonte: Site do Jornal Diário do Aço,

224 A maioria dos bens tombados na RMVA se relaciona com o período de intensificação de seu povoamento, que data da primeira metade do século XX. O processo de urbanização associado à instalação das indústrias siderúrgicas na região leste de Minas Gerais a Acesita Energética no município de Timóteo, na década de 1940, e a Usiminas em Ipatinga, na década de 1950 também marca de maneira expressiva a memória social regional, se fazendo refletir no rol de patrimônios culturais tombados. Todavia, a política de preservação do patrimônio cultural até então desenvolvida nos municípios da RMVA se caracteriza pela resposta formal/institucional ao processo de descentralização promovido pelo governo do estado desde a década de 1990, por meio da Lei Estadual n.º /95, - Lei Robin Hood; pela descontinuidade das ações desenvolvidas; e pela quase exclusiva atenção aos patrimônios materiais, móveis e imóveis. Tem-se, pois, uma lacuna na política de proteção e salvaguarda aos bens culturais imateriais da RMVA, por isso, ainda mais susceptíveis aos riscos de desaparecimento. Dentre os bens inventariados e tombados, predominam os móveis e imóveis da Igreja católica e os bens públicos estatais, menos sujeitos aos conflitos que permeiam os processos de tombamento, quando comparados aos bens de propriedade particular. Verifica-se que nos últimos tempos a preservação do patrimônio histórico-cultural induzida pela lei Robin Hood recebeu um impulso significativo, porém, há de avaliar se o processo de seleção dos bens merecedores de preservação reflete a real intencionalidade de assentamento em livro de tombo e, por consequência, a preservação para constituição de uma memória viva das comunidades, ou se a motivação ao atendimento de requisitos para enquadramento na Lei Robin Hood é exclusiva para captação dos recursos Considerações Gerais As análises acerca do tema Cultura no âmbito do diagnóstico do PDDI revelam aspectos importantes, os quais serão destacados nessas considerações gerais. O primeiro aspecto a destacar é que a diversidade cultural regional contrasta com as disparidades entre os municípios em termos de equipamentos, arranjos institucionais e políticas destinadas à promoção de acesso aos bens culturais e ao desenvolvimento das potencialidades existentes. Os arranjos institucionais identificados nos municípios se mostram frágeis em face das perspectivas que se apresentam para o desenvolvimento da política cultural. A adesão dos municípios da RMVA ao Sistema Nacional de Cultura e a realização de três edições das Conferências Municipais não se refletiu 658

225 ainda na constituição dos respectivos Sistemas Municipais, com seus elementos constitutivos. Esse fato decorre em boa medida da posição secundária que a área cultural ocupa no conjunto das políticas públicas, inclusive em termos de restrição orçamentária. A falta de políticas culturais de estado implica, de modo geral, em fragmentação e pontualidade das ações culturais desenvolvidas nos municípios, em boa medida amparadas por iniciativas do setor privado, notadamente das grandes empresas da região e de grupos culturais, sobretudo aqueles que alcançaram nível profissional. Conta, para isso, a experiência consolidada de parte de artistas, grupos e produtores culturais regionais, sobretudo de Ipatinga, na elaboração de projetos e captação de recursos por meio das leis de incentivo à cultura. Esses artistas e grupos têm, assim, contribuído com a oferta de espetáculos de dança, teatro, música, cinema, artes plásticas, dentre outros, em espaços públicos, favorecendo o acesso à arte. Todavia, essa experiência não se realiza de modo equilibrado nos municípios da RMVA; ela se faz mais presente em Ipatinga, município no qual o poder público municipal instituiu Lei de Incentivo à Cultura desde meados da década de O desequilíbrio em termos das políticas culturais também se fazem presentes quando se trata da distribuição dos equipamentos culturais e dos recursos de comunicação que propiciam acesso aos bens culturais. Nesse quesito, a escassez de equipamentos culturais nos municípios é agravada pelos problemas de mobilidade urbana, dificultando o acesso aos mesmos. Por fim, no âmbito da política de preservação do patrimônio histórico, os municípios da RMVA vem desenvolvendo ações efetivas, induzidas pelo Governo do Estado de Minas Gerais, através do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico IEPHA. Foi, assim, sob essa perspectiva que se criaram os Conselhos Municipais de Patrimônio Histórico e Artístico nos municípios da RMVA, e que se vem desenvolvendo as ações de inventário e tombamento do patrimônio cultural local, sobretudo o material. Essas iniciativas de caráter institucional contrastam, por vezes, com o distanciamento da população em termos de compreensão e legitimação dos patrimônios tombados, evidenciando entre outros aspectos, a necessidade de se investir em programas de educação patrimonial. Há de se destacar dois aspectos, ainda: primeiro, o instituto do tombamento não tem se refletido em efetiva proteção e manutenção dos patrimônios materiais, revelando a fragilidade das políticas públicas nesse campo e, segundo, a inexistência ou incipiência das políticas de proteção e salvaguarda dos patrimônios imateriais da região, implica em sérios riscos de extinção dos mesmos, sobretudo dos grupos de congado, das bandas de música e de festejos tradicionais. 659

226 7.6 Esporte e Lazer A promulgação da Constituição Federal de 1988 foi fundamental na transformação acerca das contribuições do esporte e do lazer para desenvolvimento social e humano. Para Manoel Tubino (2010), o texto constitucional em seu artigo 217 tornou-se responsável por alterar profundamente o conceito de Esporte no Brasil ao tratar de modo pioneiro a prática esportiva como um direito de todos. Além disso, também ampliou o entendimento da matéria quando dividiu as atividades esportivas em formais e não formais. No referido artigo constitucional, definem-se, entre outras, as seguintes responsabilidades do Estado para o desenvolvimento do esporte no país: A destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento; A proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional; E o incentivo ao lazer como forma de promoção social. Segundo Tubino (2010), o início deste processo de ampliação do conceito de Esporte no Brasil se deu a partir das indicações feitas pela Comissão de Reformulação do Esporte Brasileiro, instalada pelo Decreto nº de O entendimento que se tinha até então concebia o esporte de rendimento como aquele desenvolvido nas escolas e fora do âmbito institucionalizado; e a recreação como todas as práticas físicas ligadas a qualquer tipo de jogo ou esporte. Dessa forma, desde a instalação da Comissão de Reformulação do Esporte Brasileiro novos caminhos foram propostos para o processo esportivo nacional, dentre os quais se destaca a distinção de três categorias básicas: Esporte-Educação; Esporte-Participação (lazer) e Esporte-Performance (desempenho). Essa nova concepção que distingue modalidades e finalidades das práticas esportivas se fez inserir no artigo 217 da Constituição de Contudo, o país permaneceu carente de uma lei específica do esporte, que regulamentasse o texto constitucional, até a promulgação da Lei Federal nº de 6 de julho de 1993 (Lei Zico). Segundo Tubino (2010), a importância da Lei Zico reside no fato de se ter estabelecido conceitos e princípios para o esporte nacional, contemplando o reconhecimento das manifestações esportivas. Com efeito, além de regulamentar o texto constitucional, a Lei Zico serviu de referência para a formulação da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, conhecida também como Lei Pelé. Nela definem-se, mais precisamente em seu artigo 3º, as três formas distintas de manifestações do esporte a serem consideradas por estados e municípios na execução de suas políticas de esporte e lazer. 660

227 Art. 3 o O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes manifestações: I - desporto educacional, praticado nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento integral do indivíduo e a sua formação para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II - desporto de participação, de modo voluntário, compreendendo as modalidades desportivas praticadas com a finalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente; III - desporto de rendimento, praticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática desportiva, nacionais e internacionais, com a finalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do País e estas com as de outras nações. (BRASIL, 1998, s/p). Dessa forma, o esporte e o lazer passam a ser concebidas como práticas articuladas, embora distintas, pois é no tempo e espaço de lazer que a manifestação cultural esportiva, despojada de sentido performático (da busca do rendimento), se apresenta como possibilidade de ser vivenciada por todos que o acessam (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2004, p. 7). É, pois, sob essas novas perspectivas que o eixo do Desenvolvimento Social aborda neste diagnóstico a temática do esporte e lazer. Para tanto, no primeiro momento o texto irá discorrer sobre a formação e organização do arranjo institucional existente nos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço, ao que se seguirá a análise acerca dos investimentos realizados pelos municípios nas áreas do esporte e lazer, seguido da apresentação dos principais espaços e equipamentos esportivos e de lazer identificados nos municípios da RMVA, notando a sua distribuição. Assim como nas análises acerca da cultura, os dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), realizada pelo IBGE, se constituíram importante elemento de sustentação das análises que se seguem. Desta base foram coletados dados da última pesquisa realizada pelo IBGE sobre a área do esporte e o lazer, publicada em Dados mais recentes foram obtidos por meio da edição 2013 do Índice Mineiro de Responsabilidade Social/ Esporte e Lazer. Utilizaram-se também dados do ICMS/Esporte disponibilizados pela Fundação João Pinheiro, bem como dados primários coletados por meio de entrevista realizada com gestores da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer da Prefeitura Municipal de Ipatinga 80 e de pesquisas realizadas em sites de órgãos públicos e privados que atuam no campo do esporte e do lazer. 80 Não se obteve êxito no agendamento de entrevistas com gestores dos órgãos responsáveis pela gestão da política de esporte e lazer nos demais municípios da RMVA. 661

228 7.6.1 Arranjo Institucional: Organização e Desenvolvimento da Política Pública de Esporte e Lazer Institucionalmente, o esporte faz parte das políticas públicas no Brasil desde 1937, ocasião em que foi criada a Divisão de Educação Física, subordinada ao Ministério da Educação e Cultura, por intermédio da Lei nº 378, de 13 de março de Durante os anos 1970, ainda vinculada a esse Ministério, a referida Divisão foi transformada em Departamento, o qual, em 1978, se transformou em Secretaria de Educação Física e Desporto. Em 1995, durante o Governo Fernando Henrique, foi criado o Ministério de Estado Extraordinário do Esporte. Neste mesmo ano a Secretaria de Desportos foi transformada no Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto (INDEP), deixando de ser vinculado ao Ministério da Educação, e passando a ser subordinado ao Ministério Extraordinário do Esporte. Em 1998 o INDEP foi vinculado ao recém criado Ministério do Esporte e Turismo, através da Medida Provisória nº , e em outubro de 2000 ele foi extinto e substituído pela Secretaria Nacional de Esporte. Como já exposto, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 217, se constituiu um marco na transformação do modo de conceber o esporte e o lazer no Brasil, ao distinguir as modalidades e as finalidades das práticas esportivas de lazer. A regulamentação do texto constitucional ocorrera mais tarde, com a instituição da Lei Federal nº de 6 de julho de 1993 (Lei Zico), substituída posteriormente pela Lei Nº 9.615, de 24 de março de 1998 (Lei Pelé). Além de instituir os conceitos e princípios básicos para o esporte brasileiro, as referidas leis conceberam três categorias de manifestações esportivas: desporto educacional, desporto de participação e desporto de rendimento, fundamentais para o desenvolvimento de uma política de esporte e lazer democrática, descentralizada, e alinhada com a diversidade de possibilidades e necessidades dos diversos segmentos da população. Assim como na Cultura, somente em 2003 o Esporte teve instituído um ministério próprio, durante o primeiro mandato do Governo Lula, por meio da Medida Provisória Nº 103, de janeiro de Desde então, as políticas públicas inclusivas e de afirmação do esporte e do lazer passaram a ser formuladas e implementadas como direitos sociais dos cidadãos. Como consta no texto básico sistematizado da 1ª Conferência Nacional do Esporte, realizada em 2004, é tarefa do Ministério do Esporte e do Lazer: [...] assegurar e facilitar o acesso de todos a atividades esportivas e de lazer, que quando orientadas, sejam por trabalhadores qualificados, como parte do compromisso do governo de reverter o quadro de injustiças, exclusão e vulnerabilidade social que aflige a maioria da população brasileira. Leva em conta, para isso, que o esporte e o lazer são direitos sociais e, por isso, interessam à 662

229 sociedade civil organizada, devendo ser tratados como questões de Estado, ao qual cabe promover sua democratização, colaborando para a construção da cidadania.(ministério DO ESPORTE, 2004, p. 7) A realização da Conferência Nacional do Esporte se dá exatamente com o objetivo de contribuir para a democratização do processo de elaboração da Política Nacional de Esporte e Lazer e os Planos Nacionais subsequentes. A sua realização em três etapas - municipal, estadual e federal possibilitou valorizar a participação de todos os segmentos da sociedade, bem como alcançar avanços na criação de mecanismos de controle social, de investimentos eficazes, sobretudo visando ao desenvolvimento de regiões menos favorecidas (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2004). Se o texto final da 1ª Conferência Nacional buscou unir os princípios, diretrizes e objetivos que da política de esporte e lazer, o texto resultante da 2º Conferência Nacional, realizada em 2006, teve como legado o regimento de estruturação do Sistema Nacional de Esporte e Lazer, incluído seus princípios e competências, a fim de consolidar a Política Nacional do Esporte. Conforme consta no referido documento O Sistema Nacional de Esporte e Lazer, tendo por base o regime de colaboração entre a união, os estados e municípios, com ênfase na municipalização, consolidando o esporte e o lazer como direitos sociais e guiando-se pelos princípios da democratização e inclusão social, articula, integra, promove e estabelece relações éticas de parcerias entre as entidades da sociedade civil, instituições públicas e privadas, em torno do esporte educacional, de participação e de rendimento, valorizando a acessibilidade, descentralização, intersetorialidade e multidisciplinaridade das ações esportivas e de lazer(ministério DO ESPORTE, 2006, online). Na 3ª Conferência Nacional do Esporte e Lazer, realizada em 2010, o objetivo foi elaborar o Plano Decenal do Esporte e Lazer, e estabelecer as Linhas Estratégicas, ações, metas e responsáveis para o esporte e lazer no país nos próximos 10 anos. A intensificação do processo de institucionalização da política de esporte e lazer resultou, em 2009, no estado de Minas Gerais, na inclusão do esporte e do lazer na Lei Nº (Lei Robin Hood). O repasse do ICMS Esporte, da mesma forma que na cultura, objetivava desde então incentivar os municípios a construírem e desenvolverem políticas públicas de Esporte e Lazer. Para tanto, a referida Lei estabeleceu como critério básico que os Municípios instalassem e mantivessem em pleno funcionamento o Conselho Comunitário de Esportes. 663

230 Um indicador da importância atribuída à política de esporte e lazer nas gestões municipais é o tipo de órgão gestor de tal política constante na estrutura administrativa das Prefeituras. Conforme os dados do Munic/IBGE levantados em 2009, 94,1% dos municípios brasileiros possuíam uma estrutura organizacional na área do esporte. As participações daqueles com Secretaria municipal exclusiva para a gestão correspondia a 17,4%, e os com Secretaria em conjunto com outras políticas equivaliam a 54,2%. Nos demais municípios, 5,9% não possuíam uma estrutura específica para a área do esporte e do lazer, e nos 22,6% restantes seu órgão gestor caracterizava-se como setor ou departamento subordinado a outras Secretarias. Neste período, conforme os dados do Munic/IBGE (2009) todos os quatro municípios da RMVA tinham seu órgão gestor em conjunto com outra política, situação que configura até os dias atuais. De acordo com a pesquisa realizada, em Ipatinga existe atualmente a Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, à qual se encontra subordinado o Departamento de Políticas Públicas de Esporte e Lazer e, a este, a Seção de Políticas Públicas, Fomento e Incentivo ao Esporte e Lazer. Em Coronel Fabriciano, o esporte está vinculado à Secretaria de Juventude, Esporte e Lazer. Já em Santana do Paraíso, o órgão executivo da política em tela se subordina à Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Desporto e Lazer. Em Timóteo, por sua vez, tem-se a Seção de Esporte e Lazer, subordinada à Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Juventude. Mesmo com a política de incentivo fiscal estabelecida pela Lei Robin Hood, Ipatinga é o único município da RMVA que aderiu ao Sistema Nacional de Esporte e Lazer, através da Lei Municipal nº em O município também possui o mais antigo Conselho Municipal de Esporte e Lazer (COMEL) da RMVA, criado através da Lei nº 2.272, de Todavia, segundo os dados do IMRS (2013) esse Conselho desativado no ano de 2011, tendo suas atividades sido restabelecidas em Em Coronel Fabriciano, o Conselho Municipal de Esporte e Lazer foi criado em maio de 2009, por meio da Lei nº 3.446/2009, alterada pela Lei nº 3.869, de 13 de janeiro de No entanto, como se pode observar no quadro abaixo, um ano após a sua criação o referido Conselho teve suas atividades interrompidas, retomando-as em Em Santana do Paraíso, por sua vez, não há, segundo dados do IMRS (2013), Conselho de Esporte e Lazer instituído. Em Timóteo, os levantamentos de dados para subsídio deste diagnóstico possibilitaram constatar a aprovação, em dezembro de 2013, pela Câmara Municipal do projeto de criação do Conselho Municipal de Desporto e Lazer. 664

231 Quadro 34 Existência de Conselho Municipal de Esporte em atividade Municípios Coronel Fabriciano Sim Não Sim Sim Ipatinga Sim Sim Não Sim Santana do Paraíso Não Não Não Não Timóteo Não Não Não Não Fonte: IMRS, 2013 A partir da análise dos dados levantados sobre os municípios da RMVA, é possível percebermos na área do esporte e do lazer uma estrutura política bastante frágil, e isso fica ainda mais nítido quando observamos as políticas de incentivo ao esporte. Como se pode observar no Quadro 20 abaixo, atualmente, Ipatinga é o único município a ter o Fundo Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer (FUNDEL), criado após a aprovação da Lei Municipal nº em 2011, porém, isso não tem significado apoio ao desenvolvimento de projetos 81. De acordo com as informações da secretaria municipal, a lei está passando por revisão e reformulação para que o fundo possa ser novamente ativado. 81 Conforme definição do IBGE, projeto é um instrumento de planejamento que conforma um conjunto de ações inter-relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos específicos dentro de limites orçamentários estabelecidos em um dado período de tempo. Portanto, os projetos são específicos e delimitados, sendo as unidades mais operativas da lógica da gestão governamental. (IBGE, 2012). 665

232 Quadro 35 Organização do Sistema Municipal de Esporte e Lazer na RMVA (referente ao ano de 2013) MUNICÍPIOS Secretaria Municipal de Esporte e Lazer Conselho Municipal de Esporte e Lazer Plano Municipal de Esporte e Lazer Fundo Municipal de Esporte e Lazer Política Municipal de Esporte e Lazer Órgão gestor Existência Existência Existência Existência Coronel Fabriciano SECRETARIA MUNICIPAL EM CONJUNTO COM OUTRAS POLÍTICAS SIM NÃO NÃO NÃO Ipatinga SECRETARIA MUNICIPAL EM CONJUNTO COM OUTRAS POLÍTICAS SIM NÃO SIM (Em processo de reformulação) NÃO Santana do Paraíso SETOR SUBORDINADO A OUTRA SECRETARIA NÃO NÃO NÃO NÃO Timóteo SECRETARIA MUNICIPAL EM CONJUNTO COM OUTRAS POLÍTICAS NÃO NÃO NÃO NÃO Fonte: Munic/IBGE 2009 e dados primários (sites das prefeituras e entrevistas) Dos repasses de Recursos e dos Investimentos Municipais Realizados na Área do Esporte e do Lazer Segundo a Lei Estadual nº de 12 de janeiro de 2009, os valores decorrentes da aplicação dos percentuais relativos ao critério "esportes", para o recebimento do ICMS, são destinados aos municípios de acordo com a relação percentual entre as atividades esportivas desenvolvidas por ele e o somatório das atividades esportivas desenvolvidas por todos os municípios do Estado. Ainda conforme esta lei Art. 1 1º - Somente participam deste critério os Municípios que instalarem e mantiverem em pleno funcionamento o Conselho Comunitário de Esportes, o qual deverá elaborar e desenvolver, em conjunto com a Prefeitura Municipal, os projetos destinados à promoção das atividades esportivas, bem como fiscalizar a sua execução. (MINAS GERAIS, 2009, online) Dessa forma, de acordo os dados da Fundação João Pinheiro, em 2011 foi repassado aos municípios da RMVA um total de R$ ,67. No entanto, como já foi destacado, Santana do Paraíso e Timóteo 666

233 não tinham instituído, à época, seus Conselhos Municipais de Esporte e Lazer. Por essa razão ambos os municípios não foram contemplados no repasse de recursos pelo mecanismo da Lei Robin Hood. Consequentemente, do valor repassado para a RMVA R$ ,4 foi para Coronel Fabriciano e os outros R$ ,27 para Ipatinga, valor este que corresponde a 54,9% do total. No ano de 2012 esta distribuição foi bem diferenciada, o repasse feito para a RMVA foi de apenas R$ ,15 e desse valor Ipatinga recebeu 99,78%, ficando Coronel Fabriciano com apenas 0,22% da verba, isso caracterizou uma perda significativa nos investimentos da região. O repasse feito aos municípios do colar metropolitano somou, em 2011, o valor total de R$ ,91, o que corresponde a 64,7% da soma dos valores de toda a região metropolitana mais o colar. Ainda conforme os dados, apenas seis municípios do colar receberam o benefício (Caratinga, Córrego Novo, Iapu, Ipaba, Periquito e São José do Goiabal), destaque para Caratinga que ganhou no total R$ Em 2012 apesar de ter aumentado para 10o número de municípios que passaram a ganhar o repasse (foram incluídos Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Entre Folhas e Jaguaraçu), o valor recebido foi bem menor (R$ ,67). Contudo, o colar recebeu 75,12% do repasse destinado a toda região, incluído os municípios do núcleo. Tudo isso refletiu diretamente no gasto per capta dos municípios da RMVA no esporte e lazer. Como se pode ver na Tabela 134 abaixo, Ipatinga que em 2010 havia sido o maior beneficiário do repasse do ICMS Esporte, o que significou um gasto per capto de 21,53. Porém, no ano seguinte, este município apresentou uma queda significativa em seus investimentos passando para 4,49 do total de seu gasto per capto em esporte. Essa informação é reforçada pela pesquisa básica do Munic/IBGE de 2009, segundo seus dados todas as quatro prefeituras da RMVA executavam ações, projetos e/ou programas, tanto isoladamente como em parceria com outras entidades no esporte educacional, o que representava um investimento destes municípios na área do esporte. Na área de esporte de participação somente Ipatinga e Santana do Paraíso declararam terem realizado ações. No esporte de rendimento, por sua vez, as ações e projetos foram registrados somente no município de Ipatinga, o que decorre principalmente da atuação da Associação Esportiva e Recreativa Usipa. Observa-se, contudo, uma crescente nos investimentos de quase todos os municípios, algo que foi interrompido entre os anos de 2010 e

234 Tabela 134 Gasto Per CapIta dos Municípios da RMVA com Esporte e Lazer Municípios Coronel Fabriciano 1,74 1,36 1,48 1,62 2,46 2,40 1,42 3,22 1,80 3,41 3,88 3,64 Ipatinga 6,35 8,50 5,61 6,28 11,62 10,98 17,46 14,85 13,38 13,49 21,53 4,79 Santana do paraíso 0,81 0,80 2,12 2,11 2,27 3,96 5,04 9,42 13,92 5,67 7,59 4,54 Timóteo 1,17 0,16 1,86 0,00 0,00 0,33 0,81 1,29 2,31 4,82 4,74 7,71 Fonte: IMRS, 2013 Porém, dados obtidos no Departamento de Esporte e Lazer de Ipatinga nos dão um patamar dos grupos ou associações privadas que atuam na área esportiva e de lazer. São eles: o Projeto atletas do Futuro realizado pelo SESI (Serviço Social da Indústria) através de escolas de esportes; o AMAVA - Associação Master de Atletismo do Vale do Aço, que atua com atletas da Categoria Máster; ASAV - Associação Social de Atletismo do Vale do Aço desenvolve com o atletismo a nível escolar; a AVACI- Associação Vale do Aço de Ciclismo, promove campeonatos e maratonas em toda região, o CORVAÇO- Corredores do Vale do Aço, entidade esportiva que promovo a corrida de rua, o atletismo, e também revela atletas em potencial e a Usipa. Os investimentos privados têm sido importantes tanto para o esporte de rendimento, quanto para as demais manifestações do esporte. As práticas desportivas de lazer, desenvolvidas de modo estimulado ou espontâneo, contribuem para preservação e/ou melhoria da saúde, bem como para o aprendizado e/ou fortalecimento de valores relacionados às regras de convivência e à participação cívica. A adesão da população a essas modalidades de atividades esportivas e de lazer tem aumentado, a exemplo da prática de caminhada e de corridas de rua nos municípios da RMVA Espaços e Equipamentos de Esporte e Lazer Existem na RMVA importantes espaços e equipamentos para a prática de esportes e lazer e que abrange as três formas de manifestações previstas em lei. Dessa forma, destacam-se alguns destes grandes equipamentos e sua relevância para a região. De porte metropolitano, a Usipa fica localizada no município de Ipatinga, quase na divisa com Coronel Fabriciano, e foi inaugurada em fevereiro de Sua existência se deu para atender às necessidades de lazer dos milhares de trabalhadores que vieram para a região com o objetivo de serem funcionários da Usiminas. Atualmente o clube abrange uma área de mais de 450 mil metros quadrados, e abriga um parque aquático com piscina olímpica aquecida, brinquedos como toboágua e escorregadores. Para as outras práticas esportivas e de lazer o clube possui um ginásio coberto que atende os alunos do judô, um estádio de futebol, quadras poliesportivas, um centro de treinamento, pista de atletismo, 668

235 alojamento para atletas, além do Centro de Avaliação e Apoio ao Treinamento (CAAT), do zoológico e da área de lazer paras as crianças. Dessa forma, a Usipa possui uma forte atuação na formação de atletas do esporte especializado e futebol, com constante participação nos campeonatos regionais, estaduais e nacionais. Por causa de seu caráter metropolitano, o clube também recebe eventos já tradicionais da região, como a Expo Usipa, oportunidade para o encontro dos empresários da região e também do país, o Projeto Xerimbabo, que abrange diversas atividades na área de meio ambiente como cursos de educação ambiental para crianças e adultos, exposições, palestras e seminários, além de festivais de música com apresentação de artistas nacionalmente famosos. Ações como estas, a colocam como uma das referências no esporte e lazer para a comunidade local, no entanto por se tratar de uma associação privada o acesso a ele torna-se mais restrito. Segundo informações concedidas por uma das gestoras do Departamento de Esporte da Prefeitura de Ipatinga, existe uma parceria entre este órgão e o clube para o recebimento de atletas em potencial descobertos nos projetos municipais. Outro equipamento identificado de porte metropolitano localizado em Ipatinga é o Parque Ipanema. Situado dentro do perímetro urbano da cidade, o parque é um espaço público aberto a toda a população, seu projeto é datado de 1985 e foi realizado pelo falecido arquiteto e paisagista Roberto Burle Marx. Este compõe-se de uma área de várzea e, entre os espaços ajardinados e caminhos demarcados, possui uma lagoa paralela ao leito do ribeirão Ipanema (DIAS, 2011, p. 123). Além de oferecer áreas para o lazer como pista para caminhada, anfiteatro, quadras de esportes, nichos de descanso e contemplação e campo de futebol, ele também engloba outros equipamentos como o Kartódromo Emerson Fittipaldi, fundado em 1982, o Horto Municipal, criado em 1983, Pista de Bicicross Vovó Canuta, de 1984, Centro Esportivo e Cultural Sete de Outubro, inaugurado em 1991, a Estação Pouso de Água Limpa, que foi inaugurada em 1999 e é uma réplica de uma estação ferroviária de 1917, de onde parte o passeio da Maria Fumaça (um dos patrimônios municipais) até o Parque Ipanema, o Parque da Ciência, implantado em 2001 e considerado um dos museus da cidade e também o Estádio Municipal João Lamego Netto, conhecido como Ipatingão (DIAS, 2011). Esse estádio também faz parte do grupo de equipamento de caráter metropolitano existente no município. Inaugurado no princípio dos anos 1980 e então chamado Estádio Municipal Epaminondas Mendes Brito, já foi palco de importantes partidas de futebol dos principais campeonatos estaduais e do campeonato brasileiro. Com as obras para a Copa do Mundo no Estádio do Mineirão em Belo Horizonte, passou a receber os jogos dos times da capital, mas para isso o estádio teve que ser 669

236 reformado em O novo Ipatingão teve seu gramado trocado, ampliou o número de acentos para 23 mil lugares e ganhou a instalação de uma sala para a imprensa, outra para abrigar a Federação Mineira de Futebol e uma destinada para a realização de exames antidoping. Entretanto, desde 2012 o estágio vem passando por dificuldades e atualmente se encontra fechado. Na área exclusiva do lazer podemos identificar o Shopping do Vale do Aço como o principal equipamento de toda a região metropolitana, incluindo o colar. Inaugurado em setembro de 1998, provocou um grande impacto não apenas em termos do número de pessoas que ele atrai, mas também no número de investimentos que ali são realizados. Atualmente o shopping possui 112 lojas, um hipermercado, praça de alimentação com apresentações musicais semanalmente, o único cinema de toda RMVA, além do Centro Cultural Usiminas. No município de Coronel Fabriciano, destacam-se dois importantes equipamentos da área de lazer. O primeiro é o Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste), de porte metropolitano por possuir unidades em três das quatro cidades da RMVA, a instituição foi inaugurada em 1969 com o nome de Universidade do trabalho, mas tem origem a partir da fundação do Colégio Técnico de Coronel Fabriciano, atual Colégio Padre de Man, no ano de A Unileste abrange elementos importantes do patrimônio cultural da cidade, a própria sede da atual reitoria tombada pelo patrimônio histórico, foi local de funcionamento do primeiro curso de nível superior do Vale do Aço. Outro bem tombado e registrado pelo IEPHA é o Museu Padre Joseph Cornelius Marie De Man que se encontra em plena atividade dentro do campus de Coronel Fabriciano; além dele, existe também o Teatro João Paulo II e a antiga reitoria da faculdade, importantes equipamentos de cultura e de lazer do município. O segundo é a Praça de Estação, que tem esse nome por estar localizada ao lado da Estação Rodoviária de Coronel Fabriciano. Apesar de não ser um equipamento com características metropolitanas, a praça é um importante espaço público da região que desde a sua inauguração em 2008, vem sendo local de realização de eventos promovidos pela prefeitura, como apresentação de shows musicais, e também da própria comunidade como as feiras semanais. Abrangendo parte dos municípios de Timóteo, Marliéria e Dionísio, o Parque Estadual do Rio Doce se caracteriza como uma das principais potencialidades da região para o turismo ecológico. Com a maior área contínua de Mata Atlântica preservada do estado de Minas Gerais, o parque é uma das principais reservas de proteção do estado, e possui uma sólida estrutura para o atendimento a pesquisadores e turistas - portaria com estacionamento, área de camping, vestiários, restaurante, anfiteatro, centro de visitantes, centro de pesquisas, viveiro e posto de Polícia de Meio Ambiente. 670

237 A Figura 209 a seguir apresenta a distribuição espacial dos principais equipamentos esportivos e de lazer dos municípios da RMVA. Como se pode observar, a distribuição dos equipamentos de esporte e lazer identificados nos municípios da RMVA segue padrão similar à distribuição dos equipamentos culturais. Santana do Paraíso apresenta-se como a cidade mais carente em termos de tais equipamentos. O número reduzido de espaços voltados para a prática de esportes e de lazer foi apontado pela comunidade e também pelos gestores do município como um sério problema social, atingindo, sobretudo, a população jovem. Porém, essa situação não se configura somente em Santana do Paraíso. Durante as oficinas de leitura comunitária, foram recorrentes as manifestações nas quais se estabelecia a relação entre o consumo de drogas por crianças e adolescentes e o ócio decorrente, entre outros aspectos, pela falta de equipamentos/espaços de lazer na região, ou pela má condição dos mesmos. Os gestores dos órgãos de segurança pública, entrevistados, comungam dessa percepção. 671

238 Figura 209 Mapa da Distribuição dos Equipamentos de Esporte e Lazer na RMVA 2013 Fonte: Prefeituras Municipais, 2014; Levantamento de dados primários, Portanto, se o desequilíbrio na distribuição dos equipamentos de esporte e lazer entre os municípios da RMVA é apontado como uma fragilidade, a ausência dos mesmos nos municípios remete à necessidade de implementação de políticas que contribuam para o desenvolvimento humano e social 672

