FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Direito. Taísa Eulália de Oliveira

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1 FACULDADE DE PARÁ DE MINAS Curso de Direito Taísa Eulália de Oliveira A DRAMATURGIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA A VIDA E AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO: COMO A CONDENAÇÃO PODERÁ CHEGAR BEM ANTES DO PLENÁRIO. Pará de Minas 2015

2 1 Taísa Eulália de Oliveira A DRAMATURGIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA A VIDA E AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO: COMO A CONDENAÇÃO PODERÁ CHEGAR BEM ANTES DO PLENÁRIO. Monografia apresentada ao curso de Direito da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de Direito. Orientador: Prof. Ms. Clenderson Rodrigues da Cruz. Pará de Minas 2015

3 2 Taísa Eulália de Oliveira A DRAMATURGIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA A VIDA E AS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO: COMO A CONDENAÇÃO PODERÁ CHEGAR BEM ANTES DO PLENÁRIO. Monografia apresentada ao curso de Direito da Faculdade de Pará de Minas como requisito parcial para a conclusão do curso de Direito. Aprovada em: / / Prof. Ms. Clenderson Rodrigues da Cruz Prof. Ms. Francisco José Villas Boas Neto

4 3 Agradeço ao meu orientador Clenderson que me incentivou durante toda a produção do Trabalho, partilhou seus conhecimentos e sempre esteve disponível para ajudar, na verdade, foi indispensável.

5 4 RESUMO O presente trabalho tem como objetivo verificar se a mídia realmente exerce influência na opinião dos jurados no Tribunal do Júri, modificando seus veredictos em relação aos crimes dolosos contra a vida. No início do trabalho procedeu-se a um relato acerca da história do Tribunal do Júri, bem como sua função e seu papel no Estado Democrático de Direito. Em um próximo momento analisa-se acerca da formação da culpa do réu, bem como a formação do plenário e o próprio plenário. Em terceiro momento, analisam-se os princípios constitucionais do processo e seus contrapontos, como: o estado de inocência e sua criminalização pelo senso comum; a isonomia constitucional e a segregação pela culpa antecipada; o contraditório e a ampla defesa em face da influência midiática; a imparcialidade em face do convencimento antecipado. Em quarto plano, analisa-se a história da mídia, bem como o direito a informação e a liberdade de expressão, também os excessos e o suposto conflito de princípios. No último capítulo abordado, analisa-se as medidas corretivas, tais como: a possibilidade de desaforamento; a ponderação na aplicação dos princípios e a imposição de limites a imprensa. Palavras-chave: Tribunal do Júri. Jurados. Influência da mídia. Princípios.

6 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO A INSTITUIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI Breve histórico A função do Tribunal do Júri Tribunal do Júri no Estado Democrático O PROCEDIMENTO DO JÚRI O Judicium accusationis: a formação da culpa A formação do Plenário Judicium causae: o Plenário OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO O Estado de inocência e a criminalização pelo senso comum A isonomia constitucional e a segregação pela culpa antecipada O contraditório e a ampla defesa em face da influência midiática A imparcialidade em face do convecimento antecipado A MIDIATIZAÇÃO DA VIDA A história da mídia O direito a informação e a liberdade de expressão Os excessos e o suposto conflito de princípios DAS MEDIDAS CORRETIVAS O desaforamento A ponderação na aplicação dos princípios Limites a imprensa? CONCLUSÃO REFERÊNCIAS... 50

7 6 1 INTRODUÇÃO A Constituição Federal, em seu artigo 5, inciso XXXVIII, alínea d traz o reconhecimento do Tribunal do Júri, e a sua competência para julgar os crimes dolosos contra a vida, que estão elencados no artigo 74, 1 do Código Processo Penal. Os crimes elencados pelo artigo citado acima são os crimes de homicídio doloso, instigação, induzimento e auxílio ao suicídio, aborto e infanticídio, todos de forma tentada ou consumada. São crimes de extrema comoção social, com grande repercussão nas localidades que acontecem, às vezes, repercussão em nível nacional. Diante do delito ocorrido, a sociedade busca respostas, como por exemplo: quem foi o autor de tal delito. Então, entra em ação a mídia, os meios de comunicação, como o rádio, televisão, jornal e outros meios midiáticos. Dessa forma, a mídia tenta agir como formadora de opinião, fazendo com que a sociedade julgue aquele réu, antes mesmo que este possa fazer jus do direito aos princípios constitucionais do processo, bem como formando a opinião dos jurados, de forma a torna-los parciais. O trabalho tem por objetivo analisar se a mídia realmente exerce influência na postura dos jurados em relação ao criminoso, fazendo com que a condenação chegue bem antes do plenário. Então, faz-se necessário entender a história do Tribunal do Júri, bem como os princípios constitucionais, os procedimentos e todos os pontos relacionados ao Tribunal do Júri. Por fim, se faz necessário entender a história da mídia e possibilidades de medidas corretivas. A metodologia utilizada para confecção do trabalho foi à pesquisa bibliográfica.

8 7 2 A INSTITUIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI O tribunal do júri é uma instituição jurídica de grande tradição no ordenamento jurídico, que abriga em seu âmago a intencionalidade do julgamento democrático, pelos próprios pares. No entanto, para conhecê-la adequadamente, é necessário perpassar por seu histórico e criação. A preocupação do presente trabalho é averiguar se após a popularização da mídia, com presença e alcance maciço no seio da sociedade, ainda é possível manter os fundamentos com os quais o instituto foi criado. 2.1 Breve histórico O Tribunal do Júri conta com uma longínqua história e, em que pese não ser o escopo da presente monografia tratar rigorosamente dessa história, não podemos deixar de destacar os pontos de maior relevância na antiguidade. Na antiguidade, verifica-se a existência do Tribunal do Júri na Palestina, em vilas que a população ultrapassasse cento e vinte famílias, o chamado Tribunal dos Vinte e Três, assemelhando a um Tribunal do Júri, que por sua vez, julgava crimes com pena de morte. Havia grande influência religiosa, visto que, o Tribunal era composto por levitas, padres ou chefes de famílias de Israel. Nesse sentido preleciona Nucci (2008, p. 41) Na Palestina, havia o Tribunal dos Vinte e Três nas vilas em que a população fosse superior a 120 famílias. Tais Cortes conheciam e julgavam processos criminais relacionados a crimes puníveis com a pena de morte. Os membros eram escolhidos dentre padres, levitas e principais chefes de famílias de Israel. Acredita-se que o Tribunal do Júri esteve presente também na Grécia, no Século IV a. C., que era chamado de Tribunal de Heliastas, no qual, em praça pública se reuniam os cidadãos que representavam o povo. Em Esparta, os éforos tinham também essas atribuições. Sobre esse fato afirma Nucci (2008, p. 42) Na Grécia, desde o Século IV a. C., tinha-se conhecimento da existência do Júri, O denominado Tribunal de Heliastas era a jurisdição comum, reunindose em praça pública e composto de cidadãos representantes do povo. Em Esparta, os Éforos (juízes do povo) tinham atribuições semelhantes às dos Heliastas.

