U IVERSIDADE DA AMAZÔ IA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE MESTRADO EM DESE VOLVIME TO E MEIO AMBIE TE URBA O. Biatriz Araújo Cardoso

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1 U IVERSIDADE DA AMAZÔ IA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE MESTRADO EM DESE VOLVIME TO E MEIO AMBIE TE URBA O Biatriz Araújo Cardoso QUALIDADE DE VIDA E ÍVEL DE ESTRESSE: Um estudo sobre o meio ambiente urbano em duas áreas do município de Belém. BELÉM 2010

2 1 Biatriz Araújo Cardoso QUALIDADE DE VIDA E ÍVEL DE ESTRESSE: Um estudo sobre o meio ambiente urbano em duas áreas do município de Belém. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia como requisito de titulação de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano. Orientadora: Profa. Dra. Voyner Ravena Cañete. BELÉM 2010

3 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Marineide Sousa Vasconcellos CRB 2/1028 C268q Cardoso, Biatriz Araújo Qualidade de vida e nível de estresse: um estudo sobre o meio ambiente urbano em duas áreas do município de Belém / Biatriz Araújo Cardoso Belém, f. Dissertação (Mestrado). Universidade da Amazônia, Curso de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano, Orientador(a): Profª. Dra. Voyner Ravena Cañete 1. Qualidade de Vida. 2. Estresse. 3. Meio Ambiente Urbano- Serviços Públicos. 3. Comunidades Urbanas I. Cardoso, Biatriz Araújo. II. Cañete, Voyner Ravena. III.Título. CDD

4 3 Biatriz Araújo Cardoso QUALIDADE DE VIDA E ÍVEL DE ESTRESSE: Um estudo sobre o meio ambiente urbano em duas áreas do município de Belém. Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia como requisito de titulação de Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano. Orientadora: Profa. Dra. Voyner Ravena Cañete. Banca Examinadora Profa. Dra. Voyner Ravena Cañete Profa. Dra.Sandra Maria Rickmann Lobato Prof. Dr. Samuel Sá Apresentado em: 26/03/2010 Conceito: BELÉM 2010

5 4 A todos e todas que contribuíram para o sucesso dessa conquista.

6 5 AGRADECIME TOS A Deus; Ao Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente Urbano da Universidade da Amazônia e aos Professores que contribuíram para o conhecimento adquirido durante essa trajetória; À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará pela bolsa de estudo, que possibilitou a realização da pesquisa; À minha orientadora, Professora Dra. Voyner Ravena Cañete, por ter acreditado na minha evolução e por contribuir com os meus conhecimentos; Aos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome que participaram de maneira disciplinadora e contribuíram para a realização dessa pesquisa; Aos meus pais Francisco e Conceição e a minha irmã Bianca, pela família e pela união; À minha amiga, Daniela Teixeira, pela confiança e apoio nessa e em todas as minhas evoluções profissionais, sempre acreditando no meu sucesso; Às fisioterapeutas e amigas Camila Fernandes e Flávia Faria, pelo apoio e árduo trabalho nas pesquisas de campo.

7 6 "A saúde é o resultado não só de nossos atos como também de nossos pensamentos." Mahatma Gandhi

8 7 RESUMO A pesquisa teve como objetivo demonstrar como a qualidade de vida pode ser identificada e compreendida por meio do nível de estresse, sendo este relacionado ao meio ambiente urbano, especificamente na comparação entre duas áreas do município de Belém, o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e o entorno do Igarapé Mata Fome. Belém é caracterizada por desigualdades sociais, pois a maior parte de seus habitantes é excluída dos serviços públicos e vive em áreas periféricas e impróprias, em que os conflitos ambientais relacionados aos problemas de meio ambiente urbano interferem nas perspectivas de qualidade de vida e no nível de estresse dos moradores, sobretudo quando relacionados aos impactos e à influência na saúde humana Os dados foram coletados por meio de questionários e entrevistas estruturada e semiestruturada. Ambas as comunidades são oriundas de um mesmo processo histórico, com crescimento a partir de área de invasões e sem infraestrutura e serviços urbanos básicos. Nesse sentido, foi evidenciado que em áreas que possuem serviços urbanos implantados favorecem a melhoria da saúde da população, bem como uma qualidade de vida satisfatória e um baixo nível de estresse provocado principalmente pelo caos urbano, permitindo afirmar a importância de se perfilar políticas públicas como estratégias de novos modelos de desenvolvimento do Estado do Pará. Palavras-chave: Qualidade de vida; estresse; serviços urbanos básicos.

9 8 ABSTRACT The research had as objective to demonstrate as the quality of life can be identified and understood by means of the level of it stress, being this related to the urban environment, specifically in the comparison enters two areas of the city of Belém, surrounding of the Unama Campus Alcindo Cacela and surrounding of the Igarapé Mata Fome. Belém is characterized by social inaqualities, therefore most of its inhabitants is excluded from the public services and lives in peripheral areas and improper, where the related ambient conflicts to the problems of urban environment intervene with the perspectives of quality of life and in the level of it stress of the inhabitants, over all when related to the impacts and the influence in the health human being the data had been collected by means of questionnaires and interviews structuralized and half-structuralized. Both the communities are deriving of one same historical process, with growth from area of invasions and without urban infrastructure and basic services. In this direction, it was evidenced that in areas that possess implanted urban services they favor the improvement of the health of the population, as well as a quality of satisfactory life and a low level of stress provoked mainly for the urban chaos, allowing to affirm the importance of if standing public politics as strategies of new models of development of the State of Pará. Keywords: Quality of life; stress; basic urban services.

10 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES ILUSTRAÇÃO 1 Mapa do município de Belém Pará com destaque para a área de estudo o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... ILUSTRAÇÃO 2 Foto do Igarapé do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela antes de receber o sistema de macrodrenagem... ILUSTRAÇÃO 3 Foto do Igarapé do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela antes de receber o sistema de macrodrenagem... ILUSTRAÇÃO 4 Foto das casas em cima d água antes do sistema de macrodrenagem ILUSTRAÇÃO 5 Foto do sistema de macrodrenagem do Canal do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... ILUSTRAÇÃO 6 Foto do sistema de rede pluvial no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... ILUSTRAÇÃO 7 Foto das ruas asfaltadas no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... ILUSTRAÇÃO 8 Foto dos entulhos acumulados na beira do Canal do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... ILUSTRAÇÃO 9 Mapa do município de Belém Pará com destaque para a área de estudo o entorno do Igarapé Mata Fome... ILUSTRAÇÃO 10 Foto dos banheiros a céu aberto, em que os desejos são lançados diretamente no igarapé na área do entorno do Igarapé Mata Fome... ILUSTRAÇÃO 11 Foto das casas em palafita e do igarapé poluído na área do entorno do Igarapé Mata Fome... ILUSTRAÇÃO 12 Foto do entorno do Igarapé Mata Fome, demonstrando as pontes e as casas de madeira... ILUSTRAÇÃO 13 Foto da rede de energia elétrica e dos fios clandestinos do entorno do Igarapé Mata Fome

11 10 ILUSTRAÇÃO 14 Valores da renda mensal do chefe do domicílio em Belém, Censo ILUSTRAÇÃO 15 Valores do percentual de chefes de domicilio com 10 anos ou mais de estudo em Belém, Censo ILUSTRAÇÃO 16 Valores do número médio de pessoas por domicilio em Belém, Censo ILUSTRAÇÃO 17 Valores do percentual de domicílios impróprios para habitação em Belém, Censo ILUSTRAÇÃO 18 Características de saneamento básico das moradias do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... ILUSTRAÇÃO 19 Características de saneamento básico das moradias do entorno do Igarapé Mata Fome... ILUSTRAÇÃO 20 Bairros e grupos segundo o nível de condições de vida em Belém, Censo ILUSTRAÇÃO 21 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de boa qualidade de vida dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela ILUSTRAÇÃO 22 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de boa qualidade de vida com base na subjetividade dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela ILUSTRAÇÃO 23 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de má qualidade de vida dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela ILUSTRAÇÃO 24 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de qualidade de vida dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome... ILUSTRAÇÃO 25 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de estresse dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome... ILUSTRAÇÃO 26 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de estresse dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela ILUSTRAÇÃO 27 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à memória e o sentimento de pertença dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... 89

12 11 ILUSTRAÇÃO 28 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à memória e o sentimento de pertença dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome ILUSTRAÇÃO 29 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à insatisfação com a trajetória de vida dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome ILUSTRAÇÃO 30 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à insatisfação com a trajetória de vida dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela... 93

13 12 LISTA DE TABELAS TABELA 1 Características descritivas dos indivíduos estudados da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome... TABELA 2 Características socioeconômicas dos indivíduos estudados da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome... TABELA 3 Características socio-demográficas e habitacionais dos indivíduos estudados da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e no entorno do Igarapé Mata Fome... TABELA 4 Valores quanto à média dos domínios de qualidade de vida entre o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e o entorno do Igarapé Mata Fome... TABELA 5 Valores do nível de estresse dos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome... TABELA 6 Comparação das médias do nível de estresse entre o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e o entorno do Igarapé Mata Fome

14 13 SUMÁRIO 1. I TRODUÇÃO DESCRIÇÃO DAS ÁREAS LÓCUS DA PESQUISA: ENTORNO DA UNAMA CAMPUS ALCINDO CACELA DESCRIÇÃO DAS ÁREAS LÓCUS DA PESQUISA: ENTORNO DO IGARAPÉ MATA FOME CONTRIBUIÇÕES METODOLOGICAS CAPÍTULO 1 CIDADE E URBA O CIDADE URBANIZAÇÃO SAÚDE CAPÍTULO 2 QUALIDADE DE VIDA ASPECTOS HISTÓRICOS DO TERMO QUALIDADE DE VIDA O TERMO QUALIDADE DE VIDA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS O ESTRESSE COMO INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA SOFRIMENTO PSÍQUICO, MEMÓRIA E SENTIMENTO DE PERTENÇA EM CONTEXTOS URBANOS CAPÍTULO 3 CE ÁRIOS DE ESTRESSE X QUALIDADE DE VIDA URBA A: QUA DO OS SERVIÇOS URBA OS MARCAM A DIFERE ÇA ANALISANDO OS DADOS E COMPARANDO OS RESULTADOS CO SIDERAÇÕES FI AIS REFERÊ CIAS BIBLIOGRÁFICAS APÊ DICES APÊNDICE A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO APÊNDICE B QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO E SOCIO-DEMOGRÁFICO 107 APÊNDICE C ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA A EXOS ANEXO A CERTIFICADO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ANEXO B QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA NOTTINGHAM ANEXO C QUESTIONÁRIO DE NÍVEL DE ESTRESSE

15 14 1. I TRODUÇÃO As profundas mudanças e transformações estruturais que sofreu a sociedade brasileira após a década de 1960 (BRITO, 2007), assim como a ineficiência e desorganização da gestão urbanoambiental e de políticas públicas, provocaram o surgimento dos assentamentos e ocupações informais e sem infraestrutura, incentivando a construção de habitações impróprias nas periferias 1. Estes se tornaram espaços urbanos ilegais, onde seus moradores, frequentemente, não contam com serviços de água e esgoto (DEAK; SCHIFFER, 2004; BORJA, 2003). Nesse contexto, o delineamento informal da cidade e as ocupações desordenadas estão relacionadas às condições precárias de vida, gerando, assim, problemas socioambientais. Nesse cenário de precarização do ambiente, surgem os problemas de saúde pública (GROSTEIN, 2001). Belém é conhecida historicamente como a metrópole da Amazônia. Tal denominação se justifica, já que a cidade foi a porta para exportação e importação de toda a produção originada na região Amazônica, especialmente, no período da borracha. Toda riqueza da Belle Époque 2 passou pela cidade, o que fez com que áreas, por exemplo, mais centrais apresentassem mais estrutura para o acesso a serviços urbanos. Todavia, com o fim desse ciclo econômico, a mesma realidade não permaneceu na metrópole. As áreas de baixadas e de invasões foram se formando a partir do momento em que a elite local ocupava as áreas mais próximas do centro e acima da cota do nível do mar. A primeira Légua Patrimonial da cidade foi ocupada e, a partir da década de 1950, a segunda Légua Patrimonial foi iniciada à frente do Bosque Rodrigues Alves, e a área urbana começa a ser tomada pela população que vem a Belém em busca de todos os tipos de serviços. Nesse sentido, as periferias no entorno da cidade se proliferam. 1 Dias (2007) afirma que o termo periferia é usado para designar os limites, as franjas da cidade, e também usado popularmente como subúrbio. Não se deve considerar apenas a questão geográfica, mas também distância, além de apontar para o que é precário, carente, sem serviços públicos e infraestrutura, gerando problemas significativos para a população que reside nessas áreas. No entanto, Ritter e Firkowski (2009, p.22) afirmam que as periferias são caracterizadas cada vez mais por outros contextos, não aqueles mensuráveis simplesmente por quilometragem ou marcação de anéis, coroas ou outro qualquer representativo geométrico, contextos esses alicerçados nas condições e contradições econômico-sociais dos seus moradores, pelas infraestruturas existentes, pelas territorialidades estabelecidas e reestabelecidas, enfim, pelas suas espacialidades 2 Segundo Sarges (2002) o período da Belle Époque ocorreu no final do sec XIX e início do sec XX, pressupondo a modernidade e a economia da cidade de Belém, caracterizando a expansão da riqueza e o avanço da tecnologia, na qual as atividades econômicas da região giraram em torno da borracha.

16 15 No entanto, curiosamente, de acordo com Secretaria de Estado de Saúde do Pará (SESPA-2000), o Estado do Pará é classificado com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 3 de 0,766, sendo que Belém alcança um IDH de 0,806. Esse padrão que se iguala às cidades de Amparo, Nova Aliança e Poá, que são municípios do Estado de São Paulo, além de equiparar-se à cidade de Estação do Estado do Rio Grande do Sul. Pode-se observar que se iguala ao IDH de Cuba, este também mensurado em 0,806. Mas talvez esses dados não sejam tão esclarecedores e podem, em algum momento, ser questionados. Nesse sentido, as áreas de periferias e de invasões em Belém se proliferam, reiterando tal questionamento. O município de Belém é historicamente considerado como o centro de atração da população, caracterizado pela migração, sobretudo, do interior do estado. Esse movimento findou por gerar péssimas condições de habitação e saneamento básico no município. (BRITO, 2007). Nesse sentido, Belém teve um acréscimo de 26,60% na sua taxa de urbanização 4, passando de 78,48% para 99,35%, em 2000 (COHRE, 2007, p.20). Atualmente, a Região Metropolitana de Belém é considerada a 185ª maior área metropolitana do mundo e a maior da Região Norte, sendo caracterizada por um grande centro populacional que consiste em uma grande cidade central. Nesse cenário, Belém e a sua zona adjacente de influência, como Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Barbara do Pará, formam uma conurbação, ou seja, uma aglomeração urbana. Com uma população de milhões de habitantes, Belém é caracterizada por desigualdades sociais, pois a maior parte de seus habitantes é excluída dos serviços públicos e vive em áreas periféricas e impróprias. No ano de 1996, havia 180 assentamentos informais, dos quais 22,20% estavam relacionados com as baixadas 5 e 87,80% com loteamentos irregulares, com baixa infraestrutura, em que a água consumida era proveniente de poços superficiais escavados (IBGE, 2007; COHRE, 2007; PINTO, 2007). Os conflitos ambientais 6 relacionados aos problemas de meio ambiente urbano interferem nas perspectivas de qualidade de vida e no nível de estresse dos moradores, 3 O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é caracterizado pela expectativa de longevidade, educação e de renda. 4 Brito (2007) considera que a urbanização é um processo em que a população do meio urbano ultrapassa a do meio rural. Tal questão será mais bem abordada no Capítulo 1. 5 Baixadas de acordo com Rodrigues (1994) e Rodrigues (1996) é considerada como as áreas alagáveis, em que o solo urbano está localizado abaixo das curvas de nível de cota do mar igual a 4 metros. 6 Segundo Oliveira (2005), a questão ambiental, que atinge enorme contingente de moradores das áreas periféricas dos grandes centros, tradicionalmente ocupadas por populações de baixa renda, é caracterizada por

17 16 sobretudo quando relacionados aos impactos e à influência na saúde humana. Nos séculos XVIII e XIX, por exemplo, houve uma acentuada preocupação em relação ao aumento da industrialização e urbanização, sendo que tal cenário ampliou as condições favoráveis para os problemas ambientais associados à saúde e à qualidade de vida (CAMPOS et al., 2006). Na descrição sobre os problemas ambientais urbanos que originam o estresse e comprometem a qualidade de vida, Belém aparece como uma cidade marcada por tal descrição. Nesse contexto, as informações relativas à qualidade de vida e o nível de estresse dos indivíduos com o meio ambiente urbano nas áreas do município de Belém aparecem como uma questão central a ser investigada. Seus resultados podem apontar políticas públicas capazes de inibir o desenvolvimento de quadros patológicos e até endêmicos originados no estresse urbano. O estudo aqui proposto tem como foco duas áreas típicas das rotinas vividas na periferia de Belém, ou seja, uma situada no entorno direto da cidade e, portanto, com acesso a serviços urbanos; e outra mais distante dos bairros centrais. Ambas podem ser vistas como áreas representativas da cidade, pois apresentam características e problemas sociais semelhantes. Nesse sentido, os resultados da pesquisa podem fornecer à administração pública informações para delinear e perfilar políticas públicas mais adequadas, que levem em consideração as diferenças e possam assim garantir a qualidade de vida da população, a serem implantadas em Belém para que o planejamento provoque um desenvolvimento do Estado do Pará. Desta forma, uma questão se estabelece: de que maneira a qualidade de vida e o nível de estresse estão relacionados com o meio ambiente urbano em áreas distintas, onde as peculiaridades são pautadas por dotações de serviços urbanos diferenciados? A pesquisa teve como objetivo geral demonstrar como a qualidade de vida pode ser identificada e compreendida por meio do nível de estresse, sendo este relacionado ao meio ambiente urbano, especificamente na comparação entre duas áreas do município de Belém. Para a realização dessa pesquisa é relevante relembrar que a Universidade da Amazônia desenvolve em linhas de Pesquisa e Extensão dois projetos na Região Metropolitana de Belém. Explica-se. O primeiro refere-se ao projeto oriundo do entorno da Unama/Campus Alcindo Cacela, ou seja, área ao redor da própria Universidade, compreendida pelos bairros de Fátima, Telégrafo e Pedreira, com indivíduos cadastrados no interferir nas condições satisfatórias de vida humana, uma vez que a ausência de saneamento básico, esgotamento sanitário, abastecimento de água e coleta de lixo tem consequências diretas sobre o bem-estar, qualidade de vida e saúde da população.

18 17 Projeto de Iniciação Científica da Universidade da Amazônia, intitulado A influência de um programa fisioterapêutico na qualidade de vida de indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela 7. O segundo corresponde ao entorno do Igarapé Mata Fome, compreendido pelos Bairros da Pratinha, Tapanã e São Clemente, vinculado ao Projeto de Extensão da Universidade da Amazônia, intitulado O Fazer Virtuoso: empoderamento, geração de renda e consciência ambiental no Igarapé Mata-Fome 8. O local da pesquisa concentra-se, portanto, em duas áreas distintas da cidade. A escolha das áreas decorre da participação da própria autora nos dois projetos acima mencionados, bem como da observação das áreas e a experiência adquirida no decorrer das atividades desenvolvidas nos dois projetos na área da Fisioterapia e da Saúde Coletiva. 1.1 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS LÓCUS DA PESQUISA: ENTORNO DA UNAMA CAMPUS ALCINDO CACELA. A área de estudo do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela foi composto por moradores dos bairros do Telegrafo, Pedreira e Fátima 9 (ILUSTRAÇÃO 1). 7 O projeto de Iniciação Cientifica da Universidade da Amazônia ocorreu no período de agosto de 2006 a julho de 2007, de minha própria autoria, sob orientação da Professora Daniela Teixeira Costa e permanece em execução como projeto permanente da Universidade da Amazônia (CARDOSO, 2007). 8 O projeto de Extensão da Universidade da Amazônia atua na área desde 2002, no entanto, o cadastro das residências foi realizado por voluntários no período de junho a novembro de 2007, sob orientação da Professora Voyner Ravena Cañete e as atividades permanecem na execução do projeto. 9 O bairro do Umarizal não foi uma área do foco de estudo, apesar de fazer parte do entrono da Universidade, pois o mesmo é considerado um bairro de classe média/alta, em que, atualmente, os terrenos apresentam o m² mais caro do município de Belém. E de acordo com estudos sobre o meio ambiente e qualidade de vida realizados por Lobo (2004), o bairro do Umarizal dentro de um nível de condição de vida no município de Belém, esta localizado no nível 5, sendo considerado com melhores condições de vida, sendo que o nível 5 representa somente 9,4% da população total. Os níveis dos demais bairros do município de Belém podem ser observados na Ilustração 21, a seguir.

