Transtorno de Personalidade Borderline: Tratando com Regressão de Memória.
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- Izabel Pinho Coimbra
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1 Transtorno de Personalidade Borderline: Tratando com Regressão de Memória. CLYSTINE ABRAM PRESIDENTE DO IBH Coordenadora da Pós Graduação em Hipnose Clínica e Hospitalar da Universidade Celso Lisboa
2 Transtorno de Personalidade Borderline 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar).
3 Transtorno de Personalidade Borderline 5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias). 7. Sentimentos crônicos de vazio. 8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes). 9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.
4 Rigidez/inflexibilidade Relacionamentos Disfuncionais Evitação ou hipercompensação
5 Esquemas (Young, 2008) Privação emocional Abandono Desconfiança/ abuso Isolamento social/ alienação Defectividade/ vergonha Indesejabilidade social Fracasso Dependência/ incompetência Vulnerabilidade a danos e doenças Emaranhamento Subjugação Auto sacrifício Inibição emocional Padrões inflexíveis Merecimento Autocontrole/ autodisciplina insuficientes
6 Origem dos esquemas desadaptativos Influências culturais Experiências infantis negativas, que frustram as necessidades básicas Temperamento (características inatas) Experiências traumáticas e de abuso Internalização seletiva de experiências
7 Esquemas Principais Abandono/ Instabilidade Emocional Desconfiança/ Abuso Privação Emocional Defectividade
8 Regressão de memória Situação agradável
9 Regressão de memória Situação pai/mãe instável e que não satisfez as necessidades afetivas da criança.
10 Regressão de memória Terapeuta protege a criança vulnerável e modela o comportamento do adulto saudável.
11 Regressão de memória Adulto saudável cuida da criança vulnerável
12 Visualização Libertando a criança interior.
13 Estudo de caso Paciente A, 19 anos, diagnóstico de transtorno de Personalidade Borderline há dois anos, com esquemas de abandono, desconfiança/abuso e privação emocional. Namora há nove meses e teve várias brigas por desconfiar que o namorado a trai, sem vivenciar situações reais, após as brigas se esforça desesperadamente para evitar que ele a abandone. Já teve outros relacionamentos afetivos que foram instáveis, idealizando e desvalorizando a relação. Impulsiva com álcool e sexo, bebe exageradamente e sempre que encontra o namorado quer ter relações sexuais. Pratica cutting há seis meses, sente-se vazia e insatisfeita, já tentou duas vezes suicídio com a ingestão dos remédios psicotrópicos.
14 Estudo de caso Mora com avó materna. Os pais se separaram quando tinha quatro anos, o pai foi morar em Porto Alegre, sempre manteve pouco contato com a paciente (uma vez por ano), aos cinco anos a mãe foi transferida para Brasília e não a levou, alegando não ter ninguém para ajudá-la a cuidar, deixando-a com a avó materna que a colocou em período integral na escola. Tem contato com a mãe por telefone, skype e sempre que pode a mãe vem vêla. Os pais se casaram novamente e ambos tem filhos que moram com eles. Relata ter sofrido muito com a separação dos pais e com a transferência da mãe. Agora está bem habituada com a situação.
15 Esquemas Abandono Desconfiança/abuso Privação emocional Emoções Medo, raiva, tristeza e desespero. Medo, raiva, solidão, ciúmes e desamparo. Solidão, desamparo, tristeza e raiva.
16 Esquemas Abandono Desconfiança/abuso Privação emocional Pensamentos Todos irão embora, irão me abandonar. Ficarei completamente sozinha. Não posso confiar em ninguém, pois irão tirar proveito de mim. Ninguém me dá o amor que preciso, ninguém satisfaz minhas carências afetivas.
17 Regressão de memória
18 IMAGEM SEGURA Regressão de memória T: Eu gostaria que fechasse os seus olhos e respirasse profundamente, soltando o seu corpo e relaxando. Agora volte as lembranças do passado para uma situação que você se sentiu amada pelos seus pais. P: Eu tinha três anos, era minha festa de aniversário. Estou com um vestido cor de rosa e com uma coroa na cabeça, a festa é das princesas. Estou na mesa do bolo no colo do meu pai, minha mãe do lado dele e tirando fotos. Estou muito feliz, sinto o amor deles. T: Vivencie esse amor, desfrute deste momento agradável e saudável entre vocês. Perceba o colo do seu pai, a pele dele, o cheiro dele, a respiração dele... Vivencie... O que sente? O que pensa?
