EDUCAÇÃO MUSICAL (CORAL, INSTRUMENTOS) 1º ao 8º ANO

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1 Objetivo Pedagógico e Metas de Ensino de uma Escola Waldorf - Tobias Richter EDUCAÇÃO MUSICAL (CORAL, INSTRUMENTOS) 1º ao 8º ANO ASPECTOS PRINCIPAIS E METAS PEDAGÓGICAS GERAIS A MÚSICA FALA AO HOMEM, E ELE VIVÊNCIA A LINGUAGEM DESTA EM SUA ALMA. Como acontece na fala, existe na música uma área intelectual ou cognitiva, compreendida através da teoria da música, das regras de composição etc. Existe também uma área ligada ao sentir - em tudo que se relaciona com a harmonia, com sentimentos (tonalidade maior ou menor), com a tensão e a distensão. E existe ainda um âmbito dinâmico que encontramos no ritmo. Todos os três refletem, por sua vez, a vida anímica do ser humano. No período entre o 1 e aproximadamente o 9 ano de vida, as forças anímicas da criança pensar, sentir e querer formam uma unidade; elas ainda não aparecem separadas. Uma atua na outra. Encontramos na forma de expressão musical denominada afinação em quintas o equivalente à configuração anímica da criança. Nessa afinação (que se refere ao aspecto qualitativo do intervalo da quinta!) os fenômenos melodia, harmonia e ritmo estão entretecidos. Ainda não existem elementos que lembrem acordes harmônicos, nem uma nota tônica, nem um ritmo ligado ao compasso. A melodia vibra livremente ao redor de um "tom central" (nota lá). Assim como a melodia de preferência pentatônica não está ligada a uma nota tônica (devido à falta de uma tônica), um ritmo que vibra livremente deveria orientar-se nas qualidades da inspiração e expiração. (Apontamos, nesta altura, mais uma vez para o que foi dito no "Currículo Horizontal", 1 ao 3 ano, a respeito da relação entre a música e a pintura: na pintura existem, nesse período, timbres de cores; na música, prevalece o timbre da chamada afinação em quintas.) S e hoje em dia nos confrontamos, muitas vezes um tanto perplexos, com o fenômeno da música contemporânea como algo insólito, isso também provém dos nossos hábitos auditivos. Durante muito tempo, estes foram influenciados por urna compreensão musical clássica e, em seguida, romântica, mas sempre com harmonias baseadas numa tonalidade fundamental. A linguagem musical tonal livre nos é estranha enquanto buscarmos um depoimento musical "concreto". Do mesmo modo como o espectador de uma obra de arte abstrata é convidado a atuar ele mesmo de forma criativa e a continuar, através da observação, o processo de pintar; assim ocorre também com o ouvinte de uma composição tonal livre. Quem escuta música contemporânea precisa emancipar-se; ele é solicitado a participar do processo musical e a tornar-se músico. Se um ensino artístico pretende levar a uma compreensão da arte contemporânea, ele precisa familiarizar os artistas em formação pois é somente como tais que podemos entender a arte moderna com os fenômenos artísticos elementares em nosso caso, com os da música. Partindo da afinação em quintas, formam e desenvolvem-se os órgãos que serão, mais tarde, essenciais para a compreensão do contemporâneo e moderno. Após o nono ano de vida ocorre na criança uma ruptura. A harmonia deixa de existir, começa uma clara virada em direção à matéria, a terra. Para que a orientação dentro deste âmbito seja possível, voltamo-nos ao passado. É a partir dele que se entende (até um certo ponto) o presente. Isso vale também para a música. Procura-se o tradicional, ou seja, a música baseada na terça. A nota que leva necessariamente à tônica e a