239 da população, sobretudo do segmento jovem. Como foi discutido na I Conferência Nacional de Esporte, no campo do indivíduo e das comunidades, o esporte pode trazer solidariedade, autoestima, respeito ao próximo, facilidade na comunicação, tolerância, sentido do coletivo, cooperação, disciplina, capacidade de liderança, respeito a regras, noções de trabalho em equipe, vida saudável, etc. (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2004, p. 7). Nessa perspectiva, o esporte e o lazer assumem importância fundamental não apenas para a preservação da saúde física e mental, mas também no enfrentamento de graves problemas sociais - evasão escolar, disseminação e uso abusivo de álcool e outras drogas, criminalidade, dentre outros. Para tanto, faz-se necessário alcançar na RMVA a implementação e o desenvolvimento de uma política pública de estado no campo do esporte e lazer, de modo integrado ao Sistema e à Política Nacional em processo de consolidação. Nessa perspectiva, há de estabelecer diretrizes claras para o desenvolvimento das distintas manifestações esportivas esporte-educação; esporte-participação; e esporte-rendimento, bem como de se formular os planos municipais de esporte e lazer, definindo ações, objetivos, metas, e executores, considerando as competências e experiências de sujeitos dos setores público e privado. A implementação e a gestão da política de esporte e lazer no âmbito dos municípios favoreceria, entre outros aspectos, o desenvolvimento de ações integradas, que contribuam para a promoção da cooperação e a solidariedade entre os municípios da RMVA. Essas podem se consubstanciar desde a efetivação de uma agenda esportiva e de lazer regional, à implantação de equipamentos de uso cooperado, em consonância com as distintas manifestações esportivas. 7.7 Trabalho e Emprego As políticas de trabalho e emprego devem, de maneira geral, buscar minimizar as dificuldades apontadas no cenário de cada município/região, considerando, além da oferta de postos de trabalho, o público potencial, as características dos cursos de formação e qualificação e as questões culturais que podem incidir nesse processo, ampliando a capacidade dos trabalhadores de se inserirem no processo de desenvolvimento econômico e contribuindo para uma inserção mais competitiva da RMVA. Quanto à escolaridade da mão de obra da região e às características de formação propriamente ditas, foi identificado, neste diagnóstico, e sobretudo no apresentado no tema da Educação, uma lacuna 673

240 deixada pela deficiência nos processos formais de escolarização. Como pode ser visto na discussão do tema, a região enfrenta defasagem no sistema de ensino, em relação à formação de nível médio, técnico e superior, embora, quando comparado aos indicadores do estado e do país, o cenário da RMVA (com exceção de Santana do Paraíso) apresente melhores indicadores, conforme apresentado na tabela abaixo: Tabela 135 Indicadores de Qualificação da Mão de Obra, RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, 2000 e Proporção Proporção de de Proporção de Proporção de Proporção de Proporção de ocupados Cidades da ocupados ocupados com ocupados com ocupados ocupados com RMVA com fundamental ensino médio com superior com superior ensino médio Minas Gerais fundamental completo com completo com completo completo completo e completo 18 anos ou 18 anos ou com 18 anos com 18 anos com 18 anos Brasil com 18 anos mais mais ou mais ou mais ou mais ou mais (2010) (2010) (2000) (2010) (2000) (2000) Coronel 33,98 Fabriciano 52,46 69,57 48,84 6,53 10,80 Ipatinga 55,85 72,05 35,14 51,30 S. do Paraíso 35,12 52,50 19,57 31,37 1,43 Timóteo Minas Gerais 62,31 75,54 42,96 7,41 13,72 5,82 41,29 56,73 7,89 14,62 58,71 27,97 41,34 7,16 12,26 Brasil 46,47 62,29 30,84 44,91 7,97 13,19 Fonte: Censo 2000/Censo Observamos que entre a população ocupada (com 18 anos ou mais), não há sequer a universalização do nível fundamental e em relação ao nível médio, a proporção de ocupados ainda é menor que 50%. Quanto aos ocupados com superior completo a média da RMVA é de apenas 11,24% - proporção menor do que a do estado e do país, já que Santana do Paraíso contribui substancialmente com esse indicador, com apenas 5,82% dos ocupados com escolaridade de terceiro grau. Esse cenário aponta para uma defasagem de oferta de mão de obra local qualificada, o que pode implicar na abertura dos postos de trabalho para pessoas de outras cidades/regiões ou até mesmo comprometer o desenvolvimento econômico local. Salientamos então que o tema da geração de trabalho, emprego e renda deve estar sempre associado às políticas públicas educacionais, já que a ausência de uma formação adequada aumenta o hiato entre oferta e demanda de trabalho qualificado. Em adição, a tendência de segregação socioespacial que se verifica no território decorre em parte da incapacidade de determinadas parcelas de população de competirem com atores mais bem dotados tecnológica e financeiramente e da impossibilidade de alcançarem as oportunidades colocadas pela maior integração da RMVA, o que pode ser visto nos 674

241 indicadores de Santana do Paraíso, que não raro estão muito aquém do restante da região. A grande questão que se coloca é como planejar políticas públicas de trabalho e emprego se os investimentos programados se depararem com uma massa de trabalhadores com formação insuficiente, incompleta e profissionalmente desqualificada para a realização das tarefas demandadas. Políticas educacionais atreladas às de geração de renda são determinantes na construção de um plano de desenvolvimento que de fato proponha políticas públicas capazes de melhorar, permanentemente, o cenário social e econômico de uma região. O equilíbrio da relação entre capital e trabalho e a expansão do segmento formal, associados ao aumento da competitividade e dos recursos tecnológicos, devem ser base dos novos projetos da área. Além disso, deve-se pensar no amparo a todas as categorias de trabalhadores, inclusive dos contratos com prazos determinados/temporários e os trabalhadores terceirizados, devendo também combater a discriminação, as condições degradantes e sobretudo, o trabalho infantil Taxas de Participação e de Desocupação na RMVA As condições de trabalho e emprego nos quatro municípios que compõem a Região Metropolitana do Vale do Aço são bastante parecidas e às vezes superiores às encontradas no resto do estado e no país, de acordo com os diferentes indicadores examinados. Com exceção de Santana do Paraíso, os demais municípios da RMVA apresentaram praticamente todos os indicadores de ocupação e renda superiores às médias encontradas para Minas Gerais e Brasil como um todo. Na região, a taxa média de participação no mercado de trabalho 82 entre a população de 10 anos ou mais no ano 2000, era 44,53 e em 2010, 48,83, ou seja, taxas menores do que as encontradas no estado e no país. Porém, considerando a taxa de ocupação 83 entre a população de 10 a 14 anos, que não deveria legalmente existir, a RMVA possuía, em 2010, uma proporção menor de crianças (5,94) inseridas no mercado de trabalho do que Minas Gerais (7,01) e o Brasil (7,53), o que é bastante positivo, já que estudos sobre o trabalho infantil revelam que a sua principal causa é a condição de miséria em que vivem as famílias de baixa renda, e então, a diminuição do número de crianças trabalhando reflete avanços e conquistas na área social. Contudo, chama atenção o caso de Santana do Paraíso, com uma taxa muito alta (12,49) de trabalho infantil. O município foi o único da RMVA que 82 A taxa de participação ou taxa de atividade expressa a proporção de pessoas da faixa etária considerada incorporadas ao mercado de trabalho como ocupadas ou desempregadas. 83 É a relação entre o número de pessoas ocupadas e o número de pessoas economicamente ativas na semana de referência. 675

242 aumentou a taxa de participação de pessoas no mercado de trabalho de pessoas de 10 a 14 anos entre os anos 2000 e Nesse intervalo, os demais municípios da região metropolitana, bem como o estado e o país, conseguiram reduzir substancialmente esse índice. Tabela 136 Taxa de Participação entre a População de 10 anos ou Mais e de 10 a 14 anos, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Taxa de Participação: PIA 10 anos ou mais (2000) Taxa de Participação: PIA 10 anos ou mais (2010) Taxa de Participação PIA entre 10 e 14 anos (2000) Taxa de Participação PIA entre 10 e 14 anos (2010) Coronel Fabriciano Ipatinga Santana Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil do 45,27 48,12 8,07 4,24 46,15 49,22 6,91 3,00 42,34 49,07 9,12 12,49 44,36 48,94 7,58 4,03 46,48 50,89 9,78 7,01 45,49 49,19 9,28 7,53 Fonte: Censo, 2000/2010. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, nos anos 2000 e 2010, a taxa de participação no mercado de trabalho dessa parcela da população era maior em Minas Gerais e no Brasil do que na RMVA, o que também é positivo para o Vale do Aço, tendo em vista que o principal efeito do aumento dos anos de escolarização é justamente o de reduzir o trabalho na adolescência. A entrada dos jovens no mercado de trabalho é fortemente marcada pelas desigualdades sociais, isso porque o trabalho é mais intenso entre aqueles de famílias mais pobres. Além disso, raramente esse tipo de trabalho é exercido nas condições protegidas pela lei e, muitas vezes, equivale às piores formas de trabalho infantil e adolescente. Quanto à taxa de participação ou taxa de atividade entre a população adulta, ou seja, de 18 anos ou mais, observamos na RMVA, bem como no estado e no país, um aumento modesto da mesma. Entre os quatro municípios da região, o percentual dessa população que era economicamente ativa passou de 63,56% em 2000, para 65,39% em

243 Tabela 137 Taxa de Participação entre a População de 15 a 17 anos e de 18 anos ou mais, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Taxa de Participação PIA entre 15 e 17 anos (2000) Taxa de Participação PIA entre 15 e 17 anos (2010) Taxa de Participação: PIA 18 anos ou mais (2000) Taxa de Participação: PIA 18 anos ou mais (2010) Coronel Fabriciano Ipatinga Santana Paraíso Timóteo Minas Gerais Brasil do 40,24 26,72 63,86 64,10 38,70 24,80 65,14 65,23 39,35 34,59 63,36 67,30 36,42 22,39 61,91 64,94 44,43 32,35 65,45 67,22 40,05 29,78 65,69 66,54 Fonte: Censo, 2000/2010. Em relação às taxas de desocupação 84 entre a população de 10 a 14 e de 15 a 17 anos de idade, observamos no intervalo , estas reduziram substancialmente, cenário bastante profícuo, na medida em que representa, conforme supracitado, menos crianças e adolescentes procurando emprego. Para os dois grupos etários a taxa de desocupação é maior na RMVA do que no restante do estado e do país, e é justamente nos municípios de Ipatinga e Timóteo, que tem os melhores indicadores sociais, que a taxa de desocupação entre esses grupos etários é mais alta, o que pode ser explicado pelo fato desses municípios terem maior oferta de emprego, o que impacta sobretudo o perfil de mercado de trabalho para os adolescentes. Tabela 138 Taxa de Desocupação entre a População de 10 a 14 e de 15 a 17 anos, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Taxa de Desocupação 10 a 14 anos de idade (2000) Taxa de Desocupação 10 a 14 anos de idade (2010) Taxa de Desocupação 15 a 17 anos de idade (2000) Taxa de Desocupação 15 a 17 anos de idade (2010) Coronel Fabriciano 51,60 14,40 50,83 36,93 Ipatinga 46,96 32,06 45,59 37,34 Santana Paraíso do 50,42 23,22 57,80 26,34 Timóteo 67,75 34,04 43,71 39,95 Minas Gerais Brasil 35,05 18,61 33,82 24,89 29,94 17,30 35,90 24,19 Fonte: Censo, 2000/ Calcula-se como o número de pessoas desocupadas dividido pela População Economicamente Ativa (PEA), sendo esta a população em idade de trabalhar no período de referência e procurando trabalho. 677

244 Entre os anos 2000 e 2010, em toda a RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, a taxa de desocupação entre pessoas de 18 a 24 anos caiu, o que pode ser considerado positivo, já que significa menos jovens à procura de trabalho e provavelmente se dedicando aos estudos. Contudo, a taxa média de desocupação nessa faixa etária é maior na RMVA do que no estado e no país, mas isso também pode ser visto como positivo, já que como os índices de escolarização da região são melhores do que no restante de Minas Gerais e no Brasil como um todo, (sobretudo em relação ao acesso ao ensino superior) os jovens que estavam ocupados na semana de referência da pesquisa do IBGE poderiam estar inseridos em ocupações de melhor qualificação e formalizados (como será apresentado abaixo), inclusive com acesso a estágios de nível médio, técnico e superior. Entre a população de jovens adultos, aqueles que tem de 24 a 29 anos de idade, também caiu a taxa de desocupados entre os anos 2000 e 2010, tanto na RMVA, como no estado e no país. A taxa de desocupação na região entre a população dessa faixa etária também é menor do que em Minas Gerais e no Brasil, o que, por motivos já mencionados, pode ser considerado positivo. Esse mesmo cenário pode ser observado entre as pessoas de 18 anos ou mais, o que na verdade reflete uma tendência nacional, de migração dos indivíduos para a inatividade. Uma possível explicação é o aumento do rendimento das famílias, que proporciona a jovens, mulheres e idosos não precisarem mais trabalhar para complementar a renda familiar. Tabela 139 Taxas de Desocupação entre a População acima de 18 anos na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Taxa de Taxa de Taxa de Taxa de Taxa de Taxa de Cidades da Desocupação Desocupação Desocupação Desocupação Desocupação Desocupação RMVA, Minas 18 a 24 anos 18 a 24 anos 25 a 29 anos 25 a 29 anos 18 anos ou 18 anos ou Gerais e de idade de idade de idade de idade mais de idade mais de idade Brasil (2000) (2010) (2000) (2010) (2000) (2010) C. Fabriciano 30,73 15,57 19,24 12,56 19,46 9,98 Ipatinga 26,52 15,24 16,13 10,59 17,05 8,77 S. do Paraíso 26,12 22,61 31,15 9,48 22,66 10,39 Timóteo 27,41 23,40 17,66 13,96 17,37 11,55 Minas Gerais Brasil 21,34 13,28 12,66 7,57 12,54 6,33 23,47 15,07 14,36 8,77 13,82 7,29 Fonte: Censo, 2000/

245 7.7.2 Perfil da Ocupação na RMVA: Setores da Economia, Formalização e Rendimento Quando analisamos a distribuição da mão de obra ocupada pelos diferentes setores da economia 85, fica clara a importância do setor secundário, da indústria de transformação, para a economia da região. O percentual de ocupados nesse setor é bem mais elevado do que a média de 12% encontrada no Brasil e em Minas, ficando próximo ou acima dos 20% em todos os municípios da RMVA. Já o inverso ocorre no setor agropecuário, com proporções ínfimas da população local empregada nesse setor. Apenas em Santana do Paraíso uma proporção um pouco mais alta da população está empregada no setor agropecuário, mesmo que seja uma proporção bem baixa, de apenas 6,5%. Já a construção civil é responsável por empregar cerca de 10% da mão de obra, número um pouco maior que o de Minas Gerais e do país. Entre os anos 2000 e 2010, houve uma redução em toda a RMVA, bem como no estado e no Brasil, na proporção de ocupados no setor agropecuário, o que explica uma tendência do país de esvaziamento do meio rural, deixando prejudicado este setor primário da economia. Neste intervalo de tempo não houve um movimento consolidado em relação à indústria de transformação. Em Coronel Fabriciano, a proporção de ocupados nesse setor se manteve inalterada, em Ipatinga e Timóteo (bem como em Minas Gerais e no Brasil) houve uma ligeira queda e em Santana do Paraíso um modesto aumento. Quanto à proporção de ocupados na construção, entre 2000 e 2010, houve uma pequena contração do setor em toda a RMVA 86 e no estado e um ligeiro aumento no país. 85 As funções militares (Exército, Marinha, Aeronáutica, Polícia Militar, ou Corpo de Bombeiros) e do setor extrativo mineral, não foram contempladas na análise por representarem menos de 1% da população ocupada da RMVA e de Minas Gerais. 86 Dado que é influenciado pela ausência de um crescimento substantivo na indústria de transformação. 679

246 Tabela 140 Proporção de Ocupados na Agropecuária, na Indústria de Transformação e na Construção, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % dos ocupados no setor agropecuário - 18 anos ou mais (2000) % dos ocupados no setor agropecuário - 18 anos ou mais (2010) % dos ocupados na indústria de transformação - 18 anos ou mais (2000) % dos ocupados na indústria de transformação - 18 anos ou mais (2010) % dos ocupados na construção - 18 anos ou mais (2000) % dos ocupados na construção - 18 anos ou mais (2010) Coronel Fabriciano 2,23 1,99 19,76 19,76 10,52 9,57 Ipatinga 1,76 0,75 23,77 21,42 10,87 8,91 Santana Paraíso do 10,74 6,45 19,88 21,48 14,97 12,97 Timóteo 2,65 1,75 23,83 22,64 8,73 8,72 Minas Gerais Brasil 19,93 15,83 12,76 11,90 8,04 8,00 17,40 13,55 13,56 11,92 7,20 7,40 Fonte: Censo, 2000/2010. Entre 2000 e 2010, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil, houve um ligeiro aumento na proporção da população empregada no comércio, que por sua vez, emprega mais em Ipatinga e Coronel Fabriciano do que no resto da RMVA, com Santana empregando abaixo da média estadual e nacional nesse setor. Como em todo o resto do país, o setor de serviços é o que emprega mais trabalhadores, sendo essa proporção mais alta em Ipatinga, seguida por Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso, embora o setor tenha sofrido, bem como o setor público, uma retração no intervalo Tabela 141 Proporção de Ocupados no Comércio, no Setor de Serviços e no Setor Público, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % dos ocupados no comércio - 18 anos ou mais (2000) % dos ocupados no comércio - 18 anos ou mais (2010) % dos ocupados no setor de serviços - 18 anos ou mais (2000) Fonte: Censo, 2000/2010. % dos ocupados no setor de serviços - 18 anos ou mais (2010) % de trabalhadores do setor público (2000) % de trabalhadores do setor público (2010) Coronel Fabriciano 15,60 17,52 49,56 41,82 6,12 5,16 Ipatinga 15,47 18,41 46,43 41,89 5,01 4,46 Santana do Paraíso 8,65 11,99 44,87 36,17 12,54 5,78 Timóteo 13,37 15,30 49,52 44,20 5,34 5,66 Minas Gerais 13,53 14,60 43,19 42,48 6,91 6,67 Brasil 14,43 15,38 45,24 44,29 5,96 5,61 Grande parte dos ocupados da região, com 18 anos ou mais, é formalizada, com cerca de 70% dos trabalhadores em Ipatinga, Timóteo e Coronel Fabriciano nessa situação, e mesmo Santana do Paraíso, 680

247 onde esse percentual é mais baixo, ficando em 65%, ainda está acima da média do estado e do país, que giram em torno de 60%. Entre os anos 2000 e 2010, houve um aumento razoável no grau de formalização da população ocupada. A proporção de empregadores em toda a região, no estado e no país, gira em torno dos 2% e diminuiu entre os anos 2000 e 2010, com exceção de Santana do Paraíso. Também diminuiu a proporção de trabalhadores por conta própria, o que é positivo, já que este perfil de ocupação é considerado vulnerável, pela baixa taxa de formalização. Na RMVA os trabalhadores por conta própria representam uma proporção menor do que as encontradas em Minas Gerais e no Brasil, o que representa a importância da indústria siderúrgica na região, que amplia as possibilidades de trabalho formal. Tabela 142 Indicadores de Trabalho e Emprego na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Grau de formalização dos ocupados - 18 anos ou mais (2000) Grau de formalização dos ocupados - 18 anos ou mais (2010) % de empregadores - 18 anos ou mais (2000) % de empregadores - 18 anos ou mais (2010) % de trabalhadores por conta própria - 18 anos ou mais (2000) % de trabalhadores por conta própria - 18 anos ou mais (2010) Coronel Fabriciano 61,91 69,22 3,07 1,71 21,24 17,21 Ipatinga 65,52 73,45 3,17 2,57 17,71 16,61 Santana Paraíso do 60,85 64,95 1,10 1,49 19,09 15,27 Timóteo 67,71 74,84 2,83 2,00 19,17 16,32 Minas Gerais Brasil 54,07 62,01 3,32 2,04 22,45 20,33 51,63 59,32 3,09 2,05 24,48 21,73 Fonte: Censo, 2000/2010. Entre 2000 e 2010 houve um aumento, ainda que relativamente pequeno, na proporção de empregados com carteira assinada. Nas quatro cidades a proporção de empregados com carteira é maior do que em Minas Gerais e no Brasil. Em 2010, aproximadamente 62% dos trabalhadores de Ipatinga e Timóteo estavam nessa situação, 58% dos trabalhadores de Coronel Fabriciano e 54% em Santana, percentuais bem superiores à média de 46% para o Brasil e 47% para Minas. Além do alto grau de formalização, a renda proveniente do trabalho é relativamente alta. Mais de 70% da renda da população da RMVA é proveniente do trabalho. Três municípios apresentaram renda média per capita consideravelmente acima do salário mínimo, que à época do levantamento do IBGE em 2010, era de R$510,00. Ipatinga apresentou a maior renda R$862,91 per capita (o único município 681

248 da região com renda maior que a média nacional), seguida de Timóteo R$786,68 e Coronel Fabriciano R$685,48. Já em Santana do Paraíso, a renda média per capita foi de apenas R$495,81. Em relação ao rendimento médio dos ocupados (com 18 anos ou mais) na região, esse foi mais alto em Ipatinga do que nos outros três municípios, sendo mais alto que o rendimento médio nacional e estadual. Timóteo aparece em segundo lugar, com rendimento médio acima da média mineira e próximo à média nacional, seguido por Coronel Fabriciano, com rendimento médio próximo à média do estado, e por último Santana, com o rendimento médio mais baixo da região. Tabela 143 Formalização no Trabalho e Rendimento Médio dos Ocupados na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Coronel Fabriciano % de empregados sem carteira - 18 anos ou + (2000) % de empregados sem carteira - 18 anos ou + (2010) % de empregados com carteira - 18 anos ou + (2000) Fonte: Censo, 2000/2010. % de empregados com carteira - 18 anos ou + (2010) Grau de informalidade/ proporção de trabalho precário (2010) 19,50 16,39 48,54 57,85 35,0 Ipatinga 18,48 13,57 53,96 62,00 31,0 Santana Paraíso do 21,31 18,90 44,06 53,82 Timóteo 16,32 13,06 54,51 61,86 30,0 36,0 Rendimento médio dos ocupados - 18 anos ou mais , ,93 866, ,90 Minas Gerais 24,05 19,53 38,99 47, ,54 Brasil 22,40 19,33 38,02 46, ,19 No ano 2000 havia, na RMVA, 3,21% de ocupados sem rendimento e em 2010 esse número caiu para 1,73%, redução impactada sobretudo pelo município de Santana Paraíso, onde houve uma redução substancial no indicador. Nos dois anos, a média da RMVA de ocupados sem rendimento era menor que a proporção estadual e nacional. Quanto à remuneração média dos ocupados com rendimento, entre os anos 2000 e 2010 houve uma grande redução na proporção de trabalhadores recebendo um salário mínimo ou menos, sendo que na RMVA essa proporção é menor do que a de Minas Gerais e do Brasil. Na região, Santana do Paraíso é que tem um percentual maior de ocupados com rendimento de até um salário mínimo e Ipatinga um percentual menor. Quanto aos ocupados com rendimento de até dois salários mínimos, em 2000 eles somavam 76% dos ocupados (percentual menor, embora muito próximo, do estadual e nacional) e em 2010 essa proporção teve uma ligeira queda, ficando em 71,12%, percentual pouco menor que o de Minas Gerais e ligeiramente maior que o do Brasil. Tabela 144 Indicadores de Renda na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. 682

249 Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % dos ocupados sem rendimento - 18 anos ou mais (2000) % dos ocupados sem rendimento - 18 anos ou mais (2010) Percentual dos ocupados com rendimento de até 1 s.m anos ou mais (2000) Percentual dos ocupados com rendimento de até 1 s.m anos ou mais (2010) Percentual dos ocupados com rendimento de até 2 s.m anos ou mais (2000) Percentual dos ocupados com rendimento de até 2 s.m anos ou mais (2010) Cel.Fabriciano 1,56 2,26 44,75 13,81 73,59 68,62 Ipatinga 1,80 1,02 42,57 9,75 70,42 64,43 Snta. Paraíso 2,19 6,17 54,74 19,58 84,85 77,24 Timóteo 1,83 1,27 45,12 11,88 69,88 64,90 Minas Gerais 4,41 4,61 49,19 19,19 77,14 72,76 Brasil 6,15 5,58 43,92 21,91 72,48 69,56 Fonte: Censo, 2000/2010. O percentual de ocupados com rendimento de até três salários mínimos permaneceu quase inalterado na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Na região, eles somavam 82,39% em 2000 e 82,05% em A mesma tendência segue entre os ocupados com rendimento de até cinco salários que em 2000 representavam, na RMVA, 91,79% e em 2010, 91,93%. Quanto ao índice de Theil-L que mede o grau de desigualdade da distribuição de indivíduos segundo a renda familiar per capita 87, percebemos que entre os anos 2000 e 2010 houve uma diminuição da desigualdade, já que quanto menor o índice, mais próximo ele está da igualdade. Os municípios da RMVA com maior desigualdade segundo a renda familiar per capita são Ipatinga e Timóteo (bem como indica o índice de Gini) e o menos desigual, Santana do Paraíso. 87 No universo desta análise são também excluídos os indivíduos que apresentam renda per capita nula. 683

250 Tabela 145 Indicadores de Renda e Índice de Theil-L, na RMVA, em Minas Gerais e no Brasil. Percentual Percentual dos Percentual dos Índice de Percentual dos dos ocupados Índice de Theil-L ocupados com ocupados com Theil-L dos Cidades da ocupados com com dos rendimentos rendimento de rendimento de rendimentos RMVA, Minas rendimento de rendimento do trabalho - 18 até até 5 s.m. do trabalho - Gerais e até 3 s.m de até 3 s.m. anos 5 s.m anos - 18 anos ou 18 anos ou Brasil anos ou mais - 18 anos ou ou mais ou mais mais mais (2000) mais (2000) (2000) (2010) (2010) (2010) Coronel Fabriciano 81,88 82,50 92,09 92,48 0,53 0,35 Ipatinga 78,41 78,25 89,17 89,16 0,57 0,40 Santana Paraíso do 90,88 88,88 95,59 96,21 0,34 0,25 Timóteo 78,40 78,60 90,34 89,87 0,57 0,38 Minas Gerais 84,16 84,45 92,17 92,28 0,59 0,45 Brasil 80,68 81,67 90,33 90,40 0,62 0,51 Fonte: Censo, 2000/2010. Na RMVA, existem mais homens (29,82) do que mulheres (24,22) contribuindo com a previdência, ainda que a diferença seja residual. O que chama atenção em relação a esse indicador é a pequena proporção de mulheres contribuintes em Santana do Paraíso, que, por sua vez, é o município com maior número de beneficiários do Bolsa Família (programa de transferência direta de renda que atende famílias em situação de pobreza e extrema pobreza) ou do PETI (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). Timóteo é o município com menos famílias beneficiadas e de fato é o que apresenta os melhores indicadores educacionais e de renda. É também em Timóteo que se tem a maior proporção de aposentados/pensionistas e de aposentados/pensionistas chefes de família. Tabela 146 Contribuintes, Aposentados, Pensionistas e Beneficiários do Bolsa Família ou PETI na RMVA. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % É contribuinte de previdência Homens (2010) % É contribuinte de previdência Mulheres (2010) É beneficiário do bolsa família ou PETI (2010) % aposentados ou pensionistas (2010) % aposentados ou pensionistas chefes de família (2010) Coronel Fabriciano 26,6 24,2 4,6 14,6 27,9 Ipatinga 30,1 27,9 3,3 14,3 29,0 Santana do Paraíso 27,0 16,5 7,7 14,1 26,3 Timóteo 35,6 28,3 2,9 16,9 34,3 Fonte: Censo, Em relação aos indicadores acima apresentados, a proporção de aposentados ou pensionistas e a proporção de aposentados ou pensionistas chefes de família, vale ressaltar que a situação atual, de redução da carga da dependência, se constitui em um fenômeno conhecido como bônus demográfico, o que significa que, pelo menos por um período (estimado de se prolongar até a década de 2030), a força de trabalho na população ativa será maior do que a parcela dependente da população (crianças e idosos) e que deve ser aproveitado para a economia e o desenvolvimento local. Eventualmente, o 684

251 envelhecimento da população acarretará no encolhimento da população em idade economicamente ativa, no aumento do número de aposentados e dos que dependem da previdência social. Esse cenário trará impactos significativos para o funcionamento da economia local devido à falta de reposição da mão de obra pelo menor número de jovens entrando no mercado de trabalho. Paralelamente a esse fenômeno, existe uma demanda crescente de que, em alguns setores da economia, os trabalhadores tenham uma maior qualificação formal, sendo que, muito dos empregos que restam a quem não tem um alto nível de escolarização podem ser descritos como precários. Precários por demandarem um baixo nível de qualificação e treinamento e em geral oferecerem salários baixos, pouca ou nenhuma possibilidade de mobilidade e ascensão profissional e alta rotatividade, os chamados mcjobs, os quais, mesmo empregando em horário integral, não oferecem condições dignas de subsistência. A maior parte dos que concluem apenas o ensino fundamental ou mesmo o ensino médio não tem outra opção de emprego, a não ser o setor de serviço de baixa qualificação e pouca possibilidade de superar essa situação. A qualificação da mão de obra se tornará assim uma questão fundamental dentro do planejamento de longo prazo do desenvolvimento econômico e social da RMVA. A análise de alguns microdados do Censo 2010 nos ajuda a complementar esse perfil de ocupação/trabalho da mão de obra da região. Em ocasião do levantamento do IBGE, foi perguntado à população recenseada: 1 Se durante a semana de referência trabalhou pelo menos uma hora, ganhando em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios; 2 Se na semana de referência tinha trabalho do qual estava temporariamente afastado; 3 - Se na semana de referência trabalhou pelo menos uma hora, na plantação, criação de animais ou pesca, caça ou extração vegetal, somente para alimentação dos moradores do domicílio; 4 Quantos trabalhos tinha na semana de referência; 5 E se na semana de referência ajudou pelo menos uma hora, sem receber qualquer pagamento, no trabalho remunerado de algum morador do domicílio. No quadro abaixo são apresentadas as frequências de respostas entre a população da RMVA e do estado de Minas Gerais, a nível de comparação. Observamos um perfil bastante próximo da RMVA com o restante do estado, porém, o que chama atenção, são os piores indicadores de Santana do Paraíso, com uma proporção relativamente alta, por exemplo, quando comparado com os demais municípios, de pessoas que ajudam outro morador do domicílio em seu trabalho remunerado sem 685

252 receber pagamento pelos serviços e também de pessoas que exercem atividades primárias a fim de prover a própria alimentação ou de demais moradores, o que aproxima Santana do Paraíso do perfil encontrado no Colar Metropolitano e distancia da RMVA, ou seja, o município vive dentro da RMVA, em um cenário de segregação: quando há proximidade geográfica e grandes diferenças no que se refere a indicadores sociais, econômicos e de qualidade de vida. Tabela 147 Perfil da Ocupação na RMVA e em Minas Gerais. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % que recebia em forma de dinheiro, produtos ou benefícios (2010) %de afastados (2010) % na ativ. primária para alimentação dos moradores do domicilio (2010) % que tinha mais de 1 trabalho (2010) % que ajudou morador do domicílio Coronel Fabriciano 46,6 3,8 1,3 3,5 1,3 Ipatinga 48,6 4,4 0,3 3,6 0,8 Santana do Paraíso 45,4 4,2 4,5 3,0 4,1 Timóteo 46,5 4,6 0,7 3,7 0,7 Minas Gerais 50,0 4,3 3,7 4,3 1,9 Fonte: Censo, Em suma, consideramos que as especificidades da região do Vale do Aço no que se refere às políticas de trabalho e emprego são a grande desigualdade entre os municípios sobretudo de Santana do Paraíso em relação às demais cidades da RMVA e a falta de qualificação da mão de obra local. Podese dizer então que o principal apontamento deste diagnóstico reside na ênfase que deveria ser dada a programas de qualificação profissional, levando-se em consideração o legado que o Vale do Aço tem na área da siderurgia, mas também buscando contemplar a necessidade de crescimento via demais setores da economia. Além disso as áreas mais carentes devem, indiscutivelmente, ser priorizadas. 7.8 Pobreza e Desigualdade No Brasil, a pobreza é normalmente definida como a incapacidade de os indivíduos apresentarem condição de vida adequada em decorrência dos baixos rendimentos auferidos. Embora mensurada fundamentalmente pela renda, a pobreza não se limita a ela, revelando-se também por meio da privação de necessidades básicas, como a carência de direitos, de oportunidades, de informações e de possibilidades ou, mais especificamente, as pessoas em condição de insegurança alimentar e nutricional, baixa escolaridade, pouca qualificação profissional, fragilidade de inserção no mercado de trabalho, acesso precário à água, energia elétrica, transporte, saúde e moradia como é demonstrado nos demais temas do diagnóstico do Eixo Desenvolvimento Social demandando um enfoque multidimensional entre as áreas que o compõem e também com os demais eixos. Pessoas em situação de pobreza são então aquelas que, de forma temporária ou permanente, não tem acesso a um mínimo 686

