COMISSÃO DE ASSUNTOS SINDICAIS
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- Eduardo das Neves Bernardes
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1 COMISSÃO DE ASSUNTOS SINDICAIS
2 Historicamente, o repouso semanal teve origem em tradição de caráter religioso. Segundo as escrituras sagradas, Deus, ao criar o Mundo, repousou no sétimo dia. Em Moisés, já é encontrada a determinação do descanso semanal: Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus (5,v. 12). Posteriormente, após a morte de Cristo, a Igreja Católica substituiu o descanso do sábado pelo domingo, do latim dies domini, que quer dizer celebrar o dia do Senhor para recordar a Ressurreição de Jesus Cristo, ocorrida num domingo.
3 Alice Monteiro de Barros discorre sobre as várias denominações do descanso semanal remunerado: O instituto recebeu várias denominações, entre as quais descanso hebdomadário, folga semanal e repouso semanal, nomenclatura de nossa preferencia. Curso de Direito do trabalho, cit.,p. 570.
4 A primeira Constituição a reconhecer o direito ao DSR foi a Constituição Federal de 1934 e desde então permaneceu salvaguardado pelo texto constitucional, atualmente inserido no inciso XV do art. 7º : XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
5 No âmbito infraconstitucional, encontramos a previsão desse descanso nos artigos 67 e 68 da Consolidação das Leis do Trabalho CLT. Posteriormente, em 1949 foi editada a Lei Federal n 605, que dispõe sobre o tema.
6 Em 2000 foi editada a Lei n , que posteriormente sofreu alterações em razão da edição da Lei em 2007, nos seguintes termos: Art. 1º - O art. 6º da Lei nº , de 19 de dezembro de 2000, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 6º - Fica autorizado o trabalho aos domingos nas atividades do comércio em geral, observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. Parágrafo único. O repouso semanal remunerado deverá coincidir, pelo menos uma vez no período máximo de três semanas, com o domingo, respeitadas as demais normas de proteção ao trabalho e outras a serem estipuladas em negociação coletiva. (NR)
7 Art. 2º - A Lei no , de 2000, passa a vigorar acrescida dos seguintes dispositivos: Art. 6º-A. É permitido o trabalho em feriados nas atividades do comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. (NR)
8 Art. 2º - A Lei no , de 2000, passa a vigorar acrescida dos seguintes dispositivos: Art. 6º-A. É permitido o trabalho em feriados nas atividades do comércio em geral, desde que autorizado em convenção coletiva de trabalho e observada a legislação municipal, nos termos do art. 30, inciso I, da Constituição. (NR)
9 Em relação à legislação municipal, ressalta-se que sua competência restringe-se à permissão para funcionamento/abertura do comércio, já os instrumentos coletivos devem se ater às normas de proteção ao trabalho. Sobre o tema, vale lembrar que o Supremo Tribunal Federal editou em março deste ano a Súmula Vinculante n 38 : "É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial".
10 Quanto à natureza jurídica do descanso semanal remunerado, Godinho ensina o pagamento pelo descanso é nitidamente salarial o pagamento pelo dia de repouso semanal e dia de feriado é nítido salário. Sendo salário, sofre tal pagamento a integração das horas extras habituais (Súmula 172, TST, art. 7, a e b, da Lei n. 605, com redação da Lei /85).
11 Sobre a integração das horas extras, cumpre salientar que não haverá repercussão no cálculo das férias, 13º salário, aviso prévio ou depósitos do FGTS, conforme dispões a Orientação Jurisprudencial nº 394 da SDI-I do TST, sob pena de caracterização de "bis in idem". OJ-SDI1-394 REPOUSO SEMANAL - RSR. INTEGRAÇÃO DAS HORAS EXTRAS. NÃO REPERCUSSÃO NO CÁLCULO DAS FÉRIAS, DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO, DO AVISO PRÉVIO E DOS DEPÓSITOS DO FGTS. (DEJT divulgado em 09, 10 e ) A majoração do valor do repouso semanal remunerado em razão da integração das horas extras habitualmente prestadas não repercute no cálculo das férias, da gratificação natalina, do aviso-prévio e do FGTS, sob pena de caracterização de "bis in idem".