19 18 * ILUSTRAÇÃO 1 Mapa do município de Belém Pará, com destaque para a área de estudo o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Google Maps, Faz-se necessário relatar alguns aspectos históricos sobre a evolução da área do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. Costa (2009) 10 afirma que em janeiro de 1992, foi assinado um contrato do Governo do Estado do Pará com a Prefeitura Municipal de Belém, cujo objeto era a realização da Macrodrenagem da Bacia do Una, com a reestruturação de vários canais do município de Belém, por meio do financiamento do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID). O entorno da Unama Campus Alcindo Cacela era caracterizado pela presença de casas localizadas em áreas alagadas, com grande presença de mato nas ruas e precárias condições de vida e de saúde. Tal situação pode ser observada pela Ilustração 2, representando a área antes do sistema de macrodrenagem. 10 Costa (2009) realizou pesquisas nas duas áreas foco também deste estudo, ou seja, no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e no entorno do Igarapé Mata Fome, tendo como objetivo estudar a Interferência da exclusão aos serviços urbanos na compreensão de saúde e doença por duas micropopulações Amazônicas.

20 19 ILUSTRAÇÃO 2 Foto do Igarapé do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela antes de receber o sistema de macrodrenagem. FO TE: O Liberal de 18 de maio de 1987 Após o sistema de macrodrenagem da área, o Igarapé do Galo passou a ser chamado, popularmente, pelos próprios moradores da área, como Canal do Galo, denominação que é utilizada até hoje pela população 11. ILUSTRAÇÃO 3 Foto do Igarapé do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela antes de receber o sistema de macrodrenagem. FO TE: O Liberal de 19 de setembro de O Canal do Galo corta a região central da cidade e está localizado na porção sudoeste da Bacia Hidrográfica do Una e deságua na Baía do Guajará, próximo à Rua 9 de Janeiro, atrás da Unama Campus Alcindo Cacela.

21 20 ILUSTRAÇÃO 4 Foto das casas em cima d água antes do sistema de macrodrenagem. FO TE: O Liberal de 19 de setembro de 1991 Uma situação ocorrida após a implantação do sistema de macrodrenagem no local foi a especulação imobiliária das áreas que possuíam acesso fácil às atividades comercias e sociais, que passaram a apresentar elevado preços dos terrenos, favorecendo a saída de alguns moradores que não conseguiram se manter na área, processo denominado de periferização, em que os moradores foram para outras áreas insalubres e impróprias para moradia, até mesmo piores do que a área em que já viviam 12. A população do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela desfrutou das melhorias ocorridas na área depois do sistema de macrodrenagem. Foi realizado o sistema de rede pluvial, as ruas foram asfaltadas, as coletas de lixos se tornaram regulares. Tal realidade pode ser observada nas ilustrações abaixo. 12 Silva (2007) afirma que o crescimento da população e a falta de planejamento das cidades favoreceram a segregação espacial (distância entre moradias de diferentes grupos), que está relacionada à valorização excessiva dos imóveis que dispõem dos serviços básicos, como asfalto, saneamento básico e transporte, e uma localização estratégica que facilita o acesso ao trabalho, comércio e lazer.

22 21 ILUSTRAÇÃO 5 Foto do sistema de macrodrenagem do Canal do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela FO TE: Dados do autor, 31 de janeiro, ILUSTRAÇÃO 6 Foto do sistema de rede pluvial no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela FO TE: Dados do autor, 31 de janeiro, 2009.

23 22 ILUSTRAÇÃO 7 Foto das ruas asfaltadas no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela FO TE: Dados do autor, 31 de janeiro, Apesar do serviço de coleta de lixo frequente, a população permanece com o hábito antigo de deixar o lixo no meio da rua e até mesmo jogá-lo no canal, o que favorece o transbordamento do mesmo e o alagamento da área nos períodos chuvosos 13. Mesmo com sistema de macrodrenagem e asfaltamento das ruas, pode ser observada a presença de muitas casas de madeira na Comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. 13 Isso pode ser verificado no período de dezembro a maio, caracterizado como período chuvoso, em que se percebe a saturação do canal e, consequentemente, o alagamento da área.

24 23 ILUSTRAÇÃO 8: Foto dos entulhos acumulados na beira do Canal do Galo no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela FO TE: Dados do autor, 31 de janeiro, A coleta de lixo é realizada de forma regular pela Prefeitura, no entanto, muitas vezes, podem ser observados entulhos no entorno do canal. Esses entulhos são provenientes dos próprios moradores e, muitas vezes, de indivíduos de outros locais que jogam lixo no canal. A área do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela teve uma grande evolução a partir da implantação do sistema de macrodrenagem do canal, por meio do projeto de Macrodrenagem da Bacia do Una, o que acarretou a melhoria do acesso aos serviços públicos 14. Um serviço urbano básico essencial a ser mencionado é a facilidade de acesso aos postos de saúde, pois isso resulta para a população em mais acessibilidade aos serviços de saúde, o que permite que a população procure tal serviço de forma mais constante e frequente, possibilitando, assim, que estes possam procurar os serviços com o propósito de promoção da saúde e de prevenção de doenças. Quando a acessibilidade é carente, essa procura só ocorre em casos de urgência e emergência, em que muitas vezes os processos patológicos já estão instalados. Outro aspecto importante é o acesso às linhas de ônibus que, de acordo com os moradores, antes era complicado e em algumas áreas nem havia. Constatam-se, atualmente, 14 Lobo (2004) considera serviços urbanos, de acordo com a Lei nº 6.766/79, Art 2º, como sendo compostos pelo escoamento das águas pluviais, iluminação pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água potável, e de energia elétrica publica e domiciliar e as vias de circulação, pavimentadas ou não. E, além do mais, faz uma distinção para serviços comunitários, que devem ser considerados, de acordo com o Art. 4º, como equipamentos públicos de educação, cultura, saúde, lazer e similares. Essa pesquisa assumiu tais definições.

25 24 portanto, melhorias para as condições de vida, pois os moradores passaram a apresentar opções de locomoção, favorecendo o deslocamento com mais facilidade pela cidade, além de facilitar o acesso para o emprego e para o lazer. A melhoria dos serviços urbanos e o acesso aos mesmos ensejaram também o surgimento de transportes alternativos clandestinos e sem permissão para circular na cidade, o que muitas vezes ocasiona a falta de segurança. O fácil acesso aos serviços públicos e privados, como a bancos, farmácias, feiras, supermercados, dentre outros, também se tornou uma realidade da área estudada, pois o processo de evolução de bairro favoreceu o surgimento desses serviços 15. O direito aos serviços públicos se constitui em um direito coletivo, visando integrar os cidadãos ao meio ambiente urbano ecologicamente equilibrado, garantindo a inclusão social das comunidades periféricas, por meio do acesso à infraestrutura. A população da área do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela adquiriu infraestrutura e saneamento básico, o que pode propiciar mais acesso aos serviços urbanos básicos e aos serviços públicos e privados, proporcionando melhor condição de vida. Nesse sentido, cumpre mencionar Malagris (2000), que afirma que uma condição de vida adequada deve se basear nos fatores ambientais favoráveis, com o básico de infraestrutura e saneamento básico. 15 Lefebvre (1991) relata que o espaço contém e está contido nas relações sociais, em que o real é historicamente construído baseado em representação do urbano e da cidade, favorecido pela atividade coletiva dos moradores, diante da reprodução do espaço. O direito à cidade, então, é visto por como um direito inalienável à vida em que o espaço social não é apenas uma condição e um produto, mas um meio para as relações do capitalismo. Nesse sentido, Souza (2009, p.6) afirma, com base em pesquisas, que Belém tornou-se uma metrópole, um ponto de convergência de fluxos de pessoas, informações e de decisões que repercutem em toda região amazônica, destacando-se não somente pelo ritmo do seu crescimento populacional, mas também pela dinâmica acelerada de transformação do espaço-tempo, definindo uma forma metropolitana peculiar. A cidade é marcada por descontinuidades sócio-espaciais produto de uma dialética entre a forma metropolitana e aspectos do cotidiano da vida social regional. Logo, o espaço concebido assume o caráter moderno de inserção de uma ordem distante: a reprodução do espaço para o mercado. Por outro lado, o processo de ocupação da várzea dos igarapés de Belém, foi consequência de um dos mais complexos problemas sócio-espaciais dentro do contexto urbano brasileiro nestas últimas décadas; uma significativa parcela da população que não tem poder aquisitivo compatível com os custos de se morar em áreas urbanizadas das cidades.

26 DESCRIÇÃO DAS ÁREAS LÓCUS DA PESQUISA: ENTORNO DO IGARAPÉ MATA FOME. A área de estudo do entorno do Igarapé Mata Fome é composta por moradores dos bairros da Pratinha, Tapanã e São Clemente. Costa (2009, p.49) afirma que: o entorno do Igarapé Mata Fome situa-se entre a baía do Guajará, Rodovia Arthur Bernardes e Rodovia Augusto Montenegro e podem ser encontradas 12 (doze) comunidades em toda a sua extensão, abrigando conjuntos residenciais e invasões, tendo uma área de 3,5 Km 2, com cerca de dez mil pessoas residindo naquele ambiente. ILUSTRAÇÃO 9 Mapa do município de Belém Pará com destaque para a área de estudo o entorno do Igarapé Mata Fome. FO TE: Google Maps, O nome Igarapé Mata Fome deve-se, de acordo com Ravena-Cañete (2006), pelo fato de que, no início da ocupação espontânea da área, os primeiros moradores da área retiravam

27 26 alimentos como peixe, camarões e frutas que se localizavam nas margens, tanto para o próprio consumo quanto como fonte de renda. A invasão do entorno do Igarapé Mata Fome ocorreu devido ao crescimento acelerado e sem planejamento do centro da cidade de Belém. Ribeiro e Prost (2000) e Prost (2000) consideram a invasão recente, de aproximadamente 15 anos. A Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome é um exemplo da realidade que vem acontecendo em todas as típicas cidades latino-americanas de grande porte, sendo caracterizada por intensas desigualdades intraurbana, bem como o caráter concentrador do processo de urbanização (LOBO, 2004). A Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome é formada, basicamente, por moradores provenientes do interior do estado do Pará que vieram para a capital em busca de melhores condições de vida ou, até mesmo, de outros estados, no entanto, não conseguiram se manter no centro e foram obrigados a se mudar para áreas de invasões. Esse fato ocorreu porque os imóveis localizados no centro da cidade passaram a ter um custo mais elevado devido à especulação imobiliária. Nesse contexto, a população de baixa renda não conseguiu se manter e se sustentar no centro, favorecendo o deslocamento para áreas mais baratas e acessíveis financeiramente. Ocorre que essas áreas são caracterizadas como de invasões ou com processo de ocupação recente, como é o caso da área estudada. Na Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome, após o início do processo de invasão foram implantados alguns serviços urbanos básicos, como a melhoria das ruas, que apesar de não serem asfaltadas receberam aterro para diminuir o alagamento decorrente do transbordamento do igarapé em período das chuvas. No entanto, a mesma não apresenta sistema de macrodrenagem e tal situação ainda é presente na comunidade. De acordo com estudos realizados por Ravena-Cañete (2006), a comunidade vive às margens do igarapé e não apresenta sistema de saneamento básico e sua população reside à margem do curso d água em condições precárias. Essa questão permite afirmar que a população do entorno do Igarapé Mata Fome não apresenta condições de qualidade de vida, pois para que isso ocorra é necessário ter acesso a certos bens e serviços econômicos e sociais, tais como emprego e renda, educação básica, alimentação adequada, acesso a bons serviços de saúde, saneamento básico, habitação, transporte de boa qualidade. As fotos abaixo demonstram a realidade vivida pelos moradores do entorno do igarapé Mata Fome.

28 27 ILUSTRAÇÃO 10 - Foto dos banheiros a céu aberto, em que os desejos são lançados diretamente no igarapé na área do entorno do Igarapé Mata Fome. FO TE: Dados do autor, 2008/2009. ILUSTRAÇÃO 11 Foto das casas em palafita e do igarapé poluído na área do entorno do Igarapé Mata Fome FO TE: Dados do autor, 2008/2009.

29 28 ILUSTRAÇÃO 12 Foto do entorno do Igarapé Mata Fome, demonstrando as pontes e as casas de madeira. FO TE: Dados do autor, 2008/2009. Outro ponto relevante a ser analisado é a coleta de lixo seletiva, que no início do processo de invasão não era realizada e, atualmente, é realizada três vezes por semana. Relata, porém, um morador da área que muitos moradores não contribuem para a limpeza da comunidade, um fator de atração para animais e insetos, o que prejudica a saúde dos indivíduos que vivem nessas condições. A coleta de lixo que é realizada pela Prefeitura Municipal é um direito dos moradores de todas as áreas, assim como é um direito a condição digna de moradia e do ambiente que a circunda, já que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, o Art. 225: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Outro serviço público é a energia elétrica que, no início da invasão, não havia e, com o desenvolvimento da área, foi implantado. No entanto, é possível detectar energia elétrica sendo usada de forma clandestina no local, chamada pela comunidade, popularmente, de gato. Muitos moradores utilizam a energia clandestina por não terem condições financeiras para efetuar os devidos pagamentos, no entanto, esse fato se torna uma questão de saúde pública, já que os procedimentos para instalá-la são feitos sem os devidos critérios, deixando

30 29 os fios elétricos expostos de forma perigosa, podendo provocar queimaduras e até mortes. Isso pode ser evidenciado em épocas de férias escolares, em que as crianças e os jovens sobem nos telhados das casas para brincar de empinar pipas e ficam próximos aos fios. A foto abaixo mostra tal situação. ILUSTRAÇÃO 13 Foto da rede de energia elétrica e dos fios clandestinos do entorno do Igarapé Mata Fome. FO TE: Dados do autor, 2008/2009. A água encanada na comunidade é uma realidade ainda em construção, pois a Prefeitura implantou as tubulações para a chegada da água potável na comunidade, no entanto, a obra ficou inacabada e a população fez, por conta própria, adaptações nas tubulações para o encanamento chegar até suas casas. Todavia, tais serviços foram feitos de forma inapropriada, prejudicando a qualidade da água que chega para uso e consumo. Embora muitos moradores ainda prefiram o sistema de poços artesianos, esse não é o mais adequado, já que a área é alagada e não possui sistema de saneamento sanitário, o que pode contaminar o solo e a rede de água subterrânea. Além disso, a água é armazenada de forma inadequada em vasilhas, sem nenhum tipo de proteção, ficando assim a céu aberto. Em relação às linhas de ônibus, com a evolução da área houve a implantação de duas novas linhas de ônibus, Pratinha Presidente Vargas e Pratinha Ver-o-Peso. Antes, a comunidade dependia de apenas algumas linhas que passavam apenas na Rodovia Arthur Bernardes 16, que eram oriundos de Icoaraci. 16 Moradores da Comunidade referem-se à Rodovia Arthur Bernardes como pista.

31 30 No entanto, a questão da superlotação e da demora, ainda são reclamações frequentes de quem necessita desses transportes para se locomover, o que favorece o surgimento de transportes clandestinos e de moto-taxi, muitas vezes inapropriados, acarretando um risco à saúde, pois os mesmos são bastante antigos e não oferecem nenhum tipo de segurança. Um dos serviços comunitários importantes é o fácil acesso ao posto de saúde, no entanto, isso não é uma realidade para os moradores da área do entorno do Igarapé Mata Fome, pois os mesmos por vezes não conseguem consulta 17 quando precisam de atendimento, e algumas situações a demora nos atendimentos é tão grande, que os usuários preferem pagar para hospitais particulares, quando a situação financeira permite, para fazerem exames. A melhoria dos serviços urbanos e comunitários e o acesso aos mesmos ainda não é uma experiência vivenciada pela comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome. O acesso aos locais são muito difíceis, e muitas vezes os moradores têm que se deslocar para o centro da Cidade 18. Na próxima sessão serão abordadas as contribuições metodológicas para a elaboração dessa dissertação. 1.3 CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS Essa dissertação foi de inquérito transversal, em que a pesquisa de campo ocorreu no período de maio a dezembro de A amostra foi aleatória, composta por 84 indivíduos em cada área urbana. Esta amostra justifica-se pelo valor estatístico encontrado a partir do cadastro das residências de cada área Realidade bem diferente é encontrada na Comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, em que os moradores contam com postos de saúde próximos a suas casas, além da proximidade com o Pronto Socorro localizado na Travessa 14 de Março e a Santa Casa de Misericórdia do Pará. 18 Na comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, os moradores têm acesso a todos os serviços públicos e privados no próprio bairro, como foi mencionado anteriormente, e utilizam o Centro da Cidade, apenas para pagar faturas de lojas e para lazer. A comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome utiliza o centro para fazer compras básicas, pois na comunidade os mesmos só dispõem de tabernas e mercearias, que muitas vezes são mais caras. 19 Esse fato ocorre pelo banco de dados já existente, oriundo dos projetos já realizados nas duas áreas. Os dados permitiram que a autora observasse as condições físicas e estruturais da área, bem como as relacionasse com a saúde dos moradores residentes nas áreas. Portanto, foram utilizados como critérios de inclusão para ambos os grupos, moradores do sexo feminino e masculino, na faixa etária acima de 40 anos e como critérios de exclusão,

32 31 A pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade da Amazônia e obteve aprovação com o Protocolo Nº /09 (ANEXO A). A pesquisa só teve início a partir da aprovação dos indivíduos pesquisados por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A). A escolha das áreas não foi aleatória, pois as duas áreas apresentam processo histórico semelhante, porém, em épocas diferentes. Algumas considerações sobre a Região Metropolitana de Belém merecem ser relatadas, e para tanto uma vasta literatura pode ser evocada. O município de Belém está situado na parte nordeste do Estado do Pará e possui área total aproximada de 506 Km². Está limitado ao norte pela Baia do Marajó, a leste pelo município de Ananindeua, ao sul pelo rio Guamá e a oeste pela Baia do Guajará, cercada de ilhas que pertencem à parte insular do município, sendo recortada por vários canais, igarapés e rios. A área urbana é toda cortada por uma extensa rede de curso d água, entrecortada por rios, canais, furos, igarapés e lagos (LOBO, 2004; COHRE, 2007). O entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, está localizo às margens do Canal do Galo 20. Sua área possui sistema de saneamento básico, por meio de macrodrenagem do canal, porém não apresenta uma estrutura de drenagem satisfatória. Isso pode ser verificado no período de dezembro a maio, caracterizado como período chuvoso, em que se verifica a saturação do canal e, consequentemente, o alagamento da área. Já na foz do Igarapé Mata Fome, segundo estudos realizados por Ravena-Cañete (2006), a realidade é outra. Nessa área, a comunidade não apresenta sistema de saneamento básico e sua população reside à margem do curso d água, em condições precárias. O método de procedimento do estudo foi comparativo 21 entre as duas áreas urbanas escolhidas, no que se refere às características do meio ambiente urbano em que vivem essas os indivíduos com sintoma clínico ou indicativo de doença cardiovascular ou neurológica e que tenham algum tipo de dificuldade cognitiva que pudesse impedir a compreensão das perguntas. 20 O nome canal do Galo é usado popularmente entre os moradores de Belém. Corta a região central da cidade, sendo que deságua na Baia do Guajará um pouco depois de passar pela Rua 9 de janeiro atrás da Unama Campus Alcindo Cacela. 21 A abordagem comparativa é uma das mais ambiciosas e exigentes que há. Mas antes de examinar os problemas que coloca e as dificuldades que encontra, convém lembrar algumas grandes posições que balizam a história de nossa disciplina (LAPLANTINE, 2003, p.161). Essa questão ocorre pelo fato do evolucionismo abordar assuntos que considera como histórico, recaindo nos costumes da sociedade humana na ausência de documentos históricos. Com a origem do funcionalismo, a sociedade a ser estudada adquire automonia não apenas empírica, bem como a teórica.