253 de bens e recursos, sendo excluídas em graus diferenciados da riqueza social. Infelizmente, a pobreza e a desigualdade continuam sendo um dos principais problemas do país e de forma geral está associada a situações de carência e vulnerabilidade social Principais Indicadores de Pobreza e Desigualdade na RMVA Embora os indicadores sociais do Brasil tenham avançado consideravelmente nos últimos anos, quando se faz recortes geográficos menores, elevados níveis de desigualdade e de pobreza podem ser observados. Dessa forma, compreendemos que uma análise do tema, a nível de uma região metropolitana, deve ser tanto temporal, quanto espacial, em virtude das especificidades de cada município. A estruturação de políticas públicas deve então seguir cada realidade local, pois as demandas não são padronizadas. Existem municípios que diferem-se e assemelham-se, e para identificá-los, é necessário analisar uma série de variáveis que reflitam suas condições. Em relação à pobreza e desigualdade social, o índice de Gini é o indicador composto mais utilizado nessa mensuração, pois mede a distribuição de renda. De acordo com esse indicador, que vai de 0 a 1, quanto mais próximo de zero, menos desigual, ou seja, menor a distância entre pobres e ricos. Santana do Paraíso, apesar de ser o município mais pobre da região, é o menos desigual, com índice de Gini 88 de 0,42. Ipatinga é o município que tem maior renda per capita da região e o que apresenta maior concentração de renda, com índice de Gini 0,52. Em seguida aparecem Coronel Fabriciano e Timóteo, com índice de 0,48 cada, número próximo ao encontrado para o estado de Minas (em 0,476). Comparado com os dados para 2000, ocorreu uma redução no nível de desigualdade social na região na última década e para todos os quatro municípios da região esses indicadores são melhores que o indicador para o Brasil como um todo. No ano 2000, Santana do Paraíso tinha uma alta proporção, a maior da RMVA e também maior que a do estado e do país, de pessoas extremamente pobres, conceito, definido pelo MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome como o estado de privação de um indivíduo cujo bem estar é inferior ao mínimo que a sociedade a qual pertence julga obrigada a garantir. Em 2010, contudo, o município avançou nesse sentido e passou a ter uma proporção menor que as encontradas em Minas Gerais e no Brasil, porém segue sendo o município mais carente da RMVA. Em relação à 88 Mede o grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda domiciliar per capita de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um indivíduo detém toda a renda).o universo de indivíduos é limitado àqueles que vivem em domicílios particulares permanentes. 687

254 população vulnerável à pobreza e dependente de idosos, no ano 2000, apenas Santana do Paraíso tinha uma proporção maior que o país e que o estado de pessoas nesse perfil. Já em 2010, na RMVA, Coronel Fabriciano passa a liderar essa proporção, mas mesmo assim segue abaixo do que foi encontrado no Brasil e em Minas Gerais. Tabela 148 Pobreza, Desigualdade e Vulnerabilidade Social. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Índice de Gini - indicador de desigualdade (2000) Índice de Gini - indicador de desigualdade (2010) Percentual da população extremamente pobre (2000) Percentual da população extremamente pobre (2010) Percentual da pop. vulnerável à pobreza e dependente de idosos (2000) Percentual da pop. vulnerável à pobreza dependente de idosos (2010) Cel. Fabriciano 0,54 0,48 6,28 2,38 2,71 1,99 Ipatinga 0,55 0,52 4,82 1,13 1,50 1,40 Stna. Paraíso 0,50 0,42 15,27 3,18 3,64 1,50 Timóteo 0,52 0,48 4,70 1,03 2,24 1,70 Minas Gerais 0,61 0,56 9,05 3,49 3,05 2,14 Brasil 0,64 0,60 12,48 6,62 3,41 2,42 Fonte: Censo, 2000/2010. As quatro cidades tem índices menores que do estado e do país em relação à pobreza e extrema pobreza. Timóteo é o município com menor número de pessoas extremamente pobres e pobres, seguido de Ipatinga, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso. Os quatro municípios da região também apresentam índices mais baixos de crianças extremamente pobres e pobres do que a média estadual e nacional, tendo avançado consideravelmente entre as décadas de 2000 e Esses indicadores são muito positivos, porém é importante lembrar que Santana do Paraíso tem uma proporção considerável (e maior do que a de Minas Gerais) de pessoas vulneráveis à pobreza 89 _ 31,5%. Nos outros três municípios a vulnerabilidade à pobreza gira em torno dos 20%, bem abaixo da média do estado. Ainda em relação à vulnerabilidade, Santana do Paraíso tem uma alta proporção (acima da média estadual e nacional) tanto de crianças em domicílios em que ninguém tem fundamental completo, quanto de pessoas em domicílios em que ninguém tem fundamental completo, sendo 31,5% no primeiro perfil e 28,9% no segundo. No Brasil, 30,4% das crianças residem em domicílios em que nenhum adulto tem ensino fundamental completo. Em Minas Gerais essa proporção é bem próxima da nacional, ficando em 30,5%. 89 Indivíduos com renda domiciliar per capita igual ou inferior a R$ 255,00 mensais, em reais de agosto de 2010, equivalente a 1/2 salário mínimo nessa data. O universo de indivíduos é limitado àqueles que vivem em domicílios particulares permanentes. 688

255 Tabela 149 Pobreza e Vulnerabilidade Social. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil %de crianças extremamente pobres 2000 %de crianças extremamente pobres 2010 %de pessoas em domicílios em que ninguém tem fundamental completo 2000 %de crianças em domicílios em que ninguém tem fundamental completo 2010 Cel. Fabriciano 10,79 4,66 41,58 20,42 Ipatinga 8,83 2,27 36,50 19,27 Stna. Paraíso 22,72 5,19 56,62 32,10 Timóteo 8,23 2,53 32,95 15,92 Minas Gerais 15,53 6,35 49,81 30,52 Brasil 20,19 11,47 49,86 30,39 Fonte: Censo, 2000/2010. O fato de grande parte da renda da RMVA vir de salários e destes serem relativamente altos, em função da força da indústria siderúrgica local, ajuda a explicar o menor grau de pobreza e de desigualdade social encontrada na região comparativamente ao estado e ao país, ainda que muito exista para ser feito no sentido de garantir condições plenas do exercício dos direitos de cidadania aos moradores, principalmente no que diz respeito a garantir que as próximas gerações tenham condições de romper com o círculo da pobreza. A atenção especial às crianças e aos jovens configura um ponto importante desse processo. Ainda que o crescimento da população idosa se constitua uma preocupação central para o planejamento de políticas públicas de saúde, os consecutivos aumentos reais nos valores do salário mínimo fizeram que a população idosa, que recebe aposentadoria e pensões, seja proporcionalmente menos presente entre a parcela da população vulnerável à pobreza. Um indicador importante de vulnerabilidade social são as pessoas que vivem em domicílios vulneráveis à pobreza e dependentes de idosos, mas no caso da RMVA nenhum município tem mais de 2% de pessoas nesse perfil. Entre os anos 2000 e 2010 é considerável o aumento do PIB per capita de todos os municípios da RMVA 90, sendo PIB per capita o Produto Interno Bruto, ou seja, a soma de todos os bens de uma cidade, região, estado ou país, dividida pela quantidade de habitantes do mesmo. Grande destaque nesse sentido tem Timóteo e Ipatinga 91, com um per capita maior que o do Brasil e de Minas Gerais, o que se dá em virtude de grandes empresas instaladas nesses municípios, como a Cenibra e a Usiminas. 90 Segundo dados da Fundação João Pinheiro (2008) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2010), a Região Metropolitana do Vale do Aço concentra 2,20% da população de Minas Gerais e aproximadamente 3% do PIB estadual. 91 Um PIB alto não significa um bom Índice de Gini. Ipatinga por exemplo é o município mais desigual da região. 689

256 Quanto à renda per capita, indicador que consiste na divisão do coeficiente da renda advinda de salários pelo número de habitantes, observamos que entre os anos 2000 e 2010, o cenário segue bastante parecido. Ipatinga tinha na década anterior e segue tendo a maior renda per capita da RMVA, maior inclusive que a do estado e do país, enquanto Santana do Paraíso a menor. A média da renda per capita da região metropolitana é de R$707,72. Comparando a RMVA ao Colar Metropolitano, cuja renda per capita média é de apenas R$441,00, observamos uma grande desigualdade, o que revela contrastes de acesso a serviços básicos e grande segregação sócio espacial. Os municípios do Colar com menor renda per capita são Córrego Novo, Periquito, Pingo D Água, Bugre, Açucena, Sobrália, São João do Oriente, Entre Folhas e Joanésia. Os que tem maior renda per capita (maior inclusive que a de Santana do Paraíso) são Braúnas, Dom Cavati e Belo Oriente. Tabela 150 PIB e Renda Per Capita Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil PIB PER CAPITA 2000 PIB PER CAPITA 2010 RENDA PER CAPITA (2000) RENDA PER CAPITA (2010) Cel. Fabriciano 2.932, ,39 517,45 685,48 Ipatinga 9.676, ,6 613,05 862,91 Stna. Paraíso 2.909, ,90 495,81 Timóteo , ,21 589,80 786,68 Minas Gerais 5.580, ,89 548,87 749,69 Brasil 6.486, ,00 592,46 793,87 Fonte: Censo, 2000/2010. Ainda em relação à renda, é interessante observar o cenário de desigualdade quando comparamos a renda per capita média da população da RMVA, com a renda da população dos extremamente pobres (que é de até R$70,00 mensais), dos pobres (até R$140,00) e dos vulneráveis à pobreza (até R$255,00/meio salário mínimo à época do recenseamento do IBGE). Em relação aos extremamente pobres o cenário é mais preocupante, já que no intervalo a renda per capita média dessa parcela da população diminuiu. Considerando que os extremamente pobres são aqueles que, em agosto de 2010, conforme supracitado, tinham um rendimento de até R$70,00 mensais, observamos que na RMVA, as pessoas que estavam nessa condição recebiam, em média, a metade desse valor, sendo este também o cenário do restante do estado e do país. 690

257 Tabela 151 Renda Per Capita Média dos Extremamente Pobres, dos Pobres e dos Vulneráveis à Pobreza. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Cel. Fabriciano Renda per capita média dos extremamente pobres (2000) Renda per capita média dos extremamente pobres (2010) Renda per capita média dos pobres (2000) Renda per capita média dos pobres (2010) Renda per capita média dos vulneráveis à pobreza (2000) Renda per capita média dos vulneráveis à pobreza (2010) 45,89 33,75 84,79 86,67 143,91 166,09 Ipatinga 46,63 32,48 87,85 99,13 147,09 173,26 Stna. Paraíso 43,42 36,99 76,44 88,46 127,64 165,90 Timóteo 45,27 40,51 88,18 100,79 148,26 175,85 Minas Gerais 38,82 32,4 79,64 85,95 134,56 159,36 Brasil 35,64 31,66 72,75 75,19 123,07 142,72 Fonte: Censo, 2000/2010. Intimamente associado ao tema da vulnerabilidade, da pobreza e da extrema pobreza, está a discussão sobre os programas de transferência de renda, cujos principais expoentes no nosso país são o Bolsa Família que é um programa de transferência direta de renda que beneficia famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país e o PETI Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, que articula um conjunto de ações para retirar crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos da prática do trabalho precoce, exceto quando na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. O programa compreende transferência de renda prioritariamente por meio do Programa Bolsa Família, acompanhamento familiar e oferta de serviços sócio assistenciais, atuando de forma articulada com estados e municípios e com a participação da sociedade civil (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE à FOME, 2014). Na tabela abaixo, apresentamos a proporção de famílias atendidas por esses benefícios, bem como o valor a elas médio transferido. 691

258 Tabela 152 Proporção de Pessoas Atendidas por Programas Sociais e Valor Médio de Transferência do Bolsa Família. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % de pessoas que recebem algum rendimento do PBF ou PETI (2010) % de pessoas que recebe rendimento de algum outro programa social (2010) Valor médio das transferências do PBF (2010) Cel. Fabriciano 4,6 2,6 83,05 Ipatinga 3,3 2,6 85,92 Stna. Paraíso 7,7 2,5 89,75 Timóteo 2,9 2,6 78,25 Minas Gerais 5,5 2,5 Brasil Fonte: Censo, Observamos que Santana do Paraíso, o município mais carente da RMVA é o que tem uma proporção maior de pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família e/ou pelo PETI, bem como é o que tem o maior valor médio de transferência do programa. Timóteo tem menos pessoas atendidas, bem como um menor valor médio transferido, tem também, por sua vez, os melhores indicadores educacionais e de renda Local de Moradia, Cor e Sexo e como Fatores Determinantes da Desigualdade Analisando as bases censitárias dos anos 2000 e 2010, observamos que no Brasil, bem como em Minas Gerais e na RMVA, a desigualdade de renda entre as famílias vem-se reduzindo. Esse comportamento é seguido pelos domicílios rurais e urbanos, pela população preta e parda e também entre as mulheres. Contudo, fortes desigualdades ainda persistem e devem então ser contempladas. Comparando os domicílios urbanos e rurais, na RMVA há uma diferença de quase 40% no valor do rendimento nominal médio mensal per capita dos domicílios particulares permanentes. Enquanto o rendimento médio dos domicílios urbanos é de R$784,04, entre os domicílios rurais é de apenas R$ 481,36 (valor abaixo ao salário mínimo à época do recenseamento do IBGE, que era R$510). Ipatinga tem o maior rendimento médio mensal, seja em setores urbanos, seja em setores rurais, Santana do Paraíso o menor rendimento nos domicílios urbanos e Timóteo o menor entre os domicílios rurais. Embora a RMVA tenha um caráter eminentemente urbano Coronel Fabriciano tem apenas 1,25% da população em área rural, Ipatinga 1,04%, Santana do Paraíso, 7,39% e Timóteo apenas 0,15% - o Colar Metropolitano, além de ser formado por vários municípios de pequeno porte (até 10 mil habitantes), tem mais de 30% da sua população em área rural, proporção muito superior à do Brasil (15,64%) e de 692

259 Minas Gerais (14,71%). Essa característica deve ser levada em conta no enfrentamento da pobreza, através de políticas públicas descentralizadas, que levem em consideração essas especificidades locais. Além de grande desigualdade no valor do rendimento nominal médio mensal dos domicílios, há também uma desigual distribuição de serviços entre as áreas urbanas e rurais 92. Tabela 153 Rendimento Médio por Local de Moradia e Cor. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Valor do rendimento nominal médio mensal per capita dos domicílios particulares permanentes (Urbano) 2010 Valor do rendimento nominal médio mensal per capita dos domicílios particulares permanentes (Rural) 2010 Valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento (Brancos) Valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento (Pretos) Valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento (Amarelos) Valor do rendimento nominal médio mensal das pessoas com rendimento (Pardos) C. Fabriciano 743,1 454, ,99 938,15 996, ,10 Ipatinga 970,89 552, , , , ,70 Stna. Paraíso 552,54 488,87 977,86 817,07 663,4 893,79 Timóteo 869,66 429, ,28 972,35 813, ,19 Minas Gerais 1.520,44 849, ,72 920,63 Brasil 1.705,84 923, ,09 954,87 Fonte: Censo, Na tabela acima, também podemos observar uma acentuada desigualdade entre o rendimento nominal médio mensal da população branca e não branca. Na RMVA o rendimento médio entre os brancos era, em 2010, R$1439,83, enquanto das pessoas que não se declararam brancas, R$ 1018,78 o que significa dizer que a população não branca ganha aproximadamente 30% a menos. Ao compararmos brancos e pretos, a diferença é ainda maior, já que a renda média das pessoas de cor preta na RMVA é de R$941,19. Fazendo uma hierarquia da renda por cor, o maior rendimento, como dito, é dos brancos, seguidos dos amarelos, pardos e pretos. Esses números indicam a necessidade da região do Vale do Aço, bem como de todo estado e país, já que seguem a mesma tendência, de se pensar políticas de promoção da igualdade racial (o que está intimamente associado às desigualdades no sistema educacional). Quanto à desigualdade de gênero, na última década (considerando o intervalo 2000/2010), o salário das mulheres teve um ganho real maior que o dos homens, contudo, comparando o rendimento médio de homens e mulheres, observamos que apesar dos recentes avanços, no sentido de aumentar a 92 Ver LAMPREIA, Luiz Felipe. Relatório Brasileiro sobre desenvolvimento social. Estud. av. vol.9 nº.24 São Paulo May/Aug Segundo este, e outros estudos, há também nas áreas rurais uma taxa, relativamente alta, de atividade entre crianças. 693

260 igualdade e justiça social, as diferenças por sexo persistem, ainda que de forma encoberta, com força significativa. Na RMVA, o rendimento médio mensal dos homens, segundo o Censo de 2010, era de R$1506,50, enquanto o das mulheres R$ 850,19, o que representa que elas ganham, em média, 56% do que eles ganham - diferença percentual maior do que a encontrada entre sexos a nível estadual e nacional. Esse dado se torna ainda mais preocupante ao lembrarmos, como foi elucidado no tema da Educação, que as mulheres na RMVA (bem como em Minas Gerais e no Brasil), são mais instruídas que os homens, já que demonstra que, embora mais qualificadas o mercado de trabalho não absorve a mão de obra feminina de maneira se quer igual aos homens. Deve-se também ressaltar que o rendimento médio mensal das mulheres na RMVA é significativamente menor que a média do Brasil e também de Minas Gerais. Já os homens da região tem um rendimento maior que a média do estado e praticamente igual à do país. Isso significa que o Vale do Aço demanda grande atenção nas políticas voltadas para a diminuição das desigualdades de gênero, sobretudo no mercado de trabalho. Como na região os setores da indústria da transformação e da construção empregam uma parcela relativamente alta da população, e, no geral, homens dominam os empregos nesses setores, que normalmente pagam melhor que os empregos nos setores de serviços e comércio, dominados por mulheres, essa segmentação no mercado de trabalho local contribui para acentuar a discrepância da renda entre homens e mulheres na região, persistindo assim com a desigualdade de gênero. A menor proporção de mulheres ocupadas que contribuem para a previdência, identificada em todos os munícipios da região e de forma ainda mais acentuada em Santana do Paraíso, deixa ainda mais caracterizada a precariedade da inserção da mulher no mercado de trabalho na região e traz sérias consequências para a segurança econômica das mulheres em longo prazo, quando perdem a garantia da aposentadoria e o acesso aos direitos do trabalho. 694

261 Tabela 154 Rendimento Médio e Contribuição Previdenciária de Homens e Mulheres. Rendimento médio % é contribuinte de Cidades da RMVA, Rendimento médio em R$ previdência Minas Gerais e em R$ Feminino Masculino Brasil Masculino (2010) (2010) (2010) % é contribuinte de previdência Feminino (2010) Cel. Fabriciano 1.452,63 811,75 26,6 24,20 Ipatinga 1.771, ,22 30,1 27,90 Stna. Paraíso 1.122,59 611,48 27,0 16,50 Timóteo 1.679,60 938,31 35,6 28,30 RMVA 1.506,50 850,19 29,82 24,22 Minas Gerais 1.441,73 954,03 25,90 23,90 Brasil 1.422, ,57 Fonte: Censo, Outra situação que contribui para um cenário de desigualdade e pobreza é o aumento acentuado da proporção de domicílios com chefia feminina, que está crescendo a cada ano no Brasil, tendo chegado a 37% dos domicílios em As quedas nas taxas de fecundidade e a participação feminina no mercado de trabalho, acompanhado por níveis cada vez maiores de escolarização entre as mulheres, contribuíram, e muito, para que a mulher saísse de uma situação de exclusão para um lugar de empoderamento na sociedade brasileira. Contudo, devido ao fato do rendimento médio das mulheres ainda ser significativamente mais baixo dos que os dos homens, (como pode ser observado tabela XX) domicílios chefiados por mulheres tem em média, renda mais baixa. Essa discrepância na renda torna as mulheres, principalmente aquelas que são chefes de família e tem filhos dependentes, mais prováveis de estarem em situação de pobreza. Na RMVA, graças ao melhor nível de escolarização da região, é relativamente baixa a proporção de mães chefes de família, sem ensino fundamental completo e com filhos menores de 15 anos presentes no domicílio, grupo que se constitui hoje o mais sujeito à condição de pobreza e de pobreza extrema. Apenas em Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano essa proporção se aproxima da média do estado, que está abaixo da média nacional. Uma política de atenção focalizada nesse grupo específico pode contribuir para que as gerações futuras rompam com as condições que os mantem na pobreza, principalmente a baixa escolarização e a inserção precária no mercado de trabalho. Quanto à proporção de mulheres que tiveram filho entre 10 e 17 anos, observamos que a média da RMVA (4,82) está abaixo da encontrada no Brasil e em Minas Gerais, no entanto, é preocupante o indicador de Santana do Paraíso, com uma proporção de 9,46% de mulheres que foram mães ainda na infância ou na adolescência. 695

262 Tabela 155 Rendimento Médio e Contribuição Previdenciária de Homens e Mulheres. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % de mães chefes de família s/ fundamental completo e c/ filhos menores de 15 anos % de mulheres responsáveis pelas famílias % de mulheres de 10 a 17 anos que tiveram filhos 2010 C. Fabriciano 13,8 36,7 3,29 Ipatinga 10,5 30,9 3,22 Stna. Paraíso 14,6 26,2 9,46 Timóteo 10,5 32,3 3,33 Minas Gerais 14,9 5,39 Brasil 17,3 37,0 7,38 Fonte: Censo, 2010/Atlas PNUD/ Condições de Salubridade Domiciliar e Acesso a Bens A vulnerabilidade habitacional também é extremamente importante para identificarmos situações de maior ou menor precariedade na RMVA: Coerente com a Constituição Federal, que considera a habitação um direito do cidadão, com o Estatuto da Cidade, que estabelece a função social da propriedade e com as diretrizes do atual governo, que preconiza a inclusão social, a gestão participativa e democrática, a Política Nacional de Habitação visa promover as condições de acesso à moradia digna a todos os segmentos da população, especialmente o de baixa renda, contribuindo, assim, para a inclusão social.(política Nacional de Habitação, Ministério das cidades, p. 29). A Tabela 88 abaixo apresenta as condições de salubridade domiciliar, que são aqui avaliadas pelos indicadores de acesso aos serviços de água, esgoto, energia e coleta de lixo. A melhor situação em relação a esses quatro indicadores é de Ipatinga, seguida em geral por Coronel Fabriciano e Timóteo que estão relativamente empatadas. Em uma situação de maior desvantagem está Santana do Paraíso. Na verdade, em todos os quatro municípios a oferta desses serviços está próxima da universalização. Os indicadores mais baixos registrados pelo Censo de 2010 foram: domicílios com água encanada em Timóteo 96% e 97% em Santana do Paraíso e coleta de lixo em Santana do Paraíso 97%. Em todos os outros indicadores os municípios apresentavam cifras acima de 98%. Santana do Paraíso tem 1,47 domicílios com água e esgotamento inadequados 93 (indicador apresentado no quadro XX, abaixo), os outros municípios têm cifras abaixo de 1. A questão que deve ser explorada em relação a este item é a qualidade dos serviços, ou seja, se não há queda de energia, se não falta água, se a qualidade da coleta de lixo é boa, se não há problemas com o esgoto. Em geral, esses serviços costumam ter qualidades diferenciadas dependendo das regiões, o que reforça as desigualdades intrarregionais. 93 Domicílios nos quais o abastecimento de água não provê de rede geral e cujo esgotamento sanitário não é realizado por rede coletora de esgoto ou fossa séptica. 696

263 Tabela 156 Condições de Salubridade Domiciliar. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Percentual da população que vive em domicílios com água encanada (2010) Percentual da população que vive em domicílios com banheiro e água encanada (2010) Percentual da população que vive em domicílios com densidade superior a dois pessoas por dormitório (2010) % percentual da população que vive em domicílios urbanos com serviço de coleta de lixo (2010) Percentual da população que vive em domicílios com energia elétrica (2010) Cel. Fabriciano 97,54 97,67 18,16 98,36 99,84 Ipatinga 98,14 98,72 16,81 99,85 99,93 Stna. Paraíso 96, ,70 97,41 99,57 Timóteo 96,25 97,76 15,30 98,90 99,91 Minas Gerais 94,44 94,91 18,91 97,85 99,35 Brasil 92,72 87,16 27,83 97,02 98,58 Fonte: Censo, Quanto aos domicílios com paredes inadequadas 94, na RMVA tem-se 0,57% de pessoas vivendo nessas condições, índice menor que o do estado e consideravelmente menor que o do país. Em relação ao acesso a telefones fixo ou celular, geladeira e televisão as diferenças são muito pequenas. O que irá distinguir hoje os municípios é a posse do computador e, principalmente, o acesso à internet (como será apresentado na tabela abaixo). Uma análise geral desses dois itens mostra uma situação ligeiramente mais favorável a Timóteo em relação a Ipatinga, mas ambos estão numa situação muito próxima, e bem melhor do que os outros dois municípios. Em segundo lugar aparece Coronel Fabriciano e, mais distante, Santana do Paraiso. Este município tem apenas 21,97 domicílios com microcomputador e internet, o que equivale à metade dos domicílios de Timóteo com computador e internet (43,36). Ipatinga tem 42,29 e Coronel Fabriciano 35,98. Se os primeiros bens água, luz, esgoto e lixo são indicadores de salubridade, mas também de conforto, geladeira e máquina de lavar tem relação com o conforto, mas também com a possibilidade da mulher poder trabalhar fora e diminuir a sua carga de serviços domésticos. Já telefone (100% dos domicílios possuem) e computador com internet além da relação com acesso à informação de várias naturezas são também instrumentos importantes para estudo e/ou trabalho. 94 Razão entre as pessoas que vivem em domicílios cujas paredes não são de alvenaria nem de madeira aparelhada e a população total residente em domicílios particulares permanentes multiplicado por 100. São considerados apenas os domicílios particulares permanentes (ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL, 2013). 697

264 Tabela 157 Condições de Salubridade Domiciliar e Acesso a Bens por Domicílio. % de pessoas em domicílios com % de pessoas % de pessoas Cidades da abastecimento de % em domicílios em domicílios RMVA, Minas água e Domicílios com paredes sem energia Gerais e Brasil esgotamento c/ geladeira inadequadas elétrica (2010) sanitário inadequados % Domicílios c/máquina de lavar roupa %Domicílios c/tv Cel. Fabriciano 0,60 0,96 0,16 97,75 43,22 97,0 Ipatinga 0,12 0,18 0,07 99,0 51,39 97,27 Stna. Paraíso 1,47 0,63 0,43 97,39 31,49 93,39 Timóteo 0,50 0,54 0,09 98,39 55,79 97,89 Minas Gerais 1,84 0,97 0,65 82,87 41,12 83,48 Brasil 6,12 3,42 1,42 93,67 47,27 95,0 Fonte: Censo, Em relação à posse de carros e motocicletas as diferenças se mantêm. No caso do carro, 51,15% dos moradores de Timóteo o tem, 49,93 de Ipatinga, 42,18 de Coronel Fabriciano e 38,39 de Santana do Paraíso. Já motocicleta é o único bem que Santana do Paraíso tem mais do que os outros: um quarto de seus domicílios (25,74) tem motocicletas. Os domicílios dos outros municípios apresentaram as seguintes taxas relativas à posse de motocicleta: 24,96% em Timóteo, 22,56% em Ipatinga e 20,46% em Coronel Fabriciano. A motocicleta é hoje um modo de locomoção mais acessível que o carro, além de uma ferramenta de trabalho para muitos. O que esses dados mostram é que as condições dos serviços urbanos são ligeiramente superiores em Ipatinga, seguida de perto por Coronel Fabriciano e Timóteo e em uma situação um pouco mais distante, ou seja, com indicadores piores, encontra-se Santana do Paraíso. Já em relação aos bens, a situação de Timóteo é ligeiramente melhor que a de Ipatinga, seguidos, os dois municípios, por coronel Fabriciano e, mais distante, Santana do Paraíso. Tabela 158 Acesso a Bens por Domicílio. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Cel. Fabriciano % Domicílios com automóvel de uso particular % Domicílios com motocicleta de uso particular % Domicílios com microcomputador % Domicílios com microcomputador e internet % Domicílios com telefone (fixo ou celular) 42,18 20,46 45,40 35,98 100,0 Ipatinga 49,93 22,56 53,55 42,29 100,0 Stna. Paraíso 38,39 25,74 30,79 21,97 100,0 Timóteo 51,15 24,96 53,11 43,36 100,0 Minas Gerais 41,21 20,26 38,0 29,47 100,0 Brasil 39,49 19,45 38,30 30,70 100,0 Fonte: Censo,

265 Observamos que os atributos que determinam uma situação de pobreza na RMVA são os mesmos que se destacam em todo país: baixo nível educacional (que somente possibilita o acesso a postos de trabalho de baixa produtividade e remuneração, os quais exigem pouca ou nenhuma qualificação), características do chefe de família (famílias chefiadas por mulheres são particularmente vulneráveis à pobreza), segregação racial, estrutura familiar e local de residência (rural/urbano e regional), o que demanda, de fato, políticas públicas transversais. 7.9 Perfis de Vulnerabilidade da Região Metropolitana do Vale do Aço MG, em 2010 O presente relatório tem por objetivo analisar perfis sociodemográficos da Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) em Minas Gerais (MG), Brasil, em consonância com a elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) da região. Propõe-se identificar áreas de vulnerabilidade social a partir da análise multivariada de indicadores de composição demográfica e socioeconômica no interior dos municípios que compõem a região. Para tanto, utilizaram-se os dados do universo do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os quais possuem agregação geográfica ao nível dos setores censitários. A análise foi feita através da técnica de análise estatística denominada Grade of Membership (GOM) Material e Métodos Fonte de Dados Buscando o delineamento de perfis socioeconômicos dos municípios da RMVA com o objetivo de caracterizar áreas de vulnerabilidade, utilizaram-se os dados do universo do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2011). O Censo contém informações sobre condições de habitação, demografia, trabalho e rendimentos, aspectos educacionais, migração e fecundidade. As unidades de análise são os domicílios brasileiros e seus respectivos moradores. Do ponto de vista da coleta dos dados, o levantamento se divide entre: (i) universo: aplicado à totalidade da população para auferir características básicas de caracterização dos domicílios e demográfica dos moradores e (ii) amostra: baseada em uma amostra probabilística correspondente a uma fração de domicílios em cada município com informações mais detalhadas (especialmente sobre educação, trabalho e fecundidade, aspectos não presentes no universo). Sua 699

266 periodicidade é anual, sendo que o último inquérito é de Possui abrangência geográfica para todo o Brasil, grandes regiões, Unidades da Federação, Regiões Metropolitanas, municípios e setores censitários (menor unidade geográfica criada para fins de controle cadastral da coleta). Apenas os dados do universo estão disponíveis para os setores censitários. Define-se como domicílio o local de moradia constituído por um ou mais cômodos e que seja separado e independente. Um domicílio pode ser considerado como (i) particular, no qual o relacionamento entre seus ocupantes seja ditado por laços de parentesco, dependência doméstica ou, ainda, normas de convivência 95, (ii) particular permanente, aquele particular destinado exclusivamente à habitação e que, na data de referência 96, servia de moradia para uma ou mais pessoas e ainda (iii) coletivo, aquele destinado à habitação de pessoas em cujo relacionamento prevalecia normas administrativas, tais como hotéis, pensões, orfanatos, asilos, penitenciárias e quartéis. Apesar de haver contagem em todos os tipos de domicílio, apenas os moradores de domicílios particulares permanentes são entrevistados. São quesitos que caracterizam o domicílio, disponíveis nos dados do universo: tipo de domicílio, número de cômodos, número de cômodos que servem de dormitório para os moradores do domicílio, condição de ocupação, forma de abastecimento de água, forma de canalização da água, número de banheiros, existência de sanitário, tipo do escoadouro do banheiro ou sanitário, destino do lixo, existência de iluminação elétrica (op. cit.). Por outro lado, define-se como morador aquela pessoa que tinha o domicílio como o local de residência habitual e que, por ocasião da entrevista, estava presente ou ausente temporariamente por um período não superior a 12 meses em relação àquela data. Quanto às características dos moradores é possível investigar, nos dados do universo, o sexo, a idade, a raça/cor da pele, se a pessoa é alfabetizada e o rendimento médio mensal. Cada morador é classificado segundo sua condição na unidade domiciliar, as quais descrevem sua posição em função da relação com a pessoa de referência. A pessoa de referência é aquela de 10 anos ou mais de idade, de qualquer sexo, que morava sozinha ou que foi reconhecida pelos moradores como responsável pela unidade domiciliar (op. cit.). 95 Entendeu-se como dependência doméstica a situação de subordinação dos empregados domésticos e agregados em relação à pessoa responsável pelo domicílio e por normas de convivência as regras estabelecidas para convivência de pessoas que residiam no mesmo domicílio e não estavam ligadas por laços de parentesco nem de dependência doméstica. 96 A data de referência do Censo é a de 31 de julho de