2 música classificável em termos de compasso e ritmo, vêm a ter uma importância didática. Enquanto o professor de música trabalhava, antes, "partindo da criança", ele passa, agora, a conduzi-la à música "estruturada". "Trabalhar, primeiro, levando em conta o que existe fisiologicamente na criança e, em seguida, de maneira tal que ela se adapte à arte musical." (R. Steiner, GA 295, 3a palestra). Cabe ao professor preparar a passagem do "algo canta em mim" ao "eu canto" e dar-lhe forma no ensino musical. Tocando instrumentos musicais, a criança vivencia a música como algo objetivo. Visto que a música, conforme já foi dito, se reflete na alma, ela constitui também um excelente meio para atuar de forma plasmadora. Parece ser cada vez mais importante não isolar a música da vida real, mas sim, fazer com que ela seja vivenciada como algo elementarmente humano. Isso significa que ela deveria ter, além da sua função no próprio ensino musical, também um lugar em outras matérias. Tocando um instrumento, a criança vivencia, de maneira elementar, que a capacidade pressupõe treino. Contudo, não é a avaliação positiva, a boa "nota" que constitui a recompensa para o esforço, mas a beleza em si. Criando algo belo, o jovem pode, e deve, sentir-se envolvido. Isso é possível na música apenas mediante o esforço ativo e simultâneo do criar e do corrigir diferente das artes plásticas. Dessa maneira, o ensino da música proporciona uma vivência elementar de "interesse". "Nas artes plásticas nós vemos, nós vivenciamos a beleza; na música, nós mesmos vimos a ser beleza." (R. Steiner, GA 294, 3' palestra). Algumas das indicações feitas a seguir têm, para os vários anos, caráter alternativo. 1º ANO Os contos produzem o ambiente para ouvir e sentir música. O elemento melódico está em primeiro plano. O canto e os movimentos externos, muitas vezes, ainda constituem uma unidade. A música deveria ter um efeito harmonizador sobre a alma da criança, graças à alternância entre atuação própria e treinar a escutar. Melodias livres no espaço pentatônico ao redor do lá, aprendidas por imitação. Além de cantar, cada criança aprende a tocar harpa infantil, lira ou kântele. Treino da agilidade dos dedos no instrumento. É possível vivenciar elementos de improvisação simples, p. ex. na harpa infantil. Ritmos muito simples são treinados somente em combinação com o canto e não ligados a compassos, batendo palmas ou pés, correndo ou pulando (ritmo Pedagógico). Música instrumental: Preparar cada aluno para a prática de um instrumento no decorrer do seu tempo de escola (aulas individuais).

3 2 ANO Continuar e intensificar o que foi começado no 1 ano. Insistir mais no elemento rítmico. O ritmo se entende aqui principalmente de forma Pedagógica (ainda não ligado ao compasso) e como componente da melodia. Ampliação do repertório de canções (p. ex. canções ligadas às horas do dia), inclusive as de tonalidade latente (mi', sol'). Canções cantadas são também tocados na flauta ou em outros instrumentos. (Alternância entre fazer e escutar). Talvez primeiros trabalhos instrumentais em grupos. Conversa musical livre ligada a uma afinação. A vivência original (tons claros e escuros) é transformada numa vivência espacial: alto-baixo. Lenta conscientização do ritmo e da melodia partindo da imitação (p. ex. mostrar a altura do som, com os olhos fechados etc.). 3 ANO Conforme o desenvolvimento psicológico da criança, podemos, no nono ano de vida, começar a introduzir a leitura musical. Normalmente isso ocorre no final do 3 ou início do 4 ano escolar. Nas canções, a nota tônica se destaca cada vez mais. Deveria ocorrer neste ano, ao mais tardar, a escolha do instrumento individual. Ponto de partida continua sendo a voz única; iniciam-se de algumas passagens em mais de uma voz (p. ex. quartas e quintas em alguns acordes ou curtas passagens; ou quintas de bordão, etc.). Canções, principalmente com características de música sacra. Continuar o trabalho instrumental em grupos, também com aulas individuais. Aprender a ouvir; p. ex. percepção mútua das peças musicais aprendidas em aulas particulares. Leitura musical (vide acima)