33 32 populações, assim como da qualidade de vida dos indivíduos em uma perspectiva global, considerando, especialmente, o nível de estresse. A natureza dos dados foi mista, composta por pesquisa qualitativa por meio de entrevista semiestruturada aplicada aos indivíduos das duas áreas urbanas, realizada na própria residência dos indivíduos para uma melhor comodidade dos mesmos. A pesquisa quantitativa foi realizada por meio de questionários. Um questionário socioeconômico e sócio-demográfico foi utilizado para a coleta de dados com informações referentes à renda, educação, sexo, idade, moradia e percepção quanto a moradia, número de cômodos da moradia, número de moradores, tipo de moradia, a localização do banheiro, serviços urbanos básicos: esgoto, água encanada, coleta de lixo, energia elétrica e transporte coletivo 22 (APÊNDICE B). Para verificar a qualidade de vida dos indivíduos foi utilizado o Teste de Nottingham. Trata-se de um questionário, constituído de 38 itens, baseados na classificação de incapacidade descrita pela Organização Mundial de Saúde, com respostas no formato sim/não. Os itens estão organizados em seis categorias que englobam nível de energia, dor, reações emocionais, sono, interação social e habilidades físicas. Cada resposta positiva corresponde a um escore de um (1) a cada resposta negativa corresponde a um escore zero (0), perfazendo uma pontuação máxima de 38, quanto mais próximo da pontuação máxima pior é considerada a qualidade de vida do indivíduo (TEIXEIRA-SALMELA et al, 2004) (ANEXO B). O questionário em relação ao nível de estresse é constituído de 18 questões de múltipla escolha, em que para cada pergunta obtém-se uma reposta referente a um número; ao final, se deve somar os resultados, verificando qual o nível de estresse dos indivíduos, sendo dividido em escores, indicando: positivo bem-estar 81 a 110 pontos; baixa positividade 76 a 80 pontos; marginal (no limite) 71 a 75 pontos; problema de estresse 56 a 70 pontos; sofrimento 41 a 55 pontos; sofrimento sério 26 a 40 pontos e sofrimento severo 0 a 25 pontos. O questionário varia de 110 a 0 pontos e quanto maior for a numeração mais calma é a pessoa, baseado no modelo proposto por Oliveira (2002) (ANEXO C). Os questionários foram aplicados pela própria pesquisadora para que a compreensão das perguntas fosse homogênea, evitando entendimentos diferenciados e viés na pesquisa. A pesquisa qualitativa foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada aplicada aos indivíduos residentes nas duas áreas urbanas estudadas, na qual foram 22 O projeto ao qual está vinculada esta pesquisa já possui um instrumento padrão para a coleta de dados socioeconômicos. No caso do Igarapé Mata Fome, a atualização da base dos dados acontece a cada três anos.

34 33 entrevistados 10 indivíduos de cada área. A entrevista foi composta por perguntas referentes à vida pessoal, ao acesso aos serviços urbanos básicos e à percepção sobre a vida (APÊNDICE C). A análise estatística foi realizada por meio do pacote estatístico Biostat 4.0 Ayres (2005), analise descritiva e o teste qui-quadrado, sendo considerado o nível alfa de 0,05 para rejeição da hipótese de nulidade. Além da análise estatística os dados qualitativos foram tratados por meio do programa Nvivo, essa ferramenta metodológica permite expressar dados qualitativos em mapas e organogramas explicativos. Para a produção desta dissertação foi utilizado pressuposto teórico com objetivo de relacionar a influência dos serviços urbanos básicos na qualidade de vida e no nível de estresse dos indivíduos residentes nas áreas foco deste estudo. Para tanto, foi necessário produzir capítulos com base na literatura. Portanto, o capitulo 1 refere-se à relação da cidade e do urbano como fatores relevantes para o processo de urbanização, bem como o surgimento de problemas sociais, especificamente, o da saúde no município de Belém. O capitulo 2 apresenta aspectos históricos do termo qualidade de vida e sua relação no quadro mais amplo das ciências sociais, demonstrando como o estresse pode ser um indicador para a qualidade de vida. Nesse sentido, torna-se pertinente mencionar o sofrimento psíquico, memória e sentimento de pertença em contextos urbanos. O capitulo 3 refere-se aos cenários de estresse e de qualidade de vida urbana relacionados com os serviços urbanos, e para tanto, é necessário analisar os dados quantitativos e qualitativos com o propósito de comparar os resultados das duas áreas de estudo. As considerações finais referem-se à relação entre a qualidade de vida e o nível de estresse, ou seja, quanto mais precárias as condições de vida de uma população, levando em consideração todos os serviços urbanos básicos e comunitários, menor é a qualidade de vida, e, consequentemente, mais problemas serão evidentes, provocando o aparecimento do estresse. Tais resultados têm como propósito informar a sociedade e ao poder público e político, os problemas relacionados com os aspectos sociais, culturais, ambientais e de saúde em que a população paraense está inserida, bem como permitem afirmar a importância de se perfilar políticas públicas como estratégias de novos modelos de desenvolvimento do Estado do Pará. No entanto, vale ressaltar que a qualidade de vida envolve um cenário multifatorial.

35 34 2. CAPÍTULO 1: CIDADE E URBA O Nesse capítulo tem-se como propósito realizar um breve resumo sobre a categoria cidade e urbano, bem como a origem dos mesmos como fatores de grande importância para o surgimento do processo de urbanização. Será abordada, ainda, a urbanização como motivadora do surgimento de diversos problemas sociais e, especificamente, no município de Belém. Na ultima seção, será discutida a questão da saúde como um dos problemas sociais e suas influências na vida do individuo, relacionando-a com o ambiente urbano inadequado. 2.1 CIDADE Coulanges (1995) relata que na história das sociedades antigas, as épocas se caracterizam mais pelas questões de ideias e instituições do que pela sucessão dos anos. O autor afirma, também, que a questão da religiosidade favoreceu o desenvolvimento da sociedade humana. As famílias eram a única forma de sociedade existente e cada uma possuía seus deuses, o que impedia que duas famílias se unissem. O encontro de famílias só era possível se não houvesse comprometimento com a religiosidade particular de cada uma. Entretanto, algumas famílias se uniram e isso deu origem a um grupo que apresentava um deus comum que era adorado por todos 23. A união desses grupos favoreceu o aparecimento de tribos que eram consideradas independentes, mas muitas tribos começaram a se associar. A associação das tribos com base nas alianças contribuiu para o surgimento da cidade 24. A origem da cidade contribuiu para o aumento das leis sociais que eram consideradas obras dos deuses e derivavam das crenças humanas. Essa questão possibilitou a criação do Estado que estava intimamente ligado à natureza e à instituição da cidade. Outra questão relevante que deve ser mencionada trata-se da origem das urbes, as quais se constituíam de algumas casas e davam origem às aldeias. No entanto, entre os 23 Esses povos eram muitos religiosos e possuíam crenças baseadas em símbolos. A religião foi a principal responsável pelo surgimento das famílias e fundamentou o aparecimento das primeiras leis (COULANGES, 1995). 24 Para Coulanges (1995) as famílias, as tribos e a cidade são sociedades originadas uma das outras por meio de federações, por isso não deve ser considerado apenas como um agregado de indivíduos.

36 35 antigos, a urbe 25 não surgia com o desenvolvimento e com o aumento de pessoas, mas sim pela fundação de uma só vez e apenas em um único dia. Lefebvre (2002) relata que, com o surgimento das cidades, as pequenas relações de pessoas e trocas se estabelecem dando origem às cidades comerciais; desta forma, o espaço urbano torna-se lugar de encontros e trocas de mercadorias. No século XIV, surgem os mercados com construção de lojas e galerias que favorecem a troca comercial, que se tornou função urbana, originando a forma e a estrutura do espaço urbano. A troca de mercadorias entre dois indivíduos é superposta pelo crescimento do capital comercial inserido na cidade política, o que favorece o aumento e a multiplicação das trocas comerciais, dando origem à cidade industrial. Esse crescimento, porém, promove um aglomerado urbano ocasionando um dos maiores processos históricos qual seja a implosãoexplosão caracterizada pela enorme concentração de coisas e pessoas em apenas um pequeno espaço urbano, êxodo rural 26, favorecendo a origem de subúrbios, periferias, cortiços e residências inadequadas e em lugares impróprios. A grande cidade explodiu, dando lugar a duvidosas excrescências como subúrbios, conjuntos residenciais ou complexos industriais e pequenos aglomerados (LEFEBVRE, 2002). A cidade industrial favoreceu o surgimento da zona crítica em que a problemática urbana impõe-se à escala mundial. Desta forma, a realidade urbana modifica as relações de produção sem ser suficiente para transformá-las, tornando-se força produtiva e, assim, o espaço e a política do espaço exprimem as relações sociais, mas também reagem sobre as mesmas (LEFEBVRE, 2002). As concentrações urbanas tornam-se gigantescas e as populações se amontoam atingindo densidades inquietantes. As pessoas se deslocam para as periferias distantes, que são desurbanizadas, no entanto, dependem da cidade, pelo que o direito à moradia aflora na consciência social (LEFEBVRE, 1991). Nesse contexto, Magnani (1999) relata que os fatores de crescimento desordenado determinam o caos urbano. 25 É importante esclarecer diferenças entre a urbe que está associada a lugar de reunião, ao domicilio e ao santuário dos deuses da sociedade e a cidade que é a relação religiosa, baseada nos deuses; e a política, vinculada às leis, das famílias e das tribos (COULANGES, 1995) 26 Processo pelo qual o número de pessoas que vivem em área urbana ultrapassa o número de pessoas que vivem em área rural e/ou em campos.

37 36 Lefebvre (2002) afirma que a sociedade urbana resultou da urbanização completa. Nesse sentido, Oliven (1984) afirma que a urbanização significa um aumento em desorganização social e cultural 27. Na década de 1910, sociólogos Americanos da Escola de Chicago 28 estudaram questões relacionadas à desorganização social e aos fenômenos sociais que ocorriam nas áreas urbanas das grandes metrópoles, caracterizados pelo aumento populacional nas cidades de forma acelerada, no entanto, estas não estavam preparadas e nem planejadas para tal situação, não apresentavam estrutura para o crescimento das cidades. Desta forma, esse processo favoreceu sérios problemas sociais urbanos, como aumento da violência e criminalidade, aparecimento de marginais, aumento da pobreza e desemprego, além do surgimento de áreas segregadas, impróprias para moradia. 2.2 URBANIZAÇÃO Urbanização é um fenômeno caracterizado pelo crescimento denso da população e aglomerações urbanas, em que a população urbana apresenta um crescimento acelerado em relação à população rural 29. O processo de urbanização no Brasil é considerado recente, com início no século passado, tendo a população residente no meio urbano ultrapassado a do meio rural, transformando-o em um país urbanizado. O processo de rápida urbanização que alcançava todo o Brasil transformava a sociedade brasileira (BRITO, 2007). Nesse sentido, o processo de urbanização no Brasil se apresentou de forma intensa, na qual em 1940, a população urbana era de 26,3%; em 1980, alcançava 68,86%; já em 2000, era de 81,2% (MARICATO, 2000; MOTTA, 2004; SANTOS, 2005). 27 Sociedade e cultura aparecem como conceitos gêmeos e correspondem à forma e ao conteúdo de uma mesma realidade (DURHAM, 1988, p.22). 28 A expressão Escola de Chicago refere-se a escolas e correntes do pensamento da cidade norte-americana de Chicago em diferentes áreas e épocas. 29 Ferreira (2008, p.802) afirma que a urbanização é um ato ou efeito de urbanizar e um conjunto dos trabalhos necessários para dotar uma área de infraestrutura (água, esgoto e eletricidade) e/ou de serviços urbanos (transporte e educação).

38 37 Descrevendo a urbanização acelerada que marcou o Brasil nos últimos 60 anos, Maricato (2000) afirma que os assentamentos urbanos cresceram de forma acelerada, passando a abrigar mais de 125 milhões de pessoas. Segundo Ribeiro (2004), o Brasil, que apresenta uma população de habitantes (conforme o IBGE de 2000), pode ser considerado uma nação infestada por problemas de exclusão social 30 e degradação ambiental devido ao processo de urbanização acelerado e desorganizado. O processo de urbanização para o Brasil, como relatado anteriormente, era de fundamental importância, no entanto, junto com o crescimento econômico do país também ocorreram muitas outras mudanças, não muito favoráveis, porém, à população, principalmente a de baixa renda, acarretando sérios problemas. Segundo estudos realizados por Ojima (2007) estima-se para 2030 um adicional de cinco bilhões de pessoas vivendo em cidades. Por isso, é importante imaginar a situação de um cenário caótico do crescimento populacional e da pobreza urbana gerando mais desigualdade social. Ao referir-se mais especificamente ao processo de urbanização do município de Belém é importante citar que sua fundação ocorreu em 1616, tendo sido denominada inicialmente de Feliz Lusitânia. Posteriormente, foi denominada sucessivamente como Santa Maria do Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão Pará, até a denominação atual, Belém. Nesse período, a economia era baseada na pecuária, pesca e agricultura de substistência voltada a atividades de coleta das chamadas, historicamente, drogras do Sertão. Belém foi se desenvolvendo e crescendo à beira do rio, passando a partir daí a interiorizar-se até atingir a Primeira Légua Patrimonial 31 com ocupação das áreas de cotas altas o que, em 1627, se tornou propriedade do Município de Belém; sua economia era marcada pela exportação de café, baunilha, cacau e cana-de-açúcar (RODRIGUES, 1996; DUARTE; GOMES, 2002; COSTA, 2009). Nos séculos XVI-XIX, a economia belenense, bem como a de todo o Brasil, foi marcada pelo modo de produção escravista introduzido pela agricultura da cana-de-açúcar, 30 Exclusão social é caracterizada pela falta de acesso às oportunidades oferecidas pela sociedade, como a privação, falta de recursos, bem como a ausência de cidadania, que abrange diversos níveis de organização, como ambiental, cultural, econômico, político e social (AMARO, s/d). 31 Conforme Duarte e Gomes (2002, p.65), a Primeira Légua Patrimonial corresponde a um semicírculo de 6,6Km de raio, partindo do Forte do Castelo estendendo-se até as Avs. Dr. Freitas e Perimetral.

39 38 com a importação e escravização de negros oriundos da África, atividade esta que foi interrompida em 1850 com o fim da escravidão 32. Outro marco histórico que caracterizou o crescimento populacional da cidade de Belém foi a expansão do ciclo da borracha entre 1890 e 1920, quando Belém foi a porta para exportação e importação de toda a produção originada na região Amazônica, pressupondo a modernidade e a economia da cidade, caracterizando a expansão da riqueza e o avanço da tecnologia, o que favoreceu que as áreas mais centrais apresentassem mais estrutura para o acesso a serviços urbanos. Todavia, com o fim desse ciclo econômico, a mesma realidade não permaneceu na metrópole (RODRIGUES, 1996; DUARTE; GOMES, 2002; SARGES, 2002). Esse crescimento populacional de Belém foi intensificado entre as décadas de 1950 e 1960, associado aos Planos de Metas do Governo Federal 33, ao planejamento de vários projetos para o desenvolvimento da região e sua integração ao mercado nacional e à construção da rodovia Belém-Brasília. Contudo, nesse período houve um grande aumento do processo de ocupação de baixadas da cidade de Belém, em consequência do esgotamento de áreas adequadas à moradia localizadas na parte central da cidade e também pelo processo de verticalização que ocorre atualmente, obrigando a população de mais baixa renda a se deslocar para as áreas periféricas (RIBEIRO, 2004; DUARTE; GOMES, 2002; RODRIGUES, 1996). No processo histórico da cidade Belém, a população de baixa renda era excluída das áreas centrais das cidades e passava a morar nas áreas mais afastadas e desvalorizadas, ocorrendo assim um processo de ocupação de forma intensa e progressiva em locais considerados insalubres, correspondentes ao nível da planície de inundação, as denominadas baixadas, que se encontram abaixo da cota do nível do mar 34 (RIBEIRO, 2004). Nesse sentido, Rodrigues (1996) afirma que o desenvolvimento histórico da cidade determinou os processos espaço-ambiente, principalmente, os relacionados à saúde, à qualidade de vida da população e à qualidade ambiental, o que gerou para a população paraense uma somatória de problemas e conflitos. 32 Tal processo histórico favoreceu o aumento populacional brasileiro, principalmente após o fim da escravidão em que a população negra ficou sem moradia tendo que se alojar em ambientes inadequados e insalubres. 33 O Plano de Metas foi criado no governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira quando foi presidente do Brasil, entre , e tinha como objetivo estimular a diversificação e o crescimento da economia brasileira, baseado na expansão industrial e na integração das regiões do Brasil. 34 Segundo Rodrigues (1994) e Rodrigues (1996), para Belém convencionam-se baixadas as áreas alagáveis e parcelas do solo urbano localizadas abaixo das curvas de nível de cota (altitude) igual a 4 metros.

40 39 O processo de urbanização de Belém, não muito diferente das outras cidades do país, também foi marcado por ser intenso e sem nenhum planejamento prévio, o que provocou diversas crises sociais, causando, assim, diversos problemas à população. O município de Belém é historicamente considerado como o centro de atração da população, caracterizado pela migração, sobretudo, do interior do Estado. Esse movimento findou por gerar péssimas condições de habitação e saneamento básico (BRITO, 2007). Nesse sentido, Belém teve um acréscimo de 26,60% na sua taxa de urbanização passando de 78,48% para 99,35% em 2000 (COHRE, 2007, p.20). Ribeiro (2004) afirma que Belém é caracterizada por uma urbanização desordenada, em que a população não pode ser tratada como uma realidade homogênea e as desigualdades sócio-espaço-ambientais contribuem para a segregação das classes na cidade, favorecendo um caráter heterogêneo da qualidade de vida no espaço intraurbano. Nas últimas duas décadas, as baixadas cedem lugar às denominadas áreas de invasões na Região Metropolitana de Belém, em que a cidade de Belém é caracterizada pelas áreas de invasões, em que mais de 300 áreas incham a periferia da cidade (RIBEIRO, 2004; RODRIGUES, 1996). Hoje, a população de Belém corresponde a habitantes, de acordo com o IBGE de 2000, sendo que 99,4% encontram-se na área urbana, em que 680 mil pessoas vivem em condições precárias e 220 mil sobrevivem nas mais indignas e desumanas condições (RIBEIRO, 2004; RODRIGUES, 1996). Um aspecto muito importante e expressivo que deve ser analisado é o fato de que, com a expressão física das cidades, surgem de forma muito rápida as favelas, que são caracterizadas por mazelas do crescimento urbano e de forma desordenada, contribuindo para o aumento da pobreza urbana, expondo a população a condições de vulnerabilidade social e ambiental (OJIMA, 2007). As periferias cresceram mais do que os núcleos centrais, provocando um aumento das áreas mais pobres (MARICATO, 2000). No ano de 1996, havia 180 assentamentos informais no município de Belém, dos quais 22,20% estavam relacionados com as baixadas e 87,80% com loteamentos irregulares e com baixa infraestrutura (IBGE, 2007; COHRE, 2007; PINTO, 2007). Nesse contexto, Ribeiro (2004) afirma que a urbanização da população e o fenômeno da periferização 35 das metrópoles consistem no cenário demográfico dominante, tornando-se 35 De acordo com Ribeiro (2004, p.87), periferização pode ser denominado como um crescimento populacional

41 40 ainda mais complexo o controle intraurbano das doenças e proteção do ambiente hídrico, tendo em vista as péssimas condições de saneamento dessas áreas, em que famílias empobrecidas do município de Belém vivem em invasões e áreas insalubres, mais conhecidas como favelas 36 (RODRIGUES, 1996). De acordo com Rodrigues (1996), as favelas são desprovidas de sistema de esgoto pluviais ou sanitários, equipamentos de saúde e educação sem nenhum tipo de qualidade, não possuem, também, energia elétrica e água potável. No que relata a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico dos municípios brasileiros, 97,9% apresentam serviço de abastecimento de água; 78,6 têm serviço de drenagem urbana e 99,4% possuem coleta de lixo, no entanto, em relação ao sistema de esgotamento sanitário, essa realidade é bem diferente, pois apenas 52,2% da população possuem esse tipo de serviço (RIBEIRO, 2004). O delineamento informal da cidade e as ocupações desordenadas estão relacionadas às condições precárias de vida gerando, assim, problemas socioambientais. Nesse cenário de precarização do ambiente surgem os problemas de saúde pública (GROSTEIN, 2001). Nesse sentido, esses problemas enfrentados pela população de baixa renda que vive nas áreas de invasões afetam tanto o ambiente quanto a saúde 37 das populações (RIBEIRO, 2004). 2.3 SAÚDE A concentração da população nas áreas periféricas das cidades, como mencionado anteriormente, comprometeu a situação sanitária e de saúde, contribuindo para o aumento da de um núcleo urbano cuja população desenvolve parte de suas atividades, especialmente trabalho, em outro núcleo de maior porte, que exerce, assim, uma influência polarizadora. 36 Rodrigues (1996) conceitua favela como conjuntos habitacionais construídos e desprovidos de recursos higiênicos e em condições precárias, em bairros praticamente excluídos do acesso a bens e serviços públicos básicos, como saneamento básico, transporte, coleta de lixo, infraestrutura, água potável, lazer e cultura, além do problema da violência e da falta de segurança pública. 37 Silveira (2007) e Trevizan (2000) afirmam que a avaliação da qualidade de vida tem sido utilizada na área da saúde e que, de acordo com a Organização Mundial, saúde é considerada como um completo bem-estar físico, mental e social do individuo e não pode ser vista apenas como ausência de doença.