267 O Método Para alcançar o objetivo proposto de analisar os perfis socioeconômicos de municípios da RMVA, tendo em vista características dos setores censitários, no que se referem a seus domicílios e moradores, aplicou-se o método Grade of Membership 97. O GOM é uma técnica de agrupamentos, o qual se baseia na teoria dos conjuntos fuzzy, ou nebulosos. Ao contrário da teoria clássica, na qual são definidos conjuntos fechados cujos elementos pertencem ou não a esses conjuntos, na lógica nebulosa os elementos podem pertencer aos múltiplos conjuntos parcialmente. Trata-se de um método que demonstra pertinência na análise de populações heterogêneas (MANTON, WOODBURY e TOLLEY, 1994). O delineamento de conjuntos através deste método, denominados perfis k, considera a associação não observada entre as categorias das variáveis incluídas no modelo analítico. São delineados dois ou mais perfis, denominados extremos, correspondentes a conjuntos fechados. Para tanto, estima-se a probabilidade de uma categoria l, de uma variável j, pertencer ao perfil extremo k, ou seja, a probabilidade de resposta l para a j-ésima variável caracterizar o k-ésimo perfil extremo, denotada kjl. Ao mesmo tempo, estimam-se graus de pertencimento de cada indivíduo i a cada perfil extremo, denotados g ik.sinteticamente, os kjl medem a probabilidade de que exista, na população, um indivíduo com grau de pertinência total ao perfil k, dada a resposta à categoria l na variável j, e os g ik, o grau de proximidade de cada observação ao perfil extremo k (SAWYER, LEITE e ALEXANDRINO, 2002). O grau de pertencimento de cada elemento aos diversos conjuntos varia entre 0 e 1, sendo que 0 indica sua completa exclusão do conjunto e 1 indica pertencimento total. Dessa forma, são duas as condições ou restrições de um modelo do GOM, a primeira é a de que os g ik, para cada i e k, devem ser não negativos e possuir somatório igual a um, para cada i; a segunda, que as probabilidades kjl, para cada k, j e l, também devem ser não negativos e possuir somatório igual a um (MANTON, WOODBURY & TOLLEY, 1994), tal que: 0 g ik 1, para cada i e k; k k 1 gik 1 0 kjl 1, para cada k, j e ; Lj l; e l 1 kjl Na área social no Brasil o método já foi utilizado pela primeira vez para delineamento de perfis de utilização de serviços de saúde (SAWYER, LEITE e ALEXANDRINO, 2002). Mais recentemente para definição de perfis de vulnerabilidade de jovens na Região Metropolitana de Belo Horizonte (PINTO e CAETANO, 2013). 701

268 A equação geral de um modelo GOM pode ser dada pela probabilidade P( Yijl 1) de que o i-ésimo indivíduo tenha a l-ésima resposta a j-ésima variável, como predito pelo produto interno dos k pares de g ik e kjl estimados (CAETANO e MACHADO, 2009). Considerando o somatório das probabilidades geradas para cada perfil k, para cada indivíduo i, temos K P( Yijl 1) gik Cabe destacar ainda que os parâmetros de g ik e kjl são estimados pela maximização da função de k 1 kjl. verossimilhança multinomial, I J Lj K ijl L( y) g Y ik kjl). Para um modelo com consistência das ( i 1 j 1 l 1 k 1 estimativas de máxima verossimilhança deve ser observado o aumento de casos i, para melhor estimar osλ klj e o aumento de variáveis j, para melhor estimar os g ik, ou seja, é desejável um número maior de observações e de variáveis (op. cit.) Definição do Modelo e Variáveis O método GOM foi aplicado ao caso de setores censitários 98 dos 28 municípios da RMVA e o modelo foi definido em torno de três perfis extremos. A escolha da quantidade de perfis poderia se basear em alguns critérios, entretanto o número definido arbitrariamente se demonstrou adequado após a leitura dos primeiros parâmetros. As variáveis utilizadas para compor o modelo indicam o número absoluto de domicílios particulares permanentes, ou de pessoas responsáveis pelos domicílios, ou de pessoas com 10 anos e mais de idade, dentro do setor censitário, segundo determinados atributos de interesse. As mesmas foram convertidas em proporções, em relação ao total (exceto razão de sexos), e categorizadas em escala ordinal após observação de medidas de concentração e dispersão (média, mediana, moda, desvio padrão, mínimo, máximo, quartis) das respectivas distribuições 99. No total, foram 28 variáveis, que perfazem, juntas, 127 categorias de resposta. As variáveis são as seguintes: (i) Atributos geográficos: Município (identifica cada um dos 28 municípios). Situação do setor (Área urbanizada de cidade ou vila; Área não urbanizada de cidade ou vila). 98 Originalmente são setores, mas 24 foram excluídos por ausência de informação na maioria das variáveis. 99 A tabela com as respectivas medidas consta no anexo deste documento. 702

269 (ii) Atributos dos domicílios: Proporção de domicílios sem rede geral de abastecimento de água Proporção de domicílios sem sanitário via rede geral de esgoto ou pluvial Proporção de domicílios sem coleta de lixo Média do número de moradores em domicílios Proporção de domicílios sem renda Proporção de domicílios com renda per capita de até 1/2 salário mínimo Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 1/2 até 1 salário mínimo Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 1 até 2 salários mínimos Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 2 até 5 salários mínimos Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 5 até 10 salários mínimos Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 10 salários mínimos (iii) Atributos dos responsáveis pelos domicílios: Razão de sexos de pessoas responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres até 19 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 20 a 24 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 25 a 29 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 60 anos ou mais responsáveis pelo domicílio Proporção de homens de até 19 anos responsáveis pelo domicílio. Proporção de homens de 20 a 24 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de homens de 25 a 29 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de homens de 65 anos e mais responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 15 anos e mais responsáveis analfabetas Proporção de homens de 15 anos e mais responsáveis analfabetas (iv) Atributos das pessoas: Razão de sexos de pessoas em domicílios particulares e coletivos Proporção de pessoas não brancas (pretos, pardos e indígenas) Proporção de pessoas com 5 anos e mais analfabetas. Ainda sobre o modelo, destaca-se que levando em consideração que os parâmetros iniciais são gerados de forma aleatória no GOM, procedeu-se a 20 rodadas com as mesmas especificações do modelo de três perfis. Os resultados das rodadas foram comparados e a melhor, isto é, aquele que 703

270 mais se aproximou do padrão observado entre o total de rodadas, foi escolhida. A comparação foi feita pela análise dos desvios de λ klj em relação à moda, em cada k, j e l. Nos casos em que a moda não existia foi utilizado o desvio em relação à média (GUEDES et. al., 2011; GUEDES, SIVIERO e MACHADO, 2011). Para a descrição de cada perfil extremo, calculou-se a razão entre o λ klj da categoria l da variável j do perfil k e a frequência relativa observada para esta mesma categoria, desta mesma variável, em relação ao total de casos amostrados. Assim como tem sido usual nos estudos de aplicação do GOM, quando a razão encontrada foi igual ou superior a 1,20, a categoria foi considerada como descritora do perfil. Para realizar a análise utilizou-se o programa computacional GOM3.EXE (versão 3.4), desenvolvida por Peter Charpentier e Burton Singer, em Resultados Em relação aos perfis extremos gerados pelo modelo do GOM, a Tabela 1 apresenta a frequência das variáveis e os valores λklj gerados para cada categoria e variável e o Quadro 1 sintetiza a caracterização dos perfis por dimensão estudada. Os setores com pertinência ao primeiro Perfil Extremo (K1) correspondem aos setores heterogêneos ou vulnerabilidade mediana: áreas urbanas, com condições sanitárias medianas e domicílios com renda de baixa para média. Predominância de mais mulheres do que homens, não brancos e analfabetos, ainda que não de forma absoluta. Maior probabilidade de responsáveis jovens de ambos os sexos. Predominância dos municípios de Belo Oriente, Coronel Fabriciano, Ipaba, Ipatinga e Santana do Araújo. Os setores com pertinência ao segundo Perfil Extremo (K2) correspondem aos de alta vulnerabilidade: são áreas não urbanizadas, com condições sanitárias precárias e domicílios de baixa renda. Maior probabilidade de encontrar mais homens do que mulheres, mais idosos do que jovens, não brancos e pessoas analfabetas. Há ainda maior chance de responsáveis pelos domicílios do sexo masculino e idosos. Predominância dos municípios de Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Braúnas, Bugre, Dionísio, Dom Cavati, Entre Folhas, Iapu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, São João do Oriente, São José do Goiabal, Sobrália e Vargem Grande. 100 O código original é de Woodbury e Clive de O GOM3.EXE está disponível em: 704

271 Os setores censitários com pertinência ao terceiro Perfil Extremo (K3) são aqueles sem vulnerabilidade: isto é, áreas urbanas, com boas condições sanitárias e domicílios com renda de média para alta. Maior probabilidade de encontrar mais mulheres do que homens, brancos e pessoas alfabetizadas. Maior probabilidade de responsáveis adultos. É composto apenas pelos municípios de Caratinga, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo, mas com predominância apenas dos três últimos. 705

272 Quadro 36 Resumo Descritivo dos Perfis Extremos do Modelo de Grade of Membership de Setores Censitários dos Municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço Variáveis (L) Atributos geográficos K1 - Setores censitários heterogêneos ou vulnerabilidade mediana: áreas urbanas, com condições sanitárias medianas e domicílios com renda de baixa para média. Predominância de mais mulheres do que homens, não brancos e analfabetos, ainda que não de forma absoluta. Maior probabilidade de responsáveis jovens de ambos os sexos. Composto apenas por setores em áreas urbanizadas de cidades e vilas. Predominância dos municípios de Belo Oriente, Coronel Fabriciano, Ipaba, Ipatinga e Santana do Araújo. K2 Setores censitários com alta vulnerabilidade: áreas não urbanizadas, com condições sanitárias precárias e domicílios de baixa renda. Maior probabilidade de encontrar mais homens do que mulheres, idosos do que jovens, não brancos e pessoas analfabetas. Predominância de responsáveis pelos domicílios do sexo masculino e idosos. Composto pelos dois tipos de setores, mas com predominância de áreas não urbanizadas de cidades e vilas. Predominância dos municípios de Açucena, Antônio Dias, Belo Oriente, Bom Jesus do Galho, Braúnas, Bugre, Dionísio, Dom Cavati, Entre Folhas, Iapu, Joanésia, Marliéria, Mesquita, Naque, Periquito, São João do Oriente, São José do Goiabal, Sobrália e Vargem Grande. K3 Setores censitários sem vulnerabilidade: áreas urbanas, com boas condições sanitárias e domicílios com renda de média para alta. Maior probabilidade de encontrar mais mulheres do que homens, brancos e pessoas alfabetizadas. Maior probabilidade de responsáveis adultos. Composto apenas por setores em áreas urbanizadas de cidades e vilas. Composto apenas pelos municípios de Caratinga, Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo, mas com predominância apenas dos três últimos. Atributos do domicílio Predominância de setores com proporções localizadas entre o 2º e o 3º quartil da distribuição de domicílios sem rede geral de abastecimento de água, sem esgotamento sanitário e sem coleta de lixo, isto é, no espaço mediano entre as maiores e menores proporções. Média de moradores por domicílio acima de 3,27. No que diz respeito a renda domiciliar per capita, o perfil é bastante heterogêneo com maior probabilidade de setores censitários com proporções medianas entre as rendas de ½ a 10 salários mínimos e baixas proporções nos extremos (sem renda e acima de 10 salários). Predominância de setores com altas proporções de domicílios sem rede geral de abastecimento de água, sem esgotamento sanitário e sem coleta de lixo. Maior média de moradores por domicílio (3,45 e mais). Predominância de setores com mais de 4,6% (alta proporção) de domicílios sem renda e mais de 41,9% com renda de até ½ salário mínimo per capita. Inversamente, predominam baixas proporções de domicílios nas variáveis correspondentes às rendas superiores a dois salários. Predominância de setores com baixas proporções de domicílios sem rede geral de abastecimento de água, sem esgotamento sanitário e sem coleta de lixo. Menor média de moradores por domicílio (menor ou igual a 3,10). Maior probabilidade de setores censitários com baixas proporções de domicílios sem renda ou com renda per capita de até ½ salário mínimo. Em todas as demais faixas de renda, há predominância de setores com altas proporções. (continua) (continuação) 706

273 Atributos dos responsáveis pelos domicílios Predominância de setores com razões de sexo de medianas a altas, ainda que não necessariamente em número de mulheres superior ao de homens. Maior probabilidade de pessoas responsáveis pelos domicílios com idade entre 20 e 29 anos, e menor probabilidade de idosos como responsáveis, independente do sexo. Maior probabilidade de setores com 7,7% a 28,5% de mulheres responsáveis analfabetas e 2,6 a 15,5% de homens responsáveis analfabetos. Predominância de setores com razões de sexo baixas, o que indicam maiores chances de responsáveis do sexo masculino. Maior probabilidade pessoas responsáveis pelos domicílios do sexo feminino com 60 anos ou mais e do sexo masculino com 65 anos ou mais. Ao contrário, menor chance de responsáveis com idade de até 29 anos. Verifica-se predominância de responsáveis analfabetos do sexo masculino. Predominância de setores com razões de sexo médias (entre 45 e 60 mulheres para cada 100 homens). Menor chance de responsáveis com até 29 anos, de ambos os sexos. Para responsáveis idosos, não se observou predominância. Provavelmente é um perfil com maior probabilidade de responsáveis adultos entre 30 e 59 anos. Predominância de baixas proporções de responsáveis analfabetos, de ambos os sexos. Atributos das pessoas Predominância de setores com razões de sexo de medianas a altas, o que indicam maior presença de mulheres, neste caso ultrapassando o número de homens (até 111 mulheres para cada 100 homens). Proporção de não brancos entre 52,8% a 70,8% e de pessoas com 5 anos e mais analfabetas de 4,3% a 13,6%. Maior probabilidade de razões de sexo inferiores a 97 mulheres para cada 100 homens. Proporção de não brancos superior a 70,8% e de analfabetos de 5 anos e mais superior a 13,6% (maior intervalo). Predominância de setores com razões de sexo superiores a 1,11, ou seja, com maior presença de mulheres. Maior probabilidade menores proporções de pessoas não brancas (abaixo de 52,8%) e de analfabetos com 5 anos e mais de idade (abaixo de 4,3%), Fonte: elaboração própria a partir do Censo Demográfico do IBGE. 707

274 Tabela 159 Estimativas de λ klj, por Categorias das Variáveis e Frequências Marginais Absolutas e Relativas do Modelo de Grade of Membership de Setores Censitários Região Metropolitana do Vale do Aço, Dimensões, variáveis e categorias. Situação do setor Município Frequência Estimativas de λ klj Absoluta Relativa K1 K2 K3 Atributos geográficos Área urbanizada de ,1% 1,0000 0,1709 1,0000 cidade ou vila Área não urbanizada de cidade ou vila ,9% 0,0000 0,8291 0,0000 Açucena 30 2,6% 0,0000 0,0833 0,0000 Antônio Dias 24 2,1% 0,0000 0,0675 0,0000 Belo Oriente 38 3,3% 0,0467 0,0429 0,0000 Bom Jesus do Galho 33 2,9% 0,0000 0,0910 0,0000 Braúnas 11 1,0% 0,0000 0,0319 0,0000 Bugre 10 0,9% 0,0000 0,0290 0,0000 Caratinga ,4% 0,1350 0,1420 0,1147 Coronel Fabriciano ,3% 0,2546 0,0000 0,2264 Córrego Novo 6 0,5% 0,0000 0,0000 0,0000 Dionísio 19 1,7% 0,0000 0,0540 0,0000 Dom Cavati 11 1,0% 0,0000 0,0319 0,0000 Entre Folhas 9 0,8% 0,0000 0,0262 0,0000 Iapu 22 1,9% 0,0000 0,0621 0,0000 Ipaba 20 1,8% 0,0344 0,0087 0,0000 Ipatinga ,0% 0,3449 0,0000 0,4704 Jaguaraçu 6 0,5% 0,0000 0,0000 0,0000 Joanésia 15 1,3% 0,0000 0,0430 0,0000 Marliéria 8 0,7% 0,0000 0,0234 0,0000 Mesquita 15 1,3% 0,0000 0,0430 0,0000 Naque 12 1,1% 0,0097 0,0211 0,0000 Periquito 14 1,2% 0,0000 0,0403 0,0000 Pingo d Água 5 0,4% 0,0000 0,0000 0,0000 Santana do Paraíso 42 3,7% 0,0759 0,0143 0,0000 São João do Oriente 15 1,3% 0,0000 0,0430 0,0000 São José do Goiabal 11 1,0% 0,0049 0,0237 0,0000 Sobrália 17 1,5% 0,0000 0,0486 0,0000 Timóteo 103 9,0% 0,0939 0,0000 0,1884 Vargem Alegre 10 0,9% 0,0000 0,0290 0,0000 (continua) 708

275 (continuação) Proporção de domicílios sem rede geral de abastecimento de água Proporção de domicílios sem sanitário via rede geral de esgoto ou pluvial Proporção de domicílios sem coleta de lixo Média do número de moradores em domicílios particulares permanentes Proporção de domicílios sem renda Proporção de domicílios com renda per capita de até 1/2 salário mínimo Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 1/2 até 1 salário mínimo Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 1 até 2 salários mínimos Atributos dos domicílios <= 1, ,9% 0,2429 0,0536 0,4660 1,25-6, ,0% 0,3248 0,0000 0,3712 6,38-28, ,0% 0,4324 0,0000 0, , ,0% 0,0000 0,9464 0,0000 <= 0, ,9% 0,1249 0,0000 0,7445 0,53-5, ,0% 0,4068 0,0000 0,2555 5,60-40, ,0% 0,4683 0,1147 0, , ,0% 0,0000 0,8853 0,0000 <= 0, ,7% 0,4621 0,0000 0,9341 0,01-0, ,3% 0,0629 0,0000 0,0207 0,46-7, ,0% 0,4750 0,0525 0,0452 7, ,0% 0,0000 0,9475 0,0000 <= 3, ,4% 0,0000 0,2682 0,6143 3,11-3, ,6% 0,2175 0,2259 0,2753 3,27-3, ,4% 0,4357 0,1955 0,1103 3, ,6% 0,3468 0,3103 0,0000 <= 1, ,1% 0,2272 0,1266 0,4302 1,28-2, ,0% 0,2660 0,1212 0,3681 2,47-4, ,0% 0,3580 0,2123 0,1238 4, ,9% 0,1488 0,5398 0,0779 <= 16, ,0% 0,0000 0,0000 1, ,25-28, ,0% 0,5854 0,0000 0, ,95-41, ,1% 0,4146 0,2363 0, , ,9% 0,0000 0,7637 0,0000 <= 28, ,0% 0,0000 0,2308 0, ,35-34, ,0% 0,1968 0,3616 0, ,91-38, ,0% 0,4071 0,1957 0, , ,0% 0,3961 0,2119 0,0000 <= 12, ,0% 0,0000 0,7454 0, ,97-20, ,0% 0,4223 0,2546 0, ,82-29, ,0% 0,5777 0,0000 0, , ,0% 0,0000 0,0000 0,7551 (continua) 709

276 Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 2 até 5 salários mínimos Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 5 até 10 salários mínimos Proporção de domicílios com renda per capita de mais de 10 salários mínimos Razão de sexos de pessoas responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de até 19 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 20 a 24 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 25 a 29 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 60 anos ou mais responsáveis pelo domicílio (continuação) <= 2, ,0% 0,0000 0,7320 0,0000 2,67-6, ,0% 0,3920 0,2680 0,0000 6,32-13, ,0% 0,6080 0,0000 0, , ,0% 0,0000 0,0000 1,0000 <= 0, ,1% 0,3094 0,8564 0,0000 0,01-0, ,9% 0,2479 0,0000 0,0000 0,57-1, ,0% 0,4427 0,1436 0,0451 1, ,0% 0,0000 0,0000 0,9549 <= 0, ,8% 0,8624 0,9158 0,1695 0,01-0, ,3% 0,0760 0,0000 0,0753 0, ,9% 0,0616 0,0842 0,7552 Atributos dos responsáveis pelos domicílios <= 0, ,7% 0,0528 0,6020 0,2088 0,32-0, ,0% 0,3200 0,1416 0,2457 0,45-0, ,1% 0,3138 0,1005 0,3014 0, ,1% 0,3135 0,1559 0,2440 <= 0, ,9% 0,4735 0,7947 0,6269 0,01-1, ,1% 0,2312 0,0000 0,1503 1, ,9% 0,2953 0,2053 0,2228 Sem informação 1 0,1% 0,0000 0,0000 0,0000 <= 0, ,1% 0,0000 0,6876 0,2683 0,01-2, ,3% 0,3529 0,0396 0,2425 2,95-5, ,6% 0,3148 0,0834 0,3098 5, ,0% 0,3323 0,1893 0,1794 Sem informação 1 0,1% 0,0000 0,0000 0,0000 <= 2, ,4% 0,0548 0,5942 0,2044 2,87-5, ,8% 0,2847 0,1482 0,2998 5,72-8, ,2% 0,3467 0,0925 0,2746 8, ,5% 0,3138 0,1651 0,2212 Sem informação 1 0,1% 0,0000 0,0000 0,0000 <= 22, ,3% 0,3187 0,1147 0, ,74-30, ,7% 0,3591 0,0522 0, ,37-39, ,0% 0,3222 0,1688 0,

277 39, ,9% 0,0000 0,6642 0,2166 Sem informação 1 0,1% 0,0000 0,0000 0,0000 (continua) (continuação) Proporção de homens de até 19 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de homens de 20 a 24 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de homens de 25 a 29 anos responsáveis pelo domicílio Proporção de homens de 65 anos e mais responsáveis pelo domicílio Proporção de mulheres de 15 anos e mais responsáveis pelo domicílio, analfabetas Proporção de homens de 15 anos e mais responsáveis pelo domicílio, analfabetos <= 0, ,3% 0,2872 0,6694 0,6646 0,01-1, ,0% 0,4153 0,0508 0,2038 1, ,8% 0,2975 0,2797 0,1316 <= 2, ,4% 0,0000 0,4180 0,4889 2,18-3, ,2% 0,1874 0,3251 0,2798 3,86-5, ,4% 0,4185 0,0889 0,1306 5, ,0% 0,3940 0,1680 0,1008 <= 6, ,3% 0,0000 0,5422 0,3784 6,07-8, ,7% 0,2036 0,2526 0,3259 8,57-11, ,1% 0,3939 0,0756 0, , ,9% 0,4025 0,1296 0,1028 <= 9, ,1% 0,3743 0,0486 0,2752 9,80-13, ,9% 0,4060 0,0642 0, ,75-19, ,0% 0,2197 0,2761 0, , ,0% 0,0000 0,6112 0,2495 <= 7, ,1% 0,0000 0,0000 0,8998 7,70-16, ,6% 0,5656 0,0000 0, ,68-28, ,3% 0,4344 0,2049 0, , ,0% 0,0000 0,7951 0,0000 Sem informação 1 0,1% 0,0000 0,0000 0,0000 <= 2, ,1% 0,0000 0,0000 0,9501 2,60-7, ,9% 0,5636 0,0000 0,0499 7,34-15, ,0% 0,4364 0,2056 0, , ,0% 0,0000 0,7944 0,0000 (continua) 711

278 Razão de sexos de pessoas em domicílios particulares e coletivos Proporção de pessoas não brancas Proporção de pessoas com 5 anos e mais analfabetas Atributos das pessoas (continuação) <= 0, ,0% 0,1061 0,6993 0,0281 0,98-1, ,0% 0,3563 0,1845 0,1303 1,05-1, ,0% 0,3639 0,0745 0,2389 1, ,0% 0,1737 0,0418 0,6027 <= 52, ,0% 0,0000 0,1271 0, ,81-62, ,0% 0,3380 0,1424 0, ,32-70, ,0% 0,4540 0,1965 0, , ,9% 0,2079 0,5340 0,0000 <= 4, ,7% 0,0000 0,0000 0,9540 4,29-8, ,7% 0,5918 0,0000 0,0000 8,12-13, ,7% 0,4082 0,2392 0, , ,7% 0,0000 0,7608 0,0000 Sem informação 14 1,2% 0,0000 0,0000 0,0460 Fonte: o próprio autor a partir do Censo Demográfico do IBGE Juventude Embora seja recente, observa-se na sociedade brasileira certo consenso em relação à necessidade de se implementar políticas públicas destinadas exclusivamente à população jovem, considerada nesta análise como pessoas de 15 a 29 anos, faixa etária que é especialmente afetada pelas discrepâncias socioeconômicas, uma vez que é a mais atingida pelo problema do desemprego, da falta de capacitação e experiência, além de não ser contemplada pela maioria dos programas da assistência social, que quase sempre são voltados para pessoas que não podem trabalhar idosos, pessoas com deficiência e crianças. Não só na região do Vale do Aço, bem como no estado de Minas Gerais e no Brasil, crianças e jovens compõem grande parte da população mais vulnerável à pobreza. Uma atenção especial a esses grupos etários é necessária dentro das políticas que visam o desenvolvimento social. Contudo, essa vulnerabilidade acrescida à pobreza não é a principal razão para se ter os jovens em foco quanto se trata da elaboração de políticas. O fato do Brasil estar passando por um período que pode ser descrito 712

279 como de bônus demográfico" 101 configura um facilitador para a realização de reformas do estado, mas que só se constituirá em benefícios tangíveis para o país na medida que for bem aproveitado. Queremos dizer com isso que o fato de termos uma população relativamente jovem pelas próximas décadas aliado à queda do número de nascimento só se tornará uma grande vantagem para o país se todo o potencial desses jovens puder ser aproveitado por meio de uma formação escolar de qualidade e uma boa qualificação profissional. Investimentos agora na educação e qualificação profissional das crianças e jovens nos assegurarão uma mão-de-obra bem qualificada no futuro, capaz de promover o desenvolvimento do país, em meio a um processo já inevitável de envelhecimento da população (por isso também deve-se aproveitar esse bônus para se pensar na reforma da Previdência). Veja abaixo um gráfico representativo do bônus demográfico, comparando os anos 1991, 2000 e Gráfico 43 População em Idade Ativa no Brasil nos anos 1991, 2000 e Brasil - Pop. entre 15 e 59 anos Fonte: IBGE/Censos 1991, 2000 e A mesma tendência do cenário nacional (e estadual) também é encontrada na RMVA- há hoje proporcionalmente mais pessoas na faixa etária em que existe maior probabilidade de exercer atividade econômica do que aqueles potencialmente dependentes deste mesmo grupo Juventude e Indicadores de Vulnerabilidade Tendo como base o atual cenário demográfico de aumento da parcela da população em idade ativa o crescimento econômico da região está vinculado a uma boa qualificação da população jovem. Nesse sentido, a RMVA apresenta condições superiores às do Brasil e Minas Gerais, já que a proporção 101 Bônus demográfico se refere a um período da história de um determinado país em que a força de trabalho na população ativa de 15 a 64 anos é maior do que a parcela dependente da população (crianças e idosos). Quando determinado país tem mais trabalhadores do que dependentes, aumenta a quantidade de dinheiro disponível para investimento em áreas econômicas e sociais. 713

280 de jovens nem, nem está abaixo da média do estado e do país. Esse grupo de jovens são assim chamados por nem trabalharem e nem estudarem, em uma época crucial da sua formação, e portanto estarem mais vulneráveis a permanecerem em situação de pobreza e a reproduzirem famílias na mesma situação, além de estarem mais expostos ao uso de drogas, ao tráfico e à criminalidade. Tabela 160 Proporção de Pessoas de 15 a 24 anos que não Estudam, nem Trabalham e são Vulneráveis à Pobreza. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil % de jovens "Nem Nem" 2000 % de jovens Nem Nem 2010 Coronel Fabriciano 14,33 8,92 Ipatinga 12,19 6,66 Santana do Paraíso 23,08 15,16 Timóteo 10,13 7,12 RMVA 14,93 9,46 Minas Gerais 15,02 9,73 Brasil 15,40 11,61 Fonte: Censo,2000/ No ano 2000 havia no Brasil 15,4% de jovens nem nem, em Minas Gerais, 15,02% e na RMVA 14,93%. Já em 2010 os números eram 11,61%, 9,73% e 9,46%, respectivamente. Porém, quando olhamos para o município de Santana do Paraíso percebemos sua grande vulnerabilidade. Em 2000 eram 23% da população de 15 a 24 anos sem estudar e sem trabalhar e em 2010 ainda somam 15,16%. Já Coronel Fabriciano tem 8,9% de jovens nessa condição, Ipatinga 6,7% e Timóteo 7,1%, números que refletem as melhores condições de vida nesses municípios, os quais oferecem melhor acesso à escolarização e ao mercado de trabalho. Quanto ao Colar Metropolitano, a situação é preocupante. Todos os municípios tem uma proporção de juventude nem nem acima da encontrada no Brasil e em Minas Gerais. A média desse grupo no ano 2000 entre os 24 municípios do Colar era 26,22% e em ,85%. Esse cenário nos faz levantar duas questões de extrema relevância. A primeira é a enorme desigualdade intrarregional encontrada no Vale do Aço. A segunda é que observamos que Santana do Paraíso, embora faça parte da RMVA, se assemelha muito mais aos municípios do Colar do que aos vizinhos Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo. Ou seja, há uma desregulação desse município dentro da dinâmica metropolitana. 714

281 É importante analisarmos os indicadores de escolaridade entre a população de 15 a 29 anos, dada a importância da formação escolar para o jovem. Nos quadros abaixo apresentamos a proporção de jovens de 15 a 17 anos que já concluíram o ensino fundamental, os de 18 a 20 que concluíram o médio e também a proporção de jovens de 19 a 29 anos que tem curso superior completo. Em relação ao primeiro grupo os de 15 a 17 que terminaram o fundamental observamos, no ano de 1991, que o Brasil tinha uma proporção de jovens nesse perfil maior que Minas Gerais e também do que a RMVA. Contudo, o grande destaque à época era Timóteo, com a maior proporção, enquanto Santana tinha menos de 10% dos jovens nessa faixa etária com o fundamental completo. A média do Colar também era muito baixa, com exceção dos municípios de Dionísio, Jaguaraçu, Marliéria e Vargem Alegre, os demais tinham condições bastante precárias de escolarização dos jovens de 15 a 17 anos de idade. Entre os anos 1991 e 2000, o avanço da Região do Vale do Aço e também de Minas Gerais, em relação a esse indicador, foi bastante substancial, enquanto o Brasil teve um crescimento bem mais modesto. Nesse intervalo, Santana do Paraíso, embora permaneça com a menor proporção de conclusão do ensino fundamental para essa faixa etária, proporcionalmente, foi o município que mais avançou. Em 2000 Ipatinga passou a ter a maior proporção de jovens de 15 a 17 anos com fundamental completo, a RMVA ultrapassou as proporções do Brasil e de Minas Gerais, mas o Colar Metropolitano seguia abaixo da média nacional e estadual. Já entre as décadas de 2000 e 2010 os avanços desse indicador foram bem mais modestos, embora Santana do Paraíso tenha novamente dado um passo considerável. Timóteo volta a liderar com a maior proporção de conclusão do fundamental para a faixa etária, a RMVA segue à frente do Brasil e de Minas Gerais e o Colar também passa a superá-los. No entanto ao pensarmos que em 2010 ainda existem, na RMVA, mais de 30% de jovens de 15 a 17 anos sem o ensino fundamental completo, observamos que o cenário é preocupante e demanda uma atenção especial. A evasão, ainda no ciclo fundamental, pode apontar para a existência de crianças e adolescentes trabalhando para contribuir com a renda familiar, além de suscitar o tema da importância da união entre família e escola na formação escolar das gerações futuras. 715