9 8 Em meados dos anos 155 a. C., o Júri atuou em Roma pelos juízes conhecidos como quoestiones. Eram juízes em comissão e, quando se tornavam definitivos, passavam a se chamar de quoestiones perpetuae. Entretanto, cabe-nos a preocupação com o Tribunal do Júri a partir da Idade Moderna, com a formação dos Estados Nacionais, mormente, com as ideais liberais a partir da Revolução Francesa, que foram decisivas para a inclusão do Tribunal do Júri no Brasil. Neste interim, na França, o Júri foi instituído depois da Revolução Francesa, em 1789, que por sua vez, foi um marco na história por sua luta pela liberdade, igualdade e fraternidade. Então, propôs a substituição de um Judiciário que era influenciado monarquicamente, para constituir um Judiciário liderado pelo povo, que abraçava o ideal da época. Nesse sentido nos ensina Nucci (2008, p. 42): Relembremos que o Poder Judiciário não era independente, motivo pelo qual o julgamento do júri apresentava-se como justo e imparcial, porque produzido por pessoas do povo, sem a participação de magistrados considerados corruptos e vinculados aos interesses do soberano. Sob o influxo dessas ideias, em 18 de Junho de 1822, o Brasil reconheceu a legitimidade e incorporou em seu ordenamento o Tribunal do Júri, pelo Príncipe Regente. Nessa época, o júri era composto por vinte e quatro cidadãos de boa índole, podendo suas decisões ser revisadas somente pelo Príncipe Regente, conforme nos ensina Nucci (2008, p. 43): Em nosso País, o júri era composto por 24 cidadãos bons, honrados, inteligentes e patriotas prontos a julgar os delitos de abuso da liberdade de imprensa, sendo suas decisões passíveis de revisão somente pelo Príncipe Regente. Em 1824, ainda no Brasil, os jurados poderiam julgar causas criminais e cíveis, conforme determinasse a lei, e o instituto júri foi elencado no Capítulo do Poder Judiciário. O júri foi mantido no Brasil, mesmo após a Proclamação da República, criando também o júri federal, através do Decreto 848, de Por influências americanas a instituição do júri foi transferida para o título dos direitos e garantias individuais. Assim, preleciona Nucci (2008, p. 43) Com a proclamação da República, manteve-se o júri no Brasil, sendo criado, ainda, o júri federal, através do Decreto 848, de Sob a

10 9 influência da Constituição Americana, transferiu-se a instituição para o contexto dos direitos e garantias individuais (art , da Seção II, do Título IV). Na Constituição de 1934 o júri foi novamente inserido no capítulo do Poder Judiciário (art.72), e em 1937 foi retirado completamente da Constituição, então surgiram às discussões acerca de sua existência, culminando na sua confirmação no Decreto Lei 167, de 1938, mas sem soberania (art.96). A Constituição de 1946 voltou a reinserir o júri no capitulo dos direitos e garantias individuais. Como nos ensina Nucci (2008, p. 43) A Constituição de 1946 ressuscitou o Tribunal Popular no seu texto, reinserindo-o no capítulo dos direitos e garantias individuais como se fosse uma autêntica bandeira na luta contra o autoritarismo, embora as razões desse retorno tivessem ocorrido, segundo narra VICTOR NUNES LEAL, por conta do poder de pressão do coronelismo, interessado em garantir a subsistência de um órgão judiciário que pudesse absolver seus capangas (Coronelismo, enxada e voto, p ). A Constituição de 1967 manteve a instituição do júri elencado no capítulo dos direitos e garantias individuais (art ), bem como a Emenda Constitucional de 1969 (art ). Sobre esta inclusão destaca Nucci (2008, p. 44) A Constituição de 1967 manteve a instituição no capítulo dos direitos e garantias individuais (art. 150, 18), fazendo o mesmo a Emenda Constitucional de 1969 (art ). Em 1988, com o advento da constituição democrática no país, a instituição do júri foi elencada no capítulo dos direitos e garantias individuais, trazendo consigo os princípios do sigilo das votações, soberania dos veredictos, plenitude de defesa, e competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Assim, nos ensina Távora e Alencar (2014, p. 975) A Constituição em seu art. 5, inc. XXXVIII, assenta os princípios do tribunal do júri popular: (1) a plenitude de defesa; (2) o sigilo das votações; (3) a soberania dos veredictos; e (4) a competência para o julgamento de crimes dolosos contra a vida. No artigo 5º, inciso XXXVIII da Constituição Da República Federativa do Brasil, a instituição do júri está inserida no Título II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais e no Capítulo I, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, sendo