42 41 degradação dos cursos d água, aliadas aos problemas de carência dos serviços de saneamento que inclui o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a drenagem e a coleta dos resíduos sólidos, além do assoreamento e erosão de vários igarapés (RIBEIRO, 2004). Nesse sentido, Couto et al. (2002) afirmam que a Organização Mundial de Saúde, a partir do sistema de dados, considera que a progressiva deterioração das condições de saúde e da qualidade de vida está diretamente relacionada à precariedade do meio ambiente em que o indivíduo vive. Desta forma, a saúde deve ser baseada no equilíbrio e no bem-estar que envolve os elementos biológicos, físicos e químicos do ambiente que pode afetar a saúde do individuo, relacionando aspectos sociais como a moradia, infraestrutura, saneamento, renda, educação, dentre outros (RIBEIRO, 2004). A saúde humana é determinada pelas interações sinérgicas dos fatores físicos, ambientais, socioeconômicos e culturais presentes nos contextos urbanizados (MACHADO, 2002). De acordo com Motta (2004), um dos maiores desafios do poder público, atualmente, refere-se à melhoria de infraestrutura, de condições de habitação e de serviços públicos nas áreas informais. Os conflitos ambientais relacionados aos problemas de meio ambiente urbano interferem nas perspectivas de qualidade de vida 38, sobretudo nos impactos e na influência à saúde humana. Nos séculos XVIII e XIX, houve uma acentuada preocupação em relação ao aumento da industrialização e urbanização, sendo condições favoráveis para os problemas ambientais associados à saúde, condições e qualidade de vida (CAMPOS et al., 2006). Existem dois tipos de enfoque relacionados com a saúde: o primeiro se refere aos aspectos físico-materiais, no qual os indivíduos não apresentam infraestrutura comunitária, como transporte, saneamento, habitação, educação e serviços de saúde adequados; e o outro, aos fatores psicosociais relacionados com a desigualdade social e situação de saúde, provocando estresse 39 e prejuízo à saúde (BUSS; FILHO, 2007). 38 Qualidade de vida pode ser entendida como um termo subjetivo com noção eminentemente humana que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social, ambiental e à própria estética existencial (RIBEIRO, 2004). Qualidade de vida deve ser também entendida como a percepção do indivíduo sobre o seu próprio estado de saúde, a influência do contexto cultural e do sistema de valores em que o individuo vive. Tal questão será mais bem explorada no capítulo seguinte. 39 O estresse tem sido considerado a doença do século, como consequência de fatores fisiológicos dos indivíduos e do meio ambiente e o modo de viver (NUNOMURA et al., 2004). O nível de estresse passa a ser um estado de desgaste emocional e/ou comprometimento da habilidade do indivíduo, decorrente de uma incapacidade do organismo de tolerar, superar, ou se adaptar às exigências de natureza psicológica existentes em

43 42 Em estudos, Jacobi (2000) relata que, ao analisar as relações entre meio ambiente urbano e qualidade de vida, em especial o estresse, é necessário verificar as situações vinculadas ao cotidiano, ao bairro, à habitação, ao acesso de serviços públicos e até mesmo à interação social dos indivíduos e participação da população. Para isso, devem ser estabelecidas Políticas Públicas que propiciem cenários saudáveis com prioridade de ações técnicas para o abastecimento de água e de saneamento básico, com o objetivo de promover a saúde e melhorar a qualidade de vida da população paraense (RIBEIRO, 2004). No capítulo posterior, será abordado o conceito saúde dentro das diferentes áreas do saber, bem como os aspectos históricos do termo qualidade de vida, com o propósito de realizar uma interface com a questão ambiental e de vida urbana da população. seu ambiente de vida (CORREA; MENEZES, 2002, p.17). Esse assunto também será mais bem abordado nos próximos capítulos.

44 43 3. CAPÍTULO 2: QUALIDADE DE VIDA Neste capítulo são apresentados os aspectos históricos do termo qualidade de vida, bem como é relacionado o termo qualidade de vida em um quadro mais amplo das ciências sociais, demonstrando-se como o estresse pode ser um indicador de grande relevância para uma qualidade de vida favorável. Faz-se, ainda, a relação do sofrimento psíquico, memória e sentimento de pertença no contexto urbano. 3.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DO TERMO QUALIDADE DE VIDA Para pensar qualidade de vida é necessário remeter-se aos avanços técnicos pelos quais passou a humanidade. O período Neolítico 40 foi marcado pelo domínio de técnicas adequadas à produção do fogo e contribuiu em termos de qualidade de vida para a espécie humana, pois permitiu cozinhar os alimentos, assim como se proteger do frio e dos predadores. Outro período de evolução da espécie humana denominado de Proto-História, cerca de 4000 a.c, também proporcionou a melhora da qualidade de vida, pois nele ocorreu a substituição dos antigos trenós por carros de duas e quatro rodas. Este fato revolucionou a vida dos humanos, pois facilitou não só a sua locomoção, mas também o transporte de cargas. Já na polis 41 grega, na Grécia Antiga, Bodstein (1997) relata que o bem-estar humano não dependia somente de descobertas naturais e de artefatos técnicos, mas estava fortemente vinculado à participação na vida pública, espaço de liberdade e de igualdade entre os que eram designados cidadãos, isto é, para aqueles que participavam da dimensão social e política 42. Para os gregos da polis, a participação política era uma condição sine qua non 43 na 40 Neolítico, também conhecido como Idade da Pedra Polida, foi a fase da pré-história que ocorreu entre 12 mil e 4 mil ac. O início deste período é marcado com o fim das glaciações e com o desenvolvimento da escrita. 41 A polis (πολις) - plural: poleis (πολεις) - era o modelo das antigas cidades gregas, desde o período arcaico até o período clássico, vindo a perder importância durante o domínio romano. Devido às suas características, o termo pode ser usado como sinônimo de cidade. 42 Bodstein (1997, p.186) afirma que participar da vida pública adquire nesse contexto um sentido preciso: uma realização, uma conquista e, portanto, uma ação que se projetava para além das necessidades biológicas do homem.

45 44 definição de qualidade de vida, pois se referia a uma ação, condição ou até mesmo um ingrediente indispensável e essencial para a condição de vida. Nesse sentido, para definir e estudar qualidade de vida é necessário entender os aspectos e condições históricas e sociais. Schaff (1967, p.71) afirma que: O homem nasce numa determinada sociedade, sob determinadas condições sociais e inter-humanas que ele próprio não escolhe; são elas o resultado da atividade de gerações anteriores [e] a opinião do que é bom ou mau, do que é digno ou não, quer dizer, o determinado sistema de valores, é dado socialmente, igualmente como o conhecimento do mundo, que é determinado pelo desenvolvimento histórico da sociedade. As condições sociais formam, com a ajuda da consciência social vigente, o indivíduo humano, que nasce e se desenvolve numa sociedade. Neste sentido, as condições de uma sociedade criam o indivíduo, pois o mesmo apenas se desenvolve como pessoa por meio da socialização e da cultura. É na cultura que se podem observar práticas e simbolizações, como crenças, comportamentos e valores que permeiam uma sociedade, ou seja, passa a ser uma identidade própria, caracterizando as condições históricas de um grupo em um certo espaço e/ou num determinado período. Atualmente, a qualidade de vida é objeto de estudo em diferentes áreas. Chan (2005) afirma que na fisiologia esta é vista como referência para defesa e explicação para os conceitos do bom. Na psicologia, tenta-se explicar a saúde mental, do bem-estar subjetivo, bem como o conceito do desenvolvimento humano. Já nas ciências sociais, a qualidade de vida busca justificar como o poder público e os mercados podem contribuir para melhoria da qualidade de vida no aspecto social e popular. 3.2 O TERMO QUALIDADE DE VIDA NAS CIÊNCIAS SOCIAIS Aponta-se que o termo qualidade de vida é entendido sobre diversas concepções. Para Chan (2005), o significado de qualidade está ligado à melhora de alguma condição. No entanto, Malagris (2000) aprofunda esse termo e afirma que qualidade equivaleria a atributos que funcionam como indicadores de superioridade no que se refere a certo assunto. Para a definição de vida, criam-se várias controvérsias no que se refere a considerar a vida 43 Sine qua non, em latim, significa o termo sem o qual não pode ser.

46 45 espiritual e incluir as questões ambientais. Já Malagris (2000) é mais pontual nesse termo e relata que vida deve incluir saúde, relações familiares favoráveis e estabilidade financeira. Seidl e Zannon (2004) revelam que há indícios de que o termo qualidade de vida surgiu pela primeira vez na literatura médica na década de 30. No entanto, apenas nos anos 60 o conceito qualidade de vida recebeu grande importância, quando uma corrente analisava o crescimento econômico das sociedades por meio da evolução do respectivo Produto Interno Bruto (PIB) 44 (SANTOS; MARTINS, 2002). Seidl e Zannon (2004, p.581) afirmam que, em meados da década de 70, explicar o termo qualidade de vida era de grande dificuldade, e que essa passou a ser considerada como uma vaga e etérea entidade, algo sobre a qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é. No entanto, uma definição clássica de qualidade de vida surgiu apenas em 1974, referindo-se ao prazer e satisfação que o indivíduo alcança em sua vida (SEIDL; ZANNON, 2004). Nesse contexto, vários estudos propõem uma distinção na análise de qualidade de vida, em condições objetivas e subjetivas de vida, devendo ser analisada em quatro aspectos: nível de vida (necessidades humanas básicas do tipo material); qualidade de vida (condições de vida não materiais, relacionadas ao indivíduo e à relação com a sociedade e com a família); satisfação (percepção subjetiva das condições de vida 45 ) e felicidade (percepção subjetiva da qualidade de vida) (SANTOS; MARTINS, 2002). Shin e Johnson sugerem em seus estudos que a qualidade de vida consiste nos recursos necessários para a satisfação das necessidades e desejos individuais, autorrealização e satisfação no desenvolvimento pessoal (ASSUMPÇÃO JR et al., 2000). Lipp e Rocha (1996) apud Malagris (2000, p.20), ao se referir ao conceito de qualidade de vida, ressaltam que: 44 O Produto Interno Bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (países, estados ou cidades) durante um período determinado. O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. 45 Malagris (2000) afirma que uma condição de vida adequada deve se basear nos fatores ambientais favoráveis, com o básico de infraestrutura e saneamento básico e que uma condição de vida inapropriada pode gerar estresse excessivo, o que favorecerá o aparecimento de doenças.

47 46 a percepção do indivíduo quanto à satisfação deve estar ligada a quatro áreas, a social, afetiva, profissional e saúde e que seria fundamental que o indivíduo tenha satisfação em todas as áreas para que tenha uma boa qualidade de vida. No entanto, é importante enfatizar que existe uma relação entre as quatro áreas de tal forma que problemas em uma delas podem repercutir sobre a outra, podendo interferir na vida do indivíduo como um todo. Nesse contexto, é de grande relevância mencionar que a cultura em que esse indivíduo está inserido poderá interferir na questão da percepção, favorecendo-a em menor ou maior grau. A percepção envolve os processos mentais e a memória, e estes podem ser influenciados por fatores externos, tais como o meio ambiente, em que a construção social interfere na percepção e influencia a interpretação dos dados percebidos. Além disso, um indivíduo é diferente do outro. A partir das dificuldades em se conceituar qualidade de vida, nos anos 80 esse termo passa a envolver diversas dimensões baseadas em estudos empíricos, buscando-se melhor entendê-lo. Nesse sentido, as tendências utilizam definições focalizadas e combinadas para o avanço do conceito em bases científicas. Farquhar (1995) apud Seidl e Zannon (2004) realizou, na década de 90, várias pesquisas bibliográficas nas literaturas a respeito do conceito de qualidade de vida e apresentou uma taxonomia das definições existentes, em quatro tipos (p.582): A primeira definição refere-se a global em que predominou ate meados da década de 80 onde tende-se a centrar-se apenas na avaliação de satisfação/insatisfação com a vida. Na segunda, a definição é baseada em componentes ou dimensões a partir do fracionamento do conceito global, iniciando a priorização de estudos empíricos e a operacionalização do conceito. A terceira definição é a focalizada que valoriza os componentes específicos, voltados para habilidades funcionais ou de saúde, relacionando qualidade de vida e saúde com desenvolvimento de diversos instrumentos de avaliação da qualidade de vida para pessoas acometidas por diversos agravos e a quarta e última definição é a combinada que incorpora a segunda e a terceira definição desenvolvendo instrumentos de avaliação global e fatorial. Nesse contexto, Seidl e Zannon (2004) afirmam que duas tendências devem ser levadas em consideração quando se tenta conceituar o termo qualidade de vida: o conceito mais genérico e o relacionado à saúde. Na área da saúde, o termo qualidade de vida aparece nas literaturas e tem sido usado com objetivos semelhantes à conceituação mais geral, considerando a presença ou não de patologias, em que parece implicar nos aspectos mais diretamente associados às enfermidades ou às intervenções em saúde (SEIDL; ZANNON, 2004). Nesse sentido, algumas definições podem ser aqui evocadas:

48 47 É a valoração subjetiva que o paciente faz de diferentes aspectos de sua vida, em relação ao seu estado de saúde. (GUITERAS, 1993, p.179 apud SEIDL; ZANNON, 2004, p.581). Refere-se aos vários aspectos da vida de uma pessoa que são afetados por mudanças no seu estado de saúde, e que são significativos para a sua qualidade de vida. (CLEARY et al. 1995, p. 91 apud SEIDL; ZANNON, 2004, p.581). É o valor atribuído à duração da vida, modificado pelos prejuízos, estados, funcionais e oportunidades sociais que são influenciados por doença, dano, tratamento ou políticas de saúde. (EBRAHIM, 1995, p.1384 apud SEIDL; ZANNON, 2004, p.581). A partir da década de 90, vários estudiosos entraram em um consenso relativo a dois aspectos relevantes ao conceito de qualidade de vida que não devem ser esquecidos e, portanto, são aqui mencionados: o primeiro refere-se à subjetividade e o segundo, à multidimensionalidade 46 (SEIDL; ZANNON, 2004). Para Seidl e Zannon (2004), a subjetividade deve considerar a percepção dos indivíduos a respeito do seu estado de saúde e sobre os aspectos não-médicos do seu contexto de vida, já que a qualidade de vida, para alguns pesquisadores, só pode ser avaliada pela própria pessoa. No que se refere à multidimensionalidade, pode-se falar em metodologias qualitativas e quantitativas, que englobam fatores físicos (percepção do indivíduo sobre sua condição física), psicológicos (percepção do indivíduo sobre suas condições afetivas e cognitivas), de relacionamento social (percepção do indivíduo sobre os relacionamentos sociais e os papéis sociais adotados na vida) e de ambiente (percepção do indivíduo sobre aspectos diversos relacionados ao ambiente em que ele vive) (SEIDL; ZANNON, 2004). Se, na área da saúde, o termo qualidade de vida está ligado a questões patológicas visando apenas às características biológicas do indivíduo, a perspectiva do conceito mais genérico de qualidade de vida, por outro lado, é influenciada por estudos sociológicos, sem fazer referência a disfunções ou agravos, ou seja, baseia-se em aspectos mais amplos em que se deve considerar o social, o físico e o emocional, bem como o ambiente em que se está inserido. Vale ressaltar que esse termo foi o utilizado pela Organização Mundial de Saúde em 1995, tendo como base a perspectiva internacional e transcultural qualidade de vida deve ser entendida como a percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da 46 Essa pesquisa utiliza os dois aspectos relevantes, tanto a subjetividade quanto a multidimensionalidade.

49 48 cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (SEIDL; ZANNON, 2004, p.583). Atualmente, no Brasil, o conceito mais genérico tem favorecido o interesse de várias áreas da saúde em pesquisas. Diversas especialidades médicas, como a neurologia, psiquiatria, oftalmologia, oncologia e ginecologia têm buscado atender ao paciente com base no conceito amplo de qualidade de vida, com o propósito de lhe propiciar melhores condições de recuperação, sempre analisando o contexto em que esse indivíduo vive e em que condições. Na psicologia, pesquisas realizadas por Marilda Lipp destacam a construção de inventários de qualidade de vida em intervenção relacionada ao manejo do estresse 47. Seidl e Zannon (2004) afirmam que o desenvolvimento e ampliação do conceito mais genérico do termo qualidade de vida em uma visão das ciências sociais irão favorecer as mudanças das práticas de assistência e consolidar os paradigmas do processo saúde-doença 48, favorecendo a superação do modelo biomédico que ignora os aspectos socioeconômicos, psicológicos e culturais da população. Nessa perspectiva genérica, visando à promoção da saúde e prevenção de doenças, considerando-se, assim, a qualidade de vida como um instrumento interdisciplinar. Nesse contexto, para Adriano et al. (2000), a qualidade de vida de uma população depende de suas condições de existência, do seu acesso a certos bens e serviços econômicos e sociais: emprego e renda, educação básica, alimentação adequada, acesso a bons serviços de saúde, saneamento básico, habitação, transporte de boa qualidade. É de fundamental importância relembrar que o conceito de bem-estar e qualidade de vida varia de sociedade para sociedade, de acordo com cada cultura. No que se refere à qualidade de vida, outro aspecto muito importante que não se deve deixar de mencionar é o da questão urbana, que assumiu grande debate político e científico a partir da década de 60, pelo fato do desordenado e rápido crescimento das cidades. Essa 47 Nesta pesquisa buscou-se também relacionar a qualidade de vida a uma perspectiva de melhoria da saúde coletiva da população. A questão do estresse como indicador de qualidade de vida será abordada no próximo tópico. 48 Augusto e Moises (2008, p.61) relatam que o processo saúde-doença deve ser observado como uma dinâmica de relações de interdependências entre os elementos do sistema, que cria toda uma estrutura, definindo o que é interno (ordenado e sobre o qual se tem controle) e o que é externo (não ordenado e sem controle) ao sistema. Nessa dissertação, o conceito utilizado para definir o processo saúde-doença refere-se às variáveis que envolvem a saúde e a doença de um indivíduo ou da população, em que ambas estão ligadas e compostas pelos mesmos fatores biológicos, econômicos, culturais e sociais, baseado no modelo epidemiológico composto por três componentes agente, hospedeiro e meio, com o envolvimento do ambiente, do estilo de vida e os serviços de saúde, em uma permanente interrelação e interdependência.