282 Tabela 161 Proporção de Jovens de 15 a 17 anos com Ensino Fundamental Completo. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Coronel Fabriciano 17,55 52,45 67,14 Ipatinga 17,63 64,68 67,38 Santana do Paraíso 9,75 43,78 60,09 Timóteo 28,40 57,78 71,73 RMVA 18,33 54,67 66,58 Colar 10,30 34,19 60,81 Minas Gerais 17,27 45,42 60,94 Brasil 20,01 39,72 57,24 Fonte: Censo, 1991/2000/2010. Com relação aos jovens de 18 a 20 anos que concluíram o ensino médio, o cenário é bastante parecido com o dos jovens de 15 a 17 que concluíram o fundamental. Entre 1991 e 2000 a RMVA avançou substancialmente em relação a Minas Gerais e principalmente em relação ao Brasil. Insta salientar que em 1991 menos de 1% dos de jovens de 18 a 20 anos em Santana do Paraíso tinha o ensino médio completo. Já no ano 2000 o município avançou substancialmente, mas ainda estava muito aquém das médias da RMVA, de Minas Gerais e do Brasil. O mesmo ocorre em relação ao Colar Metropolitano, nenhum município à época tinha uma proporção maior ou sequer igual a da RMVA, de jovens na faixa etária com o ensino médio completo. Em 2010, voltamos a destacar o perfil de vulnerabilidade dos jovens de Santana do Paraíso, com baixíssima proporção de conclusão do segundo grau entre jovens de 18 a 20 anos e o mesmo ocorre no Colar. Já Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo tem proporções maiores do que as encontradas para o estado e para o país. Contudo, ao observarmos que na RMVA, mais da metade dos jovens de 18 a 20 anos não tem o ensino médio completo, voltamos a salientar, bem como foi discutido no tema da Educação, que esse nível de ensino precisa de políticas públicas que atuem com maior nível de complexidade, para que se possa enfrentar os desafios estabelecidos pela juventude contemporânea. Além disso, a defasagem idadesérie representa para os jovens um fator complicador: O pressuposto fundamental da discussão é que a idade é um fenômeno social, e não apenas biológico. O que existe em cada período histórico é um conjunto multifacetado de jovens, condicionados e interagindo com meio social em que vivem (DICK, 2003, p. 26). 716

283 Tabela 162 Proporção de jovens de 18 a 20 anos com o ensino médio completo. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Coronel Fabriciano 8,60 28,15 49,36 Ipatinga 11,22 30,74 50,81 Santana do Paraíso 0,94 19,44 28,34 Timóteo 13,88 32,45 51,28 RMVA 8,66 27,69 44,94 Colar 5,28 17,54 33,75 Minas Gerais 11,17 26,33 42,82 Brasil 12,98 24,82 41,01 Fonte: Censo, 1991/2000/2010. O ensino médio não é somente uma etapa intermediária entre o fundamental e o superior, mas sobretudo uma etapa de escolarização que tem por finalidade o desenvolvimento do indivíduo assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania, fornecendo-lhe os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional/1996). Quando não há oferta de vagas nesse nível de ensino ou quando mesmo havendo vagas, outras questões levam os jovens a se evadirem, infelizmente, são justamente os jovens mais vulneráveis, moradores de municípios mais carentes e provenientes de famílias de menor renda e escolaridade, que são os mais vitimizados. Dessa forma, as políticas públicas para a juventude, em paralelo às políticas da área da educação devem levar em conta a necessidade de se preparar os jovens para o mercado de trabalho e formar pessoas socialmente capacitadas para a vida cidadã. No caso da Região do Vale do Aço, Santana do Paraíso e o Colar Metropolitano demandam uma atenção mais específica e urgente, mas Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo também demandam investimentos na área, pois tem apenas metade de seus jovens de 18 a 20 anos com ensino médio completo. E quanto ao acesso ao ensino superior, Santana do Paraíso tinha, segundo dados do Censo 2010, apenas 21,8% dos jovens entre 18 e 24 anos cursando o terceiro grau - proporção menor do que a do Colar Metropolitano que é de 34,3%. Em Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo as proporções são 56%, 60,7% e 50,8%, respectivamente. Quanto aos jovens de 19 a 29 cursando o ensino superior ou com superior completo, a proporção de Santana do Paraíso é de apenas 7%, e do Colar, 9,3%. As proporções de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo são 17,8%, 23,8% e 22,4%, respectivamente. 717

284 Observamos que apesar do intenso crescimento de acesso ao ensino superior entre os anos 2000 e 2010, a Região do Vale do Aço tem poucos jovens com formação de terceiro grau e além disso o que mais preocupa é a restrição desse acesso aos jovens residentes em Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo ( também Caratinga e Dom Cavati no Colar Metropolitano). A segregação sócio espacial demanda políticas públicas que possibilitem a expansão do acesso a esse segmento do ensino. É preciso levar em conta não apenas os requisitos educacionais formais necessários para o acesso como também o desempenho educacional apresentado por esses jovens. O problema que restringe o acesso ao ensino superior começa com o atraso escolar, o que significa que as políticas públicas para os jovens devem investir prioritariamente nas bases da educação. Ainda em relação aos impactos negativos da baixa escolarização, outro perfil bastante vulnerável à pobreza encontrado principalmente entre as jovens, é o constituído pelas mães chefes de família sem fundamental completo e com filhos menores de 15 anos. Como vimos, Coronel Fabriciano tem 13,8% de famílias nessas condições, Ipatinga e Timóteo 10,5% e Santana do Paraíso 14,6%. A redução da proporção de mães jovens vulneráveis à pobreza como foco de um programa público pode ajudar a evitar que as futuras gerações venham a continuar em situação de vulnerabilidade na região. A prevenção da gravidez na adolescência é parte importante neste processo, já que a maternidade até os 17 anos de idade pode ser vista como potencialmente problemática na medida em que favorece a entrada precoce no mundo do trabalho e o abandono escolar por parte da jovem, ou dificulta o retorno à escola, no caso das que já haviam abandonado. O abandono da formação escolar antes de completar o ensino médio é um fator que aumenta a probabilidade de uma inserção precária no mercado de trabalho e diminui, portanto, as chances da jovem sair da pobreza. 718

285 Tabela 163 Proporção de Mulheres de 15 a 17 Anos que Tiveram Filhos. Cidades da RMVA, Minas Gerais e Brasil Coronel Fabriciano 3,18 3,98 3,13 Ipatinga 2,38 3,97 3,22 Santana do Paraíso 1,98 3,30 9,46 Timóteo 3,89 5,04 3,33 RMVA 2,85 4,07 4,78 Colar 3,02 5,80 6,43 Minas Gerais 4,29 6,21 5,10 Brasil 6,00 8,49 6,94 Fonte: Censo, 1991/2000/2010. Observamos que entre 1991 e 2000 houve um aumento na proporção de jovens que tiveram filhos entre 15 e 17 anos de idade. Nessas duas décadas a RMVA e o Colar apresentavam proporções menores que as do estado e do país de mães adolescentes. Entre os quatro municípios da RMVA, Timóteo era o que tinha um índice maior de maternidade na faixa etária. Já em 2010, a RMVA segue com uma proporção abaixo da de Minas Gerais e do Brasil, mas a do Colar passa a superar a do estado. Mas o que chama atenção é a alta proporção de mães adolescentes encontrada em Santana do Paraíso, o que infelizmente vai de encontro aos demais indicadores do município (inserção educacional precária e baixa renda), já que a maternidade na adolescência é de fato mais comum em contextos socioeconômicos mais desfavorecidos, nos quais, na maioria das vezes, os projetos educacionais e profissionais não se encontram assegurados. É também em Santana do Paraíso, entre os municípios que compõem a RMVA, que se tem a menor proporção de jovens com carteira assinada. Neste município, entre os jovens que trabalham, 58,9%, são resguardados pela CLT Consolidação das Leis do Trabalho. Em Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo esses números são 65,9%, 71,4% e 69,9, respectivamente. O que mais assusta é a proporção média encontrada para o Colar Metropolitano, com apenas 38,2% dos trabalhadores jovens com carteira assinada. De toda forma, a RMVA (66,5%) tem uma proporção maior de registro em carteira do que Minas Gerais (55,6%) 719

286 Gráfico 44 Proporção de Jovens que tem Carteira Assinada. Coronel Fabriciano Ipatinga Santana do Paraíso Timóteo RMVA Colar Minas Gerais Fonte: Elaborado segundo microdados do Censo/2010. Outro indicador que também revela a grande vulnerabilidade da população jovem de Santana do Paraíso e do Colar Metropolitano do Vale do Aço é a proporção de pessoas de 18 anos ou mais que não tem fundamental completo e estão em ocupação informal. Mais uma vez, Santana do Paraíso desponta no cenário de segregação, desigualdade e vulnerabilidade social, com 38,39% da população nessa faixa etária nessas condições enquanto no restante da RMVA a média é de 28,5%. No Brasil (35,24%) e em Minas Gerais (36,12%), os números são piores que os de Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo, mas melhores que Santana do Paraíso. Quanto ao Colar, o número surpreende com 54% da população acima de 18 anos sem fundamental completo e em ocupação informal, o que vem a reforçar as desigualdades intra e inter-regionais no Vale do Aço. Raça/Cor também são indicadores pertinentes a essa discussão, na medida em que sabemos que a juventude negra é uma juventude historicamente vulnerável, sendo discriminada, marginalizada e, como não poderia ser diferente é justamente no município mais carente da RMVA, Santana do Paraíso, onde uma maior proporção de jovens que se declararam como não-brancos Censo, Neste município, essa categoria somou 70,5% das respostas da população entre 15 e 29 anos de idade. No 102 Consideramos não-brancos quem tenha se declarado como preto, pardo, amarelo ou indígena, sendo que essas duas últimas categorias são estatisticamente insignificantes, por não somarem, em média, pouco mais de 2% das respostas. 720

287 Colar, os não-brancos somaram 71,7% e em Coronel Fabriciano, Ipatinga e Timóteo esses números são 65,1%, 60,7% e 62,3%, proporções maiores que as de Minas Gerais, que é de 57,7% Principais Apontamentos para a População Jovem da RMVA A vulnerabilidade dos jovens, como dito anteriormente, está intimamente associada à escolarização, e nesse sentido é necessário que a região do Vale do Aço, bem como foi amplamente discutido no tema da Educação, reduza a evasão escolar no Ensino Médio e dê continuidade aos investimentos no ensino superior para que se possa aumentar a qualidade e a produtividade da mão de obra da RMVA e de todo Colar Metropolitano, o que trará positivos e importantes impactos no mercado de trabalho e logo, na economia da região. Não se pode deixar de salientar que esses investimentos devem ser tanto quantitativos, como qualitativos. Urge investir na qualidade das escolas públicas municipais e estaduais. Depois de cumprido os desafios de universalização de acesso a creches, pré-escolas e escolas, o que se deve pensar é na melhoria da qualidade do ensino, ampliando os investimentos necessários. Com a redução da taxa de fecundidade, o gasto total com educação poderá até ser reduzido, mas o gasto por estudante deve aumentar, para que os desafios propostos sejam transpostos. Ao se pensar na juventude, o que há de mais importante a salientar é que os investimentos em educação são não só prioritários, mas também imprescindíveis. Contudo os mesmos devem ser pensados de forma harmônica dentro da RMVA e do Colar. Os municípios e áreas/bairros mais carentes de cada município devem ser prioritariamente atendidos. Além disso, deve-se buscar fortalecer a politização dos jovens, o seu conhecimento do sentido coletivo e da produção do espaço social onde vivem, bem como dar aos mesmos plenas condições de usufruir dos equipamentos e infraestrutura disponíveis. Deve-se também criar (ou fortalecer) condições para o estabelecimento de produção de conhecimentos variados, fomentando a implantação de cursos técnicos e de qualificação profissional voltados para a realidade local e metropolitana e melhorando as condições de acesso às faculdades, viabilizando transporte e ofertando cursos que tenham consonância com a vocação econômica da região. Para tanto, é de suma importância, voltamos a salientar, que as políticas de desenvolvimento regional não deixem de contemplar as persistentes desigualdades sociais intrametropolitanas 721

288 encontradas na RMVA, sobretudo quando se trata da população jovem, já que a mesma, além de vivenciar as próprias desigualdades que a condição juvenil lhe impõe, também é discriminada em função de desigualdades de gênero e raça, além de ser vítima de preconceitos e discriminações peculiares à vida urbana metropolitana, como por exemplo, morarem em áreas mais carentes e/ou violentas da cidade. 722

289 8. DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Desenvolvimento econômico é um processo intencional de mudança que permite alterar as condições de equilíbrio de uma dada situação para outra, envolvendo a estrutura produtiva, a organização, a expansão de mercados, criação de novos mercados por meio de inovações, da tecnologia, adequação da infraestrutura, dos padrões de consumo e de mudanças nas instituições de acordo com a evolução e condições históricas de uma determinada economia. Consiste no processo de enriquecimento de uma localidade, região ou país, assim como de seus habitantes, por meio da ampliação da produção e oferta de bens e serviços. Não se trata apenas de crescimento econômico. O desenvolvimento só ocorre se todos os componentes da sociedade forem beneficiados. Na elaboração do PDDI a visão que se busca empreender é a de que desenvolvimento econômico está intimamente ligado ao conceito de sustentabilidade, que considera as contribuições das organizações, mas também leva em conta as necessidades dos diversos atores envolvidos em todo o processo. A teoria econômica, em suas diversas correntes clássica, neoclássica, marxista, keynesiana, neoliberal, dentre outras tem abordagens diferentes quanto aos determinantes e indutores do desenvolvimento econômico, abarcando propostas em que se prevê a ausência completa da participação do Estado no processo até propostas de economia centralmente planificada, com o Estado assumindo o papel de principal indutor do desenvolvimento. Historicamente o desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço foi induzido pela ação governamental. A RMVA opera em um sistema de economia de mercado livre, e hoje o entendimento é de que o planejamento econômico tem caráter indicativo para a iniciativa privada. Ele revela a direção que será dada pelo governo ao desenvolvimento econômico da região, a partir de estímulos, incentivos e benefícios definidos em programas e projetos de ação. Portanto, quanto maior a participação dos diversos segmentos no processo de elaboração do Plano, maiores serão as possibilidades de que os estudos reflitam os anseios e necessidades da RMVA ampliando as possibilidades de sua implementação e obtenção de êxito. A Região Metropolitana do Vale do Aço é composta por quatro municípios, Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo, que denominamos Núcleo Metropolitano e é o principal foco de nossa análise. Existem outras 24 localidades que também fazem parte da RMVA, conjunto denominado Colar Metropolitano, que reúne todos os municípios que se encontram no entorno e 723

290 vizinhança do núcleo e representa a área de expansão da região metropolitana, guardando íntima relação com sua vida econômica. Até meados do século passado, a área onde hoje se localiza a Região Metropolitana do Vale do Aço era caracterizada por pequenas aglomerações voltadas para a agricultura, mineração e exploração de madeira e carvão. A partir da década de 40 foram criadas as condições para a implantação de grandes indústrias, notadamente em virtude da proximidade do fornecimento de insumos. Esse processo foi iniciado com a instalação da Acesita, e, em alguns anos, propiciou a especialização da região no setor siderúrgico. Com a instalação da Usiminas ao final dos anos de 1950, a região se urbanizou rapidamente e se consolidou como um importante polo econômico, com elevado nível de industrialização, voltado para a produção de bens intermediários. Atualmente a RMVA é caracterizada pela exploração das atividades de produção de aço, celulose e madeira, aço inox e produtos metalomecânicos. As atividades de serviços também tem significativa representatividade econômica. Já a agropecuária é pouco relevante, mesmo tendo alguma expressividade em municípios do Colar Metropolitano. Ao longo do processo de desenvolvimento econômico da RMVA, as vocações dos municípios que a compõem ficaram bem definidas: Ipatinga e Timóteo concentram as principais indústrias da região. Em Coronel Fabriciano a atividade econômica predominante é a prestação de serviços, além de a cidade atender habitacionalmente aos funcionários das indústrias dos municípios vizinhos. Santana do Paraíso, dentre os quatro, foi o último município a ser emancipado. Vem recebendo investimentos em pequenas indústrias além de experimentar expressivo crescimento habitacional, principalmente na área limítrofe com Ipatinga, assumindo também a função de cidade-dormitório. Em geral, a RMVA é sempre lembrada pelas três grandes empresas que lá estão sediadas. Pelo volume de sua produção e pela significativa participação na economia são conhecidas como empresas-âncora: Usiminas, com sede em Ipatinga, Aperam sucessora da Acesita, sediada em Timóteo e CEBIBRA, com fábrica localizada em Belo Oriente município integrante do Colar Metropolitano da RMVA além de áreas de reflorestamento na região. Mais recentemente, grande ênfase vem sendo dada ao arranjo produtivo local voltado para o fornecimento de equipamentos para a exploração de petróleo, gás e indústria naval, em programa 724

291 realizado com a Petrobrás. É digno de nota que, dentre as cinco regiões escolhidas pela petrolífera brasileira a única que não é litorânea é a RMVA. A escolha se deu principalmente em função de sua capacidade produtiva e reconhecida vocação e expertise nesse segmento industrial. o Cenário Econômico Após passar por alguns anos de turbulência em função das crises financeira americana e a da zona do Euro, a economia internacional começa a dar sinais de lenta recuperação. Três regiões merecem atenção pelos impactos que podem provocar na economia brasileira. O PIB dos Estados Unidos vem recuperando sua trajetória de crescimento, ainda que haja oscilações no consumo, na produção e nos investimentos. O Desemprego americano continua recuando e a inflação no país segue sob controle. A injeção de recursos que vinha sendo utilizada para retomar a atividade econômica deverá ser reduzida gradativamente o que poderá afetar, negativamente, a entrada de investimentos nos países emergentes, dentre eles o Brasil. Tabela 164 Evolução Percentual do PIB no Mundo Países e Regiões Selecionados Na zona do Euro o PIB cresceu por dois trimestres seguidos e a produção física apesar da tendência crescente, passa por oscilações, pois há comportamentos distintos entre os países centrais e os 725

292 periféricos que fazem parte dessa união monetária, os países periféricos tem problemas estruturais e de emprego. O desemprego médio na região, de 12%, ainda é elevado, o que sugere uma recuperação mais lenta. A inflação está sob controle, mas persistem incertezas na situação bancária do bloco econômico. Projeta-se um crescimento de 1% em Na China, ocorreu o lançamento de um pacote de medidas voltadas para o desenvolvimento do mercado interno e de estímulo ao consumo. O PIB cresceu a uma taxa de 7,6% e as importações de minério e metais está em crescimento. A taxa de crescimento da economia global deverá ser maior em 2014, o que deverá ocorrer por força de um maior crescimento das economias emergentes, mas o Brasil não acompanhará essa evolução no mesmo patamar, conforme estimativas constantes da tabela 1. Essa retomada do crescimento mundial pode não ter efeitos sobre a demanda de aço, acredita-se que ocorrerá sim um aumento da demanda e de preços do minério de ferro. Atualmente há excesso de capacidade de produção de aço, de 580 milhões de toneladas, segundo informação da World Steel Association WSA, constante do Análise setorial elaborada pelo SICETEL. Sob essa perspectiva, e diante da especialização na área siderúrgica da RMVA, não se configura um cenário favorável à retomada de crescimento de sua principal atividade econômica. Gráfico 45 Produção de Aço no Mundo 726

293 Crescimento do PIB A economia brasileira experimentou um ciclo de estabilidade e de crescimento que favoreceu o desenvolvimento econômico e uma melhor distribuição da renda no período de 2004 a A economia cresceu a uma taxa média de 5,2% e beneficiou todos os segmentos e atividades produtivas. No entanto, o impacto da crise internacional se fez sentir no Brasil e a partir de 2011 o ritmo de crescimento arrefeceu e se estabeleceu em uma taxa média de 2% ao ano. Gráfico 46 Taxas de Crescimento do PIB Brasileiro O modelo de crescimento adotado a partir de 2004 privilegiou a distribuição e aumento da renda, permitindo a inserção de grande parcela dos habitantes no mercado de consumo. A classe C se ampliou, correspondendo hoje a mais de 50% da população, cerca de 106 milhões de pessoas. Aliado a isso, boa parcela do impulso ao consumo foi decorrente da ampliação das linhas de crédito, alongamento de seus prazos e queda nas taxas de juros. As empresas de bens de uso final se beneficiaram dessa política e efetuaram inversões para o aumento de sua capacidade produtiva e ganhos de produtividade, além de desenvolverem produtos mais acessíveis voltados para as classes populares. Há quem afirme inclusive que o impacto da crise mundial demorou a se fazer sentir em parte pela manutenção dos níveis da demanda doméstica. Historicamente, o Brasil tinha um dos 727

294 menores índices mundiais do volume de crédito em relação ao PIB. Essa relação vem crescendo, mesmo com a queda no rítmo da atividade econômica nos últimos três anos, conforme pode ser atestado pelo Gráfico 47. A projeção é de que até ao final de 2014 essa proporção atinja 60%. Gráfico 47 Evolução do Crédito (% do PIB) Dois outros fatores contribuíram para o crescimento econômico dos últimos anos e ainda podem ser considerados como aspectos positivos da realidade econômica brasileira. Gráfico 48 Taxa de Desemprego no Brasil 728

295 O primeiro deles é a manutenção do emprego, cujas taxas têm decaído sistematicamente desde 2000, ano inicial de nossa análise. Atualmente está situada em 5%. Mesmo considerando que o levantamento desse indicador considera apenas as seis principais regiões metropolitanas ele não deixa de ser representativo. O segundo fator é o aumento da renda dos trabalhadores. Políticas de crescimento real adotadas para o salário mínimo e a maior pressão pelo aumento da remuneração dos trabalhadores em virtude de sua maior capacidade de negociação decorrente dos níveis de emprego e escassez de mão-de-obra qualificada explicam a ampliação da renda a taxas reais ao longo do período em análise (gráfico 5). Por essas razões a demanda das famílias brasileiras ainda se mantém aquecida. Gráfico 49 Crescimento da Renda Real É interessante notar que na conjuntura atual de baixo crescimento exista uma forte e persistente pressão inflacionária. Geralmente em situações de ritmo menor da economia a tendência é de os preços se manterem mais estáveis. Não é o caso do Brasil. A já mencionada manutenção de uma demanda elevada por parte da população pressiona a infraestrutura brasileira e a necessidade de investimentos na economia. O Brasil tem baixo nível de poupança interna e uma das menores taxas de investimento em relação ao PIB dentre os países emergentes, atualmente se situa na casa dos 19%, enquanto em alguns países essa relação atinge os 40%. Fator determinante para o processo inflacionário brasileiro é o desequilíbrio fiscal. O excesso de gasto público frente às receitas exige que o governo tenha de se endividar cada vez mais para financiar o déficit. 729

296 Gráfico 50 Inflação Brasileira IPCA As projeções atuais para a inflação de 2014 indicam que ela se situe um pouco acima do limite máximo estabelecido pela política monetária, em 6,5%. No gráfico 6 podemos acompanhar a evolução da inflação brasileira nos últimos 14 anos. Apenas nos anos de 2006, 2007 e 2009 as taxas se mantiveram dentro da meta de inflação. 730

297 Gráfico 51 Evolução da Taxa Básica de Juros SELIC (%) Como forma de conter esse processo inflacionário o governo lança mão da política monetária atuando no seu principal instrumento que é a taxa básica de juros da economia, a taxa SELIC. Ultimamente ela estava sendo mantida nos níveis mais baixos até então praticados como forma de estimular o investimento via expansão do crédito, mas ainda assim elevada para os padrões internacionais. No entanto, desde o primeiro semestre do ano passado, quando atingiu seu patamar mais baixo, 7,5%, os responsáveis pela política monetária vêm, seguidamente, aumentando o seu valor como forma de inibir uma maior expansão da taxa de inflação e, por outro lado, como atrativo à aquisição de títulos públicos e de inversões estrangeiras, já que, com as perspectivas de crescimento dos países desenvolvidos e a possível redução dos estímulos à economia americana e consequente aumento da taxa básica nos Estados Unidos, desde 2013 tem ocorrido uma fuga de capitais dos países emergentes. No gráfico pode-se acompanhar a trajetória das taxa Selic desde o ano de Gráfico 52 Taxa Média de Câmbio R$/US$ 731

298 O Gráfico 52 reflete o comportamento da taxa de câmbio em relação ao dólar. Segundo diversos analistas, inclusive Gonzaga Belluzo, a moeda brasileira, o Real, há muito tempo se encontra supervalorizado o que tem contribuído para inibir uma maior penetração dos produtos brasileiros no mercado internacional. Mais recentemente, foi impactada pela evasão de dólares da economia brasileira pelas razões expostas anteriormente, o que também contribuiu para a desvalorização que o Rela vem experimentando desde meados de Desafios Já se chegou à conclusão de que o modelo de crescimento baseado apenas no consumo não é suficiente para propiciar um processo de crescimento econômico mais duradouro e a taxas mais elevadas. Esse período anterior mais acelerado da economia evidenciou a fragilidade da infraestrutura brasileira que dá mostras de ter atingido o seu limite de atendimento às necessidades das atividades produtivas e da própria dinâmica econômica do país. Há carência de portos adequados e ágeis e uma malha ferroviária mais extensa. As rodovias precisam ser modernizadas e ampliadas. Novas modalidades de transporte e sua utilização em conjunto precisam ser implementadas. As telecomunicações deixam a desejar tanto em termos de cobertura 732

299 quanto de velocidade. Os aeroportos operam no limite de sua capacidade e, em alguns casos até além. O setor energético vem dando mostras de estar atingindo sua capacidade máxima de atendimento. Há a necessidade de adoção de novos processos e tecnologias que permitam agilidade, principalmente no que diz respeito à administração pública. Todas essas questões tem afetado o custo dos produtos brasileiros, tanto para o mercado interno quanto para o externo e influindo negativamente na competitividade do país. Agregue-se a isso a necessidade de uma revisão da política fiscal brasileira e da contenção de gastos governamentais. A carga tributária incidente sobre as atividades produtivas precisa ser reavaliada também à luz do aumento da competitividade do país. A conjugação de fatores como as altas taxas de juros, estrutura tributária ineficiente, problemas de infraestrutura, valorização cambial, excesso de burocracia, vantagens comparativas na produção de bens primários, baixo nível de poupança interna aliados à uma educação formal insuficiente e a baixa qualificação da mão-de-obra, podem estar provocando um fenômeno de desindustrialização no Brasil. Esse processo, pelo qual alguns países desenvolvidos já passaram pode ser positivo, dependendo do nível de renda da sociedade. Nos países desenvolvidos a maior parte das demandas por produtos industrializados já está satisfeita e aumenta a demanda por serviços. Sua indústria tem intensa utilização tecnológica reduzindo o nível de emprego, que se desloca para outros setores econômicos e aumenta sua competitividade. A desindustrialização não significa necessariamente o fechamento de empresas, mas sim a queda de participação da indústria de transformação no PIB do país. Acresce que o Brasil não atingiu os patamares de renda dos países centrais que sustentam um processo natural de desindustrialização como a ocorrida nos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido. Segundo pesquisa, todos os países em que a renda atingiu US$ 20 mil passaram a contar com um maior peso do setor serviços em sua economia, sem comprometer a sua evolução econômica. Até atingir os US$ 20 mil de renda, os países tinham uma participação superior a 20% da indústria de transformação em sua economia. A questão que se coloca é a de que a renda no Brasil ainda se encontra na casa dos US$ 10 mil, e a participação da indústria de transformação vem caindo desde o século passado. Sua maior participação aconteceu por volta de 1985, quando foi de 27,2% do PIB. Hoje ela representa 13% da economia. 733

300 Gráfico 53 Participação da Indústria de Transformação no PIB A FIESP nomeia esse processo como de desindustrialização prematura e que tem efeitos danosos para a economia brasileira, já que a demanda por bens e produtos continua e está sendo satisfeita em parte por meio de importações de produtos finais e intermediários, em razão da baixa competitividade da indústria nacional. Essa discussão é relevante para a RMVA em face de sua especialização econômica em bens intermediários e que sofre o impacto pela pressão da maior competitividade do produto externo e pela pressão das indústrias de produtos finais, sejam elas nacionais ou não, que utilizam os seus produtos como insumos. 734

301 Tabela 165 Investimentos previstos por Setor em R$ bilhões Com esse quadro, busca-se adotar um novo modelo de crescimento econômico brasileiro que não seja baseado em ações de curto prazo como o estímulo apenas ao consumo. Visando adotar o investimento como mola impulsionadora do crescimento econômico, o governo federal adotou uma série de programas de investimento, de parcerias e concessões à iniciativa privada (gráfico 10), voltados para o desenvolvimento e ampliação da infraestrutura brasileira. 735

302 Gráfico 54 Investimentos Projetados Programa de Concessões em Logística e Energia Elétrica em R$ bilhões Minas Gerais Minas Gerais é o quarto estado em extensão territorial e conta com cerca de 20 milhões de habitantes, a segunda maior população do país. Por sua localização geográfica tem a maior extensão em rodovias pavimentadas e a segunda maior rede ferroviária do Brasil, funcionando como elo entre as regiões norte e sul. Tem fácil acesso aos principais portos do país e conta com uma malha de interligação que representa a segunda maior conectividade aérea nacional. É composto por 853 municípios e existem duas regiões metropolitanas, a de Belo Horizonte e a do Vale do Aço. O estado se desenvolveu com base na agropecuária e na exploração de produtos primários, notadamente na atividade mineradora que é responsável por 53% dos metais metálicos extraídos no país e por 29% da produção de minérios, o que deu origem a um parque industrial voltado, em grande parte, para a produção de bens intermediários. O Estado ocupa a terceira posição dentre as unidades da federação na produção nacional. Foi o que registrou o maior aumento de participação no PIB brasileiro com um avanço de 0,7 pontos percentuais e hoje responde por 9,3% do PIB nacional. De 2000 a 2013 o PIB minério cresceu a uma taxa média real de 3,9% ao ano. (Gráfico 55). 736

303 Gráfico 55 Taxa Anual de Crescimento do PIB de MG e Brasil Participação da Economia Mineira no PIB Brasileiro A distribuição setorial da economia vem se mantendo constante desde Hoje a Indústria representa 33% do seu PIB, o setor Serviços 58% e a Agropecuária, 9%. O segmento Administração Pública representa 13,5% do PIB e a Indústria de Transformação responde por cerca de 60% do setor industrial. Em 2013 houve um crescimento bem inferior ao do Brasil, em razão do fraco desempenho da agropecuária, da indústria extrativa mineral que apesar do crescimento em relação a 2012, havia sofrido queda significativa anteriormente, e da metalurgia básica. Acredita-se na possível retomada de taxas mais elevadas para os próximos anos, mas há análises mais conservadoras que projetam o contrário, pois as desvalorizações cambiais poderão continuar a refletir na indústria extrativa e, principalmente, pelo baixo dinamismo de alguns setores da economia mineira. Há interpretações de que a economia mineira já ocupou maior destaque na produção nacional, inclusive ocupando a segunda posição em termos de participação no PIB e que mesmo ocorrendo o aumento de sua participação ao longo dos últimos anos, esse fato seria decorrente em grande parte da queda de participação de São Paulo e da perda de participação relativa da indústria extrativa de Minas Gerais decorrente do aumento de participação dos estados produtores de petróleo. 737

304 Segundo o Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI), o Estado é o maior produtor de café e batata-inglesa do país, o segundo de cana-de-açúcar, feijão, alho e sorgo, e o terceiro de banana, tomate e abacaxi. É também o maior produtor de leite, o segundo maior de ovos e está entre os maiores rebanhos de bovinos, suínos e frangos. Principal Estado reflorestador do Brasil, Minas Gerais detém uma área de florestas plantadas de 1,52 milhão de hectares, equivalente a 22,7% da área plantada no país. No plano industrial, é o maior produtor e exportador mundial de ferronióbio. Minas Gerais é responsável por 34% da produção total brasileira de aço bruto, se constituindo em maior produtor. Em 2012, a produção do país foi de 34,7 milhões, enquanto a de Minas foi de 11,8 milhões de toneladas. No Estado, estão instaladas algumas das mais importantes unidades produtivas pertencentes aos maiores grupos siderúrgicos que atuam no país. É o maior produtor brasileiro e exportador de ferro-gusa. Com as melhores e maiores reservas econômicas de calcário presentes em seu território, o estado responde por 24% da produção de cimento do país, com uma produção de 15 milhões de toneladas concentradas em 14 unidades produtivas. É o segundo polo automotivo do país e segundo polo de fundição do Brasil. É digno de nota, principalmente pelo fato de se uma das atividades desenvolvidas na RMVA, que Minas Gerais produziu em 2012, cerca de 1,2 milhão de toneladas de pasta de celulose, volume equivalente a 8,6% da produção nacional. De toda a produção mineira, 94,5% foram destinadas à exportação, representando 12% do volume de exportações brasileiras. No entanto, o debate mais importante que ocorre em Minas Gerais atualmente é a necessidade de diversificação de sua economia. O Estado é dependente de produtos primários como o minério e o café e da produção de bens intermediários, estabelecida para dar suporte e ser complementar à economia paulista. Há quem afirme que pode estar ocorrendo um processo de reprimarização da economia mineira e desindustrialização prematura, conforme ocorre também em nível nacional. A Indústria de transformação do Estado de Minas Gerais tem como principais segmentos os indicados no gráfico 56. A Metalurgia é o setor de maior destaque seguido pelo setor de Alimentos e pelo de Veículos. 738

305 Gráfico 56 Composição da Indústria de Transformação em MG 2010 Figura 210 PIB de MG Segundo Regiões de Planejamento Considerando as dez regiões de planejamento de Minas Gerais, quase metade de sua economia se concentra na região Central, 45,8%, a maior parcela na Região Metropolitana de Belo Horizonte, revelando a desigualdade no desenvolvimento do Estado (figura 210). 739

