I. A Certeza Sensível (Die sinnliche Gewissheit) ou: o Isto ou o Opinar (Das Diese und das Meinen)

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1 I. A Certeza Sensível (Die sinnliche Gewissheit) ou: o Isto ou o Opinar (Das Diese und das Meinen) [ Primeiro capítulo da secção sobre a Consciência (Bewusstsein)] A tradução de J. Hyppolite faz as seguintes correspondências: meinen viser; Meinung avis; das Meinen la visée. H. C. Lima Vaz opta por opinar, opinião, o que se tem em vista. E assim justifica: Deve-se acentuar o caráter subjetivo do meinen e da Meinung que não consegue captar o seu objeto tal como ele é em si. Ainda Lima Vaz: O capitulo sobre a certeza sensível corresponde aos temas clássicos da crítica da sensação como ciência. A certeza sensível apresenta-se como o DADO IMEDIATO do conhecimento: Saber imediato de um objeto também imediato. O saber que é nosso objeto, em primeiro lugar e imediatamente, não pode ser senão aquele que é, ele próprio, saber imediato, saber do imediato ou do existente. Igualmente devemos nos comportar de modo imediato e receptivo e, portanto, não mudando nele coisa alguma com relação ao modo como se oferece e mantendo afastada da nossa apreensão a atividade de conceber. (PhG, par. 90) 1

2 Comentário de P.-J. Labarrière sobre a certeza sensível como ponto de partida da fenomenologia: Hegel pretende que nos tornemos presentes à situação mais imediata, reencontrando a atitude mais simples e mais despojada em face do saber mais simples e mais despojado. Mas a inteligência desse imediato é o que exige a mediação mais vasta. Reconduzimo-nos ao ponto da origem e da gênese do saber: dele não devemos sair; temos, ao contrário, de aprofundá-lo, tomando consciência do que ele esconde. (Structures et mouvement dans la Phenomenologie de l Esprit de Hegel) A certeza sensível aparece imediatamente como o conhecimento mais rico, mesmo de infinita riqueza, em amplitude (nenhum limite no espaço tempo onde ele se expande) e conteúdo (penetrando pela divisão num fragmento dessa plenitude). E esta certeza aparece também como a mais verdadeira: Ela não abandonou nada ainda do objeto mas o tem diante de si em toda a sua completude. Mas vai revelar-se a mais pobre e a mais abstrata. 2

3 Do seu objeto, só se sabe que ELE É. O sujeito deste saber é apenas um este aqui, certo de um isso aí. E o saber se sabe apenas como uma relação imediata entre os dois termos. Mas a certeza sensível não é somente essa imediatez com que julga identificar-se. Para começar, tenho a certeza pela mediação da coisa. E esta só está na certeza pela mediação de mim. O importante, de todo modo, será fazer tais mediações emergir do próprio seio da experiência sensível, e não introduzi-las de fora. E para tanto ela percorrerá três momentos. Primeiro momento: o objeto (o isso aí ): O objeto é. É o verdadeiro, a essência. É o que é: o simples existente que é imediatamente ou como a essência. O ser-conhecido ou não do objeto é acidental. O conhecimento depende do objeto, mas não o contrário. Ele permanece, ainda que não seja objeto do saber. Mas o saber não é, se o objeto não é. (PhG, par. 93) Mas o que é o isto?, pergunta Hegel. Consideremos o duplo aspecto de seu ser: o agora e o aqui. O que é o agora? Agora é noite. Anotamos tal verdade. Ao meio-dia, conferimo-la e: a verdade tornou-se vazia. O agora que é noite já é nada: um não-ser. Ainda é agora (o agora ficou), mas já não é noite. Não nos enganaremos outra vez: o agora também não se identificará com o dia. Em sua simplicidade permanente, o agora é indiferente ao que se lhe atribui: Assim como a noite e o dia não são o seu ser, tampouco ele é a noite e o dia, e não é afetado por esse seu ser-outro. Um tal simples que é por meio da negação, não é nem isto nem aquilo, um não-isto, e é também indiferente a ser isto ou aquilo, chamamos um universal. Portanto o universal é, de fato, o verdadeiro da certeza sensível. (PhG, par. 96) 3

4 O sensível só é enunciado como um universal. A linguagem contradiz imediatamente nossa opinião, pois ela só exprime o universal. Isto é um universal. Se dizemos que ele é, então dizemos: é um ser. E quanto ao outro aspecto do isto, o aqui? Exemplo: aqui é a árvore. Viro-me, e o aqui não é uma árvore. É uma casa. O próprio aqui não desaparece, mas (...) é indiferente ao ser da casa ou da árvore. Novamente, o isto mostra-se como simplicidade mediatizada ou como universalidade. (PhG, par. 98) É o espaço. O que resta da certeza sensível é o ser mediato, universal, abstrato. A verdade da certeza sensível há de refluir para o seu outro pólo: o sujeito. O múltiplo é o este que está sempre aqui ou agora esta casa, esta árvore, este pássaro que voa etc. A riqueza do sensível consiste em oferecer a multiplicidade de tudo o que pode estar aqui e agora, num desfile incansável de mostrações. Mas aqui e agora estão sempre presentes, nada se mostra no passado, nada se vê no futuro. O este ou aquele, perto ou longe, independente de sua duração, é inseparável do aqui e do agora onde sempre estou. Mas isto, diz Hegel, é o que chamamos de abstrato e universal. Portanto, a certeza sensível passa imediatamente a seu oposto no próprio ato de se fixar no isto ou no aquilo. Pode-se dizer, generalizando, que todo aqui se torna aí, e todo agora se torna não-mais-agora, sem deixarem de estar presentes sempre aqui e sempre agora. Aqui e agora são, simultaneamente, positivos e negativos, todo aqui e agora que vivencio ou afirmo é ao mesmo tempo negação de todos os outros que passaram. Sofremos assim o primeiro assalto da contradição. (José Henrique Santos. O trabalho do negativo) 4

