Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos

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1 Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social 1ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos Número do Processo: / Unidade de Origem: AGÊNCIA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL ARARAQUARA Benefício: 92/ Espécie: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ POR ACIDENTE DO TRABALHO Recorrente: JOSE LUIS DIAS TORRES Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Assunto: RESTITUIÇÃO DE IMPORTÂNCIA RECEBIDA INDEVIDAMENTE Relator: Relatório Trata-se de retorno de diligência. JOSE LUIS DIAS TORRES interpôs recurso contra a cessação do benefício de aposentadoria por invalidez acidentária. Consta aos autos que o benefício foi concedido com DER em 01/10/97. Conforme documento juntado aos autos o Recorrente possui procurador legalmente constituído nos autos, Dr. PAULO SERGIO SARTI e OUTROS. Em 27/01/2014 o Ministério da Fazenda, Delegacia da Receita Federal do Brasil de Araraquara, emitiu ofício a APS - Agência da Previdência Social informando que o Segurado, apesar de estar em gozo de benefício de aposentadoria por invalidez, estaria laborando na empresa Centro de Formação de Condutores Central S/S Ltda, indicando ainda um possível registro em CTPS. Após análise dos fatos, a APS - Agência da Previdência Social despacha, evento 02, PROC CONC, pág. 32: 2. Em pesquisa ao CNIS pelo nome informado detectou-se a existência de segurado com o nome de José Luis Dias Torres, com benefício ativo Partindo do pressuposto que o segurado constante do sistema é um denunciado, pelo dados do CNIS, não visualizamos vínculos após a DIB do B-92 (01/10/1997), portanto não há comprovação de volta voluntaria ao trabalho; também em consulta ao sistema não consta o segurado com atividade junto a empresa Centro de Formação de Condutores Central S/A Ltda, na qualidade de empresário contribuinte individual e não consta no rol dos empregados pela GFIP da empresa. 5. No entanto, não se pode descartar as providencias para a apuração quanto ao nome em pauta, a) emitir ofício ao Ministério Público do Trabalho em Araraquara CODIN, na forma da denúncia dirigido ao Ministério da Fazenda, ofício inicial 602/2014, objetivando colher outros elementos, tais como CPF, DN e filiação, para esgotar a possibilidade de tratar-se de outro segurado; Diante dos fatos o Recorrente foi convocado para a realização de perícia médica. O Recorrente não foi localizado, e a convocação foi efetuada por edital, e o mesmo não compareceu. Tendo em vista a não manifestação do Recorrente, o benefício foi cessado em 01/09/2014. A perícia médica foi realizada, evento 02, PROC CONC, pág. 53 e perito descreve: 4) Desta forma, de cordo com a história e o exame clinico realizado, constatamos que o segurado é portador de sequela de lesão ocorrida no joelho esquerdo, com limitação dos movimentos no MIE. Não tem condições de realizar o trabalho que exercia anteriormente como motorista de caminhão, porem a patologia atual não impede o segurado de realizar

2 atividades compatíveis com sua doença, como por exemplo atividades administrativas e como instrutor de autoescola, como está relatado neste processo, uma vez que tem CNH categoria AB e consegue dirigir carro de passeio. Negou estar trabalhando e não há evidencias clinicas que esteja trabalhando. Não temos como comprovar eventual atividade laborativa. Consta outro ofício ao Diretor do CIRETRAN em Araraquara, solicitando informação se o segurado possui algum tipo de credencial/habilitação do CIRETRAN para ministrar curso de formação de condutores de veículos automotores na região. A Ciretran retorna o ofício informando que o segurado possui credencial de instrutor e esta cadastrado como instrutor no Centro de Formação de Condutores Central SS Ltda em Américo Brasiliense. Fora emitido novo ofício a CIRETRAN, solicitando a informação do início do credenciamento, e a CIRETRAN informou que consta cadastrado no sistema desde 28/04/2010 e atualizado em 10/12/2012. Após análise o Recorrente recebeu ofício informando sobre o indicio de irregularidade, evento 02, PROC CONC, pág. 81, e que o indicio de irregularidade poderá