50 49 esfera, da qualidade de vida urbana 49, acarretou serias discussões sobre as questões éticas essenciais, como a igualdade entre os homens na distribuição dos recursos e de benefícios e também no acesso da população a todos os serviços e necessidades básicas fundamentais 50 (NAHAS, 2003). Outra questão importante é a qualidade ambiental 51 da área em que a população está residindo, pois a população de baixa renda geralmente busca abrigo e construir suas casas em áreas periféricas, sendo estas impróprias e insalubres para moradia, como mencionado no capítulo anterior. Malagris (2000) pontua que outros aspectos da qualidade do meio ambiente não podem deixar de ser mencionados como os índices de crimes, suicídios, violência e desestruturação familiar, além dos índices de natalidade, morbidade, mortalidade e idade media da população que são sinalizadores de qualidade de vida. Nahas (2003) relata que com o objetivo de subsidiar recursos públicos com equidade foi criado em 1996 o Índice de Qualidade de vida Urbano que apresenta como indicadores o abastecimento alimentar, assistência social, cultura, educação, esporte, habitação, infraestrutura, saúde, segurança urbana e serviços urbanos. Malagris (2000) ainda ressalta que a qualidade de vida pode ser prejudicada por vários fatores como descritos no decorrer do capítulo, bem como, o estresse excessivo do dia-a-dia, que será mais bem abordado no próximo tópico, a fim de relacionar a qualidade de vida da população com o estresse da vida urbana. 49 Qualidade de vida urbana é o termo que abrange o conceito de qualidade de vida e o de qualidade ambiental (NAHAS, 2003). 50 Nahas (2003) afirma que, na década de 60, o desenvolvimento de indicadores sociais favoreceu a mensuração do bem-estar e as transformações sociais por meio da elaboração e uso de indicadores para avaliar o meio urbano. Foi elaborado o Índice de Desenvolvimento Urbano (IDH) composto por indicadores relacionado com a condição de saúde, educação e renda da população. 51 Qualidade ambiental é abordada na Constituição Federal de 1988, no artigo 225, a qual refere que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder publico e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (p.125)

51 O ESTRESSE COMO INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA Para melhor analisar o termo estresse, é necessário realizar um breve aparato histórico do surgimento do conceito estresse, em que as primeiras evidências ocorreram no século XVII, sendo utilizado na literatura inglesa com o significado de aflição e adversidade. O aparecimento real do uso da palavra estresse foi utilizado para denotar o fenômeno composto por tensão-angustia-desconforto muito comum na sociedade atual. No entanto, no século XVIII, passou a expressar ação de força, pressão ou influência muito forte sobre uma pessoa 52 (LIPP, 2003). No século XIX, vários assuntos surgiram a respeito da possível relação entre eventos emocionais e doenças físicas e mentais; no entanto, essa questão apenas recebeu maior atenção no século XX, quando novamente surgiu a ideia de ligação entre os eventos estressantes e doenças 53, quando o médico inglês Sir William Osler relacionou o estresse com o trabalho excessivo e a reação do organismo ao estresse com a preocupação. Pesquisas realizadas por Sir Osler, em 1910, relacionaram o excesso de trabalho do dia-a-dia e as preocupações com doenças coronarianas. Em 1926, analisou situações que causavam angústia e tristeza frente a algumas situações, denominando esse conjunto de reações de síndrome geral da adaptação, síndrome do estresse biológico ou síndrome do simplesmente estar doente (LIPP, 2003). Em 1936, outros conceitos são mencionados, como por exemplo, pelo médico endocrinologista Hans Selye que utilizou a palavra estresse para definir uma síndrome provocada por vários agentes aversivos, baseado nas teorias de Bernard em 1879 em que o ambiente interno do organismo deve permanecer constante não importando as mudanças e influencias do ambiente externo e nas teorias de Cannon em 1939 que designa o esforço dos processos fisiológicos para manterem um estado de equilíbrio interno do organismo denominado de homeostase (LIPP, 2003, p.17). 52 Tal conceito pode ser observado nas características de estresse das comunidades estudadas, nas quais se convive sob influência direta do meio ambiente urbano em que residem, acarretando problemas psicológicos e de saúde. Essa questão será melhor analisada nos próximos tópicos. 53 Em pesquisas nas literaturas científicas durante a elaboração desse capítulo, observou-se que muitos estudos são realizados relacionando o estresse com patologias como Hipertensão Arterial Sistêmica e doenças cardiovasculares; com mulheres e crianças; com doenças respiratórias; dores musculoesqueléticas; com disfunções mentais; com adolescentes e adultos e, até mesmo, da relação do estresse com a questão da influência da religiosidade (LIPP, 2003; LIPP, 2004).

52 51 Lipp (2003) afirma que se apresentam várias dificuldades para se chegar a um consenso exato para um conceito final sobre o estresse e que o mesmo ainda é um processo que se desenvolve de acordo com etapas em que pode ser caracterizado como temporário, de baixa ou de grande intensidade, ou até mesmo como etapa de resistência ao fator gerador de desequilíbrio ou em um estado de pauperização grande de doença e de seriedade. Esses fatos ocorrem dependendo do nível, da frequência e do tempo de contato com o agente estressante. O estresse deve ser considerado como um processo e não como uma reação única e pode se basear em dois modelos: o trifásico e o quadrifásico. O Modelo Trifásico é baseado em três importantes alterações no organismo, propostas por Selye, em que pesquisas realizadas com ratos verificaram que os mesmos apresentavam reações a estímulos, com alterações no timo (redução), nas suprarrenais (dilatação do córtex) e nas áreas gastrointestinal (aparecimento de ulceras). Nesse sentido, a tríade representaria a expressão corporal de uma mobilização total das forças de defesa. Em 1956, Selye propôs que o estresse se desenvolvesse em três fases, a do alerta, de resistência e de exaustão, em que o organismo tenta se adaptar ao evento estressor e, nesse processo, usa grande quantidade de energia adaptativa. Na fase do alerta, o organismo deve estar preparado para a reação de luta ou fuga, que é essencial para o equilíbrio e para a preservação da vida. No entanto, se tal equilíbrio não ocorre, devido à presença do agente estresse por um tempo indeterminado, dará espaço para a segunda fase, denominada de resistência, em que as reações são opostas e aparentes, dando origem aos sintomas iniciais de sensação de desgaste e cansaço. Se o estressor for contínuo e o indivíduo não possuir estratégias para lidar com o estresse, o organismo consome a reserva de energia adaptativa e a terceira fase do modelo trifásico, denominada fase da exaustão, se manifesta, momento em que as doenças aparecem (LIPP, 2003). Já o Modelo Quadrifásico tem seu surgimento nas pesquisas realizadas por Lipp, em 2000, quando padronizava um estudo denominado de Inventário de Sintomas de Stress para adultos. Neste modelo, uma quarta fase foi identificada clinicamente, sendo denominada de quase-exaustão, por se encontrar entre a fase de resistência e a fase de exaustão, que se caracteriza pelo enfraquecimento da pessoa que não está mais conseguindo se adaptar ou resistir ao agente estressor. Nessa etapa, ocorre o surgimento de doenças, no entanto, não tão graves quanto na fase da exaustão. No Modelo Quadrifásico proposto por Lipp (2003) e Lipp (2004), a fase de alerta é caracterizada quando o indivíduo necessita produzir mais força e energia com o objetivo de compensar um esforço maior que está sendo exigido. Nesse sentido, o organismo humano

53 52 apresenta um processo autorregulatório, com a finalidade de realizar uma compensação frente ao desafio ou ameaça percebida. Caso tal compensação ocorra, um quadro de saúde se instala; caso não, a homeostase corporal é desequilibrada, não ocorrendo a harmonia interior. Na segunda fase, caracterizada como de resistência, ocorre um aumento na capacidade de resistência acima do normal, e o organismo tenta recuperar o equilíbrio, gerando a sensação de desgaste, que muitas vezes é considerado sem causa aparente, podendo surgir dificuldades com a memória. Nessa fase, mais uma vez, o organismo tenta se restabelecer, buscando uma adaptação completa, resistindo ao estressor adequadamente e o processo do estresse se interrompe sem sequela (LIPP, 2003; LIPP, 2004). A fase seguinte é a fase de quase-exaustão, que não compõe o modelo trifásico, mas apenas a quadrifasico. Nessa fase, o organismo não resiste e cede às tensões estabelecidas pelos agentes estressores. Assim, o indivíduo sente momentos de bem-estar e tranquilidade que oscilam com os momentos de desconforto, cansaço e ansiedade, em que a resistência não é mais eficaz e começam a surgir as patologias. (LIPP, 2003; LIPP, 2004). Lipp (2003) e Lipp (2004) considera a última fase como a de exaustão, em que ocorre a completa falta de resistência e alguns sintomas que aparecem são semelhantes aos da fase de alerta, embora a magnitude seja muito maior, podendo ocorrer a morte como resultado final. Nesse contexto, Mello Filho (1992) afirma que, além dos agentes físicos e psicológicos, deve ser dada importância, atualmente, ao chamado estresse social, caracterizado por situações como exposição a ruídos, aglomerações urbanas, isolamento, trabalho monótono e repetitivo, ou seja, o que corresponde ao modo de viver das grandes metrópoles. Na presente pesquisa, é de fundamental importância fazer uma relação entre o estresse 54 e as condições de vida da população. Nesse sentido, Lipp (2003) afirma que as condições ambientais em que as pessoas vivem podem alterar as diferenças nas avaliações cognitivas usadas pelo indivíduo para interpretar eventos ambientais, determinando como cada pessoa reage a eventos da vida. Nesse contexto, se o estresse é muito alto no país ou na comunidade, os adultos podem se tornar frágeis, sem resistência às dificuldades da vida. No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, onde as transformações ocorrem em todas as áreas com uma rapidez surpreendente, quem estiver incapacitado para 54 Lipp (2004, p.17), baseado em suas pesquisas e no modelo quadrifásico proposto pela mesma, define estresse como uma reação psicofisiológica muito complexa, que tem, em sua gênese, a necessidade de o organismo lidar com algo que ameaça sua homeostase ou equilíbrio interno.

54 53 lidar com as mudanças, certamente não irá contribuir para o sucesso do país e o bem-estar da população. Nessas condições, a qualidade de vida sofre danos intensos. Essa questão foi evidenciada no capítulo 1, em que se demonstrou que a população de baixa renda é obrigada a se deslocar para ambientes inadequados e necessita se adaptar a lugares insalubres que afetam a saúde e a qualidade de vida favorecendo o aparecimento de estresse. 3.4 SOFRIMENTO PSÍQUICO, MEMÓRIA E SENTIMENTO DE PERTENÇA EM CONTEXTOS URBANOS. Ainda que sofrimento psíquico e doenças mentais não apareçam como objeto de investigação deste trabalho, é importante estabelecer a relação entre vida urbana e sofrimento psíquico, dada a proximidade 55. A partir da década de 90, vários estudos foram construídos no Brasil enfocando a prevalência de transtornos mentais nas populações, determinando fatores de risco que, se expandido ao campo da saúde pública, norteiam medidas preventivas em relação a políticas de saúde mental. Nesse sentido, Brito (2006) relata que a exposição à pobreza no espaço urbano das grandes metrópoles tem sido objeto de estudos recentes nas ciências sociais e humanas e na Antropologia cultural, a respeito dos problemas psíquicos. Schneider (2003) afirma que os efeitos negativos da pobreza sobre a saúde mental são sérios, independentemente de idade, etnia ou gênero, podendo a baixa situação socioeconômica favorecer o aumento de sintomas psiquiátricos. Alguns pesquisadores acreditam que os riscos para sofrimento psíquico devem-se à estratificação social e à pobreza. A manifestação de características psíquicas que ocorre na vida dos indivíduos envolve um conjunto de elementos que a constituem, seja de ordem orgânica, psíquica, social, cultural, religiosa, filosófica ou econômica. Esse tipo de manifestação repercute na história de vida pessoal, familiar e na rede de relações interpessoais (DALMOLIN; VASCONCELLOS, 2007). 55 Estudos realizados por Dalmolin e Vasconcellos (2007, p.1) abordam a saúde mental, em um cenário de tendência de reversão do modelo hospitalar, para uma ampliação significativa da rede extra-hospitalar, de base comunitária e territorial promotora da reintegração social e da cidadania - tendo, como objeto de estudo, trajetórias empregadas no cotidiano das relações sociais de sujeitos que enfrentam o adoecimento psíquico, no espaço da cidade.

55 54 Nesse sentido, Martin et al (2007) afirmam que a depressão é uma característica comum dos sofrimentos psíquicos 56 e que esta é um grave problema de saúde pública. Esse transtorno compromete o cotidiano das pessoas no relacionamento social, seja na família, trabalho ou comunidade. Estudos revelam que, em 2020, a depressão será a segunda causa de incapacidade no mundo e que essa pode ser compreendida com referência ao segmento cultural no qual o indivíduo está imerso. Estudos realizados por Dantas (2008) apontam que o sofrimento psíquico pode se constituir como um dos principais fenômenos decorrentes de situações de exclusão social 57, associando-se a diversos eventos da vida, seja à ruptura com modos de vida, seja à permanência de certos modos e existências, revelando a preponderância da sensibilidade atual em termos afetivos, estéticos ou morais e recobrindo todas as formas de vulnerabilidade psíquica associadas a situações de precariedade e perda de recursos e vínculos sociais. É de grande relevância mencionar que o sofrimento psíquico não afeta apenas a população de baixa renda ou em situações de exclusão social. Nesse capítulo foi abordado de tal forma, pois as áreas de estudo desta pesquisa são comunidades de baixa renda, como mencionado anteriormente. No entanto, independentemente da origem e do nível do sofrimento psíquico, este está relacionado com as dificuldades de melhoria de qualidade de vida dos indivíduos, impedindo a possibilidade de novos projetos de vida e de reinserção na comunidade. Nesse contexto, essa questão está ligada a certos modos e existências e está intimamente relacionada com a memória vinculada aos costumes e culturas em que o indivíduo está inserido, favorecendo o sentimento de pertença do espaço. O termo memória apresentou suas primeiras evidências em 1970, pois os estudos voltados para a área procuravam abordar aspectos da cultura popular, da vida em família, dos hábitos e costumes, da religiosidade, entre outros pontos que remetem à constituição social da 56 Schneider (2003) afirma que o surgimento do sofrimento psíquico está relacionado com as dificuldades de conviver com a multiplicidade contraditória de significados, oriundas do antagonismo subjetividade/objetividade, além da dificuldade de operar planos e por definir o sentido da vida, aliado ao sentimento de impotência e de vazio. No entanto, Souza (2005) publica na Agência Fiocruz de Notícias que o sofrimento psíquico é um conjunto de condições psicológicas que não se caracteriza como uma doença, mas gera alguns sinais e sintomas que indicam sérios sofrimentos, e pode estar relacionado com diversos fatores como o estresse e a dificuldade de se adaptar as alterações do meio. 57 Vale aqui relembrar o conceito de exclusão social e a sua relação com a saúde, como mencionado no capítulo anterior, sendo entendida por Amaro (s/d) como uma situação de falta de acesso às oportunidades oferecidas pela sociedade aos seus membros, podendo implicar em privação, falta de recursos ou, de uma forma mais abrangente, ausência de cidadania, a qual abarca diferentes níveis de organização e expressão, tais como: ambiental, cultural, econômico, político e social.

56 55 memória. Neste contexto, tornou-se fundamental o retorno às ideias de Maurice Halbwachs que, em 1925, elaborou uma espécie de sociologia da memória coletiva. Carvalhal (2006, p.1) relata que: a questão central na obra de Maurice Halbwachs consiste na afirmação de que a memória individual existe sempre a partir de uma memória coletiva, posto que todas as lembranças são constituídas no interior de um grupo. A origem de várias idéias, reflexões, sentimentos, paixões que atribuímos a nós são, na verdade, inspiradas pelo grupo. A disposição de Halbwachs acerca da memória individual refere-se à existência de uma intuição sensível. A memória 58 e o sentimento de pertença 59 estão relacionados às lembranças dos indivíduos a respeito de momentos urbanos ou de formas espaciais que já não existem mais (ABREU, 1998). A antropologia cultural afirma que a memória do ambiente urbano se torna evidente quando o espaço da cidade deixa de ser visto apenas como um meio geográfico, mas passa a ser percebido como um símbolo. Nesse sentido, estudos realizados por Mercedes e Brito (2006) afirmam que as ciências sociais e as humanas evidenciam a forma de ver e de analisar o meio, pois este passa a ser visto como uma forma de sobrevivência, já que a desigualdade social impõe tal situação, o que favorece o aparecimento do sofrimento psíquico provocado pelas condições de vida e de moradia, como é o caso da área do entorno do Igarapé Mata Fome. Schneider et al. (2003, p.27) afirmam que sofrimento psíquico é: um conjunto de mal-estares e dificuldades de conviver com a multiplicidade contraditória de significados, oriundo do antagonismo subjetividade/objetividade. Caracteriza-se por dificuldade de operar planos e por definir o sentido da vida, aliado ao sentimento de impotência e de vazio, o eu experimentando como coisa alheia. Dantas (2008, p.2) afirma que: o contexto da saúde mental produziu uma expansão no domínio do próprio conceito de sofrimento psíquico, posto incluir também uma perspectiva pertinente à problemática social, uma vez que no âmbito da saúde mental compreende uma proposta de bem-estar subjetivo e de equilíbrio psicológico indispensável em um contexto normativo que faz apelo à autonomia dos indivíduos e às suas capacidades pessoais de decisão e de ação. Desta forma, pensar a especificidade conferida à 58 Abreu (1998, p.82) afirma que memória é uma categoria biológica/psicológica que diz respeito à capacidade de armazenagem e conservação de informações. Já Epelboim (2004) relata que memória deve ser considerada como um sistema de envolve três procedimentos, ou seja, deve reter e codificar a informação, armazenar e recuperar. 59 Prado (2002) afirma que o sentimento de pertença está condicionado a um conjunto de valores, crenças e interesses que definem a identidade coletiva de determinado grupo.

57 56 etiologia do sofrimento psíquico revela a concepção implícita que se tem sobre o sujeito, sobre o humano e sobre a vida, posto que pensar no sofrimento psíquico é se engajar na própria ideia de tratamento do sofrimento, que não pode ser pensado como pura técnica, nem ser reduzido a um ato operacional estritamente codificado. Pensar e tratar o sofrimento psíquico impõe a reflexão sobre aspectos subjacentes à noção, tais como certa ideia do homem e de psiquismo, donde essa reflexão se desdobra, necessariamente, num debate sobre a própria sociedade. Nos anos 80, o individualismo contemporâneo passou a ser motivos para reflexão sobre o sofrimento psíquico vivenciado pelos indivíduos na vida cotidiana, revelando muitas preocupações sociais e políticas, relacionando a dupla problemática: o indivíduo e a sociedade (DANTAS, 2008). Schneider et al. (2003) afirmam que todo problema relacionado ao estresse ou, em caso mais patológico, como o sofrimento psíquico é caracterizado como social, pois tal situação é oriunda da produção de seres humanos frutos de uma organização social, representantes (consciente ou inconsciente) dos interesses e dos valores do lugar em que vivem ou ocupam. No capítulo seguinte será abordada a relação entre os cenários de estresse e qualidade de vida urbana, com especial destaque ao acesso aos serviços urbanos a partir da análise quantitativa e qualitativa dos dados obtidos na pesquisa de campo.

58 57 4. CAPITULO 3: CE ÁRIOS DE ESTRESSE X QUALIDADE DE VIDA URBA A: QUA DO OS SERVIÇOS URBA OS MARCAM A DIFERE ÇA. Nesse capítulo objetiva-se perfilar o cenário de estresse e qualidade de vida urbana em áreas pautadas por dotações de serviços urbanos diferenciados. Para tal, será realizada uma análise dos dados quantitativos compostos por características socioeconômicas (sexo, faixa etária, renda mensal e educação), características sociodemográficas e habitacionais (número de cômodos, número de moradores por moradia, moradia, tipo de moradia, localização do banheiro e percepção quanto à moradia), características de saneamento básico (rede pluvial, água encanada, coleta de lixo e energia elétrica) das áreas estudadas, bem como, os domínios e a qualidade de vida global dos indivíduos residentes nas áreas e o nível de estresse dos mesmos. Por fim, serão apresentados os dados qualitativos, que foram coletados por meio de entrevistas estruturadas e semiestruturadas a 10 moradores de cada área, com o propósito de realizar uma interface da qualidade de vida, estresse e serviços urbanos básicos com o meio urbano em que vivem. 4.1 ANALISANDO OS DADOS E COMPARANDO OS RESULTADOS Estudos realizados por Lobo (2004) sobre condições de vida dos bairros da cidade de Belém 60 levaram em consideração algumas variáveis, dentre elas renda, educação, habitação e saneamento, em que os dados foram oriundos do Censo Demográfico de 2000 (IBGE). Nesse sentido, esses dados serão utilizados como base de comparação entre a realidade das duas áreas pesquisadas nesse estudo. Inicialmente, vale ressaltar que os moradores entrevistados das Comunidades apresentaram uma faixa etária acima de 40 anos, sendo a média de idade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela de 54,8±9,14, em que 96% dos entrevistados eram do sexo 60 É importante relembrar que na comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela os bairros estudados foram Pedreira, Fátima e Telégrafo e, no entorno da Comunidade do Igarapé Mata Fome, os bairros do Tapanã, Pratinha e São Clemente.