5 O objeto, que parecia o essencial da relação, tornou-se inessencial, e o saber dele, que parecia inessencial, tornou-se essencial. Pois, exibindo-se como universal, o objeto deixou de ser o imediato simples repousando em si, uma vez que passou a abrigar a mediação e a negação em-si, vem a ser, passou a ser algo mediado pelo saber que possuo acerca dele. A verdade da certeza sensível está no objeto, diz Hegel, como meu objeto, quer dizer, está em minha opinião ou em meu ato de designar o objeto. Hegel faz um jogo tríplice em torno de mein (meu), meinen (visar) e das Meinen (opinião), que o título do capítulo já deixava entrever. O objeto existe em sua universalidade abstrata porque eu sei dele, instância final a proferir e manter sua realidade. (José Henrique Santos. O trabalho do negativo) Segundo momento: o sujeito (o este aqui ): A força da verdade reside agora na imediatez do meu ver, ouvir etc. A certeza dos objetos advém de eles serem meus, de eu possuir um saber sobre eles. O desaparecimento do agora e aqui singulares, objetos do nosso opinar, é evitado porque Eu os mantenho. (PhG, par. 101) Mas o mesmo problema se apresenta: Eu, este, vejo a árvore e afirmo a árvore como o aqui. Um outro Eu, contudo, vê a casa e afirma que o aqui não é uma árvore e sim uma casa. (par. 102). Ambas as verdades têm a mesma credibilidade, mas, por isso mesmo, uma desaparece na outra. Alguma coisa permanece? Apenas o Eu como universal. Como ocorreu antes, ao dizer um Eu singular, dizem-se todos os Eus. Na certeza sensível, por mais que eu possa ter em vista um singular, nunca posso, contudo, dizê-lo. 5

6 Terceiro momento: a unidade. Como a experiência sensível constatou a universalidade de seu objeto e de seu sujeito, que saída terá para salvar a imediatez do seu saber? Recorre à afirmação da certeza sensível como um todo: é somente a certeza sensível na sua totalidade que se conserva a si mesma como imediatez, e exclui de si toda oposição que anteriormente ocorria. (PhG, par. 103) Não mais interessa se outros sujeitos vêem outras coisas e de outra maneira, ou ainda se eu mesmo vejo diferente em outro momento. Ao contrário, sou puro intuir (...) permaneço firme nesse ponto (...) me apego a uma relação imediata: o agora é dia. (par. 104) Aceitando essa condição de pura imediatez da certeza sensível, pedimos-lhe então que apenas nos indique essa imediatez, para vermos do que se trata. Mas quando ela se nos mostra, nada mais é. O agora já foi. Ao tentar surpreender o ser em sua existência imediata, acabam por nos indicar um nãoser. O movimento desse indicar foi: 1) indico o agora, que é afirmado como verdadeiro; mas o indico como o-que-já-foi, ou como um suprassumido. Suprassumo a primeira verdade, e: 2) agora afirmo como segunda verdade que ele foi, que está suprassumido. 3) mas o-que-foi não é. Suprassumo o ser-que-foi ou o ser-suprassumido a segunda verdade, nego com isso a negação do agora e retorno à primeira afirmação de que o agora é. (par. 107) Assim, tanto o agora como o ato de indicar revelam, em sua constituição, não o simples imediato, mas um movimento que tem diversos momentos. O que é refletido sobre si mesmo é algo simples, que permanece o que é, no ser-outro. Este agora é um dia, que tem em si muitas horas: uma hora que contém muitos minutos. Este agora tem muitos agoras. O ato de indicar é um movimento que exprime o que o agora é em verdade: uma pluralidade de agoras reunidos e unificados (o tempo). Indicar é fazer a experiência de que o agora é um universal. (Paulo Meneses) 6

7 Conclusão: A verdade da certeza sensível está para além dela. É pois de admirar que, contra essa experiência, sustenta-se como experiência universal e também como afirmação filosófica e mesmo como resultado do Ceticismo que a realidade ou o ser das coisas exteriores como estas ou como sensíveis tem uma verdade absoluta para a consciência. Semelhante afirmação não sabe o que diz ou não sabe que diz o contrário do que pretende dizer. (PhG, par. 109) Ao final deste movimento, a consciência, em vez de saber algo imediato, toma a coisa como ela é em verdade: percebe-a (Nehmen wahr = wahrnehmen). 7

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