implicar na devolução dos valores no importe de R$ ,74. O Recorrente através de seu representante legal, apresenta defesa, informando que o Recorrente é pessoa simples e leiga, e que desconhecia que o retorno espontâneo e voluntario ao trabalho, sem comunicação ao órgão mantenedor de seu benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez decorrente de acidente de trabalho, pudesse causar irregularidade na manutenção do seu benefício. Declara ainda que não se recorda que tenha dito ao ilustre perito que esteja trabalhando ou fazendo bicos. Relata que ainda possui dificuldades, e solicita a modificação da decisão de cessação, para que seja revisto, e concedido Auxílio Doença, mediante perícia médica. A defesa foi parcialmente procedente, evento 02, PROC CONC, pág. 97, sendo solicitado o retorno ao Serviço de Benefícios da APS em Araraquara para conhecer, e se de acordo diligenciar as providencias cabíveis quanto aos argumentos da defesa. Os autos foram encaminhados para perícia novamente, evento 02, PROC CONC, pág. 101, tendo o médico relatado que o segurado não faz jus ao salário de recuperação conforme art. 220 da IN 77/2015, fazendo jus ao auxílio acidente conforme anexo III do Decreto 3.048/99. O Recorrente foi notificado por ofício que o seu pedido foi indeferido, constando irregularidade no pagamento do período de 28/04/2010 a 31/08/2014, que corrigidos importam o valor de R$ ,22, evento 02, PROC CONC, pág Diante da decisão, o Recorrente, através de seu representante legal, interpôs recurso, evento 01, REC ORD, alegando que concorda com a concessão do benefício de auxílio acidente, em harmonia ao requerimento feito na defesa acostada as fls. 45/47 e assim requer a implantação do benefício imediatamente, e discorda em relação a data de concessão do referido benefício coo sendo o protocolo da defesa e sim a data da suspensão do benefício de aposentadoria por invalidez, assim como a necessidade de restituição dos valores pagos indevidamente no período de 28/04/2010 a 31/08/14. Reitera que o segurado é pessoa humilde, leiga e não conhecedora da legislação ao trabalho, sem comunicação ao órgão mantenedor, não tinha conhecimento que poderia causar irregularidade na manutenção do seu benefício. Reafirma o pedido de concessão imediata do benefício de auxílio acidente concedido, face a concordância expressa, no entanto a reconsideração da restituição dos valores pagos apurados como recebidos indevidos no período da suposta relação de empresa como instrutor, por tratar-se de erro na interpretação da lei e caso não seja entendido da reconsideração da restituição dos valores recebidos indevidamente, que seja descontado na forma de consignado no benefício concedido. O INSS - Instituto Nacional de Seguro Social, apresentou contrarrazões, evento 5, CONTRARRAZÕES INSS, descrevendo: Argumenta o recorrente que discorda em relação a data de concessão do benefício como sendo o protocolo da defesa, e sim a data da suspensão do benefício de aposentadoria por invalidez, o que implica na revisão do período referente ao ressarcimento dos valores pagos indevidamente, bem como, tendo demonstrado boa-fé, ser incabível a restiuição. Tempestivo, porém não altera a conclusão da análise em questão. Diante dos fatos resolvemos converter os autos em diligência, evento 11, DECISÃO, solicitando: - Efetue diligência na empresa Centro de Formação de Condutores Central SS Ltda, verificando se o Recorrente trabalha ou se já trabalhou na empresa, e qual o período; - Após a diligência na empresa deverá ser encaminhado os autos a perícia médica para efetuar nova análise, emitindo parecer detalhado e conclusivo, informando se o Recorrente possui direito a concessão do benefício de auxílio acidente; - Posteriormente a APS - Agência da Previdência Social deverá emitir parecer detalhado e conclusivo, acerca do direito pretendido do Recorrente; A pesquisa externa foi realizada, evento 13, comprovando que o segurado possui vínculo na empresa, com data de