4 4 ANO Ligado às frações matemáticas, o tema principal é a fixação dos valores rítmicos das notas. Parte-se novamente da notação própria do que se ouviu para uma transformação posterior da imagem ao som (perceber o intervalo!). A sensibilidade acústica da criança deve tornar-se mais "terrena", encontrando um apoio seguro no elemento diatônico. A tonalidade passa a ter sua função precípua. A criança enfrenta o mundo com mais consciência. No fim do 4 ano, ela deveria ser capaz de cantar melodias simples a partir de partituras. Canções populares, canções de marchar, canções relativas às profissões, às épocas do ano e ao ritmo do dia. Flautas e instrumentos de corda acompanham o canto e são muito importantes para a música praticada em conjunto. O início da polifonia, descrito acima, leva ao canto com várias vozes. Narrações (pequenos episódios) da vida de músicos famosos. Início do ensino dos intervalos. Fixação dos valores das notas. Compassos simples e elementares (o indivíduo diante do grupo). 5 ANO Após uma bem cultivada e bem ouvida polifonia, com 2 a 3 vozes, é possível passar a estruturas mais harmônicas. Os alunos sentem a necessidade de harmonia e procuram-na; daí a possibilidade de cantar muito e com consciência do belo, o que abre o importante caminho para toda a atividade musical posterior. A criança precisa aprender, pela prática de exercícios, a submeter-se às exigências da música. Obras musicais de valor ela continua a aprender ouvindo. Deve-se intensificar, junto a criança, a vivência da terça maior e menor. Aumentar o repertório de canções! Continua-se a treinar a canção com acompanhamento harmônico na alternância de ouvir e atuar por meio de baladas populares. Primeiros corais a três vozes (Palestrina, Mendelssohn etc.)

5 Música instrumental: Estruturação de um coral instrumental ou orquestra de classe (talvez também uma orquestra do 5 ao 8 ano). Morfologia em imagens (formas de canções, formas de seqüências etc.). Tonalidades simples e suas relações são discutidas, transcritas e modulações simples são improvisadas. A escala em maior (tetracórdio). Cânones não plenos (ducto homófono, acorde, vertical). 6 ANO O ensino busca cada vez mais o aspecto estético. Primeiro contato com dramas musicais do tipo de operetas ou de similares (p. ex. de Mozart). Da música ao movimento em operetas ou danças folclóricas. Canções folclóricas a várias vozes, de preferência da Europa. Trabalho intensivo com os corais. Música Instrumental: Coral instrumental ou orquestra da classe, talvez do 5 ao 8 ano. Continuação da morfologia. Estudo de instrumentos (de percussão e de dedilhação, para orquestras, de sopro). Tonalidades paralelas. Transposição de melodias. Inventar e anotar melodias, partindo da improvisação. 7 ANO As crianças devem sentir prazer pela música. Querem e devem apreciá-la por si só. Formação dos primeiros elementos para uma apreciação, um gosto, musical. Saber diferenciar as características de uma obra

6 musical, p. ex. de Haydn a Beethoven etc. O ritmo ligado ao compasso tem cada vez mais importância. Levar em consideração e cultivar a mudança das vozes. Baladas com diálogos e enredos (p. ex. Loewe, Robert Schumann). Canções de outros países, (talvez também hinos nacionais). Corelli, Telemann, Bach, Haendel, Mozart etc. na música instrumental. Música instrumental: Coral instrumental ou orquestra de classe do 5 ao 8 ano. O início do violão (em classe) é possível (considerando- se, por exemplo, o tocar em cadência). Vivência dos intervalos cromáticos. Introdução às harmonias funcionais. Improvisações rítmicas, recitações etc. Biografias de compositores significativos. 8 ANO Aumentar e continuar a capacidade de avaliação musical. Podem ser tratadas questões de estilo e características na música. Canções solo e baladas da época do romantismo podem satisfazer a busca da verdade, a solidão, e a tendência à individualização. A vivência da oitava é acentuada como fenômeno da procura da identidade espiritual e do encontro do "meio" (questão do trítono). Dá-se particular atenção aos alunos com mutação de voz. Canto a duas e a quatro vozes, a capela ou com acompanhamento instrumental. Entre outros, canções folclóricas em várias vozes mais antigas, canções sobre a morte ou de crítica social, canções com forte caráter rítmico. Baladas monodramáticas (Viagem de inverno de Franz Schubert). O contraste entre tonalidades maiores e menores. Musica instrumental: Entre outros, trabalhar a música da peça anual.

7 Melodias (verdadeiras e falsas melodias) improvisações. Ditados rítmicos e melodiosos, improvisação rítmica, improvisação de cadências. Continuação das biografias, agora também em forma existencial!