11 10 considerado como cláusula pétrea e devendo tal instituto ser interpretado como um direito que o povo ao longo da história conquistou, de participar das decisões do Poder Judiciário, bem como um direito que o réu possui de ter um julgamento justo, assegurando a ele todos os princípios constitucionais. Em 2008 o Tribunal do Júri sofreu algumas alterações advindas com a Lei , de 09 de Junho de A função do Tribunal do Júri Conforme ressaltamos na subseção anterior, o instituto do tribunal do júri está elencado na Constituição da Republica Federativa do Brasil, como direito e garantia fundamental. Os procedimentos adotados para o tribunal do júri estão, por sua vez, elencados no Capítulo II, nos artigos 406 a 502 do Código de Processo Penal e em algumas súmulas do Supremo Tribunal Federal e do Supremo Tribunal de Justiça. A função do tribunal do júri é julgar os crimes de homicídio (art.121), induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (art.122), infanticídio (art.123), e aborto (arts.124, 125 e 126), em suas formas tentadas ou consumadas. Nesse sentido preleciona Oliveira e Fischer (2011) Nos termos do art. 5 da Constituição da República, compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. E quais seriam eles? Os crimes de homicídio (art.121); de infanticídio (art.123); e de aborto (arts. 124,125 e 126, CP), tentados ou consumados. Pela gravidade dos delitos mencionados acima, podemos perceber que a função do Tribunal do Júri é de extrema importância para o funcionamento do Poder Judiciário. Daí a preocupação de que a mídia acabe interferindo e afastando a legitimidade do Tribunal do Juri, mormente, em um Estado Democrático de Direito. 2.3 Tribunal do Júri no Estado Democrático A Constituição da República Federativa do Brasil estabeleceu normas e diretrizes, cujo fundamento encontra-se assentado no Estado Democrático de Direito. Portanto, não existe democracia, se o povo não participar efetivamente e se

12 11 não exercer seus direitos e deveres constitucionais. Assim, nos ensina Rangel (2015, p. 18) É cediço por todos a famosa frase de Lincoln quando se refere ao exercício do poder, na democracia: governo do povo, pelo povo e para o povo. A Constituição da República Brasileira de 1988 estabeleceu uma ordem normativa da qual não se pode afastar e sem a qual não haverá democracia possível, pois o exercício da Cidadania é fundamento do Estado Democrático de Direito. Não há democracia possível sem que o indivíduo possa exercer, plenamente seus direitos constitucionais. Nucci (2010, p. 78) nos ensina a respeito Compreender e captar o significado da Constituição Federal na estrutura do ordenamento jurídico, bem como conhecê-la e analisa-la à luz da democracia tem como consequência ideal e natural a construção e o fortalecimento do Estado democrático de Direito. No Tribunal do Júri, a participação do povo nas tomadas de decisão nasceu do princípio democrático de direito, no qual, os cidadãos participam democraticamente das decisões do poder judiciário. Nesse sentido, nos ensina Rangel (2015, p. 19) A participação popular no Tribunal do Júri é fruto do princípio democrático que implica, necessariamente, a democracia participativa onde cidadãos aprendem a democracia participando dos processos de decisões do poder (jurisdicional). A decisão de cada jurado é exemplo do modelo de Constituição que foi escolhido pelo país, e para a legitimação desta, os jurados devem submeter seus veredictos às garantias fundamentais. Nesse sentido podemos dizer que, o princípio democrático norteia todo o sistema processual-penal-constitucional. Assim preleciona Rangel (2015, p. 20) Nesse viés, o princípio democrático serve de coluna vertebral de todo o sistema jurídico constitucional, cuja formulação mais abstrata consistiria em sustentar que todo o poder pertence, em última análise, ao povo. Todavia, Rangel faz uma crítica no sentido de que, não se pode mais enxergar o Tribunal do Júri, sem que tenha transparências nas decisões, fundamentação e racionalidade do conselho de sentença. Nesse sentido Rangel preleciona (2015, p. 20)

13 12 Não há mais espaço, no ordenamento jurídico brasileiro, para se olhar o júri sem que haja a transparência da decisão do conselho, ou seja, sua fundamentação, sua racionalidade, pois as garantias constitucionais são exatamente as técnicas previstas no ordenamento para diminuir a distancia existente entre a normatividade e a efetividade, possibilitando, consequentemente, a máxima eficácia dos direitos fundamentais. O doutrinador ensina-nos que se a Constituição da República garante ao acusado a fundamentação das decisões judiciais, então o Código de Processo Penal não poderia ir de forma contrária à lei maior e isenta o júri de fundamentação. Na medida em que a Constituição assegura ao acusado a fundamentação de toda e qualquer decisão judicial por se tratar, exatamente, de transparência dos atos do Estado, de visualização publica do poder exercido em nome da sociedade, não pode a lei processual penal ter validade perante a Magna Carta. Com efeito, a fundamentação das decisões do júri é de muito interesse para o presente Trabalho de Conclusão de Curso. É necessário que os atos do Júri sejam fundamentados para que se possa proceder à análise objetiva se houve ou não influência indevida pela mídia. A dúvida é se, as garantias constitucionais acima, próprias de um Estado Democrático de Direito, não estariam sendo mitigadas pela crescente influência da mídia no Júri. Ora, diante de um crime contra a vida, há uma verdadeira comoção sobre os casos, onde repórteres e comentaristas, as vezes de modo parcial, acabam por criar, por senso comum, a condenação antecipada do réu. O direito a informação é reconhecido pela CF, entretanto, esse princípio não pode afastar e impedir que sejam observadas no procedimento do Júri as garantais processuais constitucionais mínimas.

14 13 3 O PROCEDIMENTO DO JÚRI Feita a análise do histórico, bem como do enquadramento do Tribunal do Júri no Estado Democrático, mister se faz analisar seu instituto com a finalidade de identificar em qual momento a influência midiática seria preponderante. 3.1 O Judicium accusationis: a formação da culpa A ação penal para ser válida precisa de suporte probatório, requisitos e de justa causa, ou seja, provas suficientes de materialidade e autoria. Geralmente os crimes dolosos contra a vida deixam vestígios e, antes do oferecimento da denúncia pelo Ministério Público teremos o Inquérito Policial, para que todos os procedimentos sejam feitos de forma regular. Os crimes dolosos contra a vida seguem rito especial do Tribunal do Júri, sendo que o procedimento tem duas fases distintas, quais sejam, o judicium accusationis (a formação da culpa) que é a primeira fase, e o judicium causae (juízo de mérito) que é a segunda fase. Assim, nos ensina Nucci (2010, p. 731) O Código de Processo Penal, após a reforma introduzida pela Lei /2088, deixou claro ser especial o procedimento do júri. Anteriormente, havia o equívoco de quem o considerava um procedimento comum. Conforme foi dito, a primeira fase começa com o oferecimento da denúncia ou da queixa, que pode ser recebida ou rejeitada. Se recebida à denúncia ou queixa, o juiz solicita a citação do acusado, para que o mesmo apresente defesa no prazo de 10 (dez) dias, na qual argui preliminares e alega tudo que interesse a sua defesa, além de especificar suas provas, inclusive ofertando o rol de testemunhas, com o número máximo de oito. Assim nos diz o artigo 406 do CPP Art O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Assim também nos ensina Távora e Alencar (2014, p. 978) Recebida a denúncia, antes das modificações introduzidas pela Lei /2008, seguia-se o rito do procedimento comum ordinário. Agora, o