3 admissão em 02/03/2015 até a presente data. Houve manifestação da perícia, informando que o segurado faz jus ao auxílio acidente e não faz jus ao salário de recuperação, evento 13. Consta a seguinte conclusão da APS - Agência da Previdência Social: 4. Do exposto, conclui-se pela manutenção da CESSAÇÃO do benefício n. 92/ a partir de 28/0/2010, marco este considerado quando da emissão do cadastro no Detran como Instituidor de Auto Escola, sendo devido a restituição dos valores recebidos indevidamente, conforme disposto no 2º do art. 154 e 365 do RPS, atualizados monetariamente ate a presenta data totalizam R$ ,64..., referente ao período de 28/04/2010 a 31/08/2014 (FL. 85), período este na abrangência do prazo prescricional na forma do art. 175 do RPS Como resultado das sequelas decorrentes das lesões sofridas pelo segurado, é direito a CONCESSÃO de um benefício de auxílio-acidente, a contar do primeiro dia a contar da cessação do benefício de aposentadoria, ou seja, 29/04/2010, retificando a condição referida no item 2 do ofício de recurso n. 434/2015 as fls. 60. A APS - Agência da Previdência Social se manifesta, relatando que o benefício deve ser cessado, devendo ser concedido benefício de auxílio acidente, e que os valores recebidos indevidamente, R$ ,12, devem ser ressarcidos a Previdência Social. É o Relatório. Inclusão em Pauta Incluído em Pauta no dia 16/08/2016 para sessão nº 0165/2016, de 02/09/2016. Voto EMENTA: APOSENTADORIA POR INVALIDEZ POR ACIDENTE DO TRABALHO. ART. 42 A 47. REVISÃO. CESSAÇÃO. RECURSO ORDINÁRIO. NECESSIDADE DE CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO, DA INCAPACIDADE LABORATIVA E DA CARÊNCIA. PARECER MÉDICO CONTRÁRIO AO POSTULADO PELA RECORRENTE. CESSAÇÃO DO BENEFÍCIO A PARTIR DA CONSTATAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE. COMPROVAÇÃO DE SEQUELAS DECORRENTES DO ACIDENTE SOFRIDO. DIREITO AO RECEBIMENTO DE AUXÍLIO ACIDENTE E NÃO APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NECESSIDADE DE REVISÃO DO ATO E DE COBRANÇA DOS VALORES PAGOS. OS VALORES RECEBIDOS IRREGULARMENTE DEVEM SER RESTITUÍDOS AOS COFRES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ART. 42 E 86 DA LEI 8213/91 E ART. 46, 154 E 179 DO DECRETO 3.048/99 RECURSO CONHECIDO E NEGADO FUNDAMENTAÇÃO: Face o relatório apresentado e a tempestividade do recurso. Trata-se de suspensão de benefício de aposentadoria por invalidez acidentaria em razão de decisão médica que constatou a capacidade laboral da Recorrente. Aplica-se, no caso, o que estabelece o art. 42 da Lei n /91: Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição. Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997). O Decreto 3.048/99 informa: Art. 46. O segurado aposentado por invalidez está obrigado, a qualquer tempo, sem prejuízo do disposto no parágrafo único e independentemente de sua idade e sob pena de suspensão do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitação profissional por ela prescrito e custeado e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que são facultativos. Parágrafo único. Observado o disposto no caput, o aposentado por invalidez fica obrigado, sob pena de sustação do pagamento do benefício, a submeter-se a exames médico-periciais, a realizarem-se bienalmente. Passemos a análise: O fato controverso refere-se a capacidade do Recorrente. Após informação do Ministério da Fazenda, Delegacia da Receita Federal do Brasil de Araraquara, que o Segurado,

4 estaria laborando na empresa Centro de Formação de Condutores Central S/S Ltda, indicando ainda um possível registro em CTPS, resolvemos converter os autos em diligência, solicitando a realização de pesquisa externa. A pesquisa externa foi realizada, evento 13, comprovando que o segurado possui vínculo na empresa, com data de admissão em 02/03/2015 até a presente data. Houve manifestação da perícia, informando que o segurado faz jus ao auxílio acidente e não faz jus ao salário de recuperação, e que, conforme carta do CIRETRAN, o segurado está credenciado como instrutor desde o ano de 2010 com atualização em 2012 e ainda sugere estar exercendo este tipo de trabalho, evento 13. Consta a seguinte conclusão da APS - Agência da Previdência Social: 4. Do exposto, conclui-se pela manutenção da CESSAÇÃO do benefício n. 92/ a partir de 28/0/2010, marco este considerado quando da emissão do cadastro no Detran como Instituidor de Auto Escola, sendo devido a restituição dos valores recebidos