59 58 feminino 61 e, no entorno do Igarapé Mata Fome, de 54,9±9,63, sendo 61% dos entrevistados do sexo feminino 62. Na Tabela abaixo se observam as características descritivas dos moradores da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome. TABELA 1 - Características descritivas dos indivíduos estudados da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome. Entorno da Unama Campus Entorno do Igarapé Mata Fome Alcindo Cacela Características N % N % Sexo Feminino Masculino Faixa etária anos anos anos anos anos ou mais N: Amostra de 84 indivíduos para cada Comunidade. FO TE: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Nas Ilustrações abaixo se observa a média mensal dos chefes de famílias e o percentual dos chefes de família com 10 ou mais anos de estudos, dados baseado no Censo de 2000, mas que, no entanto, não tiveram mudanças significativas para o ano de 2008/ , como se pode observar a seguir. 61 A elevada porcentagem do sexo feminino se deve ao fato de que a pesquisa foi realizada pela parte da manhã, em que os homens não se encontravam em casa e estavam no trabalho. 62 A porcentagem de homens entrevistados foi maior na comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome, pois na comunidade o trabalho informal predomina, especialmente em tabernas e mercearias. Por esta razão, os homens estavam em casa no momento de realização das entrevistas. 63 Anos de coleta de dados para essa pesquisa.

60 59 ** * De acordo com o Censo de 2000, representativo na Ilustração 15, os moradores da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresentam uma média de renda mensal de R$409 a R$1280, no entanto, os do entorno do Igarapé Mata Fome apresentam uma média de R$0 a R$408. Dados semelhantes foram encontrados nessa pesquisa, pois 57% dos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresentavam mais de 3 salários mínimos 64. No entorno do Igarapé Mata Fome, 42% dos moradores apresentavam de 2 a 3 salários mínimos e 35% até 1 salário mínimo, como demonstra na Tabela 2. *Comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela/ **Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome ILUSTRAÇÃO 14 Valores da renda mensal do chefe do domicílio em Belém, Censo FO TE: LOBO (2004) 64 Nessa pesquisa o salário mínimo considerado é de R$415,00, referente ao salário mínimo vigente em 2008.

61 60 ** * *Comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela/ **Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome ILUSTRAÇÃO 15 Valores do percentual de chefes de domicílio com 10 anos ou mais de estudo em Belém, Censo FO TE: LOBO (2004) Com relação ao grau de escolaridade, de acordo com o Censo de 2000, a área da Unama Campus Alcindo Cacela apresentava de 36,9% a 82,5% dos chefes de domicílio com 10 anos ou mais de estudo. Na área do Igarapé Mata Fome, o grau de escolaridade é inferior e até mesmo considerado precário em que de 0% a 24,4% dos chefes de domicílios apresentam de 10 anos ou mais de estudo. Nessa pesquisa, no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela 38% dos entrevistados apresentaram Ensino Fundamental Incompleto e 38% apresentaram Ensino Médio Completo. Realidade muito diferente foi encontrada na outra comunidade em estudo, em que 62% apresentavam Ensino Fundamental Incompleto e 24% não apresentavam escolaridade, ou seja, eram analfabetos, como demonstrado na Tabela 2. Tal situação é a mesma apresentada pelo Censo de 2000.

62 61 TABELA 2 - Características socioeconômicas dos indivíduos estudados da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome. Entorno da Unama Entorno do Igarapé Mata Fome Campus Alcindo Cacela Características N % N % Renda mensal Sem rendimento Até 1 salário mínimo Mais de 1 a 2 salários mínimos Mais de 2 a 3 salários mínimos Mais de 3 salários mínimos Educação Sem escolaridade Ensino Fundamental Incompleto Ensino Fundamental Completo Ensino Médio Incompleto Ensino Médio Completo Ensino superior N: Amostra de 84 indivíduos para cada Comunidade. FO TE: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Em relação às características sociodemográficas e habitacionais é de grande relevância destacar a qualidade do domicílio, posto que, de acordo com Lobo (2004), quanto mais precário é o domicílio, maior é o número de pessoas morando no mesmo. Outra realidade vivida pelas populações de baixa renda em Belém é o que Jacobi (2006) denomina de casa coletiva, caracterizada por habitações coletivas, ou seja, moradias coabitadas por varias famílias em cômodos de quintal 65. Na tabela abaixo serão apresentados os dados referentes às características sociodemográficas e habitacionais dos indivíduos estudados de ambas as áreas. 65 Tal processo ocorre porque a evolução histórica dos bairros é muito semelhante, baseada no processo de invasão de terras, em que um terreno serve de abrigo para várias pessoas da mesma família, favorecendo a construção de casas coletivas. Algumas vezes, pela necessidade de abrigar parentes necessitados, como ocorre às proximidades do Igarapé Mata Fome, em que várias famílias moram em um terreno, no entanto cada um em seu cômodo. No caso do entorno da Unama, a necessidade de morar perto do centro, muitas das vezes por causa do emprego, obriga os indivíduos a viverem juntos na mesma casa.

63 62 TABELA 3 - Características sociodemográficas e habitacionais dos indivíduos estudados da Comunidade no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e no entorno do Igarapé Mata Fome. Entorno da Unama Entorno do Igarapé Mata Fome Campus Alcindo Cacela Características N % N % úmero de cômodos 1-2 cômodos cômodos cômodos Mais de 6 cômodos úmero de moradores por moradia 1-3 moradores moradores moradores Mais de 10 moradores Moradia Própria Alugada Emprestada Tipo de Moradia Madeira Alvenaria Madeira/Alvenaria Localização do banheiro Dentro da moradia Fora da moradia Não possui banheiro N: Amostra de 84 indivíduos para cada Comunidade. FO TE: Pesquisa de Campo, 2008/2009. De acordo com as características sociodemográficas e habitacionais dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, como evidenciado na tabela acima, 43% das residências apresentam 5-6 cômodos e em 52% das residências moram de 4 a 6 pessoas. A denominação de casa coletiva pode ser observada no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, conforme depoimento de uma das moradoras. A minha casa é grande e tem vários quartos, a necessidade fez com que a gente fizesse porque muita gente mora lá, mas ela não tem quintal, ai a gente estende as roupas no pátio. Todo mundo já construiu casa lá e agora parecem aqueles kitnet do Rio de Janeiro, mas é uma casa boa e foi bem estruturada (Moradora M.N.S.R.). Na comunidade do Igarapé Mata Fome, 57% das casas apresentam de 3 a 4 cômodos e 48% apresentam de 1 a 3 moradores; 38% apresentam de 4 a 6 moradores. Uma situação muito comum na comunidade é a permanência de 3 ou mais gerações vivendo na mesma casa, e muitas vezes as mulheres são solteiras.

64 63 Pesquisas do Censo de 2000 demonstram a realidade vivenciada em Belém quanto à distribuição espacial do número médio de pessoas por domicílio, que nos bairros que formam o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela varia de 3,89-4,23 e 4,53-5,1 favorecendo a ideia de que as casas mais centrais apresentam um maior número de moradores. Nos bairros que formam o entorno do Igarapé Mata Fome a média varia de 3,89-4,53; ou seja, há menos pessoas por domicílio nos bairros mais periféricos (ILUSTRAÇÃO 16), mas não se deve esquecer que nos bairros periféricos as residências são formadas por cômodos menores e, em algumas situações, as residências apresentam apenas um cômodo, vivendo em habitações coletivas. Com relação à posse da moradia, muito moradores na época do sistema de macrodrenagem do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela conquistaram os título de posse das casas onde viviam, e assim, 95% dessas pessoas afirmam que possuem casa própria. No entorno do Igarapé Mata Fome, 95% afirmam que as casas são próprias, porém, as mesmas não são regularizadas; ou seja, apenas consideram ser próprias, pois pagaram uma quantia a terceiros. Portanto, para Souza (2009), o espaço social não é apenas uma condição e um produto, mas meio para as relações conflitantes dentro do capitalismo, em que a reprodução das relações do capitalismo moderno se desdobra para a vida cotidiana de uma sociedade urbana. Nesse contexto, Martins (2006, p. 134) afirma que: o 'direito à cidade' e à cidadania é concebido como direito fundamental e concerne à participação dos habitantes das cidades na definição legítima do destino que estas devem seguir. Inclui o direito à terra, aos meios de subsistência, à moradia, ao saneamento ambiental, à saúde, à educação, ao transporte público, à alimentação, ao trabalho, ao lazer e à informação. Uma questão que pode influenciar nas condições de vida e de saúde dos indivíduos que residem em áreas oriundas de processo de invasão é a dos domicílios impróprios para habitação, sendo esta uma característica muito evidenciada em áreas invadidas onde se encontram casas insalubres e em condições precárias, comuns nas periferias do município de Belém. Duas características citadas e avaliadas nessa pesquisa referem-se ao tipo de moradia comum nas áreas estudadas, sendo de madeira, alvenaria ou mista. De acordo com Tabela 3, percebe-se que no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela 38% das casas são de madeira; 54%, de alvenaria e 8% são mistas, ou seja, possuem compartimentos de madeira e outros de alvenaria 66. Já no entorno do Igarapé Mata Fome 53% das moradias foram construídas

65 64 exclusivamente com madeira; 42%, em alvenaria e 5% das casas são mistas. Dados semelhantes podem ser observados na Ilustração 17, baseada no Censo de 2000 das pesquisas realizadas por Lobo (2004) em que até 3,5% das casas são impróprias para domicílio nos bairros centrais, como Pedreira, Telégrafo e Fátima, estes que compõem o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. Já nos bairros mais periféricos, caracterizados por moradores que possuem uma renda inferior, essa porcentagem é de até 6,4% para moradias impróprias, como é o caso do Igarapé Mata Fome Essa característica de casa mista (madeira/alvenaria) é muito comum no município de Belém. Muitas vezes, os moradores da casa procuram melhorar suas residências de madeira, iniciando assim a construção em alvenaria, no entanto, por motivos financeiros a obra fica inacabada. 67 Após o sistema de Macrodrenagem do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, a área conquistou melhoras significativas, favorecendo a evolução do local e melhorias nos serviços públicos, o que levou os moradores da área a melhorarem suas casas, construindo as mesmas de alvenaria, para que a evolução ocorresse de maneira equilibrada, no entanto, muito moradores ainda possuem casa de madeira ou mista, o que se justifica por falta de recursos financeiros.

66 65 ** ** * * *Comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela/ **Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome ILUSTRAÇÃO 16 Valores do número médio de pessoas por domicílio em Belém, Censo FO TE: LOBO (2004) *Comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela/ **Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome ILUSTRAÇÃO 17 Valores do percentual de domicílio impróprios para habitação em Belém, Censo FO TE: LOBO (2004) Serviços urbanos básicos, tais como sistema de rede pluvial, água encanada, coleta de lixo e energia elétrica são essenciais para se obter condições de vida mais satisfatórias. A área do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela possui todos os serviços urbanos básicos acima citados, como se pode observar na Ilustração abaixo.

67 REDE ESGOTO PLUVIAL ÁGUA ENCANADA COLETA DE LIXO ENERGIA SIM NÃO ILUSTRAÇÃO 18 Características de saneamento básico das moradias do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Pesquisa de Campo, 2008/2009. Lobo (2004) relata em suas pesquisas, baseadas no Censo de 2000 do município de Belém, que nos bairros do Telégrafo, Pedreira e Fátima, o sistema de esgotamento sanitário é de 88,5-99,9%; o sistema de canalização interna varia de 90,9-99,8%; e a coleta de lixo é de 91,5-99,8%, sendo realizada todos os dias, exceto domingos e feriados, como relatado pelos próprios moradores da área, conforme mencionado anteriormente. No entorno do Igarapé Mata Fome, a realidade encontrada não é a mesma, pois os serviços urbanos básicos de coleta de lixo e fornecimento de energia elétrica são evidentes na área. No entanto, a coleta de lixo só é realizada três vezes por semana e a energia elétrica é fornecida pela Companhia de Rede Elétrica responsável. Todavia, muito moradores não efetuam o pagamento cobrado e adotam o sistema de fornecimento de energia clandestina, como já mencionado ao caracterizar a área. Com relação ao sistema de rede pluvial, esse ainda não foi implantado na área; em relação aos 5 moradores que afirmam possuí-la, como demonstra a Ilustração abaixo, este fato está relacionado a casas que se localizam mais próximas à Rodovia Arthur Bernardes, mas o sistema não é adequado. Quanto à água encanada, 84 moradores relataram não possuir, pois a pesquisa de campo foi realizada na fase inicial de implantação do sistema de canalização, em que os serviços estavam sendo realizados, mas os moradores ainda não recebiam água em suas casas. Ao final do ano de 2009, apenas alguns moradores possuíam esse sistema, mas relatavam que o mesmo não era satisfatório e a água não era de boa qualidade, como mencionado anteriormente. Na Ilustração 20, pode ser observada tal situação.

68 SIM NÃO ESGOTO REDE PLUVIAL 0 ÁGUA ENCANADA COLETA DE LIXO 1 1 ENERGIA ILUSTRAÇÃO 19 Características de saneamento básico das moradias do entorno do Igarapé Mata Fome FO TE: Pesquisa de Campo, 2008/2009. De acordo com o Censo de 2000, nos bairros do Tapanã, Pratinha e São Clemente o sistema de esgotamento sanitário adequado existe em 49% da área e o sistema de canalização interna, em 41,9%-61,9% das moradias. Os serviços urbanos e comunitários acima citados influenciam nas condições de vida dos indivíduos que residem em áreas impróprias e insalubres. De acordo com Lobo (2004), os bairros do município de Belém que apresentam melhores condições de vida são aqueles localizados no interior da Primeira Légua Patrimonial, como demonstrado na Ilustração abaixo pelo grupo 5. Os demais bairros são caracterizados pelo processo histórico da urbanização, o que determina os atuais níveis de condições de vida.

69 68 ILUSTRAÇÃO 20 Bairros e grupos segundo o nível de condições de vida em Belém, Censo FO TE: Lobo (2004) Nessa pesquisa, os bairros estudados da Pedreira, Telégrafo e Fátima, ou seja, bairros do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela são caracterizados de acordo com a Ilustração acima, com o nível de condição de vida no grupo 4, apresentando melhores resultados do que os bairros do Tapanã, Pratinha e São Clemente, do entorno do Igarapé Mata Fome, que estão locados no grupo 3 de nível de condição de vida. Tais condições estão relacionadas, dentre outras características, com as ambientais e habitacionais. Jannuzzi (2006) afirma que as necessidades básicas para a sobrevivência humana estão diretamente relacionadas com as apreciações subjetivas sobre a qualidade de vida de uma população abordando alguns indicadores fundamentais como a satisfação com a moradia; satisfação com o bairro, vizinhança e a cidade; intenção de mudar-se de domicílio e/ou cidade; atendimento de necessidades básicas e atendimento de aspirações culturais e lazer. Na realização da entrevista estruturada, os moradores foram questionados se gostariam de se mudar da comunidade; dos 10 entrevistados, apenas 6 disseram que gostariam mudar de endereço e que não gostariam de morar no Centro da Cidade, mas sim, voltar a morar no interior. Em seu relato, uma moradora afirma que o lugar não faz bem a ela porque tem que conviver com a falta de água, o que favorece o aparecimento de doença. Se fosse para eu mudar para um lugar melhor, claro, quem não gostaria, queria um lugar que fosse mais seco, que tivesse um lugar para criar (...) Aqui quando falta água, a gente não tem como fazer nada, quando falta água eu fico ate doente, a minha pressão sobe (Moradora M.A.T.).

70 69 Os 4 entrevistados restantes disseram que não gostariam de se mudar porque consideram o ambiente bom e já estão acostumados com o local; preferem, ainda, continuar morando naquela área porque foi o lugar a que tiveram acesso e atribuem à vontade de Deus sua permanência no mesmo. Essa situação de aceitação é característica de moradores que não apresentam percepção de saúde-doença, conforme pesquisa realizada por Costa (2009) 68, em que se constata que esses moradores não apresentam perspectivas de melhoria de vida. Situação muito diferente é percebida no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, em que os 10 moradores entrevistados não gostariam de se mudar da Comunidade, pois a mesma oferece todos os acessos aos serviços e por morarem em um bairro central. Nesse sentido, torna-se pertinente relacionar cada indicador de qualidade de vida com a realidade das duas áreas estudadas, para tanto, se realizará relato dos moradores para uma comprovação subjetiva 69. Primeiramente, com relação à satisfação com a moradia, é de grande relevância mencionar o estudo de Costa (2009) 70 realizado nas mesmas áreas, em que 69% dos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela consideram suas casas boas ou muito boas, 23% consideram razoáveis e 8% consideram como ruins; nenhum morador considerou a residência como muito ruim. No entorno do Igarapé Mata Fome, 55% moradores consideram como boa ou muito boa sua moradia; 35%, como razoável, 8%, como ruim e 2% dos moradores relataram que possuíam casa muito ruim. Dessa forma, a satisfação com a moradia é maior no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. Esses dados permitem inferir que as condições habitacionais consistem em um dos indicadores para a qualidade de vida satisfatória e que a falta dessas condições interfere no bem-estar da população que não as possuem. A falta de bem-estar é um dos determinantes para o surgimento de eventos emocionais desfavoráveis, o que pode favorecer o aparecimento dos sintomas de estresse característicos do ambiente social e urbanizado (ADRIANO et al. 2000; MELLO FILHO, 1992). 68 Costa (2009, p.65) relata que dados apresentados relativos à compreensão de populações sobre a relação saúde-doença permite uma inferência central: mesmo em populações semelhantes do ponto de vista socioeconômico e demográfico, a percepção sobre a relação saúde-doença está diretamente relacionada aos serviços urbanos oferecidos pelo Poder Público, repercutindo, assim, na condição de saúde e qualidade de vida da população. 69 Subjetividade está relacionada com a opinião de cada individuo. 70 Costa (2009) em seus estudos possuía um N-Amostral de 84 moradores para cada área de estudo.

71 70 Outro indicador favorável para a qualidade de vida é a satisfação com o bairro, vizinhança ou com a cidade. Ressalte-se que os 10 moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela que responderam à entrevista semiestruturada não gostariam de mudar de cidade, muitos deles por gostar do bairro e dos vizinhos. Vale lembrar que a intenção de mudança de domicílio ou cidade é mais um indicador a ser considerado. Eu gosto dos meus vizinhos, do bairro da pedreira que é muito independente (Moradora S.S.M.). Eu gosto muito daqui, eu me sinto bem na vizinhança (Moradora M.N.S.R.). É muito bom morar aqui, porque oferece muitas coisas, tem pronto-socorro, tem perto a Santa Casa, tem uma faculdade, tem a feira da Pedreira e da 25, tudo é pertinho, tem coisas no supermercado Formosa e no Amazonas (Moradora A.M.G.C.). Acho tudo perto, tem supermercado, temos vários bancos, tem ponto do INSS e centro de saúde, temos feiras, o pronto-socorro e a Santa Casa (Moradora M.N.S.R.). Aqui é tudo perto e se falta alguma coisa, eu vou ao supermercado, são dois quarteirões (Moradora B.G.B.). O bairro da Pedreira é muito independente, aqui tem tudo, tem vários bancos, têm mercado, temos três grandes supermercados, farmácias, eu não tenho vontade de mudar daqui (Moradora S.S.M.). Tal situação de acessibilidade aos serviços públicos e privados favorece melhores condições para a qualidade de vida, sendo ainda marcada pelo sentimento de pertença dos próprios moradores ao bairro, o que está condicionado ao conjunto de valores e interesses referentes à identidade coletiva da área. Já no entorno do Igarapé Mata Fome, a realidade é diferente pois, dos 10 entrevistados, 6 gostariam de se mudar e retornar para o interior de origem, ou seja, para a cidade natal, sendo um dos motivos relatados pelos mesmos o problema com os vizinhos. Tenho problema com esse meu vizinho do lado, eu me sinto privada (Moradora A.A.O.). Aqui os vizinhos são muito briguentos. Aqui tem muitas conversinhas e ninguém respeita, eles colocam o som bem alto e fica a noite toda (Moradora A.S.C.). Nesse contexto, vale afirmar que os moradores do entorno do Igarapé Mata Fome não apresentam sentimento de pertença à área e que os mesmos ainda possuem agravantes em relação ao surgimento e aumento do nível de estresse.