306 A região de planejamento do Rio Doce é a quinta região em participação e é responsável por 6% do PIB estadual, sendo que 56,7% de seu produto é originário dos 28 municípios que compõem a Região Metropolitana do Vale do Aço. Minas Gerais é o segundo estado brasileiro em volume de exportações. De 2002 a 2012 suas exportações cresceram em média 9,5% ao ano em termos reais, não obstante a forte queda verificada em 2012, de 23,4%. A Região do Rio Doce responde por 3,3% das exportações do Estado, em grande originárias da RMVA. Gráfico 57 Exportações de Minas Gerais US$ Bilhões FOB Confirmando a especialização mineira em produtos primários e bens intermediários, 42% de todas as exportações do Estado em 2012 foram de minérios. O segundo item foi o café com uma participação de 11,3% (Gráfico 58). 740

307 Gráfico 58 Principais Produtos Exportados por Minas Gerais Apesar de sua posição no ranking de participação dos estados no PIB brasileiro, e evidenciando os diferentes níveis de desenvolvimento de suas regiões, em termos nacionais Minas Gerais ocupa a décima posição no ranking estadual de renda per capita, que em 2011 foi de R$ ,00 (no núcleo da Região Metropolitana do Vale do Aço era de R$ ), com crescimento real médio de 3,4% ao ano, 0,5 pontos percentuais abaixo do crescimento do PIB estadual. Gráfico 59 Evolução da Renda Per Capita de Minas Gerais A preços constantes de

308 o Produção e Setores Econômicos na RMVA O Produto Interno Bruto PIB, é a soma de todos os bens e serviços produzidos numa determinada região em certo período de tempo. Quando se analisa o PIB são considerados três grandes setores: Agropecuária, Indústria e Serviços. Em 2011, o PIB da RMVA, considerando os quatro municípios componentes do Núcleo Metropolitano, foi de R$ 10,4 bilhões. A Agropecuária foi responsável por apenas 0,2% do produto interno gerado. Confirmando a vocação do Vale do Aço para a produção de bens intermediários, a Indústria representou 50,9% e o setor Serviços, também com presença marcante, 48,9% (Gráfico 61). Há 10 anos, em 2000, A Agropecuária representava 0,2% do produto gerado, a Indústria 53,2% e o setor Serviços 46,6% (Gráfico 60). Nesse período, a distribuição por setores do produto na RMVA praticamente se manteve inalterada. Gráfico 60 Distribuição do PIB por Setores Econômicos Gráfico 61 Distribuição do PIB por Setores Econômicos Evolução natural, confirmada pelo comportamento das regiões mais avançadas, é de que as economias mais desenvolvidas apresentam uma maior participação no setor de Serviços. Nesses casos, há o domínio de todo o processo industrial e de tecnologias avançadas aplicadas à atividade produtiva. O 742

309 setor Serviços, decorrente dessa evolução, é mais sofisticado e capaz de gerar maior valor agregado. É comum avaliar o nível de desenvolvimento econômico verificando a participação do setor serviços na economia. Dois terços do PIB brasileiro são gerados pelo setor Serviços. Em MG o setor representa três quintos da produção. Já no caso do Núcleo Metropolitano da RMVA o setor não chega a representar 50% do PIB, mas com tendência de crescimento e concomitante queda da participação do setor Indústria nos últimos onze anos. Em Ipatinga e Timóteo predomina o setor Indústria. A sua participação se manteve praticamente estável em Ipatinga. Já em Timóteo, que tem a indústria como principal geradora de riqueza no município, o setor Serviços teve expressivo crescimento, mas, em face dos impactos provocados pela crise internacional de 2008 e pelo comportamento do mercado mundial de aço, possivelmente em decorrência do arrefecimento da atividade industrial. O setor Serviços é o principal componente do PIB em Coronel Fabriciano e em Santana do Paraíso. Houve crescimento do setor em Santana do Paraíso e em Coronel Fabriciano, mesmo com uma ligeira redução, o setor representa praticamente a totalidade de sua economia. É de se notar que o que predomina nessas duas cidades não são empresas de maior valor agregado no setor Serviços, mas sim as atividades tradicionais, como o comércio, por exemplo. São intensivos em mão-de-obra, mas de baixo valor agregado. Em 2000, a Região Metropolitana foi responsável por 3,3% do PIB de Minas Gerais. Em 2011 houve queda: 2,7% do valor gerado pelo Estado se originavam do Núcleo da RMVA. Nesse período de 11 anos, Minas Gerais obteve um crescimento médio anual de 4,4%, ao passo que na RMVA essa taxa foi de 2,5% e, no Brasil, de 3,5% ao ano. A RMVA registrou crescimento inferior ao obtido pelo Brasil e ao de Minas Gerais, reduzindo a sua participação na geração de riqueza no Estado. Os dados demonstram que houve uma retomada da tendência de crescimento nas esferas estadual e federal, fato que não se reproduziu na Região Metropolitana do Vale do Aço. A evolução do PIB da RMVA, do Brasil e de Minas Gerais é ilustrada no gráfico 18. De 2002 a 2008 a taxa de crescimento da economia da Região Metropolitana foi bem superior à do País e à do Estado, mesmo considerando a queda de 8,1% ocorrida em 2005, a taxa média real de crescimento anual foi 743

310 de 4,9%, de 4,8% em Minas Gerais e de 3,6% no Brasil. Já no período posterior a 2008, a taxa média de crescimento do PIB da Região Metropolitana foi negativa em 3,7% ao ano, enquanto no âmbito estadual e federal tivemos a mesma taxa de crescimento médio anual, positiva em 3,3%. Gráfico 62 Quadro Comparativo da Evolução do PIB de 2000 a 2011 A preços de 2000 Cabe ainda destacar a participação da Administração Pública no PIB da região (Gráfico 63). Em todo o período analisado, a Administração Pública tem menor representatividade no PIB da RMVA que no do Brasil e no de Minas Gerais. Gráfico 63 Participação da administração pública no PIB A Administração Pública direta em Minas Gerais representava 13,5% do PIB total tanto em 2000 quanto em Na Região Metropolitana do Vale do Aço, esse setor correspondia a 11,3% em

311 e teve ligeiro acréscimo em 2011, passando a 12,0% do total do PIB. No nível municipal, em 2000 a Administração Pública representou 24,1% em Santana do Paraíso, 20,9% em Coronel Fabriciano, 10,5% em Ipatinga e 8,8% em Timóteo. Em 2011 houve queda da Administração Pública no PIB de Ipatinga para 9,9% e em Santana do Paraíso para 23,6%. Em Coronel Fabriciano e Timóteo ocorreu crescimento, com a Administração Pública correspondendo a 24,0% e 12,0% do PIB, respectivamente. Pela experiência, é notório que em municípios com baixo nível de atividade econômica, no mais das vezes a Administração Pública exerce o papel de fonte geradora de trabalho e de renda. Estimativas do PIB Os dados disponíveis do PIB são de Foi elaborada estimativa e projeção dos valores até 2015 utilizando a metodologia de tendência linear para a sua construção. Não foram considerados os impacto dos movimentos de mercado, dos segmentos econômicos mais fortes da região e da economia nacional e estadual. Gráfico 64 Projeção do PIB para 2011 e

312 No caso de Coronel Fabriciano e de Santana do Paraíso os indicadores de correlação das estimativas foram superiores a 0,9 (correlação perfeita = 1). Em Ipatinga a correlação foi superior a 0,8. Apenas Timóteo apresentou correlação praticamente nula, já que a evolução do PIB ao longo dos anos demonstra uma grande instabilidade, impedindo que os valores estimados sejam levados em consideração. Conforme o Gráfico 64, Santana do Paraíso é o município que vem apresentando as maiores taxas de crescimento. Apesar de indicar uma retração na projeção de 2012, mantém a tendência de ostentar o crescimento mais intenso da região. Ipatinga também revela tendência de crescimento do PIB. Ocorreu uma queda em 2004, mas o comportamento do PIB do município só é afetado de forma mais acentuada pela crise de Apesar de Coronel Fabriciano apresentar crescimento durante todo o período, ele ocorre de forma mais suave. A tendência inclusive é de certa estabilização do processo. Timóteo apresenta um comportamento menos linear em sua curva de crescimento do PIB. Sofreu impactos em 2004 e de forma bastante pronunciada na crise de A curva de crescimento do PIB demonstra que sua economia ainda não se recuperou do abalo. Ipatinga é o município com maior PIB do Núcleo Metropolitano. Essa cidade responde por 68,9% de toda a produção. O segundo maior é Timóteo, com 19,4%, seguido por Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso, com 9,0% e 2,7% de participação, respectivamente. Gráfico 65 Participação no PIB da RMVA Em 2000 esse quadro era um pouco diferente: Ipatinga detinha 63,2% de participação no PIB, Timóteo 26,4%, Coronel Fabriciano 8,8% e Santana do Paraíso 1,6%. Das cidades que compõem a região 746

313 metropolitana, duas registraram aumento na participação do PIB da região no período e duas sofreram queda. Timóteo foi a que registrou a maior queda, de 7,0 pontos percentuais, equivalente a duas vezes e meia o atual PIB de Santana do Paraíso. O PIB de Coronel Fabriciano praticamente se manteve estável aumentado apenas 0,2 pontos percentuais. Ipatinga cresceu sua participação em 5,7 pontos percentuais e Santana do Paraíso em 1,1 pontos percentuais, proporcionalmente o maior aumento verificado entre os quatro municípios. Com a queda no nível de atividade econômica de Timóteo, Ipatinga que já respondia por mais da metade do PIB Metropolitano concentrou ainda mais a geração de riqueza na RMVA. o Especialização X Diversificação A predominância do setor siderúrgico na RMVA foi ditada por sua própria história de formação econômica. O desenvolvimento local foi induzido pela ação governamental em decorrência de sua localização estratégica favorecendo o acesso a mercados, à existência de uma ferrovia, à proximidade do fornecimento de insumos e pela intenção de distribuir as atividades produtivas pelo estado. O próprio Estado de Minas Gerais se especializou e ainda é caracterizado pela produção de bens intermediários. A RMVA experimentou períodos de expansão econômica na segunda metade do século XX e se tornou uma região rica, notadamente os municípios de Timóteo e Ipatinga. No entanto e recentemente, a sua atividade produtiva, extremamente concentrada na produção de aço e aço inox, começou a enfrentar dificuldades no mercado. O objetivo desse diagnóstico não é aprofundar análises setoriais, mas é preciso saber que a queda nos níveis de crescimento da região e, para alguns, até mesmo a estagnação econômica da RMVA, decorrem do fato de que a indústria do aço foi muito afetada pela crise internacional que se instalou a partir de 2008, pela taxa de câmbio com o real valorizado, os custos de matérias-primas e energia, custos com a mão-de-obra especializada, defasagem tecnológica, ineficiências de infraestrutura e logística e até mesmo cargas tributárias diferenciadas entre os mercados, que impedem a competição em nível de igualdade com outros países. Segundo o Instituto do Aço do Brasil - IABr, o custo dos tributos sobre bobinas quentes destinadas ao mercado interno é de 44,3%, ao passo que a média mundial é de 24,1%. 747

314 Agregue-se a isso o excesso de oferta de aço no mundo. A previsão é de que o excedente de produto em nível mundial será de 580 milhões de toneladas em Ainda assim, a perspectiva do IABr é que ocorram aumentos significativos da capacidade de produção na China, na Índia e no Oriente Médio. As diversas esferas da sociedade da RMVA, em nível de governo, meios empresariais e sociedade civil, já concluíram que a região não pode ser dependente apenas da cadeia produtiva do aço. Alguns entendem que a especialização excessiva é uma das fragilidades da região metropolitana, inibindo o seu desenvolvimento pelo fato de que a atividade vem enfrentando dificuldades no mercado há algum tempo e, ainda, por restringir as possibilidades de novas iniciativas às opções vinculadas a esse segmento econômico. Por outro lado, reconhecem também que, mesmo assim, o segmento continua estratégico para o crescimento regional, e que continua a ser elemento fundamental para a atração de novos investimentos que venham a complementar e encadear suas atividades produtivas. Em qualquer processo de desenvolvimento econômico é fundamental considerar que a intensificação das atividades existentes, pelo encadeamento das atividades produtivas, pela diversificação ou pela atração de novas empresas dependerá do atendimento dos fatores que influem na decisão de investimento pelo empresariado (Quadro 37). Quadro 37 Atratividade Econômica 748

315 No levantamento de informações para o diagnóstico foram realizados fóruns, reuniões, entrevistas e oficinas com a finalidade de se elaborar uma leitura comunitária que viesse complementar o entendimento da realidade da região, além das informações de caráter técnico. Alguns dos tópicos descritos na tabela 3 foram abordados nesses encontros. O primeiro deles diz respeito à localização geográfica da RMVA que é considerada como um ponto positivo já que está próxima dos maiores centros consumidores do país, com acessos ao sul e ao nordeste do país, ao litoral e aos portos para a exportação e das áreas fornecedoras de insumos. Por outro lado, a região enfrenta questão de ordem burocrática para o desembaraço de mercadorias destinadas à exportação. Como a RMVA não é um porto seco, há a necessidade de deslocamentos de mercadoria para efetuar os trâmites alfandegários, o que resulta em aumento de custos do produto final. A qualificação e capacitação profissional são reconhecidas tanto como uma potencialidade quanto uma fragilidade da RMVA. Nos diversos encontros com membros da comunidade o entendimento manifestado é de que a região metropolitana conta com boas universidades e que tanto o número de instituições de ensino quanto o de alunos aumentou. No entanto se ressentem da inexistência de uma universidade pública na região. No entanto mencionam também a carência de pessoas qualificadas para o trabalho, principalmente em tarefas e áreas técnicas das indústrias, mesmo havendo escolas de qualificação na região que, em alguns casos, os cursos foram questionados em termos de qualidade. Alguns acreditam que há a necessidade de maior investimento na formação técnica profissionalizante. Outro aspecto mencionado sobre capacitação diz respeito à formação de empreendedores na região. Durante as oficinas mencionou-se que não havia investimentos voltados para a capacitação da sociedade em geral, muitos menos para a formação e aperfeiçoamento dos empreendedores locais. Na visão dos representantes da sociedade local, a presença das grandes empresas gerou uma cultura nas pessoas de serem empregadas e não de empreender. A realidade econômica da região mudou e a oferta de empregos diminuiu. Assim acredita-se que o investimento na formação de empreendedores é vital. 749

316 A questão tributária é motivo de preocupação para os membros da sociedade e empresariado. São unânimes em propor a criação de incentivos fiscais para a atração de novas empresas e a adoção de impostos municipais diferenciados para a indústria e atividades produtivas em geral. Citou-se até a possibilidade de instituição de um imposto territorial específico para a indústria. De outro lado, os municípios que já praticam estímulos como a cessão de terrenos e redução de alíquotas tributárias se ressentem do não cumprimento por parte de algumas das empresas beneficiadas dos compromissos assumidos em termos de geração de emprego. Outras questões relevantes para a atratividade de empresas como pesquisa e desenvolvimento, infraestrutura e logística e energia e telecomunicações também foram destacadas nos encontros e oficinas e serão abordadas oportunamente ao longo desse diagnóstico. Mas existe, de igual modo, a necessidade de estímulo a atividades de menor expressão já presentes na região e atração de outros segmentos produtivos visando à ampliação das fontes de geração de receitas. Uma economia diversificada dilui os riscos decorrentes de oscilações de mercado em um ou outro ramo de atividade, promovendo maior estabilidade e consequente continuidade do processo de desenvolvimento. Turismo Nessa perspectiva, um dos setores que vem merecendo atenção é o turismo. A atividade é mencionada em todas as leituras comunitárias efetuada na RMVA como uma das principais potencialidades de desenvolvimento econômico da região. Nos últimos anos a atividade turística vem desempenhando papel importante na economia de diversos países. Não é diferente no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em parceria com o Ministério do Turismo, no ano de 2009 as chamadas atividades características do turismo geraram um produto bruto de 213,3 bilhões de reais, representando 7,3% do PIB de serviços do país e 3,9% do PIB total. Também no ano de 2009, essas atividades eram responsáveis por 5,9 milhões de ocupações, representando 9,9% do total do setor de serviços e 6,1% das ocupações totais na economia brasileira. 750

317 Em Minas Gerais, o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado - PMDISINDUSCON, destaca o turismo com um dos setores estratégicos para o desenvolvimento da economia. A política mineira para estímulo à atividade turística prioriza o desenvolvimento regional do turismo em detrimento de atividades isoladas e concentradas nos municípios através da criação de circuitos. Na RMVA foi efetuado estudo específico sobre a atividade. Segundo o diagnóstico feito pela Impactur Consultoria Turística, as características da região e sua infraestrutura mostram um potencial natural e cultural que permitiriam o desenvolvimento do Ecoturismo, Turismo de Aventura, Turismo Rural, Turismo Cultural, Turismo Religioso e Turismo Solidário entre outros e aponta o Turismo de Negócios e Eventos como o mais forte na atualidade, mas passível de incremento. Há os que postulam que o turismo rural e ecológico já é uma vocação regional. A RMVA engloba parte do Parque Estadual do Rio Doce que é a maior reserva contínua de Mata Atlântica no estado de Minas Gerais. Possui ainda o terceiro maior complexo lacustre da América Latina com um total de 42 lagoas, além de trilhas, cachoeiras e outros atrativos. Esse conjunto de atrações compõe o Circuito Mata Atlântica de Minas. Criado em 2001, o circuito vai ao encontro das diretrizes do arranjo institucional. É formado pelos quatro municípios do núcleo da RMVA e ainda por Açucena, Belo Oriente e Marliéria, componentes do colar metropolitano e por São Domingos do Prata. No caso específico de Santana do Paraíso apontou-se durante as oficinas a necessidade de maior preservação e valorização do patrimônio natural do município com vistas à sua exploração turística. Diversas outras atividades são desenvolvidas, como festas, encontros, festivais, mas a região se ressente da falta de um calendário definido. Segundo informações dos participantes das oficinas e de entrevistas, existem ações aguardando por investimentos, seja público ou privado, como a ampliação da igreja católica localizada no centro de Timóteo, cujo projeto prevê a construção de uma grande nave no subsolo produzindo um monumento que pode se tornar excelente atrativo para o turismo religioso, além de outras igrejas de interesse histórico e cultural. A RMVA é atendida por restaurantes, agências de turismo, dentre outros serviços voltados para o turismo, conforme demonstrado na Tabela

318 Tabela 166 Alojamento, Alimentação e Serviços de Apoio. Conta com rede hoteleira desenvolvida e de boa qualidade com e boa oferta de acomodações conforme descrito na Tabela Tabela 167 Serviços de hospedagem na RMVA. Apesar de todo o interesse no desenvolvimento da atividade turística, da existência de uma estrutura para dar suporte ao desenvolvimento do segmento conforme descrito nas tabelas 3 e 4 e da necessidade de diversificação da economia, é senso comum que há um baixo nível de investimentos na divulgação dos atributos turísticos da RMVA para o mercado estadual e nacional, mantendo uma situação em que o afluxo de pessoas atraídas por seus atrativos naturais seja da própria região e de estudiosos interessados no Bioma Mata Atlântica. 103 UHs Unidades Habitacionais 752

319 Construção Civil A construção civil é uma atividade que também pode auxiliar no processo de desenvolvimento da RMVA. Nos últimos anos, o setor tem experimentado um elevado nível de atividade na economia brasileira. A melhoria de renda aliada à maior disponibilidade de crédito, a redução de taxas e ampliação de prazos, a instituição do marco regulatório do mercado imobiliário por meio da Lei de 2004 e programas governamentais voltados para a construção estimularam a oferta e a demanda efetiva por moradias. Além disso, o crescimento econômico verificado a partir de 2004 e o Programa de Aceleração do Crescimento impulsionaram o setor com obras de infraestrutura, logística e novas plantas industriais, comerciais e de prestação de serviços. A construção civil representa cerca de 5% do PIB nacional. Por suas próprias características produtivas é um setor intensivo em mão-de-obra e, portanto, estimula o mercado pela maior demanda por bens e serviços. Por isso mesmo, a construção civil exerce importância na economia, tanto na formação de capital fixo, quanto na geração de emprego e renda. Na RMVA a Construção Civil se caracteriza pela manutenção das plantas industriais existentes na região e pela construção de imóveis residenciais, além das obras de infraestrutura em implementação pelas prefeituras e pelo PAC. Segundo o SINDUSCON do Vale do Aço não existem dados detalhados sobre o nível de atividade do setor na região, pois uma das características do setor é a informalidade elevada, principalmente no ramo residencial. Visando dimensionar a atividade na RMVA, relacionamos na tabela 6 o número de empresas voltadas para a indústria da Construção Civil. De um total de 1989 empresas, 85,3% são classificadas como microempresas ou microempreendedores individuais, o que pode sugerir o volume de negócios da atividade em função dos limites legais de faturamento para enquadramento nessas categorias. 753

320 Tabela 168 Empresas da Indústria de Construção Civil na RMVA Também foi dimensionado o número de empresas que se dedicam ao comércio de materiais utilizados na Construção Civil, constantes da Tabela 170. São 76 empresas do comércio atacadista e 730 do comércio varejista, sendo que 80% do total são classificadas como microempresa. 754

321 Tabela 169 Empresas do Comércio da Construção Civil na RMVA. Os dados referentes ao emprego podem ilustrar a atuação do setor construção. O gráfico 66 descreve o comportamento das contratações e demissões de 2004 a O saldo de postos de trabalho (postos criados postos fechados) se manteve positivo em praticamente todo o período compreendido entre 2004 e 2013 (segundo dados do CAGED), especialmente no município de Ipatinga (gráfico 6). Em relação à construção civil neste município, dois fatos chamam a atenção. Primeiramente, observa-se um pico na criação de vagas de trabalho no ano de 2010, acompanhando o que aconteceu no restante do país, sendo seguido de forte queda, provavelmente como efeito da crise que afeta a atividade industrial na região. Outro fato diz respeito à recuperação em 2013 de parte dos postos de trabalho fechados nos anos anteriores. A primeira vista, tal recuperação pode ter sido causada pela construção de novos empreendimentos habitacionais. Entretanto, segundo informação do Sinduscon, pode ter ocorrido, principalmente, pela contratação de obras de manutenção da parte elétrica das plantas da Usiminas e Aperam. 755

322 Gráfico 66 Saldo de postos de trabalho criados na RMVA Construção Civil Saldo = Postos criados Postos fechados Gráfico 67 Volume de Crédito Imobiliário na RMVA A preços constantes de = Base

323 Ainda assim o volume de crédito imobiliário contratado no Núcleo da RMVA experimentou forte expansão a partir de 2005 e ainda sinaliza uma considerável intensidade de crescimento em 2012 e 2013, conforme demonstra o Gráfico 67. De certa forma esse comportamento do crédito imobiliário, principalmente nos últimos anos, contraria um pouco as expectativas sobre o nível de atividade do setor na RMVA. Assim como no restante do país, o segmento teve um grande impulso. Entretanto, segundo percepções obtidas em entrevistas e oficinas, a atividade do setor apresentou certo arrefecimento a partir do ano de Nos municípios de Ipatinga e Timóteo, essa diminuição de ritmo relacionada com certas indefinições no que diz respeito à aprovação de parâmetros de uso do solo previstos no plano diretor destes municípios e ao mau desempenho da indústria siderúrgica. Segundo tais percepções, acredita-se que parte considerável da demanda por imóveis era decorrência de um contingente de profissionais de outras regiões que viam na RMVA boas oportunidades de negócios. Com a atual situação da atividade siderúrgica, grande parte deste contingente deixaria de ser atraída para a região, segundo analistas do mercado imobiliário. No entanto, também deve se ter em mente o fato de que há uma grande expansão imobiliária nos municípios vizinhos à Ipatinga, especialmente em Santana do Paraíso e, provavelmente, a expansão do crédito se dê em função dos empreendimentos imobiliários lá instalados, mas que são registrados em Ipatinga, já que a maior demanda parte de moradores desse município. Cabe ressaltar ainda que, ao lado dos fatores mencionados anteriormente, há o histórico déficit habitacional no Brasil, que pode ser entendido como uma grande demanda reprimida no país e que também pode influenciar o mercado imobiliário. No que se refere a tal déficit, de acordo com estudo realizado pela Fundação João Pinheiro, no ano de 2010 havia, na RMVA, uma carência equivalente a domicílios frente a uma carência de domicílios em 2010, representando uma variação de mais de 100% no período. Agropecuária A atividade agropecuária é outra que merece atenção. Trata-se de um setor que pode ser dinamizado com a consequente ampliação da geração de receitas e de emprego, não só no núcleo da RMVA, mas principalmente nos municípios do colar metropolitano. A leitura comunitária dá ênfase ao fato de que 757

324 o agronegócio também é uma vocação regional por causa do eucalipto e de diversas culturas exploradas no Colar Metropolitano. Quadro 38 Potencialidades agropecuárias na RMVA A dinâmica da economia do núcleo metropolitano e suas características provocaram um processo migratório das cidades do colar para o núcleo ao longo dos anos. Dos 24 municípios que compõem o colar metropolitano, 15 tiveram redução na sua população no período de 2000 a O desenvolvimento da atividade agropecuária em toda a região, além de conter a pressão sobre o núcleo metropolitano irá contribuir para a diversificação econômica pretendida. A RMVA, incluindo o colar metropolitano, representa um mercado consumidor de quase um milhão de pessoas, porém ainda depende da produção agrícola importada de outras regiões. As principais lavouras temporárias exploradas na RMVA são: abacaxi, alho, amendoim, arroz, batatadoce, cana-de-açúcar, feijão, girassol, feijão, mandioca, milho e tomate, algumas delas de produtos tipicamente destinados à subsistência. As lavouras permanentes são o abacate, banana, borracha, café, coco-da-baía, goiaba, laranja limão, mamão, manga, maracujá e tangerina. Segundo dados do IBGE, entre 2000 e 2012, o conjunto das 758

325 lavouras permanentes e temporárias desenvolvidas na RMVA apresentou um crescimento real negativo de 20,2%. A produção de produtos de origem animal, leite ovos e mel-de-abelha principalmente, tiveram um crescimento no valor produzido de 53,2% entre 2000 e Acredita-se que a RMVA se ressente da falta de um órgão local para a inspeção dos produtos de origem animal. A existência de um órgão fiscalizador atuante, além de impulsionar as atividades já existentes, poderia ser também fator de atração de outras empresas para a região. A atividade de silvicultura do eucalipto na Região Metropolitana do Vale do Aço se destaca no cenário agropecuário mineiro. Em 2012 a RMVA respondia por 30,9% de toda a produção de madeira em toras destinada à fabricação de papel e celulose no estado de Minas Gerais. No mesmo ano, 88% desse total eram extraídos do Colar Metropolitano. A apicultura é apontada como uma das atividades mais promissoras do Vale do Aço, com uma produção atual de 550 toneladas. Os produtos são comercializados no mercado interno, principalmente em São Paulo. No plano externo, Estados Unidos, Alemanha e Japão são os principais compradores. No caso da silvicultura, acredita-se na possibilidade de um maior desenvolvimento na agricultura, por meio da consorciação de árvores frutíferas com a lavoura de eucalipto, o que tecnicamente é factível. Além das oportunidades apresentadas, nas oficinas e entrevistas se demonstrou a preocupação também com a preservação dos fundos de vales e nascentes da região, acreditando-se que há pouco estímulo, suporte técnico e financeiro os produtores rurais. Alguns municípios do Colar também têm atividades desenvolvidas na horticultura e café. Mas, segundo a Emater-MG, todas as atividades constantes do seu Mapa de Potencialidades podem ser exploradas de forma mais intensa e profissional, permitindo que a agropecuária dê uma contribuição mais significativa à geração de riquezas no Vale do Aço, além de propiciar emprego e renda para a população. 759

326 A comercialização dos produtos hortifrutigranjeiros na região também é foco de atenção quando se discute questões relacionadas ao desenvolvimento econômico e à diversificação da economia. Há uma boa produção no Colar Metropolitano. São 37 produtos dentre os quais podemos citar a abóbora, abobrinha, alface, berinjela, cará, couve, couve-flor, espinafre, inhame, jiló, pepino, pimentão, quiabo, repolho, salsa e vagem. Uma parcela da produção local é comercializada no Ceasa de Caratinga, outra no Ceasa de Contagem, além de um feirão tradicional que ocorre na área exterior do estádio Ipatingão, já tradicional na região. Não há dados disponíveis sobre o valor dos produtos comercializados na feira do Ipatingão, mas em 2013 R$ 9,4 milhões em produtos originários de municípios da RMVA foram comercializados no Ceasa de Caratinga, e a proporção de sua origem consta do gráfico 68. Gráfico 68 Produtos Originários da RMVA comercializados no Ceasa de Caratinga 2013 Também em 2013 foram comercializados R$ 15,0 milhões em produtos originários da RMVA no Ceasa de Contagem, conforme demonstra o Gráfico 69, contendo a proporção desse montante relativa a cada origem municipal. 760

327 Gráfico 69 Produtos Originários da RMVA comercializados no Ceasa de Contagem 2013 Existem reinvindicações para a construção de um Ceasa no núcleo da RMVA já que, na percepção da comunidade, esse equipamento poderia contribuir para que os produtores do Colar Metropolitano comercializassem os seus produtos na própria região, em ambiente adequado e com redução nos custos de transporte, o que poderia ter efeitos positivos sobre os preços finais. Acredita-se também que a instalação de um CEASA no Núcleo Metropolitano poderia contribuir para a ampliação das receitas municipais em virtude de uma maior formalização das atividades comerciais e produtivas que passariam a operar no estabelecimento. Mantendo ainda a nossa análise no setor primário da economia, muito se fala na região das possibilidades de exploração da piscicultura, já que a RMVA é pródiga em rios e, principalmente, lagoas. Em tamanho, é a terceira região lacustre do Brasil. Nas oficinas do diagnóstico o tema surgiu de forma recorrente, em todos os municípios. No entanto, a exploração dessa atividade deve ser encarada com muita cautela. O complexo lacustre localizado na região da RMVA é reconhecido internacionalmente o que lhe confere prioridade na preservação de seus recursos hídricos. Ainda, conforme detalhado no diagnóstico do eixo Meio Ambiente do PDDI, as experiências anteriores redundaram em diversos impactos ambientais negativos. A inserção de espécies exóticas (essencialmente carnívoras) para a exploração comercial da pesca na região provocou desequilíbrios, principalmente após enchente que, pelo transbordamento, levou essas espécies para todas as lagoas da região. Os peixes nativos que mantinham o equilíbrio ambiental foram praticamente dizimados pela ação predatória das espécies introduzidas na região. Há a tendência de o Conselho Consultivo do Parque Estadual do Rio Doce PERD em barrar empreendimentos de piscicultura em sua zona de amortecimento. 761

328 Pesquisa, Tecnologia e Inovação Tema abordado em diversas entrevistas e oficinas nos debates prévios para a elaboração do diagnóstico, a inovação é igualmente um tópico que vem merecendo a atenção de governos, instituições e empresas. Dentro da abordagem econômica, a expansão do conhecimento e sua aplicação prática é o principal fator diferenciador de economias e de geração de riquezas. O economista Schumpeter defende em sua abordagem sobre ciclos econômicos que é a inovação que propicia que uma determinada economia saia de uma posição de equilíbrio e possa se expandir por meio da obtenção de lucros extraordinários. Atualmente, entende-se que a capacidade inovadora é que determina a dinâmica econômica e o grau de competitividade das economias e de empresas. Reforçando esse entendimento, outro economista, Kondratieff, defende a existência de grandes ciclos econômicos promovidos pelas inovações tecnológicas e sua inserção nos processos produtivos. Em cada ciclo há um período de expansão seguido de uma acomodação até que uma nova tecnologia surja e dê início a um novo ciclo de expansão. Aspecto relevante nesse processo, e que pode se tornar uma vantagem para a RMVA, é que cada vez mais se constata que o desenvolvimento de conhecimento aplicado ocorre em espaços geográficos delimitados, ao contrário de avaliações anteriores em que se acreditava que a globalização poderia permitir esse desenvolvimento independentemente das aglomerações locais. Diniz e Gonçalves externam esse pensamento da seguinte forma: Do ponto de vista regional, o conhecimento se torna fator talvez mais importante e decisivo que os clássicos fatores capital, trabalho e recursos naturais. Assim, a capacidade de gerar conhecimento e sua aplicação produtiva transforma-se no mais importante fator locacional na atual etapa do desenvolvimento econômico. Por sua vez, a capacidade de inovação e, consequentemente, de modernização passa a depender do gasto privado em P & D, do gasto com pesquisa pelas universidades e da coincidência geográfica e temporal dessas duas fontes de pesquisa. (DINIZ e GONÇALVES, 2005, p.133). A principal vocação da RMVA é baseada em produtos considerados commodities, que não agregam diferenciais competitivos, o que torna a região apenas mais um produtor de aço no cenário mundial, sujeita às forças de mercado e à competição em um mercado com excesso de produção e, portanto, com pressão para baixo sobre os preços praticados. 762