15 14 CPP prevê que o juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias (nova redação do art. 406, caput, CPP). O prazo mencionado acima deve ser contado a partir do mandado cumprido (e não da juntada), do momento em que o réu comparecer em juízo, ou, do comparecimento de seu defensor se a citação foi inválida, ou, se realizada por edital. O interrogatório acontecerá somente depois da dilação probatória, ou seja, após a produção de prova pericial, testemunhal e diligências que forem necessárias. Após, o interrogatório, realizarão as razões finais orais. Entretanto, se a defesa não é apresentada no prazo legal, o juiz nomeará defensor público, para que o mesmo apresente a defesa no prazo de (dez) dias. Nesse caso, o defensor terá aberto vista aos autos, conforme art. 408 CPP. Então o Ministério Público será ouvido acerca de preliminares e documentos. Concluída a primeira fase do judicium accusationis, será designada audiência de instrução pelo juiz, para que, as partes requisitem diligências necessárias, bem como proceda a inquirição de testemunhas. Tudo isso no prazo de 10(dez) dias. Nesse sentido Távora e Alencar (2014, p. 979) Em seguida concluída essa fase preliminar do judicium accusationis -, o juiz designará audiência de instrução, para que sejam inquiridas testemunhas, e determinará a realização de diligências requeridas pelas partes, tendo dez dias para deliberar a respeito (art. 410, CPP, nova redação). Em seguida o artigo 411 do CPP diz que, se possível, na audiência de instrução e julgamento será tomada as declarações do ofendido, bem como inquirição de testemunhas que foram arroladas pela acusação e pela defesa, respectivamente. Todas as diligências e perícias deverão ser realizadas na audiência mencionada. Na oportunidade, os peritos darão eventuais esclarecimentos, serão reconhecidas coisas e pessoas e realizadas acareações. Depois de todo o procedimento citado acima, o acusado será interrogado. Seguidamente, encerrando a fase, serão realizados os debates orais pelo prazo de vinte minutos, prorrogáveis por mais dez minutos.

16 15 Havendo assistente de acusação, será concedido um prazo de dez minutos para que ele fale após a manifestação do representante do Ministério Público. Tudo isso de acordo com os incisos do artigo 411do CPP. Por derradeiro, de acordo com o 9 do artigo 411, CPP, encerrado os debates o juiz deve proferir sua decisão, ou em dez dias concluir os autos. De acordo com o artigo 412 do CPP todo o procedimento deve ser concluído no prazo máximo de noventa dias. O juiz poderá tomar decisões diferentes, como: pronunciar o réu, impronunciar o réu, absolver o mesmo sumariamente, ou, desclassificar o dolo contra a vida. Nesse sentido nos explica Távora e Alencar (2014, p. 980) Pode, então, o magistrado adotar as seguintes posturas: (1) pronunciar o réu; (2) impronunciá-lo; (3) absolve-lo sumariamente; (4) desclassificar a infração dolosa contra vida. No tocante a pronúncia, deve conter fundamentação que indique a materialidade, existência e indícios suficientes de autoria ou participação do réu. A pronúncia não coloca fim ao processo, ela tem caráter de decisão interlocutória mista não terminativa, ou seja, apenas encerra uma fase e não decide o mérito, e não extingue o processo sem resolução do mérito. Importante ressaltar que na pronúncia o juiz realizará juízo de admissibilidade e não certeza do cometimento do crime. Deverá haver comprovação de que os fatos estão prontos para serem julgados pelos jurados no Tribunal do Júri, que vão proferir a decisão pela absolvição ou condenação do acusado. A decisão de pronúncia tem a natureza de uma decisão interlocutória mista não terminativa. É mista porque encerra uma fase sem por fim ao processo. É não terminativa por não decidir o meritum causae, nem extinguir o feito sem resolução do mérito. Não há através dela julgamento do mérito condenatório da ação penal. Apenas há juízo de admissibilidade da acusação. Na decisão de pronúncia não há juízo de certeza do cometimento do crime, porém é mister que haja possibilidade da acusação, ou seja, o contexto processual deve evidenciar que os fatos estão aptos ao julgamento pelos leigos, seja para absolver ou condenar o acusado. (TÁVORA; ALENCAR, 2014, p. 982). Nesse mesmo viés, nos ensina Nucci (2010, p. 734)