12 SÚMULA 146 DO TST - TRABALHO EM DOMINGOS E FERIADOS, NÃO COMPENSADO (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 93 da SBDI-1) - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo da remuneração relativa ao repouso semanal.
13 Quanto ao prazo para a concessão do descanso a jurisprudência do Colendo TST, a OJ n 410, estabelece: RECURSO DE REVISTA - DESCANSO SEMANAL CONCESSÃO APÓS 7 DIAS ININTERRUPTOS DE LABOR PREVISÃO EM ACORDO COLETIVO. O descanso semanal remunerado deve ser gozado dentro de uma semana de trabalho, que compreende o lapso temporal de sete dias. Perante a normatividade legal - arts. 7º, XV, da Carta Magna; 67 e 68 da CLT; 1º e 10 da Lei nº 605/49; Decreto nº /49 e Portaria Ministerial nº 417/66 - o repouso ocorre, no máximo, após seis dias de trabalho, recaindo no sétimo dia. Descabida a concessão do descanso semanal no oitavo dia, sob pena de pagamento em dobro. Recurso de revista conhecido e provido.
14 Artigo 307 da CLT: INTERVALO INTERSEMANAL - REPOUSO SEMANAL SEÇÃO XI DOS JORNALISTAS PROFISSIONAIS A cada 6 (seis) dias de trabalho efetivo corresponderá 1 (um) dia de descanso obrigatório, que coincidirá com o domingo, salvo acordo escrito em contrário, no qual será expressamente estipulado o dia em que se deve verificar o descanso.
15 No âmbito do executivo, destaca-se o teor do artigo 3, da Portaria 417 de 1966, citada no julgado acima: Art. 3º A escala de revezamento será efetuada através de livre escolha da empresa. Impende frisar que a não-observância da escala para a concessão do descanso semanal no domingo, acarreta sua concessão em dobro, conforme preceitua a OJ 410 do TST.
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17 Junho ~ Julho 2015 ~ Agosto Domingo Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira Sábado DSR FOLGA 8h00 9h00 9h00 9h00 9h00 44 horas FERIADO * 8h00 DSR 7h12 7h12 7h12 7h12 7h12 44 horas h00 DSR 7h12 7h12 7h12 7h12 7h12 44 horas DSR FOLGA * 8h48 8h48 8h48 8h48 8h48 44 horas /08 8h00 DSR 8h00 7h00 7h00 7h00 7h00 44 horas
18 Impende frisar que a não-observância da escala para a concessão do descanso semanal no domingo, acarreta sua concessão em dobro, conforme preceitua a OJ 410 do TST. Veja que, neste exemplo, o empregado respeitou o limite da jornada semanal de 44 horas e não ultrapassou o limite diário de 10 horas.
19 HORAS EXTRAS HABITUAIS ITEM IV DA SÚMULA 85 DO TST IV. A prestação de horas extras habituais descaracteriza o acordo de compensação de jornada. Nesta hipótese, as horas que ultrapassarem a jornada semanal normal deverão ser pagas como horas extraordinárias e, quanto àquelas destinadas à compensação, deverá ser pago a mais apenas o adicional por trabalho extraordinário. (ex-oj nº 220 da SBDI-1 - inserida em )
20 EMPRESA DE INFRAESTRUTURA É MULTADA EM R$ 500 MIL POR IMPOR HORAS EXTRAS A prorrogação de jornada de modo habitual e permanente fere o direito fundamental do trabalhador à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; conforme delimita o artigo 7, XXII da Constituição Federal. Com esse entendimento, a 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região proibiu uma empresa de exigir a prorrogação habitual de jornada.