329 Na leitura comunitária os participantes enfatizaram a necessidade de atrair empresas de tecnologia e inovação para se instalar na RMVA, como forma de proporcionar a sua diversificação econômica e torná-la mais dinâmica. Mais que isso: também buscando agregar vantagens competitivas aos seus produtos e, pela sua diferenciação dos demais produtores, aumentar o seu valor e inserção nos mercados. Além disso, há o desejo em atrair empresas de outros ramos que trabalham com novas tecnologias. Mas apontam a falta de centros de pesquisa, pois os poucos que existem estão dentro das grandes empresas e voltados para os seus processos produtivos. Mesmo com os existentes, creem que há falta de integração entres esses centros privados e o poder público, além da inexistência de um centro tecnológico que explore a vocação econômica da região. o Arranjo Institucional A Região Metropolitana do Vale do Aço RMVA foi instituída em 1998, por lei estadual. É composta por quatro municípios, Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo, que ostentam considerável grau de conurbação e complementariedade de suas atividades econômicas. Além desse núcleo metropolitano, a RMVA agrega outros 24 municípios em virtude de sua proximidade, vínculo econômico, transbordamento espacial das regiões urbanas do núcleo e relativamente intensa interação social. Esses municípios compõem o denominado Colar Metropolitano, em que se destacam Caratinga, pelo tamanho da população e da economia e Belo Oriente pela presença de uma grande unidade industrial. A criação de uma região metropolitana tem como principal objetivo o tratamento adequado de funções de interesse comum aos municípios, contemplando as necessidades cuja solução afete a mais de um Município. Mesmo com essa visão ampliada e apesar da instituição da RMVA existir formalmente a 16 anos, da denominação comum, da relativa identidade regional, de vocações econômicas bem próximas e das mesmas questões a resolver e potencialidades, ainda é tênue a visão de conjunto no núcleo metropolitano que permita uma abordagem integrada dos assuntos que afetam a mais de um Município, muito menos se desenvolveram, apesar de algumas tentativas de sucesso, formas de organização que pudessem aglutinar a discussão e encaminhamento de temas no âmbito econômico. Ainda não se desenvolveu a cultura metropolitana nem existe um pensar metropolitano na região, segundo pesquisa efetuada pelo eixo Arranjo Institucional do PDDI, executada pelo Instituto 763

330 DATAMINAS em dez.2013 e jan.2014, 67,2% da população desconhece o que é a RMVA, o que de certa forma também pode inibir o desenvolvimento econômico da RMVA. A percepção é de que ainda prevalece comportamento de se avaliar as possíveis soluções para os problemas econômicos e a geração de riqueza sob um prisma municipal e não metropolitano independentemente dos impactos positivos ou negativos que possam causar nos entes federados vizinhos em que cada um dos municípios tende a se considerar como agente isolado, o que pode estimular a competição entre eles por inversões produtivas e equipamentos em seu próprio território, em detrimento do aproveitamento das externalidades que poderiam advir para toda a região. Tal situação pode ser evidenciada, por exemplo, na criação de distritos industriais que se dá isoladamente por cada município que busca, também isoladamente, atrair investimentos privados para o município em questão. O tratamento integrado para aglomerados urbanos requer alguns pré-requisitos, dentre eles a coesão de propósitos dos gestores, como discorre SANTOS JÚNIOR, com base em extenso trabalho sobre o tema: De uma forma geral, a experiência internacional indica que, independente de serem Estados unitários ou federativos, a capacidade e a efetividade das estruturas de governança desses aglomerados parecem depender da amplitude da coalizão dos agentes envolvidos com a dinâmica metropolitana, em especial, dos agentes públicos - mas também dos agentes privados -, capazes de conferir legitimidade à mesma (SEIXAS, et. al., 2012). Em outras palavras, pode-se dizer que quanto maior for a legitimidade da autoridade metropolitana maior será a probabilidade de sua efetividade. (SANTOS JÚNIOR, 2013, p.182). Em nível municipal existem alguns instrumentos visando ao desenvolvimento econômico, mesmo considerando que, em alguns casos, como se percebe nas falas de alguns gestores, haja a percepção de que esse processo seja uma atribuição do mercado e da iniciativa privada e não do estado. Existem Planos Diretores aprovados e em vigor em Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo. Em Ipatinga prevalece o PDI de 2006, mas sua revisão na realidade um novo Plano Diretor está em avançado processo de debates já encaminhado ao Poder Legislativo para aprovação. Em todos eles, em seus objetivos gerais e diretrizes estratégicas, há abordagem clara acerca do desenvolvimento econômico municipal. Atestam que é papel do município orientar o desenvolvimento, fortalecer a vocação econômica existente, promover a diversificação, atrair novos 764

331 investimentos e promover a formalização de atividades e a geração de trabalho e renda e a expansão das receitas municipais. Em alguns desses PDIs a intenção metropolitana é mencionada na medida em que incluem a necessidade de promoção do desenvolvimento econômico em parceria e de forma integrada com os municípios da RMVA. Entende-se o arranjo institucional como os contratos e acordos entre agentes específicos, respeitadas as normas e a legislação do ambiente institucional, por meio dos quais eles irão cooperar ou competir numa dada situação. Assim, mesmo que na RMVA existam diversas instituições governamentais ou não de caráter econômico, não significa que haja uma visão comum da problemática regional e dos caminhos para resolvê-la. Em alguns casos, algumas dessas instituições sequer têm atuação no nível local, centrando suas ações a partir de políticas federais ou estaduais mais amplas. Além disso, seja pela pressão do imediatismo, pela desinformação ou desconhecimento de métodos que venham facilitar a integração entre instituições ou ainda pela ausência de uma visão de mais longo prazo, pode haver dificuldade dos governos locais em coordenar as ações institucionais. Esse fato pode ser a razão porque os participantes das oficinas de diagnóstico mencionaram a falta de órgãos e instituições de caráter metropolitano voltados para o atendimento das necessidades da RMVA como uma das vulnerabilidades da região. De forma concreta, os arranjos institucionais mais efetivos no plano metropolitano são a Agência de Desenvolvimento da RMVA, estabelecida há cerca de dois anos, vinculada ao estado e de caráter executivo, e a Assembleia Metropolitana da RMVA, composta por representantes dos municípios, do Estado, do Poder Legislativo e da sociedade. Situação que não deixa de ser considerada como um avanço. Outro exemplo de iniciativas conjuntas bem sucedidas se constitui de arranjos institucionais voltados para temas específicos. Envolvendo os órgãos da administração direta, a sociedade e sua representação política e a iniciativa privada, têm logrado êxito na busca pelo atendimento de necessidades reconhecidas como de interesse comum para toda a região. É o caso do Movimento Nova 381, uma iniciativa da Federação as Indústrias do Estado de Minas Gerais FIEMG Vale do Aço, e diversas entidades que integram a Agenda Minas documento que elenca as prioridades para o Estado na área industrial, no qual o projeto de duplicação e melhoria das condições de tráfego da BR 381 é contemplado como prioridade número um. Outro exemplo é a implantação de um arranjo produtivo 765

332 local voltado para a indústria naval, de petróleo e gás, que envolve instituições privadas e públicas nos três níveis da federação. A região conta com diversas instituições como a FIEMG Regional e o SENAI, voltados para o desenvolvimento industrial da região. O SINDUSCON se dedica à indústria da construção civil, e a EMATER e o IMA buscam desenvolver o setor agropecuário regional. Há Associações Comerciais e CDLs nos municípios para dar suporte ao desenvolvimento do comércio e da prestação de serviços. O SEBRAE é voltado para o apoio e o desenvolvimento das pequenas e médias empresas da RMVA. Conforme descrito em tópico específico desse diagnóstico, existem Distritos Industriais em cada um dos municípios. Com maior ou menor expressão em seu contexto de atuação, há secretarias municipais específicas para o tratamento do tema em todos os municípios que compõem o núcleo metropolitano. Nos município de Ipatinga e Coronel Fabriciano, há as Secretarias Municipais de Desenvolvimento Econômico e Turismo. Em Timóteo há uma Gerência de Desenvolvimento Econômico vinculada à Secretaria de Planejamento e em Santana do Paraíso o tema é gerido pela Secretaria de Planejamento. Essas secretarias se articulam com suas congêneres nos planos estadual e federal, assim como com outras instituições. O Circuito Mata Atlântica de Minas, arranjo institucional criado em 2001, guarda consonância com as diretrizes de turismo previstas no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado e visa desenvolver o turismo na região de forma conjunta em detrimento de atividades isoladas e concentradas nos municípios. O referido circuito é formado por sete municípios e dentre eles se encontram todos os quatro da RMVA (além de São Domingos do Prata, Açucena e Marliéria). Dentre suas principais iniciativas, cabe ressaltar o estudo realizado em conjunto com o SEBRAE sobre as potencialidades turísticas da região que destacou o potencial para desenvolvimento de outros tipos de turismo (como o turismo de aventura, ecoturismo, turismo rural, entre outros), além do turismo de negócios que historicamente se realiza na região. A potencialidade destacada pelo estudo se justifica, principalmente, pelo fato de a RMVA se encontrar nas proximidades do Parque Estadual do Rio Doce que é a maior reserva contínua de Mata Atlântica no estado de Minas Gerais e possuir ainda o terceiro maior complexo lacustre da América Latina com um total de 42 lagoas, além de trilhas, cachoeiras e outros atrativos. 766

333 Quadro 39 Instrumentos e Políticas para o Desenvolvimento Econômico. O Quadro 39 demonstra algumas das fontes de arrecadação e fundos existentes e que geram receitas para os municípios, além de políticas municipais voltadas para a atração de investimentos e estímulo ao desenvolvimento econômico. Finalmente, os municípios contam, de forma individualizada, com recursos do Plano de Aceleração do Crescimento PAC, programa federal de investimentos voltados para a infraestrutura e que vem sendo solicitados mediante a apresentação de projetos específicos, como contenção de encostas, programas habitacionais, urbanização, saúde e educação. 767

334 o Exportações Confirmando o comportamento do PIB, as exportações da RMVA registraram queda no período de 2007 a Conforme demonstra o Gráfico 70, em 2013 as exportações representaram cerca de um terço do volume exportado em Gráfico 70 Evolução das exportações na RMVA por município. Esse quadro pode refletir o nível de atividade econômica na RMVA e ainda os impactos decorrentes da crise iniciada em 2008 nos Estados Unidos e sua instalação na Europa por volta de Pode refletir também o comportamento dos mercados internacionais de aço e inox. No caso do aço há excesso de oferta e, nos dois casos, aumento da concorrência. Comparativamente, as exportações de aço na RMVA ostentam hoje um valor menor do que o verificado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Enquanto as exportações siderúrgicas da RMBH cresceram em média 5,5% ao ano entre 2007 e 2012, na Região Metropolitana do Vale do Aço houve uma queda de 12% em média. A queda das exportações foi intensa e ainda mais acentuada em Timóteo. Além da diminuição do montante exportado, houve redução da participação do município no conjunto da RMVA. Entretanto não podemos deixar de mencionar que as exportações do setor de Celulose e outras pastas para fabricação de papel somaram um montante de US$ 601 milhões. Como ocorreu em outros 768

335 setores, houve uma retração em 2012, da ordem de 9%. Mas sua expansão média, entre 2007 e 2012, foi de 1,6%, contribuindo para o aumento de sua participação nas exportações totais da região de planejamento do Rio Doce, de 34% para 52%. Corroborando essa análise, o Gráfico 71 ilustra a expansão ocorrida no mesmo período nas importações de aço efetuadas pelo Brasil. Mesmo ocorrendo uma retração de 2010 em diante, o crescimento verificado nas importações entre 2005 e 2013 foi de 424%, enquanto as exportações efetuadas pela RMVA, um dos maiores centros brasileiros de fabricação do produto, experimentou queda de 59% entre 2005 e É interessante notar que a China é hoje o principal vendedor de aço para o Brasil, país que expandiu enormemente a sua capacidade produtiva além de praticar preços altamente competitivos no mercado internacional. Gráfico 71 Evolução das Importações Brasileiras de Aços Inox, Silício e Carbono. o Arrecadação Com base na arrecadação de ICMS da RMVA, em 2000 seis segmentos econômicos eram responsáveis por 95% do montante arrecadado: Metalurgia Básica Ferrosos, 85,1%; Comércio Varejista Outros, 2,9%; Serviços de Transporte, 2,3%; Comércio Atacadista, 1,9%; Minerais não Metálicos, 1,9%; e Supermercados 1,6%. Havia uma elevada concentração de receita oriunda de apenas um segmento, em parte justificada pelo alto valor agregado dos produtos dessa indústria. 769

336 Já em 2012, 95% da Arrecadação de ICMS na RMVA era obtida de sete segmentos econômicos. O segmento Produtos de Metal, que em 2000 sequer figurava entre os segmentos que mais contribuíam para a arrecadação do ICMS, passa a ser o segundo em importância. A participação relativa de Metalurgia Básica Ferrosos se reduziu, correspondendo a 64,4% do montante arrecadado. Produtos de Metal contribuiu com 16,9%; Minerais não Metálicos e Comércio atacadista com 3,7% cada um; Comércio Varejista Outros, 3%; Produtos Químicos, 1,8%, e Reciclagem, 1,3%. Apesar de os dados aparentarem um esboço de diversificação de atividades, o que ocorreu foi apenas a introdução e/ou expansão de segmentos industriais que já fazem parte da vocação econômica da região. Gráfico 72 Massa de ICMS gerado de 2000 A 2012 A Preços Constantes de 2000 O Gráfico 72 reflete, em percentuais, a geração de ICMS de cada um dos segmentos econômicos e sua participação no núcleo da RMVA como um todo. Reflete ainda a parcela de cada um dos municípios em cada segmento. Os valores referem-se à massa de ICMS gerado em todo o período, ou seja, é a soma, em termos constantes, de todos os valores gerados ao longo desses 13 anos. Esse critério foi adotado para eliminar possíveis distorções de um segmento ou outro num dado ano. Selecionamos os segmentos econômicos mais significativos. São nove que respondem por 97,1% de todo o ICMS gerado na região. 770

337 O gráfico revela a grande dependência da RMVA do segmento metalurgia básica. Apesar de esse setor perder ao longo dos anos importância relativa o setor produtos de metal tem crescido bastante, assim como o de reciclagem é ainda o mais importante e revela a vocação econômica da região. Em nível municipal, os segmentos mais representativos na arrecadação do ICMS em 2012 estão representados no Gráfico 73. Gráfico 73 Segmentos que compõem o ICMS em cada município 2012 O segmento metalurgia básica foi responsável por 70,3% da arrecadação desse tributo em Ipatinga e por 55,1% em Timóteo. Já em Santana do Paraíso o segmento de maior destaque foi o minerais não metálicos, cujo ICMS correspondeu a 62,7% do total arrecadado no município. Em Coronel Fabriciano destaca-se o comércio atacadista com 28,4% da arrecadação municipal. 771

338 Esses números indicam a concentração da atividade produtiva. Em termos proporcionais, Coronel Fabriciano é o município com maior diluição da arrecadação em segmentos econômicos. Sete segmentos respondem de forma um pouco mais equilibrada por 88,8% da arrecadação municipal, enquanto 5 segmentos são responsáveis por 96,1% da arrecadação do ICMS em Ipatinga, 97,1% em Timóteo provém de 7 segmentos e 96,1% do valor arrecadado em Santana do Paraíso são oriundos de 6 segmentos. Apesar da relevância que alguns segmentos assumem na arrecadação de cada município, são pouco expressivos no cômputo geral da RMVA. Figura 211 Mapa uso do solo na RMVA É interessante notar que apesar de mais da metade do território de Coronel Fabriciano, além de boa parcela do território de Ipatinga e Santana do Paraíso, ser utilizado para o plantio de eucalipto, o segmento específico sequer figura entre aqueles principais geradores da arrecadação na RMVA. A baixa geração de ICMS de eucalipto pode ser decorrente do fato de que, como matéria-prima, os valores são diferidos ou, ainda, por não serem comercializados nos municípios na hipótese que o proprietário seja o mesmo que a processa industrialmente em outra localidade. 772

339 Na Figura 211 se vê a enorme área ocupada pela exploração de eucalipto em toda a RMVA. 60% da área total de Coronel Fabriciano, 34% da de Santana do Paraíso e 19% da de Ipatinga, são utilizadas para esse plantio. No total, 32% da área da região metropolitana são destinados ao cultivo do eucalipto. Não se trata aqui de diagnosticar as possibilidades de uso dessa área para outras atividades, mesmo porque esse não é o objetivo e a área está sendo utilizada adequadamente segundo os preceitos técnicos conforme informações da Emater Regional. Entretanto, os municípios podem estar sendo penalizados já que a receita gerada pela atividade gera ISS apenas a cada 5 ou 6 anos, segundo informações da Prefeitura de Coronel Fabriciano. Se considerarmos a arrecadação de ICMS dos segmentos Papel e Celulose e Madeira, ao longo dos últimos treze anos eles responderam por apenas 0,28% do ICMS em todo o núcleo da RMVA. É compreensível, portanto, que em todos os contatos mantidos nas entrevistas, em reuniões e em oficinas, os participantes mencionem a questão relativa às grandes áreas utilizadas para o seu plantio comparadas ao baixo nível das receitas geradas para os munícipios e, por extensão, para a Região Metropolitana do Vale do Aço. Há um clamor generalizado que a atividade passe a contribuir com um maior volume de receitas para ou então que ceda áreas para que os municípios possam destiná-las a outras atividades produtivas. Em termos constantes de 2000, as receitas orçamentárias dos quatro municípios do núcleo metropolitano totalizaram 324,7 milhões em As receitas tiveram crescimento contínuo de 2003 a 2009, a uma taxa média real de 7,3% ao ano. De 2009 a 2011, sofreram uma queda de 2,5% ao ano (Gráfico 74). Avaliando cada município isoladamente, verifica-se que o maior aumento ocorreu em Santana do Paraíso. A partir de 2003 houve acréscimo de receitas em todos os anos, a uma taxa média real anual de 9,7%. Em Coronel Fabriciano ocorreu crescimento de 2002 a 2008, de 10,4% reais ao ano, seguido por quedas em 2009 e 2010, retornando o crescimento em Considerando esse comportamento, nesses três últimos anos o crescimento médio real ao ano no município foi de 2,9%. 773

340 Gráfico 74 Receitas Orçamentárias da RMVA A preços constantes de 2000 Gráfico 75 Evolução das Receitas Orçamentárias por Município A preços constantes de

341 De acordo com o que demonstra o gráfico 31, em Ipatinga as receitas orçamentárias tiveram crescimento constante entre 2003 e 2009, com uma taxa média real de 7,5% ao ano, desde então as receitas orçamentárias do município tem caído, a uma taxa média anual de 5,2%. No caso de Timóteo, ocorreu crescimento contínuo de suas receitas de 2000 a 2008, a uma taxa média real de 6,8%. De 2009 a 2011, mesmo ocorrendo crescimento de 9,9% em 2010, a taxa média real de elevação das receitas do município foi negativa em 6,1% ao ano. Essa retração nas receitas orçamentárias nos dois municípios com maior nível de atividade econômica e de produção na RMVA pode influir negativamente, restringindo o atendimento às demandas da sociedade e a execução das políticas públicas que possam vir a estimular o desenvolvimento da economia do Núcleo Metropolitano. Em conjunto, as receitas tributárias das cidades da Região Metropolitana tiveram crescimento médio real de 3,9% de 2000 a Os repasses do FPM também registraram crescimento médio real de 4,9% ao ano. Somada toda a arrecadação do IPTU, houve crescimento real de 9%. No entanto apenas Ipatinga registrou crescimento positivo no IPTU, de 20,7%. Coronel Fabriciano, Santana do Paraíso e Timóteo registraram decréscimo real de 13,7%, 5,8 e 3,3% respectivamente. Essa queda na arrecadação pode ser decorrente de políticas de manutenção do valor do tributo ou, ainda, de inadimplência. Há quem analise a situação da queda da arrecadação à luz de características próprias da região, desenvolvidas ao longo do tempo pelas grandes empresas. Como parte de sua política de recursos humanos, por muitos anos as empresas arcaram com o pagamento de diversos serviços para seus funcionários. Aluguel, IPTU, telefone, água dentre outros faziam parte do pacote de benefícios para os empregados e, repentinamente, todos esses benefícios foram retirados. Desenvolveu-se uma cultura de que a empresa era responsável por todos e, talvez, seja essa a razão da inadimplência. Também por essa razão acredita-se que haja a necessidade de adoção de políticas mais eficazes de cobrança dos tributos municipais. A arrecadação do ISS experimentou acentuado crescimento no período de 2000 a A arrecadação desse tributo teve crescimento real médio de 9% ao ano. Todos os municípios da RMVA tiveram crescimento. O mais expressivo foi o de Santana do Paraíso que evoluiu positivamente em média 16% ao ano em termos reais. Timóteo cresceu 10,1%, Ipatinga 8,7% e Coronel Fabriciano 7,6%. 775

342 Já o Volume de ICMS gerado na RMVA teve crescimento bem mais modesto. De 2000 a 2012 foi de 0,9% ao ano em termos reais. Ipatinga registrou taxa real anual de crescimento de 1,8% e em Timóteo, a taxa foi negativa, com decréscimo de geração anual do tributo da ordem de 3,7%. As maiores taxas ocorreram em Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano cujos índices médios reais de crescimento anual foram de 7,6% e 7,3%, mas como a base de incidência desse tributo é bem menor que em Ipatinga e Timóteo, mesmo que tenham sido mais elevadas foram incapazes de fazer com que a geração do ICMS na RMVA tivesse um crescimento mais significativo. o Gestão Fiscal O desenvolvimento da atividade econômica, assim como a melhoria da qualidade de vida, requer investimentos em infraestrutura, educação e saúde, em sua maior parte de responsabilidade do município. Até mesmo por força de lei, o equilíbrio das contas públicas é uma das condições para que ocorra o atendimento às necessidades da sociedade. Com base nas informações municipais repassadas ao Tesouro Nacional pelas próprias prefeituras, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro FIRJAN elaborou um indicador que aponta a qualidade da gestão fiscal em cada município brasileiro. O Índice FIRJAN de Gestão Fiscal - IFGF é composto por cinco outros indicadores extraídos das contas municipais: IFGF Receita Própria: permite avaliar o grau de dependência das prefeituras no tocante às transferências dos estados e da União. IFGF Gastos com Pessoal: mede o grau de rigidez do orçamento, ou seja, o espaço de manobra da prefeitura para execução das políticas públicas, em especial dos investimentos. IFGF Investimentos: acompanha o total de investimentos, em relação à receita corrente líquida. IFGF Liquidez: verifica se as prefeituras estão postergando pagamentos de despesas para o exercício seguinte sem deixar recursos suficientes para cobri-los. IFGF Custo da Dívida: avalia o comprometimento do orçamento com o pagamento de juros e amortizações de empréstimos contraídos em exercícios anteriores. 776

343 A FIRJAN atribuiu conceitos à gestão fiscal de acordo com os índices apurados. Quanto mais próximo de 1, melhor é o resultado do indicador. Quando o índice se situar entre 0,0 e 0,4 a entidade considera que a gestão é crítica; entre 0,4 e 0,6, a gestão é difícil; entre 0,6 e 0,8, considera a gestão boa; e, acima de 0,8, o município conta com uma excelente gestão fiscal. O Gráfico 76 relaciona o IFGF de cada um dos municípios do núcleo da RMVA no período de 2006 a 2011 (último ano apurado). Gráfico 76 Índice FIRJAN de gestão fiscal IFGF 2006 A Coronel Fabriciano ostenta o melhor indicador de gestão fiscal, provavelmente pelo elevado volume de investimentos em relação à sua receita corrente líquida, pela sua boa liquidez e por um contido custo da dívida. Santana do Paraíso tem o segundo melhor índice da região, mesmo sendo o município com menor proporção de receita própria, detém o melhor indicador relativo aos gastos com pessoal. Tem elevado nível de investimento em relação às suas receitas e bons índices de liquidez e de custo da dívida. O IFGF de Ipatinga caiu nos anos de 2010 e Nesse último ano atingiu o conceito de gestão crítica. O baixo índice de liquidez e baixo nível de investimentos foram os principais componentes do índice 777

344 geral que contribuíram para esse resultado. Finalmente, com elevados gastos com pessoal, baixo nível de investimentos em relação à receita e baixa liquidez, Timóteo apresenta o menor IFGF em De qualquer modo a questão fiscal é um dos principais pontos de discussão e atenção no Brasil. Há, já faz alguns anos, a expectativa de revisão da distribuição tributária entre os diversos entes federados. Os municípios se sentem pressionados pelas diversas demandas que têm de atender, a maioria delas de cunho constitucional, e se ressentem de que várias das fontes de receitas sejam direcionadas para o âmbito estadual e federal. TORRES, aponta pontos fundamentais de desequilíbrio na questão da descentralização administrativa do Brasil em relação à Constituição: Especialmente em relação aos municípios, o acréscimo de competências foi profundo. A meu ver, o maior problema é que esse processo não foi acompanhado pelo incremento de sua capacidade orçamentária, fiscal, financeira, gerencial e administrativa. Em grandes linhas, pode-se sustentar que existe um descompasso enorme entre dois núcleos de artigos da Constituição de 1988: O desequilíbrio é claramente observável nos arts. 21 (competências da União), 25 (competências dos estados) e 30 (atribuições dos municípios). Após a Constituição de 1988, a União praticamente deixou de executar diretamente um conjunto enorme de atribuições repassando a estados e municípios a responsabilidade institucional pela implementação de políticas públicas. (TORRES, 2012,p.51). Segundo dados da Secretaria da Receita Federal, a distribuição da carga tributária bruta brasileira em 2005 de acordo com os arts. 145 a 162 da Constituição entre os entes federados era de 70% administrados pela União, 25,7% pelos estados e 4,3% gerados pelos municípios. Considerando os repasses de parcela desses tributos de acordo com os fundos constitucionais a participação líquida na receita tributária em 2006 foi de 57,9% para a União, 25,7% para os estados e de 16,3% para os municípios. Agregue-se a isso o peso da estrutura pública brasileira e, em alguns casos e por consequência também da estrutura municipal, que onera sobremaneira os cofres públicos, inibindo a destinação de recursos para novos investimentos. Diante desse quadro e, ainda, considerando que os índices elaborados pela FIRJAN são obtidos dos registros contábeis sem nenhuma análise adicional, não se pode considerar em momento algum, para efeito desse trabalho ou como decorrência dele, que os indicadores do IFGF aqui apresentados reflitam a qualidade da condução fiscal das prefeituras por parte de seus gestores. 778

345 o População, Trabalho E Renda A população do núcleo da RMVA atingiu mais de 459 mil habitantes em 2012, segundo estimativas do IBGE. A taxa anual de crescimento populacional estimada é inferior à taxa média anual verificada no período de 2000 a O município com menor índice de crescimento é o de Coronel Fabriciano. Houve crescimento real da renda per capita da RMVA no período de 2000 a 2011, de 15,4%, inferior ao ocorrido para o índice do Brasil e ao de Minas Gerais, conforme demonstram os gráficos 33 e 34. Mesmo havendo um crescimento populacional na RMVA superior ao verificado em Minas Gerais, esse fato não é suficiente nem determinante para explicar o maior crescimento da renda do Estado. Gráfico 77 Evolução da população e renda per capita na RMVA. O Brasil, Minas Gerais e três municípios da RMVA registram crescimento real da renda per capita no período de 2000 a Apenas Timóteo registra decréscimo. 779

346 Gráfico 78 Evolução da renda per capita Brasil, Minas Gerais e Municípios Em 2000 a renda per capita média da RMVA era superior em 46,3% à renda média mineira. A renda de Timóteo era a mais elevada, seguida por Ipatinga, enquanto Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso, tinham renda quatro vezes menor que a de Timóteo e praticamente a metade da renda estadual. Em 2011 a renda per capita média da RMVA teve evolução inferior à do estado, mantendo-se porém em patamar superior, da ordem de 16,2% da renda de Minas Gerais. Ipatinga assume a posição de melhor renda na Região Metropolitana do Vale do Aço e Timóteo registra uma taxa negativa de crescimento de sua renda per capita da ordem de 16% no período, provocando a redução da renda média da RMVA. Coronel Fabriciano teve crescimento similar ao de Ipatinga, na casa dos 27%. Santana do Paraíso foi o município do núcleo da RMVA com o melhor desempenho: sua renda cresceu 41,1% no período, resultado inferior apenas ao obtido pelo Estado. Segundo dados obtidos no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CAGED, em 2010, a RMVA contava com empresas que mantém pelo menos um funcionário. Desse total 58,9% se localizavam em Ipatinga, 20,6% em Coronel Fabriciano, 17,7% em Timóteo e 2,9% em Santana do Paraíso. A proporção de empresas situadas em Coronel Fabriciano é maior que em Timóteo ao passo que a geração de riqueza é substancialmente inversa, o que denota a alta capacidade de agregação de valor proporcionada pela atividade industrial face à prestação de serviços. 780

347 Tabela 170 Empresas e Segmentos do Núcleo da RMVA De acordo com a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, em janeiro de 2014 existiam empresas de todos os portes no núcleo da RMVA, independentemente de terem funcionários registrados ou não. O maior contingente é do comércio, com 46,% do total, dos quais 79% são do segmento de comércio varejista. O segundo maior grupamento, Indústria de transformação, reúne 10% das empresas do núcleo da RMVA, conforme demonstra a tabela 10. Para uma população total de habitantes na RMVA em 2010, a população econômica ativa PEA acima de 10 anos era de O CAGED registra habitantes como integrantes da população ocupada na região (Gráfico 35). Em Ipatinga, o índice de ocupação da PEA foi de 70,1%. Em Timóteo o percentual foi de 53,3%, ao passo que em Coronel Fabriciano a população ocupada era de 37,2% e em Santana do Paraíso de 34,1%. O percentual de pessoas ocupadas nessas duas últimas cidades pode confirmar a sua característica de cidades-dormitório com parcela significativa da sua população empregada em Ipatinga e Timóteo situação que pode ser atestada pelo número de pessoas dessas cidades que trabalham fora de seu município conforme dados levantados pelo eixo Mobilidade do PDDI além do fato de que o seu baixo índice de atividade econômica e as baixas taxas de ocupação da PEA também podem sugerir um grau de informalidade econômica mais elevado. 781

348 Gráfico 79 Evolução do emprego e renda média no Núcleo Metropolitano Renda Média em Salários Mínimos = SM A questão do emprego na região foi mencionada nas oficinas de diagnóstico com a comunidade. Os depoimentos confirmam os dados referentes à taxa de emprego na RMVA que vem caindo, à exceção de serviços e comércio. O emprego nas grandes empresas, por anos as principais empregadoras da região, tem caído de forma sistemática. Na percepção da sociedade há falta de oportunidades de emprego e de renda na região. No caso de Timóteo, menciona-se que, ao contrário do que ocorria há alguns anos, hoje a prefeitura talvez seja o maior empregador do munícipio. Nos últimos dois anos, quase postos de trabalho foram fechados na indústria de transformação. No mesmo período, a construção civil fechou postos de trabalho, mas trata-se de uma atividade com uma dinâmica diversa da indústria, muito mais volátil, além do fato de que há algumas distorções quanto aos ramos econômicos que efetivamente participam desse segmento. O comércio fechou 380 postos de trabalho. Já a prestação de serviços criou novos postos. Nos últimos seis meses deste ano, as estatísticas de emprego vêm demonstrando redução do emprego formal da RMVA. De 2006 a 2011 houve crescimento de 33% no total de pessoas ocupadas e 32,2% no total de assalariados. A média de pessoas assalariadas por empresa se manteve estável com cada empresa empregando 8 pessoas. 782