17 16 É a decisão interlocutória mista, que julga admissível a acusação, remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri. Trata-se de decisão de natureza mista, pois encerra a fase de formação de culpa, inaugurando a fase de preparação do plenário, que levará ao julgamento do mérito. Embora seja uma decisão interlocutória, mantém a estrutura formal de uma sentença na sua composição, ou seja, deve possuir relatório, fundamentação e dispositivo. Portanto, ocorrendo à pronúncia o juiz deve decidir fundamentadamente sobre manter o réu preso ou solto, no caso de mantê-lo preso, devem ser observados os requisitos da prisão preventiva. Nesse sentido nos ensina Oliveira e Fischer (2011, p. 910), respaldados pelo 3º do artigo 413, CPP Amoldando-se aos contornos garantistas trazidos pela Constituição de 1988, exige-se agora ( 3 ), tanto para se manter quem já está preso quanto para o recolhimento à prisão nessa fase procedimental, a demonstração, pelo juízo, mediante fundamentos idôneos, da necessidade do recolhimento cautelar do réu. No entanto, pode também o juiz de forma fundamentada impronunciar o réu. A impronúncia tem caráter terminativo, é contudo, uma decisão interlocutória mista, pois, coloca fim ao processo por não haver provas da materialidade do fato ou indícios suficientes de autoria, conforme acontece na pronúncia. Portanto, acontecendo à impronúncia não começará a segunda fase, exceto se surgir novas provas, que não eram conhecidas anteriormente (por isso o fato de ser decisão interlocutória mista), e desde que não tenha ocorrido a extinção da punibilidade. Nesse tocante nos explica Nucci (2010, p. 742) É a decisão interlocutória mista de conteúdo terminativo, visto que encerra a primeira fase do processo (judicium accusations), deixando de inaugurar a segunda, sem haver juízo de mérito (art.414, CPP). Assim, inexistindo prova da materialidade do crime ou não havendo indícios suficientes de autoria, deve o magistrado impronunciar o réu, que significa julgar improcedente a denúncia ou queixa e não a pretensão punitiva do Estado. Desse modo, se, porventura, novas provas advierem, outro processo pode instalar-se. Discorre também Rangel (2015, p. 166) com o mesmo entendimento. Se o juiz na fase da pronúncia é chamado a decidir acerca de uma questão incidente, qual seja: há ou não indícios suficientes de autoria e prova da materialidade do fato? Se a resposta é negativa, deve o réu ser impronunciado. Logo, a natureza da decisão é de uma decisão interlocutória mista terminativa.

18 17 Contudo, pode também o juiz absolver o réu sumariamente, ou seja, tomar uma decisão que coloca fim ao processo, tornando improcedente o pedido da denúncia feito pelo Ministério Público, que é o titular da ação. Desse modo nos ensina Rangel (2015, p. 167) A absolvição sumária é uma sentença de mérito que julga improcedente o pedido contido na ação movida pelo Ministério Público, expresso na denúncia, em face da presença de uma das condições mencionadas no artigo acima citado. Também discorre Nucci (2010, p. 989) a esse respeito A denúncia é julgada improcedente e, por força da coisa julgada material formada, não pode ser reiniciada demanda penal pelos mesmos fatos narrados na peça acusatória. A sentença de absolvição sumária encerra a primeira fase do rito escalonado do júri, sem dar seguimento à segunda relativamente ao réu absolvido sumariamente. Para que aconteça a absolvição sumária deve haver umas das hipóteses elencadas no CPP. Como sempre, o juiz deve fundamentar sua decisão no artigo 415, CPP. Vejamos as hipóteses do artigo 415, CPP Art.415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: I provada a inexistência do fato; II provado não ser ele o autor ou partícipe do fato; III o fato não constituir infração penal; IV demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto Lei n 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, salvo quando esta fora única tese defensiva. No caso do inciso primeiro, ou seja, inexistência do fato o juiz absolve o réu pelo motivo de o fato não existir, não haver provas da existência desse fato. Interessante se faz citar um exemplo clássico que Rangel (2015, p. 168) nos mostra, a inexistência do fato se dá, por exemplo, quando a vítima dita assassina, viva se encontra e aparece aos olhos de todos. Já no inciso segundo, ou seja, provar não ser ele o autor ou partícipe dos fatos resta bem claro que o réu deve ser absolvido, afinal ele provou não ser autor

19 18 ou partícipe, conclui-se então que por mais que tenha ocorrido o fato, não é ele o autor, muito menos o partícipe. No inciso terceiro, ou seja, o fato não constitui infração penal, podemos perceber que falta um dos requisitos do crime, quais sejam, fato típico, ilícito e culpável. Então, embora o fato tenha existido não poderá ser considerado como crime. Távora e Alencar (2014, p. 990) nos traz um ótimo exemplo O fato não constitui infração penal: é possível que ao final da primeira fase, fique categoricamente demonstrado que o fato, em que pese ter ocorrido, não se enquadra na subsunção típica, como um aborto que aparentemente era criminoso quando da proposta da denúncia, mas fica demonstrado, no transcorrer da primeira fase, em laudo pericial, que foi espontâneo. O inciso quarto nos diz demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime. No caso da isenção de pena o fato é típico e ilícito, mas não é passível de punição. As isenções estão elencadas nas hipóteses dos artigos 21 (erro de proibição); artigo 22 (coação moral irresistível e obediência hierárquica) e artigo 28, 1 (embriaguez acidental), ambos do CP. No caso da exclusão, o fato não tem proibição no ordenamento jurídico, então percebemos que, se o fato não é proibido, também não é ilícito. Ainda temos a última hipótese que o juiz tem diante do caso concreto, que é a desclassificação do dolo contra vida. Essa hipótese está descrita no artigo 419, CPP e tem natureza jurídica de decisão interlocutória. Nesse caso, o juiz percebe que o crime que foi objeto da denúncia não é doloso contra vida, ou seja, não embarca o disposto no artigo 74, 1, sendo assim não leva o mesmo para apreciação do Tribunal do Júri e o remete para julgamento pelo juiz singular. Távora e Alencar (2014, p. 992) dispõem sobre o assunto É mister deixar bem vincado que a desclassificação que se tem em vista aqui é a do crime doloso contra a vida para outro delito que não seja de competência do tribunal do júri. Desclassificação tem a ver com uma nova definição jurídica dada aos fatos pelo juiz. A decisão de desclassificação da infração penal contra a vida tratada neste tópico é a prolatada pelo juiz singular, no rito dos crimes dolosos contra a vida, quando do encerramento de sua primeira faz. O magistrado, apreciando os fatos, reconhecerá que o crime ali descrito é diverso de quaisquer tipificações de delitos contra a vida. Távora e Alencar (2014, p. 993) ainda dissertam acerca da natureza jurídica da desclassificação