72 71 Com relação ao indicador de atendimento de necessidades básicas, observou-se que o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresenta todos os serviços urbanos e comunitários, bem como a proximidade de postos de saúde e outros estabelecimentos públicos e privados no próprio bairro. Tenho perto de casa o centro de saúde e o pronto-socorro (Moradora M.L.). É bem próximo da minha casa, fica a uma quadra da minha casa, eu vou andando. Nós vivemos uma época muito boa, nós progredimos (Moradora I.A.N.). Eu uso o ônibus, não existe muita carência, agora tenho dois linhas que passam na frente da minha casa (Morador R.M.G.). Tem ônibus na Marques e na Pedro Miranda, para onde você quiser tem um ônibus. São bem confortáveis e agora tem os transportes alternativos que se deslocam para um monte de lugar (Moradora C.H.M.S.). O entorno do Igarapé Mata Fome não apresenta todos os serviços urbanos básicos e o pouco que se tem é prestado de forma inadequada; além da distância dos postos de saúde e dos demais tipos de serviços, o que obriga os moradores da área a se deslocarem para o centro da cidade. Tal cenário pode ser evidenciado nos relatos dos moradores. O posto de saúde daqui é precário, para conseguir uma ficha tem que dormir lá, nunca tem médico e nunca tem nada (Moradora M.A.T.). Não é muito perto, é uma boa caminhada e às vezes a gente não consegue pegar uma ficha, ai tem que chegar cedo (Moradora S.C.P.). Olha, aqui no Tapanã da para ir andando, mas não tem médico, eles marcam as consultas, a gente chega lá e nunca tem atendimento. O atendimento é muito ruim e já cheguei lá passando mal com a minha pressão alta e eles não me atenderam Tem o da Pratinha, lá eles me atendem, mas tem que ir de ônibus, porque é mais longe (Moradora A.S.C.). A gente não tem uma farmácia boa, a gente não tem um mercado bom, as coisas são caras por aqui por perto e às vezes a gente tem que comprar as coisas na feira que é um pouco longe, mas a gente vai (Moradora M.A.T.). Deveriam colocar mais lojas para a gente compra, a gente tem que acordar cedo, vou para o centro comprar as coisas de manhã e só volto pela banda da tarde. Aqui tudo é longe a feira mais próxima são 15 minutos daqui, andando a pé (Moradora E.S.T.). Não, não tem nada perto, aqui as coisas são caras e longe. A gente faz compras dia de sábado e faz lá no centro porque é mais barato e traz para cá (Morador J.L.B.). O indicador de atendimento de aspirações culturais e de lazer é bem evidente no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, de acordo com os relatos dos moradores. Nós temos três grupos que toca Carimbó na rua, aí eu saio da comunidade para me divertir, eu saio muito, todo fim de semana (Moradora M.N.S.R.).

73 72 Agora vou mais a aniversário, vou muito para Mosqueiro, Salinas. Vou ao shopping e na Estação das Docas (Moradora S.S.M.). Procuro me divertir na praia, gosto de dançar e ir a um bom show (Moradora I.A.N.). Já no entorno do Igarapé Mata Fome, esse indicador não é evidente. Isso se deve ao fato da distância da comunidade em relação aos centros de atrações culturais e de lazer, bem como a dificuldade financeira dos moradores. A gente não tem lazer, porque não tem uma praça (Morador J.L.B.R.). Quando quero me divertir, vou lá para o Telégrafo, lá com a minha família (Morador J.L.B.). Não, não tenho lazer, às vezes vou ao clube com as minhas filhas, tomo a minha lata de cerveja e tomo banho de piscina, geralmente vou de dois em dois meses, porque é muito longe(...) Eu gostaria no final de semana ir ao cinema, de ir à praça, de namorar de mãos dadas, mas o meu marido não quer mais, eu sinto falta, mas as vezes não tem o dindin, o que a gente pega é para pagar as despesas (Moradora M.A.T.) Desses moradores, 6 afirmaram que não gostam de se divertir, e alguns ainda relataram que só se divertem quando vão para a igreja. Esse fato está muito relacionado à influência religiosa percebida. Os indicadores subjetivos de qualidade de vida foram bem evidentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e todos os resultados encontrados apresentam uma interface com os dados quantitativos encontrados nessa pesquisa, em que a qualidade de vida dos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresenta-se melhor em relação aos moradores do entorno do Igarapé Mata Fome, como pode ser observado na Tabela 4. TABELA 4 Valores quanto à média dos domínios de qualidade de vida entre o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e o entorno do Igarapé Mata Fome. Domínios Comunidade do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela (média±dp) Comunidade do entorno do Igarapé Mata Fome (média±dp) Nível de energia 0,33 ± 0,64 1,35 ± 1,23 < 0,00 Dor 2,13 ± 2,29 3,90 ± 2,76 < 0,00 Reações emocionais 1,85 ± 1,70 4,02 ± 2,63 < 0,00 Sono 1,0 ± 1,47 2,07 ± 1,53 < 0,00 Interação social 0,51 ± 0,84 1,66 ± 1,40 < 0,00 Habilidade física 1,30 ± 1,37 2,64 ± 2,02 < 0,00 Qualidade de vida global 7,21 ± 5,70 15,71 ± 9,75 < 0,00 DP=desvio padrão p=p-valor FO TE: Pesquisa de Campo, 2008/2009. p

74 73 Os moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresentam os domínios de qualidade de vida como Nível de energia, Dor, Reações emocionais, Sono, Interação social e Habilidade física melhor do que da outra comunidade, sendo esta diferença estatisticamente significante, com p<0,00 em todos os domínios. No que se refere à qualidade de vida global, os moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresentam uma melhor qualidade de vida com uma média de 7,21±5,70 e os moradores do entorno do Igarapé Mata Fome, de 15,71±9, Nesse contexto, as condições de vida podem influenciar diretamente na qualidade de vida do indivíduo, o que favorecerá o aparecimento de patologias, em que muitos casos iniciam com o surgimento de estresse provocado pela vida urbana. Vale ressaltar que a baixa pontuação dos domínios de reações emocionais, interação social e habilidade física dos moradores do entorno do Igarapé Mata Fome pode estar relacionada com a questão de falta de serviços urbanos básicos, com os problemas sociais e com os próprios vizinhos, como mencionado anteriormente, e até mesmo com a exclusão social, podendo afetar a qualidade do sono dos mesmos. Buscando realizar uma interface da qualidade de vida dos moradores das comunidades estudadas, na pesquisa de campo, nos dados quantitativos em relação ao nível de estresse, observou-se que 72% dos indivíduos do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresentavam positivo bem-estar; apenas 12% indicavam problemas de estresse e sofrimento e nenhum morador indicou sofrimento sério ou severo. Já no entorno do Igarapé Mata Fome, apenas 35% indicavam bem-estar e 60% indicavam problemas de estresse, sofrimento, sofrimento sério ou sofrimento severo, como indicado na Tabela abaixo. 71 Deve-se lembrar que a cada resposta positiva do questionário corresponde a um escore de um (1) e a cada resposta negativa corresponde a um escore zero (0), perfazendo uma pontuação máxima de 38, em que, quanto mais próximo de 38 pontos, pior é a qualidade de vida do indivíduo (TEIXEIRA-SALMELA et al., 2004).

75 74 TABELA 5 Valores do nível de estresse dos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome. Estado de Estresse Pontos Entorno Unama Campus Alcindo Cacela (%) Entorno Igarapé Mata Fome (%) Indica positivo bem-estar 81 a Baixa positividade 76 a Marginal (no limite) 71 a Indica problemas de estresse 56 a Indica sofrimento 41 a Indica sofrimento sério 26 a Indica sofrimento severo 0 a p=p-valor FO TE: Pesquisa de Campo, Nesse contexto, torna-se importante mencionar que Mello Filho (1992) afirma que os agentes físicos e psicológicos, caracterizados também na questão da qualidade de vida, atuam no estresse social provenientes da falta de serviços urbanos, aglomerações urbanas e isolamento social, contribuindo para uma condição de vida desfavorável. Em uma perspectiva de realizar uma média do nível de estresse para comparar as duas áreas, observou-se que o entorno na Unama Campus Alcindo Cacela indicou uma média de 87,02±12,93 sendo considerado positivo bem-estar, no entorno do Igarapé Mata Fome a média foi de 68,88±23,04, indicando problemas de estresse, comprovando que há diferença com p-valor de 0,00 entre as duas comunidades sendo estatisticamente significante. TABELA 6 Comparação das médias do nível de estresse entre o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e o entorno do Igarapé Mata Fome. Entorno da Unama Campus Alcindo Cacela (média±dp) Entorno do Igarapé Mata Fome (média±dp) p Nível de estresse 87,02±12,93 68,88±23,04 0,00 DP=desvio padrão p=p-valor FO TE: Pesquisa de Campo, Borja (2003) afirma que a habitação, o saneamento e o meio ambiente urbano desfavoráveis são condicionantes para o estresse populacional, como é o caso do entorno do Igarapé Mata Fome, que é proveniente de um processo de invasões e passou a ser uma forma de ocupação do espaço urbano. Nesse sentido, a população necessita de adaptação ao meio insalubre. No entanto, a população do entorno do Igarapé Mata Fome não se adaptou ao meio, como demonstra a Tabela 6, apresentando problemas de estresse, o que afetou a saúde e a

76 75 qualidade de vida, favorecendo o aparecimento de estresse caracterizado pelo contexto urbano. Com o propósito de compreender melhor a qualidade de vida e o nível de estresse da população das áreas estudadas, foi realizada uma pesquisa qualitativa 72, o que acarretou diversos entendimentos de como os indivíduos residentes na área percebem a própria qualidade de vida e o estresse a que os mesmos são submetidos devido às circunstâncias da vida urbana. Para tal análise, os indivíduos foram questionados sobre o que seria o termo qualidade de vida. Os resultados encontrados foram surpreendentes. No entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, os 10 indivíduos, em suas respostas, mencionaram que qualidade de vida seria, basicamente, ter acesso à infraestrutura, principalmente acesso ao transporte, à saúde e saneamento, além de escolherem também o item outros 73, ou seja, ter acesso aos serviços urbanos e comunitários (Ilustração 22). Além disso, ter uma boa qualidade de vida seria ter acesso a algumas variáveis que definem subjetividade 74 (Ilustração 23). Alguns relatos dos moradores podem ser visualizados abaixo. Hoje em dia a comida que eu desejo, eu tenho (...). Tudo que eu quero na minha casa eu tenho (Moradora A.M.G.C.). É ter uma boa informação para que a gente possa passar para os nossos filhos (Moradora C.H.M.S.). É ter uma boa saúde e o resto a gente vai conseguindo (Morador R.M.G.). Atentando-se para a resposta do último morador mencionado acima, um outro questionamento foi realizado aos moradores que responderam que ter qualidade de vida seria 72 A análise dos dados da pesquisa qualitativa foi realizada por meio do programa denominado Nvivo que é um software orientado à análise de dados qualitativos que permite relacionar informações e categorias. Um aspecto organizacional do Nvivo é a organização do material em tópicos ou eixos temáticos. Utiliza-se esta ferramenta informacional para os seguintes materiais passíveis de análise: entrevistas, artigos de jornais, transcrições de vídeo dentre outros, desde que seja um material qualitativo e passível de ser digitalizado. Atualmente, é utilizado em pesquisas em todas as universidades importantes da Europa, América do Norte e Oceania, bem como pelo governo e organizações comerciais, incluindo o Instituto de Estudos de Política do Reino Unido, CMS Cameron McKenna, e Loughborough University. 73 Foram considerados como outros, a água encanada, coleta de lixo, energia elétrica e o fácil acesso aos serviços públicos e privados localizados no próprio bairro. 74 Subjetividade: Do, ou existente no sujeito. Individual e/ou pessoal (FERREIRA, 2008).

77 76 ter saúde. Questionou-se sobre o que seria, na percepção 75 dos mesmos, ter saúde, ao que responderam: É dormir e acordar, poder se locomover (Morador R.M.G). Eu acho que é você fazer o que quer, eu tenho muito medo de depender dos outros. É viver em paz. (Moradora S.S.M.). As ilustrações abaixo caracterizam a percepção de boa qualidade de vida dos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, onde foi possível perceber uma ideia caracterizada por serviços urbanos básicos e por subjetividade. Posteriormente, será demonstrada essa relação na perspectiva dos moradores do entorno do Igarapé Mata Fome. Para compreender a ilustração abaixo e as que se seguem, é importante esclarecer que os quadrados localizados na parte inferior correspondem aos dados dos entrevistados e os círculos referem-se aos eixos que expressam as categorias às quais se vinculam os discursos dos entrevistados. 75 Percepção deve ser entendida como um processo mental de integração do individuo com o meio ambiente em que este esta inserido que ocorre por meio de mecanismos perceptivos, principalmente, os cognitivos. Na qual, a mente exerce uma construção da realidade percebida, organizando e percebendo essa realidade com esquemas perceptivos e imagens mentais (DEL RIO, 1996 apud COSTA, 2009, p.25).

78 ILUSTRAÇÃO 21 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de boa qualidade de vida dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

79 ILUSTRAÇÃO 22 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de boa qualidade de vida com base na subjetividade dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

80 79 Nas ilustrações 21 e 22 percebe-se que as condições de acesso aos serviços urbanos e de informações vivenciadas pelos moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela permitem aos mesmos afirmar que a qualidade de vida está relacionada com a questão de infraestrutura, como o transporte, saneamento, saúde, dentre outros. Outra categoria mencionada para caracterizar a qualidade de vida é a subjetividade, como a felicidade e a paz. Nesse sentido, torna-se relevante relembrar Seidl e Zannon (2004) que mencionam que o termo qualidade de vida deve ser dito baseado em duas vertentes; a primeira refere-se à subjetividade, que é caracterizada pela percepção dos indivíduos a respeito do seu estado de saúde e sobre os aspectos não-médicos do seu contexto de vida; a segunda é caracterizada pela multidimensionalidade, composta por fatores físicos, psicológicos, relacionamento social e de ambiente. E, quando questionados quanto ao que seria não ter qualidade de vida, 9 dos entrevistados do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela afirmaram que não ter qualidade de vida seria a falta de infraestrutura, a falta de segurança e de alguns itens referentes a questões subjetivas (ILUSTRAÇÃO 23). Eu como moradora de muitos anos gostaria de reivindicar que a comunidade precisa de boas escolas de ensino médio publica (Moradora I.A.N.). Ainda falta segurança, tem muito assalto em pleno dia, a gente só vê eles correndo lá para banda de casa com celular e com bolsa (Moradora A.M.G.C.). O que prejudica a qualidade de vida é fumar, eu fumo ainda. Eu tenho um sofrimento muito grande por fumar e eu não gostaria, eu gostaria de deixar, mas eu consigo quando estou tranqüilo não tenho aquela ânsia para fumar, mas quando tem alguma briga lá em casa eu começo a fumar, fumar e fumar (Moradora M.N.S.R.). Essa situação permite inferir que os moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresentam uma percepção do que é bom e do que ruim, e que a categoria para uma má qualidade de vida também está ligada à falta de serviços urbanos, tais como infraestrutura e segurança pública, e aos fatores subjetivos, como pode ser observado na Ilustração abaixo.

81 ILUSTRAÇÃO 23 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de má qualidade de vida dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

82 81 No entanto, em relação à outra comunidade estudada, a realidade é diversa, pois os moradores não sabem definir o que seria ter uma boa ou uma má qualidade de vida. Ao serem questionados sobre o que significaria o termo qualidade de vida, os mesmos citam variáveis e situações que não fazem parte da atual realidade vivenciada pelos mesmos na comunidade, como se nota nos relatos abaixo: Eu gostaria de ter só mais um pouco de conforto, eu queria ter um bom alimento, chegar na minha casa abrir a geladeira e comer o que quisesse, mas eu não tenho nem geladeira (Moradora A.A.O.). Para mim é a pessoa ter como viver melhor em relação à situação financeira. Depois que eu parei de trabalhar mudou muito jeito de me alimentar, mudou muito e eu não pude comprar as coisas que gosta de comer, quando trabalhava comprava todo dia e a hora que eu quisesse sem dar satisfação para ninguém (...) Eu gostaria de ter um pouco mais de conforto e que ele (marido) fosse embora e ficasse só eu (Moradora A.S.C.). Qualidade de vida é a coisa que o governo tem que nos dá, como um bom centro de saúde, uma boa água, uma boa escola de ensino. É também tem uma boa alimentação (Morador J.L.B.). Só o fato de eu ter uma liberdade e uma saúde eu acho que já tenho uma qualidade de vida (Morador J.L.B.R.) Os relatos dos moradores evidenciam questões de infraestrutura e saúde que se referem aos serviços urbanos básicos e comunitários, às condições de alimentação e financeira, bem como, a muitas questões relacionadas à subjetividade, como ter liberdade, paz e conforto. O fluxograma a seguir permite enfatizar os dados obtidos e as inferências até aqui elaboradas (ILUSTRAÇÃO 25).

83 ILUSTRAÇÃO 24 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de qualidade de vida dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

84 83 Nesse sentido, vale mencionar que a ausência dos serviços urbanos básicos e de informações, provocada pelo processo de exclusão social, leva a uma invisibilidade das categorias como um elemento que integra qualidade de vida, ou seja, a falta de acesso dos moradores aos serviços urbanos e comunitários impedem que os moradores do entorno do Igarapé Mata Fome possam distinguir o que é bom do que é ruim, pois os mesmos não possuem um nível comparativo entre esses dois fatores, favorecendo um relação coma invisibilidade. Uma situação comum que deve ser mencionada é a afirmação por parte dos moradores da área que a categoria ter comida é um critério para ter qualidade de vida, o que seria, em realidade, uma condição mínima para sobrevivência entre outros indivíduos. Em relação ao que seria ter saúde, foi possível observar que os indivíduos do entorno do Igarapé Mata Fome também não possuem uma percepção adequada do que realmente é entendido como saúde. Observa-se, a seguir, o relato de moradores. É a gente não esta doente (Moradora E.S.T.). É poder enxergar, eu ando, sou uma pessoa sadia, tenho os meus estresses de vez em quando, mas é normal. Tem vários tipos de saúde, tem o mental porque tem gente doente de cabeça. (Moradora M.A.T.). Tal evidência leva a afirmar que os indivíduos estudados, de ambas as áreas, não apresentam uma ideia exata do que é ter saúde, possuindo ainda uma ideia baseada no modelo biomédico 76 sobre o assunto. Outra questão analisada nessa pesquisa foi a questão do estresse vivido pelos moradores das áreas estudadas, tendo sido possível observar que o relato dos moradores durante a entrevista semiestruturada condiz com os resultados encontrados nos dados quantitativos. Dentre os indivíduos do entorno do Igarapé Mata Fome entrevistados na pesquisa qualitativa, apenas uma moradora (M.D.S.B.) afirmou não ter estresse. Além do mais, os 9 demais moradores não souberam relatar se possuíam estresse ou não, ou seja, ao mesmo tempo em que afirmavam não ter estresse, relatavam situações que caracterizam tal 76 O modelo biomédico é caracterizado pela atuação única do médico, onde se consideram apenas os fatores biológicos como causas das doenças. No entanto, a integração das pratica psicossociais e de saúde aos atendimentos favoreceu a construção de um modelo biopsicosocial que engloba os fatores sociais e psicológicos ao biológico e que se caracteriza pela inserção de outros profissionais de saúde na atuação no campo de Saúde (DE MARCO, 2006).