349 Se por um lado o emprego vem tendo comportamento de retração na RMVA, e talvez por isso, tem havido uma tendência ao aumento no registro de empresas individuais. Ipatinga especificamente ocupou a 9ª posição em Minas Gerais no número de microempreendedores individuais registrados em 2013, alcançando registros. Considerando a massa salarial computada pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CAGED, em 2011 a remuneração média ponderada foi de 2,82 salários mínimos na RMVA. Em 2006, a remuneração média era de 3,14. Mesmo lembrando que na média desses cinco anos o salário mínimo registrou aumento real médio de 3,7% ao ano, verifica-se a queda na remuneração média de Ipatinga, de 3,2 para 2,9 salários e, de forma mais expressiva, em Timóteo que chegou a ter um pico em 2007 de 4,2 salários cuja remuneração média passou de 3,9 para 3,0 salários mínimos. A queda na remuneração média só não foi maior, pois em Coronel Fabriciano houve crescimento de 2,2 para 2,68, porém insuficiente para reverter a queda da região. Em Santana do Paraíso a remuneração média se manteve inalterada em dois salários mínimos no período estudado. Essa queda na renda média por ser explicada em parte pela redução no número de empregos nas grandes empresas, não obstante os segmentos de prestação de serviços, construção civil e comércio terem aumentado o número de postos de trabalho. Historicamente a quantidade de empregos gerados pelas micro e pequenas empresas, que prevalecem no comércio, prestação de serviços e construção, é superior ao das médias e grandes. No entanto a remuneração média dessas últimas é superior. Em 2011, 82% da força de trabalho de Minas Gerais estava empregada em estabelecimentos de micro e pequeno porte, mas a remuneração média dessas empresas correspondia a 60% da praticada pelas média e grandes empresas. Mesmo assim, Apesar do comportamento da renda do pessoal ocupado, a RMVA mantém um bom poder de consumo. Ainda que sua participação no PIB estadual seja de 2,7%, a região é responsável por quase 6% do potencial de consumo do Estado. É o quinto maior potencial de consumo de Minas Gerais, ficando atrás apenas de Belo Horizonte, Contagem, Juiz de Fora e Uberlândia. 783

350 A Concentração de renda na RMVA, medida pelo índice de Gini 104 é muito semelhante à de Minas Gerais. Enquanto no Estado o índice se situa em 0,476, em Coronel Fabriciano e Timóteo é de 0,480 e em Santana do Paraíso de 0,420. Ipatinga é a única exceção, com um índice de 0,520. É importante destacar que em todas as regiões do estado que são polos econômicos, somente Betim, Contagem e Divinópolis tem índice similar ao do Estado. Nos demais casos todas têm índices superiores. No entanto é também digno de menção o fato de que em todas as cidades da Região Metropolitana o índice de Gini teve comportamento positivo sob a ótica de melhoria da distribuição de renda, já que em 2000 o índice de Ipatinga era de 0,550, o de Coronel Fabriciano da ordem de 0,540, em Timóteo era 0,520 e de 0,510 em Santana do Paraíso. o Investimentos O investimento, tanto público quanto privado, é um dos principais instrumentos para viabilizar o aumento da capacidade produtiva e elemento chave para o desenvolvimento econômico, pois gera emprego renda e amplia a demanda por bens e serviços. Como ação de governo para promover e estimular o investimento, foi criado o Programa de Aceleração do Crescimento PAC que é um programa governamental que visa, além de ampliar e melhorar o acesso a bens e serviços à população tanto nas grandes cidades, como fora dos centros urbanos, criar condições para que o investimento privado seja viabilizado, principalmente por meio de inversões nas áreas de infraestrutura, logística, energia, social e urbana. O programa busca fortalecer a economia, gerar empregos, elevar a competitividade do Brasil e promover maior qualidade de vida aos cidadãos. Segundo o 8º balanço do PAC, relativo aos meses de maio a agosto de 2013, existiam 156 projetos em andamento na RMVA nos mais diversos estágios: em obras ou em execução, na fase preparatória e em licitação de obras ou de projeto. São programas voltados para energia, transportes, habitação, educação, saneamento e saúde. 104 O índice ou Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade utilizada para apurar o grau de concentração de renda em uma determinada região. É um número que varia entre 0 e 1. O número 0 significa que há completa igualdade, ou seja, todos naquela região têm a mesma renda. No outro extremo, o número 1 indica que há total desigualdade e que apenas uma pessoa detém toda a renda. Quanto mais próximo de zero estiver o coeficiente, menor a concentração da renda. 784

351 Tabela 171 PAC Projetos em Coronel Fabriciano Em Coronel Fabriciano são 15 projetos em andamento, cuja descrição, e valores previstos ou estimados estão descritos na Tabela 8. A legislação permite que para as obras do PAC sejam dispensadas algumas formalidades de contratação, visando maior agilidade e flexibilidade para a implantação dos projetos. Nesses casos, o valor do projeto nem sempre está previsto nos relatórios do programa. Apenas para efeito de dimensionamento das inversões que a RMVA receberá, estimou-se o valor de todos os projetos incluídos no Regime Diferenciado de Contratação, com base em projetos similares realizados em Minas Gerais. Em Ipatinga, os 15 projetos em andamento reúnem as seguintes características: 785

352 Tabela 172 PAC Projetos em Ipatinga. Em Santana do Paraíso são 8 projetos em andamento: Tabela 173 PAC Projetos em Santana do Paraíso. Em Timóteo são 18 projetos em andamento: 786

353 Tabela 174 PAC Timóteo. A Tabela 175, abaixo, apresenta o montante de investimentos no núcleo da RMVA, por estágio dos projetos. Tabela 175 PAC Resumo das obras em andamento na RMVA. Cabe destacar que os investimentos para a duplicação da BR 381 não foram ainda dimensionados, mas estima-se que o investimento total será de R$ 4 bilhões. Quando as obras estiverem em curso, esse investimento irá contribuir em muito para a dinamização da economia local, tanto pelas demandas que irá gerar por bens e serviços, quanto pela geração de emprego e renda. 787

354 Além dos projetos do PAC outras inversões estão previstas para a região. Está em curso a ampliação do Shopping situado em Ipatinga com um montante de investimento da ordem de R$ 200 milhões e geração de empregos durante as obras e mais de 3 mil postos de trabalho após a conclusão de sua expansão. Ainda no comércio, dois hipermercados da rede Coelho Diniz começaram a operar em Coronel Fabriciano e em Ipatinga no final de 2013, gerando cerca de 400 empregos. Está em estudos a construção de uma loja da rede em Timóteo. A pavimentação da MG-760, que irá promover a melhoria das condições de interligação do Vale do Aço com a Zona da Mata, deverá receber um aporte de recursos da ordem de R$ 134 milhões. Além disso, o setor imobiliário está tendo um novo fôlego com a implantação de novos empreendimentos na região. O governo Federal decidiu apoiar o desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais em cinco regiões do país, dentre as quais a RMVA. O programa tem como principal objetivo ampliar, a preços competitivos, a capacidade de oferta da indústria nacional frente às demandas da cadeia global de petróleo, gás e naval. Segundo documento elaborado pela IEL/FIEMG, Plano de Desenvolvimento do APL Metal-Mecânico do Vale do Aço para atuar no Setor de Petróleo & Gás e Naval, ao longo dos anos as indústrias do Vale do Aço estiveram voltadas para atividades de fornecimento às principais empresas da região - Usiminas, Usiminas Mecânica e Aperam. A crise econômica de 2008 levou tais indústrias a buscar outras oportunidades e setores. Segundo o plano, Uma das oportunidades é o mercado de petróleo, gás natural e naval. A descoberta de gás na Bacia do Rio São Francisco abre um leque de oportunidades para as empresas localizadas na RMVA, pois possui grande número de empresas tecnicamente preparadas e com alto nível de gestão, além de outras que podem ser capacitadas para se tornar futuros fornecedores. Segundo o SINDIMIVA, os contratos com os estaleiros já alcançam 20% da receita dos fornecedores mineiros. Especializados em caldeiraria e usinagem, os fabricantes do Vale do Aço se firmaram no fornecimento de blocos, atracadores, calhas de amarras, portas de visitas, balaústres metálicos e dutos para refrigeração e exaustão. 788

355 A assinatura do acordo entre o APL 105 Vale do Aço e o NCE NODE, cluster 106 norueguês do setor naval e entre o SENAI Ipatinga e o Nortran (centro de treinamento norueguês) inaugura um novo período de investimentos no setor industrial da RMVA, com apoio do Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio e do PROMINP. O convênio permitirá a troca de experiências e tecnologia entre 230 indústrias da região com mais de 50 empresas norueguesas, com o objetivo de gerar novos negócios e mercados na cadeia produtiva da Petrobrás. Outras ações para ampliação da capacidade produtiva encontram-se em curso. Segundo a mais recente edição do estudo elaborado pelo SEBRAE-MG Perspectiva de Investimento em Minas Gerais, referente ao quarto trimestre de 2012, os investimentos a serem realizados nos próximos 24 meses em Minas Gerais devem superar R$ 57,4 bilhões. A tabela 16 discrimina os 10 setores líderes em investimentos em Minas Gerais. A vocação econômica do Vale do Aço é ligada aos dois segmentos industriais com maior volume de investimentos segundo o levantamento do SEBRAE-MG. No entanto, grande parte desse volume de inversões é destinado a um novo polo siderúrgico e minerador que está sendo implantado na região de Jeceaba, não tendo maiores impactos no aumento da capacidade produtiva da RMVA. 105 APL Arranjo Produtivo Local - Conjunto de fatores econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo território, desenvolvendo atividades econômicas correlatas e que apresentam vínculos de produção, interação, cooperação e aprendizagem. 106 Cluster concentração geográfica de empresas de determinado setor de atividade e instituições afins, de fornecedores de insumos a instituições de ensino e clientes, que se comunicam por possuírem características semelhantes e coabitarem no mesmo local. Elas colaboram entre si e, assim, se tornam mais eficientes. 789

356 Tabela 176 Perspectivas de investimentos SEBRAE Setores com Maior Investimento em Minas Gerais O levantamento efetuado pelo SEBRAE-MG analisa as mesorregiões do estado. A Mesorregião do Rio Doce, na qual está inserida a Região Metropolitana do Vale do Aço, é a quarta região do estado em volume de aporte de recursos, com cerca de 5,5% do total. Ainda de acordo com o estudo do SEBRAE-MG, Coronel Fabriciano e Ipatinga no núcleo e Caratinga no colar da RMVA figuram entre os municípios da mesorregião que mais receberão investimentos no período, conforme Tabela 177. Investimentos na área educacional estão sendo efetuados, como a implantação de uma unidade de educação profissional do Instituto Federal de Ciências, Educação e Tecnologia de Minas Gerais IFMG. O Centro Federal de Educação e Tecnologia de Minas Gerais CEFET já existe em Timóteo e está sendo ampliado para aumentar de um para quatro o número de cursos de nível superior, além de já manter três cursos técnicos. 790

357 Tabela 177 Perspectivas de investimento mesorregião Rio Doce Municípios com maior Investimento Negociações também estão sendo conduzidas para a construção de um campus da Faculdade Federal de Ouro Preto em Ipatinga, para a implantação do curso de Medicina. Investimentos nesse setor são importantes para o desenvolvimento econômico da região, trazendo pessoas de fora, que também serão consumidoras dos serviços disponíveis, além de beneficiar os próprios moradores dos municípios da região metropolitana e do colar. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI também será ampliado em Ipatinga. Prevê-se que a partir de 2014 passe a oferecer 3 mil vagas em cursos destinados à especialização na indústria, tornando-se a segunda maior unidade do SENAI em número de alunos do país. Além disso, a RMVA vem recebendo recursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego PRONATEC para a formação de novos profissionais. Investimentos também estão em curso ou previstos para a área de saúde. Foram anunciadas intervenções visando a ampliação das unidades I e II do Hospital Márcio Cunha em Ipatinga, no Hospital São Camilo em Coronel Fabriciano e no Vital Brazil localizado em Timóteo. O governo estadual lançou o Pró-Município que prevê investimentos em hospitais municipais que integram a rede do SUS e o 791

358 estendeu à Região Metropolitana do Vale do Aço. No conjunto, mais de R$ 60 milhões serão destinados ao setor. o Infraestrutura e Competitividade A Região Metropolitana do Vale do Aço conta atualmente com domicílios dos quais apenas 1,35% são rurais. Tem boa infraestrutura, com fornecimento de energia elétrica pela CEMIG para 100% dos domicílios. O serviço de abastecimento de água e coleta de esgoto da RMVA é feito pela COPASA. Segundo a companhia, em ,3% dos domicílios eram atendidos pela rede geral de abastecimento de água e rede de esgotamento sanitário. Conta ainda com serviços de limpeza urbana e coleta de lixo prestados pelas prefeituras e que atende 95,4% da população urbana. Conta com serviços de telefonia fixa e telefonia celular. É servida por mais de 50 agências bancárias, várias agências dos correios e por serviços de internet discada e banda larga. O serviço telefônico móvel é oferecido pelas quatro principais operadoras nacionais. O Núcleo Metropolitano recebe sinal de diversas emissoras de televisão aberta além de ser a sede da InterTV dos Vales, afiliada à Rede Globo, e da TV Cultura Vale do Aço, que retransmite a programação da TV Cultura e da Rede Minas. É sede de emissoras de rádio comerciais e comunitárias e conta com jornais de circulação diária. O núcleo da RMVA possui mais de 240 estabelecimentos de saúde, privados e públicos, entre hospitais, prontos-socorros, postos de saúde e serviços odontológicos. Conta com cerca de 900 leitos hospitalares. Além dos Hospitais Unimed Vale do Aço, São Camilo, e Vital Brazil, o Márcio Cunha é um dos melhores hospitais da região. Está localizado no Bairro das Águas em Ipatinga e foi inaugurado em 1965 pela Usiminas. É o primeiro no País a ser certificado com excelência nos critérios do Manual das Organizações Prestadoras de Serviços Hospitalares da Organização Nacional de Acreditação (ONA). Em 2012, o Núcleo Metropolitano tinha 365 escolas, das quais 38,1% da etapa pré-escolar, 48,5% de ensino fundamental e 13,4% de ensino médio. Todos os municípios do núcleo da RMVA contam com instituições de ensino superior, além de Caratinga, pertencente ao Colar Metropolitano. São 33 instituições tanto de ensino presencial quanto à distância. São diversas faculdades e o Centro Universitário do Leste de Minas - UNILESTE, um dos maiores centros universitários do estado de Minas 792

359 Gerais e o maior complexo educacional da região. Prevê-se ainda a instalação de um campus da Universidade Federal de Ouro Preto UFOP, na cidade. Como na maioria das médias e grandes cidades brasileiras, a criminalidade tem sido um problema na região. A RMVA possui vários serviços das polícias Civil e Militar, como a Delegacia Regional de Polícia Civil; Delegacia Adjunta de Plantão; Delegacia Adjunta de Falsificações e Defraudações; Delegacia Adjunta de Furtos e Roubos; 19ª Delegacia Seccional de Polícia Civil, Delegacia Adjunta de Crime Contra a Mulher e Orientação ao Menor; Delegacia Adjunta de Trânsito; Delegacia Adjunta de Apoio ao Juizado Especial Criminal; Delegacia Adjunta de Crimes Contra a Vida; Delegacia Adjunta de Tóxicos e Entorpecentes; CIRETRAN; 12ª Regional da Polícia Militar e 14 Batalhão da Polícia Militar do estado de Minas Gerais. A região sedia as 178º Cia Especial e a 152ª Cia. da Polícia Militar de Minas Gerais. Os municípios de Ipatinga e Coronel Fabriciano mantem Guarda Municipal, com a função de proteger bens, serviços e instalações e colaborar com os órgãos de fiscalização. Existem serviços de Defesa Civil que se responsabilizam por ações preventivas, assistenciais, recuperativas e de socorro em situações de risco público. Na RMVA estão presentes mais de 60 entidades da administração pública em níveis federal e estadual, como Ministério do Trabalho, Ministério da Saúde, Poder Judiciário, Secretarias de Estado e Agência de Desenvolvimento Metropolitano, dentre outras. Transportes A região conta com o Aeroporto da Usiminas (associado à IATA), um dos maiores do estado. O aeroporto encontra-se no município de Santana do Paraíso atendendo a toda a Região Metropolitana do Vale do Aço, com voos diários para Belo Horizonte, Governador Valadares e Cumbica (SP). O aeroporto foi construído pela Usiminas que o administra desde a sua instalação. No entanto, a orientação da empresa é de centrar suas ações em suas atividades principais. Assim, a questão que se coloca é a de quem irá assumir a administração do aeroporto. Há quem defenda a criação de um consórcio entre os municípios da RMVA e há aqueles que propõem que o estado de Minas Gerais assuma a sua administração. 793

360 Gráfico 80 Movimentação do aeroporto de Santana do Paraíso Meses de Setembro de 2000 a 2013 Essa definição é fundamental até mesmo para que o atendimento de transporte aéreo à RMVA seja mais efetivo. Até recentemente a região era atendida por voos de duas empresas aéreas. Em anos anteriores, além de ter sido atendido por três companhias aéreas, o Aeroporto situado em Santana do Paraíso recebia voos originados do Rio de Janeiro, de Congonhas e Ribeirão Preto em São Paulo, De Confins e da Pampulha em Belo Horizonte. Havia um número maior de voos para Governador Valadares. O Aeroporto da Usiminas também originava voos para Montes Claros, Juiz de Fora, Vitória da Conquista na Bahia e para Vitória no Espírito Santo. Em razão do processo de fusão das duas empresas, atualmente a região é atendida por uma única empresa aérea, com redução significativa no número de voos, de origens e de destinos. O número de pousos e decolagens em setembro de 2013 é o mais baixo dos últimos dez anos e se equipara ao movimento de setembro de Durante as oficinas de diagnóstico a leitura que se fez é a de que esse equipamento urbano é fundamental para a região e, portanto, há a necessidade de ampliar a sua utilização pela maior oferta de alternativas no transporte de passageiros e também no transporte de cargas. 794

361 A Região possui estações ferroviárias: em Timóteo a de Mário Carvalho e em Ipatinga a Intendente Câmara, localizada à beira da BR 381. A estação de Intendente Câmara é uma das maiores da Estrada de Ferro Vitória a Minas. Essas estações são importantes para a economia regional, pois são alternativas para o escoamento da produção e recebimento de matéria-prima. A ferrovia é também alternativa de transporte coletivo regular para várias cidades da Mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte, leste mineiro e Espírito Santo. Acredita-se que há a necessidade de se avaliar a capacidade da ferrovia verificando as possibilidades de expansão de uso tanto para o transporte de cargas quanto de passageiros. Nas entrevistas e debates para levantamento de percepções para o diagnóstico foi mencionado que uma possível ligação ferroviária entre Timóteo e o distrito industrial de Santana do Paraíso poderia otimizar a utilização da ferrovia e aumentar a competitividade de algumas empresas da região. A RMVA é atendida pela BR 381 e possui acesso às BR 458, que a conecta à BR 116, e às MG-425, MG- 133, e MG-760, e ainda a rodovias de importância estadual e nacional por meio de estradas vicinais pavimentadas. A frota de veículos da região é de unidades (DENATRAN, dez/2013). Além disso, A Região Metropolitana conta com boas estações rodoviárias e é atendida com saídas diárias regulares para as principais cidades de Minas Gerais e localidades fora do estado. A existência e eficácia de vários dos elementos até aqui apresentados da infraestrutura são consideradas como condição de fundamental importância para o desenvolvimento econômico, mas algumas delas, ao contrário, têm se constituído em entraves a esse desenvolvimento. A logística tem sido um gargalo, principalmente no que diz respeito ao transporte que, necessariamente, deve merecer especial atenção, não só pela facilidade de fornecimento rápido e acesso a mercados, mas principalmente como fator diferenciador pela ótica da redução de custos e da competitividade. A BR 381, principal via de acesso, fornecimento e escoamento de produtos da RMVA não consegue, já há bastante tempo, atender às demandas da região. Além de atender aos municípios da Região Metropolitana do Vale do Aço, mais de 50 municípios mineiros são dependentes dessa rodovia, representando cerca de 6 milhões de pessoas. Há que se mencionar ainda que a rodovia é um dos principais elos entre o Sudeste e o Sul com o Nordeste do país. 795

362 É uma via construída há mais de 50 anos com pista simples de mão dupla que, mesmo com uma ou outra adequação, não consegue dar vazão ao expressivo volume de transportes que por ela trafega. São cerca de 310 km de Belo Horizonte até Governador Valadares, com apenas 18 km de pistas duplicadas. Seu traçado é muito sinuoso, o que contribui para a demora nos deslocamentos e alta incidência de acidentes. Em recente pesquisa elaborada pela Confederação Nacional dos Transportes tanto a pavimentação quanto a sinalização e a geometria da BR 381 foram classificados como em estado regular. Energia e Telecomunicações Foi elaborado diagnóstico sobre a matriz energética e sobre as telecomunicações na RMVA. O estudo foi baseado em consulta a diversas fontes e referências bibliográficas e se constitui no anexo I deste documento. Conclui-se a priori não existir gargalos genéricos quanto à capacidade da rede básica em suprir as necessidades eletro-energéticas atuais e de curto prazo da RMVA. De acordo com a análise, pode-se afirmar que a RMVA é suficientemente servida pela distribuição de energia elétrica em rede primária. Nesse sentido, a viabilização das instalações da rede e de equipamentos associados para o atendimento às necessidades de cargas consumidoras, novas ou de expansões, é apenas uma questão técnica que deve ser resolvida no âmbito da concepção e elaboração de projeto com análises e soluções técnico-econômicas. Em alguns municípios do colar metropolitano da RMVA estão localizadas usinas hidrelétricas interconectadas à rede básica do Sistema Interligado Nacional (SIN) e que é operado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Em virtude disso, os intercâmbios de energia no sistema, para acomodarem prováveis déficits de usinas locais, perdem relevância. Mesmo assim, há diversos cursos de água nos municípios do colar metropolitano da RMVA são ricos em cursos de água com características para a geração de energia com tecnologias que podem ser enquadradas como centrais hidrelétricas de geração e como pequenas centrais hidrelétricas que ainda não estão explorados. O diagnóstico informa que, por possuir potentes indústrias do segmento siderúrgico e de papel e celulose, A RMVA contém expressivo potencial energético térmico, associado às transformações 796

363 tecnológicas desenvolvidas nessas indústrias. A cogeração baseada nessa energia térmica remanescente seria uma alternativa energética a ser explorada. À luz da sustentabilidade socioambiental, a RMVA conta com fortes aliados para incrementar a capacidade de diferentes formas de energia primária renovável, como o caso da biomassa florestal, sobretudo dos resíduos da produção final do papel e da celulose, aspecto abordado durante as oficinas de diagnóstico em função da representatividade dessa atividade econômica na RMVA, além da biomassa originária de lixo urbano já que a região produz 462 toneladas/dia, segundo dados do IBGE de O diagnóstico aponta outras possibilidades como o uso da radiação solar, a implantação de medidas e ações de eficiência energética nas instalações finais de uso-final e a implantação de medidas e ações de mitigação de perdas elétricas e do controle de reativos nas redes de distribuição concessionárias. O estudo lembra que existe na RMVA uma boa quantidade, com tendência crescente, de instituições de ensino superior que podem ser elegíveis para a instrumentalização de estudos e pesquisas no âmbito da eficiência energética. A RMVA faz parte do circuito de distribuição do Gás Natural da empresa GASMIG. Esse GN é proveniente da Bolívia, através do gasoduto de transporte subterrâneo GASBOL e proveniente da bacia de Campos, no Rio de Janeiro, através do gasoduto de transporte subterrâneo GASBEL. Quanto às Telecomunicações, Na RMVA operam, em ambiente de mercado aberto e competitivo, regulado pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), modalidades de serviços de telefonia fixa e celular, operados pelas empresas OI, GVT, CLARO, TIM, VIVO. Esses serviços estão em contínua implantação e expansão. No momento atual, a aprovação dos serviços prestados, assim como ocorre em várias regiões do país, na perspectiva do consumidor final, ainda deixa muito a desejar, conforme reiteradas manifestações da comunidade. O diagnóstico aponta que em geral o estado das telecomunicações na RMVA é semelhante ao de demais regiões do país, e que em uma primeira apreciação está associado com a má utilização da malha de infraestrutura dos serviços de telecomunicações. 797

364 Distritos Industriais A Região Metropolitana conta com distritos industriais em cada um de seus municípios, mas com a maior parte deles já ocupados pelas empresas. Nas oficinas de diagnóstico comentou-se que o espaço atual poderia ser melhor utilizado, caso as empresa já instaladas otimizassem o espaço atualmente ocupado. É de se mencionar também que a expansão pela via da implantação de novas plantas industriais requer espaço, recurso escasso na RMVA. Tabela 178 Área dos novos Distritos Industriais. Figura 212 Mapa Distritos Industriais 798

365 Existem projetos nos quatro municípios para a criação de novos distritos industriais, inclusive, cada uma delas já possui o terreno disponível para a construção. A Tabela 178 demonstra a extensão de cada um dos terrenos que já foram adquiridos pelas prefeituras. São áreas grandes e que podem se constituir em atrativo para novos investimentos, mas as obras ainda não começaram. Segundo Antônio Teixeira, presidente da ACIATI CDL há cerca de 160 empresas interessadas em se instalar no novo distrito industrial de Timóteo, sendo que 50 delas possuem o potencial para gerar novos empregos. Estas empresas, entretanto, estão tendo dificuldades com os projetos por restrições ambientais. Em Coronel Fabriciano a previsão era de que o novo distrito industrial ficasse pronto em Um acordo entre o município e o Grupo Pedreira Um Valemix, que ficará responsável pelo projeto, já foi assinado, mas as obras ainda não foram iniciadas. Em Ipatinga um edital para licitação da venda de cinco lotes foi aberto em outubro de 2013, eles são destinados a empresas, novas ou já existentes na região, com finalidades industriais. Já Santana do Paraíso, propôs uma parceria com o governo do Estado para a implantação do distrito industrial II, que ainda não se concretizou. A figura 3 ilustra as regiões com os distritos industriais já consolidados e aqueles previstos. Para a comunidade de Coronel Fabriciano a expansão industrial seria elemento vital para o desenvolvimento econômico do município, mas citam a burocracia como o principal entrave a ser vencido para a instalação de seu distrito industrial. Em Timóteo a maior preocupação diz respeito à falta de espaço para instalação de empresas. Grande parcela do território é de propriedade da Aperam, além das que estão enquadradas como Áreas de Proteção Ambiental APAs. Outro fator que preocupa os representantes do município é o planejamento e dimensionamento dos distritos industriais, preocupação que pode ser estendida a toda a região metropolitana. Acreditam que a implantação de plantas produtivas deve ser planejada segundo as características de cada atividade, suas especificidades e necessidade de infraestrutura e logística para operação, não se fixando apenas em determinar a quantidade de empresas que o empreendimento irá comportar. Em Santana do Paraíso discute-se a melhor localização para distritos industriais no município, considerando principalmente a facilidade de acesso para escoamento de produtos e recepção de 799

366 matérias-primas. Hoje, há a necessidade de se trafegar pelo município vizinho de Ipatinga. Os representantes locais creem que a melhor localização seria na confluência da estrada da Cenibra, próxima à saída para a BR 381. Em toda a região, debate-se muito e não há consenso sobre a instalação de distritos industriais vocacionados para determinadas atividades e ainda a implantação de um distrito industrial compartilhado por todos os municípios do Núcleo Metropolitano. De qualquer modo esse debate, independentemente da modalidade ou formato que se pretende para implantar os distritos industriais, não pode deixar de se considerar, como tema fundamental para a tomada de decisão quanto à escolha da área ou até a revisão das áreas já escolhidas, a questão dos impactos ambientais decorrentes, principalmente considerando que a região está instalada sobre um imenso aquífero e sua contaminação poderia ter efeitos danosos por um longo período, conforme leitura desenvolvida pelo eixo de Meio Ambiente do PDDI. Desigualdade e Competitividade Na RMVA e no Colar Metropolitano, há ainda forte desigualdade econômica devido à concentração, em poucos municípios, das principais atividades geradoras de riqueza. Também, é grande a desigualdade na distribuição e renda, acesso aos serviços básicos e a melhores condições de vida. Estudo elaborado por SILVA e BARROSO considerou 20 variáveis para classificar os 26 municípios que compunham a RMVA no momento de sua realização (Bom Jesus do Galho e Caratinga não foram considerados na pesquisa). O principal objetivo foi o de permitir a identificação de quais seriam os municípios com maior potencialidade e aqueles com maiores vulnerabilidades. Os resultados demonstraram que existe uma grande desigualdade de desenvolvimento na região e que uma cidade exerce uma maior centralidade, apresentando condições para ser considerada a cidade polo da região. Em suas conclusões se afirma que: A análise dos resultados permite afirmar que a Região Metropolitana do Vale do Aço e o seu Colar Metropolitano, em relação às variáveis analisadas neste estudo, apresentam uma grande disparidade de desenvolvimento. Poucos municípios concentram as maiores potencialidades da região (Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo), os únicos que, de acordo com a classificação utilizada, se enquadram em uma condição forte ou muito forte. A grande maioria dos municípios apresenta grandes vulnerabilidades, podendo assim ser classificados como fracos. Foi possível constatar que os municípios mais parecidos entre si são Ipatinga e Timóteo; Coronel Fabriciano e Belo Oriente; e os outros 22 municípios formam um terceiro grupo. Essa constatação é no mínimo curiosa porque a Região Metropolitana do Vale do Aço é 800

367 formada por Ipatinga, Timóteo, Coronel Fabriciano e Santana do Paraíso. Sendo que esse último município possui uma realidade muito diferente dos outros três que compõem a referida região. Tal situação demonstra que a proximidade espacial pesou mais na delimitação da região metropolitana do que as condições sociais, econômicas e infraestruturais dos municípios da região. (SILVA e BARROSO, 2012, p.46). As desigualdades entre os municípios da RMVA são evidentes. Ao longo dos anos, grande parte dos investimentos públicos foram realizados em Ipatinga e Timóteo, obviamente possibilitados pela sua maior capacidade de arrecadação municipal e maior demanda de infraestrutura. Também há que se considerar que por muito tempo, diversos outros investimentos em infraestrutura foram efetuados diretamente pelas empresas-âncora nos municípios onde estão localizadas, que em algumas situações até supriam o papel da administração pública. A discussão entre crescimento econômico e desigualdade talvez seja um dos pontos capitais para as diversas correntes do pensamento econômico. Há quem afirme que essa desigualdade reflita apenas um momento transitório. Já para outros, esse embate pode ser um dos principais fatores a impor restrições à própria dinâmica econômica. (MOREIRA, BRAGA, TOYOSHIMA, 2011), o que pode ser a realidade da RMVA entendida em todo o seu conjunto. A partir de 2010 o SEBRAE de Minas Gerais passou a desenvolver estudo anual que aponta o índice de competitividade dos municípios mineiros. O índice é baseado em cinco fatores principais: Performance Econômica: considera o índice de potencial de consumo; participação percentual da agropecuária, serviços e indústria; PIB per capita; taxa de empreendedorismo; saldo da balança comercial; taxa de emprego; remuneração média em serviços, na indústria e na agropecuária; taxa de dependência de recursos de terceiros; e o consumo energético residencial e industrial. Suporte aos Negócios: engloba a participação da PEA na população; participação dos trabalhadores qualificados; número de bancos oficiais; diversificação da economia; número de centros de pesquisa; e média de anos de estudo. Infraestrutura: considera a taxa de urbanização; o número de ferrovias; linhas de telefone fixo per capita; participação das despesas públicas com saúde e com saneamento; número de habitantes por médico e por enfermeiro; matrículas no ensino médio em relação à população de 15 a 19 anos; número de aeroportos e de rodovias. 801

368 Capacidade de Alavancagem do Governo: envolve a participação das transferências na receita; participação das despesas com pessoal, participação da receita tributária na receita; participação do investimento; e participação do VAF na receita. Quadro Social: é definido pela taxa de mortalidade infantil; analfabetismo; esperança de vida ao nascer; IDH; e nota média do ENEM das provas objetivas e de redação. O indicador busca identificar as cidades mineiras melhor estruturadas para o desenvolvimento de micro e pequenas empresas, mas também traz elementos que são de importância para a decisão de investimentos dos grandes grupos empresariais. Foi baseado no Índice de Competitividade das Nações calculado pelo International Institute for Management Development (IMD). Em 2011, Ipatinga figurava como a 7ª cidade de Minas Gerais com o melhor índice e, segundo os critérios do SEBRAE, considerada como de alta competitividade. Timóteo era a 13ª, também com alta competitividade. Já Coronel Fabriciano, com a 66ª posição se classificava como média competitividade e Santana do Paraíso se encontrava na 260ª colocação e, pelos critérios, se posicionava como de baixa competitividade. 802

369 Gráfico 81 Índice de competitividade Para a composição do índice diversos aspectos apontados podem gerar vantagens competitivas ou criar obstáculos para o desenvolvimento das empresas. No que diz respeito especificamente às cidades que compõem o núcleo da Região Metropolitana do Vale do Aço, o sub-índice de Infraestrutura deve ser ponto de atenção das quatro cidades. Ipatinga se posicionou na 27ª posição entre todos os 853 municípios do estado. Timóteo na 34ª, Coronel Fabriciano na 77ª e Santana do Paraíso na 403ª posição. Revelando o desenvolvimento econômico da região, o sub-índice de Performance Econômica das quatro cidades também ficou aquém das colocações obtidas no índice geral de competitividade. Ipatinga se colocou em 24º lugar dentre todas as cidades mineiras. Timóteo obteve a 37ª colocação. Santana do Paraíso aparece na 180ª posição e Coronel Fabriciano atingiu a 246ª colocação. 803

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