20 19 A desclassificação tem, portanto, a natureza de uma decisão interlocutória modificadora de competência. O art. 419, CPP (com nova redação dada pela Lei n /2008), prevê a decisão desclassificatória ao avisar que quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no 1 do art.74 e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja, ficando à disposição deste último magistrado, o acusado preso (parágrafo único). Nesse viés Rangel (2015, p. 176) discorre sobre o assunto A decisão de desclassificação é operada sempre que o juiz entende que o crime descrito na denúncia não é doloso contra a vida e sim, outro, de competência do juiz singular, remetendo os autos do processo a este, à disposição do qual ficará o acusado preso. Temos também a opinião de Nucci (2010, p. 743) O juiz somente desclassificará a infração penal, cuja denúncia ou queixa foi recebida como delito doloso contra a vida, em caso de cristalina certeza quanto à ocorrência de crime diverso daqueles previstos no art.74 1, do Código de Processo Penal (homicídio doloso, simples ou qualificado; induzimento, instigação ou auxilio a suicídio; infanticídio ou aborto). Ora, diante do narrado, podemos observar a competência do legislador quando se trata da desclassificação, pois, se o crime não é titulado como doloso contra a vida, foge da seara do Tribunal do Júri, no qual, um dos seus princípios constitucionais é julgar crimes dolosos contra a vida. Portanto, dando fim ao assunto do judicium accusationis, partiremos para um assunto não menos interessante, que é a formação do plenário. 3.2 A formação do Plenário Concluído o primeiro momento do judicium accusationis, devemos prosseguir para a formação do plenário, que já é a segunda fase. Pois bem, se o processo está pronto para apreciação do Tribunal do Júri, então o juiz deve começar a organizar os preparativos para o julgamento. Conforme artigo 421, CPP, com a preclusão da decisão de pronúncia, os autos são encaminhados para o juiz responsável do Tribunal do Júri. Então, o juiz solicita a intimação do Ministério Público, ou do querelante (se for o caso) e do defensor para apresentar a relação de testemunhas (no máximo de

21 20 cinco para cada lado) que irão depor no plenário, ou seja, no julgamento. Poderão também juntar documentos e requerer diligências que acharem necessárias, tudo isso no prazo de cinco dias, de acordo com o artigo 422, CPP. Contudo, de acordo com o artigo 423, CPP, o juiz vai decidir sobre as provas que serão produzidas ou exibidas no plenário, bem como diligências, que visam sanar qualquer nulidade até então cometida. Atribui a ele também, fazer relatório do processo, para que este seja entregue a cada jurado, que compõe o conselho de sentença. O juiz deve também determinar o alistamento de pessoas comuns, aptas a trabalhar como jurados no Tribunal do Júri (geralmente buscam esta listagem em cartórios eleitorais), isso deve ser feito até o mês de Outubro do ano anterior em que se dará o julgamento. A quantidade de pessoas alistadas dar-se-á de acordo com a quantidade populacional da Comarca, na qual, o processo será julgado, de acordo com o artigo 425, caput, CPP. Os jurados devem ser maiores de dezoito anos e ter idoneidade notória, conforme artigo 436, caput, CPP. A lista geral dos jurados deve ser publicada pela imprensa e afixada na porta do Tribunal do júri, conforme artigo 426, caput, CPP. O Tribunal do Júri então é composto pelo juiz, que vai presidir a sessão, e por vinte cinco jurados (buscados pelo alistamento) sorteados para a sessão. Mas, que depois passão a ser somente sete, que efetivamente farão o trabalho de jurados. Nesse sentido nos ensina Nucci (2010, p. 762) O Tribunal Popular é composto pelo juiz togado, que o preside, e por 25 jurados sorteados para a sessão, e não unicamente pelo magistrado e pelo Conselho de Sentença (7 jurados escolhidos dentre os 25). Há, na realidade, 26 pessoas envolvidas no julgamento (um juiz de direito e 25 juízes leigos), dos quais, em uma segunda etapa, atinge-se o número de (um juiz presidente e sete jurados). Por outro lado, para validamente começar seus trabalhos, devem reunir-se, pelo menos, 16 pessoas (um juiz togado e 15 jurados). Portanto, pode-se dizer que há o Tribunal do Júri pleno (26 pessoas), o Tribunal do Júri mínimo (16 pessoas) e o Tribunal do Júri constituído para o julgamento (8 pessoas). assunto Nesse viés Oliveira e Fischer (2011, p. 956) também discorrem sobre o Uma das mais significantes alterações trazidas pela Lei foi a ampliação da composição do Tribunal do Júri: não são mais 21 (vinte e um), mas (vinte e cinco) os jurados que serão sorteados dentre os alistados, dos quais serão extraídos 7(sete) para a constituição do Conselho de Sentença

22 21 em casa sessão de julgamento. Como se vê do art. 463, CPP (antes art.442, CPP), são necessários pelo menos 15 (quinze) jurados para instalação dos trabalhos. Com a ampliação do número de jurados que compõem o Tribunal do Júri, diminuíram as possibilidades de não realização de sessão em decorrência das recusas e de ausência de jurados. Portanto, podemos perceber que o plenário é muito bem composto, então podemos seguir para o judicium causae. 3.3 Judicium causae: o Plenário A sessão do Tribunal do Júri começa com o juiz presidente conferindo as cédulas dos vinte e cinco jurados sorteados em dias anteriores, solicitando o pregão realizado pelo oficial de justiça. Se for confirmado o comparecimento da quantidade mínima de jurados, que é quinze, para que o juiz retire a quantidade de sete jurados a sessão restará aberta. Caso não tenha o número necessário para começar efetivamente a sessão, o juiz marca outra data. Mas, em regra, tendo conferido que os jurados estão presentes, o juiz volta a colocar as cédulas na urna e fecha a mesma novamente, anunciando que a sessão está aberta. Partindo da abertura da sessão, os sete jurados são sorteados para compor o conselho de sentença. O juiz adverte aos jurados sobre os impedimentos, pois, no caso de o jurado ser impedido, deve o mesmo falar do impedimento quando for chamado. Os impedimentos estão elencados no artigo 448, CPP, ou seja, ser marido e mulher; ascendente e ascendente; sogro e sogra; genro e nora; irmãos; cunhados; tio e sobrinho; padrasto; madrasto; enteado. Já o representante do Ministério Público e o defensor podem recusar três jurados injustificadamente. Nucci (2010, p. 774) nos diz que: na constituição do Conselho de Sentença, cada parte pode recusar até três jurados sem dar qualquer razão para o ato. Depois de ser formado o Conselho de Sentença, o juiz solicita que todos os presentes fiquem de pé, para que os jurados prometam ser imparciais e tratar a causa de forma justa. Os jurados também recebem a cópia da pronúncia. O juiz tem o dever de conduzir a sessão, bem como de advertir os jurados acerca da incomunicabilidade, ou seja, deve dizer aos jurados que eles não devem