21 Apesar da companhia respeitar o limite de duas horas extras diárias (artigo 59 da CLT), a relatora esclareceu que a limitação do tempo de jornada resguardava a saúde mental e física do trabalhador. Esse tempo concedido, segundo ela, era necessário para descanso, além de garantir a segurança e o bem-estar do empregado. Para a desembargadora, a empresa não pode exigir dos empregados a prorrogação de forma permanente, pois a saúde não pode ser objeto de transação. Ela acrescentou que o pagamento dos valores pela prorrogação do trabalho não é razoável e nem compensa o desgaste físico e mental provocado no trabalhador. Processo ED
22 No que se Nos termos do artigo 6º da Lei n 605/49, a remuneração do descanso semanal remunerado não será devida quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver trabalhado durante toda a semana anterior, cumprindo integralmente o seu horário de trabalho. Importante frisar que o direito ao gozo do descanso semanal de 24 horas consecutivas é devido independe dos requisitos pontualidade e frequência, contudo caso os empregados que cumpram os requisitos frequência e pontualidade perdem o direito apenas à remuneração.
23 Quanto ao funcionamento dos estabelecimentos aos domingos, cumpre esclarecer que as atividades constantes da relação anexa ao Decreto /49 que regulamentou a Lei 605, já possuem permissão permanente, assim como as atividades do Comércio em Geral, que encontram autorização para o Trabalho aos Domingos prevista no artigo 6 da Lei Federal n /2007 e no que se refere à autorização para os trabalhos nos Feriados a mesma legislação condiciona em seu artigo 6 -A a autorização realizada por meio de Convenção Coletiva de Trabalho. No que diz respeito ao trabalho nos feriados o TST tem considerado NULO de pleno direito os Acordos Coletivos que tenham essa finalidade
24 COMPENSAÇÃO DE HORAS Valentin Carrion comenta a evolução do regime de compensação semanal até o banco de horas : A compensação, inicialmente semanal, foi estendida a quaisquer períodos, desde que não supere a um ano; é o chamado banco de horas, onde as horas extras trabalhadas em um dia poderão ser compensadas com a correspondente diminuição em outro dia. CARRION, Valentin. Comentários à CLT. São Paulo: LTR, 2009, p.116.
25 COMPENSAÇÃO DE HORAS Nos dizeres de José Augusto Rodrigues Pinto, o banco de horas é uma virtual conta corrente de horas extraordinárias, na qual empregador e empregado depositam seus créditos de horas trabalhadas a menos, com pagamento, e a mais, sem indenização, para o futuro saque, mediante compensação não apenas das jornadas, mas da retribuição homogênea do trabalho, Caso haja horas devedoras, embora não haja previsão legal, a doutrina majoritária entende que o empregador não tem direito de descontar o débito do empregador. PINTO, josé Augusto Rodrigues. Tratado de direito material do trabalho. São Paulo: LTR, 2007.
26 COMPENSAÇÃO DE HORAS No âmbito jurisprudencial as decisões têm sido no seguinte sentido: REGIME DE BANCO DE HORAS. HORAS NEGATIVAS. DESCONTO. O descumprimento das disposições normativas em relação ao regime de banco de horas, para efeito de compensação de horário pelo sistema débito/crédito, desautoriza o desconto das horas negativas na rescisão do contrato de trabalho. (Processo: RO RS Relator(a): Denise Pacheco - Julgamento: ) (grifamos)
27 COMPENSAÇÃO DE HORAS HORAS EXTRAS EXCEDENTES À 42ª SEMANAL. BANCO DE HORAS. NÃO COMPENSAÇÃO NO PRAZO DAS NORMAS COLETIVAS. DESCONTO EFETUADO NA RESILIÇÃO CONTRATUAL A TÍTULO DE DÉBITO DO BANCO DE HORAS. A demandada, ao deixar de exigir do autor a prestação do trabalho decorrente de saldo negativo do banco de horas, no prazo previsto nas convenções coletivas que estabeleceram a compensação, não está autorizada a efetivar os descontos salariais correspondentes ao banco de horas. Processo: RO RS Relator(a): Alexandre Corrêa Da Cruz - Julgamento: (grifamos)
28 Flexibilidade???
29 CONCLUSÃO Depreende-se das decisões acima que fica desautorizado o desconto de horas negativas por ocasião das verbas rescisórias, ou fora do prazo previsto nas convenções coletivas, não sendo vedada a possibilidade de sua compensação foras das situações aventadas pelo poder judiciário. Diante do exposto concluímos pela possibilidade da compensação da folga adicional concedida pelo empregador, desde que para a concessão desse descanso não tenha ocorrido sobrecarga de jornada semanal.
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