85 84 situação, como a presença do cansaço, da raiva e do nervoso 77, 78, em que mais uma vez se coloca em questão a falta de percepção dos mesmos (ILUSTRAÇÃO 25). Esse fato se deve à questão da exclusão social e à pobreza vivida pelos moradores, que tiveram que se alojar em áreas impróprias para habitação, fato provocado pelo processo de urbanização e especulação imobiliária do centro da cidade. Outra questão é o baixo nível socioeconômico, ou seja, renda e educação dos moradores, o que desfavorece o acesso a informações. Os moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela foram enfáticos em afirmar se possuíam situações de estresse no dia-a-dia ou não, não havendo divergência de ideia a respeito do questionamento, ou seja, não houve cruzamento de respostas. Dos moradores que afirmaram ter estresse, um relatou que era por motivo de cansaço, um por raiva e nervosismo e os outros dois apenas pelo nervosismo (ILUSTRAÇÃO 26). Tal resultado deve-se ao fato de que os moradores do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela estão inseridos em um meio favorável para a compreensão do termo estresse, permitindo que os mesmos possam definir com clareza o conceito e até mesmo relatar se são acometidos por ele ou não e ainda apontar as principais causas. 77 Duarte (1986), em seu livro denominado Da vida nervosa nas classes trabalhadoras urbanas, cita pesquisas realizadas nos bairros de classes trabalhadoras brasileiras. Buscava conhecer os processos de construção das identidades sociais por meio de categorias comuns do vocabulário das pessoas, como nervos, nervoso e nervosismo, em que tais categorias estavam relacionadas à questão social exposta, principalmente, aos processos de urbanização e da modernização, para compreender as condições de vida dos trabalhadores. Em que a categoria nervoso se tornou um estratégia para a compreensão das formas culturais, dos mecanismos sociológicos e das sociedades individualistas dos diversos grupos sociais, passando a ser considerado como um modo ou código para as perturbações físico-morais (alterações do estado normal da pessoa) sofrida pelos grupos sociais. 78 As categorias cansaço, raiva e nervoso são consideradas como categorias nativas, ou seja, definições utilizadas pelos próprios moradores nas áreas estudadas.

86 ILUSTRAÇÃO 25 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de estresse dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

87 ILUSTRAÇÃO 26 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à percepção de estresse dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

88 87 Os dados encontrados permitem ratificar o fato de que se o individuo não percebe ou não identifica como está sua condição de vida, o mesmo é incapaz de tomar atitudes que objetivem mudanças para a melhoria das condições de vida. Nesse contexto, é relevante mencionar Oliveira (2007), que afirma que o direito à cidade, como possibilidade histórica, está ligado às populações que a habitam, que guardam uma contribuição inestimável para a construção prática desse direito como espaços de esperança, frutificado por ações e soluções. No entanto, não há como tal condição ser favorável aos moradores do entorno do Igarapé Mata Fome já que estes não conseguem discernir o que lhes seria melhor na comunidade, a fim de que tenham acesso a um lugar mais saudável e benéfico. Nesse sentido, é de grande relevância citar Barata (2009), que afirma que a renda ou riqueza de um país, grupo social ou até mesmo individual é o principal determinante do estado de saúde, ou até mesmo sobre a percepção da mesma, em que a falta ou a insuficiência de recursos materiais para enfrentar de modo adequado os estressores da vida urbana acaba por produzir patologias e diminuir a saúde. Nessa pesquisa, devem ser levados em consideração aspectos comuns evidenciados na população de ambas as comunidades, como a memória e o sentimento de pertença, cada um em sua vertente. Por meio da analise da entrevistas dos moradores da área, pode ser observado que no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela os indivíduos, em momentos de lembranças e memória de sua trajetória pessoal pela comunidade, enfatizaram que possuem sentimento de pertença relacionado com a infraestrutura do bairro e com a casa em que residem, favorecendo uma forte relação com a comunidade e com o grupo em que a pertence, o que se comprova pelos relatos dos próprios moradores de que não gostariam de se mudar de onde moram, como mencionado anteriormente. Esse fato só é possível devido à trajetória vivida na comunidade em que antes não havia serviços urbanos e, atualmente, isso já é uma realidade (ILUSTRAÇÃO 27). No entanto, ao serem questionados sobre suas memórias e sobre o sentimento de pertença, os moradores do entorno do Igarapé Mata Fome apenas evidenciam a casa em que vivem, pois os mesmos não viveram na comunidade uma evolução no que diz respeito a melhorias dos serviços urbanos (ILUSTRAÇÃO 28). Para os mesmos, a relação de sentimento só é existente com a própria casa, já que, como relatado pelos mesmos, é a única coisa que possuem.

89 88 A casa é minha e não to pagando aluguel (Moradora E.S.T.). A casa é minha (risos), ela é de madeira, simples, mas eu não pago aluguel (Moradora M.A.T.). Um pouco difícil, quando cheguei aqui não tinha casa, tive que alugar. Era difícil, agora já tenho a minha própria residência (Morador J.L.B.R.).

90 ILUSTRAÇÃO 27 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à memória e o sentimento de pertença dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

91 ILUSTRAÇÃO 28 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à memória e o sentimento de pertença dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

92 91 Tal situação evidenciada nas duas comunidades está relacionada com a satisfação ou não quanto à trajetória de vida, o que foi outro aspecto pesquisado, em que se pode observar que as insatisfações favoreceram a não ligação com o sentimento de pertença à comunidade em que residem, pois as categorias mais mencionadas em relação à insatisfação dos indivíduos do entorno do Igarapé Mata Fome, foram a vida sofrida, a vontade de retornar para a cidade de origem e assim ter novas chances de voltar a trabalhar e as dificuldades que viveram quando chegaram na comunidade. A insatisfação e a vontade de se mudarem contribuem, significativamente, para a não ligação ao grupo social, pelo que se pode dizer que ocorre exclusão social no mundo e na própria comunidade (ILUSTRAÇÃO 29). Já no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela, a insatisfação com a trajetória está ligada à vida sofrida antes de chegar à comunidade, com o cansaço da rotina e a falta de estudo, o que favorece uma maior ligação dos moradores com o meio em que vivem, pois, de acordo com os mesmos, os vizinhos vivem em harmonia e estes não gostariam de se mudar, criando assim um laço social bem evidente com a própria comunidade, contribuindo para que o sentimento de pertença também esteja ligado à questão da infraestrutura e não apenas à residência, como no caso da outra comunidade, pois, segundo os moradores, foi um serviço conquistado pelos mesmos a partir da evolução do bairro (ILUSTRAÇÃO 30).

93 ILUSTRAÇÃO 29 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à insatisfação com a trajetória de vida dos indivíduos residentes no entorno do Igarapé Mata Fome. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

94 ILUSTRAÇÃO 30 Fluxograma da entrevista semiestruturada em relação à insatisfação com a trajetória de vida dos indivíduos residentes no entorno da Unama Campus Alcindo Cacela. FO TE: Pesquisa de Campo Nvivo 8,

95 94 Nesse contexto, é de grande relevância citar Schneider et al. (2003, p.30) que afirmam que os efeitos negativos da pobreza sobre a saúde mental são sérios, independentemente de idade, etnia ou gênero, como comprovam muitos levantamentos comunitários que descrevem uma relação entre baixa situação socioeconômica e nível aumentado de sintomas psiquiátricos. A diferença no risco para transtornos psiquiátricos entre os grupos deve-se principalmente à estratificação social à pobreza, com os da base da pirâmide enfrentando mais problemas diários que os do topo. Para finalizar esse capítulo, torna-se pertinente fazer um breve comentário sobre as discussões evidenciadas no mesmo, em que comunidades oriundas de um mesmo processo histórico, ou seja, com crescimento a partir de área de invasões e sem infraestrutura e serviços urbanos básicos, como é o caso do entorno da Unama Campus Alcindo Cacela e do entorno do Igarapé Mata Fome, podem oferecer aos seus moradores quando se pensa em serviços urbanos e comunitários básicos, como foi evidenciado durante toda essa pesquisa, em que se percebe que áreas que possuem serviços urbanos implantados favorecem a melhoria da saúde da população, bem como uma qualidade de vida satisfatória e um baixo nível de estresse provocado, principalmente, pelo caos urbano.

96 95 5. CO SIDERAÇÕES FI AIS Essa dissertação buscou demonstrar como a qualidade de vida pode ser identificada e compreendida por meio do nível de estresse, sendo este relacionado ao meio ambiente urbano, especificamente, na comparação entre duas áreas do município de Belém, em que as peculiaridades são pautadas por dotações de serviços urbanos diferenciados. Pertinente, portanto, realizar uma relação entre a qualidade de vida e o nível de estresse, visto que, quanto mais precárias as condições de vida de uma população, levando em consideração todos os serviços urbanos básicos e comunitários, menor é a qualidade de vida e, consequentemente, mais problemas serão evidentes, provocando o aparecimento do estresse. Pode-se afirmar que quanto melhor for a qualidade de vida, menos estresse pode ser evidenciado, e o contrário também pode ser considerado. Nessa pesquisa, o entorno da Unama Campus Alcindo Cacela apresentou melhor qualidade de vida e menos estresse e o entorno do Igarapé Mata Fome apresentou pior qualidade de vida e um elevado nível de estresse. Tal situação pode ser pontuada pelo fato mencionado por Schneider (2003), que acredita que a estratificação social e a pobreza, ou seja, baixas situações socioeconômicas, diminuem as condições de vida e aumentam os sintomas psíquicos. Estes estão relacionados com o estilo de vida do indivíduo, influenciado por diversos elementos de ordem orgânica, psíquica, social, cultural, religiosa, filosófica ou econômica. Nesse contexto, vale ressaltar que o meio ambiente urbano, o estresse e a qualidade de vida são realidades do cenário urbano da mais importante metrópole da Amazônia. Tais conclusões têm como propósito informar à sociedade e ao poder público e político, os problemas relacionados com os aspectos sociais, culturais, ambientais e de saúde em que a população paraense está inserida, bem como permitem afirmar a importância de se perfilar políticas públicas como estratégias de novos modelos de desenvolvimento do Estado do Pará.

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104 103 SCHAFF, Adam. O Marxismo e o Indivíduo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, SCHNEIDER, Jacó Fernando; TONINI, Nelsi Salete; MARASCHIN, Maristela Salete; DURMAN, Solânia; DIAS, Terezinha Alves; TOMAZZONI, Marisa Inês. Indicadores do sofrimento psíquico na zona urbana do município de Cascavel, estado do Paraná. Acta Scientiarum. Health Sciences. v.25, n.1, p.27-33, SEIDL, Eliane Maria Fleury; ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Caderno de Saúde Pública. v.20, n.2, p , mar-abr, SILVA, Keli de Oliveira. A periferização causada pela desigual urbanização brasileira. Revista Urutágua. n.11, dez/mar, SILVEIRA, Themis Reverbel. Qualidade de vida e saúde/doença. Revista da AMRIGS. v.51, n.1, p. 5-6, jan/mar, SOUZA, Charles Benedito Gemaque. A contribuição de Henri Lefebvre para reflexão do espaço urbano da Amazônia. Revista Franco-Brasileira de Geografia. v.5, n.5, p.1-8, SOUZA, Edinilsa Ramos de. Sofrimento psíquico em policiais civis: uma questão de gênero. Agência Fiocruz de Noticias Saúde e Ciências para todos, TEIXEIRA-SALMELA, Luci Fuscaldi; MAGALHÃES, Lívia de Castro; SOUZA, Aline Cristina; LIMA, Maira de Castro; LIMA, Renata Cristina Magalhães; GOULART, Fátima. Adaptação do perfil de saúde de Nottingham: um instrumento simples de avaliação da qualidade de vida. Caderno de Saúde Pública. v.20, n.4, p , jul/ago TREVIZAN, Salvador dal Pozzo. Ciência, meio ambiente e qualidade de vida: uma proposta de pesquisa para uma universidade comprometida com sua comunidade. Ciência & Saúde Coletiva. v.5, n.1, 2000.

105 104 APÊ DICE A Título: QUALIDADE DE VIDA E NÍVEL DE ESTRESSE: Um estudo sobre o meio ambiente urbano em duas áreas do município de Belém. Você está sendo convidado a participar do projeto de pesquisa acima citado, que tem como objetivo geral Estudar a qualidade de vida por meio do nível de estresse relacionado com o meio ambiente urbano, comparando duas áreas do município de Belém e, como objetivos específicos, verificar as características sócio-demográficas de duas áreas urbanas e sua relação com o meio ambiente urbano; identificar a qualidade de vida dos indivíduos em duas áreas urbanas relacionando com os serviços públicos oferecidos e analisar a percepção do nível de estresse dos indivíduos em duas áreas urbanas do município de Belém relacionado ao nível de urbanização e aos serviços oferecidos a essas duas populações. O documento abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Os procedimentos ocorrerão por meio de uma entrevista com questionários referentes às características socioeconômicas (renda e educação), sócio-demográficas (sexo, idade, moradia e percepção quanto à moradia, número de cômodos da moradia, número de moradores, tipo de moradia, a localização do banheiro, serviços urbanos básicos: esgoto, água encanada, coleta de lixo, energia elétrica e transporte coletivo). Para verificar a qualidade de vida dos indivíduos será utilizado o Teste de Nottingham que se trata de um questionário autoadministrado, constituído de 38 itens, baseados na classificação de incapacidade descrita pela Organização Mundial de Saúde, com respostas no formato sim/não. Os itens estão organizados em seis categorias que englobam nível de energia, dor, reações emocionais, sono, interação social e habilidades físicas. (TEIXEIRA-SALMELA et al, 2004). O questionário em relação ao nível de estresse é constituído de 18 questões objetivas, em que para cada pergunta obtém-se uma reposta referente a um número, ao final deve-se somar os resultados verificando qual o nível de estresse dos indivíduos, o qual varia de 110 a 0 pontos, quanto maior for a numeração mais calma é a pessoa, baseado no modelo proposto por Oliveira (2002).

106 105 A natureza dos dados será mista, composta por pesquisa qualitativa por meio de entrevista estrutura e semi-estruturada, que compõe perguntas referentes à vida pessoal, ao acesso aos serviços urbanos básicos e a percepção de saúde, que será aplicada a 10 indivíduos de cada área urbana, realizada na própria residência dos indivíduos para uma melhor comodidade dos mesmos. Em qualquer momento da pesquisa, os entrevistados terão acesso aos pesquisadores, para esclarecimento de dúvidas. A principal responsável é a Profª. Voyner Ravena Cañete, que pode ser encontrada na Avenida Alcindo Cacela 287, telefone , pelo período diurno, ou pelo celular Caso não seja localizada a profª. Voyner Ravena Cañete, poderá ainda, ser contactada a pesquisadora Biatriz Araújo Cardoso, pelo telefone É garantida aos entrevistados a liberdade de deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade da pesquisa na Instituição. As informações obtidas serão analisadas em conjunto com as de outros entrevistados, não sendo divulgada qualquer informação que possa levar a sua identificação. O entrevistado tem direito a se manter informado a respeito dos resultados parciais da pesquisa. A pesquisa não oferece riscos, visto que a pesquisa trata apenas de aplicação de perguntas para a caracterização qualitativa, porém, por questões éticas, os participantes terão a garantia do sigilo das respostas, bem como o direito de não responder a perguntas que possam ocasionar constrangimento de qualquer natureza e, ao final dessa pesquisa, os questionários e as entrevistas serão arquivados, ode será mantida a completa integridade e sigilo dos mesmos. Não haverá despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo. Não haverá, também, nenhum pagamento por sua participação. O pesquisador utilizará os dados e o material coletado somente para esta pesquisa, devendo os participantes dar autorização para publicação em periódicos, revistas médicas e congressos. Declaro que compreendi as informações que li ou que me foram explicadas sobre a pesquisa em questão. Discuti com a pesquisadora sobre minha decisão de participar desta pesquisa, ficando claro para mim quais são os propósitos da pesquisa, os procedimentos a serem realizados, os possíveis desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes.

107 106 Ficou claro também que minha participação não tem despesas, inclusive se optar por desistir de participar da pesquisa. Aceito, voluntariamente, participar desse estudo, podendo retirar meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que possa ter adquirido. Belém - PA,, de de 200. Assinatura do entrevistado Declaro que assisti às explicações da pesquisadora na entrevistada, que compreendeu e retirou suas dúvidas, assim como eu, a tudo o que será realizado na pesquisa. Assinatura de testemunha Declaro que obtive, de forma apropriada e voluntária, o consentimento livre e esclarecido desta entrevistada para participação no presente estudo. Profa. Dra. Voyner Ravena Cañete Pesquisadora responsável

108 107 APÊ DICE B QUESTIO ÁRIO SÓCIOECO ÔMICO E SOCIODEMOGRÁFICO Nome: Sexo: ( ) Feminino Idade: ( ) Masculino Renda ( ) Sem rendimento ( ) Até 1 salário mínimo ( ) Mais de 1 a 2 salários mínimos ( ) Mais de 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 3 salários mínimos Educação ( ) Sem escolaridade ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Moradia ( ) Própria ( ) Alugada ( ) Emprestada Tipo de Moradia ( ) Madeira ( ) Alvenaria ( ) Madeira/Alvenaria Localização do banheiro ( ) Dentro ( ) Fora Número de cômodos: Número de moradores: Serviços urbanos básicos Esgoto ( ) Sim ( ) Não Água encanada ( ) Sim ( ) Não

109 108 Coleta de lixo ( ) Sim ( ) Não Energia elétrica ( ) Sim ( ) Não Transporte coletivo ( ) Sim ( ) Não

110 109 APÊ DICE C QUALIDADE DE VIDA E NÍVEL DE ESTRESSE: UM ESTUDO SOBRE O MEIO AMBIENTE URBANO EM DUAS ÁREAS DO MUNICÍPIO DE BELÉM. ROTEIRO DE E TREVISTA SEMI-ESTRUTURADA 1. VIDA PESSOAL Onde nasceu Quando veio para Belém. Por que veio. Como era a sua vida há uns 20 anos atrás. E como está agora. Você trabalhava. E agora trabalha. Com o quê.. É bom morar aqui. Como você se sente. O que gostaria de mudar na comunidade. 2. ACESSO AOS SERVIÇOS URBANOS BÁSICOS? É fácil ir ao posto de saúde. Como você vai até lá. Como você é tratado. O que você acha da sua rua. Como ela é. Como era? Você gosta dela. Por que. Você gosta da sua casa. Por que. Ela é boa. O que você chama de boa. Como é a infraestrutura oferecida a você. É boa. Como era. Como é o transporte publico que você usa. Como era. Como é a segurança da sua comunidade. Como era. Como é sua vida familiar. Você tem muitos problemas. Como você se diverti aqui na comunidade. Você sai daqui para se divertir. Com que freqüência. Você vai ao Centro da Cidade. Para fazer o que. Com que freqüência. Como você busca se manter informado. 3. PERCEPÇAO SOBRE A VIDA O que a você acha do seu dia. Poderia melhorar. Você sabe o que é qualidade de vida. Você acha que tem qualidade de vida. Você sabe o que é estresse. Você se considera uma pessoa estressada. Você se considera uma pessoa nervosa. Você se sente cansada. O que você faz para descansar. O que você gostaria de mudar na sua vida. Como você faria para mudar isso.

111 A EXO A 110

112 111 A EXO B FO TE: TEIXEIRA-SALMELA et al, 2004

113 112 A EXO C TESTE O SEU ÍVEL DE ESTRESSE Nome: Idade: Sexo: ( )Feminino ( ) Masculino Instruções: As questões seguintes se referem a como você se sente e como as coisas tem andando no ultimo mês. Para cada questão, marque um X a resposta mais aplicada a você. Uma vez que não há respostas corretas ou incorretas, é bom responder rapidamente as questões, sem largas pausas. 1- Em geral, como você se sente? ( ) Com excelente disposição ( ) Às vezes de bom e outras de mau-humor ( ) Com boa disposição ( ) Desanimado, muitas vezes ( ) Bem, na maioria das vezes ( ) Sempre desanimado 2- Você tem sido incomodado por seus nervos? ( ) Nem um pouco ( ) Mais ou menos ( ) Um pouco ( ) Muito ( ) Algumas vezes ( ) Constantemente, ao ponto de ficar desligado das coisas e até de não poder trabalhar 3- Você tem tido controle sobre seu comportamento, pensamentos, emoções ou sentimentos? ( ) Sim, absolutamente ( ) Não muito ( ) Sim, na maioria das vezes ( ) Não, e ainda fico às vezes perturbado ( ) Geralmente, sim ( ) Não, e sempre fico muito perturbado 4- Você tem se sentido triste, desencorajado, desesperançado, ou tem tido muitos problemas? ( ) Nada, nada ( ) Realmente, um pouco ( ) Um pouco ( ) Bastante ( ) Às vezes, o suficiente para aborrecer-me ( ) Bastante, ao ponto de muitas vezes ter vontade de desistir de tudo

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