23 22 se comunicar na hora da sessão, nem mesmo nos intervalos acerca do que está sendo julgado. Nucci (2010, p. 773) nos fala sobre o assunto É dever do juiz presidente alertar os jurados sorteados a respeito da incomunicabilidade, ou seja, que não podem conversar entre si, durante os trabalhos, nem nos intervalos, a respeito de qualquer aspecto da causa posta em julgamento, especialmente deixando transparecer a sua opinião (art. 466, 1, CPP). Logicamente, sobre fatos desvinculados do feito podem os jurados conversar, desde que não seja durante a sessão - e sim nos intervalos -, pois não se quer a mudez dos juízes leigos e sim a preservação da sua íntima convicção. A troca de ideias sobre os fatos relacionados ao processo poderia influenciar o julgamento, fazendo com que o jurado pendesse para um ou outro lado. Contudo, seguindo os atos da sessão, primeiramente são ouvidas as testemunhas que foram anteriormente arroladas para dar seus depoimentos no dia da sessão. Uma testemunha não deve ouvir o testemunho da outra. Távora e Alencar (2014, p. 1009), nos diz que: veja-se que, havendo testemunhas a serem ouvidas, serão tomados os respectivos depoimentos de modo que uma não ouça o depoimento das outras. São ouvidas as testemunhas da parte da acusação e da defesa, respectivamente. Depois de ouvidas às testemunhas, vem o interrogatório do réu (modificação feita pela Lei /2008), que por sua vez é antes dos debates orais. Nucci (2010) nos fala sobre a alteração que a lei /2008 trouxe acerca do interrogatório do réu. A modificação mais importante consistiu na transferência do interrogatório para o final da instrução em plenário (art. 474, caput, CPP. (NUCCI, 2010, p. 777). Podem ser feitas perguntas ao réu, pelo Ministério Público, pelo assistente do Ministério Público (se houver), pela defesa, e pelos próprios jurados, no entanto, as perguntas dos jurados devem ser feitas através do juiz togado. Nesse sentido Távora e Alencar (2014, p. 1009) nos ensina (...) o interrogatório é o ato de encerramento da instrução que precede dos debates orais. Na forma dos 1 e 2, do art. 474, CPP, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, poderão formular, diretamente, perguntas ao acusado, enquanto os jurados formularão perguntas por intermédio do juiz presidente. Depois do interrogatório do réu, começam os debates. A sustentação oral é feita primeiramente pela acusação, o promotor de justiça tem uma hora e meia para

24 23 sustentar sua tese. Sedimenta Oliveira e Fischer (2011, p. 979), o prazo para a acusação falar será de 90 minutos (art. 477, CPP), sendo de relevo destacar que o prazo é uno. Deve o acusador se limitar no que foi falado na pronúncia, pode até pedir menos, ou até mesmo pedir absolvição para o réu, mas nunca pedir mais do que está relatado na pronúncia. Távora e Alencar (2014, p. 1010) nos fala sobre o assunto, note-se que o Parquet, malgrado esteja limitado pela pronúncia, não está impedido de pedir menos do que nela contido ou de requerer a absolvição. Depois de a acusação expor sua tese, é a vez da defesa. A defesa tem o mesmo prazo de uma hora e meia para falar. Na verdade, a defesa faz uma resposta à tese sustentada pela acusação. Após o término da sustentação da defesa, o juiz indaga o acusador acerca da réplica, ou seja, se o acusador deseja falar novamente no plenário, se a resposta for sim, é destinado o mesmo prazo de uma hora à defesa, para que, a mesma realize a tréplica. Nos fala sobre o assunto Távora e Alencar (2014, p. 1011) Naturalmente, se não houver réplica do acusador, não será oportunizada tréplica à defesa. Para tanto, quando o juiz-presidente indagar se o Ministério Público deseja replicar, ele deve se limitar a dizer não. Havendo manifestação do acusador no sentido de responder à sustentação oral da defesa, ainda de forma singela, tal comportamento será havido como réplica, dando luz à tréplica. Caso contrário, se o órgão acusador não deseja realizar a réplica, consequentemente não teremos a tréplica, terminando então os debates. Em decorrência, o juiz questiona os jurados, com intenção de saber se os mesmos estão preparados para julgar, ou se necessitam de mais esclarecimentos. Começa então a votação dos jurados, quando os mesmos ficarão sozinhos com o juiz e os oficiais de justiça e momento pelo qual, é decidido o destino do réu. Mas, precisamos entender como é a formulação dos quesitos a serem respondidos pelos jurados. Conforme nos diz o art. 482, CPP, os jurados são questionados acerca da matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido. O parágrafo único do art. 482, CPP ressalta que: Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e

25 24 necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes. Conforme foi dito, os quesitos são formulados na ordem do art. 483, CPP. Os jurados são questionados primeiramente acerca da materialidade do fato, ou seja, a existência do fato. Se a maioria das respostas são negativas o réu é absolvido. Caso contrário, continua a votação. O segundo quesito é sobre autoria ou participação, ou seja, se o acusado é realmente o autor ou se tenha ele participado do fato. Nesse caso também, se a maioria das respostas são negativas o réu é absolvido, porque os jurados entenderam que o fato existiu, mas que, não foi praticado pelo réu sozinho ou em participação com alguém. Caso contrário, continua a votação. No terceiro quesito pergunta-se se o acusado deve ser absolvido. Nota-se que aqui, os jurados também têm a oportunidade de absolver o réu, não obstante tenham votado de forma positiva nos dois primeiros quesitos. No quarto quesito se refere a causas de diminuição alegadas pela defesa. Nesse caso, se chegou no quarto quesito é porque o réu já fora condenado pelos jurados. No quinto quesito se refere à existência de qualificadoras ou causas de aumento de pena que foram reconhecidas na pronúncia (judicium causae) ou decisões posteriores que tornou admissível a acusação. Para votar os jurados recebem cédulas com a palavra sim e com a palavra não. Então passam duas urnas, uma para recolher os votos realizados pelos jurados e outra para recolher o que será descartado. Assim nos ensina Nucci (2010, p. 802) Antes da votação ter início, recebem os jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco e facilmente dobráveis, contendo umas a palavra sim e outras as palavras não, para que, secretamente, serem colhidos os votos (art. 486, CPP). Távora e Alencar (2014, p. 1016) nos ensina sobre o assunto A tomada dos votos ocorrerá de quesito por quesito. O juiz mandará distribuir cédulas opacas, sete delas com a palavra sim e sete com a palavra não. A cada quesito formulado, com a explanação necessária de seu significado, passarão duas urnas (1) a primeira recolherá os votos de cada um dos jurados; e, em seguida, (2) a segunda recolherá o descarte.