19 P: O amor, ele cheira bem, é tão carinhoso, acho que ele me ama. P: Minha mãe me pega no colo para tirar foto. T: Perceba sua mãe o carinho dela, sinta o corpo dela tocando o seu, o cheiro dela, a pele dela e vivencie esse momento... Desfrute... O que sente? P: O calor do corpo dela e aquece o meu, ela cheira como flor, é tão bom ficar no colo dela. Sinto como ela gosta de mim, ela não é muito carinhosa, mas estar ali no colo é muito bom. Depois cantamos parabéns e eu apago a vela cor de rosa com o número três. T: E como você se sente nesta situação? P: Muito bem, feliz e cheio de amor. T: Volte para o aqui agora trazendo essa sensação.
20 Reparação Parental Regressão de memória T: Imagine que você é uma criança, imagine vividamente uma cena incômoda com seus pais, me diz o que vê? P: Estou em casa debaixo da minha cama, tenho quatro anos e meus pais brigam na sala, éramos feliz até que nos despedaçamos... (chora) T: Deixe essa emoção fluir... Chore... Até esvaziar (a paciente relata se sentir vazia) P: É um vazio tão imenso... Um vazio devastador... E lembro da briga dos meus pais, eles gritavam e falavam que queriam se separar, estou escutando a minha mãe perguntar para o meu pai qual foi o motivo dele traí-la. Agora entendo o que aconteceu.
21 P: Fico sozinha no meu quarto escutando toda a briga e meu pai fala que vai embora. Eu choro muito, sinto um vazio no meu peito... Não quero que ele vá embora, grito para mim mesma Não me abandona. T: O que mais acontecesse? P: Logo depois é a minha mãe que vai embora, fala que vai por causa do trabalho e vem me pegar logo, mas esse logo nunca chegou, ela também me abandonou. Vejo ela saindo com as malas e é tão ruim, eu choro muito e agarro nas pernas dela, Grito: não vai mãe, não me deixa. Eu não quero ser abandonada pela segunda vez, não éramos felizes? O que aconteceu? Não vá embora, fique pelo amor de Deus.
22 P: Fiquei com a minha avó e parece que estou sendo um estorvo na vida dela, um peso, ela não deveria estar cuidando de mim. Eu só queria ser amada, cuidada e acolhida, queria que me abraçassem e me dissessem eu te amo. T: O que você deseja que não tem? P: Não me sinto amada por ninguém, meus pais estão longe e não me amam. Eles me abandonaram. T: Posso entrar nesta situação e dar para a sua criança o que ela precisa? P: Pode.
23 T: Agora estou aqui e abraço você... você não está sozinha... Eu estou com você... Te protegendo... Cuidando de você... Dando carinho... você merece o amor... eu a amo... Você é importante na minha vida e eu nunca vou te abandonar... Sinta o calor Desfrute novamente da sensação de ser amada... Perceba como é bom ser amada. P: Me sinto muito bem... Aliviada... T: Agora eu vou sair e quem vai entrar nessa situação é você adulta e vai dar para a sua criança o que ela precisa. Estou saindo... Entre nesta situação e passe a ser também a adulta que é hoje.
24 P: Estou com a minha criança... Eu abraço tão forte e pego ela no colo... Também me sinto criança no meu colo de adulta... Como é bom... T: Fale como adulta para a sua criança o que sente por ela. P: (Chora) Eu te amo... Eu te amo muito... Você merece ser amada... Eu te dou tudo aquilo que você não teve... Amor... Atenção... Abraços... Meu tempo... Meus ouvidos... Meus olhos... Meu coração... Te amo muito e para sempre. T: Como se sente agora? P: Cheia, completamente cheia de amor. Sabendo que eu posso dar para mim mesma o que os outros não deram, acreditando que agora posso ser amada. T: Agora volte para o aqui e agora se sentindo bem.
25 A depois dessa sessão A se sentiu mais forte, menos instável e mais segura de si mesma, se amando e passando a acreditar que merece o amor. Conclusão
26 A descoberta do amor próprio e superação da carência afetiva, suprime a falta do amor e o abandono.
27 Bibliografia
28 OBRIGADA
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