indevidamente, conforme disposto no 2º do art. 154 e 365 do RPS, atualizados monetariamente ate a presenta data totalizam R$ ,64..., referente ao período de 28/04/2010 a 31/08/2014 (FL. 85), período este na abrangência do prazo prescricional na forma do art. 175 do RPS Como resultado das sequelas decorrentes das lesões sofridas pelo segurado, é direito a CONCESSÃO de um benefício de auxílio-acidente, a contar do primeiro dia a contar da cessação do benefício de aposentadoria, ou seja, 29/04/2010, retificando a condição referida no item 2 do ofício de recurso n. 434/2015 as fls. 60. A APS - Agência da Previdência Social se manifesta, relatando que o benefício deve ser cessado, devendo ser concedido benefício de auxílio acidente, e que os valores recebidos indevidamente, R$ ,12, devem ser ressarcidos a Previdência Social. Após a análise, compactuamos com a decisão do INSS, uma vez que o benefício de invalidez é devido ao segurado incapaz para o trabalho e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade, enquanto permanecer nessa condição. A decisão do INSS está correta, pois houve recebimento indevido pelo Recorrente devendo ser adotadas as providências para ressarcimento dos valores recebidos indevidamente, nos termos dos artigos 154 e 179 do Decreto 3048/99, devendo devolver aos cofres da Previdência Social o valor recebido indevidamente. A PORTARIA CONJUNTA Nº 19, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2012 que dá cumprimento à Portaria nº 1.474, de 7 de dezembro de 2012, do Secretário-Executivo do Ministério da Previdência Social, passou a estabelecer: Os PRESIDENTES DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e do CONSELHO DE RECURSOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - CRPS, no uso de suas atribuições regimentais, resolvem: Art. 1 Os Peritos Médicos da Previdência Social e os ocupantes do cargo de Supervisor Médico-Pericial, em exercício nas Unidades Julgadoras do Conselho de Recursos da Previdência Social, cujas cessões foram temporariamente interrompidas por força da Portaria nº 1.474, de 7 de dezembro de 2012, do Secretário-Executivo do Ministério da Previdência Social, deverão se apresentar à Seção Operacional de Gestão de Pessoas - SOGP da Gerência-Executiva de sua vinculação, com vistas à nova lotação, a partir de 24 de dezembro de Impossibilitada a análise pela Assessoria Técnica da Junta de Recursos da Previdência Social. Vale salientar que, com o retorno dos Assessores Técnicos Médicos ao INSS, tornou-se impossível a existência de parecer técnico convergente com o resultado da perícia do INSS, pois não há, enquanto durarem os efeitos da Portaria 1.474, do Secretário-Executivo do Ministério da Previdência Social, parecer técnico médico da ATM. Dessa forma, perdeu a eficácia o disposto no artigo 18, inciso I, do Regimento Interno do CRPS, de modo que todos os processos que veiculam matéria médica julgados pelas Juntas de recursos podem ser objeto de recurso especial para as Câmaras de Julgamento. Diante do exposto, não há como atender ao pleiteado pelo Recorrente, devendo este devolver aos cofres públicos o valor que recebeu indevidamente, em observância ao artigo 876 do Código Civil. Deverá o Instituto Nacional do Seguro Social INSS respeitar a prescrição quinquenal da cobrança. CONCLUSÃO - Pelo exposto, VOTO no sentido de que se conheça do recurso, para, no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, devendo o segurado devolver aos cofres públicos os valores recebidos indevidamente. Relator(a) Declaração de Voto Conselheiro(a) concorda com voto do relator(a).

5 EDILAINE RITA PESSIN MAZZEI Conselheiro(a) Suplente Representante dos Trabalhadores Declaração de Voto Presidente concorda com voto do relator(a). VIVIANE RINCON ALVES Presidente Substituto Decisório Nº Acórdão: 1673 / 2016 Vistos e relatados os presentes autos, em sessão realizada hoje, ACORDAM os membros da 1ª Composição Adjunta da 13ª Junta de Recursos do CRPS, em CONHECER DO RECURSO E NEGAR-LHE PROVIMENTO, POR UNANIMIDADE, de acordo com o voto do(a) Relator(a) e sua fundamentação. Participou, ainda, do presente julgamento, o(a) Conselheiro(a) EDILAINE RITA PESSIN MAZZEI. Relator(a) VIVIANE RINCON ALVES Presidente Substituto