26 25 Quando encerrada a votação pelos jurados, o juiz tem o dever de calcular a pena levando em consideração as eventuais diminuições, ou existência de qualificadoras, ou causas de aumento de pena. Feito todo esse trabalho pelo juiz, ele seguirá lavrando a sentença com a presença do réu e das partes, e com todos os presentes em pé. Nucci (2010, p. 806) nos diz sobre o assunto, lavrando a sentença, com todos os presentes em pé, solenemente, o juiz presidente procede à sua leitura em plenário. Acompanharão o ato as partes e o réu. Nesse sentido nos ensina Rangel (2015, p. 254) A sentença proferida pelo juiz presidente do júri é lida em plenário, não sendo lícito ao juiz proferir sentença em dia diferente ao do julgamento. Não importa quanto tempo ou dias demore a sessão de julgamento. Quando terminar, a sentença será lida em plenário perante os jurados, as partes e o público que estiverem presentes. Sendo assim, lida a decisão proferida pelos jurados, termina o julgamento com o réu condenado ou absolvido, dando assim uma resposta à sociedade.

27 26 4 OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO As garantias processuais do acusado submetido ao Tribunal do Júri estão hoje positivadas no rol dos direitos fundamentais, representando um escudo do acusado frente a possíveis abusos do poder punitivo. Mais das vezes, as influencias ilegítimas incidem e diminui a eficácia justamente dessas garantias, conforme passase a estudar. 4.1 O Estado de inocência e a criminalização pelo senso comum Todos os processos no ordenamento jurídico brasileiro devem respeitar e se basear em princípios constitucionais, sejam estes explícitos ou implícitos. Para que o processo seja válido, deve respeitar tais princípios, principalmente no processo penal, por tratar muitas vezes de um dos bens mais preciosos do ser humano - a liberdade. O princípio do estado de inocência está elencado expressamente na Constituição Federal, especificamente no artigo 5, LVII. O citado artigo nos diz que, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Távora e Alencar (2014, p. 60) nos diz, trata-se de princípio que foi inserido expressamente no ordenamento jurídico brasileiro pela Constituição de Podemos perceber então que o indivíduo é inocente enquanto não for considerado culpado em sentença condenatória transitada em julgado, não obstante esteja ele respondendo um processo penal. Nucci (2010, p. 81) nos ensina sobre o assunto Conhecido, igualmente, como princípio do estado de inocência (ou da não culpabilidade), significa que todo acusado é presumido inocente, até que seja declarado culpado por sentença condenatória, com trânsito em julgado. Encontra-se previsto no art. 5, LVII, da Constituição. Nesse mesmo viés nos diz Bulos (2014, p. 714) Agora, todos são inocentes, exceto se for provado o contrario. Até o trânsito em julgado da sentença condenatória, o réu tem o direito público subjetivo de não ostentar o status da condenação.

28 27 O objetivo do princípio é garantir que todo indivíduo tenha um processo justo, cabendo a quem acusa o ônus de provar o que está alegando, não sendo permitido condenar uma pessoa com dúvidas, devendo haver lastro probatório. Esse princípio é muito importante, pois, na falta dele, o individuo poderia ser condenado pelo que o acusador achasse. Nucci (2010, p. 81) nos fala sobre o assunto. Tem por objetivo garantir, primordialmente, que o ônus da prova cabe à acusação e não a defesa. As pessoas nascem inocentes, sendo esse o seu estado natural, razão pela qual, para quebrar tal regra, torna-se indispensável que o Estado-acusação evidencie, com provas suficientes, ao Estado-juiz, a culpa do réu. Bulos (2014, p. 714) nos ensina Somente quando a situação originária do processo for, definitivamente, resolvida é que se poderá inscrever, ou não, o indivíduo no rol dos culpados, porque existe a presunção relativa, ou juris tantum, da não culpabilidade, daqueles que figuram como réus nos processos penais condenatórios. Fato, é que existe um evidente conflito em relação ao princípio do estado de inocência e o senso comum da culpa antecipada. É costumeiro que as pessoas façam certo juízo a priori sem ter feito nenhuma reflexão sobre determinado assunto, bem como sem ter se baseado em provas científicas que foram devidamente estudadas, ou seja, tomam sensações e impressões como verdades. Cotrim (2002, p. 46) nos diz que, o vasto conjunto de concepções geralmente aceitas como verdadeiras em determinado meio social recebe o nome de senso comum. No tocante ao nosso estudo, quando acontece determinado delito (por exemplo, um homicídio), a sociedade não leva em consideração o princípio do estado de inocência, e, criminalizam outro indivíduo antes de ser provado a sua culpabilidade, fomentando assim o senso comum. Como exemplo, pode-se citar o caso de Eliza Samúdio, assassinada, hipoteticamente, por determinações do goleiro do Flamengo e seleção brasileira Bruno Fernandes. O goleiro Bruno, após as investigações rumarem para a sua responsabilização, enfrentou um julgamento público e notório da mídia. O caso foi noticiado à exaustão. De certo, pela repercussão e por tantas manifestações de indignação, quando o goleiro Bruno foi a plenário, ele já se encontrava condenado. A prova maior disso é que até a presente data não foram encontrados vestígios do

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